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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SOROCABA/SP
	AGNALDO RIBEIRO BARIONI, brasileiro, casado, portador do RG nº 18.668.641, inscrito no CPF sob o nº 077.182.408-43, residente e domiciliado na Rua Ramon Aron Martiniani, 1473 – Vl. Haro – CEP 18015-140 – Sorocaba/SP, através de seus advogados que esta subscrevem, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO DE INTERDIÇÃO com PEDIDO DE CURATELA PROVISÓRIA 
EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
em face da INTERDITANDA IZAURA RIBEIRO BARIONI, brasileira, viúva, portadora do RG nº 9.282.191, inscrita no CPF sob o nº 487.150.938-91, residente e domiciliado na Rua Venezuela, 390 – Barcelona – CEP 18025-190 – Sorocaba/SP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
DOS FATOS
	O Requerente é filho da interditanda e está apto a assumir o encargo da curatela.
	Conforme os documentos anexos, a interditanda é uma senhora com 81 anos de idade, viúva e obteve dois filhos. 
	Insta salientar que a interditanda foi diagnosticada com doença Alzheimer (CID 10 - G30.1 	Doença de Alzheimer de início tardio) há anos, razão pela qual não possui condições de reger sua pessoa e seus bens.
	A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.
	Seu nome oficial refere-se ao médico Alois Alzheimer, o primeiro a descrever a doença, em 1906. Ele estudou e publicou o caso da sua paciente Auguste Deter, uma mulher saudável que, aos 51 anos, desenvolveu um quadro de perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem (com dificuldade para compreender e se expressar), tornando-se incapaz de cuidar de si. Após o falecimento de Auguste, aos 55 anos, o Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como características da doença.
	Não se sabe por que a Doença de Alzheimer ocorre, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se apresentam são as placas senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide, anormalmente produzida, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.
	As perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas (neurônios) responsáveis pela memória e pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as perdas.[1: Disponível em <http://abraz.org.br/sobre-alzheimer/o-que-e-alzheimer>]
	Em face dos problemas apresentados, a Interditanda não mais consegui gerir seus bens, tendo em vista a dificuldade de entender algumas situação que lhe são de sua competência, como prestar declarações, assinar documentos, receber benefícios e dentre outras situações. 
	Deste modo, o Requerente observando a situação exposta acima, decidiu se encarregar de prestar toda assistência à sua mãe, ora interditanda. Assim, nota-se que o Requerente está preocupado em proporcionar a interditanda todo o suporte necessário para administrar/gerir seu patrimônio.
	O requerente é filho da interditanda, possui 50 anos de idade, trabalha como autônomo (comerciante) e desde a sua fase adulta sempre se preocupou com o bem-estar de sua mãe, proporcionando um ótimo bem estar da Requerente.
	Importante frisar, ainda, que a Interditanda possui um único bem imóvel, onde atualmente reside. 
	Assim sendo, considerando que o requerente está apto a exercer o múnus da curatela, pleiteia-se o deferimento do pedido para que possa representar legalmente a interditanda e gerenciar os atos patrimoniais e negociais desta.
DO DIREITO
	Conforme relatado acima, devido ao estado de saúde da interditanda, temos que a mesma se encontra absolutamente incapaz de gerir, por si só, os atos da vida civil, haja vista possuir a doença de Alzheimer, o que provoca perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem, de modo a interferir no comportamento, personalidade e nos atos da vida civil da pessoa.
	Consoante a instituição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146/2015, que revogou alguns dispositivo do Código Civil de 2002, em especial al art. 3 do CC, afirmando, hoje, que o portador de deficiência não mais é considerado como absolutamente incapaz e, sim, relativamente incapaz. 
	O art. 3º do Código Civil dispõe acerca da incapacidade absoluta da seguinte maneira:
“Art. 4º - São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
[...]
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
	A manifesta incapacidade relativa da interditanda para gerir os atos da vida civil a torna sujeita à curatela, conforme preceitua o art. 1.767 do Código Civil.
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
		Nesse sentido, a curatela aqui pleiteada afetará apenas os atos no que se refere aos direitos patrimoniais e negociais, não sendo possível envolver ou questionar outros direitos relativos a sua personalidade, conforme preceitua o art. 85 da lei 13.146/2015. 
		
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
		Ademais, importante ter em mente que a curatela, atualmente, é considerada uma medida extraordinária, devendo a R. Sentença especificar as razões e as motivações de sua definição, sempre preservando os interesses da Interditanda, lições extraídas do art. 85, §2º da referida lei. 
	Assim, considerando que o requerente é filho da interditanda, o qual mantem um forte vinculo familiar e afetiva, o Requerente possui legitimidade para promover a presente interdição, bem como exercer a curatela suplicada.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
[...]
§ 3º No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
	Assim, diante das mudanças apresentadas, bem como da nova redação dada pelas leis invocada e, ainda os fatos aqui narrados, devidamente comprovados pela documentação anexa, o Requerente requer a este respeitável Juízo, na qualidade de filho da Interditanda, a concessão do pleito de interdição, com o objetivo de representar a interditanda em todos os atos de sua vida civil.
DA TUTELA ANTECIPADA (CURATELA POVISÓRIA)
		Segundo o art. 300 “A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
 		Os elementos que evidenciem a probabilidade do direito, isto é, a “aparência de verdade” de todo o alegado decorre de toda a situação narrada e a documentação que instrui esta petição.
		O perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo se encontra presente quando se constata que a interditanda é relativamente incapaz para administração de seus bens e não mais possui o poder de negociação de seu patrimônio.
	
	Desta forma, tendo em vista o estado de enfermidade no qual se encontra a interditanda, o que lhe trouxe a impossibilidade de gerir seus direitos relativos à natureza patrimonial e negocial, faz-se necessária a concessão
da Curatela Provisória, para que de imediato seu filho, ora requerente, possa assumir legalmente os referidos direitos da interditanda, que hoje não podem ser exercidos.
	Para reforçar o cabimento da medida, trazemos o seguinte julgado:
INTERDIÇÃO. CURATELA PROVISÓRIA. CABIMENTO. ORDEM LEGAL.
1. Havendo elementos de convicção veementes acerca da incapacidade civil do interditando, que conta oitenta anos de idade e é portador de Mal de Alzheimer, cabível a nomeação da filha para exercer a curatela provisória.
2. A providência deferida é provisória, tem conteúdo protetivo e poderá ser revista a qualquer tempo. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 70053258422, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 18/02/2013)
	Portanto, pelos fatos narrados e documentos juntados a presente, temos que é cabível o deferimento da Curatela Provisória, haja vista que a enfermidade da interditanda a deixa impossibilitada de gerir seus direitos patrimonial e negocial, e, ainda, considerando que a requerente é pessoa idônea e já vem cuidando da interditanda, faz-se necessária a concessão da curatela provisória.
	Ressalte-se, ainda, que não há qualquer perigo de irreversibilidade do provimento antecipado, pois a requerente, como curadora, estará sempre sujeita a prestação de contas e destituição em caso de má gestão e administração dos bens e interesses da interditanda. 
DOS PEDIDOS
	Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
Seja decretada, em sede de TUTELA ANTECIPADA, a CURATELA PROVISÓRIA da Sra. IZAURA RIBEIRO BARIONI, sendo nomeado como curador provisória o requerente, Sr. AGNALDO RIBEIRO BARIONI, a fim de que este possa representa-la perante a sociedade, no que se refere aos seus direitos relativos ao seu patrimônio e negocial, sobretudo na adequada gestão dos recursos fundamentais à sua manutenção;
A citação da interditanda nos termos do art. 751 do CPC;
A intimação do representante do Ministério Público para intervir no presente feito;
A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita;
Seja julgado totalmente procedente o pedido, tornando-se definitiva a tutela anteriormente concedida, nomeando em definitivo o requerente como curador da interditanda, que deverá representa-la em todos os atos de sua vida civil, de acordo com os limites da curatela prudentemente fixados na sentença;
	Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente por perícia médica.
	Dá-se à causa o valor R$ 1.000,00 (um mil reais) para efeitos de alçada.
Termos em que,
Pede deferimento.
Sorocaba, 29 de setembro de 2016.
CAROLINE ORLANDI
OAB/SP 341.231
VINICIUS MARTINS CIRILO
OAB/SP 341.121
ANSELMO AUGUSTO BRANCO BASTOS
OAB/SP 297.065
Av. Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, 3200 – 10º andar – sala 1004 – Sorocaba – SP
Tel.: (15) 3327-5550 - e-mail: anselmobastos@hotmail.com

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