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17 Equilíbrio em Pilhas Eletroquf micas 17.1 INTRODUÇÃO Uma pilha eletroquímica é um dispositivo capaz de produzir trabalho elétrico nas vizinhan- ças. Por exemplo, a pilha seca comercial é um cilindro selado tendo dois terminais salientes de latão. Um dos terminais é marcado com sinal positivo e o outro com sinal negativo. Se os dois terminais forem ligados a um pequeno motor, os elétrons atravessarão o motor no sentido do terminal negativo para o terminal positivo da pilha. É produzido trabalho sobre o meio, e den- tro da pilha ocorre uma reação química, chamada de reação da pilha. Pela Eq. (10.14), o traba- lho elétrico produzido, Wel, é igual ou menor do que a diminuição da energia de Gibbs da rea- ção da pilha, - àG. WtX <, - AG (17.1) Antes de continuarmos o desenvolvimento termodinâmico, daremos uma pausa para examinar alguns fundamentos da eletrostática. 17.2 DEFINIÇÕES O potencial elétrico de um ponto no espaço é definido como sendo o trabalho gasto para se levar uma carga unitária positiva do infinito, onde o potencial elétrico é nulo, até o ponto em questão. Assim, se 0 é potencial elétrico no ponto e W é o trabalho necessário para se levar a carga Q do infinito até o ponto, então, (17.2) Analogamente, se 0i e <p2 forem os potenciais elétricos de dois pontos no espaço, e Wx e W7 as correspondentes quantidades de trabalho necessárias para levar a carga Q a estes pontos, então Wx + Wxl = W2, (17.3) onde Wx2 é o trabalho gasto ao se levar Q do ponto 1 até o ponto 2. Essa relação existe uma vez que o campo elétrico é conservativo. A quantidade de trabalho que precisa ser gasta para se levar Q diretamente ao ponto 2, W2, deve ser a mesma a ser gasta para se levar Q inicialmente ao ponto 1 e em seguida ao ponto 2, W, + Wi2. Dessa forma, Wl2 = W2 - Wx e, a partir da Eq. (17.2), (17.4) EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 399 A diferença entre os potenciais elétricos de dois pontos é o trabalho gasto para conduzir uma carga unitária positiva do ponto 1 até o ponto 2. Aplicando a Eq. (-17.4) à transferência de uma quantidade de carga infinitesimal, obtemos o elemento de trabalho gasto no sistema Wl2= -dWtX = SdQ, (17.5) onde £ é igual à diferença de potencial 02 - 0i I dWtí é o trabalho produzido. 17.3 O POTENCIAL QUÍMICO DAS ESPÉCIES CARREGADAS A tendência de escape das partículas carregadas, como um íon ou um elétron, em uma certa fase, depende do potencial elétrico dessa fase. É claro que, se nós submetermos uma peça de metal a um potencial elétrico negativo grande, a tendência de escape das partículas negativas será aumentada. Para acharmos a relação entre o potencial elétrico e a tendência de escape (o potencial químico) consideraremos um sistema de duas bolas M e M' do mesmo metal. Sejam os seus potenciais elétricos 0 e 0'. Se nós transferirmos um certo número de elétrons, correspon- dentes à carga dQ, de M a M, o trabalho gasto pelo sistema será dado pela Eq. (17.4): - dWtí = m (0' - 4>)dQ. 0 trabalho produzido será, dessa forma, dWA. Se a transferência for executada reversivelmente, então, conforme a Eq. (10.13), o trabalho produzido será igual ao decréscimo da energia de Gibbs do sistema: dWd = - dG, de modo que dG = (0' - <\>) dQ. Mas, em termos do potencial químico dos elétrons, £e., quando transferirmos dn moles de elé- trons, teremos dG = p.'t- dn — fie- dn. Os dn moles de elétrons transportam uma carga negativa dQ = - Fdn, onde Fé a carga por mol de elétrons, F = 96.484,56 C/mol. Combinando essas duas equações e depois fazendo uma divi- são por dn, obtemos k- = -F(4>' -<f>), que numa recomposição fica (ít- = + F4>' - F4>. Sendo ue - o potencial químico dos elétrons em M quando 0 é zero, então ut- = ii't- + F0\- traindo essa equação da precedente, chegamos a ixt- =nt- -F*. (17.6) A Eq. (17.6) é a relação entre a tendência de escape que os elétrons apresentam em uma fase, jie-, e o potencial elétrico da fase, 0. A tendência de escape varia linearmente com 0. Note- mos que a Eq. (17.6) mostra, que se 0 for negativo, p^. será maior do que quando 0 for positivo. 400 / FUNDAMENTOS DE FÍSICO-QUÍMICA Mediante uma argumentação similar, pode-se mostrar que para qualquer espécie carregada situada em uma fase onde Zj é a carga das espécies. Para os e l é t r o n s , z c - = - 1, de modo que a Eq. (17.7) se reduz à Eq. (17.6). A Eq. (17.7) divide o potencial q u í m i c o de uma espécie carregada em dois ter- mos; o primeiro termo, / i , - , é a contr ibuição " q u í m i c a " à tendência de escape. A contr ibuição qu ímica é produzida pelo meio qu ímico no qual se situa a espécie carregada, e é a mesma em ambas as fases que possuem composição química idênt ica , pois é função apenas de T, p e da composição. 0 segundo termo, é a contr ibuição "e lé t r ica" à tendência de escape; depen- de da condição elétrica da fase, a qual se resume no valor de <f>. Uma vez que essa divisão do potencial qu ímico em duas contr ibuições é conveniente, introduziu-se pif que é chamado de potencial eletroquimico, preservando-se o s ímbolo / i , para o potencial qu ímico comum. 17.3.1 Convenções para o Potencial Qu ímico das Espécies Carregadas TONS E M SOLUÇÃO AQUOSA Para íons em solução aquosa nós a t r ibu ímos 0 = 0 na solução; assim, jL = e usamos apenas o / i , para estes íons. Isto é justificado pelo fato de que o valor de <p na solução não parti- cipa dos cálculos; não há modo de determinarmos seu valor, portanto podemos considerá-lo igual a zero, e assim pouparmo-nos de trabalho algébrico. E L É T R O N S EM METAIS Relativamente às partes metálicas do nosso sistema não podemos excluir o potencial elé- trico, pois desejamos comparar os potenciais elétricos de dois fios diferentes de mesma compo- sição, os dois terminais da pilha. Entretanto, num mesmo pedaço do metal é evidente que a divisão do potencial qu ímico em um componente " q u í m i c o " e outro "e l é t r i co" é puramente arbitrária, justificada apenas pela conveniência. Como a contr ibuição " q u í m i c a " à tendência de escape provém das interações entre as par t ículas carregadas eletricamente, as quais compõem qualquer porção de matér ia , não existe maneira de se determinar, numa determinada peça, em que ponto a cont r ibuição " q u í m i c a " termina e a "e lé t r ica" começa. Para tornar esta divisão arbitrária de //,• o mais conveniente possível, a t r ibu ímos à contri- buição " q u í m i c a " de pe- o valor mais conveniente, zero, em todos os metais. Assim, em cada metal, por convenção, fii = Pi + ZiF(p, (17.7) - = 0. (17.8) Deste modo, para os e lé t rons em qualquer metal, a Eq. (17.6) torna-se fie- = -F4>- (17.9) EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 401 fONS EM METAIS PUROS A definição arbitrária da Eq. (17.9) simplifica a expressão do potencial qu ímico do íon metál ico no metal. Dentro de todo metal existe um equi l íbr io entre os á tomos metálicos M. os íons metál icos M * z , e os e lé t rons : M Í = ± M * z + ze". A condição de equi l íbr io é que y-u = Pu*z + Z / V • Usando a Eq. (17.7) para pM*z • a Eq- (17.9) para /2e-, obtemos / i M = / i M *z + zF<p - zF<p ou / i M = pM*z. Para um metal puro a 1 atm e 25°C, temos / i M = u°M*z; conforme a convenção prévia de que p° = 0 para os elementos nestas condições , obtemos Pu+z=0. (17.10) A contr ibuição " q u í m i c a " para a tendência de escape do íon metál ico é zero em um metal puro nas condições padrões ; en t ão , pela Eq. (17.7), pM.z=zF<p. (17.11) As Eqs. (17.9) e (17.11) dão valores convencionais do potencial qu ímico dos e lé t rons e dos íons metálicos situados dentro de qualquer metal puro. O ELETRODO PADRÃO DE HIDROGÉNIO Um pedaço de platina em contato com o gás hidrogénio a uma fugacidade unitária e numa solução ácida, na qual o íon hidrogéniopossui atividade uni tár ia , é chamado um eletrodo pa- drão de hidrogénio (EPH). Ao potencial elétrico do EPH é a t r ibu ído o valor convencional de zero. ^ > H - . H j = <^EPH=0. (17.12) Como mostraremos mais tarde, essa escolha implica o fato de que a energia de Gibbs padrão do íon hidrogénio em solução aquosa seja zero. / £ • = 0. (17.13) A Eq. (17.13) nos fornece um valor de referência, contra o qual poderemos medir a energia de Gibbs de outros íons em solução aquosa. 402 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA RESUMO DE CONVENÇÕES E ESTADOS PADRÕES {T = 298,15 K e p = 1 atm.) Elementos em seus estados estáveis de agregação: Estado padrão Partículas carregadas: Forma geral a) Tons em solução aquosa Estado padrão Forma geral ''elementos ^ *aq = 0 M H . = 0 Mj = M/ = M/ - /?7" ln a, b) Elétrons em qualquer metal Estado padrão Forma geral c) Tons em um metal puro Estado padrão Forma geral **e(EPH) = 0 o u *EPH~ 0 Me- = - F<t> M M T = 0 (17.7) (17.13) (17.12) (17.9) (17.10) (17.11) 17.4 D I A G R A M A S DE PILHA A pilha e le t roquímica é representada por um diagrama que mostra a forma oxidada e a forma reduzida da substância ativa, assim como a de qualquer outra espécie que possa estar en- volvida na reaçâo do eletrodo. Os eletrodos metálicos (ou coletores metál icos inertes) sâo colo- cados nas extremidades do diagrama; as substâncias insolúveis e/ou gases são colocadas em posições interiores, próximas aos metais; as espécies solúveis são colocadas no meio do diagra- ma. Em um diagrama completo, os estados de agregação de todas as substâncias são descritos e as concentrações ou atividades dos materiais solúveis são dadas. Em um diagrama resumido, al- gumas ou todas essas informações podem ser omitidas, se não houver necessidade e se não hou- ver possibilidade de enganos. O limite de uma fase é indicado por uma barra vertical sólida; uma barra vertical interrompida indica uma junção entre duas fases l íquidas miscíveis; uma barra vertical dupla interrompida indica uma junção entre duas fases l íquidas miscíveis em que o potencial de j unção foi eliminado. (Uma ponte salina, como um gel de ágar-ágar saturado com K G , é geralmente usada entre as duas soluções para eliminar o potencial de junção . ) As diferen- tes espécies solúveis numa mesma fase são separadas por vírgulas. Os exemplos a seguir ilustram estas convenções Completa P t , ( s ) |Zn ( s ) |Zn 2 + ( f l Z l l 2 . = 0 . 3 5 ) ; i C u 2 + ( f l c u J . = 0,49) |Cu(s) | Pt i r (s) Abreviada Z n | Z n 2 + j ; C u 2 + | C u EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 403 Completa P t | H 2 ( g , p = 0,80) | H 2 S 0 4 ( a q , a = 0,42) | H g 2 S 0 4 ( s ) | Hg( l ) Abreviada P t | H 2 | H 2 S 0 4 ( a q ) | H g 2 S 0 4 ( s ) | H g Completa A g ( s ) | A g C l ( s ) | F e C l 2 ( m = 0,540), F e C l 3 ( m = 0,221) |Pt Abreviada A g | AgCl(s) | FeCl 2 (aq) , FeCl 3 ( aq ) | Pt 17.5 A P I L H A DE D A N I E L L Consideremos a pilha e le t roqu ímica , a pilha de Daniell, mostrada na Fig. 17.1. Ela consis- te de dois sistemas de eletrodos (duas meias-pilhas) separados por uma ponte salina, a qual evita a mistura das duas soluções, mas permite que a corrente flua entre os dois compartimentos. Cada meia-pilha consiste de um metal, zinco ou cobre, imerso em uma solução de um sal altamente solúvel, como o Z n S 0 4 ou o C u S 0 4 . Os eletrodos são conectados com o exterior por dois fios II Fig. 17.1 A pilha de Daniell. de platina. O diagrama da pilha é Pt,(s) | Zn(s) | Z n 2 + ( a q ) j j C u 2 + ( a q ) | Cu(s) | Pt i r (s). Iremos, agora, assumir que a chave no circuito externo está aberta e que o equi l íbr io ele- t roqu ímico local está estabelecido nas fronteiras e dentro das fases. Nas interfaces P t | |Zn e Cu |P t H o equi l íbr io é estabelecido pela passagem livre de e lé t rons através da interface. As con- dições de equi l íbr io nessas interfaces são / V ( P t , ) = pt-(Zn) e / V ( C u ) = pe-(Ptu). (17.14) Usando a Eq. (17.9), obtemos <I>1 = <t>7n e 0Cu = 011» (17.15) 404 / FUNDAMENTOS DE FÍSICO-QUÍMICA onde <t>i e 0 j j são os potenciais dos dois pedaços de platina e <pZn é o potencial do eletrodo de zinco em contato com uma solução contendo o íon zinco. A diferença de potencial elétrico de qualquer pilha (o potencial da pilha) é definida por * = ^direita " esquerda- (17.16) Para esse caso, o potencial da pilha é <t>cu ~ <t>zn- ( 1 7 1 7 > A diferença 0rj - 0 | é mensurável , uma vez que é a diferença de potencial entre duas fases de mesma composição química (ambas são platina). Suponhamos, nesse instante, uma conecção dos dois fios de platina através de um amper í - metro e um pequeno motor. Com essa conecção observaremos que: (1) algum zinco se dissolve- rá, (2) algum cobre será depositado no eletrodo de cobre, (3) os e lé t rons fluirão no circuito externo do eletrodo de zinco para o de cobre e (4) o motor funcionará. As variações na pilha podem ser resumidas como: No eletrodo esquerdo Zn(s) No circuito externo 2e " ( Z n ) No eletrodo direito C u 2 + (aq) + 2e " (Cu) A t ransformação global é a soma dessas variações, ou seja: Zn(s) + C u 2 + ( a q ) • Z n 2 + ( a q ) + Cu(s). Esta reaçâo qu ímica é a reaçâo da pilha;o AG para esta reação é dado por A G = AG° + RT l n (17.18) 0 trabalho realizado pelo sistema para mover os e lé t rons do eletrodo de zinco para o ele- trodo de cobre é - Wd, onde - ^ c i - Qi4>a ~ <*>,) - -2F4, onde a Eq. (17.17) foi usada para #Q — 4 | * 0 trabalho produzido será, e n t ã o , W.i = 2 F / . (17.19) Usando esse valor dado para Wá na Eq. (17.1), obteremos 2Fi <. - AG, (17.20) onde AG corresponde à variação na energia de Gibbs para a reação da pilha. Z n 2 + (aq) + 2 e " ( Z n ) ; 2 e " ( C u ) ; Cu(s). EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 405 Se a t ransformação for feita de forma reversível, o trabalho produzido será igual à dimi- nuição da energia de Gibbs: Wá = - AG. Teremos, assim, 2FS = - A G , (17.21) que associada à Eq. (17.18) fica da forma 2Fê = - A G ° — R T \ n ^ ^ - . a C u 2 . Se ambos os eletrodos estiverem em seus estados padrões , a Z N 2 * = 1 e 0 Q , 2 + = ' > ° potencial da pilha será o potencial padrão da pilha, & ° . Assim, após dividirmos por 2F, a equação torna-se ta «ksi i , (17.22) 2F acu2* que é a equação de Nernst para a pilha. Essa equação relaciona o potencial da pilha com um va- lor padrão e o própr io quociente das atividades das substâncias na reação da pilha. 17.6 A ENERGIA DE GIBBS E O POTENCIAL D A PILHA O resultado obtido para a pilha de Daniell na Eq. (17.20) é bastante geral. Se a reação da pilha envolver n e létrons em vez de 2, a relação escrita anteriormente ficará na forma nFê <, - A G . (17.23) A Eq. (17.23) é a relação fundamental entre o potencial da pilha e a variação da energia de Gibbs que acompanha a reação da pilha. Observações feitas mostram que o valor de £ depende da corrente ex t ra ída pelo circuito externo. O valor limite de S, medido quando a corrente vai a z e r o , é chamado de força eletro- motriz da pilha (a fem da pilha) ou de potencial reversível da pilha, S ^ : l i m S = < f r e v . / - o Dessa maneira, a Eq. (17.23) torna-se nFStts = - A G . (17.24) Vemos que a fem da pilha é proporcional a ( - AG/n), que representa o decréscimo na energia de Gibbs da reação da pilha por elétron transferido. A fem da pilha é, portanto, uma proprieda- de intensiva do sistema; ela não depende do tamanho da pilha ou dos coeficientes escolhidos para balancear a equação qu ímica da reação da pilha. Para evitar uma no tação incómoda , iremos suprimir o índice rev no potencial da pilha; faremos isso com o entendimentode que a igualdade te rmodinâmica (diferentemente da desi- gualdade) é mantida somente para os potenciais reversíveis das pilhas (fems das pilhas). 406 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA A espontaneidade de uma reação pode ser julgada pelo correspondente potencial da pilha. Mediante a Eq. (17.24), conc lu ímos que, se AG for negativo, £ será positivo. Portanto, temos o seguinte cr i tér io: AG Reaçâo da pilha — + Espontânea + - Não-espontânea 0 0 Em equi l íbr io 17.7 A E Q U A Ç Ã O DE NERNST Para qualquer reaçâo química a energia de Gibbs correspondente é dada por A G = AG° + RTlnQ, (17.25) onde Q é um quociente apropriado das atividades. Combinando esta com a Eq. (17.24), obtemos — n¥ê = A G ° + RT In Q. 0 potencial padrão da pilha é definido por -nFS° = AG°. (17.26) Introduzindo este valor de AG° e dividindo por - nF, obtemos RT nF m m o 2,303 RT, s = s°- n F í o g . o g ; S = S ° - 0 , 0 5 9 1 6 l o g 1 0 Q (a 25°C) . (17.27a) (17.27b) (17.27c) As Eqs. (17.27) constituem várias maneiras de escrever a equação de Nernst para uma pilha. A equação de Nernst relaciona o potencial da pilha com um valor padrão , e as atividades das espécies que tomam parte na reação da pilha. Conhecendo os valores de Ê ° e as atividades, po- demos calcular o potencial da pilha. 17.8 O ELETRODO DE H I D R O G É N I O A definição do potencial da pilha requer que rotulemos um eletrodo como o eletrodo da direita e o outro como o eletrodo da esquerda. O potencial da pilha é definido, como já foi visto na Eq. (17.16), por • ^direita ^esquerda EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 407 É comum, mas não necessário, colocar o eletrodo mais positivo do lado direito. Como men- cionamos antes, esse potencial da pilha é sempre medido como uma diferença de potencial entre dois fios (Pt, por exemplo) de mesma composição . A medida t a m b é m estabelece qual ele- trodo é positivo em relação ao outro; em nosso exemplo, o cobre é positivo em relação ao zin- co. Entretanto, isto não dá qualquer ideia sobre o valor absoluto do potencial de qualquer dos eletrodos. É t ambém comum se estabelecer um zero arbitrário na escala de potenciais; fizemos isso ao assumir o valor zero para o potencial do eletrodo de hidrogénio no estado padrão. Fio de platina Tubo de vidro Folha de platina Fig. 17.2 O eletrodo de hidrogénio. O eletrodo de hidrogénio está ilustrado na Fig. 17.2. O gás hidrogénio purificado é bor- bulhado sobre um eletrodo de platina que está em contato com uma solução ácida. Na superfí- cie do eletrodo estabelece-se o equi l íbr io H + (aq) + e - ( P t ) Í H 2 ( g ) As condições de equi l íbr io são as usuais; Usando a Eq. (17.9) p a r a / i c - ( P t ) e as formas usuais de pH • ( a q ) e / Í H j ^ . o b t e m o s tf, + RT ln a H . - F<t>H.llÍ2 = K + i * T l n / , o n d e / é a fugacidade do H 2 e a H • é a atividade do íon hidrogénio na solução aquosa. E n t ã o , t F a H . (17.28) 408 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA Se a fugacidade do gás e a atividade dos íons H + na solução forem unitárias, o eletrodo se en- contra em seu estado padrão e seu potencial será o potencial padrão 0 ° H • H • F a z e n d o / = 1 o c/1| • 1 na Eq. (17.28), obteremos «** = = % <'7-29> visto que u°Hj = 0. Subtraindo a Eq. (17.29) da Eq. (17.28), obtemos <^HVHJ = ^ H ^ / H J - - F l n y — , (17.30) F aH. que é a equação de Nernst para o eletrodo de hidrogénio; ela relaciona o potencial do eletrodo com flH • e / Os e lé t rons existentes na platina, que participa do eletrodo padrão de hidrogénio , encontram-se num estado padrão definido. Escolhemos o estado padrão de energia de Gibbs nula para os e lé t rons assim como este estado do eletrodo padrão de hidrogénio. Como, pela Eq. (17.9), = - F 0 , temos Mr(EPH) = ° e <*>£-/H, = 0. (17.31) A energia de Gibbs dos elétrons em qualquer metal é medida relativamente ao valor do eletrodo padrão de hidrogénio . As Eqs. (17.31) imediatamente nos conduzem ao zero convencional da energia de Gibbs para os íons em soluções aquosas. Usando a Eq. (17.31) na Eq. (17.29), chega- mos a tf» = 0. (17.32) As energias de Gibbs padrões de outros íons em solução aquosa são medidas relativamente às dos íons 11*, cuja energia de Gibbs padrão é igual a zero. A equação de Nernst, Eq. (17.30), para o eletrodo de hidrogénio torna-se RT f112 Notemos que o argumento do logaritmo é um quociente apropriado da fugacidade e da atividade relativas à reação do eletrodo, ignorando os e lé t rons no estabelecimento deste quo- ciente. Da Eq. (17.33) podemos calcular o potencial, em relação ao EPH, de um eletrodo de hidrogénio em que e a^* possuem valores quaisquer. 17.9 POTENCIAIS DE ELETRODOS Tendo dado ao eletrodo de hidrogénio um potencial zero, iremos agora comparar os po- tenciais de todos os outros sistemas de eletrodos com o potencial do eletrodo padrão de hidro- génio. Por exemplo, o potencial da pilha P t , | H 2 ( g , / = l ) | H + ( f l „ . = I ) j j C u 2 + ( a c . . O I C u | P t „ EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 409 é designado por £ c u ' * / C u : < W * / o . = <An ~ <f>i = 4>cu ~ 0£PH = ^ C u - (17.34) Note que &cu a+/Cu é ' 8 ^ 1 3 0 potencial convencional do eletrodo de cobre, 0 C u . A reaçâo da pilha é H 2 ( / = D + C u 2 * ( a C u l . ) 2 H * ( a „ - = 1) + C u . (17.35) 0 equi l íbr io no EPH é: H 2 ( / = D 5 = = = a 2 H > „ . = 1) + (17.36) Todas as espécies nessa reação t êm energia de Gibbs zero, por nossa at r ibuição convencional. Se subtrairmos na Eq. (17.35) o equi l íbr io dado pela Eq. (17.36), obteremos C u 2 + ( a C u J . ) + 2 ^ = Cu, (17.37) que é simplesmente uma forma abreviada de se escrever a Eq. (17.35). A Eq. (17.37) é chamada de uma relação de meia-pilha. Como o potencial desta pilha depende apenas das energias de Gibbs convencionais do cobre e do íon cobre, ele é chamado de potencial de meia-pilha ou de potencial de eletrodo do eletrodo Cu 2 * |Cu. Esse potencial de meia-pilha está relacionado com a variação da energia de Gibbs na rea- ção (17.37) por 2FS = - A G ; tenha sempre em mente que para os e lé t rons do EPH a energia de Gibbs é nula. Usando a Eq. (17.37), a equação de Nernst para o eletrodo torna-se RT 1 ^cu>*/cu = ^cu>*/c„ - ^ T T l n . (17.38) i t açui * Fazendo-se medidas do potencial da pilha a várias concentrações de Cu 2 * , podemos de- terminar que S c u ^ / C u = #Cu J + /Cu- Esse potencial padrão encontra-se tabelado junto com os potenciais padrões de outras meias-pilhas na Tab. 17.1. Dessa forma, uma tabela de potenciais de meias-pilhas, ou potenciais de eletrodos, é equivalente a uma tabela de energias de Gibbs padrões , a partir da qual podemos calcular os valores das constantes de equi l íbr io das reações químicas em solução. Note que o potencial padrão é o potencial do eletrodo quando todas as espécies reativas es tão presentes com atividade unitária (a = 1). A si tuação pode ser resumida da seguinte maneira: se a reação da meia-pilha for escrita com os elétrons do EPH do lado dos reagentes, qualquer sistema de eletrodo poderá ser repre- sentado por espécies oxidadas + ncVPH , espécies reduzidas. 410 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA Tab. 17.1 Potenciais de Eletrodos Padrões a 25 C Reação do eletrodo r/y K * + e~ = K -2,925 N a + + e" = Na -2,714 H 2 + 2e" - 2 H ' -2,25 A l 3 + + 3e~ = Al -1,66 Zn(CN) i " +.2e" = Zn + 4 C N " - 1,26 Z t l O i " + 2 H 2 0 + 2e" = Zn + 4 0 H " -1,216 Z n ( N H 3 ) 4 + + 2e~ = Zn + 4 N H 3 - 1,03 Sn(OH) 2,- + 2e~ = H S n 0 2 + H 2 0 + 3 0 H ~ -0,90 Fe(OH) 2 + 2e" = Fe + 2 0 H ~ -0,877 2 H 2 0 + 2e~ = H 2 + 2 0 H " -0,828 Fe(OH) 3 + 3e" = Fe + 3 0 H - -0,77 Z n 2 + + 2e" = Zn -0,763 Ag 2S + 2e~ = 2Ag + S 2" -0,69 Fe 2 + +2e" = Fe -0.440 B i 2 0 3 + 3 H 2 0 + 6e" = 2Bi + 6 0 H " -0,44 PbS0 4 + 2e = Pb + SOl -0,356 Ag(CN) 2" + e" = Ag + 2CN" -031 N i 2 + + 2e" = N i -0,250 AgI + e - = A g + r -0,151 Sn 2 + + 2e~ = Sn -0,136 P b 2 + + 2e" = Pb -0,126 C u ( N H 3 ) ^ + + 2e" = Cu + 4 N H 3 -0,12 F e 3 + + 3e" = Fe -0,036 2 H + + 2e" = H 2 0,000 AgBr + e - = Ag + Br" +0,095 HgO(r) + H 2 0 + 2e" = Hg + 2 0 H +0,098 S n 4 + + 2e" = S n 2 + +0,15 AgCl + e~ = Ag + CP +0,222 H g 2 C l 2 + 2e" = 2Hg + 2C1' + 0,2676 C u 2 + + 2e" = Cu +0^37 Ag(NH 3 ) 2 + + e" = Ag + 2 N H 3 +0,373 H g 2 S 0 4 + 2e~ = 2Hg + S O í " +0,6151 F e 3 + + e = F e 2 + +0,771 Ag* + e" = Ag +0,7991 0 2 + 4 H + + 4e" = 2 H 2 0 +1,229 P b 0 2 + S O r + 4 H + + 2e" = PbS0 4 + 2 H 2 0 +1,685 0 3 + 2 H + + 2e" = 0 2 + H 2 0 +2,07 Os valores desta tabela foram utilizados por permissão de Latimer, W. M., The Oxidation States of the Elements and Their Potentials in Aqueous Solutions. 2? ed., Englewood Cliffs, N. J.: Prentice-Hall Inc., 1952. EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 411 Temos, portanto, as seguintes relações: s = 4>\ A G = -nFS; <t> = <t> = nF (17.39) (17.40) (17.41) • EXEMPLO 17.1 Para o eletrodo íon cobre/cobre, temos, explicitamente, 2 W u - / c u = - A G ° = - ( / & , - / & , , • ) Como U£u = 0, essa igualdade torna-se / i £ u i * = 2F</>cui*/cu- Uma vez que, pela Tab. 17.1 . ^Cu^ /Cu = + 0 3 3 7 V , encontramos p%u2. = 2(96 484 C / m o l ) ( + 0,337 V ) = 65,0 x I O 3 J /mol = 65,0 k J /mo l . • EXEMPLO 17.2 Para o eletrodo Sn 4 */Sn 2 *, 0sn 4 + /Sn J * = 0,15 V ; para o eletrodo Sn 2*/Sn, 0Sn 1 + /Sn - - 0,136 V . Calcule A/°SN«*» * 4 , ' * e *Sn4*/Sn- As reações são: S n 4 * + 2e" S n 2 * 2F(0,15 V ) = -<!<• .»• - S n 2 + + 2e" Sn 2 F ( - 0 . 1 3 6 V ) = - f o . - ^ 0 A segunda equação fornece: = 2(96 484 J / m o l ) ( - 0 , 1 3 6 V ) ( 1 0 " 3 kJ/J) = - 2 6 , 2 kJ /mol . A primeira equação fornece: Msn<* - Hsn>+ = 2(96 484 C/mol)(0,15 V ) ( 1 0 - 3 kJ/J) = 29 kJ /mol . Assim, Hsn4. = 29 k J / m o l + = 29 - 26,2 = 3 k J /mo l . Para encontrarmos 0<; n«*/Sn' escreveremos a reação da meia-pilha: S n 4 * + 4 e " . Sn. Dessa forma, 412 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA V S n / S n 4(96 484 C / m o l ) ^ 17.10 DEPENDÊNCIA DO POTENCIAL DA PILHA EM R E L A Ç Ã O À TEMPERATURA Derivando a equação nFS, = - A G em relação à temperatura, obtemos - f f i L - é P ) L - « ídf\S W h * (17.42) Se a pilha não possuir um eletrodo gasoso, como as variações de entropia nas reações em solu- ções são frequentemente pequenas, menores que 50 J/K, o coeficiente de temperatura do po- tencial da pilha será da ordem de 10" 4 ou 10" 5 V / K . Consequentemente, quando se tem por objetivo a de terminação do coeficiente de temperatura mediante um equipamento comum, as medidas devem cobrir o maior intervalo de temperatura possível. O valor de AS é independente da temperatura em boa aprox imação ; integrando a Eq. (17.42) entre a temperatura de referência, T0, e uma temperatura Tqualquer, obtemos S = *T° + n T ( T ~ T o ) o u ^ = ^ 2 5 - c + ^ ( f - 25) (17.43) sendo t em °C. O potencial da pilha é uma função linear da temperatura. O coeficiente de temperatura do potencial da pilha permite obter, através da Eq. (17.42), o valor de AS. A partir deste e do valor de S, em qualquer temperatura, podemos calcular AH para a reação da pilha. Como AH = AG +" T AS, vem que A H - - " [ * - r ( f í ) J ( I 7 4 4 ) Assim, medindo £ e ( d £ / ô 7 * ) p podemos obter as propriedades te rmodinâmicas da reação da pilha, isto é , AG. AH, AS. EXEMPLO 17.3 Para a reação da pilha H g 2 C l 2 ( s ) + H 2 ( l a tm) > 2 H g ( l ) + 2 H + (a = 1) + 2 C l _ ( f l = 1), ^298 = +0,2676 V e (M°/dT)p = - 3 , 1 9 x 1 0 " 4 V / K . EQUILÍBRIO EMPILHAS ELETROQUÍMICAS / 413 Como n = 2, AG° = - 2 ( 9 6 484 C/mol)(0,2676 V ) ( 1 0 " 3 kJ/J) = - 5 1 , 6 4 k J / m o l ; A H 0 = - 2 ( 9 6 484 C/mol ) [0 ,2676 V - 298,15 K ( - 3 , 1 9 x 10"* V / K ) ] ( 1 0 - 3 kJ/J) = - 6 9 , 9 9 k J / m o l ; AS° m 2(96 484 C / m o l ) ( - 3 , 1 9 x 1 0 " 4 V / K ) = - 6 1 , 6 J / K m o l . • 17.10.1 Efeitos Térmicos na Operação de uma Pilha Reversível No Ex. 17.3, calculamos AH° para a reação da pilha a partir do potencial da pilha e de seu coeficiente de temperatura. Se a reação fosse realizada irreversivelmente, pela simples mis- tura dos dois reagentes, AHa seria o calor que fluiria para dentro do sistema durante a trans- formação, dado pela relação usual AH=Qp. No entanto, se a reação for realizada reversivel- mente na pilha, será produzido um trabalho elétrico de valor m . Assim, pela Eq. (9.4), que é a definição de AS, Qpirty) = T AS. (17.45) Usando o Ex. 173 , temos fip(reV) = 298,15 K ( - 61,6 J/K mol) = - 18.350 J/mol. Consequen- temente, na operação da pilha apenas 18,35 kJ/mol de calor fluem para as vizinhanças, enquanto que no caso em que os reagentes são misturados diretamente 69,99 kJ/mol de calor passam para as vizinhanças. O AH° para a t ransformação é - 69,99 kJ/mol e é independente da forma com que a reação é realizada. 17.11 TIPOS DE ELETRODOS Nesse ponto descreveremos brevemente alguns tipos importantes de eletrodos e apresenta- remos as reações de meia-pilha e a equação de Nernst de cada um deles. 17.11.1 Eletrodos Gás-íon O eletrodo gás-íon consiste de um coletor de e lé t rons inerte, de platina ou grafita, em contato com um gás e um íon solúvel. O eletrodo H 2 I H * , discutido em detalhe na Seç. 17.8, é um exemplo. Um outro exemplo é o eletrodo de cloro, C l 2 |G" |graf i ta : RT alx- C l 2 ( g ) + 2e" ; = = 2 C l " ( a q ) <i> = <t>° - -^r ln — (17.46) 17.11.2 Eletrodos Metal-Ion Metálico O eletrodo consiste de um pedaço do metal imeiso numa solução contendo o íon metáli- co. Os eletrodos Z n 2 * | Z n e Cu 2 * |Cu, descritos anteriormente, são exemplos desse tipo de ele- trodo. RT 1 M " + + ne" M <p = <f>° - — l n (17.47) nF a M „ - 414 / FUNDAMENTOS DE FISICOQUÍMICA 17.11.3 Eletrodos Metal-Sal Insolúvel-Àni<>n Este eletrodo é chamado, às vezes, de "eletrodo de segunda espécie" . Ele consiste de uma barra de metal imersa numa solução que con tém um sal sólido insolúvel do metal e ânions do sal. Existem dúzias destes eletrodos, bastante comuns; citaremos apenas uns poucos exemplos. Eletrodo de prata-cloreto de prata (Fig. 173 ) : C l l AgCl(s)| Ag(s) RT AgCl(s) + e - Í = ± Ag(s) + C r ( a q ) 4> = <f>° - — l n Oc,- (17.48) A atividade do AgCl não aparece no quociente, pois o A g G é um sólido puro. Como o potencial é sensível à concent ração do íon cloreto, ele pode-ser usado para medir a concent ração desse íon. O eletrodo prata-cloreto de prata é um eletrodo de referência muito usado. U m n ú m e r o de eletrodos de referência baseados no mercúr io são comumente usados e pertencem a essa classe de eletrodos. Eletrodo de calomelano. Consiste de um aglomerado de mercúr io envolto por uma pasta de ca- lomelano (cloreto mercuroso) e imerso numa solução de KC1. RT H g 2 C l 2 ( s ) + 2e" = ^ 2 H g ( l ) + 2 C l - ( á q ) f n ^ . Eletrodo de mercúr io-óxido mercúr ico . Consiste de uma porção de mercúr io coberto com uma pasta de óx ido mercúr ico e uma solução de uma base. HgO(s ) + H 2 0 ( 1 ) + 2e RT Hg( l ) + 2 0 H " ( a q ) * = 4>° - — l n a2OH- Eletrodo de mercúrio-sulfato mercuroso. Consiste de uma porção de mercúr io em contato com uma pasta de sulfato mercuroso e uma solução contendo sulfato. H g 2 S 0 4 ( s ) + 2e RT 2 H g ( l ) + SOJ" (aq ) * - f - ^ l n Fio de Ag Fiode Pt Folha ou tela de Pt ! r _ i = F e 2 + . 2X^E F e 3 + . 3X Fig. 17.3 O eletrodo de prata-cloreto de prata. Fig. 17.4 O eletrodo férrico-ferroso. EQUILÍBRIOEMPILHAS ELETROQUÍMICAS / 415 17.11.4 Eletrodos de " O x i r r e d u c â o " Qualquer eletrodo envolve em sua operação oxidação e redução, mas somente esses foram assim denominados. U m eletrodo de oxi r reducâo possui um cole to r de metal inerte, usualmente platina, imerso em uma solução que contenha duas espécies solúveis em diferentes estados de ox idação . Um exemplo é o eletrodo contendo os íons férrico e ferroso (ver Fig. 17.4): F e 3 + + 3e- ç s = ± F e 2 + 0 = (p° - 51 ln S E * ! (17.49) F aF,>* 17.12 CONSTANTES DE EQUILÍBRIO A PARTIR DOS POTENCIAIS P A D R Õ E S DAS MEIAS-PILHAS Qualquer reaçâo qu ímica pode ser escrita como uma combinação de duas reações de meias-pilhas, podendo o potencial da pilha t a m b é m ser associado a estas. 0 valor de £ é deter- minado pela relação nF& = - AG e a condição de equil íbrio para qualquer reaçâo química é AG° — - RT ln K. Como AG° — - nF&°, podemos escrever RT l n K = nFS\, a 25°C, l o g 1 0 K = — g £ - (17.50) Usando a Eq. (17.50) , podemos calcular a constante de equi l íbr io de qualquer reaçâo a partir do potencial padrão da pilha, o qual pode ser obtido através dos valores tabelados dos poten- ciais padrões das meias-pilhas. O m é t o d o e os exemplos mostrados a seguir ilustram um proce- dimento que irá garantir um resultado correto quanto ao valor e ao sinal de Ê ° . 1? etapa: Divida a reaçâo da pilha em duas reações de meias-pilhas. a. Para a primeira reaçâo de meia-pilha (o eletrodo da direita), escolha as espécies oxidadas que aparecem na reaçâo da pilha no lado dos reagentes e escreva o equi l íbr io com as espécies reduzi- das apropriadas. b . Para a segunda reaçâo de meia-pilha (o eletrodo da esquerda), escolha as espécies oxidadas que aparecem na reaçâo da pilha no lado dos produtos e escreva o equi l íbr io com as espécies reduzidas apropriadas. Escreva as duas reações das meias-pilhas com os elétrons no lado dos rea- gentes. 2? etapa: Faça o balanceamento das reações das meias-pilhas, com o mesmo n ú m e r o de elétrons (n) em cada uma delas. 3? etapa: Se a segunda reaçâo da meia-pilha for subt ra ída da primeira, a reaçâo global da pilha será restabelecida; verifique se isto realmente ocorre. Assim sendo, subtraia os potenciais dos eletrodos da mesma maneira (o primeiro menos o segundo) para obter o potencial padrão da pilha, 4? etapa: Use a Eq. (17.50) para calcular K. 416 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA • EXEMPLO 17.4 2 F e 3 * + S n 2 * ; 2 F e 2 * + S n 4 * 1? etapa: Escolha o Fe 3* como a espécie oxidada no lado dos reagentes para a primeira reação de meia-pilha e o Sn 4* como a espécie oxidada no lado dos produtos para a segunda reação de meia-pilha. As reações das meias-pilhas sâ"o, dessa maneira, escritas na forma F e 3 * + e - . , v ' F e 2 * <p° = 0,771 V S n 4 * + 2e" . S n 2 * <f>° = 0,15 V 2? etapa: Multiplique, agora, a primeira reaçâo de meia-pilha por 2 para que cada uma das rea- ções envolva o mesmo n ú m e r o de e lé t rons . 3? etapa: Subtraia, e n t ã o , a segunda reação da primeira e veja que a reação original é regenera- da. Subtraindo o segundo potencial do primeiro obtém-se £ ° . Dessa forma, fi° = 0,771 - 0,15 = = 0,62 V . 4? etapa: Como n = 2, encontramos • EXEMPLO 17.5 2 M n O ; + 6 H * + 5 H 2 C 2 0 4 ^ 2 M n 2 * + 8 H 2 0 + 1 0 C O 2 . As semi-reações são (escolha o M n 0 4 como a espécie oxidada no lado dos reagentes para a pri- meira semi-reação): M n O ; + 8 H * + 5 e - . M n 2 * + 4 H 2 0 , S ° = 1,51 V ; 2 C 0 2 + 2 H * + 2 e " ; = ± H 2 C 2 0 4 , S° = - 0 , 4 9 V. Multiplicando os coeficientes da primeira reação por 2 e os da segunda reação por 5, obtemos 2 M n 0 4 " + 1 6 H * + 1 0 e " . 2 M n 2 * + 8 H 2 0 , S° = 1,51 V ; 1 0 C O 2 + 1 0 H * + 10e" . 5 H 2 C 2 0 4 , ê° = - 0 , 4 9 V . Subtraindo, temos que 2 M n O ; + 6 H * + 5 H 2 C 2 0 4 . 2 M n 2 * + 8 H 2 0 + 10 C 0 2 , S° = Ifl V - ( - 0 , 4 9 V ) = 1,51 V + 0,49 V = 2,00 V. Como/t = 10, EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 417 • EXEMPLO 17.6 C d 2 + + 4 N H 3 ç = = i C d ( N H 3 ) 2 + . Esta reação n ã o é uma reação de ox i r redução , embora possa ser decomposta em duas reações de meia-pilha. Escolhendo o C d 2 + como a espécie oxidada para a reação da primeira meia-pilha, perceberemos rapidamente que não existirá espécie reduzida correspondente. A mesma si tuação prevalecerá quando selecionarmos o Cd (NH 3 )4* como a espécie oxidada para a reação da se- gunda meia-pilha. Arbitrariamente, introduziremos a mesma espécie reduzida para ambas as reações; o metal cádmio parece ser uma escolha coerente. Assim, as reações das meias-pilhas são: C d 2 + + 2 e " . Cd , 6° = - 0 , 4 0 V ; C d ( N H 3 ) 4 + + 2e" C d + 4 N H 3 , A° = - 0 , 6 1 V. Subtraindo, obtemos C d 2 + + 4 N H 3 ^ = = í C d ( N H 3 ) 2 + , t° = - 0 , 4 0 V - ( - 0 , 6 1 V ) = +0 ,21 V , r , 2(0,21 V ) I O g ' ° K " M 5 9 Í 6 V = « • ° U « " M V 0 ' Esta é a constante de estabilidade do íon complexo. • EXEMPLO 17.7 C u ( O H ) 2 = ± C u 2 + + 2 0 H " , C u ( O H ) 2 + 2e" . C u + 2 0 H " , S0 = - 0 , 2 2 4 V ; C u 2 + + 2 e " . Cu, S° = +0 ,337 V . Subtraindo, temos C u ( O H ) 2 ; = ± C u 2 + + 2 0 H ~ , S° = - 0 , 2 2 4 V - ( + 0 , 3 3 7 V ) = - 0 , 5 6 1 V, Este é o produto de solubilidade do h idróxido de cobre. 17.13 O SIGNIFICADO DO POTENCIAL DE MEIA-PILHA No caso do eletrodo metal- íon metá l ico , o potencial de meia-pilha é uma medida da ten- dência da reação M n * + ne~ * M ocorrer. Ele é , dessa forma, uma medida da tendência do M n ser reduzido pelo H 2 , a uma fugacidade uni tár ia , para formar o metal e o tbn H * , a uma atividade unitár ia . No Ex. 17.1 mostramos que para o eletrodo M n * | M (17.51) 418 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA Assim, o potencial padrão do eletrodo é uma medida da energia de Gibbs padrão molar do íon metál ico em relação ao íon hidrogénio . Metais ativos como o Zn , Na ou Mg possuem potenciais padrões altamente negativos. Seus compostos não são reduzidos pelo h idrogénio , mas o metal pode ser oxidado pelo H + , o qual é levado a H 2 . Metais nobres, como Cu e Ag, t ê m <t>° positivos. Os compostos desses metais são facilmente reduzidos pelo H 2 ; os metais, no entanto, não são oxidados pelo íon hidrogénio. Como o potencial de um metal depende da atividade do íon metál ico em solução, os fato- res que influenciam a atividade do íon i rão, ipso facto, influenciar o potencial do eletrodo. No caso da prata, a equação de Nernst é tf>A,-,A, = 0,7991 V - (0,05916 V ) l o g I 0 — . (17.52) À medida que o valor de a A g * diminui , o valor de 0 A g * / A g t a m b é m diminui . Usando valores di- ferentes de aAg* na Eq. (17.52) obtemos: «Af 1,0 10" 2 I O " 4 I O - 6 10" ' 1 0 ' ° 0,7991 0,6808 0,5625 0,4441 0,3258 0,2075 Para cada potência de dez que a atividade do íon prata for d iminu ída , o potencial cairá de 59,16 m V . Se, em vez de diluirmos simplesmente a solução para que a atividade do íon prata seja d iminu ída , adicionarmos um agente precipitante ou um agente complexante que se combine fortemente com o íon prata, a atividade do íon prata e o potencial do eletrodo serão drastica- mente reduzidos. Se adicionarmos, por exemplo, uma certa quantidade de HC1 a uma solução de A g N 0 3 no eletrodo Ag+1 Ag, não só o íon prata será completamente precipitado sob a forma de AgCl como t a m b é m , ao levar a atividade do íon cloreto à unidade, o eletrodo será convertido no eletrodo padrão Agi AgCl |C1~. Para este eletrodo o equi l íbr io é dado por A g C l ( s ) - l - e - . Ag(s) + C l ~ ; <t>° = 0,222 V. Esse potencial, se usarmos a equação de Nernst para o eletrodo A g + | A g , corresponderá a uma atividade do íon prata dada pela fórmula: 0,222 V = 0,799 V - (0,05916 V ) l o g 10 — ou a A i - = 1,8 x 10" , 0 . Ao mesmo tempo, o equi l íbr io de solubilidade precisa ser satisfeito. Assim, AgCl(s) A g + + C l " ; *ps = a A i - Oa- • Como aAg* = 1,8 X 1 0 _ , ° e a C i - = 1, conc lu ímos que * P S = a A t . a a - = 1 , 8 ( 1 0 - , 0 X D = 1,8 x 1 0 " 1 0 . EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 419 Isso mostra que podemos determinar o produto de solubilidade (Kp§) para as substâncias pouco solúveis através da medida do potencial padrão da pilha e le t roquímica apropriada. (Compare comos Exs. 17.6 e 1 7 . 7 , d a S e ç . 17.12). Pela argumentação acima podemos ver que, quanto mais estável for a espécie na qual o íon prata estiver incorporado, tanto menor será o potencial do eletrodo de prata. Uma série de <p°, no caso da prata, encontra-se na Tab. 17.2. A partir dos valores desta tabela torna-se claro que o íon iodeto prende o Ag* mais efetivamente do que os íons brometo ou cloreto; o Agi é menos solúvel do que o AgCl ou AgBr. O fato de o par iodeto de prata-prata possuir um potencial ne- gativo significa que a prata deve dissolver-se em H l liberando hidrogénio. Isto ocorre com efeito, mas a reaçâo cessa logo em seguida devido à camada de A g i insolúvel que se forma e protege a superfície da prata de ataque posterior. Tab. 17.2 Pares A g + + e" 0,7991 AgCl(s) + e" ^± Ag + c r 0,2222 AgBr(s) + e ' ^ Ag + Br" 0,03 Agl(s) + e" ^ A g + r -0,151 Ag2S(s) + 2e" - 2 A g + S- -0,69 As substâncias que formam complexos solúveis com o íon metál ico t ambém reduzem o potencial do eletrodo. Dois exemplos sâo : A g ( N H 3 ) 2 + + e" ; = A g + 2 N H 3 , <p° = +0,373 V ; A g ( C N ) 2 + e" í = ± A g + 2 C N " , <f>° = - 0 , 3 1 V. Dependendo do meio em que estiver, um metal será um metal nobre ou um metal ativo. Comumente, a prata é um metal nobre, mas na presença do íon iodeto, sulfeto ou cianeto ela é um metal ativo (se considerarmos o potencial zero como a linha divisória entre os metais ativos e nobres). 17.14 A MEDIDA DO POTENCIAL DAS PILHAS O m é t o d o mais simples de se medir o potencial de uma pilha e le t roquímica é feito através do ajuste de uma diferença de potencial, igual e oposta, aplicada por um po tenc iôme t ro . A Fig. 17.5 mostra o circuito po tenc iomét r i co com a pilha conectada. A bateria B faz passar a corrente / através da resistência R. O contato S é ajustado de maneira que não se observe deflexão no gal- vanòmet ro G. No ponto nulo, o potencial da pilha encontra-se balanceado pela diferença de po- tencial entre os pontos .V e P da resistência. Essa resistência é calibrada de tal maneira que a queda de potencial, ir, entre os pontos S e P pode ser lida diretamente. Quando a resistência da pilha é mui to grande, a escala do po tenc iômet ro pode ser deslocada em um grande intervalo sem produzir deflexão visível no galvanômetro . Neste caso necessitamos de um vol t ímet ro eletrôni- co de alta impedância . 420 / FUNDAMENTOS DE FÍSICO-QUIMICA 17.15 R E V E R S I B I L I D A D E No tratamento precedente dos eletrodos e das pilhas admitimos implicitamente que os eletrodos ou as pilhas se encontravam em equi l íbr io em relação a determinadas transformações químicas e e le t roquímicas . Por definição, um eletrodo ou uma pilha são reversíveis. Para estabe- lecer uma relação entre os valores medidos dos potenciais das pilhas com os calculados pela equação de Nernst, os valores medidos devem corresponder aos de 'equi l íbr io ou valores reversí- veis; as medidas potenc iométr icas nas quais não passa corrente pela pilha são ideais para as me- didas de potenciais reversíveis. Considere a pilha P t | H 2 | t f ; jCu 2 *|Cu, que foi discutida na Seç. 17.9. A reação da pilha é C u 2 + + H 2 . 2 H + + Cu . 0 cobre é o eletrodo positivo e a platina o eletrodo negativo. Suponha que a pilha esteja em equi l íbr io com o po tenc iôme t ro , como foi mostrado na Fig. 17.5. Se, agora, movermos o con- tato S para a direita do ponto de equi l íbr io , tomaremos o cobre mais positivo; o eletrodo de Cu ficará como C u 2 + e os elétrons se moverão da direita para a esquerda no circuito externo. Sobre o eletrodo de platina, os e lé t rons irão se combinar com o H * para formar H 2 . A reação total caminhará na direção oposta. Reciprocamente, se o contato for movido para a esquerda, os e lé t rons se moverão da esquerda para a direita no circuito externo; o H 2 se ionizará a H * e o C u 2 + será reduzido a cobre. Nesta situação a pilha produzirá trabalho, enquanto que na pri- meira circunstância o trabalho será des t ru ído . A pilha se comporta reversivelmente quando, movendo-se o contato do po tenc iômet ro l i - geiramente de um lado a outro do ponto de equi l íbr io , a corrente e a reação química mudam de sentido. Na prática não é necessário analisar as quantidades de reagentes e produtos após cada ajuste para descobrir como se está comportando a reação. Se a pilha for irreversível, um peque- no deslocamento do contato po tenc iomét r ico resultará em uma corrente comparativamente grande; a reversibilidade exige que a corrente seja pequena quando o desequil íbrio entre os po- tenciais for pequeno. Ainda na pilha irreversível, após uma pequena per turbação do equi l íbr io, o novo ponto de equi l íbr io é bastante diferente do original. Por estas razões, a pilha irreversível apresenta um comportamento errát ico e muitas vezes não se consegue balancear o circuito com uma pilha destas. EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 421 17.16 A D E T E R M I N A Ç Ã O DO &° PARA U M A MEIA-PILHA Como os valores das constantes de equi l íbr io são obtidos a partir dos potenciais padrões das meias-pilhas, o m é t o d o de o b t e n ç ã o do fi° de uma meia-pilha é de grande impor tânc ia . Su- ponha que desejamos determinar o £ ° do eletrodo prata- íon prata. E n t ão , montamos uma pilha que inclua este eletrodo e um outro eletrodo cujo potencial seja conhecido; por uma ques tão de simplicidade escolhemos o EPH como sendo esse outro eletrodo. Assim, a pilha é EPH A g + | Ag . A reação da pilha é Ag + + e^pH * Ag e o potencial da pilha é dado por RT 1 i = *M+I*ê " ~ " "F l n 7,—' A 2 5 ° C , A = ^ Ag * /Ag + (0,05916 V ) l o g 1 0 a A r . (17.53) Se a solução fosse uma solução di lu ída ideal, poder í amos substituir ff A g * por m+ = m, a molali- dade do sal de prata. A Eq. (17.53) ficaria + (0,05916 V ) l o g 1 0 m . Medindo £ para vários valores de m e construindo a curva & contra o l o g 1 0 m , obtemos uma linha reta de coeficiente angular 0,05916 V , como vemos na Fig. 17.6(a). A interseção com o eixo vertical, para m = 1, daria o valor de S ° . Entretanto, as coisas não são tão simples assim. Não podemos substituir aAg* por m e conservar a esperança de obtermos resultados precisos me- diante nossa equação . Numa solução iônica, a atividade de um íon pode ser representada pela atividade iônica m é d i a a ± = y±m±. Se a solução con t ém apenas nitrato de prata, en t ão , mt = m e a Eq. (17.53) fica na forma <*= <*A«*/A , + (0,05916 V ) l o g 1 0 m + (0,05916 V ) l o g I 0 y ± . Fig. 17.6 (a) Dependência "ideal" de & com m. (b) Gráfico para a obtenção de &° por extrapolação. 422 / FUNDAMENTOS DE FISICOQUIMICA Se as medidas forem realizadas em soluções suficientemente di luídas para que a lei limite de Debye-Huckel, Eq. (16.82), seja válida, e n t ã o , l o g I 0 7 ± = - (0,5092 V k g 1 / 2 / m o l ' / 2 ) m ' 1 2 e podemos reduzir a equação para 4 - (0,05916 V ) l o g 1 0 m = O * ° | V A b - (0,03012 V k g , / 2 / m o l , / 2 ) r o 1 / 2 . (17.54) A partir das medidas de £ e m, o primeiro membro dessa equação pode ser calculado. Colocan- do-se o primeiro membro da equação em função de mx 1 2 , a ex t rapolação da curva para ml 1 2 = = 0 fornece o valor de £ A g * ^ na interseção com o eixo das ordenadas.Este gráfico encon- tra-se esboçado na Fig. \1 £(b). É por este m é t o d o que se o b t ê m valores precisos de £ ° a partir das medidas de £ de qualquer meia-pilha. 17.17 D E T E R M I N A Ç Ã O DAS A T I V I D A D E S E DOS COEFICIENTES DE A T I V I D A D E S A PARTIR DOS POTENCIAIS DAS PILHAS Uma vez obtido um valor preciso de £ ° para uma pilha, as medidas dos potenciais forne- cerão, diretamente, os valores dos coeficientes de atividades. Consideremos a pilha P t | H 2 ( / = l ) | H \ C l - | A g C l | A g . A reação da pilha é AgCl(s) + i H 2 ( / - 1) A g + H + + C P . O potencial da pilha é dado por RT £ = * ° - — (aH.ac , - ) . (17.55) De acordo com a Eq. (17.55), o potencial da pilha não depende das atividades iónicas individuais, mas sim do produto flH* • A Q - . Como vemos, não há nenhuma quantidade mensurável que de- penda da atividade de um íon individualmente. Consequentemente, subs t i tu ímos o produto ° H * + aC\- P ° r a\ Como no caso do HC1 mt = m, temos que a\ (ytm)2, o que reduz a Eq. (17.55) para 1RT 1RT t = S° - — l n m - — ln y ± . (17.56) r r A 2 5 ° C ê = S° - (0.1183 V ) l o g 1 0 m - (0,1183 V ) l o g 1 0 y ± . (17.57) Tendo-se determinado £ ° mediante a ex t rapolação descrita na Seç. 17.16, vemos que os valores de £ determinam os valores de y± para qualquer valor de m. Semelhantemente, se o valor de yt for conhecido para qualquer valor de rn, o potencial £ da pilha poderá ser calculado pela Eq. (17.56) ou (17.57) como uma função de m. A medida dos potenciais das pilhas constitui o m é t o d o mais poderoso de se obter os valo- res das atividades dos e le t ról i tos . Experimentalmente é , na maioria dos casos, de execução mui- EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 423 to mais fácil do que uma medida de propriedades coligativas. Possui a vantagem adicional de poder ser usado em um intervalo amplo de temperaturas. Embora os potenciais das pilhas pos- sam ser medidos em solventes não-aquosos , muitas vezes o equi l íbr io no eletrodo nâ*o se estabe- lece facilmente e as dificuldades experimentais tornam-se bem maiores. • 17.18 PILHAS DE C O N C E N T R A Ç Ã O Quando dois sistemas de eletrodos que participam de uma pilha envolvem soluções eletro- lít icas de composição diferente, estabelece-se uma diferença de potencial através da fronteira das duas soluções. Esta diferença de potencial é chamada de potencial de junção l íquida ou po- tencial de difusão. Para ilustrar como aparece essa diferença de potencial consideremos dois Eletrodo Ag, AgCl - 1 3 H + C 1 " a2 H + c r (a) ta- + + + + + (b) (O Fig. 17.7 Estabelecimento do potencial de junção líquida. eletrodos prata-cloreto de prata, um em contato com uma solução concentrada de HC1, de ativi- dade = ax, e o outro em contato com uma solução di luída de HC1, com atividade = a2 (Fig. 17.7(A).) Rcmovendo-se a separação entre as duas soluções, os íons H * e C l " da solução mais concentrada difundem-se para a menos concentrada. 0 íon H * difunde-se mui to mais rapida- mente do que o íon C l " (Fig. 17.7(6)). Com o afastamento progressivo entre os íons H * e C T , desenvolve-se uma dupla camada elétrica na interface das duas soluções (Fig. 17.7(c)). A dife-. rença de potencial através da dupla camada produz um campo elétrico que refreia o movimento de íon mais rápido e acelera o do íon mais lento. Estabelece-se um estado estacionário em que dois íons migram com a mesma velocidade; o íon que iniciou a migração com velocidade maior continua na frente. A difusão da solução concentrada para a di luída constitui uma mudança irreversível; en- tretanto, se for suficientemente lenta para que a interface não se desloque apreciavelmente durante o tempo necessário às medidas, podemos admitir que o sistema se encontra em "equi- l í b r i o " e, assim, ignorar o movimento da fronteira. Entretanto, a diferença de potencial adicio- nal na j unção l íquida aparecerá nas medidas do potencial da pilha. Escolhendo o eletrodo inferior como o eletrodo do lado esquerdo, o s ímbo lo para essa pilha é A g | A g C l | C l - ( f l l ) : C l - ( a 2 ) | A g C l | A g , onde a barra vertical pontilhada representa a junção entre as duas fases aquosas. 424 / FUNDAMENTOS DE FÍSICO-QUÍMICA Podemos calcular o potencial da pilha se admitirmos que, na passagem de um mol de car- ga elétrica através da pilha, todas as variações acontecem reversivelmente. E n t ã o , o potencial da pilha é dado por - F # - £ A G „ (17.58) I onde 2 AG, é a soma de todas as variações da energia de Gibbs na pilha que acompanham a pas- sagem de um mol de carga positiva através da pilha no sentido ascendente. Estas variações da energia de Gibbs são: Eletrodo inferior: Ag(s) + C P ( a , ) > AgCl(s) + e" Eletrodo superior: AgCl(s) + e" • C l " ( a 2 ) + Ag(s) Variação total nos dois eletrodos: C l " (a,) • C l " (a2) Em adição, na fronteira das duas soluções, uma fração t+ da carga é transportada pelo H * e uma fração t_ pelo C l " . As frações t+ e t_ são os números de transferência ou números de transporte, dos íons. Um mol de carga positiva que passa através da fronteira requer que t+ mo- les de íons H * movam-se para cima, da solução a, à solução a2, e t_ moles de C l " passem para baixo, de a 2 a a , . Assim, na fronteira: í + H + ( a , ) • Í + H + ( A 2 ) , e í - C l " ( a 2 ) • í . C P í a , ) . A variação total na pilha é a soma das variações nos eletrodos e na fronteira: í + H + ( f l , ) + C\~(ax) + t-C\-(a2) • í + H + ( a 2 ) + C l " ( a 2 ) + í _ C r ( a , ) . A soma das frações deve ser igual a um, portanto, / _ = 1 - f + . Levando este valor de t_ à equa- ção e recompondo, obtemos t « . H + ( a , ) + t + C r í a , ) > í + H + ( a 2 ) + í + C r ( a 2 ) . (17.59) A reação da pilha (17.59) corresponde à transferência de t+ moles de HC1 da solução a, à solu- ção a2. A variação total da energia de Gibbs é AG = « + + RT l n ( a H - ) 2 + + RT l n (aa- fc - RT l n ( a „ O i - & - - R T l n ( o c i - ) . ! A G = t+RTln*?11'*1 l 2 = 2 t + / ? r i n ^ 4 , ( a H * f l c i - ) i (a±h pois tfH+<2CT = a t • Mediante a Eq. (17.58), obtemos para o potencial da pilha com transferência. p 2t+RT^(a±)2 & c t = F - l n ^ j - - ( 1 7 6 0 ) EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 425 Se o limite entre as duas soluções não contr ibuísse ao potencial da pilha, en t ão a única variação seria devida à cont r ibuição dos eletrodos, isto é , C\{ax) > C l - ( f l 2 ) . 0 valor correspondente de AG é AG = + RT ln ( a c i - k - Hei- - RT l n ( f l c , - ) , = RT ln ( « ± ) i ( *± ) i* onde aç\- foi subs t i tu ído pela atividade iônica média a,. Esta pilha sem transferência possui o potencial AG RT, (a±)2 V " ' T ' ~ u m ( 1 7 6 l ) O potencial total da pilha com transferência é igual ao da pilha sem transferência mais o poten- cial de junção , ft* Assim, fi^ = &A + de modo que «J = « c t " Êst> (17-62) Pelas Eqs. (17.60) e (17.61), obtemos ^ = ( l - 2 t + ) ^ l n ^ . (17.63) A Eq. (17.63) mostra que se t+ for p róx imo de 0,5 o potencial de j unção l íquida será pe- queno; esta relação é corre ta somente quando os dois eletról i tos da pilha produzem dois íons para a solução. Medindo o potencial das pilhas com transferência e sem transferência podemos avaliar S;- e / + . Notemos, comparando as Eqs. (17.60) e (17.61), que ^ = 2 ^ . (17.64) O problema em tudo isto se resume em como construir uma separação n í t ida , que permita medidas reprodut íveis de fi^, e como construir uma pilha que elimine £y, de modo que pos- samos medir fi^. Existem vários artifícios para a solução do primeiro problema, po rém não os examinaremos aqui. O segundo problema, a const rução de uma pilha sem junção l íquida , é mais pertinente à nossa discussão. Umapilha de concentração sem transferência, isto é , sem junção l íquida, encontra-se es- quematizada na Fig. 17.8. A pilha consiste de duas pilhas ligadas em série e pode ser simboli- zada por P t | H 2 ( p ) | H + , C r ( f l ± ) 1 | A g C l | A g à g | A g C l | C r , H + ( f l ± ) 2 | H 2 ( p ) | P t . O potencial é a soma dos potenciais das duas pilhas separadas; / = [<f tAgCl /Ag) - W / H , ) ] . + [ * H + / H 2 ) - * ( A g C l / A g ) ] a . 4 426 / FUNDAMENTOS DE FÍSICO-QUÍMICA Fig. 17.8 Pilha de concentração sem transferência. Escrevendo a equação de Nernst para cada potencial, obtemos • = [ « « A g e . - " f 1- < * . - > , + - y ln [ RT p 1 ' 2 RT = K T ( a ^ a g - h _ 2 R T ( a t ) 2 F ( a H * O c i - ) i F ( a ± ) , " Comparando com a Eq. (17.61), observamos que £ = - 2 & r t . (17.65) A medida do potencial desta pilha dupla e a Eq. (17.65) permitem a de terminação do Toda medida do potencial de uma pilha em que os eletrodos requerem eletróli tos diferen- tes é dificultada pelo problema do potencial de j u n ç ã o . Este problema pode ser resolvido de duas maneiras: medindo-se o potencial de j unção ou eliminando-o. O potencial de j unção pode ser eliminado realizando-se a experiência como descrita acima, onde não aparece a j unção líqui- da. Uma outra forma de ser eliminado é, em vez de se usar uma pilha dupla, escolher um ele- trodo de referência que contenha o mesmo eletról i to do eletrodo investigado. Essa é a melhor maneira de eliminar o potencial de j u n ç ã o , n ã o sendo, po rém, sempre exequível . A ponte salina, ágar-ágar saturado de KC1 ou N H 4 N 0 3 , é usada muitas vezes para ligar os dois compartimentos dos eletrodos. Esse dispositivo introduz duas junções l íquidas , cujos po- tenciais são geralmente opostos, e o potencial de junção total é muito pequeno. A razão física do cancelamento dos dois potenciais é complexa. 0 uso do ágar-ágar por si já apresenta algumas vantagens: evita sifonamento quando os níveis dos eletról i tos forem diferentes nos dois compar- timentos e t a m b é m refreia muito a difusão iônica, de modo que os potenciais de j u n ção , quais- quer que possam ser, ficam rapidamente reduzidos para valores reprodut íveis . EQUILÍBRIO EMPILHAS ELETROQUÍMICAS / 427 17.19 PROCESSOS E L E T R O Q U Í M I C O S INDUSTRIAIS Os processos e le t roquímicos industriais são divididos, naturalmente, em processos que consomem energia e processos que produzem energia. Os processos e le t roquímicos industriais preparativos consomem energia elétrica e produzem substâncias de alto valor energét ico. As substâncias que sâo tipicamente produzidas no cá todo são: hidrogénio e h idróxido de sódio na eletrólise da salmoura; a lumín io , magnésio e metais alcalinos e alcalino-terrosos na eletrólise de sais fundidos. A galvanoplastia e o refino ele t rol í t ico de metais são processos industriais ca- tódicos importantes. As substâncias produzidas no ânodo são: oxigénio na eletrólise da água o cloro na eletrólise da salmoura e cloretos fundidos; peróxido de h idrogénio ; perclorato de po- tássio; camadas de óxido para fins decorativos no a lumínio anodizado. A dissolução de um me- tal no â n o d o é importante para o refino ele t rol í t ico e a p rodução eletrol í t ica dos metais. Os processos que produzem energia ocorrem nas pilhas e le t roquímicas ; esses processos consomem substâncias de elevado valor energét ico e produzem energia elétrica. Duas importan- tes invenções serão descritas na Seç. 17.21. É interessante notar que a invenção da pilha e le t roquímica por Alessandro Vol ta , em 1800, fo i , na realidade, uma reinvenção. Recentemente, escavações arqueológicas no Nordeste dos EUA descobriram uma pilha e le t roqu ímica feita com eletrodos de cobre e ferro; a invenção foi datada entre os anos 300 a.C. e 300 d.C. Existe alguma evidência de que já no ano 2500 a.C. os egípcios sabiam como galvanizar os objetos. 17.20 AS PILHAS E L E T R O Q U Í M I C A S COMO FONTES DE ENERGIA li notável que, em pr inc íp io , qualquer reação qu ímica possa ser utilizada para produzir trabalho em uma pilha e le t roquímica . Se a pilha operar reversivelmente, o trabalho elétrico obtido será W., — — AG ou Em muitos casos prát icos , o aumento na entropia não é tão grande e, dessa forma, o valor de T AS/AH é relativamente pequeno, o que nos leva a Isto significa que o trabalho elétr ico produzido é apenas ligeiramente menor do que a diminuição de entalpia na reação . Note que, se impedirmos a reação de ocorrer sem a p rodução de trabalho, a quantidade de calor, — AH, será liberada. Isso pode ser usado para aquecer uma caldeira, a qual poderá colocar uma turbina em funcionamento. No entanto, essa máquina térmica está sujeita à restrição de Carnot; o trabalho elétr ico que pode ser produzido por um gerador opera- do por uma turbina deve ser WtX = -AH + T A S = - A H + Q Wti * -AH. à 428 / FUNDAMENTOS DE FISICO QUÍMICA Esta quantidade de trabalho é substancialmente menor (cerca de três a cinco vezes menor) do que a que poderia ser obtida eletroquimicamente a partir da mesma reaçâo. Assim, a pilha ele- t roqu ímica oferece possibilidades para uma p rodução eficiente de energia elétrica a partir de fontes qu ímicas , p rodução essa que é inigualável a qualquer outra. 17.20.1 Classificação das Pilhas Ele t roquímicas Podemos classificar as pilhas e le t roquímicas que produzem energia elétrica em três tipos gerais: 1. Pilhas primárias. Estas sâo cons t ru ídas de materiais de alto valor energét ico, os quais reagem quimicamente e produzem energia elétr ica. A reaçâo da pilha nâo é reversível e, quando os ma- teriais forem consumidos, as pilhas devem ser descartadas. Exemplos t íp icos de pilha primária sâo a pilha comum (a pilha de LeClanché) e as pilhas de zinco-mercúrio usadas em máquinas fotográficas, relógios, aparelhos de audição e outros artigos familiares. 2. Pilhas secundárias . Estas pilhas sâo reversíveis. Após a produção de energia, os materiais de alto valor energét ico poderão ser recons t i tu ídos pela passagem de uma corrente, vinda de uma fonte externa, no sentido inverso. A reaçâo da pilha é , e n t ã o , invertida e o dispositivo é "recar- regado". O exemplo mais importante de uma pilha secundária é o acumulador de chumbo usado em automóveis . Outros exemplos de pilhas secundárias sâo a pilha de Edison e as pilhas recar- regáveis de n íque l -cádmio , usadas em calculadoras e lâmpadas de "flash". 3. Pilhas de combust íve l . A pilha de combust ível , como a pilha pr imária , é destinada a usar materiais de alto valor energético para produzir energia. Ela difere da pilha primária por ter sido feita para aceitar um fornecimento c o n t í n u o de " comb u s t í v e l " e os "combus t íve i s " sâo mate- riais normalmente reconhecidos como tal, por exemplo o hidrogénio , o carbono e os hidro- carbonetos. Nos ú l t imos anos, temos t ido esperança em poder usar ca rv ío e pe t ró leo . 17.20.2 Condições para uma Fonte de Energia Se formos retirar energia de uma pilha e le t roquímica , como o produto do potencial da pilha com a corrente deve permanecer num valor razoável durante a vida útil da pilha. A corrente / será d is t r ibuída sobre a área total A do eletrodo. A corrente den- tro ou fora de uma unidade de área da superfície do eletrodo será a densidade de corrente L Assim, P = Al, (17.66) / (17.67) Essa densidade de corrente envolve uma velocidade de reaçâo definida em cada unidade de área do eletrodo. Suponha que retiremos uma corrente / da pilha. Para efeito de a rgumentação , su- EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 429 ponha que o eletrodo negativo é o eletrodo de hidrogénio . A carga é retirada de cada unidade de área do eletrodo a uma velocidade i = (l/A) dQ/dt = I/A. A medida queos e lé t rons deixam a platina do eletrodo H * / H 2 , mais H 2 deverá ser ionizado, H 2 - 2 H * + 2e~, ou o potencial do eletrodo irá se mover para um valor menos negativo. Se a velocidade com que os elétrons forem produzidos pela ionização do hidrogénio for comparável à velocidade com que os elétrons dei- xarem a platina para penetrar no circuito externo, e n t ã o o potencial do eletrodo será p ró x i mo ao potencial no circuito aberto. Por outro lado, se a reaçâo no eletrodo for tâo lenta de forma que nâ~o haja uma reposição rápida dos e lé t rons quando estes estiverem sendo drenados para o circuito externo, en t ão o potencial do eletrodo irá afastar-se substancialmente do potencial no circuito aberto. Similarmente, se a reaçâo no eletrodo positivo for lenta, os e lé t rons que vierem do circuito exjterno náo serão rapidamente consumidos pela reaçâo do eletrodo e o seu poten- cial positivo ficará bem menos positivo. Assim, conc lu ímos que, quando uma pilha produz ener- gia, o potencial da pilha d iminui , uma vez que o eletrodo positivo torna-se menos positivo e o eletrodo negativo menos negativo. As curvas na Fig. 17.9 mostram o potencial da pilha contra o tempo para várias pilhas após a conecção com uma resistência que retira uma densidade de corrente / ' , . As reaçOes dos eletrodos nas pilhas A e B sâo muito lentas e náo se podem manter com a drenagem da corrente. 0 potencial da pilha cai rapidamente para zero e a energia, &/ , t ambém vai a zero. Ambas as pilhas fornecem, inicialmente, uma pequena quantidade de energia, mas nenhuma pilha é capaz de ser uma fonte útil de energia. Por outro lado, as reações dos eletrodos na pilha C sâo rápidas o suficiente para repor a carga nos eletrodos. O potencial da pilha cai ligeiramente, mas em se- guida permanece constante em um valor relativamente alto, durante um per íodo de tempo lon- go, de forma que a energia produzida SJ é significativa. Se uma corrente mais alta for retirada da pilha C ( / 2 > / , ) , o potencial cairá um pouco mais, mas ainda será relativamente elevado. Certamente, nessa circunstância a pilha C é uma fonte de energia úti l . A queda rápida do poten- cial da pilha, mostrada no final das curvas C, assinala o esgotamento dos materiais ativos, o "combus t íve l " . Se mais " combus t í ve l " for fornecido, a curva cont inuará normalmente e a pilha seguirá sua produção de energia. Conc lu ímos , dessa forma, que para uma pilha ser útil como fonte de energia as reaçOes dos eletrodos deverão ser rápidas . As reações precisam ocorrer numa rapidez suficiente para que o potencial da pilha caia somente um pouco abaixo do valor do potencial no circuito aberto. O problema na elaboração de uma pilha de combust ível para queimar carvão está em se encontrar superfícies de eletrodos apropriadas para que as reações desejadas ocorram rapidamente, a tem- peraturas razoáveis. Poderemos inventar o catalisador apropriado? Só o tempo dirá. 430 / FUNDAMENTOS DE FÍSICO QUÍMICA 17.21 DUAS FONTES DE ENERGIA ÚTEIS 17.21.1 O Acumulador de Chumbo Consideremos primeiro o acumulador ácido de chumbo. À medida que retiramos corrente da pilha, no eletrodo positivo, o c á t o d o , o P b 0 2 é reduzido a P b S 0 4 , P b 0 2 ( s ) + 4 H + + S Ó 2 , " + 2e~ » P b S 0 4 ( s ) + 2 H 2 0 , enquanto que no eletrodo negativo, o â n o d o , o chumbo é oxidado a P b S 0 4 , Pb(s) + S O I " • P b S 0 4 ( s ) + 2e" . O potencial da pilha é 2,0 volts. À medida que se extrai corrente da pilha, o potencial da pilha não cai mui to e a energia, £ / , fica p róx ima do valor reversível, ^^yl. Correntes um pouco maio- res (centenas de amperes) podem ser retiradas da pilha completamente carregadas sem que o potencial diminua excessivamente. Quando a pilha necessita ser recarregada, usamos uma fonte de energia externa para forçar uma corrente através da pilha, no sentido inverso; o eletrodo positivo será, agora, o â n o d o , onde o PbS0 4 será oxidado a P b 0 2 ; o eletrodo negativo será o cá todo , onde o PbS0 4 será reduzido a Pb. A diferença de potencial que precisa ser utilizada para recarregar a pilha tem que ser maior do que a diferença de potencial durante a descarga, mas não excessivamente maior. O rendimen- to de voltagem da pilha é definido por: voltagem média durante a descarga Rendimento de voltagem = voltagem média durante a carga O rendimento de voltagem da pilha ácida de chumbo é em torno de 80%. Essa aproxima- ção da reversibilidade é uma consequência da rapidez das reaçOes químicas na pilha. Como vi- mos, a capacidade de fornecer altas correntes a potenciais p róx imos ao potencial do circuito aberto significa que as reações qu ímicas nos eletrodos são rápidas; à medida que a carga é reti- rada pela corrente, o potencial deve cair, mas a reação qu ímica ocorre suficientemente rápida para restabelecer o potencial. Se compararmos a quantidade de carga obtida pela pilha ácida de chumbo com a quanti- dade que precisa ser passada pela pilha para carregá-la, obteremos valores de 90 a 95% ou ainda maiores em circunstâncias especiais. Isso significa que muito pouco da corrente de abastecimen- to é dissipada em reações secundárias (tal como na eletrólise da água). Acima de tudo, o acumu- lador de chumbo é uma extraordinár ia invenção: ele é altamente eficiente, suas versões maiores podem durar de 20 a 30 anos (se corretamente utilizado) e pode ser reciclado milhares de vezes. Suas principais desvantagens são seu elevado peso (baixa concentração de energia por unidade de peso) e o fato de que, se não for usado quando estiver parcialmente carregado, poderá des- trui r-se em pouco tempo pelo crescimento de cristais relativamente grandes de PbS0 4 , os quais não são facilmente reduzidos ou oxidados pela corrente de recarga; esse fato desagradável é conhecido como "sul fa t ização" . EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 431 Para a variação da energia de Gibbs padrão na pilha ácida de chumbo (para uma variação de dois e lé t rons) temos: AG° = -376 ,97 k J / m o l ; AH° = -227 ,58 k J / m o l ; 6 r e v = T AS° = + 149,39 kJ /mo l . Notemos que a reação é endo té rmica no caso da pilha trabalhar reversivelmente. Isto significa que não é apenas a variação de energia, o AH, a responsável pela p rodução de energia elétrica. T a m b é m a quantidade de calor, Q m = T AS, que flui das vizinhanças para conservar a pilha isotérmica, pode ser convertida em energia elétr ica. A razão — AG° _ 376,97 _ -AH° 277,58 ^ compara a energia elétrica que pode ser produzida para diminuir a entalpia dos materiais. Os 36% extras representam a energia que f lui das vizinhanças. TERMINOLOGIA ELETROQUÍMICA Uma vez que uma pilha estiver descrita, poderemos medir seu potencial e decidir defini- tivamente qual eletrodo é o positivo (pólo positivo) e qual é o negativo (pólo negativo). Nada que acontecer depois irá modificar isso. Além disso, a oxidação sempre ocorre no ânodo e a redução sempre ocorre no cátodo. Um eletrodo será o cátodo ou o ânodo dependendo da direção em que a corrente fluir. Em qualquer pilha secundária as relações são: Pólo Descarga Carga Positivo Cátodo Ânodo Negativo Ânodo Cátodo Em uma pilha primária, ocorre somente descarga; assim sendo, apenas as entradas sob "Descar- ga" são pertinentes. 17.21.2 A Pilha de Combust íve l A ques tão está em se saber se os tipos de reações e os tipos de substâncias que comumente consideramos como "combus t íve i s " (pe t ró leo , carvão e gás natural) podem ser combinados em reações usuais de queima de combust ível através de um caminho e le t roqu ímico . Provavelmente, a pilha de combust ível mais bem sucedida é a pilha de hidrogénio-oxigê- nio, a qual vem sendo usada em naves espaciais. Os eletrodos consistem de telas porosas de t i - tânio revestidas com uma camada de um catalisadorde platina. O eletról i to é uma resina troca- dora de cát ions que é misturada com um material plástico e feita na forma de uma lâmina fina. A combinação total dos dois eletrodos com a membrana plástica entre eles possui apenas cerca de 0,5 m m de espessura. Essa pilha encontra-se esquematizada na Fig. 17.10. A resina é mantida 32 / FUNDAMENTOS DE FÍSICOQUÍMICA Entrada de Coletor de Coletor de hidrogénio corrente corrente catódica (TM),l*Pd) Fig. 17.10 Representação esquemática de uma pilha de combustível hidrogê- nio-oxigênio da Gemini. (H. A. Leibhafsky e E. J. Cairns, Fuel Celis and Fuel Batteries. New York, Wiley, 1968.) saturada com água por meio de um pavio; a água formada pela operação da pilha é drenada atra- vés do pavio e é coletada para ser bebida. Conectando-se várias pilhas dessas, a voltagem é eleva- da para um valor de utilidade prát ica; o aumento da água ativa leva a um aumento da corrente que pode ser retirada da pilha. Essa pilha vem sendo desenvolvida para fornecer uma potência de cerca de 1 quilowatt. A potência disponível é limitada pela redução relativamente lenta do oxigénio na super- fície do cá todo , 0 2 + 4 H * + 4e~- 2H 2 0;es te problema existe em qualquer pilha de combus- tível que use um eletrodo de oxigénio. No momento, a platina parece ser o melhor catalisador, mas não é nem de longe tão bom quanto gos tar íamos . A velocidade de reação no ânodo , H 2 - 2H* + 2e~, a ox idação do hidrogénio na superfície de platina, é relativamente rápida. Entretanto, seria mais agradável se pudéssemos usar como catalisador algo menos dispendioso do que a platina. A temperaturas elevadas, as velocidades de reação são rápidas e a eficiência da pilha é maior. Na Tab. 17.3 listamos as propriedades te rmodinâmicas (a 25°C) de várias reações que po- deriam ser desejáveis como reaçOes de pilhas de combust íve l . Cada uma das substâncias oxidá- veis pode ser, a pr incípio , levada ao equil íbrio em um eletrodo. Por exemplo, a oxidação do metanol pode ser escrita como C H 3 O H + H 2 0 C 0 2 + 6 H + + 6 e" Esse eletrodo, quando combinado com um eletrodo de oxigénio , produzirá uma pilha com um potencial em circuito aberto de 1,21 V. Uma pilha de combust ível baseada em metanol e ar EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 433 Tab. 17.3 Propriedades Termodinâmicas das Reações de Possíveis Pilhas de Combustível, a 25°C - A G ê° - A G — AH — AG° TAS 0 ê° Reação - A G ê° Reação kJ/mol kJ/mol -AH" kJ/mol V H 2 + K>2 - f H 2 0 237,178 285,830 0,83 -48,651 1,23 c + o 2 - c o 2 394,359 393,509 1,002 +0,857 1,02 c + i o 2 - CO 137,152 110,524 1,24 + 26,628 1,42 c o + i o 2 - c o 2 257,207 282,985 0,91 - 25,77 1,33 C H 4 + 2 0 2 - C 0 2 + 2H,0 C H j O H + $ 0 2 - C 0 2 + 2 H 2 0 817,96 890,36 0,92 -72,38 1,06 C H 4 + 2 0 2 - C 0 2 + 2H,0 C H j O H + $ 0 2 - C 0 2 + 2 H 2 0 702,36 726,51 0,97 -24,11 1,21 C 8 H 1 8 + ^ 0 2 -» 8 C 0 2 + 9 H 2 0 C 2 H 5 O H + 3 0 2 - 2 C 0 2 + 3 H 2 0 5306,80 5512,10 0,96 0,97 -205,19 -41,36 1,10 1,15 C 8 H 1 8 + ^ 0 2 -» 8 C 0 2 + 9 H 2 0 C 2 H 5 O H + 3 0 2 - 2 C 0 2 + 3 H 2 0 1325,36 1366.82 0,96 0,97 -205,19 -41,36 1,10 1,15 em solução de K O H vem sendo usada para alimentar estações retransmissoras de televisão. To- das as reações na Tab. 17.3 irão produzir pilhas com potenciais próximos a um volt . Pilhas baseadas na oxidação do carbono a dióxido de carbono têm sido desenvolvidas, havendo necessidade de temperaturas relativamente elevadas (500 a 700°C) . Uma versão usa um eletróli to de carbonato de sódio fundido. As reações são:  n o d o : C + 2 C 0 3 ! ~ » 3 C 0 2 + 4e" C á t o d o : 0 2 + 2 C 0 2 + 4 e " * 2C023~ A reação global é simplesmente C + 0 2 • C Q 2 . Uma das dificuldades com as pilhas de alta temperatura é a de que os materiais empregados na sua cons t rução podem ser cor ro ídos rapidamente. Essa desvantagem tem que ser comparada com o aumento de potência disponível a temperatura maior. Hidrocarbonetos tais como metano, propano e decano.vêm sendo sucessivamente oxida- dos em pilhas de combust íveis , a temperaturas inferiores a 100°C. Podemos esperar que essas pilhas venham melhorar muito no futuro. Como uma alternativa à oxidação direta do hidrocarboneto no eletrodo, esta substância pode ser modificada, a altas temperaturas, pela reação C H 4 + 2 H 2 0 > C 0 2 + 4 H 2 . O hidrogénio seria en tão oxidado no â n o d o . Esse m é t o d o pode ser, finalmente, o de maior êx i to , por usar hidrocarbonetos e o própr io carbono como combust íveis e le t roqu ímicos . Q U E S T Õ E S 17.1 Explique o significado da Eq. (17.11), em termos do trabalho reversível necessário para levar um íon metálico M z * do infinito até o metal M, que é mantido a um potencial <t>. 434 / FUNDAMENTOS DE FÍSICO-QUÍMICA 17.2 Faça um gráfico do potencial 0 j i*/H contra para o eletrodo de hidrogénio; assuma que / = p = 1 para o H , . Explique por que o potencial aumenta com o aumento do «jj*, em termos da "tendência de escape" dos elétrons da Pt e dos íons aquosos H*. 17.3 Esboce o raciocínio que suporta a conclusão de que o K é o metal alcalino mais "ativo" na Tab. 17.1. 17.4 Considere uma pilha composta das duas meias-pilhas do Ex. 17.4. A que atividades iónicas a medida do potencial da pilha será dada por a ° = &Fe , + /Fe , + + &Sn**/SnJ*? Como poderá ser calculada a cons- tante de equilíbrio da reaçâo global? Compare esse procedimento com a dificuldade da medida direta de K. 17.5 Use a Tab. 17.1 para decidir se é provável que o zinco metálico venha reduzir o íon cobre, Zn(s) + + Cu2* (aq) - Zn3* (aq) + Cu($). 17.6 As pilhas eletroquímicas podem realizar trabalho. Imagine dois eletrodos de hidrogénio A e B, conecta- dos por um fio externo, com um contato elétrico apropriado entre as duas soluções ácidas. Assuma que an*(A) = 0||*(B) e que/ = p para os dois eletrodos A eB. Sep H (B) = 2 p H (A), mostre que a reação da pilha corresponderá a uma expansão gasosa, a qual fora da puna produziria trabalho. Discuta o tra- balho realizado pela pilha em termos da corrente produzida no fio externo (como isso ocorre?). 17.7 Qual a razão da energia não fluir para as vizinhanças no exemplo da reação da pilha da Seç. 17.10.1? PROBLEMAS A temperatura deverá ser tomada como sendo a de 25°C nos problemas a seguir que não possuírem outra in- dicação. 17.1 Calcule o potencial da pilha e dê a reação da pilha para cada um dos casos seguintes (use os dados da Tab. 17.1): a) Ag(s)|Ag +(aq, a± = 0fi\)\\Zn2~(at = 0,l)|Zn(s); b) Pt(s)|Fe 2*(aq,a ± = 1,0), Fe 3*(aq. at = 0 , l ) i i C r ( a q , at = 0,001)|AgCI(s)|Ag(s); c) Z n ( s ) | Z n O r ( a q , a ± = 0,1), OH~(aq, a± = 1) | HgO(s) | Hg( 1). A reação da pilha, como foi escrita para cada caso, é espontânea ou não? 17.2 Calcule a constante de equilíbrio para cada uma das reações das pilhas do ProbL 17.1 17.3 A partir dos dados da Tab. 17.1, calcule a constante de equilíbrio de cada uma das reações a) C u 2 * + Z n ^ C u + Z n 2 * ; b) Z n 2 * + 4CN~ — Z n ( C N ) 2 - ; c) 3 H 2 0 + Fe = FeíOH) 3 (s ) + | H a ; d) Fe + 2 F e 3 + ^ ± 3 F e 2 + ; e) 3 H S n 0 2 + B i 2 0 3 + 6 H 2 0 + 3OH ^ 2 B i + 3Sn(OH)2 _ ; f) P b S 0 4 ( s ) ^ P b 2 + + SOi" . 17.4 O acumulador de Edison é simbolizado por Fe(s) | FeO(s) | KOH(aq, a) | N i 2 O a ( s ) | NiO(s) | Ni(s) As reações de meia-pilha são N i 2 0 3 ( s ) + H 2 0(1) + 2e" . 2NiO(s) + 2 0 H " , <p° = 0,4 V; FeO(s) + H 2 0(1) + 2e" . Fe(s) + 2 0 H " , <p° = -0,87 V. EQUILÍBRIO EM PILHAS ELETROQUÍMICAS / 435 a) Qual é a reaçâo da pilha? b) Como varia o potencial da pilha com a atividade do KOH? c) Quanto de energia elétrica pode ser obtida por quilograma dos materiais ativos na pilha? 17.5 Considere o acumulador de chumbo Pb(s)| PbS0 4(s)|
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