Buscar

FINANÇAS CORPORATIVAS E MERCADO DE CAPITAIS - AULA 6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FINANÇAS CORPORATIVAS E 
MERCADO DE CAPITAIS 
AULA 6 
Prof. Luiz Itamar Rosa 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! A aula de hoje tem caráter instrumental para pessoas que pretendem 
compreender e utilizar o mercado de capitais. Nesta aula serão conceituadas e 
apresentadas as principais ferramentas de uma análise técnica de ações. Serão 
explorados todos os conceitos e definições de análise técnica e as teorias que 
suportam esse método. 
Serão expostas também as diversas formas de análise gráfica, além da 
maneira como são elaborados e analisados os indicadores técnicos utilizados 
para mostrar as tendências do mercado acionário. 
Boa aula! 
CONTEXTUALIZANDO 
As duas maiores vertentes para análise técnica de ações são a análise 
fundamentalista e a grafista. A análise fundamentalista tem como objetivo 
descobrir, entre as alternativas existentes no mercado, as ações com melhores 
perspectivas em termos de valorização e pagamentos de dividendos após sua 
seleção, bem como qual o momento oportuno para compra. Já a análise técnica 
ou grafista é um estudo que se dedica à observação da evolução dos mercados 
com base em sua representação gráfica. O principal pressuposto desta técnica 
é que os preços das ações se movem em tendências que de alguma forma 
podem ser previstas. 
TEMA 1 – ANÁLISE FUNDAMENTALISTA DE AÇÕES 
Para Martins (2008) a análise fundamentalista se destaca como uma 
importante ferramenta para a avaliação de investimentos em ações, sendo seu 
princípio básico fundamentado por várias análises, que vão desde a análise 
financeira e econômica até a mercadológica. Também é considerado nesta 
prática o estudo das expectativas e projeções do futuro de uma empresa. 
Para Pinheiro (2016, p. 479) “a análise fundamentalista utiliza os 
fundamentos econômico-financeiros para a determinação do valor da empresa, 
com a finalidade de obter seu verdadeiro valor e formular uma recomendação 
sobre sua compra e venda”. 
A análise fundamentalista é 
3 
inerentemente profética, pois o analista faz projeções que objetivam 
encontrar equações futuras para as curvas de oferta e demanda do 
mercado. 
O fundamentalista frequentemente visa obter o dueto: causa e efeito 
de uma variável e seus impactos sobre o mercado, ou seja, preocupa-
se em definir o motivo pelo qual os preços se direcionarão no futuro. 
 As definições podem estar direcionadas a determinado tipo de ativo, 
como uma análise sob a ótica do mercado de ações. O mercado 
acionário exige um estudo aprofundado tanto da empresa quanto da 
economia, ao contrário dos outros ativos nos quais apenas os fatores 
econômicos são direcionadores da análise. (Financials, 2017, p. 5) 
Pinheiro (2016, p. 481-482) destaca os três pontos que devem ser 
considerados para estimar o valor de uma ação: 
1. demonstrações financeiras passadas, bem como outras informações
relevantes, que permitam a projeção mais provável possível da
evolução futura da companhia emissora das ações;
2. situação atual da economia e estimativas futuras de variáveis com
indiscutível influência sobre o preço e o valor de todas as ações
negociadas;
3. grau de confiança do investidor em relação ao grau de intervenção
governamental, que tem caracterizado o mercado brasileiro nos
últimos anos.
Além desses pontos, o autor destaca alguns fatores para a determinação 
do valor da empresa: 
• lucro esperado em exercícios anteriores;
• investimentos realizados e a realizar;
• fontes de financiamentos utilizadas.
Pinheiro (2006) destaca que para utilização da análise fundamentalista
deve-se adotar a hipótese denominada Mercado Eficiente, ou seja, este mercado 
deve ter a capacidade de refletir toda a informação relevante disponível e ajustar-
se a uma nova informação de forma instantânea, podendo ainda ocorrer 
ineficiências na valorização a curto prazo, que estas sejam corrigidas ao longo 
do tempo. 
Fortuna (2003, p. 440) também destaca que “a análise fundamentalista é 
fundamental para o stock picking (escolha de ações), ou seja, a escolha da 
empresa cuja ação deve ser adquirida e, como consequência, a determinação 
de qual deve ser vendida em um determinado intervalo de tempo”. 
O autor menciona os principais indicadores diretos que influenciam os 
investidores na decisão de aquisição ou venda de uma ação: 
• o beta com o índice de bolsa (movimento da ação em relação ao
movimento do índice);
• o preço da ação no mercado;
 
 
4 
• o lucro por ação; 
• o índice preço/lucro; 
• o índice preço/valor patrimonial da ação; 
• o índice dividendo/preço de mercado da ação; 
• o índice de dividendo/lucro – pay-out; 
• o índice preço/fluxo de caixa operacional. (Fortuna, 2003, p. 440) 
1.1 Etapas do trabalho do analista fundamentalista 
Para o desenvolvimento do seu trabalho, o analista fundamentalista 
percorre as etapas descritas pela Figura 1: 
Figura 1 – Etapas do trabalho do analista fundamentalista 
 
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2006, p. 226. 
1.1.1 Primeira etapa: pesquisa 
Para Pinheiro (2016), na etapa da pesquisa o analista deverá coletar 
todas as informações sobre a companhia. Para tanto, ele deve ter conhecimento 
de todas as variáveis que envolvem o desempenho e funcionamento da 
empresa. As principais fontes de pesquisa utilizadas para esse levantamento 
são: 
• entrevistas pessoais com dirigentes das empresas; representantes 
de associações de classe (patronal e empregatícios); clientes e 
público interno. 
• Leitura de: 
5 
• relatórios macroeconômicos;
• relatórios setoriais;
• demonstrações contábeis publicadas;
• informações em real time (CNN, Broadcasting etc.);
• imprensa especializada;
• publicações especiais.
• Base de dados como: Internet, bolsa de valores e corretoras de
valores. (Pinheiro, 2016, p. 485)
1.1.2 Segunda etapa: transformação da informação em ideia 
Esta etapa corresponde ao desenvolvimento da análise e nela será 
demonstrado o conhecimento do tema. A transformação da informação em 
ideia é o principal valor agregado pelo analista. Por isso, utiliza as seguintes 
ferramentas: 
• habilidade para conseguir a informação;
• informática;
• conhecimento de métodos analíticos;
• bom-senso;
• experiência.
1.1.3 Terceira etapa: comunicação das ideias 
Para que uma análise possa ter valor ela deve ser bem elaborada e 
transmitida de forma adequada a seu demandante. Por isso, é necessária uma 
boa comunicação de ideias entre o analista e o cliente. 
Para que ocorra essa comunicação, Pinheiro (2016, p. 485) elenca os 
tipos de clientes para quais o analista trabalha: 
• Cliente institucional: são aqueles que gerenciam carreiras de vários
investidores e têm necessidade de recomendações relativas.
• Cliente particular: são aqueles que gerenciam seus recursos
diretamente e têm necessidades de recomendações absolutas. Após
a identificação desses clientes, ele deverá escolher qual a melhor
forma de comunicação de suas ideias, que pode ser de:
• Forma direta: por meio de visitas a clientes e contatos telefônicos; e
• Forma indireta: através de informes publicitários e campanha
publicitária.
TEMA 2 – ANÁLISE MACROECONÔMICA E SETORIAL 
Kerr (2011) resume que a análise fundamentalista é aquela que considera 
os fatores internos e externos à empresa. Dentro das informações internas das 
empresas, uma das principais fontes consideradas são aquelas geradas por 
suas demonstrações financeiras, uma vez que todas es empresas que possuem 
6 
ações em bolsa são obrigadas a divulgar tais informações. Já os fatores externos 
às organizações são aqueles que podem influenciar seu desempenho como, por 
exemplo, dados macroeconômicos (conjuntura econômica, câmbio, crescimento 
do Produto Interno Bruto – PIB etc.) e todos os dados sobreo setor econômico 
de atuação da companhia e do mercado acionário. 
2.1 Análise macroeconômica 
Para Pinheiro (2016, p. 492), não é possível desenvolver uma análise da 
economia nacional sem utilizar conceitos da teoria macroeconômica pois, 
segundo o autor, esses conceitos: 
[fornecem] os parâmetros para a mensuração da atividade econômica, 
tornando possível a utilização de um número de variáveis 
fundamentais. Isso porque trabalha sobre as relações entre as diversas 
variáveis, eliminando muitos dos fatores que afetam o comportamento 
individual e permitindo a análise e a previsão do comportamento da 
economia e de seus agentes. 
A utilização de uma análise macroeconômica se justifica, pois, a bolsa 
de valores deve refletir de alguma forma o desempenho da economia 
na qual ela está inserida. Se a economia vai bem, as empresas têm a 
possibilidade de obter bom desempenho e consequentemente suas 
ações subirão, provocando uma alta da bolsa. Esse enfoque é muito 
útil também para administradores de carteiras e para analistas 
generalistas. 
O autor ainda destaca que a macroeconomia é o ambiente no qual as 
empresas operam (Pinheiro, 2006). Portanto, a capacidade de prevê-la pode 
traduzir-se em grandes oportunidades de ganhos nos investimentos em ações. 
O objetivo da macroeconomia é o estudo de um conjunto de variáveis 
macroeconômicas cujas inter-relações presidem o funcionamento do sistema 
econômico. 
A estrutura básica de um modelo macroeconômico compõe-se pela parte 
real e a parte monetária da economia, que pode ser vista pelos seus mercados, 
conforme ilustra a Figura 2. 
7 
 Figura 2 – Estrutura básica de um modelo macroeconômico 
Fonte: Pinheiro, 2006, p. 229. 
Nesse contexto, Pinheiro (2016, p. 493) destaca alguns indicadores 
econômicos mais importantes, cuja relevância afeta significativamente o 
comportamento do mercado de capitais: 
Sobre a análise das variáveis macroeconômicas, é importante destacar 
que: 
• as variáveis estão relacionadas entre si, e não se pode isolar seu
efeito sobre a bolsa;
• de tempos em tempos, os analistas bursáteis estão mais
preocupados com uma variável que outra, e isso faz com que seu
efeito na bolsa seja maior, ainda que transitório;
• o importante para a análise macroeconômicos é a evolução futura
das principais variáveis econômicas citadas, e não tanto os dados
históricos;
• a análise macroeconômica não pode ser feita sem levar em
consideração a conjuntura econômica internacional. Com a
globalização, as economias estão cada vez mais relacionadas, e as
bolsas seguem o mesmo caminho.
2.1.1 Taxas de juros 
Para Pinheiro (2016, p. 395) “a taxa de juro é uma variável-chave no 
comportamento da bolsa de valores, e isso por várias razões”. 
A taxa de juros tem um papel estratégico nas decisões dos mais variados 
agentes econômicos, afetando diretamente os custos financeiros das empresas 
e as expectativas de investimentos da economia, porque: 
• Se as taxas de juros caem, os investidores vão à bolsa buscando maior
rentabilidade; a demanda de ações sobe e, com ela, os preços das ações.
8 
• Quando as taxas de juros da economia caem, os investidores buscam
novas formas de obter rentabilidade e consequentemente migram para as
aplicações de renda variável, ou seja, passam a comprar mais ações e
provocam alta nos preços das ações.
• Já quando as taxas de juros aumentam, os investidores passam a
considerar a atratividade das aplicações de renda fixa e migram seus
investimentos para esse tipo de operação, ocasionando queda nos preços
das ações.
• Taxas de juros baixas supõem menos custos financeiros para as
empresas e maior consumo de famílias e empresas. Tudo isso faz
crescerem os lucros empresariais, o que se traduz em cotações mais altas
de suas ações.
• Quando as taxas de juros da economia estão baixas, as pessoas tendem
a consumir mais, e os custos financeiros das empresas passam a ser
menores. Esses fatores geram um aumento no potencial de ganho das
empresas e se refletem nas cotações de suas ações, que passam a ter
preço mais alto.
2.1.2 Inflação 
Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013, p. 94) conceituam inflação como 
“um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Ou seja, os 
movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com 
altas esporádicas de preços”. 
Para Pinheiro (2016, p. 496), a inflação pode ser causada por: 
• aumento da demanda maior que a oferta existente, provocando um
aumento nos preços em função da escassez;
• aumento nos custos dos insumos e mão de obra, que são repassados
aos preços finais; e
• aumento da quantidade de moeda em circulação na economia,
gerando aumento em termos monetários dos produtos negociados,
ainda que em termos reais os preços continuem iguais.
Em um processo inflacionário intenso, o valor da moeda deteriora-se 
rapidamente, ocorrendo um desestímulo à aplicação de recursos no mercado de 
capitais. 
A inflação afeta a bolsa de valores da seguinte forma: 
9 
• obriga as autoridades monetárias a reduzir a oferta monetária da
economia e, com isso, aumenta o preço do dinheiro (taxa de juros);
• dificulta o crescimento econômico em função do desestímulo à produção.
Conclui-se com isso que uma inflação ascendente gera queda na bolsa
de valores. Por outro lado, a inflação num processo descendente ou estável 
estimula a negociação nesse mercado. 
2.1.3 Taxa de câmbio 
Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013, p. 112) definem a taxa de câmbio 
como “o preço de uma moeda expresso em outra. Ela se apresenta como o 
número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira". 
Segundo os autores, uma desvalorização da moeda nacional faz com que 
os bens oriundos do exterior sejam mais caros no mercado nacional. 
As taxas de câmbio de uma economia dependem de variáveis como, por 
exemplo: 
• Aumento de preços dos produtos (inflação): uma alta da inflação
provoca a necessidade de ajustes na taxa de câmbio, para que este passe
a refletir o poder de compra real da moeda local.
• Balança de comercial: de forma geral, a relação entre as entradas de
recursos externos (exportações) e suas saídas (importações).
• Balanço de pagamentos: outra forma de entrada e saída de moeda
externa na economia é por meio dos investimentos estrangeiros que o
país recebe. Quando ocorre grande entrada ou saída de capitais em uma
economia, há um respectivo aumento na oferta e na demanda de moeda
externa e, como consequência, a taxa de câmbio se altera.
2.1.4 Crescimento econômico 
Para Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013, p. 144), 
o crescimento econômico é definido como um processo de mudança
estrutural de longo prazo em um sistema econômico. Este processo é
decorrente do aumento dos recursos disponíveis e/ou sua melhor
utilização, tendo como resultado o aumento da renda per capita real
(PIB dividido pela população do país), e os níveis de consumo e bem-
estar da coletividade.
Os autores resumem desenvolvimento econômico como 
 
 
10 
a soma de crescimento, industrialização com mudanças estruturais, 
especialmente no setor externo e agrícola, e com melhoria na 
distribuição da renda pessoal e regional acompanhada do nível de 
emprego. 
O crescimento econômico produz aumento nos lucros empresariais e 
por consequência no lucro por ação. (Michels; Oliveira; Wollenhaupt, 
2013, p. 144) 
 
Pinheiro (2016) detalha alguns fatores que influenciam os resultados 
econômicos de uma organização, podendo afetar seu crescimento: 
• sensibilidade das vendas; 
• alavancagem operacional; 
• alavancagem financeira. 
2.1.5 Risco-país 
Para Pinheiro (2016), o risco-país é uma medida de risco de crédito de 
uma nação, ou seja, a possibilidade de o país tornar-se inadimplentecom seus 
credores estrangeiros. Este indicador expressa o risco de crédito a que os 
investidores estrangeiros são submetidos quando investem em determinado 
país. 
Pinheiro (2016) também destaca que o risco-país é medido por meio do 
rating, que é uma nota ou classificação de risco atribuída a um país emissor de 
dívida de acordo com a avaliação sobre sua capacidade de honrar, pontual e 
integralmente, suas dívidas. A análise do risco-país é realizada por empresas 
especializadas em análise de crédito, as denominadas agências de classificação 
de risco. As principais agências internacionais que realizam a classificação de 
risco são a Standard & Poor's (S&P), a Fitch Ratings e a Mody's. 
De forma geral, as notas atribuídas podem habilitar ou desabilitar um país 
a receber investimentos estrangeiros. Pinheiro (2016, p. 500) lembra que “alguns 
dos grandes investidores internacionais possuem restrições para aplicações em 
países que têm avaliações como especulativos pelas agências internacionais de 
rating. Portanto, só podem investir em países que possuem notas dentro da 
categoria de investimento”. 
 
 
 
11 
2.1.6 Análise setorial 
Depois de analisar a macroeconomia, a próxima etapa é a determinação 
da análise do setor específico em que a empresa atua. 
Essa análise tem como foco não só as estimativas do setor de atuação, 
mas também a evolução futura das principais variáveis na história do próprio 
setor e na diferenciação de cada uma das empresas que o compõem em função 
de suas estratégias de crescimento. 
Para Pinheiro (2016, p. 502), "a análise setorial é um estudo de 
agrupamentos setoriais que examina a posição competitiva de um dado setor em 
relação a outros". 
Ela aborda os seguintes aspectos: 
• regulamentação e aspectos legais: avaliar o quanto o segmento sofre
regulamentação;
• ciclos de vidas do setor: avaliar em que estágio se encontra a empresa
dentro do seu ciclo de vida (inicial, consolidado, maduro ou em queda);
• estrutura da oferta e exposição à concorrência estrangeira;
• sensibilidade à evolução da economia: setores cíclicos, acíclicos e contra
cíclicos;
• exposição a oscilações de preços;
• tendências a curto e médio prazo. (Pinheiro, 2006)
TEMA 3 – ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS DA EMPRESA 
Após a avaliação da influência das variáveis macroeconômicas no 
desempenho da empresa e da análise da performance do setor em relação aos 
demais setores da economia, é necessária a determinação dos fundamentos da 
empresa, que, segundo Pinheiro (2016, p. 510) são os seguintes: 
• o potencial de crescimento da empresa;
• o nível de risco relativo em três campos:
• risco do negócio: incertezas e volatilidade dos lucros e fluxos de
caixa, que dependem das vendas e do grau de alavancagem
operacional (relação entre custos fixos e variáveis);
• alavancagem financeira: mede a parte do negócio financiado a
longo prazo e a capacidade de fazer frente aos pagamentos a
curto prazo; e
• capacidade de captação de financiamento externo;
• a flexibilidade financeira, definida como a habilidade de obter caixa
para fazer frente aos pagamentos a curto prazo. Existem três fontes
básicas:
12 
• recursos próprios da empresa;
• ativos líquidos; e
• recursos de terceiros.
A realização dessa análise só é completa se conjugada com a análise das 
demonstrações contábeis, que consistem em uma ferramenta fundamental, pois 
fornecem vários dados econômicos e financeiros sobre o atual cenário de uma 
empresa (Rosa; Soares, 2015). 
Pinheiro (2016) relata que as demonstrações contábeis representam um 
conjunto de transações econômicas e financeiras ocorridas nas empresas em 
um determinado período. Esse conjunto de informações é uma ferramenta 
importante para a compreensão do valor da companhia e consequente 
fundamentação para a compra e venda de suas ações. Por meio dessas 
demonstrações podemos compreender tanto as aplicações como as fontes de 
financiamentos que deram origem a tais aplicações. As demonstrações mais 
comuns elaboradas pelas empresas, bem como suas funções, são descritas no 
Quadro 1. 
Quadro 1 – Objetivos das demonstrações contábeis 
Demonstrações Principais objetivos 
Balanço patrimonial 
É uma das demonstrações contábeis que visa evidenciar, de forma 
sintética, a situação patrimonial da empresa e dos atos e fatos 
consignados na escrituração contábil. 
Demonstração do 
resultado 
Destina-se a evidenciar a formação do resultado do exercício, 
mediante confronto das receitas, custos e despesas incorridas no 
exercício. Essa demonstração deve ser apresentada na posição 
vertical, e seus componentes devem ser discriminados de forma 
sequencial. 
Demonstração das 
mutações do patrimônio 
líquido 
Essa demonstração evidencia a movimentação de todas as contas 
do Patrimônio Líquido (PL) durante o exercício social, inclusive 
denotando a formação e a utilização das reservas não derivadas do 
lucro. 
Demonstração de lucros 
ou prejuízos acumulados 
Essa demonstração possibilita a evidenciação clara do lucro do 
período, sua distribuição e a movimentação ocorrida no saldo da 
conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. 
Demonstração do fluxo de 
caixa 
A utilidade desta demonstração é a análise do desempenho 
financeiro da empresa. Pela Demonstração pode-se saber se a 
empresa foi autossuficiente no financiamento de seu giro e qual 
sua capacidade de expansão com recursos próprios gerados pelas 
operações da empresa. 
Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2016, p. 511.
13 
Pinheiro (2016) destaca que embora existam várias formas de avaliar as 
demonstrações contábeis, a avaliação por meio de indicadores ou índices é uma 
técnica que proporciona compreensão e uma visão das diversas relações entre 
os itens dos demonstrativos. 
Para utilizar a técnica de análise de indicadores é importante determinar 
quais deles são importantes para mensurar a situação econômica e financeira 
da empresa. A Figura 3 ilustra alguns dos indicadores mais utilizados na análise 
das demonstrações financeiras, separados por grupos. 
Figura 3 – Agrupamentos dos índices 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 512. 
É importante destacar que a análise de um único índice não nos possibilita 
avaliar toda a empresa. Para isso, torna-se necessária a utilização de um 
conjunto de índices distintos que retratariam os diferentes aspectos que 
envolvem a empresa (ver Quadro 2). 
14 
Quadro 2 – Quadro de indicadores 
Aspectos Indicador Índice Fórmula 
Econômicos 
Vendas Evolução de vendas 
Receita líquido ano 
atual/receita líquida ano 
anterior (-) 1 . 100 
Lucratividade 
Bruta Lucro bruto/receita líquida . 100 
Operacional Lucro operacional/receita líquida . 100 
Líquida Lucro líquido/receita líquida . 100 
Rentabilidade 
Patrimônio Líquido Lucro líquido/patrimônio líquido . 100 
Ativo Ativo total/patrimônio líquido . 100 
Operacionais Rotatividade (dias) 
Cobrança Média de contas a receber (*)/receitas líquidas . 365 
Estoques 
Média dos estoques 
(*)/custo mercadoria 
vendida . 365 
Fornecedores 
Média de fornecedores 
(*)/custo mercadoria 
vendida . 365 
Financeiros 
Endividamento 
Total 
Passivo circulante (+) 
exigível de longo 
prazo/patrimônio líquido . 
100 
Total curto prazo 
Passivo 
circulante/patrimônio 
líquido . 100 
Total longo prazo 
Exigível de longo 
prazo/patrimônio líquido . 
100 
Financeiro total 
Dívidas bancárias de curto 
prazo (+) dívidas bancárias 
de longo prazo/patrimônio 
líquido . 100 
Financeiro curto prazo 
Dívidas bancárias de curto 
prazo/patrimônio líquido . 
100 
Financeiro longo prazo 
Dívidas bancárias de longo 
prazo/patrimônio líquido . 
100 
Liquidez 
Geral 
Ativo Circulante (+) 
realizávelde curto 
prazo/passivo circulante (+) 
exigível de longo prazo 
Corrente Ativo Circulante/Passivo Circulante 
Seca 
Ativo circulante (-) 
Estoques/Passivo 
Circulante 
15 
(*) Média = soma dos dois últimos anos dividido por dois. 
Fonte: Rosa; Soares, 2015, p.137. 
3.1 Análise da situação econômica 
Ao analisarmos a situação econômica de uma empresa, estamos 
tratando, basicamente, da mensuração, avaliação e interpretação dos lucros ou 
prejuízos gerados e sua comparação com os recursos aplicados com essa 
finalidade. 
Os principais indicadores que são calculados para avaliar a situação 
econômica são: 
• evolução em vendas;
• lucratividade bruta;
• lucratividade operacional;
• lucratividade líquida;
• rentabilidade do patrimônio líquido;
• rentabilidade do ativo.
3.2 Análise do ciclo operacional 
Segundo Cruz, Andrich e Mugnaini (2012), este tipo de análise ajuda o 
analista a entender e identificar os problemas de compatibilização entre prazos 
de renovação dos estoques, recebimentos de duplicatas e pagamento a 
fornecedores. Eventuais descompassos de prazos podem gerar sérios 
problemas financeiros que podem comprometer a continuidade dos negócios da 
empresa. 
Os indicadores que são calculados para avaliar o ciclo operacional são: 
• rotatividade em dias das contas a receber;
• rotatividade em dias da renovação dos estoques;
• rotatividade em dia do pagamento a fornecedores.
3.3 Análise da situação financeira 
Para Pinheiro (2016), quando analisamos a situação financeira de uma 
empresa estamos nos referindo a sua capacidade de saldar seus compromissos 
tanto no presente quanto no futuro. 
16 
A situação financeira pode ser avaliada pelas relações entre elementos 
patrimoniais que retratam a liquidez, sua estrutura patrimonial e seu ciclo 
operacional. 
Para avaliar a situação financeira os principais indicadores são: 
• endividamento total;
• endividamento total de curto e longo prazo;
• endividamento financeiro total;
• endividamento financeiro de curto e longo prazo;
• liquidez geral;
• liquidez corrente;
• liquidez seca.
3.4 Índices para análise de desempenho específicos 
Pinheiro (2016) destaca que as empresas constituem o ponto de 
convergência de várias forças econômicas, e a nenhuma delas se pode atribuir 
prioridade absoluta sobre as outras. 
Os principais indicadores para esta análise são: 
• posição de mercado (vendas da empresa/vendas do setor);
• ocupação geográfica (número de filiais e sua distribuição geográfica);
• imagem e atratividade (novos clientes/total de clientes);
• produtividade total (produtividade/número de empregados);
• produtividade por empregado (número de empregados por
unidade/número total de empregados);
• mão de obra utilizada (número de horas extras/número de horas normais);
• investimentos em treinamento por empregado (número de
empregados/número total de empregados).
TEMA 4 – A ANÁLISE TÉCNICA DE AÇÕES 
A análise técnica de ações é definida por Pinheiro (2016, p. 570) como 
“um estudo dos movimentos passados dos preços e dos volumes de negociação 
de ativos financeiros, com o objetivo de fazer previsões sobre o comportamento 
futuro dos preços”. 
17 
Pinheiro (2016) explica que os primórdios da análise técnica se deram por 
volta de 1700, quando algumas famílias japonesas começaram a formular o 
preço do que hoje chamamos de Contratos Futuros de Arroz. Essas famílias 
passaram a acompanhar o comportamento do preço do arroz e formular 
tendências. Esse método é conhecido mundialmente como candlestick (gráfico 
em formato de vela). 
Para essa análise, as variações dos preços de mercado não são 
independentes das variações passadas, ou seja, segundo a escola técnica, as 
séries de preços de mercado apresentam padrões perceptíveis, e cabe ao 
analista identificar tendências e saber interpretá-las. 
Diferente da análise fundamentalista, que leva em consideração 
resultados da empresa, dividendos, endividamento e liquidez, na análise técnica 
o que importa são os fatores de procura e oferta internos e externos da empresa,
para os quais é crucial entender os movimentos do mercado. Em resumo, essa
análise tem como foco o estudo de como os preços movimentam-se, não se
preocupando com o porquê dessa movimentação.
Os princípios da análise técnica são: 
• A ação do mercado reflete todos os fatores nele envolvidos.
• Os preços se movimentam em tendências.
• O futuro reflete o passado.
Para Pinheiro (2016, p. 570-571), as principais premissas da análise
técnica são: 
• O preço já está afetado pelos fatores que podem influenciar seu
preço: a análise do gráfico do valor da ação será tudo que
necessitamos para predizer a tendência de seu preço, sem importar
a razão que o provoca.
• Os preços movem-se em tendências: entender o conceito de
tendência é de grande valia, uma vez que o propósito da análise
técnica é identificar em que direção se movem os preços para tentar
assumir posições no começo da tendência.
• A história se repete: a análise técnica fundamenta-se na premissa
de que, se determinadas figuras, indicadores e osciladores
funcionaram bem no passado, isso pode ocorrer no futuro. Supõem
que o investidor tende a reagir de forma similar a situações já
vivenciadas anteriormente.
4.1 Teorias da análise técnica 
Desde o início das atividades em bolsa de valores, há vários séculos, 
surgiram diversas teorias para tentar prever o desempenho dos mercados de 
18 
capitais. Pinheiro (2016) destaca as duas principais teorias mais utilizadas para 
este tipo de técnica: a de Charles H. Dow e de Nelson Elliot. 
4.1.1 Teorias de Charles Dow 
A teoria Dow é descrita por Pinheiro (2016) como uma série de artigos 
publicados entre 1900 a 1902 no The Wall Street Journal, nos quais Charles H. 
Dow identifica as tendências de mercado. Dow nunca escreveu livros sobre suas 
teorias – ele simplesmente as divulgava nos editoriais dos jornais. Após sua 
morte em 1902, suas ideias ficaram conhecidas como a Teoria Dow. Ela é 
considerada como a mais antiga das teorias que explica a existência de grandes 
tendências no mercado de capitais. Daí o surgimento, nos Estados Unidos, do 
conhecido índice Dow Jones. 
Atualmente, todos os países que possuem mercado de ações 
organizados em bolsa de valores utilizam índices que retratam a média do 
comportamento dos preços. No Brasil temos hoje o Ibovespa, da Bolsa de 
Valores de São Paulo, o principal índice de ações do mercado. 
Os dois pressupostos que sustentam a Teoria Dow são: 
• “Os preços descontam tudo”, ou seja, as alterações diárias ocorridas
nos índices já consideram o julgamento de todos os investidores,
sendo já descontadas todas as alterações que podiam afetar a oferta
e a demanda das ações.
• O mercado apresenta movimentos oscilatórios de três amplitudes
distintas: longo prazo, compreendendo períodos de um ano ou mais;
médio prazo, com duração de três semanas e alguns meses; e curto
prazo, com duração de seis dias a três semanas. (Pinheiro, 2016, p.
571).
4.1.1.1 Análise de tendências segundo a Teoria Dow 
Segundo Pinheiro (2016), a determinação de tendências pregada pela 
Teoria Dow utiliza técnicas de traçado de linhas de tendências, identificação de 
formação que sinaliza essas tendências e estudo de descontinuidade de preços 
(gaps). 
Dow dividiu as tendências de sua teoria em três categorias: 
• Tendência primária: considerada a tendência principal de um
mercado. Ela apresenta um movimento longo que pode ser de alta ou
de baixa e que leva a uma grande valorização ou desvalorização dos
ativos. Porém, não existem regras matemáticas exatas para definir o
tempo de duração dessas tendências, entretanto, as tendências
primárias duram váriosanos.
 
 
19 
• Tendência secundária: é considerada reação que ocorre nos 
mercados dentro da tendência primária. Sua amplitude é muito menor 
e pode durar várias semanas e uns poucos meses, sendo também 
considerada de correção na tendência principal. 
• Tendência terciária: essa tendência dura curto espaço de tempo, 
que pode ser de algumas horas ou de no máximo algumas sessões. 
É considerada uma pequena flutuação da tendência secundária, 
sendo, portanto, movimentos do dia a dia. (Pinheiro, 2016, p. 572-
573) 
Pinheiro (2016) destaca que as tendências sugeridas por Dow têm esse 
comportamento por causa da velocidade da difusão das informações relevantes 
para sua formação. 
4.1.2 Teorias das ondas de Elliot 
Criada em 1939 pelo contador Ralph Nelson Elliot, a Teoria Elliot é 
considerada pelos especialistas da área como uma das principais ferramentas 
para localizar ou até antecipar determinadas fases da bolsa. 
Pinheiro (2016) evidencia que o princípio das ondas proposto por Elliot foi 
baseado em observações, feitas durante vários anos, dos integrantes do 
mercado, suas tendências e suas mudanças, que seguem determinado tipo de 
comportamento identificável em formas de padrões ou figuras (ondas). 
Utilizando os dados relativos aos valores do Dow Jones Industrials 
Average (DJIA), criado por Charles Dow, Elliot descobriu que mudanças nos 
preços das ações que compõem o índice seguem uma estrutura harmônica 
básica, que pode ser encontrada na natureza. A partir dessa descoberta, ele 
desenvolveu um sistema racional de análises do mercado. 
Elliot conseguiu demonstrar e provar graficamente que o movimento dos 
preços das ações tem um comportamento cíclico formando padrões 
geométricos, os quais eram gerados pelo comportamento do emocional de 
massa no mercado financeiro. 
Pinheiro (2016) destaca que, para a Teoria Elliot, cada decisão do 
mercado é resultante de informações relevantes, que por sua vez também 
produz informação significativa no mercado. Essa trama nos revela a 
interdependência de decisões e informações no mercado de capitais. 
Com essas constatações, Elliot estudou o comportamento dos preços das 
bolsas e identificou o surgimento de figuras e formações no mercado que 
refletem o comportamento de seus participantes. Após conhecermos essas 
 
 
20 
formações, sabemos que elas se repetem ao longo do tempo e podem ser 
reconhecidas, possibilitando assim a previsão de comportamento da ação. 
4.1.2.1 Análise de tendências segundo a Teoria Elliot 
Elliot destaca que as atividades humanas apresentam três aspectos 
distintos: padrão, tempo e razão, interpretados com auxílio das séries de 
Fibonacci e expressos por meio de ondas. Quando compreendidas, as ondas 
servem como parâmetro para acompanhamento dos movimentos das ações no 
mercado. 
Pinheiro (2016) destaca que depois de concluir seus estudos, Elliot 
chegou à conclusão de que uma tendência de alta ou de baixa é composta por 
cinco ondas, sendo que as três primeiras correspondem à tendência 
predominante e as duas seguintes a um ajuste ou correção nessa tendência, ou 
seja, apresentariam um sentido contrário às três primeiras (ver Figuras 4 e 5). 
Figura 4 – Tendências de alta 
 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 579. 
 
 
 
 
 
 
21 
Figura 5 – Tendências de baixa 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 579. 
TEMA 5 – ANÁLISE GRÁFICA E INDICADORES TÉCNICOS 
5.1 Análise gráfica 
A análise gráfica é descrita por Pinheiro (2016) como sendo um dos 
pilares da análise técnica. Muitos analistas técnicos baseiam-se exclusivamente 
nos gráficos para fazer suas recomendações e por isso são chamados de 
grafistas. 
Introduzida no Brasil a partir da década de 1970, a análise gráfica foi 
baseada no modelo norte-americano, por isso foram necessários alguns anos 
para sua “tropicalização”. 
A hipótese básica desta análise é que as expectativas dos investidores a 
respeito do desempenho de determinada ação refletem-se no seu 
comportamento bursátil. Com isso, torna-se possível a realização de previsões 
mais precisas de seus movimentos futuros em função de suas oscilações 
passadas. Podemos dizer que o principal objetivo dessa análise seria a 
identificação de “tendências” e “pontos de reversão” por meio da análise de 
formações anteriores. 
5.1.1 Como usar os gráficos de análise técnica? 
O gráfico é o panorama do que acontece com um ativo da bolsa, e o preço 
mostra o equilíbrio entre a demanda e a oferta criada pelos investidores. 
É muito importante que o investidor tenha uma compreensão completa 
sobre o gráfico de análise técnica porque, caso contrário, tópicos mais 
 
 
22 
avançados como os diferentes tipos gráficos, padrões de figuras, 
indicadores e regras para compra, venda, entrada, saída e 
gerenciamento de risco dificilmente serão bem aplicados. Nesse 
contexto, para usar corretamente um gráfico de análise técnica é 
preciso entender cada elemento que o compõe, para isso é necessário 
compreender todos os tipos de gráficos utilizados nesta análise. 
(Guia..., 2018) 
5.1.1.1 Tipos de gráficos 
Pinheiro (2016) menciona que os gráficos podem ser elaborados de 
diversas maneiras, segundo a informação que nos fornecem ou como está 
disposta essa informação. Geralmente, os gráficos registram a evolução das 
cotações no decorrer do tempo. 
Os gráficos mais utilizados na análise gráfica para previsões futuras dos 
preços das ações são: 
• Gráfico de linha: consiste numa representação das cotações em 
intervalos de tempos regulares unidas por linhas retas (ver Figura 6). O 
gráfico de linha registra a evolução de uma ação ao longo do período 
analisado. 
Figura 6 – Modelo de gráfico de linha 
 
Fonte: Pinheiro (2016. pág., 581) 
O gráfico pode ser construído com base em distintas formas de cotações, 
conforme a necessidade: abertura; fechamento; máxima; mínima; e 
média. 
• Gráfico de volume: por volume compreendemos o valor monetário das 
transações realizadas num período determinado ou o número de ações 
negociadas num período (ver Figura 7). 
O gráfico de volume pode representar as seguintes unidades: 
23 
• volume negociado, em dinheiro (somente para ações);
• quantidade de lotes negociados (somente para ações);
• número de negócios (somente para ações);
• contratos em aberto (somente para mercadorias);
• volume (somente para mercadorias).
Figura 7 – Modelo de gráfico de volume 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 581. 
• Gráfico de barras: este gráfico registra a evolução das cotações ao longo
do tempo por meio de barras verticais. Nele, as cotações para cada
período de tempo são representadas por uma linha vertical que liga os
pontos de cotação máxima e mínima.
Pinheiro (2016) destaca que o gráfico de barras é muito utilizado pelos
analistas, não só porque apresenta a evolução dos preços de forma
simples (máximo, mínimo e fechamento), como também porque permite
uma visualização da quantidade negociada diariamente nas bolsas (ver
Figura 8).
24 
Figura 8 – Modelo de Gráfico de Barras 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 583. 
• Gráfico ponto-figura: também conhecido como método do ponto-figura,
este gráfico é descrito por Pinheiro (2016) como um instrumento criado
para orientação das decisões de compra e venda de ações com base na
representação gráfica de interação entre a oferta e procura por
determinada ação em um pregão de bolsa de valores.
Para Pinheiro (2016, p. 584) este gráfico se diferencia do gráfico de barras
“no que se refere ao tempo. Enquanto o de barras sofre alterações em
função do tempo, no ponto-figura só ocorrem alterações em função do
preço. Por isso, esse gráfico pode ser considerado 'atemporal', porque
reflete oscilação expressivano mercado” (ver Figura 9).
25 
Figura 9 – Modelo de gráfico ponto-figura 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 584. 
• Gráfico candlestick: Pinheiro (2016, p. 584) destaca que "os gráficos
japoneses ou candlestick são ferramentas da análise gráfica que
proporcionam uma compreensão da psicologia do mercado,
especialmente do curto prazo, estudando os efeitos nas causas". O autor
completa que esses gráficos, mais que uma forma de reconhecimento de
figuras ou formações, mostram a interação entre compradores e
vendedores.
O autor esclarece que
embora pareça uma ferramenta nova para realização de análise 
técnica, esses gráficos tiveram sua origem no século XVII no Japão, 
quando começaram as negociações com os contratos futuros de arroz. 
A origem do nome candlestick resulta de sua utilização no Ocidente, 
que traduzindo para português seria “velas”, representando algo que 
se assemelha às figuras básicas produzidas com essa ferramenta. 
(Pinheiro, 2016, p. 585) 
26 
Figura 10 – Representações gráficas do gráfico candlesticks 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 585. 
5.1.2 Princípios das tendências gráficas 
Para Pinheiro (2016, p. 586), “a tendência representa a direção para a 
qual o mercado se movimenta. Nesse sentido, ela pode ser alta, de baixa ou 
lateral. A explicação para a existência dessas tendências é o desequilíbrio entre 
a oferta e a demanda”. 
O autor enfatiza que 
podemos identificar uma tendência de alta quando os níveis de cotação 
máximos e mínimos se superam uns aos outros sucessivamente, 
formando um movimento de zigue-zague. Já na tendência de baixa, os 
níveis de cotação máximos e mínimos vão descendo. 
Para a qualificação de uma tendência, devemos observar algumas 
características que representam os pontos de compra e venda 
[conforme descrito no Quadro 3]. (Pinheiro, 2016, p. 585) 
Quadro 3 – Características dos pontos 
Preços Ponto de compra Ponto de venda 
Abertura Não deve exceder o 
preço máximo anterior. 
Não deve exceder o preço 
mínimo anterior. 
Máximo/mínimo Preço máximo deve 
superar o anterior. 
Preço mínimo deve superar o 
anterior. 
27 
Fechamento Deve ser próximo sem 
ser inferior ao preço 
máximo. 
Deve ser próximo sem ser 
inferior ao preço mínimo. 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 586. 
5.2 Indicadores técnicos 
Além de gráficos, Pinheiro (2016, p. 595) alerta que para o 
desenvolvimento da análise técnica “são utilizados também os indicadores 
técnicos, que procuram trabalhar de forma mais determinísticas os movimentos 
de mercado”. 
Esses indicadores técnicos podem ser divididos em duas categorias: 
• indicadores de tendência (média móvel etc.);
• osciladores (momentum, índice de força relativa, estocástico etc.).
5.2.1 Médias móveis 
Pinheiro (2016) destaca que para eliminar o problema causado pelas 
possíveis flutuações das ações, que geram uma instabilidade no mercado, é 
comum o uso das médias móveis, pois estas proporcionam a identificação de 
tendências e suas reversões de direção. Para o autor, as médias móveis são 
indicadores que proporcionam a análise dos movimentos dos preços das ações. 
Para a construção da média móvel, escolhe-se determinado período de 
tempo e calcula-se a média dos preços dos dias para preços de fechamento. 
Essa média é chamada de móvel porque será sempre a média do último período 
acompanhado, ou seja, a cada novo dia de negociação subtrai-se da média o 
primeiro dia e soma-se o novo dia. 
Para interpretação dessas médias, devemos considerar os seguintes 
critérios: 
• as médias são linhas de resistência nos movimentos de alta e suporte nos
de baixa;
• quando as cotações estão num movimento de alta ou de baixa, a média
pode ser utilizada como aviso de reversão de tendência.
28 
5.2.2 Osciladores 
Conforme descrito por Pinheiro (2016, p. 596), “nem sempre o mercado 
encontra-se em tendência de alta ou de baixa. Pode estar, simplesmente, sem 
tendência ou numa tendência que não fornece parâmetros para análise. É nesse 
caso que utilizamos os parâmetros que poderemos obter com utilização dos 
osciladores”. 
 O autor define os osciladores como linhas que flutuam num movimento 
horizontal, que buscam expressar a velocidade com que variam os preços de 
uma ação em relação aos anteriores. 
5.2.2.1 Momentum 
Este indicador, segundo Pinheiro (2016), mede a velocidade com que 
variam os preços das ações em relação aos anteriores, ou seja, mede a taxa de 
incremento da variação ascendente ou descendente dos preços das ações. O 
seu cálculo é obtido com a diferença de preços num intervalo fixo de tempo: 
em que: 
C = cotação de fechamento do último pregão; 
Cn = cotação de fechamento desde n sessões. 
A interpretação deste indicador é feita em função da relação entre 
evolução dos preços e a linha do momentum. Se o preço da ação está num 
processo de alta e a linha do momentum também, isso representa uma 
aceleração da taxa de variação dos preços e consequentemente um sinal de 
alta. 
Ou seja: 
Se M aumenta  é um sinal de compra.
Se M diminui  é sinal de venda.
Se M permanece constante representa perda de força da
tendência, podendo haver mudança no
seu sentido.
5.2.2.2 Índice de força relativa 
29 
O índice de força relativa (relative strenght index – RSI) é um indicador 
desenvolvido por J. Welles Wilder Jr. que tem como objetivo ajudar o investidor 
a determinar os melhores momentos de compra e venda de ações. Este 
indicador mede a extensão na qual a ação tem tido um desempenho superior ou 
inferior ao mercado todo ou ao seu setor em particular. A força relativa é 
determinada ao calcular o quociente do preço do título para um índice de preços 
para o setor. 
O índice de força relativo possui alto poder de predição, já que detecta 
quando uma ação está supercomprada (overbought), sinalizando um momento 
de venda, ou supervendida (oversold), sinalizando um momento de compra. 
Seu cálculo requer observação de, no mínimo, 14 pregões para termos 
uma ideia de representatividade. 
A fórmula de cálculo do RSI é a seguinte: 
Em que: 
AU (average up)  média de incremento de preços de
fechamento em relação ao pregão anterior.
AD (average dow)  média de decréscimos de preços de
fechamento.
Na interpretação deste indicador devemos considerar que ele flutua entre 
0 (denominação total dos vendedores) e 100 (denominação total dos 
compradores). Portanto: 
Quando RSI > 70  a ação está supercomprada (momento de venda). 
Quando RSI < 70  a ação está supervendida (momento de compra). 
5.2.2.3 Estocástico (Stochastic) 
Desenvolvido por George C. Lane em 1957, esse indicador baseia-se na 
premissa de que uma ação está em tendência de alta quando seus valores 
máximos são obtidos no fechamento do pregão (Pinheiro, 2016). A hipótese 
contrária ocorre quando os valores mínimos se encontram também no 
30 
fechamento da sessão. Ou seja, esse oscilador mostra onde se encontra o preço 
de fechamento em relação à faixa formada entre os preços máximos e mínimos 
de certo período. 
O indicador geralmente é utilizado para análise de curto prazo em função 
da rapidez dos movimentos e de sua velocidade ser muito alta. 
Para calcula-lo, utilizamos a seguinte fórmula: 
Em que: 
U  última cotação. 
A  cotação mais alta do período. 
B  cotação mais baixa do período. 
Para a sua interpretação, devemos considerar que ele flutua entre 0 e 100, 
portanto: 
Quando %K > 80  sinal de venda. 
Quando %K , 80  sinal de compra. 
5.2.3 Aplicação dos indicadores técnicos à análise de tendências 
Pinheiro (2016) alerta que os indicadores não seguem uma linha reta em 
uma direção principal. É importante identificar o movimento principal dentro de 
diversos “ziguezague”(ver Quadro 4). Nesse sentido, cabe ao analista identificar 
algumas características dessa tendência. 
Quadro 4 – Características das tendências 
Itens 
Tendências 
Alta Baixa 
Cotação máxima Maior que a cotação máxima anterior 
Menor que a cotação 
máxima anterior 
Cotação mínima Maior que a cotação mínima anterior 
Menor que a cotação mínima 
anterior 
Linha de tendência Não há rompimento Não há rompimento 
Fonte: Pinheiro, 2016, p. 598. 
 
 
31 
TROCANDO IDEIAS 
Esta aula foi direcionada para pessoas que pretendem compreender e 
utilizar o mercado de capitais. Foram estudadas as principais ferramentas para 
uma análise técnica de ações, além dos conceitos e definições de análise técnica 
e as teorias que suportam esse método. Também foram explorados os 
indicadores técnicos que visam mostrar as tendências do mercado acionário. 
 
NA PRÁTICA 
Como vimos nesta aula, existem várias ferramentas para análise de ações 
como opção de investimento. Dentre os conjuntos de técnicas para a 
determinação do valor de uma ação no mercado de capitais existem duas que 
são mais conhecidas: a análise fundamentalista e a análise técnica de ações. 
A respeito do conteúdo visto na aula, reflita e responda à seguinte 
questão: Quais as características principais de cada uma dessas técnicas 
na determinação do valor de uma ação? 
FINALIZANDO 
Para compreender e utilizar o mercado de capitais e as diversas técnicas 
de avaliação de uma ação, nesta aula foram explorados os seguintes conteúdos: 
• análise fundamentalista de ações; 
• análise macroeconômica e setorial; 
• análise dos fundamentos da empresa; 
• análise técnica de ações; 
• análise gráfica e indicadores técnicos. 
 
 
 
32 
REFERÊNCIAS 
CRUZ, J. A. W.; ANDRICH, E. G.; MUGNAINI, A. Análise das demonstrações 
financeiras: teoria e prática. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2012. 
FINANCIALS. Guia de introdução a análise fundamentalista de ações. [S.l.]: 
[s.n.], 2007. Disponível em: <http://financials.com.br/wp-
content/uploads/2017/04/Ebook-Analise-Fundamentalista.pdf>. Acesso em: 3 
jan. 2018. 
FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 15. ed. Rio de Janeiro: 
Qualitymark, 2003. 
GUIA de análise técnica. Bússola do investidor. Disponível em: 
<https://www.bussoladoinvestidor.com.br/analise-tecnica>. Acesso em: 3 jan. 
2018. 
KERR, R. B. mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice 
Hall, 2011. 
MARTINS, L. Aprenda a investir: saiba onde e como aplicar o seu dinheiro. 
[S.l.]: Atlas, 2008. 
MICHELS, E.; OLIVEIRA, N.; WOLLENHAUPT, S. Fundamentos da economia. 
Curitiba: InterSaberes, 2013. 
PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 2006. 
______. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
ROSA, L. I.; SOARES, J. L. Análise de crédito e cobrança. Curitiba: Positivo, 
2015. 
 
	Conversa inicial
	Contextualizando
	Trocando ideias
	Na prática
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

Continue navegando