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FINANÇAS CORPORATIVAS E MERCADO DE CAPITAIS AULA 6 Prof. Luiz Itamar Rosa 2 CONVERSA INICIAL Olá! A aula de hoje tem caráter instrumental para pessoas que pretendem compreender e utilizar o mercado de capitais. Nesta aula serão conceituadas e apresentadas as principais ferramentas de uma análise técnica de ações. Serão explorados todos os conceitos e definições de análise técnica e as teorias que suportam esse método. Serão expostas também as diversas formas de análise gráfica, além da maneira como são elaborados e analisados os indicadores técnicos utilizados para mostrar as tendências do mercado acionário. Boa aula! CONTEXTUALIZANDO As duas maiores vertentes para análise técnica de ações são a análise fundamentalista e a grafista. A análise fundamentalista tem como objetivo descobrir, entre as alternativas existentes no mercado, as ações com melhores perspectivas em termos de valorização e pagamentos de dividendos após sua seleção, bem como qual o momento oportuno para compra. Já a análise técnica ou grafista é um estudo que se dedica à observação da evolução dos mercados com base em sua representação gráfica. O principal pressuposto desta técnica é que os preços das ações se movem em tendências que de alguma forma podem ser previstas. TEMA 1 – ANÁLISE FUNDAMENTALISTA DE AÇÕES Para Martins (2008) a análise fundamentalista se destaca como uma importante ferramenta para a avaliação de investimentos em ações, sendo seu princípio básico fundamentado por várias análises, que vão desde a análise financeira e econômica até a mercadológica. Também é considerado nesta prática o estudo das expectativas e projeções do futuro de uma empresa. Para Pinheiro (2016, p. 479) “a análise fundamentalista utiliza os fundamentos econômico-financeiros para a determinação do valor da empresa, com a finalidade de obter seu verdadeiro valor e formular uma recomendação sobre sua compra e venda”. A análise fundamentalista é 3 inerentemente profética, pois o analista faz projeções que objetivam encontrar equações futuras para as curvas de oferta e demanda do mercado. O fundamentalista frequentemente visa obter o dueto: causa e efeito de uma variável e seus impactos sobre o mercado, ou seja, preocupa- se em definir o motivo pelo qual os preços se direcionarão no futuro. As definições podem estar direcionadas a determinado tipo de ativo, como uma análise sob a ótica do mercado de ações. O mercado acionário exige um estudo aprofundado tanto da empresa quanto da economia, ao contrário dos outros ativos nos quais apenas os fatores econômicos são direcionadores da análise. (Financials, 2017, p. 5) Pinheiro (2016, p. 481-482) destaca os três pontos que devem ser considerados para estimar o valor de uma ação: 1. demonstrações financeiras passadas, bem como outras informações relevantes, que permitam a projeção mais provável possível da evolução futura da companhia emissora das ações; 2. situação atual da economia e estimativas futuras de variáveis com indiscutível influência sobre o preço e o valor de todas as ações negociadas; 3. grau de confiança do investidor em relação ao grau de intervenção governamental, que tem caracterizado o mercado brasileiro nos últimos anos. Além desses pontos, o autor destaca alguns fatores para a determinação do valor da empresa: • lucro esperado em exercícios anteriores; • investimentos realizados e a realizar; • fontes de financiamentos utilizadas. Pinheiro (2006) destaca que para utilização da análise fundamentalista deve-se adotar a hipótese denominada Mercado Eficiente, ou seja, este mercado deve ter a capacidade de refletir toda a informação relevante disponível e ajustar- se a uma nova informação de forma instantânea, podendo ainda ocorrer ineficiências na valorização a curto prazo, que estas sejam corrigidas ao longo do tempo. Fortuna (2003, p. 440) também destaca que “a análise fundamentalista é fundamental para o stock picking (escolha de ações), ou seja, a escolha da empresa cuja ação deve ser adquirida e, como consequência, a determinação de qual deve ser vendida em um determinado intervalo de tempo”. O autor menciona os principais indicadores diretos que influenciam os investidores na decisão de aquisição ou venda de uma ação: • o beta com o índice de bolsa (movimento da ação em relação ao movimento do índice); • o preço da ação no mercado; 4 • o lucro por ação; • o índice preço/lucro; • o índice preço/valor patrimonial da ação; • o índice dividendo/preço de mercado da ação; • o índice de dividendo/lucro – pay-out; • o índice preço/fluxo de caixa operacional. (Fortuna, 2003, p. 440) 1.1 Etapas do trabalho do analista fundamentalista Para o desenvolvimento do seu trabalho, o analista fundamentalista percorre as etapas descritas pela Figura 1: Figura 1 – Etapas do trabalho do analista fundamentalista Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2006, p. 226. 1.1.1 Primeira etapa: pesquisa Para Pinheiro (2016), na etapa da pesquisa o analista deverá coletar todas as informações sobre a companhia. Para tanto, ele deve ter conhecimento de todas as variáveis que envolvem o desempenho e funcionamento da empresa. As principais fontes de pesquisa utilizadas para esse levantamento são: • entrevistas pessoais com dirigentes das empresas; representantes de associações de classe (patronal e empregatícios); clientes e público interno. • Leitura de: 5 • relatórios macroeconômicos; • relatórios setoriais; • demonstrações contábeis publicadas; • informações em real time (CNN, Broadcasting etc.); • imprensa especializada; • publicações especiais. • Base de dados como: Internet, bolsa de valores e corretoras de valores. (Pinheiro, 2016, p. 485) 1.1.2 Segunda etapa: transformação da informação em ideia Esta etapa corresponde ao desenvolvimento da análise e nela será demonstrado o conhecimento do tema. A transformação da informação em ideia é o principal valor agregado pelo analista. Por isso, utiliza as seguintes ferramentas: • habilidade para conseguir a informação; • informática; • conhecimento de métodos analíticos; • bom-senso; • experiência. 1.1.3 Terceira etapa: comunicação das ideias Para que uma análise possa ter valor ela deve ser bem elaborada e transmitida de forma adequada a seu demandante. Por isso, é necessária uma boa comunicação de ideias entre o analista e o cliente. Para que ocorra essa comunicação, Pinheiro (2016, p. 485) elenca os tipos de clientes para quais o analista trabalha: • Cliente institucional: são aqueles que gerenciam carreiras de vários investidores e têm necessidade de recomendações relativas. • Cliente particular: são aqueles que gerenciam seus recursos diretamente e têm necessidades de recomendações absolutas. Após a identificação desses clientes, ele deverá escolher qual a melhor forma de comunicação de suas ideias, que pode ser de: • Forma direta: por meio de visitas a clientes e contatos telefônicos; e • Forma indireta: através de informes publicitários e campanha publicitária. TEMA 2 – ANÁLISE MACROECONÔMICA E SETORIAL Kerr (2011) resume que a análise fundamentalista é aquela que considera os fatores internos e externos à empresa. Dentro das informações internas das empresas, uma das principais fontes consideradas são aquelas geradas por suas demonstrações financeiras, uma vez que todas es empresas que possuem 6 ações em bolsa são obrigadas a divulgar tais informações. Já os fatores externos às organizações são aqueles que podem influenciar seu desempenho como, por exemplo, dados macroeconômicos (conjuntura econômica, câmbio, crescimento do Produto Interno Bruto – PIB etc.) e todos os dados sobreo setor econômico de atuação da companhia e do mercado acionário. 2.1 Análise macroeconômica Para Pinheiro (2016, p. 492), não é possível desenvolver uma análise da economia nacional sem utilizar conceitos da teoria macroeconômica pois, segundo o autor, esses conceitos: [fornecem] os parâmetros para a mensuração da atividade econômica, tornando possível a utilização de um número de variáveis fundamentais. Isso porque trabalha sobre as relações entre as diversas variáveis, eliminando muitos dos fatores que afetam o comportamento individual e permitindo a análise e a previsão do comportamento da economia e de seus agentes. A utilização de uma análise macroeconômica se justifica, pois, a bolsa de valores deve refletir de alguma forma o desempenho da economia na qual ela está inserida. Se a economia vai bem, as empresas têm a possibilidade de obter bom desempenho e consequentemente suas ações subirão, provocando uma alta da bolsa. Esse enfoque é muito útil também para administradores de carteiras e para analistas generalistas. O autor ainda destaca que a macroeconomia é o ambiente no qual as empresas operam (Pinheiro, 2006). Portanto, a capacidade de prevê-la pode traduzir-se em grandes oportunidades de ganhos nos investimentos em ações. O objetivo da macroeconomia é o estudo de um conjunto de variáveis macroeconômicas cujas inter-relações presidem o funcionamento do sistema econômico. A estrutura básica de um modelo macroeconômico compõe-se pela parte real e a parte monetária da economia, que pode ser vista pelos seus mercados, conforme ilustra a Figura 2. 7 Figura 2 – Estrutura básica de um modelo macroeconômico Fonte: Pinheiro, 2006, p. 229. Nesse contexto, Pinheiro (2016, p. 493) destaca alguns indicadores econômicos mais importantes, cuja relevância afeta significativamente o comportamento do mercado de capitais: Sobre a análise das variáveis macroeconômicas, é importante destacar que: • as variáveis estão relacionadas entre si, e não se pode isolar seu efeito sobre a bolsa; • de tempos em tempos, os analistas bursáteis estão mais preocupados com uma variável que outra, e isso faz com que seu efeito na bolsa seja maior, ainda que transitório; • o importante para a análise macroeconômicos é a evolução futura das principais variáveis econômicas citadas, e não tanto os dados históricos; • a análise macroeconômica não pode ser feita sem levar em consideração a conjuntura econômica internacional. Com a globalização, as economias estão cada vez mais relacionadas, e as bolsas seguem o mesmo caminho. 2.1.1 Taxas de juros Para Pinheiro (2016, p. 395) “a taxa de juro é uma variável-chave no comportamento da bolsa de valores, e isso por várias razões”. A taxa de juros tem um papel estratégico nas decisões dos mais variados agentes econômicos, afetando diretamente os custos financeiros das empresas e as expectativas de investimentos da economia, porque: • Se as taxas de juros caem, os investidores vão à bolsa buscando maior rentabilidade; a demanda de ações sobe e, com ela, os preços das ações. 8 • Quando as taxas de juros da economia caem, os investidores buscam novas formas de obter rentabilidade e consequentemente migram para as aplicações de renda variável, ou seja, passam a comprar mais ações e provocam alta nos preços das ações. • Já quando as taxas de juros aumentam, os investidores passam a considerar a atratividade das aplicações de renda fixa e migram seus investimentos para esse tipo de operação, ocasionando queda nos preços das ações. • Taxas de juros baixas supõem menos custos financeiros para as empresas e maior consumo de famílias e empresas. Tudo isso faz crescerem os lucros empresariais, o que se traduz em cotações mais altas de suas ações. • Quando as taxas de juros da economia estão baixas, as pessoas tendem a consumir mais, e os custos financeiros das empresas passam a ser menores. Esses fatores geram um aumento no potencial de ganho das empresas e se refletem nas cotações de suas ações, que passam a ter preço mais alto. 2.1.2 Inflação Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013, p. 94) conceituam inflação como “um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços”. Para Pinheiro (2016, p. 496), a inflação pode ser causada por: • aumento da demanda maior que a oferta existente, provocando um aumento nos preços em função da escassez; • aumento nos custos dos insumos e mão de obra, que são repassados aos preços finais; e • aumento da quantidade de moeda em circulação na economia, gerando aumento em termos monetários dos produtos negociados, ainda que em termos reais os preços continuem iguais. Em um processo inflacionário intenso, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorrendo um desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais. A inflação afeta a bolsa de valores da seguinte forma: 9 • obriga as autoridades monetárias a reduzir a oferta monetária da economia e, com isso, aumenta o preço do dinheiro (taxa de juros); • dificulta o crescimento econômico em função do desestímulo à produção. Conclui-se com isso que uma inflação ascendente gera queda na bolsa de valores. Por outro lado, a inflação num processo descendente ou estável estimula a negociação nesse mercado. 2.1.3 Taxa de câmbio Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013, p. 112) definem a taxa de câmbio como “o preço de uma moeda expresso em outra. Ela se apresenta como o número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira". Segundo os autores, uma desvalorização da moeda nacional faz com que os bens oriundos do exterior sejam mais caros no mercado nacional. As taxas de câmbio de uma economia dependem de variáveis como, por exemplo: • Aumento de preços dos produtos (inflação): uma alta da inflação provoca a necessidade de ajustes na taxa de câmbio, para que este passe a refletir o poder de compra real da moeda local. • Balança de comercial: de forma geral, a relação entre as entradas de recursos externos (exportações) e suas saídas (importações). • Balanço de pagamentos: outra forma de entrada e saída de moeda externa na economia é por meio dos investimentos estrangeiros que o país recebe. Quando ocorre grande entrada ou saída de capitais em uma economia, há um respectivo aumento na oferta e na demanda de moeda externa e, como consequência, a taxa de câmbio se altera. 2.1.4 Crescimento econômico Para Michels, Oliveira e Wollenhaupt (2013, p. 144), o crescimento econômico é definido como um processo de mudança estrutural de longo prazo em um sistema econômico. Este processo é decorrente do aumento dos recursos disponíveis e/ou sua melhor utilização, tendo como resultado o aumento da renda per capita real (PIB dividido pela população do país), e os níveis de consumo e bem- estar da coletividade. Os autores resumem desenvolvimento econômico como 10 a soma de crescimento, industrialização com mudanças estruturais, especialmente no setor externo e agrícola, e com melhoria na distribuição da renda pessoal e regional acompanhada do nível de emprego. O crescimento econômico produz aumento nos lucros empresariais e por consequência no lucro por ação. (Michels; Oliveira; Wollenhaupt, 2013, p. 144) Pinheiro (2016) detalha alguns fatores que influenciam os resultados econômicos de uma organização, podendo afetar seu crescimento: • sensibilidade das vendas; • alavancagem operacional; • alavancagem financeira. 2.1.5 Risco-país Para Pinheiro (2016), o risco-país é uma medida de risco de crédito de uma nação, ou seja, a possibilidade de o país tornar-se inadimplentecom seus credores estrangeiros. Este indicador expressa o risco de crédito a que os investidores estrangeiros são submetidos quando investem em determinado país. Pinheiro (2016) também destaca que o risco-país é medido por meio do rating, que é uma nota ou classificação de risco atribuída a um país emissor de dívida de acordo com a avaliação sobre sua capacidade de honrar, pontual e integralmente, suas dívidas. A análise do risco-país é realizada por empresas especializadas em análise de crédito, as denominadas agências de classificação de risco. As principais agências internacionais que realizam a classificação de risco são a Standard & Poor's (S&P), a Fitch Ratings e a Mody's. De forma geral, as notas atribuídas podem habilitar ou desabilitar um país a receber investimentos estrangeiros. Pinheiro (2016, p. 500) lembra que “alguns dos grandes investidores internacionais possuem restrições para aplicações em países que têm avaliações como especulativos pelas agências internacionais de rating. Portanto, só podem investir em países que possuem notas dentro da categoria de investimento”. 11 2.1.6 Análise setorial Depois de analisar a macroeconomia, a próxima etapa é a determinação da análise do setor específico em que a empresa atua. Essa análise tem como foco não só as estimativas do setor de atuação, mas também a evolução futura das principais variáveis na história do próprio setor e na diferenciação de cada uma das empresas que o compõem em função de suas estratégias de crescimento. Para Pinheiro (2016, p. 502), "a análise setorial é um estudo de agrupamentos setoriais que examina a posição competitiva de um dado setor em relação a outros". Ela aborda os seguintes aspectos: • regulamentação e aspectos legais: avaliar o quanto o segmento sofre regulamentação; • ciclos de vidas do setor: avaliar em que estágio se encontra a empresa dentro do seu ciclo de vida (inicial, consolidado, maduro ou em queda); • estrutura da oferta e exposição à concorrência estrangeira; • sensibilidade à evolução da economia: setores cíclicos, acíclicos e contra cíclicos; • exposição a oscilações de preços; • tendências a curto e médio prazo. (Pinheiro, 2006) TEMA 3 – ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS DA EMPRESA Após a avaliação da influência das variáveis macroeconômicas no desempenho da empresa e da análise da performance do setor em relação aos demais setores da economia, é necessária a determinação dos fundamentos da empresa, que, segundo Pinheiro (2016, p. 510) são os seguintes: • o potencial de crescimento da empresa; • o nível de risco relativo em três campos: • risco do negócio: incertezas e volatilidade dos lucros e fluxos de caixa, que dependem das vendas e do grau de alavancagem operacional (relação entre custos fixos e variáveis); • alavancagem financeira: mede a parte do negócio financiado a longo prazo e a capacidade de fazer frente aos pagamentos a curto prazo; e • capacidade de captação de financiamento externo; • a flexibilidade financeira, definida como a habilidade de obter caixa para fazer frente aos pagamentos a curto prazo. Existem três fontes básicas: 12 • recursos próprios da empresa; • ativos líquidos; e • recursos de terceiros. A realização dessa análise só é completa se conjugada com a análise das demonstrações contábeis, que consistem em uma ferramenta fundamental, pois fornecem vários dados econômicos e financeiros sobre o atual cenário de uma empresa (Rosa; Soares, 2015). Pinheiro (2016) relata que as demonstrações contábeis representam um conjunto de transações econômicas e financeiras ocorridas nas empresas em um determinado período. Esse conjunto de informações é uma ferramenta importante para a compreensão do valor da companhia e consequente fundamentação para a compra e venda de suas ações. Por meio dessas demonstrações podemos compreender tanto as aplicações como as fontes de financiamentos que deram origem a tais aplicações. As demonstrações mais comuns elaboradas pelas empresas, bem como suas funções, são descritas no Quadro 1. Quadro 1 – Objetivos das demonstrações contábeis Demonstrações Principais objetivos Balanço patrimonial É uma das demonstrações contábeis que visa evidenciar, de forma sintética, a situação patrimonial da empresa e dos atos e fatos consignados na escrituração contábil. Demonstração do resultado Destina-se a evidenciar a formação do resultado do exercício, mediante confronto das receitas, custos e despesas incorridas no exercício. Essa demonstração deve ser apresentada na posição vertical, e seus componentes devem ser discriminados de forma sequencial. Demonstração das mutações do patrimônio líquido Essa demonstração evidencia a movimentação de todas as contas do Patrimônio Líquido (PL) durante o exercício social, inclusive denotando a formação e a utilização das reservas não derivadas do lucro. Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados Essa demonstração possibilita a evidenciação clara do lucro do período, sua distribuição e a movimentação ocorrida no saldo da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Demonstração do fluxo de caixa A utilidade desta demonstração é a análise do desempenho financeiro da empresa. Pela Demonstração pode-se saber se a empresa foi autossuficiente no financiamento de seu giro e qual sua capacidade de expansão com recursos próprios gerados pelas operações da empresa. Fonte: Adaptado de Pinheiro, 2016, p. 511. 13 Pinheiro (2016) destaca que embora existam várias formas de avaliar as demonstrações contábeis, a avaliação por meio de indicadores ou índices é uma técnica que proporciona compreensão e uma visão das diversas relações entre os itens dos demonstrativos. Para utilizar a técnica de análise de indicadores é importante determinar quais deles são importantes para mensurar a situação econômica e financeira da empresa. A Figura 3 ilustra alguns dos indicadores mais utilizados na análise das demonstrações financeiras, separados por grupos. Figura 3 – Agrupamentos dos índices Fonte: Pinheiro, 2016, p. 512. É importante destacar que a análise de um único índice não nos possibilita avaliar toda a empresa. Para isso, torna-se necessária a utilização de um conjunto de índices distintos que retratariam os diferentes aspectos que envolvem a empresa (ver Quadro 2). 14 Quadro 2 – Quadro de indicadores Aspectos Indicador Índice Fórmula Econômicos Vendas Evolução de vendas Receita líquido ano atual/receita líquida ano anterior (-) 1 . 100 Lucratividade Bruta Lucro bruto/receita líquida . 100 Operacional Lucro operacional/receita líquida . 100 Líquida Lucro líquido/receita líquida . 100 Rentabilidade Patrimônio Líquido Lucro líquido/patrimônio líquido . 100 Ativo Ativo total/patrimônio líquido . 100 Operacionais Rotatividade (dias) Cobrança Média de contas a receber (*)/receitas líquidas . 365 Estoques Média dos estoques (*)/custo mercadoria vendida . 365 Fornecedores Média de fornecedores (*)/custo mercadoria vendida . 365 Financeiros Endividamento Total Passivo circulante (+) exigível de longo prazo/patrimônio líquido . 100 Total curto prazo Passivo circulante/patrimônio líquido . 100 Total longo prazo Exigível de longo prazo/patrimônio líquido . 100 Financeiro total Dívidas bancárias de curto prazo (+) dívidas bancárias de longo prazo/patrimônio líquido . 100 Financeiro curto prazo Dívidas bancárias de curto prazo/patrimônio líquido . 100 Financeiro longo prazo Dívidas bancárias de longo prazo/patrimônio líquido . 100 Liquidez Geral Ativo Circulante (+) realizávelde curto prazo/passivo circulante (+) exigível de longo prazo Corrente Ativo Circulante/Passivo Circulante Seca Ativo circulante (-) Estoques/Passivo Circulante 15 (*) Média = soma dos dois últimos anos dividido por dois. Fonte: Rosa; Soares, 2015, p.137. 3.1 Análise da situação econômica Ao analisarmos a situação econômica de uma empresa, estamos tratando, basicamente, da mensuração, avaliação e interpretação dos lucros ou prejuízos gerados e sua comparação com os recursos aplicados com essa finalidade. Os principais indicadores que são calculados para avaliar a situação econômica são: • evolução em vendas; • lucratividade bruta; • lucratividade operacional; • lucratividade líquida; • rentabilidade do patrimônio líquido; • rentabilidade do ativo. 3.2 Análise do ciclo operacional Segundo Cruz, Andrich e Mugnaini (2012), este tipo de análise ajuda o analista a entender e identificar os problemas de compatibilização entre prazos de renovação dos estoques, recebimentos de duplicatas e pagamento a fornecedores. Eventuais descompassos de prazos podem gerar sérios problemas financeiros que podem comprometer a continuidade dos negócios da empresa. Os indicadores que são calculados para avaliar o ciclo operacional são: • rotatividade em dias das contas a receber; • rotatividade em dias da renovação dos estoques; • rotatividade em dia do pagamento a fornecedores. 3.3 Análise da situação financeira Para Pinheiro (2016), quando analisamos a situação financeira de uma empresa estamos nos referindo a sua capacidade de saldar seus compromissos tanto no presente quanto no futuro. 16 A situação financeira pode ser avaliada pelas relações entre elementos patrimoniais que retratam a liquidez, sua estrutura patrimonial e seu ciclo operacional. Para avaliar a situação financeira os principais indicadores são: • endividamento total; • endividamento total de curto e longo prazo; • endividamento financeiro total; • endividamento financeiro de curto e longo prazo; • liquidez geral; • liquidez corrente; • liquidez seca. 3.4 Índices para análise de desempenho específicos Pinheiro (2016) destaca que as empresas constituem o ponto de convergência de várias forças econômicas, e a nenhuma delas se pode atribuir prioridade absoluta sobre as outras. Os principais indicadores para esta análise são: • posição de mercado (vendas da empresa/vendas do setor); • ocupação geográfica (número de filiais e sua distribuição geográfica); • imagem e atratividade (novos clientes/total de clientes); • produtividade total (produtividade/número de empregados); • produtividade por empregado (número de empregados por unidade/número total de empregados); • mão de obra utilizada (número de horas extras/número de horas normais); • investimentos em treinamento por empregado (número de empregados/número total de empregados). TEMA 4 – A ANÁLISE TÉCNICA DE AÇÕES A análise técnica de ações é definida por Pinheiro (2016, p. 570) como “um estudo dos movimentos passados dos preços e dos volumes de negociação de ativos financeiros, com o objetivo de fazer previsões sobre o comportamento futuro dos preços”. 17 Pinheiro (2016) explica que os primórdios da análise técnica se deram por volta de 1700, quando algumas famílias japonesas começaram a formular o preço do que hoje chamamos de Contratos Futuros de Arroz. Essas famílias passaram a acompanhar o comportamento do preço do arroz e formular tendências. Esse método é conhecido mundialmente como candlestick (gráfico em formato de vela). Para essa análise, as variações dos preços de mercado não são independentes das variações passadas, ou seja, segundo a escola técnica, as séries de preços de mercado apresentam padrões perceptíveis, e cabe ao analista identificar tendências e saber interpretá-las. Diferente da análise fundamentalista, que leva em consideração resultados da empresa, dividendos, endividamento e liquidez, na análise técnica o que importa são os fatores de procura e oferta internos e externos da empresa, para os quais é crucial entender os movimentos do mercado. Em resumo, essa análise tem como foco o estudo de como os preços movimentam-se, não se preocupando com o porquê dessa movimentação. Os princípios da análise técnica são: • A ação do mercado reflete todos os fatores nele envolvidos. • Os preços se movimentam em tendências. • O futuro reflete o passado. Para Pinheiro (2016, p. 570-571), as principais premissas da análise técnica são: • O preço já está afetado pelos fatores que podem influenciar seu preço: a análise do gráfico do valor da ação será tudo que necessitamos para predizer a tendência de seu preço, sem importar a razão que o provoca. • Os preços movem-se em tendências: entender o conceito de tendência é de grande valia, uma vez que o propósito da análise técnica é identificar em que direção se movem os preços para tentar assumir posições no começo da tendência. • A história se repete: a análise técnica fundamenta-se na premissa de que, se determinadas figuras, indicadores e osciladores funcionaram bem no passado, isso pode ocorrer no futuro. Supõem que o investidor tende a reagir de forma similar a situações já vivenciadas anteriormente. 4.1 Teorias da análise técnica Desde o início das atividades em bolsa de valores, há vários séculos, surgiram diversas teorias para tentar prever o desempenho dos mercados de 18 capitais. Pinheiro (2016) destaca as duas principais teorias mais utilizadas para este tipo de técnica: a de Charles H. Dow e de Nelson Elliot. 4.1.1 Teorias de Charles Dow A teoria Dow é descrita por Pinheiro (2016) como uma série de artigos publicados entre 1900 a 1902 no The Wall Street Journal, nos quais Charles H. Dow identifica as tendências de mercado. Dow nunca escreveu livros sobre suas teorias – ele simplesmente as divulgava nos editoriais dos jornais. Após sua morte em 1902, suas ideias ficaram conhecidas como a Teoria Dow. Ela é considerada como a mais antiga das teorias que explica a existência de grandes tendências no mercado de capitais. Daí o surgimento, nos Estados Unidos, do conhecido índice Dow Jones. Atualmente, todos os países que possuem mercado de ações organizados em bolsa de valores utilizam índices que retratam a média do comportamento dos preços. No Brasil temos hoje o Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, o principal índice de ações do mercado. Os dois pressupostos que sustentam a Teoria Dow são: • “Os preços descontam tudo”, ou seja, as alterações diárias ocorridas nos índices já consideram o julgamento de todos os investidores, sendo já descontadas todas as alterações que podiam afetar a oferta e a demanda das ações. • O mercado apresenta movimentos oscilatórios de três amplitudes distintas: longo prazo, compreendendo períodos de um ano ou mais; médio prazo, com duração de três semanas e alguns meses; e curto prazo, com duração de seis dias a três semanas. (Pinheiro, 2016, p. 571). 4.1.1.1 Análise de tendências segundo a Teoria Dow Segundo Pinheiro (2016), a determinação de tendências pregada pela Teoria Dow utiliza técnicas de traçado de linhas de tendências, identificação de formação que sinaliza essas tendências e estudo de descontinuidade de preços (gaps). Dow dividiu as tendências de sua teoria em três categorias: • Tendência primária: considerada a tendência principal de um mercado. Ela apresenta um movimento longo que pode ser de alta ou de baixa e que leva a uma grande valorização ou desvalorização dos ativos. Porém, não existem regras matemáticas exatas para definir o tempo de duração dessas tendências, entretanto, as tendências primárias duram váriosanos. 19 • Tendência secundária: é considerada reação que ocorre nos mercados dentro da tendência primária. Sua amplitude é muito menor e pode durar várias semanas e uns poucos meses, sendo também considerada de correção na tendência principal. • Tendência terciária: essa tendência dura curto espaço de tempo, que pode ser de algumas horas ou de no máximo algumas sessões. É considerada uma pequena flutuação da tendência secundária, sendo, portanto, movimentos do dia a dia. (Pinheiro, 2016, p. 572- 573) Pinheiro (2016) destaca que as tendências sugeridas por Dow têm esse comportamento por causa da velocidade da difusão das informações relevantes para sua formação. 4.1.2 Teorias das ondas de Elliot Criada em 1939 pelo contador Ralph Nelson Elliot, a Teoria Elliot é considerada pelos especialistas da área como uma das principais ferramentas para localizar ou até antecipar determinadas fases da bolsa. Pinheiro (2016) evidencia que o princípio das ondas proposto por Elliot foi baseado em observações, feitas durante vários anos, dos integrantes do mercado, suas tendências e suas mudanças, que seguem determinado tipo de comportamento identificável em formas de padrões ou figuras (ondas). Utilizando os dados relativos aos valores do Dow Jones Industrials Average (DJIA), criado por Charles Dow, Elliot descobriu que mudanças nos preços das ações que compõem o índice seguem uma estrutura harmônica básica, que pode ser encontrada na natureza. A partir dessa descoberta, ele desenvolveu um sistema racional de análises do mercado. Elliot conseguiu demonstrar e provar graficamente que o movimento dos preços das ações tem um comportamento cíclico formando padrões geométricos, os quais eram gerados pelo comportamento do emocional de massa no mercado financeiro. Pinheiro (2016) destaca que, para a Teoria Elliot, cada decisão do mercado é resultante de informações relevantes, que por sua vez também produz informação significativa no mercado. Essa trama nos revela a interdependência de decisões e informações no mercado de capitais. Com essas constatações, Elliot estudou o comportamento dos preços das bolsas e identificou o surgimento de figuras e formações no mercado que refletem o comportamento de seus participantes. Após conhecermos essas 20 formações, sabemos que elas se repetem ao longo do tempo e podem ser reconhecidas, possibilitando assim a previsão de comportamento da ação. 4.1.2.1 Análise de tendências segundo a Teoria Elliot Elliot destaca que as atividades humanas apresentam três aspectos distintos: padrão, tempo e razão, interpretados com auxílio das séries de Fibonacci e expressos por meio de ondas. Quando compreendidas, as ondas servem como parâmetro para acompanhamento dos movimentos das ações no mercado. Pinheiro (2016) destaca que depois de concluir seus estudos, Elliot chegou à conclusão de que uma tendência de alta ou de baixa é composta por cinco ondas, sendo que as três primeiras correspondem à tendência predominante e as duas seguintes a um ajuste ou correção nessa tendência, ou seja, apresentariam um sentido contrário às três primeiras (ver Figuras 4 e 5). Figura 4 – Tendências de alta Fonte: Pinheiro, 2016, p. 579. 21 Figura 5 – Tendências de baixa Fonte: Pinheiro, 2016, p. 579. TEMA 5 – ANÁLISE GRÁFICA E INDICADORES TÉCNICOS 5.1 Análise gráfica A análise gráfica é descrita por Pinheiro (2016) como sendo um dos pilares da análise técnica. Muitos analistas técnicos baseiam-se exclusivamente nos gráficos para fazer suas recomendações e por isso são chamados de grafistas. Introduzida no Brasil a partir da década de 1970, a análise gráfica foi baseada no modelo norte-americano, por isso foram necessários alguns anos para sua “tropicalização”. A hipótese básica desta análise é que as expectativas dos investidores a respeito do desempenho de determinada ação refletem-se no seu comportamento bursátil. Com isso, torna-se possível a realização de previsões mais precisas de seus movimentos futuros em função de suas oscilações passadas. Podemos dizer que o principal objetivo dessa análise seria a identificação de “tendências” e “pontos de reversão” por meio da análise de formações anteriores. 5.1.1 Como usar os gráficos de análise técnica? O gráfico é o panorama do que acontece com um ativo da bolsa, e o preço mostra o equilíbrio entre a demanda e a oferta criada pelos investidores. É muito importante que o investidor tenha uma compreensão completa sobre o gráfico de análise técnica porque, caso contrário, tópicos mais 22 avançados como os diferentes tipos gráficos, padrões de figuras, indicadores e regras para compra, venda, entrada, saída e gerenciamento de risco dificilmente serão bem aplicados. Nesse contexto, para usar corretamente um gráfico de análise técnica é preciso entender cada elemento que o compõe, para isso é necessário compreender todos os tipos de gráficos utilizados nesta análise. (Guia..., 2018) 5.1.1.1 Tipos de gráficos Pinheiro (2016) menciona que os gráficos podem ser elaborados de diversas maneiras, segundo a informação que nos fornecem ou como está disposta essa informação. Geralmente, os gráficos registram a evolução das cotações no decorrer do tempo. Os gráficos mais utilizados na análise gráfica para previsões futuras dos preços das ações são: • Gráfico de linha: consiste numa representação das cotações em intervalos de tempos regulares unidas por linhas retas (ver Figura 6). O gráfico de linha registra a evolução de uma ação ao longo do período analisado. Figura 6 – Modelo de gráfico de linha Fonte: Pinheiro (2016. pág., 581) O gráfico pode ser construído com base em distintas formas de cotações, conforme a necessidade: abertura; fechamento; máxima; mínima; e média. • Gráfico de volume: por volume compreendemos o valor monetário das transações realizadas num período determinado ou o número de ações negociadas num período (ver Figura 7). O gráfico de volume pode representar as seguintes unidades: 23 • volume negociado, em dinheiro (somente para ações); • quantidade de lotes negociados (somente para ações); • número de negócios (somente para ações); • contratos em aberto (somente para mercadorias); • volume (somente para mercadorias). Figura 7 – Modelo de gráfico de volume Fonte: Pinheiro, 2016, p. 581. • Gráfico de barras: este gráfico registra a evolução das cotações ao longo do tempo por meio de barras verticais. Nele, as cotações para cada período de tempo são representadas por uma linha vertical que liga os pontos de cotação máxima e mínima. Pinheiro (2016) destaca que o gráfico de barras é muito utilizado pelos analistas, não só porque apresenta a evolução dos preços de forma simples (máximo, mínimo e fechamento), como também porque permite uma visualização da quantidade negociada diariamente nas bolsas (ver Figura 8). 24 Figura 8 – Modelo de Gráfico de Barras Fonte: Pinheiro, 2016, p. 583. • Gráfico ponto-figura: também conhecido como método do ponto-figura, este gráfico é descrito por Pinheiro (2016) como um instrumento criado para orientação das decisões de compra e venda de ações com base na representação gráfica de interação entre a oferta e procura por determinada ação em um pregão de bolsa de valores. Para Pinheiro (2016, p. 584) este gráfico se diferencia do gráfico de barras “no que se refere ao tempo. Enquanto o de barras sofre alterações em função do tempo, no ponto-figura só ocorrem alterações em função do preço. Por isso, esse gráfico pode ser considerado 'atemporal', porque reflete oscilação expressivano mercado” (ver Figura 9). 25 Figura 9 – Modelo de gráfico ponto-figura Fonte: Pinheiro, 2016, p. 584. • Gráfico candlestick: Pinheiro (2016, p. 584) destaca que "os gráficos japoneses ou candlestick são ferramentas da análise gráfica que proporcionam uma compreensão da psicologia do mercado, especialmente do curto prazo, estudando os efeitos nas causas". O autor completa que esses gráficos, mais que uma forma de reconhecimento de figuras ou formações, mostram a interação entre compradores e vendedores. O autor esclarece que embora pareça uma ferramenta nova para realização de análise técnica, esses gráficos tiveram sua origem no século XVII no Japão, quando começaram as negociações com os contratos futuros de arroz. A origem do nome candlestick resulta de sua utilização no Ocidente, que traduzindo para português seria “velas”, representando algo que se assemelha às figuras básicas produzidas com essa ferramenta. (Pinheiro, 2016, p. 585) 26 Figura 10 – Representações gráficas do gráfico candlesticks Fonte: Pinheiro, 2016, p. 585. 5.1.2 Princípios das tendências gráficas Para Pinheiro (2016, p. 586), “a tendência representa a direção para a qual o mercado se movimenta. Nesse sentido, ela pode ser alta, de baixa ou lateral. A explicação para a existência dessas tendências é o desequilíbrio entre a oferta e a demanda”. O autor enfatiza que podemos identificar uma tendência de alta quando os níveis de cotação máximos e mínimos se superam uns aos outros sucessivamente, formando um movimento de zigue-zague. Já na tendência de baixa, os níveis de cotação máximos e mínimos vão descendo. Para a qualificação de uma tendência, devemos observar algumas características que representam os pontos de compra e venda [conforme descrito no Quadro 3]. (Pinheiro, 2016, p. 585) Quadro 3 – Características dos pontos Preços Ponto de compra Ponto de venda Abertura Não deve exceder o preço máximo anterior. Não deve exceder o preço mínimo anterior. Máximo/mínimo Preço máximo deve superar o anterior. Preço mínimo deve superar o anterior. 27 Fechamento Deve ser próximo sem ser inferior ao preço máximo. Deve ser próximo sem ser inferior ao preço mínimo. Fonte: Pinheiro, 2016, p. 586. 5.2 Indicadores técnicos Além de gráficos, Pinheiro (2016, p. 595) alerta que para o desenvolvimento da análise técnica “são utilizados também os indicadores técnicos, que procuram trabalhar de forma mais determinísticas os movimentos de mercado”. Esses indicadores técnicos podem ser divididos em duas categorias: • indicadores de tendência (média móvel etc.); • osciladores (momentum, índice de força relativa, estocástico etc.). 5.2.1 Médias móveis Pinheiro (2016) destaca que para eliminar o problema causado pelas possíveis flutuações das ações, que geram uma instabilidade no mercado, é comum o uso das médias móveis, pois estas proporcionam a identificação de tendências e suas reversões de direção. Para o autor, as médias móveis são indicadores que proporcionam a análise dos movimentos dos preços das ações. Para a construção da média móvel, escolhe-se determinado período de tempo e calcula-se a média dos preços dos dias para preços de fechamento. Essa média é chamada de móvel porque será sempre a média do último período acompanhado, ou seja, a cada novo dia de negociação subtrai-se da média o primeiro dia e soma-se o novo dia. Para interpretação dessas médias, devemos considerar os seguintes critérios: • as médias são linhas de resistência nos movimentos de alta e suporte nos de baixa; • quando as cotações estão num movimento de alta ou de baixa, a média pode ser utilizada como aviso de reversão de tendência. 28 5.2.2 Osciladores Conforme descrito por Pinheiro (2016, p. 596), “nem sempre o mercado encontra-se em tendência de alta ou de baixa. Pode estar, simplesmente, sem tendência ou numa tendência que não fornece parâmetros para análise. É nesse caso que utilizamos os parâmetros que poderemos obter com utilização dos osciladores”. O autor define os osciladores como linhas que flutuam num movimento horizontal, que buscam expressar a velocidade com que variam os preços de uma ação em relação aos anteriores. 5.2.2.1 Momentum Este indicador, segundo Pinheiro (2016), mede a velocidade com que variam os preços das ações em relação aos anteriores, ou seja, mede a taxa de incremento da variação ascendente ou descendente dos preços das ações. O seu cálculo é obtido com a diferença de preços num intervalo fixo de tempo: em que: C = cotação de fechamento do último pregão; Cn = cotação de fechamento desde n sessões. A interpretação deste indicador é feita em função da relação entre evolução dos preços e a linha do momentum. Se o preço da ação está num processo de alta e a linha do momentum também, isso representa uma aceleração da taxa de variação dos preços e consequentemente um sinal de alta. Ou seja: Se M aumenta é um sinal de compra. Se M diminui é sinal de venda. Se M permanece constante representa perda de força da tendência, podendo haver mudança no seu sentido. 5.2.2.2 Índice de força relativa 29 O índice de força relativa (relative strenght index – RSI) é um indicador desenvolvido por J. Welles Wilder Jr. que tem como objetivo ajudar o investidor a determinar os melhores momentos de compra e venda de ações. Este indicador mede a extensão na qual a ação tem tido um desempenho superior ou inferior ao mercado todo ou ao seu setor em particular. A força relativa é determinada ao calcular o quociente do preço do título para um índice de preços para o setor. O índice de força relativo possui alto poder de predição, já que detecta quando uma ação está supercomprada (overbought), sinalizando um momento de venda, ou supervendida (oversold), sinalizando um momento de compra. Seu cálculo requer observação de, no mínimo, 14 pregões para termos uma ideia de representatividade. A fórmula de cálculo do RSI é a seguinte: Em que: AU (average up) média de incremento de preços de fechamento em relação ao pregão anterior. AD (average dow) média de decréscimos de preços de fechamento. Na interpretação deste indicador devemos considerar que ele flutua entre 0 (denominação total dos vendedores) e 100 (denominação total dos compradores). Portanto: Quando RSI > 70 a ação está supercomprada (momento de venda). Quando RSI < 70 a ação está supervendida (momento de compra). 5.2.2.3 Estocástico (Stochastic) Desenvolvido por George C. Lane em 1957, esse indicador baseia-se na premissa de que uma ação está em tendência de alta quando seus valores máximos são obtidos no fechamento do pregão (Pinheiro, 2016). A hipótese contrária ocorre quando os valores mínimos se encontram também no 30 fechamento da sessão. Ou seja, esse oscilador mostra onde se encontra o preço de fechamento em relação à faixa formada entre os preços máximos e mínimos de certo período. O indicador geralmente é utilizado para análise de curto prazo em função da rapidez dos movimentos e de sua velocidade ser muito alta. Para calcula-lo, utilizamos a seguinte fórmula: Em que: U última cotação. A cotação mais alta do período. B cotação mais baixa do período. Para a sua interpretação, devemos considerar que ele flutua entre 0 e 100, portanto: Quando %K > 80 sinal de venda. Quando %K , 80 sinal de compra. 5.2.3 Aplicação dos indicadores técnicos à análise de tendências Pinheiro (2016) alerta que os indicadores não seguem uma linha reta em uma direção principal. É importante identificar o movimento principal dentro de diversos “ziguezague”(ver Quadro 4). Nesse sentido, cabe ao analista identificar algumas características dessa tendência. Quadro 4 – Características das tendências Itens Tendências Alta Baixa Cotação máxima Maior que a cotação máxima anterior Menor que a cotação máxima anterior Cotação mínima Maior que a cotação mínima anterior Menor que a cotação mínima anterior Linha de tendência Não há rompimento Não há rompimento Fonte: Pinheiro, 2016, p. 598. 31 TROCANDO IDEIAS Esta aula foi direcionada para pessoas que pretendem compreender e utilizar o mercado de capitais. Foram estudadas as principais ferramentas para uma análise técnica de ações, além dos conceitos e definições de análise técnica e as teorias que suportam esse método. Também foram explorados os indicadores técnicos que visam mostrar as tendências do mercado acionário. NA PRÁTICA Como vimos nesta aula, existem várias ferramentas para análise de ações como opção de investimento. Dentre os conjuntos de técnicas para a determinação do valor de uma ação no mercado de capitais existem duas que são mais conhecidas: a análise fundamentalista e a análise técnica de ações. A respeito do conteúdo visto na aula, reflita e responda à seguinte questão: Quais as características principais de cada uma dessas técnicas na determinação do valor de uma ação? FINALIZANDO Para compreender e utilizar o mercado de capitais e as diversas técnicas de avaliação de uma ação, nesta aula foram explorados os seguintes conteúdos: • análise fundamentalista de ações; • análise macroeconômica e setorial; • análise dos fundamentos da empresa; • análise técnica de ações; • análise gráfica e indicadores técnicos. 32 REFERÊNCIAS CRUZ, J. A. W.; ANDRICH, E. G.; MUGNAINI, A. Análise das demonstrações financeiras: teoria e prática. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2012. FINANCIALS. Guia de introdução a análise fundamentalista de ações. [S.l.]: [s.n.], 2007. Disponível em: <http://financials.com.br/wp- content/uploads/2017/04/Ebook-Analise-Fundamentalista.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2018. FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 15. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. GUIA de análise técnica. Bússola do investidor. Disponível em: <https://www.bussoladoinvestidor.com.br/analise-tecnica>. Acesso em: 3 jan. 2018. KERR, R. B. mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. MARTINS, L. Aprenda a investir: saiba onde e como aplicar o seu dinheiro. [S.l.]: Atlas, 2008. MICHELS, E.; OLIVEIRA, N.; WOLLENHAUPT, S. Fundamentos da economia. Curitiba: InterSaberes, 2013. PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. ______. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016. ROSA, L. I.; SOARES, J. L. Análise de crédito e cobrança. Curitiba: Positivo, 2015. Conversa inicial Contextualizando Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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