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CAPÍTULO XI - PRINCÍPIOS E REGRAS CONSTITUCIONAIS

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CAPÍTULO XI
PRINCÍPIOS E REGRAS CONSTITUCIONAIS
Introdução
A ordem jurídica vai-se mostrar como um entrelaçado de regras e princípios, um conjunto de normas que, em diferentes graus, concretizam uma idéia-retora, a qual, de um ponto de vista filosófico, meta-positivo, pode ser entendida como a “idéia do direito”, fórmula sintetizadora das idéias de paz e justiça, mas que se condensa positivamente na fórmula política adotada em nossa Constituição: Estado democrático de Direito. (1)
Normas Constitucionais
Há que concebe regras e princípios como espécies de normas, de modo que a distinção entre regras e princípios constitui uma distinção entre duas espécies de normas. (4)
Uma das características dos princípios que melhor os distinguem das normas é sua maior abstração, na medida em que não se reportam, ainda que hipoteticamente, a nenhuma espécie de situação fática, que dê suporte à incidência de norma jurídica. (1)
Embora muito aceita a distinção entre regras e princípios, ela nem sempre é fácil de ser firmada. Os autores prendem-se a mais de um critério. O mais habitual é o grau de abstração, pelo qual não se acentua a diferença quantitativa entre os princípios e regras, mas tão-somente se insere no grau tendencialmente mais abstrato dos princípios em relação às regras. Outras vezes, o que se evidencia é a aplicabilidade, o que vale dizer que os princípios demandam medidas de concentração em comparação com a possibilidade de aplicação direta das regras. Finalmente, há o critério da separação radical, que vislumbra na relação entre regras e princípios uma rigorosa distinção qualitativa, quer quanto à estrutura lógica, quer quanto à intencionalidade normativa. (3)
Os princípios não exigem um comportamento específico, isto é, estabelecem ou pontos de partida ou normas genéricas; as regras, ao contrário, são específicas ou em pauta. Os princípios têm um peso ou importância relativa, ao passo que as regras têm uma imponibilidade mais estrita; assim, os princípios comportam avaliação, sem que a substituição de um por outro de maior peso signifique a exclusão do primeiro; já as regras, embora permitam exceções, quando contraditadas provocam a exclusão do dispositivo colidente. O conceito de validade cabe bem para as regras (que ou são válidas ou não são), mas não para os princípios que, por serem submetidos à avaliação de importância, mais bem se encaixam no conceito de legitimidade. (2)
Há uma distinção lógica apartando os princípios das regras jurídicas. As regras jurídicas são aplicáveis por completo ou não são, de modo absoluto, aplicáveis. Trata-se de um “tudo ou nada”. Desde que os pressupostos de fato aos quais a regra referida se verifiquem, em uma situação concreta, e sendo ela válida, em qualquer caso, há de ser ela aplicada. Já os princípios jurídicos atuam de modo diverso, mesmo aqueles que mais se assemelham às regras não se aplicam automática e necessariamente quando as condições previstas como suficientes para a sua aplicação se manifestem. (5)
Uma constatação que se faz absolutamente necessária, no que toca a natureza diversa de regras e princípios, dá-se quando ocorre um choque entre duas disposições. Assim, caso sejam duas regras que dispõem diferentemente sobre uma mesma situação ocorre um excesso normativo, uma antinomia jurídica, que deve ser afastada com base em critérios que, em geral, são fornecidos pelo próprio ordenamento jurídico, para que se mantenha sua unidade e coerência. Já com os princípios, tudo se passa de modo diferente, pois eles, na medida em que não disciplinam nenhuma situação jurídica específica, considerados de forma abstrata como se apresentam para nós, no texto constitucional, não entram em choque diretamente, são compatíveis (ou “compatibilizados”) uns com os outros. Contudo, ao procurarmos solucionar um caso concreto, que não é resolvido de modo satisfatório aplicando-se as regras pertinentes ao mesmo, inquirindo dos princípios envolvidos no caso, logo se percebe que esses princípios se acham em um estado de tensão conflitiva, ou, mesmo, em rota de colisão. A decisão tomada, em tais casos, sempre irá privilegiar um (ou alguns) dos princípios, em detrimento de outro(s), embora todos eles se mantenham íntegros em sua validade e apenas diminuindo, circunstanciais e pontualmente, em sua eficácia. (1)
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	ART. 5º. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. 
	CÓDIGO CIVIL DE 1916
	Art. 219. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
IV – o defloramento da mulher, ignorado pelo marido.
	CÓDIGO CIVIL DE 2002
	Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
	CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO – CLT
	Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de:
I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior;
II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa. 
	CÓDIGO CIVIL
	Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
	LEI DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
	Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.
Espécies de Princípios Constitucionais
Podemos resumir, com base em Gomes Canotilho, que os princípios constitucionais são basicamente de duas categorias:
Princípios Político-constitucionais: constituem-se daquelas decisões políticas fundamentais concretizadas em normas conformadoras do sistema constitucional positivo. Manifestam-se como princípios constitucionais fundamentais, que constituem a matéria dos arts. 1º ao 4º da Constituição Federal;
Princípios Jurídico-constitucionais: são princípios constitucionais gerais informadores da ordem jurídica nacional. Decorrem de certas normas constitucionais e, não raro, constituem desdobramentos (ou princípios derivados) dos fundamentais, como o princípio da legalidade, o princípio da isonomia, o princípio do devido processo legal, do contraditório etc. (4)
Tendo por base a terminologia proposta por Gomes Canotilho, inspirado em modelo germânico, pode-se encarar, como espécies de princípios, em ordem decrescente de abstratividade, “princípios constitucionais especiais”, “princípios constitucionais gerais”e “princípios estruturantes”. Esses últimos são aqueles que traduzem as opções políticas fundamentais, sobre as quais repousa toda a ordem constitucional e, logo, toda a ordem jurídica, e que seriam, no Direito brasileiro, o princípio do Estado de Direito e o princípio democrático, bem como o princípio federativo. O princípio da isonomia pode ser apontado como um dos princípios constitucionais gerais, assim como a isonomia entre homens e mulheres, referida no art. 5º, inc. I, seria exemplo de princípio constitucional especial. (1)
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	Willis Santiago Guerra Filho
Tércio Sampaio Ferreira Júnior
Celso Ribeiro Bastos
José Afonso da Silva
Eros Roberto Grau

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