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Rosana Ricalde, 1971 Artista visual, formada em gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, e Mestre em Ciência da Arte pela Universidade Federal Fluminense, Niterói. Integra a equipe de produção e pesquisa do Paço Imperial, Rio de Janeiro, desde 2000. Em parceria com o artista Felipe Barbosa, participa das três edições do Prêmio Interferências Urbanas, Rio de Janeiro, em 2000 e 2001. Expôs em países como o Japão, França, Espanha, Portugal, Holanda, Croácia, México, Argentina, Porto Rico e São Tomé e Príncipe. Residências artísticas São Tomé e Príncipe – V Bienal de Arte e Cultura 2008. Ilha de Susak, Croácia – Eko Susak 2008. Roterdam, Holanda – Perambulações 2005. Prêmio CNI-SESI Macantonio Vilaça III edição A partir da Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visual Rosana desde a infância tinha interesse pela escrita. Passar o caderno a limpo era um grande prazer (...) A poética de Rosana desencadeia-se com a escrita e a imagem, nas geografias particulares e universais em processos não-lineares, entre as palavras e o desdobrar-se na linguagem visual, nas paisagens de areia que falam de tempo e tudo muda, e nos retratos-imagens inexistentes. Utiliza-se para escrever de materiais obsoletos, como a fita rotuladora, e cria com esses meios uma visualidade, onde o processo de fazer é primordial à obra, assim como a escolha minuciosa dos objetos com que vai trabalhar. Luiz Guilherme Vergara Material educativo da exposição Palavras Compartilhadas Compartilhando palavras com Rosana - Um retrato 3X4 da artista Desde a infância Rosana se interessava pela escrita. Passar o caderno a limpo dava-lhe um grande prazer A pesquisa plástica de Rosana Ricalde Rosana Ricalde pesquisa elementos e códigos da comunicação literário-verbal e as possibilidades de alargamento e expansão de seus limites. Revolve os suportes tradicionais da escrita em busca de material para intervenções que tensionam a linguagem em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico e, eventualmente, social. Neste processo a palavra se apresenta como um elemento-base, como uma plataforma de atuação onde a artista manipula sua forma e promove deslocamentos poéticos. A partir de sua intervenção, a palavra ganha corpo em arranjos que se projetam para além de seu suporte originário, expandindo-se em desdobramentos simbólicos cuja silenciosa presença é pontuada por um comentário poético, a respeito das instâncias envolvidas no processo da escrita e de sua assimilação. A partir do texto Outras Sintaxes de Guy Amado, 2004 http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm Rosana Ricalde • Explora a escrita fora de seu registro convencional; • Busca na escrita uma densidade que vem sendo solapado pelo sentido de urgência dos tempos em que vivemos; • Confere uma visualidade corpórea a fragmentos de textos extraídos de poemas, romances, manifestos; • Subverte a narrativa, a semântica, a sintaxe do texto, expandindo-os numa operação de superposição e rebatimento de sentidos, desassociando livremente o conteúdo do texto e a forma do vocábulo. Exposições individuais 2011 O livro das Questões, Baró Cruz Galeria, São Paulo, SP. 2009 Mundo Flutuante - Galeria Baró Cruz, São Paulo,SP. O Navegante, Arte em Dobro, Rio de Janeiro, RJ. O Percurso da Palavra - Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, CE. 2008 Galeria 3+1, Lisboa, Portugal. Palavras Compartilhadas – SESC Paraná, Maranhão, Mato Grosso, Ceará, Bahia, Tocantins, Amapá e Pernambuco. 2007 Cidades Ocultas – Arte em Dobro, RJ. La Casa Del Lago – UNAM (Universidad Autônoma de México) - Intervenção Urbana Cidade do México (trabalho em parceria com Felipe Barbosa). 2006 Todos os Nomes – Galeria Amparo 60, Recife. Horizonte Azul – Galeria Mínima, RJ. 2005 Móvel Mar – Galeria Casa Triângulo, SP. Poesia DES –_RE_GRADA, Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho – Castelinho do Flamengo, RJ. 2004 Palavra Matéria Escultórica - Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Programa de Exposições Centro Cultural São Paulo, SP. Exercício da Possibilidade - Centro Universitário Maria Antônia, SP. Foto: http://revistatpm.uol.com.br/revista/100/arte-dos-sonhos.html 2003 Casa de Cultura da América Latina, Brasília. Insola(R)ções - Solar Grandjean de Montigny, RJ. 2002 Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho – Castelinho do Flamengo, RJ. 2001 Vento Contentamento – Galeria do Centro de Artes UFF, Niterói. Verba Volant, Scripta Manent – Espaço Maria Martins, RJ. Labirinto e Labirinto Dadá, 2002|2003 Labirinto feito com cubos de açúcar 10 mil exemplares de jornal com o texto do Primeiro manifesto Dadaísta impresso com o sentido do dicionário de cada palavra deste. Como em um labirinto, a leitura do manifesto é atravessada pelos significados de suas palavras. A tiragem foi distribuída na exposição. Instalação onde Ricalde escreve a palavra “persisto”, cuidadosa e repetidamente, usando um lápis até que este se acabe. O trabalho é inspirado na perfomance de 1971 de John Baldessari “I will not make any more boring art” (Não vou mais fazer arte chata). Persisto – 2002 - 2004 John Baldessari – 1931, Califórnia. Um dos mais influentes artistas vivos, começou sua trajetória artística no início da década de 60 com pinturas influenciadas pela Pop Art. Motivado pelo que considerava uma escassez de novas idéias nos suportes tradicionais de arte, passou a criar obras de temática voltada à própria experiência artística, “arte sobre arte”. É deste período: • A painting that is its own documentation [Uma pintura que é sua própria documentação], concluída em 1968. Nela, ao invés de uma imagem pictórica, estava um registro escrito do momento de sua criação, bem como instruções para que ali fossem anotadas as datas e locais das exposições nas quais ela fosse exibida futuramente. • Tips for Artists who want to Sell [Dicas para pintores que querem vender] (1963-1968), crítica ao mercado de arte da época e à função do artista e às técnicas de composição. Em 1970 queimou quase todas as pinturas que havia feito na performance Cremation Project [Projeto de Cremação], e publicou em um jornal de São Francisco um anúncio de obituário no nome de “John Baldessari, Pintor”. A partir dali ficou mais de uma década sem pintar, trabalhando com fotografias e vídeos. I will not make any more boring art [Não farei mais arte entediante], de 1971, é talvez a obra mais emblemática desta fase. Trata-se de um vídeo no qual o artista é visto escrevendo repetidamente a frase do título em uma folha de papel, até preenchê-la por completo. Tips for Artists Who Want to Sell, 1966–1968 . Acrylic on canvas; 68 x 56 1/2 in. (172.7 x 143.5 cm) I will not make any more boring art http://www.viapolitica.com.br/perfil_view.php?id_perfil=139 Imagem: http://www.moma.org/collection/browse_results.php?object_id=59546 O Tempo Muda Tudo 2002 Vidros com palavras escritas em areia colorida e série de 5 fotografias com diferentes ordens das palavras . 40x60x3 cm cada fotografia 3x5 cm cada vidro de areia. http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038705685/in/photostream/ http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038699401/in/photostream/ http://www.rosanaricalde.com/menuport.html * Obra presente em Palavras Compartilhadas * Rede, 2002|2005 A trança de palavras está na matriz de "Rede" (2002/2005), obra em progresso concluída no espaço museológico. Cada visitante das exposições realizadas em Fortaleza e São Paulo construía um chaveiro com seu nome. O objeto, criado a partir de letrinhas coloridas soltas e unidas pelo espectador, funcionava como um livro de visitações cheio de vida. E uma rede era criada com a memóriade todos os que tinham estado em contato com o trabalho. Daniela Name http://novoscuradores.com.br/artigo-blog/rosana-ricalde/4/2011 http://www.rosanaricalde.com/menuport.html Rede, 2002|2005 Rede, 2002|2005 rede construída com peças de porcelana e aros de chaveiros, a malha da rede foi feita com o nome de cada pessoa que entrou na sala onde a obra estava durante a I Bienal Ceará América/ de Ponta-Cabeça – Fortaleza. Outros nomes foram acrescentados durante a abertura da mostra Homo Ludens (Instituto itaú Cultural). Dimensões variáveis. http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038705851/sizes/m/in/photostream/tream/ e http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038706161/in/photostream/lightbox/ O que os olhos não vêem o coração sente Galeria do Poste – 2002 Intervenção realizada na galeria Poste onde foi escrito em braile trecho de um poema de Luís de Camões com bolas de isopor, cola e plástico transparente 60 x 130cm http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038706819/in/photostream/l Intervenção em parque público – Hamburgo, 2003 Facebook da artista Alfabeto de verbos - 42 painéis (30x40cm) cobertos por etiquetas datilografadas. Nestas estão todos os verbos da língua portuguesa (cerca de 14.000), na 1ª pessoa do singular /1ª pessoa do plural. 2002 “Eu fiz a faculdade, tinha produção, mas o trabalho não tinha identidade. Quer dizer, você pega cada coisa que você conhece e vai digerindo, mas aquilo ali ainda não tem uma linha. O início dessa linha foi o trabalho que se chamou Alfabeto de Verbos (2002), em que datilografei todos os verbos da língua portuguesa em etiquetas e colei em 42 painéis. A partir desse trabalho comecei a tomar consciência do que eu estava pesquisando meio instintivamente, e aí foi mais fácil porque passei a conduzir a pesquisa fazendo leituras que estavam ligadas ao que me interessava, antes as coisas estavam mais soltas. (...) Esse trabalho inaugurou esse entendimento do que eu queria fazer de fato. Nesse momento, li As palavras e as Coisas do Michel Foucault, que foi um livro muito instigante, que me deu idéias e me mostrou Algumas coisas e alguns materiais que eu poderia explorar dentro de meu trabalho.” Catálogo Rosana Ricalde Alfabeto de Verbos – 2002 Trabalho inaugural da identidade artística de Ricalde Tudo o que a gente pode fazer está delimitado ali, tudo tem um nome. Pilares, 2003 Instalação com 40 pilastras recobertas com páginas de dicionários de línguas latinas http://www.rosanaricalde.com/obrasport.html "[...] quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis". Sobre a Multiplicidade In CALVINO, Ítalo. Seis Propostas para o próximo milênio. São Paulo: 2ª Ed.Companhia das Letras, 1998. Circunviagem, 2003 Galeria Marta Traba – Memorial da América Latina,SP Trabalho realizado ao redor do prédio Galeria Marta Traba – Memorial da América Latina. Vinil adesivo branco aplicado sobre os vidros contendo verbos da língua portuguesa com DES / RE aparecendo nas três formas ex: animar / reanimar / desanimar – 2003 http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/poesia_desregrada.htm A palavra como dispositivo plástico Nos trabalhos de Rosana evidencia-se um jogo de atritos entre dois sistemas cognitivos históricos, duas ordens assumidas como paradigmáticas e antagônicas: a ótico-visual, entendida como experiência essencialmente sensível e, portanto, não coercível a um conhecimento lógico (e logocêntrico) e a textual, remetida a uma natureza decididamente intelectiva. Esta polaridade é desfeita em suas obras, suas fronteiras mesclam-se, confundem-se. A palavra retoma um sentido especulativo, na medida em que, translúcida, convoca o olhar a atravessá-la, a procurar em seus vazios algo evocado em seu conteúdo inicial. Simultaneamente, ela retém uma objetividade quase escultórica. Ela se implanta como um dispositivo construtivo, estabelece um princípio comum que elabora séries associativas desvinculadas de uma lógica formal prévia, ou de uma organização materializada por uma incisiva negatividade, como nos Contra Poemas de Rosana Ricalde, que operam sobre as simetrias dos antônimos das palavras do poema original. Ambos (Rosana e Felipe Barbosa) nos fazem observar uma irônica problematização da encruzilhada demarcada pela arte conceitual. Pois, se aquela colocava o limite da arte na reflexão de sua definição, aqui os dois artistas convocam tal indagação como ponto de partida de novas investigações possíveis, para as quais, todavia, a escrita (ou reescrita) desta - ou destas - pergunta(s) só se torna viável quando propostas materialmente a enfrentar sua inscrição no mundo. A partir de Guilherme Bueno – Curador - MAC - Niterói 2004 http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/materia_escultorica.htm Palavra Matéria Escultórica Felipe Barbosa / Rosana Ricalde Museu de Arte Contemporânea de Niterói, 2004 Baú de palavras 2001|2006 Baú de madeira coberto por dentro e por fora com fita rotuladora com verbos escritos, 19x15x10cm Exercício da Possibilidade – Os Manifestos Buscando uma nova compreensão filosófica da arte, os manifestos anunciavam o fim de um tipo de arte e sua nova revelação: um caminho a seguir, "mais ou menos proclamando como o único tipo de arte a considerar." À pergunta de Cézanne - "Qual a verdade da arte?"- , os manifestos modernos forneceram respostas distintas, mas cada um oferecia apenas uma como possível. As narrativas modernas foram teleológicas, fundamentando e legitimando a existência em um percurso histórico e progressivo, em uma finalidade comum que justificaria e autenticaria o presente. A era dos manifestos termina por uma insuficiência: quando a questão o que é arte não encontra mais (apenas) uma resposta nas produções artísticas contemporâneas. Tarefa a que se propõe Rosana Ricalde Explorar a inaptidão da arte e de seus manifestos em afirmar uma verdade para si; Subtrair-lhes a condição de Texto original ou finalista capaz de um decifração; Apontar, no diálogo com a história da arte, histórias diversas; Manifestar o fala-se e vê-se indeterminado da escrita. Ao deflagrar as ambigüidades, ao deslocar as traduções, ao convulsionar as leituras consagradas, os "manifestos" enunciam-se e se doam ao visível para afirmar a pluralidade. A partir do texto Exercício da Possibilidade de Marisa Flórido Cesar, 2004 http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/exercicio_da_possibilidade.htm (...) Em Exercício da Possibilidade, Rosana Ricalde apresenta vários manifestos artísticos conhecidos, em versões "visuais-literárias", onde a estrutura do texto é destrinchada, sugerindo uma tomada de atitude do público ou do artista através de uma leitura diferente. Os trabalhos buscam a palavra pelo viés da sua materialidade, reinventando a métrica e a rima dos escritos, e colocando a verbalidade como elemento primordial - ainda que a legibilidade e o entendimento imediato das frases sejam comprometidos de certa forma. Desse modo, o lugar da palavra e do conteúdo no meio do bombardeio de mídias ultra-rápidas que em que vivemos, é a questão mais crítica desta série, que rejeita interpretações manifestantes ardorosas. Rosana usa técnicas obsoletas e dispensa recursos de alta tecnologia, apostando apenas na força da literatura e no resultado da sua pesquisa com elementos e códigos da comunicação verbal: em seu ateliê conta-se cerca de 15 dicionários de idiomas, provérbios e técnicas de escrita. No momentoem que vivemos uma retomada da postura política do artista diante do establishment, estes manifestos reinventados parecem seguir numa direção mais neutra, funcionando como exercícios de desassociação entre o conteúdo crítico e a forma essencial do verbo. A visualidade da palavra é quem impõe a (des) ordem aqui, como se criasse a obra de fato. Daniela H. Labra http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/exercicio_da_possibilidade.ht m trabalhos realizados a partir dos manifestos modernos Exercício da Possibilidade 2004 * Série presente em Palavras Compartilhadas * Exercício da Possibilidade Centro Universitário Maria Antônia, SP, 2004 Mostra composta por trabalhos desenvolvidos a partir de alguns manifestos da arte moderna, como o "Manifesto Antropófago", de Oswald de Andrade, o "Manifesto Neoconcreto" e o "Primeiro Manifesto Dadá". A artista trabalha esses textos materializando e reformulando seus conteúdos, sem o compromisso de promover uma purificação ou de encontrar soluções para os caminhos da arte. O público poderá reler os manifestos sob uma nova ótica, permitindo o exercício da possibilidade. Dentre os diversos trabalhos presentes na exposição, dois serão distribuídos ao espectador: o Labirinto Dadá (jornal editado a partir do primeiro Manifesto Dadá) e o Caça Palavras (edição a partir do Manifesto Antropófago). http://www.artbr.com.br/mariaantonia/2004/04abril/ * Exercício da Possibilidade Funarte, RJ, 2004 Labirinto dada, 2003 Jornal com o texto do primeiro manifesto Dadaísta impresso com o sentido do dicionário de cada palavra deste. A tiragem de 10.000 exemplares foi distribuída na exposição. O manifesto dadaísta exibe suas traições e fugas: no lugar de uma palavra arbitrária - que declara pública e paradoxalmente, por um texto, seu sem sentido e sua enunciação absoluta de qualquer coisa -, a sobredeterminação de todas as palavras ali escritas, seus verbetes dicionarizados abrindo-se a inúmeras significações. Se um signo apenas ganha significado relativo ao contexto e à situação a qual se relaciona, então à abertura a todos os deslocamentos possíveis, a todas as combinações possíveis, a todos os contextos possíveis. Cada qual que teça, com seu fio de Ariadne, seus percursos nos labirintos da escrita. Marisa Flórido Cesar, 2004 http://www.muvi.advant.com.br Dadaísmo - Dada Ao contrário de outras correntes artísticas, o dadaísmo apresenta-se como um movimento de crítica cultural mais ampla, que interpela não somente as artes, mas modelos culturais passados e presentes. Trata-se de um movimento radical de contestação de valores que utiliza variados canais de expressão: revista, manifesto, exposição e outros. As manifestações dos grupos dada são intencionalmente desordenadas e pautadas pelo desejo do choque e do escândalo, procedimentos típicos das vanguardas de modo geral. A criação do Cabaré Voltaire, 1916, em Zurique, inaugura oficialmente o dadaísmo. Fundado pelos escritores alemães H. Ball e R. Ruelsenbeck, e pelo pintor e escultor alsaciano Hans Arp, o clube literário - ao mesmo tempo galeria de exposições e sala de teatro - promove encontros dedicados a música, dança, poesia, artes russa e francesa. O termo dada é encontrado por acaso numa consulta a um dicionário francês. "Cavalo de brinquedo", sentido original da palavra, não guarda relação direta, nem necessária, com bandeiras ou programas, daí o seu valor: sinaliza uma escolha aleatória (princípio central da criação para os dadaístas), contrariando qualquer sentido de eleição racional. "O termo nada significa", afirma o poeta romeno Tristan Tzara, integrante do núcleo primeiro. A geografia do movimento aponta para a formação de diferentes grupos, em diversas cidades, unidos pelo espírito de questionamento crítico e pelo sentido anárquico das intervenções públicas. O clima mais amplo que abriga as várias manifestações dada pode ser encontrado na desilusão e ceticismo instaurados pela Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, que alimenta reações extremadas por parte dos artistas e intelectuais em relação à sociedade e ao suposto progresso social. Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais http://www.itaucultural.org.br Hugo Ball at the Cabaret Voltaire, 1917 http://hilobrow.com/2009/08/26/the-modernists/ PRIMEIRO MANIFESTO DADÁ Dadá é uma nova tendência da arte. Percebe-se que o é porque, sendo até agora desconhecido, amanhã toda a Zurique vai falar dele. Dadá vem do dicionário. É bestialmente simples. Em francês quer dizer "cavalo de pau" . Em alemão: "Não me chateies, faz favor, adeus, até à próxima!" Em romeno: "Certamente, claro, tem toda a razão, assim é. Sim, senhor, realmente. Já tratamos disso." E assim por diante. Uma palavra internacional. Apenas uma palavra e uma palavra como movimento. É simplesmente bestial. Ao fazer dela uma tendência da arte, é claro que vamos arranjar complicações. Psicologia Dadá, literatura Dadá, burguesia Dadá e vós, excelentíssimo poeta, que sempre poetastes com palavras, mas nunca a palavra propriamente dita. Guerra mundial Dadá que nunca mais acaba, revolução Dadá que nunca mais começa. Dadá, vós, amigos e Também poetas, queridíssimos Evangelistas. Dadá Tzara, Dadá Huelsenbeck, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá, Dadá Hue, Dadá Tza. Como conquistar a eterna bemaventurança? Dizendo Dadá. Como ser célebre? Dizendo Dadá. Com nobre gesto e maneiras finas. Até à loucura, até perder a consciência. Como desfazer-nos de tudo o que é enguia e dia-a-dia, de tudo o que é simpático e linfático, de tudo o que é moralizado, animalizado, enfeitado? Dizendo Dadá. Dadá é a alma-do-mundo, Dadá é o Coiso, Dadá é o melhor sabão-de-leite-de-lírio do mundo. Dadá Senhor Rubiner, Dadá Senhor Korrodi, Dadá Senhor Anastasius Lilienstein. Quer dizer, em alemão: a hospitalidade da Suíça é incomparável, e em estética tudo depende da norma. Leio versos que não pretendem menos que isto: dispensar a linguagem. Dadá Johann Fuchsgang Goethe. Dadá Stendhal. Dadá Buda, Dalai Lama, Dadá m'Dadá, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá. Tudo depende da ligação e de esta ser um pouco interrompida. Não quero nenhuma palavra que tenha sido descoberta por outrem. Todas as palavras foram descobertas pelos outros. Quero a minha própria asneira, e vogais e consoantes também que lhe correspondam. Se uma vibração mede sete centímetros, quero palavras que meçam precisamente sete centímetros. As palavras do senhor Silva só medem dois centímetros e meio. Assim podemos ver perfeitamente como surge a linguagem articulada. Pura e simplesmente deixo cair os sons. Surgem palavras, ombros de palavras; pernas, braços, mãos de palavras. Au, oi, u. Não devemos deixar surgir muitas palavras. Um verso é a oportunidade de dispensarmos palavras e linguagem. Essa maldita linguagem à qual se cola a porcaria como à mão do traficante que as moedas gastaram. A palavra, quero-a quando acaba e quando começa. Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não há-de chamar-se plupluch e pluplubach depois da chuva? E porque é que raio há-de chamar-se seja o que for? Havemos de pendurar a boca nisso? A palavra, a palavra, a dor precisamente aí, a palavra, meus senhores, é uma questão pública de suprema importância. Hugo Ball, Zurique, 14 de Julho de 1916 Exercício da Possibilidade Funarte, RJ, 2004 Manifesto de Verbos, 2003 Manifesto Antropófago onde os espaços entre as palavras foram retirados e os verbos que surgem após esta junção em negrito. Impressão sobre papel. 130x80x3 cm Deglutição do Manifesto, 2003 Manifesto Antropófago escrito apenas com palavras com vogais. impressão sobre papel . 100x80x3 cm * Manifesto Antropófago - escrito por Oswald de Andrade, publicado em maio de 1928, no primeiro número da Revista de Antropofagia. Em linguagem metafórica cheia de aforismospoéticos repletos de humor, repensa a dependência cultural no Brasil. Influências teóricas identificadas no Manifesto: Pensamento revolucionário de Karl Marx; Descoberta do inconsciente pela psicanálise e o estudo Totem e Tabu, de Sigmund Freud; Liberação do elemento primitivo no homem proposta por alguns escritores da corrente surrealista como André Breton; Manifeste Cannibale escrito por Francis Picabia em 1920; Questões em torno do selvagem discutidas pelos filósofos Jean-Jacques Rousseau e Michel de Montaigne; Idéia de barbárie técnica de Hermann Keyserling. Oswald amalgamou essas influências ao conceito inédito de antropofagia ou canibalismo com raízes na história da civilização brasileira. A antropofagia realça a contradição violenta entre as culturas primitivas (ameríndia e africana) e a latina na base da cultura brasileira. Não propõe um processo de assimilação harmoniosa e espontânea entre os dois pólos, como no Manifesto da Poesia Pau-Brasil de 1924. Agora o primitivismo aparece como signo de deglutição crítica do outro, o moderno e civilizado: "Tupy, or not tupy that is the question. (...) Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago". O mito irracional critica a história do Brasil e as conseqüências de seu passado colonial, e estabelece um horizonte utópico, em que o matriarcado da comunidade primitiva substitui o sistema burguês patriarcal: "Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama". Oswald não se opõe à civilização moderna industrial, acredita que alguns de seus benefícios tornam possíveis formas primitivas de existência. Por outro lado somente o pensamento antropofágico é capaz de distinguir os elementos positivos dessa civilização, eliminando o que não interessa, podendo promover a "Revolução Caraíba" e seu novo homem "bárbaro tecnizado": "A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls". Na nova imagem forjada o passado pré-cabralino é emparelhado com as utopias vanguardistas, pois "já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista" em nossa idade de ouro. A antropofagia desloca o objeto estético, predominante na fase pau-brasil, para discussões relacionadas com o sujeito social e coletivo. A multiplicidade de interpretações do Manifesto Antropofágico proporcionada pela justaposição de imagens e conceitos é coerente com a aversão de Oswald de Andrade ao discurso lógico-linear herdado da colonização européia. Sua trajetória artística indica que há coerência na loucura antropofágica - e sentido em seu não-senso. Exercício da Possibilidade Funarte, RJ, 2005 Manifesto Visível, 2004 “Manifesto Ruptura” sobreposto a obra “Idéia Visível” (de Waldemar Cordeiro). Impressão sobre papel, 100x80x3 cm Leitura dinâmica, 2003 estatística das letras empregadas na escrita do “Manifesto Neoconcreto”. impressão sobre papel. 100x80x3 cm O manifesto neoconcreto transborda-se para o seu interior, dilui as molduras sintáxicas que estruturam as frases e os sentidos, implode a palavra e abole as fronteiras entre a linguagem, a arte e a matemática em um quadro estatístico das letras e sinais que o compõe. Marisa Flórido Cesar, 2004 http://www.muvi.advant.com.br * Manifesto Ruptura Sob o impacto da I Bienal Internacional de São Paulo, e da vinda delegação dos artistas construtivistas suíços, principalmente Max Bill, surgiu em São Paulo o movimento concreto. O grupo inicial era formado por Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux, Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto, Kazmer Féjer, Anatol Wladyslaw e Leopoldo Haar, artistas que desde a década anterior realizavam experiências com a abstração, abandonando a representação da realidade em suas obras. A arte representativa não respondia às novas questões do mundo industrial. Era necessária uma nova forma de arte, que pensasse e agisse diretamente na sociedade contemporânea. Os artistas se reuniam regularmente para discutir os novos caminhos da arte, da arquitetura e do design (termo este que era novidade no Brasil). A idéia era organizar um projeto de reforma para a cultura brasileira. Surge o Grupo Ruptura. Manifesto Ruptura:http://www.artbr.com.br/casa/ruptura/manirup.html Texto: http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo3/ruptura/ruptura.html Idéia Visível Waldemar Cordeiro. Impressão sobre papel, 100x80x3 cm Waldemar Cordeiro 1925-1973 Nasce em Roma, onde inicia sua formação artística. Vem para o Brasil em 1946. Trabalha inicialmente como jornalista, crítico de arte e realiza ilustrações para jornais. Em 1952, funda o Grupo Ruptura, do qual participam, entre outros artistas, Luiz Sacilotto (1924 - 2003) e Lothar Charoux (1912 - 1987). Conhece os poetas Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929 - 2003) e Augusto de Campos (1931), que divulgam na revista Noigandres a experiência da poesia concreta em São Paulo. Na década de 50 produz obras que se caracterizam pelo rigoroso abstracionismo geométrico e pelo uso de materiais industriais No fim da década de 40 realiza quadros abstratos nos quais dialoga com a pureza plástica das obras de Mondrian, empregando cores primárias, linhas retas e pinceladas impessoais lisas como, por exemplo, em Estrutura Plástica (1949). Explora também relações entre círculos sobrepostos e deslocados do centro, como em Idéia Visível (1956), que possui um ritmo musical. (...) A partir de: www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia& cd_verbete=3529&cd_item=2&cd_idioma=28555 Manifesto Neoconcreto O neoconcretismo dialoga com o movimento concreto no país (década de 50) e os artistas dos Grupos Frente - RJ, Ruptura - SP. A arte concreta, tributária das correntes abstracionistas modernas das primeiras décadas do século XX - Bauhaus, De Stijl, Cercle et Carré, do suprematismo e construtivismo soviéticos, ganha terreno com as formulações de Max Bill, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O contexto desenvolvimentista de crença na indústria e no progresso dá o tom da época. O programa concreto parte de uma aproximação entre trabalho artístico e industrial. Afasta da arte qualquer conotação lírica ou simbólica. O quadro, construído exclusivamente com elementos plásticos - planos e cores -, não tem outra significação senão ele próprio. Menos do que representar a realidade, a obra de arte evidencia estruturas e planos relacionados, formas seriadas e geométricas, que falam por si mesmos. A investigação dos artistas paulistas enfatiza o conceito de pura visualidade da forma. Em oposição o grupo carioca destaca a intuição como requisito fundamental do trabalho artístico e estabelece uma articulação forte entre arte e vida, afastando a consideração da obra como "máquina" ou "objeto“. O manifesto de 1959, assinado por Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, denuncia o perigo da exacerbação racionalista da arte concreta levada. Contra as ortodoxias construtivas e o dogmatismo geométrico, os neoconcretos defendem a liberdade de experimentação, o retorno às intenções expressivas e o resgate da subjetividade. Texto a partir da Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais Imagem: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=11852 Em 21 de março de 1959 o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil (SDJB) estampava em suas páginas o Manifesto Neoconcreto Exercício da Possibilidade Funarte, RJ, 2004 Manifesto Objeto, 2004 “O Objeto” (escrito por Waldemar Cordeiro) sobreposto à imagem “A Mulher que não é B.B.” (obra de Waldemar Cordeiro). Impressão sobre papel - Dimensões: 100x80x3 cm * A mulher que não é B.B.Waldemar Cordeiro 1925-1973 A partir de 1968, associado ao físico e engenheiro Giorgio Moscati, realiza os primeiros trabalhos em arte por computador, na Universidade de São Paulo. Para Waldemar Cordeiro, a arte eletrônica é uma seqüência lógica da arte concreta, na qual o artista cria um projeto, que tem em sua base um programa numérico. Dirige o Centro de Arteônica (neologismo que associa arte e eletrônica) na Universidade de Campinas - Unicamp até 1973, data de seu falecimento. Trabalha com derivações de imagens, partindo de fotografias, que são traduzidas em imagens de trama reticulada - um processo usual na indústria gráfica. Em A Mulher Que Não É B.B. (1971), estuda a desintegração da figura no campo visual a partir da foto de uma menina vietnamita. (...) Waldemar Cordeiro propõe, assim, em suas obras, outra compreensão da arte através dos novos recursos tecnológicos, dos quais estimula o uso criativo. Texto a partir de: www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseacti on=artistas_biografia&cd_verbete=3529&cd_item=2&cd_idioma=28555 Retrato: http://www.fabiofon.com/webartenobrasil/texto_interartistas2.html O OBJETO CORDEIRO, Waldemar. O objeto. AD – Arquitetura e Decoração, São Paulo n. 20, não paginado, nov./dez. 1956. No ápice concretista, durante a I Exposição Nacional de Arte Concreta (1956/57), (Waldemar Cordeiro) propõe uma nova correlação entre “O objeto” e a sensibilidade, fundada na “experiência direta”, mas atenta à “potencialidade social da criação formal”. (...) A arte é conceituada como produtora de objetos que são fontes de conhecimento, matrizes de uma nova realidade. Mais do que fatura, a obra é produto; o único conteúdo (e valor) artístico admitido é o fato visual concretamente materializado pela obra. (...). “Realismo artístico e não realismo anedótico.” Forma autônoma de conhecimento, a arte afronta o mundo exterior com seus próprios meios, em total independência das injunções verbais, abrindo-se à realidade sem alterar sua essência. O aval desse argumento é o conceito de “arte produtiva” de Fiedler, que se opõe ao idealismo da arte de “expressão” – “a arte não é expressão mas produto; a linguagem artística não é expressão do ser, mas forma do ser”. Sendo produto, ela não exprime, é. (...) Reconhecidas a especificidade e a autonomia da arte, credita-se ao fazer artístico um papel analítico, reflexivo, cognitivo, depurador do olhar. O fato pictórico adquire significação com a própria prática visual. A arte enquanto “pensamento por imagens” alcança a intelecção artística no ato mesmo em que se realiza. A construção de um campo disciplinar autônomo constitui a essência da arte concreta, informando teoria e ação ao longo dos anos 1950. (...) A singularidade do concretismo brasileiro e, particularmente, de Cordeiro, deve ser imputada à associação inusitada de Fiedler, Gramsci e teoria da Gestalt: arte como objeto, portanto conhecimento sensível fundado na experiência direta e voltado à pedagogia do olhar, entendidos a ação cultural como fato político e o intelectual como agente persuasivo a produzir valores endereçados à transformação das concepções de mundo das massas. In MEDEIROS, Givaldo. Dialética concretista: o percurso artístico de Waldemar Cordeiro, revista do ieb n 45 p. 63-86 set 2007 http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rieb/n45/a05n45.pdf Exercício da Possibilidade Centro Universitário Maria Antônia,SP, 2004 Manifesto antropofágico, 2002 Manifesto Antropofágico escrito em vinil adesivo ao contrário num espelho de frente para outro espelho, 130x90cm cada espelho A leitura só é possível no espelho que reflete a imagem do manifesto. O reflexo é infinito já que são dois espelhos se refletindo. O manifesto antropofágico digere e degusta suas várias dobras e elisões. Tanto saborear uma sopa de letras, como constatar a impossibilidade de encarar nossa identidade no espelho sem que nossa imagem, ali reluzida, oculte e devore a carne da palavra manifesta no reflexo. Marisa Flórido Cesar, 2004 http://www.muvi.advant.com.br Sopa de Letras - trienal de San Juan, 2004 Performance realizada na Trienal Poligráfica de Porto Rico, onde foi feita uma distribuição de sopa de letras (macarrão de letrinhas) e de um caça palavras (sopa de letras em espanhol) em que o público podia encontrar todas as palavras do manifesto antropofágico http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde e http://www.rosanaricalde.com/obrasport.html Caça Palavras realizado com o Manifesto Antropófago - distribuído para que o público encontre as palavras, formulando seu próprio texto. 2003 http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/caca_palavras.htm Caça Palavras - 2003 EXERCÍCIO DA POSSIBILIDADE trabalhos realizados a partir dos manifestos modernos Entre ver e falar, entre o Verbo e a Imagem, o Olho e a Palavra, duelaram antigas e "fraternas" rivais: a pintura e a poesia. Entre a escrita e a imagem pictórica, entre um objeto qualquer e a palavra que o enuncia, Magritte e Duchamp explicitariam a lacuna ou a complexa e arbitrária articulação entre eles. Uma descontinuidade que colocava, a descoberto, a inexistência de um vínculo, na origem, que encerraria uma ligação inequívoca entre ver e falar, que nos prometia uma decifração perfeita dos signos, uma tradução precisa de nossas experiências neste mundo amorfo e enigmático. É, talvez, em torno desse colapso, dessa falha fundamental, que se ensaiam os discursos, que se atrevem as escritas, que se confrontam as inumeráveis das leituras que, do texto, o animam. A palavra instala-se entre o silêncio e a imensa possibilidade da interpretação. Exercícios de sua possibilidade. É também nessa fissura, nesse espaço de complexa urdidura, em que se aventuraram Magritte e Duchamp, a poesia concreta e a arte conceitual, que Rosana Ricalde vai operar, enfrentando a escrita e seu paradoxo ser a um só tempo imagem e palavra. Se a artista escolhe um determinado gênero de texto, os manifestos da arte moderna, sua opção não é um lance do acaso. Há ali uma intenção de fazer ecoar os múltiplos enunciados por elas recalcados, de fazer fulgurar ali as visibilidades variadas. De exibir dessa história sem finalidade comum em que hoje vivemos: não o fim da História, mas as várias direções possíveis, como uma finalidade dilatada e sem desenlace, uma finalidade plural e sem fim. Ora, os manifestos são tão presentes na modernidade que a ela se confundem. Afinal, se o real revestia-se então de estranhezas, se aos objetos do mundo restava a atribuição fantasmagórica de coisa, como a arte poderia escravizar-se à uma representação mimética de um modelo indecifrável? A insuficiência desse modelo reservava à arte a problematização de seu estatuto ontológico, o fundamento de sua própria verdade. A partir do texto de Marisa Flórido Cesar,abril de 2004 http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/exercicio_da_possibilidade.htm Ensaio sobre a cegueira 2004 No trabalha sobre Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, Rosana parece conferir materialidade à experiência imaginativa sugerida pelo autor, nas soluções plásticas que realiza a partir de aspectos presentes no romance. A artista explora e dá forma à bela imagem de "se fechar os olhos para ver" - talvez a única maneira de se recuperar a lucidez e resgatar uma dimensão afetiva em nosso trato com o mundo das coisas -, alargando a experiência do encontro entre linguagem e leitor, numa prática que configura uma dimensão imersiva de fruição. Outras Sintaxes de Guy Amado http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm Ensaio sobre a cegueira 2004 A LUZ – 2004 Instalação com as páginas do livro “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago, de onde foram retiradas as palavras luz e escuridão,olhar e ver, e as palavras referentes a cegueira. http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1039557298/in/photostream/ realizado com as palavras Ensaio sobre a cegueira 2004 Labirinto, 2004, desenho de um labirinto realizado com as palavras referentes a cegueira, retiradas do livro Ensaio Sobre a Cegueira (de José Saramago), 60x60 cm Olhar e ver, 2004, desenho realizado com as palavras olhar e ver, retiradas do livro Ensaio Sobre a Cegueira (de José Saramago), 45x45 cm Luz e escuridão, 2004, realizado com as palavras luz e escuridão, retiradas do livro Ensaio Sobre a Cegueira (de José Saramago), 40x40 cm olhar, 2004, frase escrita em Braille, 20x30 cm http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm Ensaio sobre a cegueira 2004 http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm Olhar e ver... desenho realizado com as palavras olhar e ver, retiradas do livro Ensaio sobre a cegueira (José Saramago).2004. Labirinto Desenho de um labirinto realizado com as palavras referentes a cegueira, retiradas do livro Ensaio sobre a cegueira (José Saramago).2004 narciso - 2004 narciso, 2004, poema de Ezra Pound escrito em espelho retirando o aço-montagem com outro espelho atrás, 70x100x5cm http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1039555072/in/photostream Encontro dos rios com o mar 2004 Poemas referentes aos rios e ao mar escritos em vinil adesivo em vários tons de azul, aplicados sobre placas de vidro - total de 25 placas de vidro de tamanhos variáveis. Desenvolvo já há algum tempo uma intensa pesquisa sobre elementos e códigos da comunicação literário-verbal e as possibilidades de alargamento e expansão dos limites contidos nessa dinâmica. Tenho especial interesse pelos suportes tradicionais da escrita, encontrando aí material para intervenções que tensionam a linguagem em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico e, eventualmente, social. A palavra se apresenta então como elemento-base neste processo, plataforma de atuação onde a manipulação de sua forma irá configurar os deslocamentos poéticos por mim produzidos. Não se trata apenas de explorar a escrita fora de seu registro convencional, mas de buscar por um grau de densidade da mesma que é mais e mais solapado pelo sentido de urgência dos tempos em que vivemos. Procuro conferir visualidade corpórea a fragmentos de textos extraídos de poemas, romances, manifestos; como se a partir desta ação, a palavra se visse efetivamente "praticada", ganhando corpo em arranjos que se projetam para além de seu suporte originário, expandindo-se em desdobramentos simbólicos cuja silenciosa presença é pontuada por um comentário poético a respeito das instâncias envolvidas no processo da escrita e de sua assimilação. Elementos caros à escrita - a narrativa, a semântica, a sintaxe do texto - são subvertidos, expandindo-se numa operação de superposição e rebatimento de sentidos, no que pode ser apreendido como uma livre prática de desassociação entre conteúdo do texto e a forma do vocábulo. Rosana Ricalde Fonte: http://www.muvi.advent.com.br Encontro dos rios com o mar 2004 Poemas referentes aos rios e mares em vários idiomas escritos em vinil adesivo, em vários tons de azul, aplicados sobre 25 placas de vidro de tamanhos variáveis Móvel Mar Galeria Casa Triângulo,SP , 2005 (...) Em outro registro de aproximação entre o escrito e o visto, o desenho Todos os Mares e o conjunto de trabalhos nomeado Oceanos evocam os "caligramas" publicados, em 1918, pelo poeta francês Guillaume Apollinaire. Para construí-los, Rosana Ricalde escreveu, repetidamente, sobre folhas de papel depois agrupadas em bloco, os nomes de cinqüenta e um mares e de cinco oceanos. Com essa escrita metódica, criou imagens claramente identificadas com a descrição icônica de ondas, enredando e reforçando, mutuamente, signos verbais e visuais. Informando e ativando operações cognitivas diversas, esses trabalhos não promovem o apagamento das especificidades de cada meio expressivo que a artista emprega: a leitura dos nomes e a percepção das formas desenhadas requerem, de fato, a suspensão temporária da atenção concedida, respectivamente, à imagem e ao texto. Supostamente amalgamados, há entre uma e o outro uma fenda funda que, embora estreita, nunca é fechada. A partir do texto de Moacir dos Anjos - Fonte: http://www.muvi.advent.com.br globo 2005 globo pintado e recoberto pelos nomes dos mares escritos, 40x40x40 Móvel Mar Galeria Casa Triângulo,SP , 2005 Desenho de ondas feito com o nome dos 51 mares e 5 oceanos – utilizando canetas hidrográficas em diversos tons de azul / desenho feito em 72 folhas de 75x64cm de papel montado em módulos - 224x263cm Móvel Mar Galeria Casa Triângulo,SP , 2005 desenho feito com a palavra oceano pacífico. desenho feito com a palavra oceano atlântico. desenho feito com a palavra oceano ártico. desenho feito com a palavra oceano índico . Mar do Mundo desenho sobre 72 folhas de papel feito com o nome de 51 mares e 5 oceanos – utilizando caneta de diversos tons de azul, 216x256x2,5cm Móvel Mar Galeria Casa Triângulo,SP, 2005 “Acho que essa coisa do azul foi porque o trabalho estava indo por um rumo muito intelectual. Os últimos trabalhos, até Porto Rico, eram os manifestos (2004). Então aquilo ali já estava ficando um pouco desgastante. Eu estava sentindo falta de o trabalho ser mais amistoso. Sabe, uma coisa mais democrática até, porque o trabalho estava se tornando coisa exclusivamente para em tendidos, que tinham informações prévias. Até um pouco por influência de vero trabalho do Felipe, que tinha – e tem – um alcance muito maior, sentia que o meu trabalho restringia um pouco o público. Acho que esse trabalho foi muito feliz por isso, porque eu consegui fazer um trabalho que acho bom e bonito. Antes o trabalho era legal, mas ele tinha essa coisa de negação da imagem, de o outro ter que formular a imagem e eu não.” Horizonte Azul - 2005 linha do horizonte construída com garrafinhas de areia Móvel Mar Galeria Casa Triângulo,SP , 2005 Horizonte Azul - 2005 Em Horizonte Azul, centenas de pequenas garrafas são preenchidas com grãos coloridos de areia, cada uma delas representando cenas marinhas variadas que são, em seguida, avizinhadas em linha, como fossem imagem única. Ao encomendar tais garrafas aos artesãos que as fazem em cidades praieiras, Rosana Ricalde solicita o apagamento da geografia humana e animal, usualmente presente nas imagens que aqueles pacientemente constroem, pedido que destaca a potência do que é inabitado, incivilizado ou original. A partir de texto de Moacir dos Anjos Fonte: http://www.muvi.advent.com.br Móvel Mar Galeria Casa Triângulo,SP , 2005 Paisagens de Areia, 2005 Em Paisagens de Areia, caixas transparentes guardam dezenas de cenas desertas, fragmentadas em faixas de terra, mar e céu, todas feitas de areia tingida em cores diversas. Embora esses objetos prescindam do emprego da palavra escrita, a serialidade e o encadeamento das diferentes imagens expostas assemelha o conteúdo de garrafas e caixas a elementos de uma inventada sintaxe visual. A partir de texto de Moacir dos Anjos - Fonte: http://www.muvi.advent.com.br Móvel Mar Galeria Casa Triângulo,SP , 2005 O desejo por aproximar campos distintos é explorado nos trabalhos da série Auto-retratos, em que poemas de cinco autores que formularam, em palavras, o que imaginaram ser a própria imagem (fisionômica ou moral), são reproduzidos, com fita rotuladora, sobre superfícies planas. A partir do texto Mar Móvel de Moacir dos Anjos Fonte: http://www.muvi.advent.com.br Móvel MarGaleria Casa Triângulo,SP , 2005 auto-retrato de Augusto Massi 2006 auto-retrato Manoel Bandeira 2006 auto-retrato Mário Quintana 2006 * Série presente em Palavras compartilhadas * auto-retrato de Graciliano Ramos, 2006 poema de Graciliano Ramos intitulado auto-retrato, escrito em fita rotuladora, 50x46x2 cm auto-retrato Bocage, 2006 poema de Bocage intitulado auto-retrato, escrito em fita rotuladora, 50x46x2 cm Paredes tomadas por centenas de provérbios em textos coloridos. O visitante teve a opção de escolher um óculos azul ou vermelho. Aquele que colocou o óculos azul só enxergou o vermelho e o que colocou o óculos vermelho só enxergou o azul. instalação provérbios, 2005 pinturas feitas com provérbios latinos em 4 cores/4 provérbios, sendo que com o filtro azul ou vermelho só se enxerga um texto Poesia DES _RE_GRADA Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho, 2006 * Obra presente em Palavras compartilhadas * Poesia DES _RE_GRADA Centro Instalação provérbios, textos recortados em vinil adesivo colorido, aplicados sobre parede, 290x1100 cm Contra-poemas, 2004 trabalho de plotagem denominado Contra- Poemas. A poesia de Manuel Bandeira toma conta do ambiente e contrasta com outras antônimas a ela, elaboradas pela própria artista. Poesia DES _RE_GRADA VERSOS ESCRITOS N’ÁGUA Os poucos versos que aí vão, Em lugar de outros é que os ponho. Tu que me lês, deixo ao teu sonho Imaginar como serão. Neles porás tua tristeza Ou bem teu júbilo, e, talvez, Lhes acharás, tu que me lês, Alguma sombra de beleza... Quem os ouviu não os amou. Meus pobres versos comovidos” Por isso fiquem esquecidos Onde o mal vento os atirou. VERSOS ESCRITOS NA TERRA As muitas prosas que aqui ficam, Em lugar de si mesmas é que as tiro. Tu que não me lês, privo ao teu pesadelo Imaginar como não serão. Neles não porás tua alegria Ou mal teu desgosto, e, talvez, Lhes perderás, tu que não me lês, Nenhuma sombra de feiúra... Quem não os ouviu os odiou. Minhas ricas prosas endurecidas! Por isso não fiquem lembradas Onde o bom vento os segurou. * “(...) Nos Contrapoemas a artista articula antagonismos existentes na linguagem a partir da alternância dos fundos negros e brancos; no plano do significado, altera o sentido da poesia ao substituir as palavras do poeta por um poema feito por seus antônimos. Ao substituir não somente as palavras, mas também o sentido da ação, a artista altera radicalmente o significado da obra. Esse mecanismo de alteração de significantes e significados é uma constante em sua obra(...)” Paulo Reis Poesia DES _RE_GRADA * Obra presente em Palavras compartilhadas * Poesia DES _RE_GRADA Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho, 2006 contrapoemas, 2004 poemas de Manoel Bandeira recortados em vinil adesivo preto e poemas construídos com palavras antônimas recortadas em vinil branco adesivados sobre vidro-moldura de madeira, 100x100 cm cada módulo DESENCANTO Eu faço versos como quem chora De desalento...de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo algum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... Remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia rouca Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. -Eu faço versos como quem morre. ENCANTO Você não faz prosas como quem ri De alento...de encanto... Abro seu livro, se por depois Tenho motivo algum de riso Sua prosa não é sangue. Sofrimento gelado... Alegria reunida...Impenitência justificada... Alegra-lhe nas veias. Doce e frio. Levanta, gota a gota, do coração; E naquelas prosas de euforia aguda Assim dos lábios a morte pára, Levando um doce sabor da boca. - Você não faz versos como quem vive. Sala ocupada pela obra que deu nome à exposição (Poesia Desregrada). O local foi preenchido com verbos com os prefixos re e des. Exemplo: Animar - Reanimar - Desanimar. 290x1100 cm Poesia DES _RE_GRADA Poesia DES _RE_GRADA Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho, 2006 as palavras e as coisas 2004 - páginas do livro trançadas em forma de cubo Poesia DES _RE_GRADA Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho, 2006 Todos os Nomes Galeria Amparo 60 Recife 2006 todos os nomes, 2006 Nomes femininos e masculinos escritos em fita rotuladora, cerca de 4000 nomes em cada trabalho. 100x100 cm foto de detalhe – 2004/ 2005 “Pinturas" foram criadas em várias cores. com o título do livro homônimo do escritor português José Saramago. Consistem em 2 listas de nomes, masculinos e femininos, feitas com fita rotuladora, e criadas no momento da execução do trabalho a partir da memória da artista e de seus assistentes. Horizonte Azul – Galeria Mínima, RJ, 2006 http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038716977/sizes/m/in/photostream/ Horizonte Azul Galeria Mínima, RJ, 2006 Horizonte Azul Galeria Mínima, RJ, 2006 mares do mundo 2005/2006 desenho sobre 81 folhas de papel feito com o nome dos 51 mares e 5 oceanos – utilizando canetas em diversos tons de azul, 288x216x7 cm mares 2006 desenho sobre 28 folhas de papel Primeira Pessoa, Itaú Cultural, SP, 2006 Primeira Pessoa dedicada-se à exposição de intimidades. As Autobiografias de Rosana Ricalde são uma espécie de pinturas em que aparecem gravados textos autobiográficos de alguns de nossos principais escritores. Em seu peculiar interesse pela montagem de ambientes a palavra figura como protagonista, e transbordam dos limites estritos das folhas de papel para ocupar as paredes, envolvendo nosso corpo e ressoando em nosso pensamento. “O homem inventou a linguagem e ao inventá-la inventou a si mesmo.” Octávio Paz A partir de texto de Agnaldo Farias http://www.youtube.com/watch?v=Fbtb4qfGS9E&feature=player_embedded Eu sou como eu sou pronome pessoal intransferível do homem que iniciei na medida do impossível . Cogito, Torquato Neto Cidades e a Memória 2006 Cidades e a Memória 2006 - mapa de memória da minha cidade natal, construído a partir da lembrança de onde residia cada morador Cidades e a Memória 2006 Cidades Invisíveis 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa 2008 Cidades invisíveis, Rio de Janeiro, 2007, Detalhe Cidades invisíveis - Paris, 2007, 150x178x5 cm Plantas desenhadas com frases do livro Cidades Invisíveis Cidades Invisíveis 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa, 2008 plantas desenhada com frases do livro Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino http://www.3m1arte.com/3mais1/index.php?p=2&artinfo=15&works Lisboa, 2008, 150x178x5 cm.Barcelona, 2007, 52x68x5 cm Atenas, 2008, 52x68x4 cm Cidades Invisíveis 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa, 2008 as viagens de Marco Pólo, 2007 livro de mesmo nome recortado em uma linha contínua formando um desenhos de mapas imaginários. 120x140x4cm Marco Pólo, 2007 - Globo terrestre coberto com trechos do livro As viagens de Marco Pólo“, 40x40x40 cm "As viagens de Marco Polo" (2009) - A partir do livro que dá título ao trabalho, que tem frases recortadas em linhas finíssimas, a artista cria as rotas do navegador italiano. O trabalho dá nova função à idéia de desenho, além de criar um jogo de apropriação que transforma o narrar literário em uma rota visual. Daniela Name http://novoscuradores.com.br/artigo-blog/rosana-ricalde Cidades Invisíveis 2007 Cidades Invisíveis Obras do 3º Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas atlas terra, 2007, atlas recortado deixando apenas as partes de terra, 42x70x7 cm atlas pólos, 2009, atlas recortado e colado, 23x33x4 cm; atlas mar, 2007 e 2009, atlas com a terra retirada de todas as páginas, 42x70x7 cm; 2007“Meu encontro com os mapas se deu a partir o livro do Ítalo Calvino, As cidades invisíveis, e por causa dele fui ler As viagens de Marco Pólo. Aí eu resolvi fazer o trabalho da planta do Rio, e depois o globo veio por causa do Marco Pólo. O encontro com o mar foi pelo poema anglo-saxão de autor desconhecido O navegante. A obra Constelações (2008-2009) também foi por uma idéia que remetia ao O navegante. Eu comecei a pesquisar um atlas de constelações, aí vieram os pássaros e tudo começou a se complementar.”As viagens de Marco Pólo http://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Polo Marco Pólo, Veneza 1254–1324 Mercador, embaixador e explorador. Juntamente com o seu pai, Nicolau, e o seu tio, Matteo, foi um dos primeiros ocidentais a percorrer a Rota da Seda. Partiram no início de 1272 do porto de Laiassus na Armênia. O relato detalhado das suas viagens pelo oriente, incluindo a China, foi durante muito tempo uma das poucas fontes de informação sobre a Ásia no Ocidente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Polo Caravana de Marco Polo de viagem para a Índia, Atlas Catalão As Cidades Invisíveis Ítalo Calvino Em As Cidades Invisíveis (1972), Calvino extrapola os fatos possíveis e imagina um diálogo fantástico entre “o maior viajante de todos os tempos” e o imperador dos tártaros. Melancólico por não poder ver com os próprios olhos toda a extensão dos seus domínios, Kublai Khan faz de Marco Polo o seu telescópio, o instrumento que irá franquear-lhe as maravilhas de seu império. Polo descreve minuciosamente 55 cidades por onde teria passado, agrupadas numa série de 11 temas: “as cidades e a memória”, “as cidades e o céu”, “as cidades e o mortos” etc. As Cidades Invisíveis, Italo Calvino, Editorial Teorema, 10.ª edição (Janeiro 2006), pp. 166 Cidades Invisíveis 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa, 2008 série nome dos mares, S/ título, 2007, desenho sobre 12 folhas de papel aguarelado feito com o nome dos mares, utilizando canetas de diversos tons, 100 x 100x7 cm Mar ,2008, desenho-s/-parede, 300x1000cm V Bienal de São Tomé e Príncipe http://sp-arte.com/web/artistas/?A&2011-SP_Arte-2011-7---0-r-80-rosana_ricalde V Bienal de São Tomé e Príncipe http://sp-arte.com/web/artistas/?A&2011-SP_Arte-2011-7---0-r-80-rosana_ricalde PALAVRAS COMPARTILHADAS SESC São Paulo, SESC Pernambuco, SESC Paraíba, SESC Tocantins. 2009|2011 Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz, SP – 2009 http://barocruz.blogspot.com/2009/05/exposicao-individual-de-rosana-ricalde.html Na mostra “Mundo flutuante”, a artista Rosana Ricalde apresenta uma série de novos trabalhos inspirados na caligrafia oriental e árabe, tendo como eixo central os elementos da natureza. A mostra, composta por desenhos de mares, mapa da cidade do Rio de Janeiro, duas obras intituladas constelações, entre outros, apresenta o desenho e a escrita coexistindo paralelamente. “Para ler perdemos o desenho, e quando miramos neste, a escrita se torna invisível”, diz Rosana. A relação entre a arte oriental e árabe não se dá apenas na temática da exposição mas também na busca de uma integração e percepção entre os fluxos da natureza. Com a repetição dos textos de livros ou o nome dos mares essa integração entre o objeto e seu nome acontece, transformando o espectador em um cúmplice destes acontecimentos „naturais‟. A exposição também evidencia o conceito de „linguagem-imagem‟ de Merleau-Ponty, o mesmo que Ricalde vêm trabalhando ao longo dos anos como nas séries “auto-retratos”, “manifestos”, “horizonte azul”, etc. Em “Mundo flutuante” a linguagem-imagem é focada nas incertezas da natureza dispostas através dos mapas e mares escolhidos pela artista. Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz, SP, 2009 http://barocruz.blogspot.com/2009/05/exposicao-individual-de-rosana-ricalde.html Prêmio Marcantonio Vilaça 2010 no Pavilhão de Exposições da Bienal em São Paulo Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz,SP, 2009 Marés 2008 - desenho sobre papel feito com o nome dos mares, 150x300x5 cm Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz,SP, 2009 http://www.rosanaricalde.com/menuport.html Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz,SP, 2009 Tsunami 2009 desenho sobras duas faces de caixa de acrílico,50x100x7cm Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz,SP, 2009 http://www.artealdia.com/International/Contents/Artists/Rosana_Ricalde constelações – 2008,vinil adesivo sobre vidro e espelho, 90x90cm constelações – 2009,papel pintado com jet e perfurado, montagem em backlight, 70x100x12cm O Navegante, Arte em Dobro, RJ, 2009 O Navegante Arte em Dobro, RJ, 2009 O Navegante 2005 - poema de mesmo nome escrito em garrafas de areia O Navegante pertence ao domínio oral anglo-saxão, com texto fixado por um monge no século 10. Ezra Pound, que verteu um grande trecho da obra para o inglês, disse em “O ABC da literatura” que realizou a tradução “para que possam mais ou menos ver onde a poesia inglesa começa” – tradução de Augusto de Campos, baseada na versão inglesa de Pound. O Navegante, Arte em Dobro RJ, 2009 O Navegante Possa eu contar em veros versos vários, não jargão da jornada, como dias duros sofrendo suportei. Terríveis sobressaltos me assaltaram e em meu batel vivi muitos embates, Duras marés, e ali, noites a fio, em vigílias sem-fim fiquei, o barco rodopiando entre recifes. Frio-aflitos os pés pela geada congelados. Granizo – seus grilhões; suspiros muitos partiram do meu peito e a fome fez feridas no meu brio. Para ver Quanto vale viver em terra firme, Ouçam como, danado, em mar de gelo, Venci o inverno a vogar, pobre proscrito, Privado de meus companheiros; Gosma de gelo, granizo-grudado, Sem ouvir nada além do mar amargo, A onda froco-fria e o grasnido do cisne, No meu ouvido como um gruir de ganso, Riso de aves marinhas sobre mim, Pés d‟água entre penhascos, contra a popa, Plumas de gelo. E às vezes a águia guaia Com borrifos nas guias. Nenhum teto Protege o navegante ao mar entregue. É o que não sabe o que vai em vida mansa, Rico e risonho, os pés na terra estável, Enquanto, meio-morto, mourejando, Eu moro em móvel- mar. O Navegante Arte em Dobro, RJ - 2009 Pólo Norte e Pólo Sul, 2009,atlas recortado cidades entrelaçadas, 2009 colagem sobre livro Mar azul, 2009, pintura e desenho sobre madeira, 100x150x5 cm; Mar azul, 2009, pintura sobre tela,100x50x5 cm mar do Japão, 2009, desenho inspirado em padronagem japonesa, as linhas são feitas com os nomes dos mares, 67x92 cm O Navegante Arte em Dobro, RJ - 2009 Mar do Japão, 2009 – série de desenhos de padronagem japonesa, as linhas são feitas com o nome dos mares, 67x92 cm cada O Navegante Arte em Dobro, RJ - 2009 O Navegante Arte em Dobro, RJ - 2009 Rios, 2009 desenho feito com o nome dos rios brasileiros, 29x198x3 cm O Navegante Arte em Dobro, RJ – 2009 Rios, 2009, desenho feito com o nome dos rios brasileiros, 32x96x3 cm cidades invisíveis, Rio de janeiro, 2008 planta de bairro do Rio recoberta pelo livro As Cidades Invisíveis, 70x150x5 cm cidades invisíveis, Rio de Janeiro|Barra da Tijuca 2008 planta de bairro do Rio recoberta pelo livro As Cidades Invisíveis, 60x179x5 cm O Navegante Arte em Dobro, RJ - 2009 O Percurso da Palavra Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009 Entre a imagem e a palavra A mostra reúne trabalhos realizados em diferentes momentos da trajetória da artista inseridos no contexto comum das paisagens e das cartografias. "Em geral minha produção envolve palavras, seja na feitura da obra ou no momento da idéia inicial. Em geral o texto vem primeiro, e a imagem acaba sendo fruto de algo que eu li", explica Ricalde. Segundo Ricalde, sua relação com a palavraé estreita, vem desde o início da carreira. Já a relação com o universo da geografia é mais recente. "O que caracteriza um artista contemporâneo é o fato dele viver se deslocando, não existe mais um lugar determinado, ele viaja e fica cruzando fronteiras, isso é algo que acho interessante, então de um tempo pra cá, comecei o trabalho com as referências dos mares, a pesquisa em mapas. Também sempre tive um fascínio por Atlas e dicionários. O primeiro é como um desenho imaginário do mundo, mas com capacidade de síntese, como se contivesse todo o planeta. O mesmo vale para o dicionário, como se tivesse poder de deter todas as coisas", revela a carioca. "O trabalho de Rosana é uma poética que se volta para a construção da visualidade pelo verbal, através da literatura". (Cassundé) A partir do texto do curador Bitu Cassundé O Percurso da Palavra Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009 Na exposição "O Percurso da Palavra“, Ricalde realiza uma viagem ao universo das navegações, em alguns momentos, faz referências ao livro "Cidades Invisíveis", de Ítalo Calvino É dessa obra, que a artista retira frases, como: "cidades diferentes" e "cartões-postais", para construir a planta de um bairro do Rio de Janeiro O Percurso da Palavra Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009 "1000 pássaros" - Trabalho pensado inicialmente para a Bienal de São Tomé e Príncipe. A artista se apropriou da lenda do Tsuru, pássaro que é a dobradura mais clássica da técnica do Origami. Rosana criou lenços feitos de papel com 1000 pássaros estampados, aproveitando artesãs locais neste processo de impressão das aves, que passou a ser também a impressão dos desejos. O trabalho foi refeito em Fortaleza, com lenços acompanhados por pipas, parte da cultura local. A partir de texto de Daniela Name http://novoscuradores.com.br/artigo-blog/rosana-ricalde Lenda do Tsuru O Tsuru (cegonha) é um dos animais que simbolizam a mocidade eterna e felicidade na Ásia. Diz-se que ele vive 1000 anos. São, possivelmente, os pássaros mais velhos da terra. Segundo a lenda conhecida sobre o Tsuru, aquele que fizer 1000 dobraduras dele, pensando em um desejo, que queira alcançar, terá bons resultados. http://origamidalelinha.blogspot.com/2009/10/origami-simples-tsuru.html O Percurso da Palavra Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009 Detalhe de "1000 pássaros" Para a exposição, Ricalde fez uma releitura da lenda e elaborou 100 pipas com as folhas onde estão desenhados os pássaros. Os primeiros visitantes encontraram disponíveis mil folhas com os mesmos desenhos, para que pudessem fazer as pipas em casa. Poéticas de Ricalde Com uma fundamentada pesquisa sobre a construção da imagem a partir do duplo Visual x Verbal na produção contemporânea brasileira, a artista utiliza a palavra como suporte para criação da imagem, seja através do desenho, da colagem ou da apropriação de textos literários e manifestos. Hábil manipuladora desse sistema, a artista arquiteta sua sintaxe poética nos trajetos da duplicidade e a conjuga numa geografia da palavra. A palavra escreve a imagem; é a natureza fundadora do processo criador, instaura diálogos ao declinar forma, conteúdo e resgata o espectador como um agente ativo, que desbrava a insinuante proposição que as imagens instauram, num jogo dialogal entre obra e público, entre o perto e o longe, entre o olhar e o ser olhado. Os mares de palavras de Ricalde reordenam composições geográficas em ondas, correntes marítimas, elaboradas pela caligrafia repetida dos nomes dos oceanos, que desaguam na composição imagética. A forma é revelada numa escritura que se localiza na dobra, quando a escrita encontra a imagem. Percorrer a geografia de Ricalde é adentrar em signos que revelam um repertório que habita a sua poética – globo, cidade, mapa, cartografia, atlas, mar, labirinto etc. –, entre relevos da literatura, poesia e palavra. A morfologia da paisagem revela-se em alguns trabalhos pelo ato da apropriação, evidenciado, por exemplo, nos diálogos com a literatura ou na utilização da técnica das areias coloridas. Os espaços, territórios e lugares dessa geografia da palavra reverberam uma sinestesia que instiga os sentidos e compõe um imaginário de significados. As paisagens anunciam o que está além do olhar e discutem a imagem através do laborioso requinte da metáfora. A partir do texto do curador Bitu Cassundé http://www.centrodefortaleza.com.br/Paginas/Destaques.php?titulo_resumo=Exposi%E7%E3o%20de%20Rosana%20Ricalde O Percurso da Palavra Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009 O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP, 2011 http://barogaleria.com/exposicao/rosana-ricalde-o-livro-das-questoes/ “…Criança, quando escrevi pela primeira vez o meu nome, tive consciência de começar um livro…” Ricalde apresenta uma serie de instalações, objetos e pinturas dos últimos anos até os últimos trabalhos do 2011. Constrói esse novo mundo poético lançando mão do poema Navegante, d‟As Mil e uma noites, das Viagens de Marco Pólo, de atlas e de dicionário. O livro das Questões, do poeta franco-egípcio Edmond Jabes, ordena as idéias da artistas nesta mostra. O livro das Questões - Baró Cruz Galeria, SP, 2011 O Livro das Questões selecionei obras mais antigas e obras recentes, incluindo algumas de 2011, procurando oferecer ao público uma visão panorâmica da minha linha de pensamento. Quase todos os trabalhos tiveram sua origem a partir de algum livro, inclusive o título da mostra – O livro das Questões – obra do poeta franco-egípcio Edmond Jabes, que foi para mim uma descoberta especial nessa busca por um ordenação das minhas idéias. O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP, 2011 vista da exposição "O livro das questões" - Baró Galeria Atrás da Liberdade dicionários de várias épocas e idiomas com a palavra LIBERDADE retirada e desenho(no fundo) feito com os significados da palavra liberdade O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP, 2011 as palavras e as coisas, 2004, páginas do livro As Palavras e as Coisas (de Michel Foucault) formando cubos, dimensões variadas O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011 A Invenção da Solidão livros de diversos autores que em algum momento abordam a Solidão - o livros estão abertos dentro de uma caixa, com um desenho que vela o restante do texto, deixando a mostra apenas o trecho referente a solidão Livro da Solidão dicionário com trecho trançado unindo as 2 páginas O livro das Questões - Baró Cruz Galeria, SP, 2011 As Cidades Invisíveis mapa da Cidade de Lisboa construído com o livro AS Cidades Invisíveis , integrando essa planta um atlas contendo uma planta antiga da cidade O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011 As Cidades Invisíveis O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011 O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP, 2011 O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP, 2011 O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP 2011 Labirinto, 2009 - desenho de um labirinto feito com as linhas do livro As Mil e noites. 100x115 cm O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011 As viagens de Marco Pólo, 2009 – livro do mesmo nome recortado em uma linha contínua formando um desenho. 150x150x5cm O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011 Corrente construída com elos de papel, em cada elo há uma palavra impressa. Cerca de 200 metros de corrente. 2003 O fio de Ariadne - rolo de papel feito com fio do livro AS Mil e uma noites O livro das Questões - Baró Cruz Galeria, SP, 2011 Foto: Céliam Ribeiro Série Mares da Lua - pintura e desenho sobre tela, com um dos mares da luaO livro das Questões - Baró Cruz Galeria, SP, 2011 Os 7 mares Série de 7 fotografias tiradas em praias de diversas praias do mundo, 24x32cm O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011 Conchas - back light com desenho de conchas em diversas cores O livro das Questões, Baró Cruz Galeria, SP, 2011 quadrilha, 2007, instalação com 21 fotografias de pares com os nomes do poema Quadrilha , de Carlos Drummond de Andrade. João que amava Lili Raimundo que amava João Maria que amava João João que amava Joaquim Teresa que amava João João que amava J. Pinto Fernandes Raimundo que amava Lili Lili que amava Maria Joaquim que amava Lili Lili que amava J. Pinto Fernandes Teresa que amava Lili Maria que amava Raimundo Raimundo que amava Teresa Teresa que amava Maria Raimundo que amava Joaquim Teresa que amava J. Pinto Fernandes Raimundo que amava J. Pinto Fernandes Joaquim que amava Maria Maria que amava J. Pinto Fernandes J. Pinto Fernandes que amava Joaquim Joaquim que amava Teresa “Eu estava lendo Hilda Hilst porque queria fazer algo sobre o amor. Tive uma intuição, ‘daqui pode sair alguma coisa’. (...) Queria fazer muito alguma coisa com o amor, aí fiz uma série de fotos chamada Quadrilha (2008), mesmo título do poema do Drummond. É um tipo de brincadeira com o amor, fiz umas pulseiras lá no México com todos os nomes das figuras do poema. Aí a gente deu uma festinha em casa e fez uma sessão de fotos com todas as possibilidades de pares, são 21 possibilidades.” ''O artista não deve fazer sua arte pensando no dinheiro. Isso é mérito do trabalho. Não pode ser a premissa e sim a conseqüência'', opina Rosana Ricalde, de 32 anos, casada com o colega de profissão Felipe Barbosa, de 26. Eles fizeram faculdade de artes plásticas. Ela se especializou em gravura e ele, em pintura. Há cerca de cinco anos, mantêm um ateliê a dois, no mesmo espaço que é também casa. Depois de formados, trabalharam como monitores, assistentes e restauradores. Também ralaram em um ateliê coletivo, onde dividiam o espaço com outros dez artistas - foi lá que se conheceram. A cada vitória, preparavam-se para dar mais um passo. ''Sempre reinvestimos o que ganhamos em equipamentos como laptop e máquina fotográfica para documentar as obras'', conta Felipe. Hoje a arte virou negócio de verdade. A dupla até emprega três assistentes. ''No início do ano, compramos a nossa casa'', conta Rosana. texto: Beatriz Portugal http://revistacriativa.globo.com/Criativa/0,19125,ETT832875-2240,00.html Eles vivem de arte Os jovens talentos da arte contemporânea brasileira são mais objetivos que românticos e enfrentam os percalços da carreira com profissionalismo e planejamento estratégico Ateliê residência Rosana Ricalde e Felipe Borba Ateliê residência Rosana Ricalde e Felipe Barbosa “A gente tem uma biblioteca incrível e uma pequena coleção (...) A gente investe por acreditar que a gente se alimenta daquilo ali, de imagem, de texto e também de informação sobre história da arte. Não sou uma grande estudiosa de teoria, até gostaria de me dedicar um pouco mais, mas não dá tempo, então a formação é um pouco informal. É baseada nos livros que a gente tem e que você vai vendo e tendo idéias, porque a arte contemporânea não te proíbe de ter idéias a partir de outros artistas. (...) na arte contemporânea não é só o resultado que representa o trabalho. A imagem pode até falar por si, o trabalho pode produzir um encantamento ou provocação, mas o contexto dele é fundamental para entender a obra. Gosto de ter o contexto, tanto no meu trabalho quanto no de outros artistas e entender como o cara produz, mais ainda os que me interessam.” Processo criativo Arte contemporânea Livros e Catálogos de Rosana Ricalde e Felipe Barbosa O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP 2011 Data show:Célia Ribeiro http://artedu-celialice.blogspot.com/
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