Buscar

19 NEO234 GRAP Filosofia 2011

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Filosofi a 359
1. Explique o que é mito e dê suas características mais relevantes.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Fale sobre a originalidade das narrativas pré-socráticas com base no que se entende por fi losofi cidade das 
mesmas narrativas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Exponha a Teoria das Ideias de Platão.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofi a 
José Roberto Garcia
 Primeira tentativa humana de organizar, a partir do apelo ao sobrenatural e ao fantástico, um conhecimento 
sobre o universo, a história e o próprio homem. O mito tem uma racionalidade incipiente e pré-refl exiva; no 
entanto, é a base da cultura e do imaginário dos povos antigos. A consciência mítica surgiu da necessidade 
dos vários povos e das civilizações de encontrar respostas a suas indagações fundamentais, ou seja, 
aquilo que confere sentido a sua existência, e nisso reside sua grande importância. Apesar de fantásticos 
e com forte apelo sobrenatural, os mitos gregos eram impregnados de sabedoria, pois estruturaram um 
conhecimento ancestral sobre a realidade humana, bem como sobre o universo que nos cerca.
 (Cuidar de apresentar uma defi nição básica, acompanhada das principais características e apontar 
a importância.)
 A originalidade dos pré-socráticos, que desenvolveram a cosmologia, consistiu no desenvolvimento de 
uma modalidade explicativa baseada não no discurso religioso, mas na especulação lógico-racional para 
o melhor entendimento da realidade como esta se manifesta ao seres humanos. Ora, os físicos antigos 
buscavam o “arché” da “physis”, ou seja, o princípio fundamental (origem, composição e manutenção) da 
natureza. Isso signifi ca que a natureza, em sua integralidade, era passível de entendimento e este viria de 
forma argumentativa e não de forma fantástica com base em intuições sobrenaturais.
 (Importante salientar a característica mais importante dos pré-socráticos (cosmologia) e frisar a 
emancipação em relação à tradição religiosa.)
 Platão nos diz que existe um mundo (perfeito) de formas, essência, ideias, que seriam os modelos 
eternos de todas as coisas existentes no mundo sensível. Tais essências seriam imutáveis, incorpóreas e 
existentes em si mesmas, ou seja, não existem nas coisas ou apenas em nossas mentes, existem em si 
e por si mesmas no Mundo das Ideias. Cada coisa sensível é não outra coisa senão uma cópia imperfeita 
que participa parcial e imperfeitamente do modelo ideal. 
 (Citar os dois mundos platônicos, caracterizando-os e deixando clara a preferência de Platão pelo 
Mundo das Ideias e a superioridade deste em relação ao Mundo Sensível.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 359NEO234_GRAP-Filosofia.indd 359 19/09/2011 14:00:1719/09/2011 14:00:17
Atividades preparatórias à 2a fase da UEL360 NEO.234_GRAP - Filosofi a 
4. Caracterize a sofocracia platônica.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Faça uma exposição dos principais pontos da teoria política de Aristóteles.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O Estado (cidade perfeita), como síntese dos valores transcendentais das ideias, tem o papel de educar os 
cidadãos para o conhecimento, e o governante deve ser o rei-fi lósofo, porque contempla as ideias perfeitas. 
Apenas quando o político se tornar fi lósofo (ou vice versa), será possível construir a cidade autêntica, ou 
seja, o Estado fundado sobre o valor supremo da justiça e do bem. Platão vê a necessidade da criação de 
classes diferentes de cidadãos (governantes, guardas e mantenedores), que desempenhariam funções 
sociais de acordo com sua natureza e suas aptidões. Cada grupo social exerceria funções específi cas 
voltadas para o bem da cidade, e os interesses particulares deveriam ceder espaço aos interesses públicos.
  As almas de bronze (mantenedores), aqueles que desenvolveriam somente trabalhos ligados à 
manutenção da cidade, teriam formação elementar no primeiro momento do processo. Nesse grupo, 
estaria em evidência o aspecto concupiscível da alma humana;
  As almas de prata (guardas), ou seja, os responsáveis por atividades ligadas à proteção interna e externa 
da sociedade, teriam formação mais elaborada, de caráter ginástico-musical;
  As almas de ouro (governantes), aqueles que governariam a cidade e teriam em evidência o aspecto 
racional da alma, teriam formação com o objetivo de desenvolver a virtude da sabedoria, pela prática da 
fi losofi a.
 (Apresentar o ideal do rei-fi lósofo que Platão procura materializar na Callipolis. Esta, com suas 
classes, deve ser um desenho ampliado (gigantografi a) das partes da alma humana.)
 Para Aristóteles, o homem não é somente um animal racional, mas também um animal político e conhece 
três estágios de socialização: a família, o povoamento e a pólis. Cabe à cidade, pois, consolidar a justiça, 
base sobre a qual se assenta a felicidade e o bem comum. Para tanto, o governante deve ter a prudência, 
virtude que garante a justiça. O bem do indivíduo e o bem da cidade são da mesma natureza – daí a 
indissociabilidade entre ética e política – no entanto, o bem da cidade é perfeito, pois ultrapassa a esfera 
do privado e instala a do coletivo. A cidade, segundo Aristóteles, não é fruto de uma convenção entre 
os homens: ela é natural, pois nasce da própria condição humana, naturalmente propensa à política. O 
governante dessa cidade deverá, pela prudência (phronesis), buscar o equilíbrio entre as relações sociais, 
visando ao bem comum, possibilitando, assim, a amizade (philia) como cumplicidade e concordância entre 
os cidadãos com relação aos destinos da cidade autossufi ciente.
 Ressaltar o caráter político da natureza humana e a grande fi nalidade (teleologia) da política, que é 
a “cidade feliz” (autossufi ciente), que promove o bem comum e a justiça.
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 360NEO234_GRAP-Filosofia.indd 360 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Filosofi a 361
6. Explique por que Maquiavel é demolidor em relação à tradição política medieval.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. Faça uma exposição do contratualismo político de Hobbes.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com Maquiavel, a política cresceu e emancipou-se da ética religiosa. Ao agir, o governante tem de pensar 
exclusivamente no objetivo central da política: a obtenção e manutenção do poder. O jogo político tem 
suas próprias leis (autonomia), que devem ser conhecidas, compreendidas e seguidas. Justamente pelo 
fato de ser estruturalmente independente dos padrões preestabelecidos pelos paradigmas ético-religiosos 
(laicidade), a política se constitui defi nitivamente como categoria autônoma e laica. Em outras palavras, 
capaz de governar-se, sem a ingerência de fatores exógenos, prescindindo totalmente da dimensão do 
sagrado. No interior dessa tendência, entrevemos uma espécie de pessimismo antropológico, ou seja, 
uma visão negativa do homem. Para Maquiavel, o governante não pode medir esforços, nem hesitar, 
diante do dever de ser bom ou mau, conforme a necessidade (utilitarismo). Nessa perspectiva, a coerência 
e a validade das ações estão contidas no próprio ato de governar. Maquiavel procura na realidade prática 
das coisas (realismo) a legitimação para a execução de um projeto político de cunho realista e utilitarista. 
 (Esclarecer o caráter inovador do pensamento maquiaveliano, que focaliza a política numa nova 
perspectiva, agora ela é autônoma e tem o “status” de ciência e não é mais como subárea da 
religião hegemônica.)
 Estado de natureza é a condição em quese encontram os homens antes da formação de uma comunidade 
política. Nesse estado, a única lei conhecida é a da força. Nessa condição de guerra, nada pode ser justo 
ou injusto, e tudo é permitido, pois não existe distinção entre o que é bom e o que é mau. Onde não existe 
a dimensão do bem comum, não existem leis, e onde estas não existem não há nada que nos obrigue. 
Diante dos perigos iminentes do estado de natureza e com o fi rme objetivo de autopreservação, os homens 
renunciam a sua liberdade incerta em troca da relativa segurança. A saída do estado de natureza coincide, 
portanto, com o advento da paz social. No entanto, apesar da utilidade do contrato, sua precariedade e 
artifi cialidade fazem que ele não seja sufi ciente para manter a observância por parte dos homens. Por isso, 
faz-se necessária a implantação de um poder que os obrigue a respeitar os acordos fi rmados entre si. Ora, 
sem a espada que lhes imponha o respeito, os acordos não passam de palavras.
 (Importante lembrar que a estrutura do contratualismo de Hobbes deve conter a descrição do 
estado pré-civil, a formação do contrato social e o governo absoluto que cuida para que o contrato 
seja cumprido.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 361NEO234_GRAP-Filosofia.indd 361 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UEL362 NEO.234_GRAP - Filosofi a 
8. Explique os fundamentos do contratualismo liberal de John Locke.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9. Descreva o contratualismo de Jean-Jacques Rousseau.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Para esse pensador inglês, o ser humano, em seu estado pré-civil, encontra-se sob o conjunto das leis 
da natureza que, se seguidas, podem garantir uma condição de relativa paz e cooperação mútua. Em 
seu estado natural, o homem tem direitos naturais inalienáveis, irrenunciáveis e irrevogáveis, dentre os 
quais estão a vida, a liberdade e o próprio corpo, mas principalmente a propriedade privada de bens. Esse 
conjunto de direitos forma a estrutura de sustentação do que Locke chama de Lei Natural. No entanto, 
somente a Lei Natural não é sufi ciente para garantir a existência harmônica entre os seres humanos; faz-
-se, portanto, necessário constituir uma instância independente, que possa, de maneira isenta, resolver 
as pendências entres os homens. O estado civil como o estado que sucede o estado de natureza é 
constituído para fundar as estruturas básicas do convívio social sob a infl uência e tutela de uma autoridade 
legitimamente constituída para tanto. Então, o estado civil, que é fi rmado com base em um pacto de 
consentimento, é a garantia de uma convivência racional entre os indivíduos e do respeito e preservação 
dos direitos naturais, especialmente da propriedade privada.
 (O contratualismo de Locke tem caráter liberal; portanto, é fundamentado no consentimento e na 
necessidade da preservação de nossos direitos naturais.) 
 De acordo com Rousseau, em seu estado de natureza o ser humano é livre, inocente e cheio de bondade. 
Essa hipotética caracterização do estado pré-social é o ponto de partida para a noção de bom selvagem 
como caracterização máxima do homem natural. Nessa condição, o homem satisfaz-se com pouco, pois 
não tem as noções de acúmulo e de lucro. Dessa maneira, ele respira apenas isolamento, sossego e 
liberdade. Os vícios e a corrupção têm seu início com o advento da sociedade baseada na propriedade 
privada. Inserido nesse modelo corrompido de sociedade, o ser humano é totalmente afetado pelas 
distorções sociais e vive a vida a tentar prejudicar e manipular os outros para benefício próprio. O grande 
desafi o que Rousseau propõe é o de encontrar um paradigma social que garanta a segurança dos indivíduos 
e possibilite a preservação e o aprimoramento da liberdade. Sem dúvidas, faz-se necessário um novo 
contrato, que deve ter como foco orbital a vontade geral. Para Rousseau, a vontade geral indica, em seu 
signifi cado pleno, os princípios norteadores do interesse e do bem comum que não podem ser reduzidos 
à mera soma das diversas vontades dos indivíduos, pois se trata da expressão mais pronta e acabada que 
podemos ter de um ideal democrático. Todo e qualquer sistema e atos de governo, bem como o conjunto 
de leis e instituições vigentes em uma sociedade, somente podem ser considerados justos e legítimos se 
forem a materialização da vontade geral.
 (A teoria contratualista de Rousseau parte da noção de homem natural como uma espécie de bom 
selvagem, puro e inocente, que desconhece vícios e que se desvirtua com o surgimento de uma 
sociedade corruptora baseada na propriedade privada.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 362NEO234_GRAP-Filosofia.indd 362 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Filosofi a 363
10. Defi na e caracterize o processo de conhecimento para Platão.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11. Caracterize o conhecimento aristotélico diferenciando-o do platônico.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12. Explique o que foi a revolução Científi ca enquanto movimento epistemológico.
 
 
 
 
 
 
 
 
 Para Platão, o processo de aquisição do conhecimento é uma experiência emancipadora (passagem da 
doxa para a episteme), que permite que o ser humano se liberte do mundo das aparências ilusórias, para 
alcançar o mundo ideal. De acordo com as teses defendidas por esse fi lósofo ateniense, pode-se afi rmar 
que o processo do conhecimento é uma anamnese, uma reminiscência, isto é, uma forma de recordação 
daquilo que já existe desde sempre no interior de nossas almas. Devemos lembrar que, para Platão, as 
almas dos homens, antes de se encarnarem nos corpos, tiveram a cesso às verdades (ideias, essências 
perfeitas) pertinentes ao Mundo das Ideias e, portanto, as recordações seriam a partir das “marcas” 
ou impressões deixadas por elas em nossas almas. Para Platão, portanto, os sentidos não são fonte de 
conhecimento verdadeiro; o conhecimento sensível é sempre parcial e imperfeito (doxa), enquanto o 
conhecimento das ideias é sempre pleno e verdadeiro (episteme). 
 (Não esquecer de abordar a questão da reminiscência do mundo das ideias e dar a ideia de evolução 
do processo de conhecimento a partir das lembranças.)
 Enquanto Platão considerava o processo de conhecimento da verdade um conjunto de eventos 
predominantemente psíquicos (da alma), que prescindia quase totalmente dos sentidos, Aristóteles os 
entende como elementos indispensáveis a esse processo. Com os dados que apreendemos por meio dos 
sentidos e guardamos em nossa memória, damos o primeiro passo no processo de conhecimento. Por 
isso, boa parte dos especialistas em fi losofi a classifi ca o pensamento aristotélico como realista em relação 
ao platônico. 
 (Salientar que, enquanto Platão é resistente ao papel dos sentidos na busca pela verdade, Aristóteles 
parte deles para entender o conhecimento.)
 Durante mais de mil anos, a visão de mundo medieval baseada na fi losofi a grega, em Platão (patrística) 
e num segundo momento em Aristóteles (escolástica), estabeleceu o alcance do conhecimento 
humano. No entanto, com o Renascimento, no fi nal do século XVI, começaram a surgir novas tendências 
epistemológicas que mudariam para sempre a face do conhecimento. O modelo medieval começou 
a entrar em colapso. O sistema aristotélico, tão valorizado durante a baixa idade Média e instrumento 
indispensável para a superação da Patrística, começou a ruir. Com isso, abriu-se caminho para novas 
possibilidades epistemológicas e para uma nova concepção de universo e de ser humano. 
 O homem abandonou, aos poucos, as explicaçõesde caráter religioso, que tomavam conta de seu 
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 363NEO234_GRAP-Filosofia.indd 363 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UEL364 NEO.234_GRAP - Filosofi a 
 
 
 
 
 
 
 
13. Fale sobre a contribuição de Galileu para o advento da ciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14. Explique o processo da dúvida metódica como busca de fundamento seguro para o conhecimento.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
imaginário, e buscou a constituição de uma racionalidade autônoma. O conhecimento contemplativo, 
especulativo, herdado dos gregos, cedeu lugar a um modelo ativo, experimental de conhecimento.
 (O núcleo da resposta está no fato de a revolução Científi ca ser o marco divisório entre uma forma 
de conhecimento especulativo, pautado na autoridade, e um conhecimento novo, experimental. 
Agora a verdade vem pela experiência, pelo uso da técnica e da matemática.) 
 Sua grande contribuição deve-se ao fato de ter descartado o modelo geocêntrico (aristotélico-ptolomaico) 
de universo e defender o modelo heliocêntrico (copernicano). Além disso, esse cientista italiano inaugurou 
um modelo ativo (experimental) de conhecimento e defendeu a utilização da matemática como linguagem 
científi ca, bem como a experimentação e o uso da técnica para verifi car se determinada teoria é verdadeira 
ou não. Com a utilização da luneta, Galileu, gradualmente, começa a colocar em xeque os paradigmas 
especulativos da Física aristotélica. Para Galileu, o grande livro do universo estava escrito em caracteres 
geométricos e matemáticos.
 (Ter em mente que Galileu e sua dramática saga se confundem com a origem da própria ciência 
moderna. Ora, o conhecimento praticado por ele, bem como o fundamento teórico que o sustenta, 
são a expressão do que entendemos por ciência.)
 Diante da nova realidade epistemológica e das incertezas provocadas por ela, Descartes resolveu criar 
uma estratégia para alcançar uma verdade fundamental, da qual se pudesse partir para um conhecimento 
seguro. Essa estratégia fi cou conhecida como “dúvida metódica” (ou hiperbólica). Basicamente, esse 
procedimento metodológico consiste em duvidar de tudo, tomar todas as coisas como falsas, no intento 
de chegar a algo que seja indubitável. Em seu caminho de busca do indubitável, o fi lósofo deveria 
duvidar voluntária e metodicamente de todas as coisas que parecessem evidentes e em que se apoiava 
a epistemologia tradicional. Nesse procedimento, ele encontraria argumentos para colocar em dúvida 
determinadas coisas tidas como inquestionáveis. Descartes duvidou, primeiramente, dos sentidos, já que, 
muitas vezes, eles nos enganam. Ele duvidou também da realidade vivida, pois esta pode não passar de 
um sonho. Duvidou, ainda, das evidências científi cas e das verdades matemáticas, pois elas podem não 
passar de estratégias e artifícios de um deus enganador ou de gênio maligno, cujo objetivo é direcionar a 
mente ao erro.
 (A dúvida metódica (hiperbólica) foi uma estratégia baseada em uma postura cética, cujo objetivo 
era encontrar a certeza que fundamenta o conhecimento. Por isso ela é um recurso metodológico e 
não tem um fi m em si mesma.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 364NEO234_GRAP-Filosofia.indd 364 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Filosofi a 365
15. Explique a afi rmação cogito ergo sum (penso, logo existo)
 
 
 
 
 
 
 
 
16. Explique o que é o mecaniscismo cartesiano.
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Explique a parte destrutiva da teoria epistemológica de Francis Bacon.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Trata-se princípio fundamental do qual devemos partir em direção a um conhecimento seguro. É a certeza 
que Descartes procurava, o resultado da Dúvida Metódica. Ora, podemos duvidar de tudo, menos do fato 
de estarmos duvidando, ou seja, o ato de duvidar é algo indubitável. Se duvido, penso e, se penso, existo.
 (Esta questão aborda o que chamamos de “cogito” cartesiano, o fundamento seguro para o 
conhecimento. Ter claro que este conceito é centro da fi losofi a cartesiana.)
 O mecanicismo cartesiano é a visão cartesiana segundo a qual a natureza é uma máquina cujas 
características essenciais são o movimento e a matéria. Também o ser humano e os outros organismos 
da natureza são como máquinas e podem ser explicados por princípios mecânicos que regulam tanto 
seu movimento quanto suas relações. A própria vida é explicada e compreendida com base nessa teoria 
mecanicista. 
 (O mecanicismo é uma visão de mundo que condiciona a compreensão das coisas a partir de relações 
mecânicas. Importante lembrar que o mecanicismo é uma maneira reducionista de compreender o 
mundo.)
 A parte destrutiva da teoria baconiana, conhecida como “teoria dos ídolos”, consiste basicamente em 
fazer uma varredura na mente humana para livrá-la dos vícios, empecilhos e preconceitos (ídolos) que a 
dominam.
 Ídolos da Tribo são preconceitos próprios da natureza humana. Eles levam a uma percepção e compreensão 
da natureza de maneira diferente do que, de fato, ela é. Os ídolos da tribo fazem que vejamos a natureza 
como se ela estivesse refl etida em um espelho.
 Ídolos da Caverna são preconceitos e noções falsas oriundas das convicções, das opiniões íntimas dos 
indivíduos. É como se cada ser humano tivesse uma caverna interior que impedisse uma visão de mundo 
mais nítida e verdadeira.
 Ídolos do Foro (ou do mercado) são equívocos relativos à linguagem humana. Tais ídolos dizem respeito 
à ambiguidade da comunicação proporcionada pelo mau uso da língua. As palavras usadas de maneira 
imprópria e inadequada provocam o desvio do conhecimento.
 Ídolos do Teatro dizem respeito à adesão do indivíduo a doutrinas e sistemas fi losófi cos cujas regras de 
demonstração falseadas afastam o ser humano do caminho da verdade.
 (Os ídolos são difi culdades e vícios que devem ser purgados para que o ser humano alcance um 
conhecimento que seja capaz de lhe dar poder.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 365NEO234_GRAP-Filosofia.indd 365 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UEL366 NEO.234_GRAP - Filosofi a 
18. Explique a crítica à causalidade proposta por David Hume.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Descreva o processo de conhecimento de acordo com o criticismo, explicando o que foi a virada copernicana 
operada por Kant.
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Explique os fundamentos da ética platônica.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Existe uma espécie de crença refi nada no processo de conhecimento humano. Se uma pessoa visse 
uma garrafa cheia de café virar-se, não só pensaria no derramamento do café e na quebra da garrafa, 
como também acreditaria que isso, de fato, aconteceria. Apresentamos uma inclinação, uma tendência 
a estabelecer vínculos que acreditamos necessários, lógicos e coerentes entre fenômenos diferentes. 
No entanto, tais vínculos são fruto de nossa experiência de que uma coisa se segue a outra. Assim, por 
hábito (costume), estabelecemos que determinados esquemas de experiências passadas se repetem. 
Isso fortalece minha ilusão e minha crença na existência objetiva da causalidade.
 (Não podemos nos esquecer de que a causalidade é um princípio segundo o qual todos os eventos 
da natureza podem ser explicados a partir de uma causa. Sendo assim, toda causa teria um efeito 
respectivo. No entanto, para Hume, a natureza nada nos revela sobre isso. Por isso a causalidade é 
fruto da experiência e do hábito.)
 Para Kant, o processo de conhecimento é resultado da interatividadeentre elementos estruturais do sujeito 
e a realidade objetiva. As estruturas do sujeito sem o conteúdo sensível são vazias, e os dados objetivos 
da realidade, sem as estruturas subjetivas que os ordenem, não têm sentido. É importante verifi car que, 
para Kant, nessa complexa relação entre sujeito e objeto, quem ocupa o foco orbital é o primeiro, e não o 
segundo. Desse modo, como Copérnico colocou o Sol no centro do universo e tirou a Terra, Kant tirou o 
objeto e colocou o sujeito. 
 (Lembremos que, para Kant, as formas da sensibilidade (espaço-tempo) fi cam encarregadas de 
intuir (captar) os dados sensíveis e o intelecto, e suas categorias organizam os dados formando 
os conceitos. O conhecimento humano não pode ultrapassar os limites da experiência, sendo, 
portanto, fenomênico.)
 Defensora de uma concepção dualista de ser humano, a ética platônica terá como ponto central essa 
condição, pois defende a teoria de que o caminho da virtude passa pelo desligamento das realidades 
sensíveis para que possamos alcançar as ideias perfeitas, entre elas os valores éticos fundamentais. À 
medida que nos aproximamos do mundo inteligível, não fi camos somente mais sábios, mas aprimoramos 
também nossa conduta ética e tornamo-nos, dessa forma, mais virtuosos. Platão distingue três partes 
diferentes para a alma (racional, irascível e concupiscível), cada uma com função. Tal distinção entre as 
funções irracionais e a função racional é muito importante para a estruturação da ética platônica. Pode 
haver harmonia ou graves confl itos entre as várias funções exercidas pela alma. Para Platão, o perfeito 
deve governar o imperfeito, a função superior deve coordenar as funções inferiores. Em outras palavras, 
no homem ético, a alma racional governa a irascível e a concupiscível. Enfi m, o ser humano terá vida 
virtuosa à medida que se aproxime dos valores ideais, ou seja, se conseguir dominar os impulsos irascíveis 
e as paixões concupiscíveis. 
 (Também a ética platônica deve ter como chave de interpretação a Teoria das Ideias. E, nesta 
perspectiva, há relação direta entre ética e racionalidade.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 366NEO234_GRAP-Filosofia.indd 366 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Filosofi a 367
21. Descreva a ética aristotélica em seus principais aspectos.
 
 
 
 
 
 
 
 
22. Explique os princípios da ética kantiana.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23. Esclareça a visão platônica sobre arte à luz da Teoria das Ideias.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 É em sua obra Ética a Nicômaco, que Aristóteles desenvolve substância de seu pensamento ético. Nesse 
tratado, Aristóteles defende a ideia de que a virtude ética se encontra na justa medida ente o excesso e a 
falta, que pode ser atingida pelos homens que demonstrarem prudência (phronesis) em suas decisões e 
ações. Tal conduta só pode ser alcançada quando o homem se deixa guiar por sua razão. Vivendo assim, 
ele pode atingir a felicidade (eudaimonia), fi nalidade máxima da vida humana. Isso é o que Aristóteles 
chama de “vida boa para”. Portanto, para que o homem seja feliz, faz-se necessária uma vida conforme sua 
essência e vocação primordial, ou seja, conforme a racionalidade ou consciência refl exiva. 
 (Lembrar que, para Aristóteles, as virtudes éticas (justo meio) têm como condição de possibilidade 
as virtudes intelectuais ou dianoéticas (racionalidade e sabedoria). 
 Os princípios éticos da fi losofi a kantiana são derivados da racionalidade humana. Por isso, a moralidade 
trata do uso prático e livre da razão. Ora, para esse fi lósofo prussiano, os princípios fundamentais da 
razão prática podem ser traduzidos por uma lei que defi ne nossos deveres, por isso aplicam-se a todos 
os indivíduos em qualquer circunstância. Devido a essas peculiaridades, muitos estudiosos consideram a 
ética kantiana uma ética do dever, ou seja, uma ética que encontra sua validade na observação do dever 
racional. Para Immanuel Kant, existe uma lei moral objetiva capaz de sintetizar o dever moral e traduzir a 
racionalidade humana. Essa lei é conhecida por nós não pela experiência, mas pela razão. Ou seja, essa lei 
nada mais é do que a própria razão humana, que traz consigo a ideia de dever. Trata-se, portanto, daquilo 
que o fi lósofo prussiano chama de imperativo categórico: pois nem sua autoridade, nem seu poder de nos 
motivar derivam de algo que não seja ela mesma (a própria racionalidade humana). De outra forma, se 
seguirmos o imperativo categórico, agiremos de acordo com o dever racional e nossas ações serão éticas, 
se nos desviarmos dele elas carecerão de racionalidade e não serão éticas. 
 (Lembrar que é imprescindível a compreensão do imperativo categórico como tradução da estrutura 
da razão prática em forma de lei, que, se seguida, garante a eticidade das condutas humanas.) 
 No entendimento de Platão, a arte era essencialmente mimese (mímesis), então, reproduziria, copiaria 
o mundo sensível, que por sua vez já é uma cópia do mundo ideal. Então, a arte nada mais é do que 
uma cópia da cópia. Por isso a arte não revela, mas esconde o verdadeiro; não constitui uma forma de 
conhecimento e não melhora o homem, mas o corrompe, porque é mentirosa; não educa o homem, mas 
o deseduca, porque se volta para as faculdades irracionais da alma. Do ponto de vista gnosiológico (do 
conhecimento), a arte é inferior à ciência fi losófi ca e deve ser evitada. Devemos lembrar que a grande 
censura platônica recai sobre a pintura e a escultura, mas principalmente sobre a poesia. Com relação à 
música, Platão tem visão extremamente otimista. É muito importante salientar que ele considera a música 
como uma espécie de ciência de caráter preparatório e em alguns momentos ele a chama de “a arte por 
excelência”. Como Pitágoras, o fi lósofo ateniense julga que a música é uma espécie de harmonia divina. 
 (É muito importante lembrar que o ideal platônico de existência passa pela missão que ser humano 
tem de alcançar o conhecimento ideal através da reminiscência. Nesse contexto, tudo o que nos 
afasta do Mundo das ideias deve ser evitado e este é o caso da arte.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 367NEO234_GRAP-Filosofia.indd 367 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UEL368 NEO.234_GRAP - Filosofi a 
24. Explique a visão aristotélica de mimese (mímesis).
 
 
 
 
 
 
 
25. Explique a visão aristotélica de catarse (katharsis)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Desenvolva o conceito de falseabilidade popperiana.
 
 
 
 
 
 
 
 Mesmo compartilhando com Platão o pensamento de que a arte é essencialmente mimese e, por isso, é falsa 
e nos revela a falsidade, há entre esses dois fi lósofos diferenças marcantes. Enquanto para Platão a mimese 
é alienadora, mentirosa e nada tem a acrescentar, para Aristóteles, ela, por ser arte, tem o direito de ser 
falsa. Além disso, a mimese é um momento único de intercâmbio, em que o artista tem a chance e o poder 
de acrescentar algo ao real. Por isso, nesse novo contexto, a mimese, além de pura imitação, é criação que 
envolve iniciativa e criatividade, fazendo que o artista possa transpor os limites da natureza. 
 (Aristóteles tem uma visão mais positiva da arte enquanto mimese, mesmo que concorde com 
Platão no tocante ao fato de ela revelar somente o que é falso.)
 Aristóteles chama a atenção para o fato de a arte não ser apenas mimese, mas também catarse, isto é, 
não se trata de imitação criativa, mas também de purifi cação, purgação, libertação do espírito humano. A 
arte catártica por excelência é a tragédia (uma espécie de medicinada alma), pois, à medida que somos 
submetidos ao drama, ao terror, ao medo, enfi m, ao conjunto de sentimentos e emoções que a tragédia 
evoca, podemos refl etir sobre eles e, assim, somos purifi cados de tais sentimentos e aprendemos a lidar 
mais racionalmente com eles. Trata-se de uma agradável libertação operada pela arte. É importante lembrar 
que raciocínio análogo Aristóteles desenvolve em relação à música, ou seja, ele reconhece na música 
grande poder catártico. Exaltando a tragédia e colocando-a em primeiro lugar entre as manifestações 
artísticas, Aristóteles diz que ela é superior e mais fi losófi ca do que a história e a comédia. É superior à 
história porque esta tem como objeto aquilo que aconteceu uma vez, ou seja, parece que a história tem 
um lastro que a prende ao particular e temporalmente situado. A tragédia, não estando ancorada naquilo 
que aconteceu uma vez no passado, descortina a dimensão do universal e eterno. Embora tanto a tragédia 
quanto a comédia sejam, de certa forma, mimese, a primeira é superior à segunda. A comédia é uma 
caricatura do humano e imita os homens piores, de baixa índole, e a tragédia, os homens melhores, os 
mais nobres. 
 (Ao falarmos de arte em Aristóteles, sempre devemos ter em mente a importância e a dimensão da 
tragédia que, para ele, tinha caráter universal e fi losófi co, superior à história e à comédia.) 
 Para Popper, a grande tarefa da experimentação e das observações da realidade é encontrar elementos que 
possam desmentir a teoria, ou seja, falseá-la. Isso mesmo: Karl Popper é contra a concepção cientifi cista da 
verifi cação absoluta, e a ela contrapôs a nova ideia de falseabilidade. Segundo o princípio de falseabilidade, 
uma teoria é boa quando apresenta a capacidade de ser contrariada, rejeitada, falseada pela experiência. 
Dessa forma, novos e mais verossímeis modelos serão construídos. 
 (Devemos deixar claro que não há uma negação do conhecimento, mas uma ideia de dinamicidade 
epistemológica, ou seja, o conhecimento humano avança à medida que a experimentação aponta 
suas lacunas e pontos fracos das teorias por meio da falseabilidade. Isso possibilita construções 
superiores a mais coerentes.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 368NEO234_GRAP-Filosofia.indd 368 19/09/2011 14:00:1919/09/2011 14:00:19
Atividades preparatórias à 2a fase da UELNEO.234_GRAP - Filosofi a 369
27. Disserte sobre os fundamentos da Teoria Critica da Sociedade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. Explique a noção de Racionalidade Instrumental.
 
 
 
 
 
 
 
 
29. Explique o signifi cado da expressão “indústria cultural”.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A Escola de Frankfurt procurava consolidar sua posição como uma perspectiva mais crítica, a partir de uma 
avaliação da construção científi ca e do papel ideológico que as ciências estariam prestando ao sistema 
capitalista. Crítica à ciência, ao pensamento positivista, à sociedade industrial e à cultura são os marcos 
dessa teoria frankfurtiana, cujas infl uências teóricas mais destacadas seriam Marx e Freud, entre outros. 
Ela surgiu como uma teoria da sociedade considerada um todo, que deveria fazer emergir as contradições 
fundamentais da sociedade capitalista. De outra forma, ela pretende ser uma compreensão totalizante 
e dialética da sociedade humana em seu conjunto, bem como dos mecanismos da sociedade industrial 
avançada, a fi m de promover uma transformação racional que leve em conta o humano, sua liberdade, sua 
criatividade e seu progresso harmonioso, em colaboração com os outros, em vez de um sistema opressor 
e sua perpetuação. 
 (Importante lembrar que a Teoria Crítica funciona como um diagnóstico crítico da sociedade 
capitalista e tem pretensões de apontar os caminhos para a superação das contradições dessa 
confi guração social.)
 A razão instrumental é a degradação, a subversão da racionalidade iluminista, que falseia o projeto de 
emancipação do ser humano e o transforma em instrumento do capital. Por isso, ela não emancipa, mas 
escraviza, pois está a serviço do poder. Esse tipo de racionalidade é, ao mesmo tempo, instrumento e 
instrumentalizante, pois está a serviço do capitalismo superdesenvolvido e instrumentaliza o ser humano 
e suas produções culturais, deixando-os à mercê dos interesses escusos do mercado. 
 (Deixar claro que a Racionalidade Instrumental nasce com o colapso da Razão Iluminista, cujas 
promessas de emancipação redundaram em fracasso e barbárie.)
 A expressão “indústria cultural” surgiu, pela primeira vez, com Adorno e Horkheimer, em substituição 
à expressão “cultura de massa”, que poderia levar a pensar que se tratava de uma cultura gerada 
espontaneamente pelas massas populares, ou seja, poderia ser confundida com uma forma de cultura 
popular. Para a Teoria Crítica, a indústria cultural seria um fenômeno social observado nas décadas de 1930 
e 40 do século XX, em que fi lmes, programas de rádio e semanários constituíam um sistema no qual 
os produtos culturais eram adaptados ao consumo das massas e para a manipulação delas. A indústria 
cultural é, portanto, um sistema em que os vários produtos culturais se conjugam harmonicamente. Essa 
integração é deliberada e produzida, de maneira vertical, pelos setores hegemônicos da sociedade, com a 
determinação do tipo e da função do processo de consumo, bem como de seus benefi ciários. 
 (Deve-se atentar para o fato de deixar clara a distinção entre cultura de massa e cultura popular.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 369NEO234_GRAP-Filosofia.indd 369 19/09/2011 14:00:2019/09/2011 14:00:20
Atividades preparatórias à 2a fase da UEL370 NEO.234_GRAP - Filosofi a 
30. Elabore uma síntese da teoria política habermasiana.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Como forma de emancipação social, Habermas busca constituir uma forma de refl exão crítica sobre a 
instrumentalidade da razão. Para isso, Habermas desenvolve uma Teoria da Ação Comunicativa, uma 
análise teórica e epistêmica da racionalidade como sistema operante, criador de conteúdo e sentido 
na sociedade. Por isso, deve-se analisar sua tese como contraposição à razão instrumental. Habermas 
procura mostrar uma alternativa em que a racionalidade dos indivíduos, mediada pela linguagem e pela 
capacidade de comunicação, começa a vencer os limites impostos pela Racionalidade Instrumental. O 
ser humano vive, pensa e produz em relação constante com outros homens, jamais fora dessa trama 
social. É no âmbito da construção política feita por homens reais no mundo real que, segundo Habermas, 
a racionalidade comunicativa se estabelece como instrumento de consenso social e político que opera na 
realidade. Habermas fundamenta a reabilitação da esfera social com base em orientações dialógicas das 
ações sociais. Dessa forma, tal empreita não poderia ser levada a cabo de modo coercitivo ou meramente 
instrumental, mas por meio de posturas dialógicas, compreensivas e democráticas, na órbita de um 
consenso comunicativo, que nesse sentido deveria ser construído dentro das relações sociais, em função 
da racionalidade das ações. De forma introdutória, isso é o início da racionalidade comunicativa ou, pelo 
menos, um caminho anterior que pode nos levar a ela. Este é o fundamento para o que Habermas chamará 
de democracia deliberativa como superação da democracia de massa. 
 (É muito importante ter em mente que o fundamento político defendido por Habermas é o diálogo 
racional, do qual dependem a superação da racionalidade instrumental e a instauração da razão 
comunicativa para a emancipação do homem como ser social. Somente esse novoparadigma, agora 
dialogal e comunicativo, pode acabar com as relações assimétricas do tecido social, estabelecendo 
uma nova e revigorada relação entre sujeitos livres.)
NEO234_GRAP-Filosofia.indd 370NEO234_GRAP-Filosofia.indd 370 19/09/2011 14:00:2019/09/2011 14:00:20

Continue navegando