Buscar

EROSÕES RURAIS ORIGEM E PROCESSOS DE EVOLUÇÃO ESTUDO DE CASO DA FAZENDA SÃO SEBASTIÃO DE SAO LUIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EROSÕES RURAIS ORIGEM E PROCESSOS DE EVOLUÇÃO:
ESTUDO DO CASO DA FAZENDA SÃO SEBASTIÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO
LUIS DE MONTES BELOS - GO1
Claudyanna Siqueira Dantas2
Osmar Mendes Ferreira3
Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental
Av. Universitária, Nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3227-1351.
CEP: 74605-010 – Goiânia - GO.
Resumo
O estudo das erosões é uma ferramenta essencial para o planejamento do uso da terra. Essa
pesquisa teve como objetivo o estudo a cerca das erosões rurais, seu surgimento e seus
mecanismos de controle. Como cenário de estudo de caso na ocorrência de um processo
erosivo realizado na Fazenda são Sebastião, localizada no município de São Luis de Montes
Belos – GO. O estudo aborda inicialmente os processos erosivos, a problemática do mau uso
e conservação do solo, a situação atual da área em estudo, o dimensionamento e
conseqüências, apontando para técnicas que podem ser adotadas preventivamente, em seguida
mostra uma síntese das técnicas de recuperação, que poderão ser utilizadas para o controle do
processo e revitalização da área em estudo.
Palavras-chave: erosões, conservação do solo, prevenção, recuperação.
Abstract
The study of erosion is an essential tool for planning of land use. This research aimed to the
study about the erosion of rural areas, their appearance and their mechanisms of control. As
the backdrop for a case study on the occurrence of an erosion process is conducted in
Sebastian Farm, located in the municipality of San Luis Montes de Nice - GO. The study
initially the erosive processes, the problem of misuse and soil conservation, the current
situation of the area under study, the size and consequences, pointing to techniques that can
be taken preventively, then shows a summary of techniques for recovery, that could be used
to control the process and revitalization of the area under study.
Keywords: erosion, soil conservation, prevention, recovery
1 Artigo apresentado à Universidade Católica de Goiás como exigência parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Ambiental, DEZEMBRO DE 2008.
2 Acadêmica do curso de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás (claudyanna19@hotmail.com)
3
 Orientador Profº Universidade Católica de Goiás - UCG (mendes_osmar@yahoo.com.br)
2
1. INTRODUÇÃO
A transformação da agricultura brasileira acontece a partir de meados da década
de 1960, quando se insere no contexto da modernização e desenvolvimento do país a
exportação de produtos agrícolas. No estado de Goiás, essa realidade se intensificou a partir
da década de 1970, e tem associado a essa expansão, problemas relacionados ao mau uso e
ocupação das áreas agrícolas, também denominados de solo rural.
Dentro deste contexto, a região dos Cerrados, tornou-se estratégica na
incorporação de novas áreas, tanto pela sua posição geográfica, como por suas características
físico-ambientais, que propiciavam a expansão da produção agropecuária nos padrões da nova
agricultura moderna.
A ocupação inicial dos Cerrados começou no século XVIII, com a exploração de
ouro e pedras preciosas. Em seguida instalou-se a pecuária extensiva, e, a partir de meados
deste século, com a construção de Brasília, a abertura de estradas e a valorização da terra em
outras regiões estabeleceram-se a agricultura extensiva, ou seja, monoculturas baseadas na
correção de solos pelo emprego de calcário-dolomítico e na mecanização intensiva.
Essas atividades foram desenvolvidas de forma desorganizada e sem respeito ao
patrimônio natural. A produção de carvão vegetal destruiu quilômetros quadrados de Cerrado,
as metalúrgicas lançaram poeiras nocivas à atmosfera e rejeitos aos rios regionais. As
hidrelétricas submergiram enormes áreas produtivas e desequilibraram a vida aquática nos
rios, com forte redução de sua psicosidade. A pecuária e as monoculturas agrediram os solos
pelo uso repetido das queimadas, pelo acúmulo de resíduos da adubação, pelo favorecimento
da erosão.
Algumas estimativas indicam que 67% da vegetação nativa do Cerrado já foram
de alguma forma modificada, com apenas 20% encontrando-se em seu estado original. Outro
fato que aumenta a preocupação quanto ao futuro do segundo maior bioma brasileiro é que o
Cerrado não está incluído na Constituição Federal como patrimônios nacionais como estão a
Mata Atlântica e a Floresta Amazônica.
Por estes motivos, o Cerrado é hoje considerado uma das 25 áreas do mundo
prioritárias para a conservação. No entanto, possui apenas 3% de sua extensão original
protegida em parques e reservas federais e estaduais, com áreas inferiores a 100.000 hectares,
o que coloca em evidência o grau de fragmentação do ecossistema.
O município de São Luis de Montes Belos localizado na região Oeste do estado de
3
Goiás, não foge desta realidade, pois teve como principais atividades iniciais de sua ocupação
a produção de cereais e criação de gado, na atualidade torna-se destacado por produzir gado e
sendo um grande centro comercial da região.
Existem no município várias ocorrências erosivas de grande porte, que surgiram
devido ao uso e ocupação da terra de maneira inadequada, como o desmatamento em áreas de
forte declive e o uso intensivo do pastoreio, que favorece a concentração do escoamento
superficial, nas trilhas ou depressões do terreno, causadas pelo pisoteio excessivo do gado.
Esta pesquisa visa chamar a atenção para a necessidade da proteção e recuperação de
áreas comprometidas pelas erosões rurais, buscando o controle, conscientização de
proprietários e racionalização do uso de áreas agricultáveis e pastoris, bem como os processos
que desencadearam e desencadeiam a sua evolução, relacionando-os aos seguintes dados:
tipos de solos, pluviosidade, presença de vegetação, declividade do terreno, além do grau de
intervenção antrópica. Tais dados interligados poderão nos ajudar a entender os fatores que
condicionaram e que condicionam a ação dos processos erosivos na área em estudo.
Assim considerando, essa pesquisa objetiva realizar o diagnóstico da erosão
localizada na Fazenda São Sebastião, situada no município de São Luis de Montes Belos –
GO. Nesse contexto, mostrar e analisar os fatores que levaram o seu surgimento e os
processos de sua evolução, identificando com esse estudo as condições para implantação de
um plano de controle e recuperação dessa erosão.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Solo
O solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta
terrestre. Ele é resultado essencialmente da interação dos processos físicos, químicos e
biológicos sobre as rochas superficiais da crosta terrestre (DERISIO, 2000).
Na definição da EMBRAPA (2004), solo é um recurso natural que deve ser
utilizado como patrimônio da coletividade, independente do seu uso ou posse. É um dos
componentes vitais do meio ambiente e constitui o substrato natural para o desenvolvimento
das plantas. A ciência da conservação do solo preconiza um conjunto de medidas, objetivando
a manutenção ou recuperação das condições físicas, químicas e biológicas do solo,
estabelecendo critérios para o uso e manejo das terras, de forma a não comprometer sua
4
capacidade produtiva. Estas medidas visam protegê-lo, prevenindo-o dos efeitos danosos da
erosão, aumentando a disponibilidade de água, de nutrientes e da atividade biológica do
mesmo, criando condições adequadas ao desenvolvimento das plantas.
As principais áreas de preservação ambiental freqüentemente encontram-se nas
zonas rurais: áreas de mananciais, nascentes, corpos d’água, maciços vegetais, dentre outros
recursos naturais. Faz-se necessária a verificação das condições dessas áreas e a possibilidade
da recuperação das áreas degradadas, em face de luta contra a desertificação e a defesa da
biodiversidade, reforçando a sustentabilidade econômica e territorial (LIMA, 2003).
Após a retirada da cobertura vegetal,o solo fica exposto a diversas intempéries,
como o sol, a chuva, os ventos, culminando na redução de sua permeabilidade, em
conseqüência de sua compactação, desencadeando sérios problemas, como processos
erosivos, principalmente do tipo laminar, que além de degradar o solo também o empobrece
(GUERRA et al., 2007)
Todo esse processo pode se tornar ainda mais agressivo ao ambiente, pois o solo
retirado de um determinado lugar pelo escoamento laminar irá se acumular no leito dos rios,
causando assoreamentos, enchentes podendo alterar todo o ecossistema aquático (DERISIO,
2000).
O valor do solo rural não pode se restringir às questões relacionadas à produção
agrícola, sendo de grande importância a sua função ambiental, como o de assegurar a
quantidade e qualidade das águas, manterem a estabilidade das Áreas de Preservação
Permanente (APP’s), ajudar na infiltração de águas e nutrientes, além de assegurar a
existência de matéria orgânica para as plantas.
2.2 Erosão
O termo erosão provém do latim (erodere) e significa “corroer”. Nos estudos
ligados à ciência da terra, o termo é aplicado aos processos de desgaste da superfície terrestre
(solo ou rocha) pela ação da água, do vento, de queimadas, do gelo e de organismos vivos
(plantas e animais), além da ação do homem (CAMAPUM DE CARVALHO et al., 2006)
O autor ainda cita que o processo erosivo depende de fatores externos, como o
potencial de erosividade da chuva, as condições de infiltração e escoamento superficial e a
declividade e comprimento do talude ou encosta e, ainda, de fatores internos, como gradiente
crítico, desagregabilidade e erodibilidade do solo. A evolução da erosão ao longo do tempo
depende de fatores tais como características geológicas e geomorfológicas do local, presença
de trincas de origem tectônica e evolução físico-química e mineralógica do solo.
5
Nos estudos apresentados por Camapum de Carvalho et al. (2006) determinados
esclarecimentos são necessários para complementar os fundamentos dessa pesquisa:
- no meio geotécnico tem-se dado grande importância ao estudo das erosões de
origem hídrica, dita lineares, que são classificadas como ravinas (sem
surgência de água) e voçorocas (com surgência de água). No trato dos
processos erosivos, é igualmente necessário que se considere a origem da ação
dinâmica, o local, o momento e a velocidade de ocorrência do processo
erosivo;
- destaca-se, no entanto, que a dinâmica dos processos erosivos está
intimamente ligada à própria dinâmica de variáveis causais como o clima e
uso do solo, sendo que, por exemplo, o fato da primeira, clima, depender da
segunda, uso do solo, reflete a sua complexidade;
- são exemplos dessa situação, no meio rural, o plantio e manejo do solo de
modo inapropriado, como a não observância de curvas de nível ou o
desmatamento de matas ciliares;
- a erosividade da chuva e a erodibilidade do solo são dois importantes fatores
físicos que afetam a magnitude da erosão do solo. Como visto, a erosão do
solo depende de vários fatores. Mesmo que a chuva, a declividade do terreno e
a cobertura vegetal sejam as mesmas, alguns solos são mais susceptíveis ao
destacamento e ao transporte de partículas pelos agentes de erosão que outros.
Essa diferença, devido às propriedades do solo, é conhecida como
erodibilidade do solo.
2.2.1 Classificação das erosões
Para Camapum de Carvalho et al. (2006) a classificação das erosões é apresentada
a seguir:
- as erosões se classificam quanto à forma como surgiram, e podem se dividir
em dois grandes grupos: a erosão natural ou geológica e a erosão antrópica ou
acelerada, sendo a geológica ocasionada por fatores naturais, enquanto a
antrópica esta relacionada a ação humana;
- o mais comum, no entanto, é classificar a erosão em quatro grandes grupos:
erosão hídrica, erosão eólica, erosão glacial e erosão organogênica. Este texto
dará ênfase ás erosões antrópicas de origem hídrica geradas pela chuva. Estas
erosões são geralmente classificadas em três tipos principais: erosão
superficial, erosão interna e erosão linear (sulco, ravina e voçoroca), segundo
seu estagio de evolução;
- a erosão superficial surge do escoamento da água que não se infiltra. Ela está
6
associada ao transporte, seja das partículas ou agregados desprendidos do
maciço pelo impacto das gotas de chuva, seja das partículas ou agregados
arrancados pela força trativa desenvolvida entre a água e o solo. O poder
erosivo da água em movimento e sua capacidade de transporte dependem da
densidade e da velocidade de escoamento, bem como da espessura da lâmina
d’água e, principalmente, da inclinação da vertente do relevo. A formação de
filetes no fluxo superficial amplia o potencial de desprendimento e arraste das
partículas de solo, dando, quase sempre, origem aos sulcos que evoluem para
ravinas podendo chegar à condição de voçoroca;
Os escoamentos superficiais, originados por uma chuva intensa sobre uma bacia, é
uma parte do ciclo hidrológico local, sendo produzidos quando os componentes de recarga da
bacia são satisfeitos. Esses componentes são a interceptação e escoamento ao longo da
vegetação, o armazenamento no perfil do solo, a percolação profunda que atinge o aqüífero e
o armazenamento em depressões da superfície (EMBRAPA, 2004).
O escoamento superficial e o processo de desagregação da estrutura do solo,
produzidos pelas gotas de chuva, constituem dois principais causadores da erosão pluvial.
Como os dois processos são causa direta da precipitação pluviométrica que ocorre em
determinado local, essa é considerada o elemento do clima mais importante no processo de
erosão (EMBRAPA, 2004).
ZACHAR (1982) apud CAMAPUM DE CARVALHO (2006) propõe uma
terminologia para a classificação dos principais tipos de erosão, enfatizando o caráter
combinado entre os agentes erosivos e a ação da gravidade, mostrados no Quadro 1.
Quadro 1: Classificação da erosão pelos fatores ativos
Fator Termo
1. água Erosão hídrica
1.1. chuva Erosão pluvial
1.2. fluxo superficial Erosão laminar
1.3. fluxo concentrado Erosão linear (sulco, ravina, voçoroca)
1.4. rio Erosão fluvial
1.5. lago, reservatório Erosão lacustrina ou límica
1.6. mar Erosão marinha
2. geleira Erosão glacial
3. neve Erosão nival
4. vento Erosão eólica
5. terra, detritos Erosão soligênica
6. organismos Erosão organogênica
6.1. plantas
6.2. animais
Erosão fitogênica
Erosão zoogênica
6.3. homem Erosão antropogênica
 Fonte: ZACHAR (1982) apud CAMAPUM DE CARVALHO (2006)
7
2.3 Uso e ocupação do cerrado
Ao longo das últimas quatro décadas, a região central do Brasil assistiu a uma rápida
e vigorosa ocupação do seu solo, por meio da urbanização e do acelerado incremento na
atividade agropecuária, provocando o rápido surgimento de problemas ambientais, como a
degradação do solo e processos erosivos. Esses problemas refletem em sérias implicações
para as áreas urbanas, para o assoreamento de reservatórios e cursos de água, e para a perda
de solos férteis utilizados pela atividade agrícola (CAMAPUM DE CARVALHO et al. 2006).
A maior parte da ocupação do cerrado está voltada para a produção de grãos e
carnes, sem contabilizar os custos sociais e ambientais gerados até o presente momento, sendo
um deles a erosão, que se não de todo evitável, pode, no mínimo, ser mitigada para níveis
aceitáveis, visando à manutenção do equilíbrio ecológico. Segundo a Agenda 21 (2000),
levantamento produzido já em 1994 pelo WWF/Brasil e uma rede de organizações não
governamentais mostraram que a perda média de solos nas culturas de grãos nos cerrados está
em torno de dez quilos por quilo de grão produzido – erosão eólica/hidrica com um custo
insuportável, seja pela perda de fertilidade do solo, seja pelo assoreamento e poluição das
bacias hidrográficas (CAMAPUM DE CARVALHO et al., 2006).
Não existe, no Brasil, no entanto, legislação ambiental específica para tratar do
problema de erosão, embora o termoesteja explícito em trechos de normas vigentes e apareça
de forma implícita em outros, ao se referirem ao meio ambiente.
 Quanto à competência para legislar sobre o tema erosão, a Constituição Federal de
1988 estabelece implicitamente, no artigo 24, incisos VI e VIII, que compete à União, aos
Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre a matéria (GUERRA et al.,
2007).
 CAMAPUM DE CARVALHO (2006), destaca ainda que, embora seja competência
da União legislar sobre normas gerais, conforme estabelecido no parágrafo 1º do mesmo
artigo, o parágrafo 2º inclui a competência suplementar e o 3º a competência legislativa plena
dos Estados para atender às suas peculiaridades quando não existirem normas federais. A
superveniência de lei federal sobre normas gerais, no entanto, conforme dita o parágrafo 4º,
ainda do mesmo artigo, suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrária.
O caput do artigo 225 da Carta Magna de 1988, assim define o direito e a
responsabilidade de todos em relação ao meio ambiente:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
8
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para os presentes e futuras gerações.
2.4 Práticas de controle e recuperação
A escolha dos métodos e práticas de prevenção à erosão é feita em função dos
aspectos ambientais e sócio-econômicos de cada propriedade e região. Cada prática, aplicada
isoladamente, previne apenas de maneira parcial o problema. Para uma prevenção adequada
da erosão, faz-se necessária à adoção simultânea de um conjunto de práticas (GUERRA et al.,
2007).
Os procedimentos usuais de correção para as feições erosivas do tipo laminar, sulcos
e ravinas rasas são os métodos de conservação do solo que basicamente compreendem uma
série de dispositivos do controle do escoamento das águas superficiais e manutenção da
proteção do solo, com medidas de caráter preventivo e corretivo. São muitas as ações que
podem ser empregadas como uma medida de controle de uma erosão (CAMAPUM DE
CARVALHO et al., 2006):
- medidas preventivas: visam evitar que um determinado agente se instale e de
inicio ao processo erosivo, as medidas preventivas são ações que tentaram
minimizar o processo;
- medidas corretivas: englobam o conjunto de ações que são executadas após
uma erosão já estar instalada. Visam remediar os danos causados ou tentar
interromper a sua evolução. As medidas corretivas podem, portanto serem
divididas em;
- medidas de estabilização;
- medidas de recuperação.
A erosão pode ser contida controlando-se a vazão, a declividade ou a natureza do
terreno. O controle da vazão é obtido com desvio ou condução da água por caminhos
preferíveis em relação ao sulco erosivo. O controle da declividade é obtido com
retaludamento ou colocação de obstáculos que diminuem a velocidade de escoamento (IPT,
1990).
O controle da natureza do terreno está na modificação da cobertura pelo
capeamento vegetal ou reforço da superfície, tornando-a mais resistente. A formação de um
9
maciço arbóreo reduz a velocidade de avanço do processo da voçoroca. O maciço auxiliará na
estruturação do solo, na redução da velocidade das águas superficiais e na regularização da
infiltração (IPT, 1990).
Se a vegetação deve ser removida limpe o local aos poucos, protegendo as áreas
limpas com cobertura morta e instalando bacias de sedimentação. Para execução de trabalhos
em erosões já existentes e com grande área degradada, o controle e adequação exigem uma
tecnologia muito apropriada ao tipo de solo, lençol freático aflorado ou não, necessitando de
cuidados especiais e de projetos específicos.
3. METODOLOGIA
 A primeira etapa do projeto foi realizada a partir de pesquisa de literatura
especializada sobre o tema, obtendo assim uma maior base e solidez para a execução dessa
pesquisa. A segunda etapa foi realizada no período de setembro a outubro de 2008 com
trabalhos de campo na coleta de informações na área em estudo.
Em seguida, foi delimitada uma área circundante á erosão para intervenção. A
partir da escolha dessa área foram realizadas observações e medições de sua extensão visando
o controle e recuperação da área como:
- trabalhos de campo: visitas a campo para observação das condições naturais e
interferências antrópicas, e medições da extensão da erosão com utilização de
equipamentos como trena, GPS.
- registro fotográfico;
- análise cartográfica referente à área de estudo, com base em sua planta
altimétrica, imagem de satélite e georreferenciamento;
- levantamentos geomorfológicos, climáticos e fatores de ocupação e pressão
humana.
Com o intuito de obter informações sobre a possível causa e data do surgimento
dessa erosão, formada na Fazenda São Sebastião, foram entrevistados moradores vizinhos
mais antigos da região. Nessa oportunidade, foi realizado ainda um documentário fotográfico
da área, evidenciando os mecanismos erosivos presentes, a vista parcial onde ela se encontra,
bem como detalhes do uso e ocupação do solo.
10
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A área estudada está situada no município de São Luis de Montes Belos, na micro
região de Anicuns. A fazenda é abastecida pelo Ribeirão São Sebastião que deu origem ao seu
nome, pertence a micro bacia do Turvo que é afluente do Rio dos Bois pertencente então da
bacia do Paranaíba formadores da Bacia do Prata. A ocupação e atividade principal da
fazenda se deram pela agropecuária devido à região montanhosa. Foi a partir desse tipo de
atividade e mau uso e conservação do solo que se originou a problemática do processo
erosivo existente.
A partir da análise do material obtido com o levantamento fotográfico da área, foi
possível descrever de uma maneira geral a real situação encontrada na área, podendo assim
indicar alguns métodos para melhor utilização, prevenção e recuperação da área.
O solo da região é constituído por latossolos vermelho-amarelo. Esse tipo de solo
pode apresentar uma coloração do vermelho para o amarelo, são profundos, bem drenados na
maior parte do ano, apresentam acidez, toxidez de alumínio e são pobres em alguns nutrientes
essenciais como cálcio, magnésio e potássio mostrado nas Figuras 1 e 2.
 Figura 1: Perfil do solo (set., 2008). Figura 2: Formação do processo erosivo (set., 2008).
Por isso deve ser levado em conta um conjunto de medidas objetivando a
manutenção e recuperação das condições físicas, químicas e biológicas desse solo,
observando os métodos de uso e manejo dessas áreas, de modo a não comprometer sua
capacidade produtiva e condições de desenvolvimento adequadas das culturas.
11
A vegetação natural da área em grande parte foi desmatada, sendo agora ocupada
por pastagens e lavouras, se encontra bem defasada apresentando na margem direita da erosão
uma mata nativa já bem reduzida com a presença apenas de muitas goiabeiras, e na margem
esquerda a presença quase que prioritária de pastagem devido sua grande utilização para a
pecuária, identificadas nas Figuras 3 e 4.
Figura 3: Vegetação ao longo da área, lado direito
(set., 2008)
Figura 4: Vegetação ao longo da área, lado
esquerdo (set., 2008)
Os principais fatores que deram origem ao processo erosivo foram em grande
parte, a retirada da vegetação natural para criação de pastagens e agricultura, onde deixaram o
solo à mostra, susceptível a fatores externos e a má conservação do solo.
A camada superficial do solo foi revolvida por arados e grades, na preparação do
solo para o plantio. Em um solo descoberto e preparado, os agentes erosivos (chuva e vento,
por exemplo) não encontraram barreiras, arrastando uma quantidade de solo maior do que em
condição natural. Como esse preparo foi realizado sem os devidos cuidados e sem orientação
técnica, seja utilizandoimplementos inadequados, seja em áreas muito acidentadas, a erosão
pode degradar a área pelo carreamento do solo em poucos anos.
Após a retirada desse material a área foi exposta a mais uma intervenção humana,
que se deu pelo desvio de uma nascente d’água para aquela área já erodida pela água das
chuvas, como mostram as Figuras 5 e 6, após esse desvio de água o processo erosivo vem
aumentando a cada ano devido às forças naturais e também a presença de animais que
pisoteiam as encostas da erosão, e a falta de barramento das águas superficiais.
12
Figura 5: Desvio da nascente para a erosão
 (set., 2008)
Figura 6: Imagem erosão (set., 2008).
A escolha dos métodos de prevenção e recuperação dos processos erosivos foi
realizada em função das características ambientais locais, considerando: aspectos econômicos
e a adoção simultânea de um conjunto de práticas usuais para correção dos aspectos erosivos.
Para início dos trabalhos de recuperação da erosão o cercamento da área é
essencial para evitar o pisoteio de animais. Porém a simples interdição não recupera os
caminhos preferenciais das águas, pois o escoamento dessas águas das chuvas prossegue
ampliando o sulco, tornando-se imprescindível a utilização de técnicas para o controle desse
processo erosivo.
Os procedimentos usuais de correção para feições erosivas do tipo laminar, sulcos
e ravinas rasas são os métodos de conservação do solo que basicamente compreendem uma
série de dispositivos de controle do escoamento das águas superficiais e manutenção da
proteção do solo, com medidas de caráter preventivo e corretivo.
Dado o caráter do terreno, suscetível à erosão, faz-se necessário que sejam
aplicados os métodos de conservação dos solos nas áreas de culturas anuais e de pastagens,
principalmente nas áreas de alta suscetibilidade à erosão.
Implantação de estruturas de retenção e infiltração do tipo lagoas secas e terraços
em nível, disciplinamento das águas de superfície através de drenos, retaludamento das
paredes laterais da voçoroca, proteção superficial dos taludes resultantes através de vegetação
do tipo gramínea.
Para as cabeceiras, é recomendada a plantação de mata ciliar para a proteção das
encostas com práticas de conservação do solo, como a implantação de curvas de nível para
13
impedir o aporte de sedimentos às drenagens, e revegetação com espécies nativas da região.
Uma das soluções para recuperação de erosões lineares é impedindo sua evolução
através da instalação de barramentos transversais ao eixo longitudinal da erosão onde se
utiliza, basicamente, elementos estruturais de madeira, tela metálica e geotêxtil. É utilizado
para controle e recuperação definitiva de erosões e consiste na diminuição da produção e
barramento de sedimentos.
Este método consiste na combinação de muros de arrimo em solo reforçado com
geotêxtil, ilustrado na Figura 7. Para a contenção de encostas com a construção de uma série
de barragens de assoreamento ao longo do talvegue com os devidos sistemas de drenagem
para evitar possíveis transbordamentos. Com o assoreamento de um dos barramentos, os
sedimentos que passam pela barragem assoreada serão retidos em outra e assim
sucessivamente, diminuindo a declividade da erosão ao mesmo tempo e que permite a
ascensão de fundo.
Figura 7: Barragem de arrimo reforçada com geotêxtil para retenção de sedimentos
Fonte: CAMAPUM DE CARVALHO (2006)
A Figura 8 apresenta o primeiro estágio da execução de três barramentos com as
hastes sendo utilizadas parcialmente. A tela metálica e o geotêxtil são colocados numa
determinada altura das hastes para que o sedimento produzido a montante possa ser
acumulado no barramento 1 e o excedente passe para o barramento 2 e assim sucessivamente.
A fixação da tela metálica e do geotêxtil poderá ser feita com arame recozido ou
galvanizado na tela metálica e com pinos metálicos na base e laterais da erosão em contato
com o solo tomando-se o cuidado de não danificar o geotêxtil com as perfurações realizadas.
14
Além do geotêxtil colocado a montante, há necessidade de colocá-lo também no pé do
barramento na jusante do ultimo barramento, como proteção contra o efeito erosivo gerado
pelo transbordamento.
Figura 8: Esquema longitudinal da barragem para retenção de sedimentos
Fonte: CAMAPUM DE CARVALHO, 2006.
Num segundo estágio, depois do assoreamento dos barramentos, o sedimento
acumulado no barramento 3 aumenta a estabilidade do barramento 2, e o produzido no 2
aumenta a estabilidade do barramento 1. Isso ocorre devido ao esforço contrário que a carga
de sedimento acumulado no barramento seqüente exerce no anterior. A seguir, pode-se partir
para o ultimo estágio que é o aumento de altura do geotêxtil nos barramentos até se atingir o
nível natural do solo, e se necessário, incremento de novos barramentos a jusante, com o
objetivo de aumentar a estabilidade global do sistema.
Cabe ressaltar que no caso das erosões laminares, a recuperação da perda de solo
é impraticável, pois as áreas são geralmente grandes, os pontos de deposição dos sedimentos
distantes e a formação do solo extremamente lenta, sendo mais efetivas as ações preventivas
em áreas próximas e medidas de estabilização.
A Figura 9 mostra a extensão da formação do processo erosivo na área em estudo
pela imagem de satélite, sua localização em coordenadas georreferenciadas, obtendo, assim a
visualização aproximada da extensão do processo erosivo.
15
Figura 9: Imagem de satélite.
Fonte: Google Earth (2008)
6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste trabalho observaram-se as feições da área degradada apresentando suas
características nos trabalhos de campo, imagens fotográficas e de satélite, concebendo assim
uma visão aproximada da dimensão do problema existente, verificou-se que a quantidade de
solo carreada para o ribeirão mais próximo parece ser grande, sendo interessante um estudo
mais aprofundado para obtenção de dados mais exatos sobre essa quantidade de solo carreado.
Considerando os efeitos poluidores, podemos citar que os arrastes podem encobrir
porções de terrenos férteis e encobri-los com materiais áridos, podem causar a morte da fauna
e flora do fundo do ribeirão por soterramento, pode causar turbidez nas águas, dificultando a
ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e oxigenação das
águas, podem arrastar biocidas e fertilizantes até o curso d'água e causarem com isso,
desequilíbrio na fauna e flora nesse corpo d'água.
A conservação do solo deve ser encarada por agricultores, extensionistas,
16
pesquisadores, autoridades e sociedade como parte de um desafio maior, que nos é
apresentado neste novo século que se inicia, a busca de uma agricultura e pecuária
sustentável, ou seja, a produção de alimentos em quantidade e qualidade para atender às
necessidades da humanidade,e uma pecuária sem degradar os recursos naturais como solo,
água, florestas e fauna.
Buscou-se na recuperação ambiental desta área, a adoção de um conjunto de ações
planejadas de forma integrada, utilizando uma abordagem mais abrangente da área, buscando
assim uma melhor utilização do solo rural, para seu melhor aproveitamento.
Por fim, a intervenção permitirá o reequilíbrio do ambiente, com o
direcionamento e disciplinamento das águas superficiais, evitando o carreamento do solo para
o ribeirão, evitando assim o seu assoreamento, criando condições de infiltração da água no
solo e conseqüente melhoria dos recursos hídricos no local.
REFERÊNCIAS
CAMAPUM de CARVALHO, J.C., et al.. Processos Erosivos no Centro Oeste Brasileiro.
Editora FINATEC, 2006.
DERISIO, José Carlos. Introdução ao controle de poluição ambiental. Editora Signus, 2º
edição, 2000.
EMBRAPA, Apostila Construção de terraços para controle de erosão pluvial no estado
do Acre, 2004.GUERRA, A. J. T., SILVA, S. S. BOTELHO, R. G. M. Erosão e conservação dos solos.
Editora Bertrand Brasil, 3º edição, 2007.
LIMA, M.C. Degradação físico-química e mineralógica de maciços junto às voçorocas.
Tese de Doutorado, Publicação G. TD-17º/03, Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental. Brasília: UNB, 336p, 2003.
SÃO PAULO, Secretaria de Energia e Saneamento. Departamento de águas e energia elétrica,
controle de erosão. Bases conceituais e técnicas, diretrizes para o planejamento urbano e
regional orientações para o controle de boçorocas urbanas. São Paulo, DAEE/IPT,1990,
2ª edição.
SILVA, José Afonso. Direito Ambiental Constitucional. 6ª ed., Malheiros Editores Ltda.,
São Paulo, Brasil, 2007.

Outros materiais