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1. INTRODUÇÃO Doença de planta é um processo, caracterizado por um desvio do funcionamento normal, irreversível e contínuo, independente dos fatores que o determinam (biótico ou abiótico) e que conduzem a uma redução da produtividade agrícola. Diagnose é uma análise crítica da natureza do problema doença. É o ato ou processo de identificação ou determinação da natureza e causa de uma doença ou injúria pela avaliação do histórico da cultura, exame e revisão dos dados de laboratório. Segundo Agrios (2005), doenças de plantas podem ser definidas como o conjunto de respostas invisíveis e visíveis das células e tecidos de plantas a um organismo patogênico ou fator ambiental que resulta em diversas alterações na forma, função ou integridade da planta e pode levar ao enfraquecimento parcial ou morte da planta ou de suas partes. A determinação de um agente causal de doenças é feita através de certos procedimentos que podem auxiliar na análise, Robert Koch desenvolveu quatro postulados que ajudaram no estabelecimento definitivo da teoria germinal das doenças. Os postulados de Koch são os seguintes: O agente causador específico deve ser encontrado em todos os casos de doença; O organismo causador da doença deve ser isolado em cultura pura; A inoculação de uma amostra de cultura em um animal saudável e susceptível deve fazer com que este animal desenvolve a mesma doença; O organismo causador da doença deve ser recuperado a partir do animal inoculado. Seguindo essas orientações e na perspectiva de um aprendizado qualificado, foi coletado no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, amostras de folhas de três tipos de culturas: Feijão Guandu, Feijão Catador e Quiabo, essas amostram foram levadas para o laboratório, foi realizadas a assepsia, e preparado o procedimento de câmara úmida, provocando o crescimento e disseminação dos patógenos para em seguida fazer a identificação e caracterização das doenças encontradas. 2. OBJETIVO O objetivo do trabalho é auxiliar na identificação dos fungos em culturas, através do processo de câmara úmida. 3. CULTURAS 3.1 CULTURAS DE FEIJÃO-GUANDU (Cajanus cajan L.) O feijão guandu (feijão ou ervilha de Angola; feijão boer; ervilha de árvore) (Cajanus cajan (L.) Millsp., syn.Cajanus indicus) é membro da familia das Fabaceae e tem inúmeros parentes silvestres. É uma planta anual erecta, ou perene de vida curta, atingindo uma altura de 1-3 m. Este arbusto rústico, por ter raízes profundas, tem uma vasta adaptabilidade e cresce bem em terras semi-áridas. Tem folhas esguias e trifoliadas, pontiagudas e flores amarelas ou amarelas e vermelhas. As vagens são verdes e pontiagudas, com algumas manchas avermelhadas. Várias vagens são produzidas em cacho num eixo vertical. Esta leguminosa é frequentemente polinizada (fecundação cruzada) por abelhas (Megachile spp.). A fecundação cruzada varia entre 0-40%, dependendo no genótipo e nas populações dos insetos polinizadores (van der Maesen 1985). Consequentemente, são necessárias precauções durante a regeneração para evitar a fecundação cruzada e preservar a integridade genética dos acessos de germoplasma. Essa espécie tem como centro de origem e diversidade genética a Índia, onde foi domesticada a cerca de 1500 anos a.C. A cultura foi introduzida no Brasil possivelmente por escravos, e por sua tolerância a condições adversas como estresse hídrico e a capacidade de crescer em solos pobres, possibilitaram que seu cultivo se difundisse pelo país. No Brasil é frequentemente cultivada em associação com outras culturas em áreas de agricultura de subsistência de regiões semi-áridas, sendo utilizada na alimentação animal e humana (Souza et al., 2007). Entre as leguminosas, o guandu ocupa mundialmente o sexto lugar em importância alimentar e agrícola em função da grande variedade, além da capacidade de produzir grandes colheitas de sementes ricas em proteínas mesmo em solo de baixa fertilidade (Souza et al., 2007). 3.2. CULTURA DO FEIJÃO-CAUPI (Vigna unguiculata L.) O feijão-caupi, também conhecido como feijão-de-corda, macassar ou feijão- catador, é uma cultura de grande socioeconômica, sobretudo nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde representa uma das principais fontes de proteína na alimentação humana. A espécie do feijão-caupi, denominada de Vigna unguiculata (L.) Walp. originou-se da África e foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A entrada da espécie no Brasil se deu pelo Estado da Bahia e, de lá, se espalhou por todo o país. Embora o cultivo desta cultura seja mais expressivo nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil, atualmente tem se expandido para outras regiões. Algumas características tornam a cultura do feijão-caupi uma alternativa atrativa para o seu cultivo e consumo. Do ponto de vista socioeconômico, dado mostram que a cultura é responsável pela manutenção de um emprego para cada hectare cultivado anualmente, assumindo, portanto, grande importância, principalmente por se tratar de uma cultura típica da atividade agrícola familiar de pequena escala. Já numa visão nutricional, os grãos do feijão-caupi são ricos em proteínas de elevada qualidade biológica e em aminoácidos essenciais como tiamina, niacina e fibras dietéticas, apresentando valor nutritivo superior ao do feijão comum. Por ser uma espécie originária de regiões tropicais da África, apresenta grande rusticidade, sendo tolerante a condições de seca e a solos de baixa fertilidade. Com relação a esse último aspecto, vale ressaltar que o feijão- caupi é comumente utilizado como cultura melhoradora da fertilidade do solo, ou seja, como adubação verde. Para finalizar, do ponto de vista tecnológico, as pesquisas com melhoramento da cultura têm-se voltado, com sucesso, para o desenvolvimento de materiais produtivos e com arquitetura favorável à mecanização, principalmente na colheita, o que facilita o cultivo da espécie. 3.3 CULTURA DO QUIABEIRO (Hibicus esculentus L.) O quiabeiro, Hibicus esculentus (L.), é uma hortaliça anual da família Malvaceae e originária da África, possivelmente Etiópia, e acredita-se que a cultura tenha sido introduzida no Brasil pelos escravos africanos (CASTRO, 2005). É uma planta que somente pode ser cultivada em regiões quentes, a temperatura mínima de cultivo é de 15 ºC. É um arbusto de até 3,0 m de altura, conforme a variedade, de folhas grandes, lobadas e pilosas com até 30 cm de comprimento e flores branco-amareladas com centro escuro, semelhantes a um hibisco simples, pois são da mesma família. Os frutos são alongados e estreitos, fibrosos e com sementes claras e redondas. Pode se apresentar na cor verde, avioletado e vermelho. Essa hortaliça possui algumas características desejáveis, tais como: ciclo vegetativo curto, fácil cultivo, alta rentabilidade, custo de produção economicamente viável, resistência a pragas e alto valor alimentício e nutritivo (MOTA et al., 2000). Contém vitaminas A e C, é fonte de cálcio, ferro, niacina, além de apresentar qualidades medicinais (IHEKORONYE e NGODDY, 1985; OLIVEIRA et al., 2011). O florescimento e frutificação ocorrem ao longo do ciclo da planta. 4. MATERIAL E MÉTODOS Coleta Foram coletadas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, campus de Vitória da Conquista – BA as folhas das culturas de Feijão-Guandu, Feijão-Caudi e quiabo, levadas para o laboratório de Nematologia agrícola, no caso do feijão-caudi foram coletadas também as sementes, a vagem e a raiz por apresentarem injurias. Laboratório No laboratóriode Nematologia Agrícola, entre os dias 03 e abril de 2014, foram retiradas as folhas das culturas com sintomas, assim como a raízes e as sementes do feijão-caudi, levando-as para passar por processo de assepsia e posteriormente foram colocados em câmara fria para estimulo do crescimento do patógeno. O propósito de uma câmara úmida é o de criar condições favoráveis de umidade para o desenvolvimento de fungos ou bactérias que podem estar no interior das regiões com sintomas da moléstia e cuja a presença não é evidente no momento da primeira observação. Cabe enfatizar que esta técnica não funciona com parasitas obrigatórios (agentes de ferrugens, míldios, oídios). Como os microrganismos saprófitas podem ser favorecidos pelas condições criadas, deve-se proceder com cautela a interpretação dos resultados. A câmara úmida deve ser preparada em um recipiente com tampa, de preferência no desenho da placa de petri, a qual permite aeração adequada para a respiração e menor probabilidade de contaminação. Foto 1. Folha de Feijão-Caudi com sintomas Foto 2. Raízes de Feijão-Caudi. Foto 3. Sementes de Feijão-Caudi com sintomas Foto 4. Folhas de Feijão-Guandu. Foto 4. Folhas de Quiabo. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. FOLHAS Nas folhas de Quiabo foram encontradas Fusarium SP.,F.Oxysporum, as folhas do Feijão-Caudi não foi possível a identificação de patógenos. Estes diagnóstico pôde ser dado pelas estudo da relação patógeno-hospedeiro (1º postulado de Koch) e a sintomatologia, e a morfologia da hifa, tanto em microscopia quanto no meio de cultura como apresentam as fotos abaixo: Foto 6. Folhas de Quiabo com hifas. Foto 7. Hifas de Fusarium SP.,F.Oxysporum. As hifas apresentaram Fusarium SP.,F.Oxysporum nas formas micro e macro. Nas folhas do Feijão-Guandu, as quais foram possíveis observar que a parte foliar esta quase toda comprometida com uma mancha amarelada, após o tratamento e o tempo de espera para o desenvolvimento das hifas, e com a análise em microscópio, as amostram apresentou uma grande contaminação do fungo do gênero Alternaria alternata, essa doença ataca toda a parte aérea do feijoeiro, sendo considerado, até pouco tempo, de importância secundária. Foto 7. Folhas de Feijão-Guandu com hifas. Foto 8. Hifas de Alternaria alternata. 5.2. RAIZ Nas Raízes do Feijão-Caudi foi encontrado Fusarium SP.,F.Oxysporum, como podemos observar as hifas do fungo estão nas formas de micro e macroconídos (Foto 10). Foto 9. Raiz de Feijão-Guandu com hifas. Foto 10. Hifas de Fusarium SP.,F.Oxysporum. 6. CARACTERIZAÇÃO DAS DOENÇAS Mancha de Alternaria (Alternaria alternata) - Encontrada nas raízes do Feijão- Guandu (Cajanus cajan L.), esta doença afeta a parte área do feijoeiro, sendo considerada, até pouco tempo, de importância secundária. Recentemente, no entanto, tem sido relata em algumas regiões do Brasil. Podridão Radicular (Fusarium SP.,F.Oxysporum) - Encontrada nas Feijão-Guandu (Cajanus cajan L.), uma doença que ocorre na Europa, América latina e Estados Unidos, essa doença dificilmente causa grandes danos em plantas não estressadas, mas pode comprometer a produção em situações de reduzir crescimento radicular devido à seca ou encharcamento. Murcha (Fusarium SP.,F.Oxysporum) – Uma doença frequente na cultura do quiabeiro. O plantio de variedade suscetíveis em áreas infectadas pode acarretar danos severos, produz em meio de cultura, pigmento violeta característicos e possui dois tipos de conídios, macro e microconídios. Na tabela abaixo podemos observar de forma geral as possíveis doenças localizadas em cada cultura, assim como, os patógenos que provocaram as injurias nas folhas e raiz. FOLHAS HOSPEDEIRO DOENÇA PATÓGENO Feijão-Guandu (Cajanus cajan L.) Podridão Radicular Fusarium SP.,F.Oxysporum Feijão-Caudi (Vigna unguiculata L) Não foi possivel identificação (hifas não esporulou) Quiabeiro (Hibicus esculentus L.) Murcha Fusarium SP.,F.Oxysporum RAIZ Feijão-Guandu (Cajanus cajan L.) Mancha da Alternaria Alternaria alternata Tabela 1. Doenças diagnosticadas no campus da UESB. 7. CONCLUSÃO O auxílio prestado através da clínica vegetal é uma ferramenta importante para os experimentos realizados, pois além de auxiliar na tomada de decisão no manejo das doenças também oferece um melhor suporte para a correta identificação dos patógenos e sua fácil correta citação em trabalhos científicos gerados por estes experimentos. Com o trabalhou foi possível conhecer melhor as formas de todos os fungos além de enraizar os conhecimentos para com assunto explanado em sala de aula. Nas folhas de Quiabo foram encontradas Fusarium SP.,F.Oxysporum, as folhas do Feijão-Caudi não foi possível a identificação de patógenos e nas folhas do Feijão-Guandu do fungo do gênero Alternaria alternata. Nas Raízes do Feijão-Caudi foi encontrado Fusarium SP.,F.Oxysporum, 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALFENAS, A. C. & MAFIA, R. G. Métodos em Fitopatologia. UFV: Viçosa. 2007, 382 p. BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual de Fitopatologia. Volume 1: Princípios e conceitos. 3. ed. São Paulo: Ceres, 1995. CAMARGO, L.E.A. (Ed.) Manual de Fitopatologia. v2. 4.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. p. 467-474. Auxílio na Diagnose de Doenças de Plantas à Comunidade Acadêmica da UEMS – Aquidauana. Disponível em: http://www.lamip.iciag.ufu.br/node/54 – Acessado em 07 de abril de 2014. Diagnóstico e Orientação no Manejo de Doenças aos Horticultores no Município de Cassilândia – MS. Disponível em: http://www.cpao.embrapa.br – Acessado dia 09 de abril de 2014. SOUZA, FRANCISCO H. DÜBBERN. Produção de sementes de guandu / Francisco H. Dübbern de Souza et al. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2007. Disponível em http://www.cppse.embrapa.br/sites/default/files/principal/publicacao/Documentos69.pdf - Acessado em 12 de abril de 2014. SOUZA, IGOR MACHADO. Produção do quiabeiro em função de diferentes tipos de adubação / Igor Machado de Souza; orientadora Maria Aparecida Moreira. – São Cristóvão, 2012. 66 f.; il. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Universidade Federal de Sergipe, 2011.
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