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respostas caderno de exercicios10a etapa

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1 
 
Universidade Presbiteriana Mackenzie 
Faculdade de Direito 
Núcleo de Prática Jurídica 
 
CADERNO DE EXERCÍCIOS 
2º SEMESTRE DE 2011 
 
 
RESPOSTAS 
AOS EXERCÍCIOS 
DA 10ª ETAPA 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
1) Qual a diferença entre conciliação, mediação e arbitragem? Nesta 
medida, esclareça qual a sua relação com os conceitos de 
heterocomposição e autocomposição, bem como a diferença entre a 
solução judicial e a solução arbitral dos conflitos. 
 
R: Os meios para solução dos conflitos que surgem na sociedade são: 
a) Jurisdição estatal; 
b) Arbitragem; 
c) Conciliação; 
d) Mediação; e, 
e) Transação (CC, arts. 840 a 850). 
A solução através do Poder Judiciário (jurisdição estatal) decorre da 
atribuição sistemática do Estado, que deve dizer o direito e, 
principalmente, impor a solução do conflito. 
Por outro lado, a arbitragem é um meio privado e alternativo à solução 
judicial de conflitos, desde que esses conflitos sejam decorrentes de 
direitos patrimoniais e disponíveis, através da sentença arbitral, 
obrigatória para as partes, nos termos da Lei 9.307/1996. Ainda assim, a 
coerção, ou seja, a imposição da decisão, ainda pertence ao Poder 
Judiciário. 
Diferente da arbitragem e da jurisdição estatal, na conciliação, o 
conciliador, embora sugira a solução, não pode impor sua sugestão 
compulsoriamente, como se permite ao árbitro ou ao juiz togado 
De outro lado, tenta que as partes aceitem suas ponderações e 
alternativas para a resolução do conflito, a qual deve ser por elas adotada 
espontaneamente. 
Em resumo, na conciliação não existe solução sem acordo entre as partes, 
como ocorre nas soluções judicial e arbitral, nas quais o juiz e o árbitro 
são dotados de poderes para solucionar o conflito independentemente de 
acordo entre as partes. 
Na mediação, de maneira diversa, o mediador, neutro e imparcial, apenas 
auxilia as partes a solucionar o conflito sem sugerir ou impor a solução 
ou, mesmo, interferir nos termos do acordo. 
O resultado útil da conciliação e da mediação é a transação, ou seja, o 
acordo entre as partes que, igualmente, podem transacionar sem o auxílio 
de um conciliador ou mediador. 
CADERNO DE EXERCÍCIOS 
10ª ETAPA 
3 
 
Costuma-se sustentar, outrossim, que a jurisdição estatal representa 
heterocomposição. 
A heterocomposição é a solução de um conflito pela atuação de um 
terceiro dotado de poder para impor, por sentença, a norma aplicável ao 
caso que lhe é apresentado. 
Sendo assim, nada obstante a arbitragem encontre sua origem em prévia 
convenção entre as partes (cláusula arbitral ou compromisso) trata-se de 
heterocomposição posto que o árbitro é juiz de fato e de direito e, assim 
como o juiz, impõe sua decisão por sentença (art. 18 da Lei de 
Arbitragem). 
Por outro lado, a conciliação e a mediação espelham autocomposição, o 
que se afirma na exata medida em que o mediador e o conciliador se 
restringem a, respectivamente, orientar as partes e sugerir a solução do 
conflito, de tal sorte que não podem, como faz o juiz ou o árbitro, impor 
qualquer decisão. 
 
 
2) Explique detalhadamente o limite geral imposto pela Lei de 
Arbitragem para a solução arbitral e, demais disso, esclareça se é 
possível a solução arbitral dos conflitos: a) Nos conflitos decorrentes 
do Direito do Trabalho; b) Nos conflitos decorrentes de relações de 
consumo; c) Nos conflitos decorrentes das relações existentes nos 
condomínios edilícios; e, d) Havendo falência do demandante. 
 
R: A arbitragem se presta a solucionar conflitos decorrentes de direitos 
patrimoniais e disponíveis, que são aqueles sujeitos à transação e 
alienáveis. Excluem-se, portanto, os direitos indisponíveis, como, por 
exemplo, filiação, estado das pessoas, casamento, poder familiar, questões 
de direito penal etc. Admite-se que os reflexos patrimoniais dessas 
questões sejam dirimidos pela arbitragem, como, por exemplo, a partilha 
do patrimônio na separação e os danos decorrentes de fato típico. 
Nos conflitos decorrentes do Direito do Trabalho, o assunto pode ser 
assim esquematizado: 
Conflitos individuais: em razão da irrenunciabilidade dos direitos 
trabalhistas, costuma-se afirmar que não cabe a arbitragem no contrato 
de trabalho (TST – RR 795/2006-028-05-00.8; arts. 9º, 444 e 468 da 
CLT). Todavia, embora os direitos em si sejam de fato irrenunciáveis, 
nada obsta, depois de adquiridos e diante do conflito, que as partes 
firmem compromisso arbitral, vez que os direitos são patrimoniais e 
4 
 
suscetíveis de transação. Então, o que não se admite é a renúncia prévia, 
mas nada obsta (e acontece diariamente no foro) que as partes transijam 
sobre os valores decorrentes dos direitos que não foram previamente 
renunciados no contrato, tendo o TST admitido a hipótese no AIRR 
1475/2000-193-05-00 (7ª Turma, Min. Pedro Paulo Manus, DJ 
17.10.2008). 
Conflitos coletivos: em razão do art. 114, § 1º, da CF, possível a 
arbitragem, frustrada a negociação coletiva. Assim, a própria lei prevê, 
como nas hipóteses de direito de greve (art. 7º da Lei 7.783/1989) e 
participação nos lucros (art. 4º da Lei 10.101/2001). 
Nas relações de consumo, em regra, é nula a cláusula arbitral (ou 
compromissória), posto que, em razão da vulnerabilidade do consumidor, 
implicará em utilização compulsória da arbitragem. Admite-se a cláusula 
arbitral nas relações de consumo apenas se não estiver presente a 
imposição ou a vulnerabilidade do consumidor (notadamente a jurídica), 
cabendo o ônus dessa prova ao fornecedor. Por outro lado, é possível o 
compromisso arbitral, vez que este surge depois da existência do conflito 
e não significa a utilização compulsória da arbitragem (como é o caso da 
cláusula arbitral). Em outras palavras, diante do conflito, se quiser, o 
consumidor pode buscar seus direitos junto ao Poder Judiciário ou, se 
preferir, em razão do litígio já instaurado e delimitado, firmar o 
compromisso. 
Quanto ao condomínio edilício, é possível separar a possibilidade de 
utilização da arbitragem da seguinte maneira: 
a) Conflitos entre o condomínio e os condôminos: a arbitragem é possível 
desde que haja previsão na convenção de condomínio, obrigando a todos, 
ou seja, os que votaram a favor ou contra a cláusula arbitral e mesmo 
aqueles que vierem a adquirir suas unidades depois da instituição do 
condomínio ou da alteração da convenção que exige o voto de 2/3 dos 
condôminos (Código Civil, arts. 1.333, 1.334 e 1.351). Igualmente é 
possível a arbitragem mediante compromisso arbitral, quando surgir o 
conflito, ainda que não haja previsão na convenção. Nesta medida, são 
comuns os seguinte conflitos: inadimplência quanto ao pagamento da 
quota condominial, validade de deliberações e quórum para aprovação de 
matérias em assembléia e conflitos decorrentes de aplicação de sanções. 
b) Conflito entre os condôminos: igualmente a arbitragem é possível 
desde que haja previsão na convenção ou que, posteriormente, os 
condôminos, diante do conflito, resolvam pactuar a solução arbitral 
mediante compromisso. Podemos exemplificar: conflitos decorrentes de 
5 
 
vazamentos entre unidades e referentes a direitos de vizinhança de uma 
maneira geral. 
c) Conflitos entre o condomínio e fornecedores de produtos e serviços, 
inclusive em face da administradora contratada para auxiliar o síndico 
nos termos do art. 1.348, § 2º do Código Civil: neste caso, tratando-se de 
relação jurídica lateral aos objetivos colimados pela convenção, ainda que 
haja previsão de arbitragem na Convenção, qualquer contrato firmado 
entre o condomínio e fornecedores de produtos ou serviços ao 
condomínio dependerão de pacto arbitral especial entre eles (cláusula 
arbitral ou compromisso específicos para cada contrato e conflito 
decorrente). 
Por fim, havendo falência do demandante, as ações sobre quantias 
ilíquidasque já se encontrem em discussão no juízo arbitral (o art. 6º, § 
1º, da Lei 11.101/2005, menciona que “terá prosseguimento no juízo no 
qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida”), serão 
solucionadas pela via arbitral até a formação do título para habilitação no 
juízo universal da falência; as ações sobre quantias ilíquidas ainda não 
propostas ou que versarem sobre bens, interesses e negócios do falido 
(essas, mesmo já propostas), serão atraídas pelo juízo universal da 
falência, sendo impossível a solução arbitral (art. 76, da Lei 11.101/2005) 
e as ações trabalhistas ou fiscais e aquelas não reguladas na Lei de 
Falências em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo (v.g., 
reintegrações de posse), prosseguirão ou serão propostas normalmente, 
ainda que seja pela via arbitral (art. 76, da Lei 11.101/2005). Em 
qualquer caso, o administrador judicial deverá ser intimado para 
representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo (art. 76, da 
Lei 11.101/2005). 
 
3) Como se desenvolvem a arbitragem institucional e a arbitragem 
avulsa? Existe alguma desvantagem de natureza prática na 
arbitragem avulsa? Explique. 
 
R: A arbitragem institucional, também conhecida como arbitragem 
administrada, é aquela em que as partes optam, na cláusula arbitral ou no 
compromisso, por se submeter à arbitragem perante uma entidade 
especializada, que tratará dos aspectos formais, intimações, secretaria e, 
até, da escolha dos árbitros. 
Na arbitragem “ad hoc” ou arbitragem avulsa, as partes não se submetem 
a uma entidade especializada para administrar a arbitragem e tratam de 
6 
 
todo o procedimento e, neste caso, há risco maior de nulidade em razão 
de desrespeito aos princípios impositivos posto que não á uma entidade 
que administrará o procedimento e o próprio árbitro e as partes deverão 
regular o procedimento arbitral. 
 
4) A arbitragem pode ser imposta? Em outras palavras, a arbitragem 
é obrigatória? Explique à luz do Direito das Obrigações e da 
constitucionalidade do instituto da arbitragem. 
 
R: A arbitragem não é obrigatória se tomarmos como base que ninguém 
pode ser obrigado a se submeter a esta forma de solução de conflitos que, 
por definição, é alternativa (lei nesse sentido seria inconstitucional). 
Todavia, manifestada a vontade pelas partes (que não são obrigadas a 
manifestá-la), em razão do princípio da autonomia da vontade, surge uma 
obrigação, de tal sorte que, a partir dela, a arbitragem é obrigatória 
(“pacta sunt servanda”). Caso uma das partes leve o conflito ao Poder 
Judiciário depois de pactuar a arbitragem, o processo deve ser extinto 
sem resolução do mérito (arts. 267, VII, e 301, IX, do CPC). 
Nesta medida e sob este enfoque, a arbitragem é constitucional, como já 
decidiu o STF, posto que, em consonância com o princípio contratual da 
autonomia da vontade, se as partes, que já contam com o Poder Judiciário 
para dirimir seus conflitos, resolvem submetê-los através da cláusula 
arbitral ou do compromisso à solução pela arbitragem, geram uma 
obrigação que, como é cediço, foi feita para ser cumprida: “pacta sunt 
servanda.” Posta desta maneira a questão, a ação é um direito e não um 
dever. Demais disso, a arbitragem, que somente decorre da vontade das 
partes, encontra semelhanças com a transação, de tal sorte que as partes, 
de antemão, já estabelecem como seus conflitos patrimoniais e 
disponíveis serão resolvidos, o que não encontra óbice no sistema. 
 
5) Quais as espécies de convenção de arbitragem? O que é “cláusula 
arbitral vazia” e qual a sua diferença para a “cláusula arbitral 
cheia”? Qual a conseqüência de se firmar uma cláusula arbitral 
vazia? Neste contexto, explique o procedimento determinado pelo 
art. 6º da Lei de Arbitragem. 
 
R: As convenções de arbitragem são as cláusulas arbitrais e os 
compromissos arbitrais 
7 
 
A cláusula arbitral é firmada antes do conflito e o compromisso arbitral 
depois dele instaurado. 
A cláusula arbitral pode ser cheia, ou seja, aquela cláusula que prevê a 
forma de instituição da arbitragem, seja referindo-se às regras de uma 
entidade especializada (arbitragem institucional ou administrada), seja 
ela mesma prevendo a forma de instituição e desenvolvimento da 
arbitragem (arbitragem ad hoc ou avulsa), com as regras do compromisso 
(art. 10 da LA), dispensando a assinatura de posterior compromisso. Já a 
cláusula arbitral vazia (ou “em branco”), é aquela que, embora preveja a 
arbitragem, não prevê a forma de sua instituição, notadamente porque 
falta a indicação do árbitro ou das demais condições obrigatórias do art. 
10 da LA. Em razão dela, se as partes não chegarem a um acordo quanto à 
instituição da arbitragem, firmando compromisso arbitral (que no caso é 
imprescindível), caberá execução específica da cláusula arbitral, pelo 
procedimento dos arts. 6º e 7º da LA, que seguirá a via judicial. 
Portanto, a cláusula arbitral vazia exige que as partes firmem um 
cmpromisso arbitral quando o conflito entre elas se instaura. Não 
havendo acordo quanto ao compromisso, ou seja, sobre a forma de 
instituição e desenvolvimento da arbitragem, as partes dependerão de 
decisão judicial que estabeleça as condições do compromisso. Neste caso 
o interessado em instituir a arbitragem providencia notificação da outra 
parte para em dia, hora e local determinados firmar o compromisso; 
havendo recusa ou não comparecimento, o interessado elabora petição 
juntando cópia da notificação, do contrato com a cláusula arbitral (vazia) 
e indicação da matéria objeto da arbitragem; o juiz determina a citação 
para comparecimento da parte contrária à audiência de conciliação; na 
audiência tenta-se acordo quanto ao mérito e, se impossível, quanto ao 
compromisso arbitral objeto do pedido; não havendo acordo quanto ao 
mérito e sequer quanto à forma de instituir a arbitragem, o juiz recebe a 
defesa na própria audiência; eventualmente, se houver outras provas a 
produzir, será designada audiência de instrução, seguindo-se a sentença, 
cuja apelação não terá efeito suspensivo (art. 520, VI, do CPC). 
 
6) Quanto aos árbitros, explique: a) Existem requisitos para uma 
pessoa ser árbitra? b) Pessoa jurídica é admitida como árbitra? c) 
Quais os poderes e os deveres impostos aos árbitros? Quais as regras 
para argüir impedimento ou suspeição de um árbitro? No caso de 
impedimento, suspeição ou recusa do árbitro para desenvolvimento 
da atividade, qual a solução da Lei de Arbitragem? 
8 
 
 
R: Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz que goze da confiança das 
partes (art. 13, caput, da LA). A doutrina costuma sustentar que o árbitro 
deve, obrigatoriamente, ser pessoa natural, tendo em vista que exerce 
atividade jurisdicional que é, nesta medida, personalíssima. 
No desempenho da função, o árbitro é juiz de fato e de direito (art. 18 da 
LA, o que não significa que tenha as mesmas prerrogativas dos 
magistrados), profere sentença com a mesma força de uma sentença 
judicial transitada em julgado, vez que não está, em regra, submetida a 
recurso, salvo disposição nesse sentido na convenção de arbitragem. 
Os árbitros devem, nos termos do art. 13, § 6º, da LA, respeitar os 
seguintes deveres: 
Imparcialidade: o árbitro toma partido, decidindo na sentença, sem se 
envolver com as partes. 
Independência: o árbitro deve se manter distante das partes. 
Competência: para decidir, o árbitro deve conhecer e ser experimentado 
na matéria que lhe é submetida. 
Diligência: a solução do conflito deve ser pautada por cuidado, zelo e 
aplicação. 
Discrição: o árbitro deve ser discreto e não divulgar os conflitos que lhe 
são submetidos, inclusive em razão do sigilo, que pode ser reforçado pela 
convenção de arbitragem. 
A suspeição e o impedimento do árbitro respeita as mesmas causas dos 
arts. 134 e 135 do Código de Processo Civil, posto que é elejuiz de fato e 
de direito. 
Nos casos de suspeição, impedimento, impossibilidade de atuação ou 
recusa do árbitro, as partes podem convencionar: 
a) A impossibilidade de substituição do árbitro (expressa, vez que se trata 
de exceção), extinguindo o compromisso arbitral, fazendo com que 
tenham que submeter seus litígios ao Poder Judiciário (art. 12, I e II, da 
LA); 
b) A substituição do árbitro (regra, se nada for convencionado sobre a 
impossibilidade de substituição), nos termos do art. 16 da LA, seguindo: 
b.1) a vontade das partes e a forma pactuada na convenção de arbitragem 
(inclusive, se for o caso, seguindo as regras do órgão institucional); 
b.2) acordo entre as partes; 
b.3) inexistindo forma de substituição dos árbitros ou acordo e não 
havendo expressa disposição das partes quanto à impossibilidade de 
9 
 
substituição do árbitro, seguir-se-á o procedimento judicial do art. 7º da 
LA para que o juiz escolha o novo árbitro. 
 
7) Discorra acerca do procedimento arbitral, diferenciando-o do 
procedimento judicial e, além disso, sobre: a) o momento e os efeitos 
da instituição do procedimento arbitral; b) as provas; c) a revelia; d) 
a forma da comunicação dos atos, e; e) As despesas com a 
arbitragem. 
 
R: Nos termos do art. 21 da LA, cabe às partes disciplinar o procedimento, 
respeitando os limites impostos pelos princípios impositivos. Caso as 
partes não disciplinem o procedimento arbitral, seguir-se-ão as regras do 
órgão arbitral escolhido na arbitragem institucional; ou, na ausência 
dessas regras, os árbitros disciplinarão o procedimento (presume-se, 
diante da ausência de regras, que as partes, em razão da confiança que 
depositam no árbitro, a ele delegaram o mister). 
 
a) A arbitragem tem início no momento em que o árbitro ou todos os 
árbitros (se for mais de um) aceitam a incumbência, gerando os seguintes 
efeitos: termo inicial para contagem do prazo de seis meses (exceto 
convenção de outro prazo) para emissão da sentença arbitral (art. 23 da 
LA); torna a questão litigiosa e interrompe a prescrição retroativamente à 
data da expedição ou protocolo da convocação dos árbitros (por analogia 
ao art. 202 do CC e dos arts. 219 e 263 do CPC). 
b) Quanto às provas, são admitidos todos os meios, ainda que não sejam 
tradicionais do Processo Civil judicial, como, por exemplo, o discovery 
(análise de documentos de negócio jurídico referido pela parte contrária) 
ou o depoimento técnico de especialista que traz sua expertise para os 
autos, opinando sobre o objeto da causa sem ser perito. 
c) Tecnicamente, no procedimento arbitral não há a revelia como a 
existente no art. 319 do CPC, ou seja, não significa que automaticamente 
serão reputados verdadeiros os fatos afirmados. Na arbitragem traduz a 
absoluta ausência de atos ou abandono do processo, o que significa 
apenas que a sentença será proferida, validamente, com os elementos de 
convencimento constantes dos autos a par da ausência do contendor. 
d) A comunicação dos atos é levada a efeito pela forma disciplinada pelas 
partes, pelo órgão arbitral ou, na ausência, qualquer forma inequívoca, 
mesmo que eletrônica (por analogia ao art. 154 do CPC) desde que o 
recebimento seja comprovado. 
10 
 
e) Quanto às despesas, aplicam-se as regras escolhidas pelas partes. Se 
não existirem, as regras da entidade especializada; e, na ausência de 
regras estabelecidas pelas partes ou pela entidade que administra o 
procedimento arbitral, o árbitro determina o adiantamento das despesas 
(art. 13, § 7º, da LA). Normalmente aquele que provoca a arbitragem 
adianta as despesas que, ao depois, são atribuídas ou carreadas ao 
vencido, inclusive eventual pena de litigância de má-fé a critério do 
árbitro, vez que não há a mesma limitação do art. 18 do CPC. 
 
8) Havendo necessidade de providências de natureza cautelar ou de 
antecipação de tutela, como deve proceder o requerente tendo em 
vista a existência de convenção de arbitragem? 
 
R: É possível ao árbitro deferir antecipação dos efeitos da tutela e 
cautelares durante o procedimento arbitral. Se o pedido for anterior à 
instalação da arbitragem (art. 19 da LA), pode ser feito judicialmente no 
caso de cautelares (não de antecipação de tutela, vez que esta é privativa 
do árbitro, nos termos da convenção de arbitragem), esclarecendo-se ao 
juiz togado na petição inicial que, no trintídio (art. 806 do CPC), o 
requerente providenciará o necessário para instalação da arbitragem. 
Neste caso, há relação de coordenação entre árbitro e juiz, isto porque, 
como o árbitro não dispõe da coerção, precisa do juiz para viabilizar suas 
decisões antecipatórias ou cautelares e o fará mediante ofício dirigido ao 
juiz que analisará apenas as questões formais da arbitragem e não o 
mérito da concessão. 
 
9) A sentença arbitral pode ser ilíquida? Demais disso, explique 
como se executa a sentença arbitral, diferenciando a execução de 
sentença arbitral que contenha obrigação de dar, fazer, não fazer e 
pagar quantia certa, esclarecendo se, além da sentença 
condenatória, as sentenças declaratória ou constitutiva são 
passíveis de execução. 
 
R: Em regra a sentença arbitral deve ser líquida. Todavia, nada impede, no 
sistema atual, que os árbitros sejam autorizados pelas partes, ou 
limitados por elas, a proferir sentenças parciais, resolvendo o “an 
debeatur” e determinando-se a posterior liquidação judicial. Trata-se de 
limitação aos poderes dos árbitros, absolutamente possível neste 
contexto. 
11 
 
A sentença arbitral (LA, arts. 18 e 31) gera efeito idêntico ao efeito das 
sentenças judiciais nos termos do art. 475-N do CPC, qualquer que seja a 
natureza, ainda que possam ser declaratórias, desde que reconheçam, 
assim como as condenatórias, a existência de direito à prestação já 
exercitável, de obrigações de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar 
quantia. 
No caso de obrigação de pagar quantia certa o cumprimento forçado da 
sentença se dá da seguinte forma: ultrapassado o prazo de 15 dias, 
contado da comunicação da sentença para cumprimento espontâneo, será 
iniciada a execução. Sendo sentença condenatória de pagar quantia certa, 
a execução terá início mediante provocação do interessado através de 
petição com os documentos que comprovem a regularidade do 
procedimento arbitral e com a sentença, além do requerimento de 
citação, agora judicial do executado perante o juiz togado que seria 
competente para julgar a matéria, para impugnar no prazo de 15 dias da 
intimação da penhora e avaliação (procedimento dos arts. 475-J e 475-L 
do CPC). A execução, a esta altura, já incluirá a multa de 10% vez que a 
sentença arbitral, que conta com os mesmos efeitos que a judicial, não foi 
cumprida no prazo de 15 dias da comunicação levada a efeito nos termos 
do procedimento arbitral (arts. 475-J e 475-N, IV, do CPC). No caso de 
obrigação de entrega de coisa certa ou obrigação de fazer e não fazer, a 
sentença arbitral já comunicada ao vencido e não cumprida no prazo 
determinado pelo árbitro será levada a efeito pelo procedimento dos arts. 
461 e 461-A do CPC (arts. 475-I e 644 do CPC), devendo o vencedor, da 
mesma forma, instruir seu pedido de cumprimento com a sentença e 
demais elementos dos autos que comprovem a regularidade do 
procedimento arbitral. O juiz togado determinará multa diária ou o 
resultado equivalente ao cumprimento e, se necessário, até com força 
policial. 
 
10) Qual o procedimento e as características da ação para requerer a 
anulação de sentença arbitral? As causas determinadas pela lei de 
arbitragem para anulação de sentença arbitral são passíveis de 
interpretação extensiva? 
 
R: A ação anulatória da sentença arbitral seguirá o procedimento comum, 
rito ordinário ou sumário (valor da causa não superior a 60 salários 
mínimos – art. 275, I, do CPC), sendo que o valor da causa, arts. 258 a 260do CPC é normalmente o valor contido na sentença. 
12 
 
As causas de nulidade da sentença arbitral contidas no art. 32 da Lei de 
Arbitragem para o pedido de anulação, são consideradas numerus clausus 
(taxativas). Deveras, entendimento contrário seria admitir o Poder 
Judiciário, competente para analisar a nulidade, como instância revisora 
das decisões arbitrais, o que é contrário à mens legis contida na Lei 
9.307/1996. 
 
 
*** 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dezembro - 2011

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