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APOSTILA FITOSSOCIOLOGIA UFLA

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
“LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA 
AVALIAÇÃO DE FLORA E FAUNA EM ESTUDOS 
AMBIENTAIS 
 
 
TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO, CARACTERIZAÇÃO 
E DIAGNÓSTICO DA VEGETAÇÃO: 
PRINCÍPIOS E PRÁTICAS 
 
 
 
 
Marco Aurélio Leite Fontes 
Prof. Engenharia Florestal – DCF/UFLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Lavras - UFLA 
Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE 
Lavras-MG 
2008 
 
 
 
Parceria 
 Universidade Federal de Lavras - UFLA 
 Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE 
Reitor 
 Antônio Nazareno Guimarães Mendes 
Vice-Reitor 
 Ricardo Pereira Reis 
Diretor da Editora 
 Marco Antônio Rezende Alvarenga 
Pró-Reitor de Pós-Graduação 
 Joel Augusto Muniz 
Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação “Lato Sensu” 
 Marcelo Silva de Oliveira 
Coordenador do Curso 
 Antônio Carlos da Silva Zanzini 
Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE 
 Edson Ampélio Pozza 
Impressão 
 Gráfica Universitária/UFLA 
Ficha Catalográfica preparada pela Divisão de Processos Técnicos da 
Biblioteca Central da UFLA 
 
 
Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da vegetação: 
princípios e práticas / Marco Aurélio Leite Fontes. 
- Lavras : UFLA, 2008. 
 
XXX p.: il. – Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização) a 
Distância: Avaliação de Flora e Fauna em Estudos Ambientais. 
 
Bibliografia 
1. Meio Ambiente. 2. Conservação da Flora. 3. Ecologia Florestal. 4. 
Fitossociologia. 5. Fenologia. I. Gonzaga, A.P.D. II. Fontes, M.A.L. III. 
Universidade Federal de Lavras. IV. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e 
Extensão. V. Título. 
 CDD - .XXX.XXX 
.
 
 
S U M Á R I O 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 5 
1. EVOLUÇÃO NO CONHECIMENTO SOBRE A VEGETAÇÃO ............................. 7 
2. MÉTODOS QUALITATIVOS ............................................................................... 12 
2.1. FLORÍSTICA ................................................................................................... 12 
2.2. ESPECTRO BIOLÓGICO ............................................................................... 18 
3. MÉTODOS QUALI-QUANTITATIVOS ............................................................... 22 
3.1. FENOLOGIA ................................................................................................... 22 
3.2. DIAGRAMA DE PERFIL E COBERTURA ....................................................... 27 
4. MÉTODOS QUANTITATIVOS ........................................................................... 30 
4.1. ÁREA VARIÁVEL ............................................................................................ 35 
4.1.1. PONTO QUADRANTE .................................................................................. 35 
4.2. ÁREA FIXA ..................................................................................................... 35 
4.2.1. PARCELAS ÚNICAS ................................................................................... 39 
4.2.2. PARCELAS MULTIPLAS ............................................................................. 39 
5. REGENERAÇÃO NATURAL ............................................................................. 42 
5.1. PARCELAS ...................................................................................................... 43 
5.2. AGULHAS ........................................................................................................ 47 
5.3. INTERCEPTAÇÃO DE LINHAS ...................................................................... 51 
6. DIVERSIDADE E RIQUEZA .............................................................................. 54 
6.1. DIVERSIDADE ................................................................................................ 57 
6.1.1. DIVERISDADE ALPHA ................................................................................. 57 
6.1.2. DIVERISDADE BETA .................................................................................. 59 
6.1.3. DIVERISDADE GAMA .................................................................................. 60 
6.2. ESTIMADORES DE RIQUEZA ........................................................................ 61 
6.2.1. JACKNIFFE .................................................................................................. 61 
7. DINÂMICA FLORESTAL .................................................................................... 62 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 69 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A preocupação legal com a questão ambiental inseriu-se no contexto mundial 
na década de 60, a partir da evidência de que as atividades humanas estavam 
produzindo alterações no meio ambiente capazes de trazer prejuízos diretos e 
indiretos à humanidade e à sua qualidade de vida. 
Como principal marco dessa conscientização surgiu por inspiração de 
movimentos ambientalistas nos Estados Unidos a primeira legislação importante em 
matéria de avaliação de impacto ambiental. Essa lei, denominada National 
Environmental Policy Act (NEPA), passou no Congresso Americano no final do ano 
de 1969 e foi assinada pelo Presidente Nixon em 1970. Dispondo sobre os objetivos 
e princípios da política ambiental americana, o NEPA exige em seu artigo 102 que 
“todas as agências do Governo Federal deverão incluir em cada recomendação ou 
informe sobre propostas para legislação e outras ações federais importantes que 
afetem significativamente a qualidade do ambiente humano, uma declaração 
detalhada feita por funcionários responsáveis, a respeito do impacto das medidas 
propostas sobre o meio ambiente”. 
Esse procedimento foi discutido também em outros países e rapidamente 
incorporou-se em suas legislações de acordo com particularidades jurídicas e 
institucionais de cada país. 
O Brasil possui uma ampla história sobre a regulação da avaliação de impacto 
ambiental. Inspirado nas normas preconizadas pelo NEPA, a avaliação de impacto 
ambiental incorporou-se na legislação de uma forma relativamente tímida através da 
Lei Nº 6.803 de 1980 sobre diretrizes básicas para a zonificação de áreas críticas de 
contaminação. A Lei Nº 6.938 de 31 de agosto de 1981 estabeleceu a Política 
Nacional do Meio Ambiente (PNMA) como normas gerais para toda a nação. No seu 
artigo 9º, inciso III instituiu a avaliação de impacto ambiental como instrumento de 
proteção do meio ambiente. O Decreto Nº 88.351 de 1983 regulamentou a referida 
lei fixando a exigência dos estudos de impacto ambiental para fins de licenciamento 
de atividades potencialmente poluidoras ou empreendimentos capazes de causar 
degradação ambiental (Queiroz, 1990). O advento da Resolução Nº 001 de 23 de 
janeiro de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, deu um tratamento mais 
orgânico às avaliações de impacto ambiental estabelecendo definições, 
responsabilidades e critérios básicos para sua implementação (CONAMA, 1992). A 
Constituição Federal de 1988 consagrou o direito fundamental a viver em um meio 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
6 
ambiente equilibrado e para garantir esse direito exige o estudo de impacto 
ambiental para determinadas atividades. 
Nas últimas duas décadas, o processo de Avaliação de Impacto Ambiental 
(AIA) tem sido reconhecido como um dos mais importantes instrumentos de política 
ambiental, tendo sido adotado em praticamentetodos os países desenvolvidos e em 
vias de desenvolvimento, em diferentes contextos políticos e institucionais, de 
maneira formal ou informal. Atualmente, a AIA vem sendo aplicada também às 
políticas, planos e programas, sendo conhecida, nestes casos, como Avaliação 
Ambiental Estratégica (AAE). 
Assim no processo de evolução da consciência ambiental mundial, utiliza-se a 
avaliação de impacto ambiental como instrumento de negociação todos os principais 
organismos de cooperação internacional como a Organização das Nações Unidas 
(ONU), o Banco Mundial (BIRD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento 
(BID), entre outros. 
Todavia, apesar de sua importância como instrumento de tomada de decisão, a 
aplicação plena da AIA como instrumento de gestão ambiental vem apresentando 
severas limitações em virtude de problemas relacionados aos procedimentos 
político-institucionais e técnico-científicos. Diante de tal contexto, diversos fóruns 
nacionais e internacionais, particularmente, a “International Association for Impact 
Assessment” (IAIA), vem recomendando que sejam feitos investimentos em 
capacitação técnica para os diversos profissionais envolvidos na prática da AIA. 
 
 
 
1 
EVOLUÇÃO NO CONHECIMENTO 
SOBRE A VEGETAÇÃO 
Os estudos sobre a composição florística e a estrutura das formações florestais 
são de fundamental importância, pois oferecem subsídios para a compreensão da 
estrutura e da dinâmica destas formações, parâmetros imprescindíveis para o 
manejo e regeneração das diferentes comunidades vegetais (Manzatto 2001). 
A disciplina atualmente conhecida como Fitossociologia foi fundada com o 
nome de Sociologia de Plantas em um trabalho pioneiro de Paczoski em 1896 
(Pavillard 1935). No entanto o termo Fitossociologia só se firma com os trabalhos de 
Braun-Blanquet apartir da década de 20 (Braun-Blanquet 1979). 
Assim a Fitossociologia pode ser definida como o estudo das causas e efeitos 
da co-habitação de plantas em um dado ambiente, do surgimento, constituição e 
estrutura dos agrupamentos vegetais e dos processos que implicam em sua 
continuidade ou em sua mudança ao longo do tempo. 
Esta ciência reúne um conjunto de métodos, teorias e conceitos que abrangem 
desde a descrição de uma comunidade vegetal local até a investigação de padrões 
recorrentes em várias comunidades em escala geográfica; desde uma 
demonstração de associação entre a variação espacial de abundância de uma 
espécie e a variação espacial de um fator ou recurso em uma comunidade local até 
o estabelecimento de condições limitantes de populações e comunidades em escala 
fitogeográfica; desde um olhar sobre o estado instantâneo de uma comunidade até a 
integração de sua variação ao longo de um intervalo de tempo; desde a classificação 
de trechos de vegetação em escala local, até as relações entre grandes formações. 
Dada essa grande abrangência, a Fitossociologia é geralmente dividida em 
(Pavillard 1935, Braun-Blanquet 1979): 
i) Morfologia da comunidade: estuda o conteúdo e a forma da comunidade, ou seja, 
sua estrutura; 
ii) Sinecologia mesológica: aborda as interações abióticas da comunidade 
(associações entre variações espaciais da abundância de uma ou mais espécies 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
8 
e variáveis de solo, clima, relevo, etc.); 
iii) Sinecologia etológica: estuda a periodicidade das funções vitais (Fenologia) e as 
interações bióticas (competição, herbivoria, etc.) na comunidade, ou seja, sua 
função; 
iv) Sindinâmica: considera as variações temporais da comunidade, incluindo a 
sucessão e a deriva, ou seja, a dinâmica; 
v) Sintaxonomia ou sistemática fitossociológica: ocupa-se da classificação das 
comunidades; 
vi) Sincorologia: estuda a distribuição das comunidades no espaço e inclui a 
fitogeografia. 
Cada um desses campos de conhecimento fitossociológico é dotado de 
terminologia e métodos conhecidos e reconhecidos internacionalmente, e 
geralmente, com base matemático-estatística demonstrada. Isso permite identificar, 
descrever e estabelecer relações entre os elementos estudados em cada um desses 
campos, de modo que a Fitossociologia tem uma característica metódica. Permite 
também que os resultados da aplicação desses métodos por diferentes 
pesquisadores possam ser comparados e possam localizar e descrever tipos 
diferentes de comunidades, de modo que a Fitossociologia, além de sistemática, é 
também prospectiva. Prospectiva, tanto no sentido de possibilitar levantamentos 
detalhados de comunidades quanto no sentido de permitir a proposição de 
expectativas com base tanto no conhecimento da teoria quanto no cotejamento dos 
dados com a teoria. 
A metodologia de estudos fitossociológicos nasceu na Europa, sendo que nas 
Américas desenvolveram-se técnicas de análise quantitativa e a fitossociologia teve 
seu maior enfoque nos estudos do componente arbóreo das florestas (Martins 
1979). 
No Brasil, os primeiros estudos fitossociológicos foram feitos com o objetivo de 
conhecer melhor a estrutura florestal, como uma forma de combate às epidemias, e 
foram realizados por meio do Instituto Oswaldo Cruz. Os estudos começaram a ter 
caráter acadêmico, com enfoques ecológicos, quando o pesquisador Stanley A. 
Cain, da Universidade de Michigan (EUA) veio ao Brasil com o intuito de aplicar os 
conceitos e métodos fitossociológicos, que foram desenvolvidos para florestas 
temperadas, às florestas tropicais (Martins 1979). 
A fitossociologia no Brasil teve seus primeiros trabalhos efetuados na década 
de 40, mas somente na década de 80 se firmou como uma área de pesquisa das 
mais relevantes em ecologia, com massa crítica de trabalhos que permitiram bons 
diagnósticos de parte da estrutura de diversos biomas brasileiros, principalmente o 
cerrado e as florestas ciliar, estacional semidecidual e pluvial tropical. Em relação às 
publicações internacionais, a fitossociologia teve seu auge na década de 60, sendo 
Evolução no conhecimento sobre a vegetação 
 
9 
desenvolvida aqui, portanto, com 20 anos de atraso. 
Estes trabalhos desenvolvidos no Brasil, como muitos outros que vêm sendo 
feitos até os dias de hoje, procuraram analisar parte da estrutura da vegetação, 
principalmente o seu componente dominante, notadamente com base na amostra de 
árvores, a partir de critérios de inclusão que foram muito variados, mesmo 
considerando-se o mesmo bioma. No caso do cerrado, houve uma padronização 
maior, ao passo que nos levantamentos de florestas, a variação foi 
excepcionalmente grande, adotando-se quase sempre critérios pouco abrangentes, 
tamanhos e formas de parcelas variados ou algum método de distância, 
principalmente o de quadrantes, o que dificulta sobremaneira as análises 
comparativas. 
A partir de meados da década de 80, os estudos começam a interpretar os 
seus resultados com base em características fisiológicas ou de dispersão das 
espécies, classificando-as quanto à exigência de luz ou à síndrome de dispersão. 
Dada a massa crítica de trabalhos que é produzida, são comuns a partir deste 
período as comparações entre as floras obtidas, como se fossem representativas 
dos biomas sob estudo, e como se os esforços amostrais, os critérios de inclusão, a 
heterogeneidade interna entre áreas ou os estádios de sucessão dos trechos 
analisados, entre muitos outros fatores, não fossem relevantes, tentando estabelecer 
relações fitogeográficas entre biomas ou comunidades de um mesmo bioma. 
O inventário é a descrição da comunidade vegetal e das condições de 
ambiente que nela prevalesce. Consiste na listagem das plantas encontrados na 
comunidade vegetal, asquais por razões práticas são reunidas em populações. Se 
necessário, as populações são listadas por estratos verticais. A cada população é 
associada uma estimativa de quantidade, que pode ser a sua freqüência, cobertura, 
densidade, ou biomassa dentro da comunidade. A avaliacão dessas quantidades 
pode exigir uma amostragem dentro da comunidade vegetal e a aplicação de 
métodos apropriados. Cobertura e densidade (abundância) podem ser avaliadas 
visualmente quando a comunidade vegetal pode ser visualizada no seu todo. O 
inventário também inclui a anotação de características de ambiente relevantes, 
como altitude, condições climáticas do local, exposição solar, declividade do terreno, 
posição no relevo, substrato geológico e grau e tipo de ação antrópica, e a tomada 
de amostras de solo para a análise de características químicas e físicas. 
A inserção de instrumentos numéricos às análises fitossociológicas é 
fortalecida neste mesmo período, buscando-se, principalmente, significância entre 
as diferenças nos valores obtidos para algum parâmetro, relações e correlações 
entre a estrutura observada e algum parâmetro ambiental, principalmente do clima e 
do solo. É desta mesma época a aparecimento da preocupação quanto a 
representatividade do trecho sob análise, inserindo-se nas análises instrumentos de 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
10 
sensoriamento remoto - fotos aéreas e imagens de satélite -, que permitiram 
extrapolações, além de estimular-se o resgate histórico de ocupação da área, já que 
isto pode alterar de forma radical a estrutura original da vegetação, raramente 
encontrada nos dias de hoje. 
São dos principais limites às interpretações feitas com base nestes 
levantamentos: - a falta de conhecimento fundamental acerca da fisiologia das 
espécies, em suas várias etapas do ciclo de vida, o que tem levado a interpretações 
que variam muito entre os pesquisadores, acarretando em incorreções na 
classificação do estádio sucessional da vegetação nos trechos analisados; - o uso 
de dados climáticos e do solo que nem sempre são representativos do local, 
ressaltando-se no caso do solo o papel que a própria vegetação tem na sua 
estrutura e fertilidade; - a identificação das espécies com base em material 
vegetativo, levando em conta que muitos herbários regionais não têm material 
botânico bem identificado; - o conhecimento muito parcial dos biomas, já que 
critérios restritivos de amostragem não permitem conhecer-se adequadamente a 
estrutura interna dos biomas (componente herbáceo, arbustivo, arbóreo de sub-
mata, epífitas e lianas); - o desperdício de uma grande quantidade de informações 
contidas nas tabelas fitossociológicas, interpretadas em sua maioria como se fosse 
um concurso das 10 mais em VI; e - algo que é essencial a qualquer área de ciência, 
que é o desenvolvimento da pesquisa a partir de perguntas bem elaboradas e de 
objetivos que não sejam os de: contribuir ao conhecimento de algum trecho de 
vegetação, o que tem acarretado, entre as conclusões, a de que: são necessários 
novos estudos. 
Por outro lado, não fosse a fitossociologia, até muito recentemente pouco se 
saberia acerca da flora da maioria dos biomas do território brasileiro, já que são 
poucos os trabalhos de levantamentos florísticos amplos. São limites atuais 
importantes à fitossociologia avanços no conhecimento da fisiologia das espécies, o 
pequeno número de especialistas nos diversos grupos vegetais, principalmente às 
plantas dependentes do componente dominante dos biomas, de instrumentos 
numéricos à interpretação, principalmente de análises multivariadas, essenciais à 
discrimição dos fatores determinantes da estrutura, e de padronizações, que não 
significam o uso do mesmo método ou critérios de inclusão, mas de procedimentos 
que permitam comparações dos resultados que vêm sendo obtidos, sob o risco de 
continuarmos a fazer estudos de caso, tão importantes no passado recente da 
fitossociologia. 
O estudo da vegetação é fundamentalmente comparativo. Comunidades são 
comparadas com vistas a revelar padrões de distribuição e associação, os quais 
podem ser interpretados em relação à variação espacial e temporal de fatores de 
ambiente e, ou ser usados para definir tipos de vegetação. Para tanto, descrevem-se 
um conjunto de comunidades ao longo de gradientes ambientais ou ao longo do 
Evolução no conhecimento sobre a vegetação 
 
11 
tempo. 
 
 
 
2 
MÉTODOS QUALITATIVOS 
Os métodos qualitativos têm grande importância para o conhecimento das 
formações vegetais, que proporcionará informações essenciais para a condução de 
estudos detalhados, tais como levantamentos estruturais e, ou análise das 
correlações existentes entre os gradientes de vegetação e ambiente, estabelecendo 
parâmetros comparativos com outros fragmentos florestais. Existem várias formas 
de realizar os levantamentos qualitativos, dentre os mais utilizados, podemos citar o 
os levantamentos florísticos e o espectro biológico. 
2.1. FLORÍSTICA 
O levantamento florístico é o mais utilizado no Brasil e consiste em uma 
listagem das espécies que ocorrem em determinado local. Deve ser feita descrição 
da área como um todo para caracterizar o ambiente, já que cada espécie tem uma 
amplitude ecológica e um modo de se relacionar com o ambiente. E para sua 
realização de forma correta critérios são básicos: a identidade botânica e o período 
de coleta. 
Para a correta identificação botânica as coletas deverão ser de material fértil, 
as amostras de ramos devem ser cortadas com auxilio de uma tesoura de poda, e 
posteriormente a prensagem em jornal entre dois papelões do mesmo tamanho do 
jornal. Depois devem ser levadas para secar ao sol ou em estufa de secagem. Ainda 
no campo devem ser anotados os dados da planta, de acordo com ficha de campo 
(Figura 1). As coletas do material botânico deverão ser conduzidas a um herbário 
para comparações e sua correta identificação. É sempre interessante consultar a 
bibliografia especializada bem como encaminhar as coletas, sempre que possível a 
um especialista. 
Outro cuidado importante é o período de coleta, sob dois aspectos: 
i) o intervalo de tempo entre as campanhas e 
ii) o período total de amostragem. 
Em função de diferenças nas fases de floração e frutificação das espécies, 
torna-se de suma importância visitas periódicas a área de estudo a fim de se obter o 
maior número de coletas de material fértil. É recomendado que as visitas sejam 
realizadas quinzenalmente e por longos períodos de tempo (2 a 5 anos), visto que 
Métodos qualitativos 
 
13 
variações climáticas, bem como sazonalidade na produção de flores e frutos é uma 
forte caracteristica das espécies arbóreas. 
 
Figura 1. Exemplo de ficha para acompanhar o material coletado. 
FICHA DE COLETA BOTÂNICA 
Nome científico:_____________________________________________________________ 
Família botânica:____________________________________________________________ 
Nome vulgar:_______________________________________________________________ 
Habitat:__________________________________________________ Altit.:__________m 
Hábito:___________________________________________________ Altitude:_________ 
Flor (cor, odor, etc.):_________________________________________________________ 
Fruto (tamanho, cor, odor, etc.):________________________________________________ 
Coletor:__________________________________________________ Data:___________ 
Determinador:_____________________________________________ Data:___________ 
Observações (usos, abundância, etc.):___________________________________________ 
__________________________________________________________________________CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DAS PRINCIPAIS FAMÍLIAS 
BOTÂNICAS COM REPRESENTANTES ARBÓREOS NO BRASIL PARA FINS DE 
RECONHECIMENTO EM CAMPO. 
ARECACEAE 
- Folhas compostas, pinadas ou palmadas, alternas apicais, paralelinérvias, sem 
estípulas; eixo monopodial, geralmente com cicatrizes peciolares (anéis) no 
estipe: 
Syagrus (jerivá), Euterpe (palmito), Attalea (indaiá), Butia (butiá), Bactris (tucum), 
Geonoma (guaricana), Mauritia (buriti). 
 
ANACARDIACEAE 
- Folhas simples ou compostas (imparipinadas), alternas, sem estípulas; nervuras 
laterais terminando na margem da folha: 
- Imparipinadas; com ráquis alado: Schinus (aroeira); Tapirira; 
- Simples : Lithraea (bugreiro). 
 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
14 
ANNONACEAE 
- Folhas simples, alternas dísticas, sem estípulas, margem inteira; casca 
desprende em tiras;eixo dos raminhos geralmente em zig-zag: 
- Annona, Rollinia (araticum), Xylopia. 
 
APOCYNACEAE 
- Folhas simples, alternas, opostas ou verticiliadas, sem estípulas, raminhos com 
muitas lenticelas; fruto folículos germinados; frutos e ramos jovens laticíferos: 
- Aspidosperma (peroba), Tabernamontanae (Peschiera syn.) (leiteiro). 
 
AQUIFOLIACEAE 
- Folhas simples, alternas, com estípulas, geralmente obovadas e de margem 
serreada, coriáceas; casca interna arenosa: 
- Ilex (erva-mate, caúna, congonha). 
 
ARALIACEAE 
- Folhas simples ou compostas digitadas, alternas, com estípulas apicais: 
- Schefflera (mandiocão), Dendropanax (maria-mole, folha simples). 
 
ASTERACEAE 
- Folhas simples, alternas, sem estípulas, geralmente pilosas; casca interna 
geralmente escura e arenosa: 
- Piptocarpha (vassourão-branco), Vernonia (vassourão-preto). 
 
BIGNONIACEAE 
- Folhas compostas, opostas, sem estípulas; 
- Folhas digitadas, com folíolos longos e peciolados: Tabebuia, Zeyhera, Cybistax 
(ipês); exceto: Tabebuia cassinoides (caxeta) - folhas simples opostas; 
- Folhas bipinadas: Jacaranda spp. (caroba, jacarandá mimoso). 
 
CECROPIACEAE 
- Folhas simples, lobuladas; com ramificação somente na altura superior do 
tronco: 
- Cecropia (embaúba), Coussapoa (mata-pau). 
 
CLUSIACEAE (GUTTIFERAE) 
- Folhas simples, opostas, sem estípulas; 
Métodos qualitativos 
 
15 
- Folhas não laticíferas, verde-escura, nervação expressiva; casca interna 
laticífera: Calophyllum (guanandi), Rheedia (bacopari), Clusia. 
 
CUNONIACEAE 
- Folhas laticíferas, látex esbranquiçado, nervação pouco expressiva: Clusia 
(mangue-do-mato, criúva); 
- Folhas compostas, digitadas ou imparipinadas, opostas, com estípulas 
interpeciolares grandes: 
- Folhas digitadas: Lamanonia (guaperê); 
- Folhas imparipinadas com ráquis alado: Weinmannia (gramimunha). 
 
EUPHORBIACEAE 
- Folhas simples, alternas, espiraladas, com estípulas, em geral um par de 
glândulas na união do pecíolo com o limbo ou na base deste, geralmente 
margem serreada: 
- Folhas com glândulas: Tetrorchidium; 
- Folhas com glândulas e látex: Sapium (leiteiro), Croton (urucurana); 
- Folhas sem látex: Alchornea (tapiá), Hieronyma (licurana). 
 
LAURACEAE 
- Folhas simples, alternas, sem estípulas, geralmente lanceoladas; com domácias; 
planta aromática, casca interna arenosa (exceto Ocotea puberula - canela-sebo, 
guaicá): 
- Ocotea, Nectandra, Cinnamomum, Persea, Aniba (canelas). 
 
FABACEAE 
- Folhas compostas, alternas, com estípulas e pulvinos (articulações); fruto 
legume/sâmara. 
MIMOSOIDEAE 
- Folhas bipinadas com glândulas no ráquis: 
- Mimosa (bracatinga), Acacia, Piptadenia, Anadenthera (angico), Enterolobium 
(timbaúva); 
CAESALPINIOIDEAE 
- Folhas bipinadas sem glândulas no ráquis: - Caesalpinia (sibipiruna), 
Schizolobium (guapuruvú); 
- Folhas paripinadas: - Senna (chuva-de-ouro), Cassia, Copaifera (pau-de-
óleo), Pterogyne; 
- Folhas bifoliadas: - Bauhinia (pata-de-vaca), Hymenaea (jatobá); 
FABACEAE/FABOIDEAE 
- Folhas imparipinadas; Dalbergia (jacarandá), Myrocarpus (cabreúva), 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
16 
Centrolobium (araribá). 
 
MAGNOLIACEAE 
- Folhas simples, alterna, com estípula apical, sem exsudações, com cicatriz no 
pecíolo: 
- Magnolia (pinha do brejo); Michelia (champaca, exótica). 
 
MELASTOMATACEAE 
- Folhas simples, opostas, sem estípulas, curvinérvias: 
- Tibouchina (quaresmeira), Miconia (jacatirão). 
 
MELIACEAE 
- Folhas compostas, alternas, sem estípulas, geralmente grandes: 
- Folhas pinadas: Cedrela (cedro), Cabralea (canjerana), Guarea, Trichilia; 
- Folhas (às vezes!) trifolioladas: Trichilia (catiguá). 
 
MORACEAE 
- Folhas simples, alternas, com estípula terminal,1°par de nervuras formando 
ângulo reto; geralmente com látex; 
- Ficus (figueira). 
 
MYRISTICACEAE 
- Folhas simples, alternas, sem estípulas, dísticas; planta de crescimento 
monopodial e ramificação verticilada: 
- Virola (bicuíba, bocuva), Myristica (noz-moscada). 
 
MYRSINACEAE 
- Folhas simples, alternas, sem estípulas (a folha nova apical parece estípula), 
nervação inexpressiva; casca interna com bolsas de resina; 
- Myrsine (capororoca). 
 
MYRTACEAE 
- Folhas simples, opostas, sem estípulas, margem inteira, com pontos 
translúcidos aromáticos; nervuras secundárias geralmente numerosas, paralelas 
e pouco visíveis: 
Métodos qualitativos 
 
17 
- Myrcia (guamirim), Eugenia (pitanga), Campomanesia (gabiroba). 
 
NYCTAGINACEAE 
- Folhas simples, oblongas, com margem inteira, de consistência mole, carnosa, 
oxidam ao secar: 
- Folhas alternas (Bougainvillea); 
- Folhas opostas (Neea, Guapira, Pisonia). 
 
PROTEACEAE 
- Folhas simples ou compostas pinadas, alternas, sem estípulas; lâminas foliares 
com acentuado polimorfismo (inteiras, serreadas ou lobadas), geralmente 
coriáceas, pilosas no dorso; ritidoma com lenticelas pequenas e alinhadas, 
casca interna tipicamente trançada e arenosa: 
- Roupala (carvalho-brasileiro), Grevillea (grevilha). 
 
PHYTOLACCACEAE 
- Folhas simples, alternas, glabras, coriáceas, geralmente margem crespa: 
- Phytolacca (celolão), Seguieria (pau d’alho). 
 
ROSACEAE 
- Folhas simples, alternas, sem estípulas, com glândulas na base, sem exudações 
ou odores: 
- Prunus (pessegueiro-bravo). 
 
RUBIACEAE 
- Folhas simples, opostas-cruzadas, com estípulas interpeciolares: 
- Bathysa (queima-casa), Amaioua (carvoeiro), Posoqueira (baga-de-macaco), 
Psychotria, Coffea. 
 
RUTACEAE 
- Folhas simples ou compostas, trifolioladas ou imparipinadas, alternas ou 
opostas, sem estípulas: 
- Trifolioladas opostas: Balfourodendron (marfim), Esenbeckia (guatambu); 
- Imparipinadas alternas, com pontos translúcidos e odor cítrico; ritidoma 
geralmente com acúleos: Zanthoxylum (fagara, mamica-de-porca). 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
18 
 
SAPINDACEAE 
- Folhas simples ou compostas, trifolioladas ou imparipinadas terminando em 
pequena ponta (folíolo abortado), alternas, sem estípulas: 
- Simples (Dodonea); 
- Trifolioladas de margem serreada: Allophyllus; 
- Imparipinadas de margem inteira: Matayba (camboatá); de margem serreada: 
Cupania (camboatá). 
 
SAPOTACEAE 
- Folhas simples, alternas, coriáceas, altamente laticífera: 
- Chrysophyllum (aguaí, mata-olho), Pouteria (leiteiro-preto). 
 
SOLANACEAE 
- Folhas simples, alternas, com e sem estípulas, geralmente pilosas e com mau 
odor; 
- Solanum (fumo-bravo, canema).VERBENACEAE 
- Folhas simples ou compostas, opostas, sem estípulas: 
- Digitadas com folíolos curto-peciolados: Vitex (tarumã); 
- Verticiladas com glândulas na base: Cytharexyllum (tucaneiro). 
 
VOCHYSIACEAE 
- Folhas simples, verticiladas, sem estípulas e sem glândulas: 
- Vochysia (guaricica). 
- Qualea (glândulas na base do pecíolo). 
2.2. ESPECTRO BIOLÓGICO 
O espectro biológico constitui uma ferramenta na categorização das formas de 
vida das plantas. Forma de vida (ou forma de crescimento, ou forma biológica) é a 
forma (ou hábito) que o organismo de uma planta apresenta como resultado do seu 
ajustamento às forças ambientais, incluindo as modificações fenotípicas (não 
herdáveis). Se um vegetal mostra-se como árvore no cerrado e arbusto no campo 
(e. g., Dalbergia violacea), então diremos que possui duas formas de vida; isto 
Métodos qualitativos 
 
19 
porque, ao definir uma forma de vida, apenas congregamos todos os indivíduos que, 
em determinado meio, exibam as mesmas características morfológicas. Disto emana 
que as formas de vida expressam, em características fáceis de observar, as bases 
estruturais das adaptações introduzidas pelo ambiente e podem, portanto, informar-
nos acerca das condições locais; também peculiaridades funcionias podem, delas, 
ser inferidas. 
As formas de vida constituem destacadas características da estrutura das 
vegetações, ao descrever estas, teremos que lidar com dois aspectos básicos: 
estrutura e composição. Esta exige o conhecimento das espécies componentes, as 
quais, sendo muito numerosas pedem anos de trabalho preliminar e profundos 
conhecimentos especializados ao pesquisador. 
Das várias classificações existentes de formas de vida, a de Raunkiaer (1934) 
é a única universalmente empregada e, portanto, bem conhecida. Ela toma como 
base o fato de que, exceto os ambientes constantemente quentes e úmidos, a 
maioria dos climas exibe períodos alternantes favoráveis e desfavoráveis ao 
crescimento vegetal (p. ex., frio ou seco). Raunkiaer procurou organizar um sistema 
em que se destacasse o ajustamento às épocas desfavoráveis – e o fez segundo o 
grau de proteção das gemas latentes; para isto, basta determinar a posição das 
gemas. A escolha das gemas prende-se ao fato de que elas contêm os meristemas 
ou tecidos embrionários; durante as fases desfavoráveis, a proteção destes é 
fundamental para que o crescimento seja retomado ao voltarem as estações 
propícias. Raunkiaer criou cinco classes de formas de vida: 
1. FANERÓFITOS – as gemas acham-se a mais de 25cm acima do solo. Podem 
ser sub-divididas segundo o porte em: megafanerófitas; mesofanerófitas; 
microfanerófitas; nanofanerófitas 
2. CAMÉFITOS – as gemas situam-se entre a superfície do solo e 25cm, de 
sorte que se protegem pela camada de serrapilheira. 
3. HEMICRIPTÓFITOS – as gemas localizam-se ao nível do solo e estão 
abrigadas pelo próprio ambiente. 
4. CRIPTÓFITOS – as gemas estão abaixo da superfície do substrato. Podem 
ser sub-divididas segundo o local onde estão apoiadas em: geófitas; helófitas; 
hidrófitas. 
5. TERÓFITOS – as gemas não são perenes e persistem sob a forma dos 
embriões conservados bas sementes. Logo, são as plantas são anuais, que 
completam o ciclo vital num só período vegetativo. 
Várias adaptações foram feitas a proposta de Raunkiaer, a uma das mais 
interessantes é aquela que cria novas categorias para englobar as formas de vida 
que apresentam o hábito de apoiar sobre outros organismos. 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
20 
 
CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS FORMAS DE VIDA SEGUNDO 
RAUNKIAER (adaptação) 
 
1 Plantas autótrofas 
 1.1 Plantas que crescem independentes de outras 
 1.1.1 Plantas lenhosas ou herbáceas, perenes, 
sempreverdes ou decíduas 
 1.1.1.1 Plantas cujos ramos de brotamento 
permanecem acima de 25cm ou não retrocedem a 
alturas inferiores àquelas......................................... FANERÓFITAS 
 a. Alturas superiores a 30m................................. MEGAFANERÓFITAS 
 b. Alturas entre 30-08m........................................ MESOFANERÓFITAS 
 c. Alturas entre 08-02m........................................ MICROFANERÓFITAS 
 d. Alturas entre 02m-5cm..................................... NANOFANERÓFITAS 
 1.1.1.2 Plantas cujos ramos maduros e de 
brotamento permanecem abaixo de 25cm, ou que 
crescem além daquela altura, mas retrocedem 
periodicamente a alturas inferiores àquela.............. CAMÉFITAS 
 1.1.2 Plantas perenes (incluindo as bianuais) com 
redução periódica dos ramos de brotamento 
 1.1.2.1 Redução do sistema de brotamento a 
nível do solo............................................................ HEMICRIPTÓFITAS 
 1.1.2.2 Redução a órgãos de reserva sob o 
substrato................................................................. CRIPTÓFITAS 
 a. Sob solo.......................................................... GEÓFITAS 
 b. Sob lodo.......................................................... HELÓFITAS 
 c. Sob superfície d’água...................................... HIDRÓFITAS 
 1.1.3 Plantas anuais, cuja parte vegetativa morre 
após produção de sementes................................... TERÓFITA 
 1.2 Plantas que crescem utilizando-se de outras como 
suporte 
 1.2.1 Plantas que enraízam no solo 
 1.2.1.1 Plantas que germinam no solo e mantêm 
contato com ele....................................................... LIANAS 
 1.2.1.2 Plantas que germinam no sob outras e 
posteriormente estabelecem suas raízes no solo, 
ou que germinam no solo, crescem sobre outras, 
e, depois perdem sua ligação com o 
substrato................................................................. HEMI-EPÍFITAS 
 1.2.2 Plantas que germinam e crescem sobre 
outras......................................................................... EPÍFITAS 
2 Plantas semi-autótrofas: plantas verdes com 
dependência fisiológiga de plantas autótrofas 
vivas.............................................................................. 
PARASITAS 
VASCULARES 
 
Métodos qualitativos 
 
21 
 
Figura 2.: Esquema demonstrativo das formas de vida segundo Raunkiaer (1934), 
onde: 1. FANERÓFITAS; 2 e 3. CAMÉFITAS; 4 HEMICRIPTÓFITAS; CRIPTÓFITAS 
(5. GEÓFITAS; 6. HELÓFITAS; 7, 8, 9. HIDRÓFITAS) 
 
 
 
3 
MÉTODOS QUALI-
QUANTITATIVOS 
3.1. FENOLOGIA 
A fenologia estuda a ocorrência de eventos biológicos repetitivos e sua relação 
com mudanças no meio biótico e abiótico (Lieth 1974; Morellato et al. 1990), 
buscando esclarecer a sazonalidade dos fenômenos biológicos, enfatizando o 
conjunto da história sazonal dos ambientes após esta ter ocorrido e, ou durante sua 
ocorrência (Lieth 1970). 
Os ciclos fenológicos de plantas tropicais são complexos, apresentando 
padrões irregulares de difícil reconhecimento, principalmente em estudos de curto 
prazo. Portanto, a escolha dos métodos de avaliação e representação tem especial 
importância, pois pode dificultar ou auxiliar no reconhecimento dos padrões 
fenológicos (Newstrom et al. 1994). 
Variadas linhas de abordagem surgiram em torno do tema fenologia de plantas. 
Entretanto, ao longo dos últimos 30 anos de desenvolvimento de estudos 
fenológicos não foram levadas em consideração questões metodológicas 
importantes na coleta e na avaliação dos dados fenológicos como, por exemplo, o 
uso de algum método sistematizado de amostragem e, ou de avaliação. Não houve, 
assim, uma preocupação na definição ou padronização do método ou de um 
conjunto de métodos que expressassem melhor o comportamento fenológico das 
espécies, possibilitandocomparações posteriores entre os diferentes estudos 
(Schiarone et al. 1990; Chapman et al. 1994; Mc Dade & Morellato 1998). Dois 
únicos estudos manifestaram essa preocupação: o de Fournier (1974) e o de 
Fournier & Charpantier (1975), que sugerindo métodos de avaliação e amostragem, 
respectivamente. Fournier (1974) propôs um índice de intensidade, obtido através de 
método visual de avaliação por meio de uma escala intervalar e Fournier & 
Charpantier (1975) testaram o tamanho amostral, definindo uma amostragem 
mínima de indivíduos por espécie, que fosse representativa e com esforço amostral 
minimizado. Recentemente, tem havido uma crescente preocupação com o 
Métodos quali-quantitativos 
 
23 
problema dos métodos utilizados e a comparabilidade entre estudos fenológicos 
(Schiarone et al. 1990; Chapman et al. 1992; Newstrom et al. 1994; Mc-Dade & 
Morellato 1998). 
Dentro desta perspectiva, os registros dos eventos fenológicos são de suma 
importânica para a compreenção da dinâmica das comunidades e atua como 
indicador das respostas dos organismos às condições ambientais, fornecendo 
respostas excenciais em outras áreas como: Silvicultura, Planejamento florestal, 
Manejo, Ecologia, entre outras. 
Os eventos fenológicos a serem diagnosticados são: floração, frutificação, 
queda e brotação de folhas. Em função de diferenças nas fases de floração e 
frutificação das espécies, torna-se de suma importância visitas periódicas a área de 
estudo a fim de se obter o maior número de coletas de material fértil. É 
recomendado que as visitas sejam realizadas quinzenalmente e por longos períodos 
de tempo (2 a 5 anos), visto que variações climáticas, bem como sazonalidade na 
produção de flores e frutos é uma forte característica das espécies arbóreas. 
Os métodos de avaliação podem ser divididos em: quantitativos (o qual é o 
mais utilizado), qualitativo (20% dos trabalhos publicados) e, ou da combinação de 
métodos quali-quantitativos (15% dos trabalhos publicados). Os dois métodos de 
avaliação encontrados no levantamento, métodos qualitativos e quantitativos, podem 
ser reagrupados em métodos diretos e indiretos. 
Os métodos diretos são aqueles que avaliam a fenologia através da 
observação direta dos indivíduos e que utilizam para esta avaliação algum tipo de 
escala de mensuração. Nos métodos diretos qualitativos se aplica uma escala 
nominal, que consiste no registro da presença e ausência da fenofase, sem uma 
preocupação com a quantificação de cada fenofase. Nos métodos diretos 
quantitativos e semi-quantitativos, as fenofases são quantificadas de diferentes 
modos (Bencke & Morellato 2002b). Nos métodos diretos quantitativos as fenofases 
são mensuradas por contagem total ou utilizando uma escala ordinal, que mostra a 
magnitude da fenofase ao longo do período de observação, por meio da média dos 
valores atribuídos aos indivíduos observados em campo. Esses valores 
correspondem a “ranks” ou postos, não havendo uma razão conhecida e constante 
entre eles. Por exemplo, a fenofase pode ser avaliada como sendo ausente = 0, 
pouco intensa = 1 ou muito intensa = 2 (Opler et al. 1976, 1980; Ortiz 1990). Nos 
métodos diretos semi-quantitativos é utilizada uma escala de mensuração intervalar 
ou seja, em que a razão entre os valores da escala seja conhecida e constante. Por 
exemplo, cinco categorias de 0 – 4, com intervalos de 25% de amplitude (Fournier 
1974; Wheelwright 1985). Embora a razão entre dois valores quaisquer da escala 
seja constante, no caso específico deste método de análise, a distância exata entre 
dois valores da escala é variável (por exemplo, a magnitude exata da fenofase 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
24 
exibida por um indivíduo ao qual se atribuiu o valor 1 pode variar entre 1 e 25%; 
desta forma, a relação entre a magnitude da fenofase exibida por este indivíduo e 
aquela de um indivíduo ao qual foi atribuído o valor 2 não pode ser determinada com 
exatidão). Por isso, a escala de mensuração é dita semi-quantitativa, pois o valor 
atribuído corresponde a uma aproximação do valor real, que está enquadrado em 
um intervalo conhecido (Fournier 1974; Wheelwright 1985; Ribeiro & Castro 1986; 
Schiarone et al. 1990, Bencke & Morellaro 2002b). 
Os métodos indiretos são aqueles que avaliam parâmetros quantitativos 
secundários dos indivíduos como base para estimativa das fenofases, não 
ocorrendo observação direta dos indivíduos. No levantamento bibliográfico realizado 
foram encontrados como métodos indiretos de avaliação, a área basal dos 
indivíduos, o diâmetro do caule (geralmente à altura do peito), o volume de copa 
(Greene & Johnson 1994) e parâmetros fenológicos obtidos com o uso de coletores 
como método de avaliação, que são: o peso seco das estruturas, a presença das 
estruturas recolhidas nos coletores e o número de coletores com determinada 
estrutura (por estrutura entendemos: flores, frutos e sementes) (Wright & Cornejo 
1990; Penhalber & Mantovani 1997). 
A partir do levantamento bibliográfico foi possível compilar informações a cerca 
de cada método e sintetizar, na Tabela 1, considerações sobre estes, visando 
esclarecer as reais condições da aplicação prática de cada um. 
 
Tabela 1.: Considerações para a escolha dos métodos de avaliação a serem 
utilizados em estudos de fenologia com espécies arbóreas em florestas tropicais. 
 
Métodos de Avaliação Considerações 
Métodos de Avaliação Diretos 
Qualitativo (Escala Nominal) 
Pode ser facilmente aplicado em 
qualquer tipo de vegetação; não 
depende de pessoal treinado para sua 
aplicação; não permite avaliar 
intensidade das fenofases; permite 
avaliar a sincronia entre os indivíduos; 
baixo custo, com esforço amostral e 
tempo de observação baixos. 
Quantitativo e Semi-quantitativos 
(Escala Ordinal e Intervalar semi-
quantitativa) 
Não pode ser facilmente aplicado em 
qualquer tipo de vegetação; depende de 
pessoal treinado para sua aplicação; 
permite calcular a intensidade das 
fenofases; se convertido em 
presença/ausência permite estimar a 
Métodos quali-quantitativos 
 
25 
sincronia entre os indivíduos; baixo 
custo, com esforço amostral e tempo de 
observação altos. 
Métodos de Avaliação Indiretos 
Área basal, Diâmetro à altura do peito, 
Coletores 
Não pode ser facilmente aplicado em 
qualquer tipo de vegetação; depende de 
pessoal treinado para sua aplicação; 
permite avaliar intensidade das 
fenofases; não permite avaliar a 
sincronia entre os indivíduos; alto custo, 
com esforço amostral e tempo de 
observação altos tanto em campo como 
em laboratório. 
 
Os métodos de amostragem mais utilizados podem ser divididos de quatro 
formas: 
Método de Trilhas - Geralmente as trilhas são caminhos pré-existentes 
demarcados sem uma sistemática definida, alcançando normalmente distâncias 
maiores que as transecções. Os indivíduos são amostrados ao longo de toda a 
trilha, a distâncias e intervalos previamente definidos, ou ao acaso (Alexandre 1980; 
Fleming & Williams 1990; Morellato & Leitão Filho 1990). 
Método de Transecções - Transecções são demarcadas de forma sistemática, 
conforme os objetivos do estudo, podendo ter diferentes comprimentos e direções. 
Os indivíduos podem ser amostrados de várias maneiras ao longo da(s) 
transecção(ões): a) em pontos fixos; b) dentro de um certo intervalo de distância, c) 
ao longo de toda a transecção, onde geralmente é estabelecida uma certa distância 
máxima a cada lado da transecção ou d) ao acaso (Frankie et al. 1974a; White 1994; 
Bencke & Morellato 2002a). 
Método de Parcelas - Consiste na demarcação de umaou várias parcelas 
(número e tamanho variando de acordo com o ambiente e os objetivos do estudo). 
Todos os indivíduos encontrados dentro da área demarcada são amostrados, 
geralmente seguindo algum critério de inclusão pré-definido (Lampe et al. 1992; 
Talora & Morellato 2000). 
Nos métodos acima descritos, é escolhido um critério para limitar a inclusão de 
indivíduos na amostra. Esse critério é definido previamente, de acordo com os 
objetivos do estudo. Entre os freqüentemente utilizados estão: hábito das espécies, 
o estrato de interesse, espécies de interesse, geralmente relacionadas ao valor 
econômico ou ecológico dentro da comunidade. O diâmetro à altura do peito (DAP) 
esteve entre os critérios mais utilizados em estudos com espécies arbóreas para 
selecionar espécies de classes de tamanho próximas e que já estejam em fase 
reprodutiva (Chapman 1989; Greene & Johnson 1994; Morellato & Leitão-Filho 1990; 
Stevenson et al. 1998, Morellato et al. 1989, 1990, 2000). 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
26 
Nos métodos de transecções e trilhas o número de indivíduos por espécie a ser 
amostrado pode ser definido previamente, ou não; já no método de parcelas esse 
número varia de acordo com o tamanho da área demarcada, além do critério de 
inclusão. Finalmente, esses métodos não são excludentes. Alguns estudos podem 
mesclar parcelas com coletores (Penhalber & Mantovani 1997; Toriola 1998), trilhas, 
transecções e coletores (Chapman et al. 1994; Zhang & Wang 1995) ou marcar 
indivíduos em trilhas, transecções e parcelas (Morellato et al. 2000). 
Método de Coletores - Este método vem sendo utilizado com freqüência, 
geralmente em estudos que visam estimar a produção de frutos e sementes. O tipo 
e o número de coletores variam de acordo com os objetivos do estudo. Os coletores 
são instalados no solo da mata e periodicamente o material neles depositado é 
recolhido, triado, identificado e quantificado, usualmente através do peso seco 
(Kollmann & Goetze 1998; Wright & Cornejo 1990; Greene & Johnson 1994; 
Penhalber & Mantovani 1997). 
 
Tabela 2. Considerações para a escolha dos métodos de amostragem a serem 
utilizados em estudos de fenologia com espécies arbóreas em florestas tropicais. 
 
Métodos de Amostragem Considerações 
Transecção Pode ser aplicado em estudos de populações e de 
comunidades; permite aplicação de vários critérios de 
inclusão; possibilita repetição adequada para 
comparação entre áreas distintas; pode ser aplicado 
em qualquer ambiente; custo, esforço amostral e 
tempo de observação baixos; requer ajuda extra 
mínima para estabelecimento do desenho 
experimental. 
Trilha Pode ser aplicado em estudos de populações e de 
comunidades; permite aplicação de vários critérios de 
inclusão; não permite repetição adequada para 
comparação entre áreas distintas, a não ser pela 
distância total percorrida; pode ser aplicado em 
qualquer ambiente; custo, esforço amostral e tempo de 
observação baixos; não requer ajuda para 
estabelecimento do desenho experimental, pois utiliza 
trilhas préviamente existentes. 
Parcela Pode ser aplicado em estudos de população e de 
comunidade; permite aplicação de vários critérios de 
inclusão; possibilita repetição adequada para 
comparação entre áreas distintas, conforme o 
ambiente; pode ser aplicado a qualquer ambiente; 
Métodos quali-quantitativos 
 
27 
baixo custo; com esforço amostral e tempo de 
observação altos; requer ajuda extra para 
estabelecimento do desenho experimental. 
Coletores Pode ser aplicado em estudos de população e de 
comunidade; não permite aplicação de vários critérios 
de inclusão; possibilita repetição adequada para 
comparação entre áreas distintas, conforme o 
ambiente; não pode ser aplicado a qualquer ambiente; 
alto custo, com esforço amostral e tempo de 
observação altos, tanto em campo como em 
laboratório; requer ajuda extra para estabelecimento 
do desenho experimental. 
3.2. DIAGRAMA DE PERFIL E COBERTURA 
A descrição de vegetação pode se dar, basicamente, por meio de métodos 
florísticos e fisionômicos ou estruturais (Kent & Coker, 1992). Um instrumento para a 
visualização da estrutura fisionômica das florestas é o diagrama de perfil, criado por 
Davis & Richards (1933) e que, segundo Richards (1996), tem provado ser uma 
técnica útil para o estudo de estratificação e diferenças na estrutura entre tipos de 
florestas. Assim os Diagramas de Perfil e Cobertura são representações gráficas da 
floresta que permitem formar uma idéia sintética e clara dessa. 
Apesar disso, no Brasil esta técnica tem sido, em geral, utilizado apenas como 
um complemento a estudos florísticos e, ou fitossociológicos de formações florestais 
diversas (por exemplo: Mantovani et al., 1989; Silva & Oliveira, 1989; Thompson et 
al., 1992; Marchiori et al., 1992; Rossoni, 1993 e Meira-Neto et. al., 2005). Desta 
forma seu uso tem sido pouco discutido e também pouco tem evoluído os meios 
para a caracterização da estrutura fisionômica. 
O Método consiste em apresentar uma projeção horizontal e vertical das 
árvores na floresta, sendo esta uma imagem “fotográfica” do perfil de uma 
vegetação. Tal imagem não seria capaz de ser captada por meio de fotografia haja 
visto a existência, muitas vezes de um sub-bosque denso. 
Assim, estes diagramas consistem em figuras representativas de uma faixa de 
vegetação com largura conhecida. Conforme Matteucci & Colma (1982), alguns 
pesquisadores têm demonstrado que o tamanho das faixas adequadas para as 
florestas tropicais é de 60 x 8 m. Entretanto na literatura os tamanhos desta faixas 
são bastante variados, como o do Lamprecht (1964), que utilizou tamanhos de 160 x 
10 m, até Ditt (2000), que utilizou dimensões de 50 x 4, para a Floresta Estacional 
Semidecidual de São Paulo. 
Nestas faixas são mensurados as alturas das árvores (altura total e altura de 
fuste - até a primeira ramificação importante, bifurcação ou ramo lateral grosso), 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
28 
circunferência a altura do peito (CAP), o limite inferior da copa e o diâmetro da copa 
(no mínimo duas dimensões de copa), além de outras características que sejam de 
interesse para o trabalho. Bem como o mapeamento dos indivíduos (X e Y). 
Na apresentação dos resultados dos diagramas podem ser utilizados dois 
grupos de métodos: 
a) analíticos: que consiste na representação por meio, histogramas e tabelas 
da realidade encontrada. 
 b) gráficos: que consiste na representação (desenho) da realidade encontrada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Diagrama de Perfil e de Cobertura de um trcho de Floresta Ombrófila 
densa em Ubatuba, SP. 
 
 
 
4 
MÉTODOS QUANTITATIVOS 
Na escolha de métodos quantitativos o principal passo é a definição da 
amostragem. Para tanto uma vez estabelecidos os objetivos e o tipo de vegetação 
contemplados pelo estudo, parte-se para elaboração de uma estratégia de 
amostragem uma vez que, que na grande maioria das vezes, é impossível a 
realização de um censo total devido a impedimentos de ordem espacial, temporal e 
econômica. 
A amostragem consite na alocação de um certo número de unidades amostrais 
na vegetação selecionada. A soma das unidades constitui uma amostra que deverá 
ser um reflexo de toda a formação vegetal que está sendo estudada. 
Dentre os métodos de amostragem temos: 
1) Amostragem preferencial: as unidades são alocadas ssegundo um critério 
qualquer julgado conveniente pelo pesquisador. De acordo com este método de 
amostragem o pesquisadoralocará unidades amostrais nos locais onde ocorrem 
as condições que deseja estudar ou, ao contrário, onde não ocorre determinada 
condição. Em áreas com grandes variações, pode-se optar pela estratificação da 
amostra, que consiste no estabelecimento de unidades limitadas aos locais 
homogêneos dentro da vegetação. Dessa forma a amostra constituirá de sub-
amostras. 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivo: estimar a variação em função da altitude e, ou borda. 
 
 
Métodos quali-quantitativos 
 
31 
2) Amostragem aleatória: as parcelas são sorteadas aleatoriamente dentro 
da área a ser amostrada, ou seja, num critério probabilístico aleatório. Este 
arranjo pode conter dois grupos, onde o primeiro não apresenta nenhuma 
restrição quanto ao processo de seleção das unidades amostrais, o qual é 
chamado de aleatória irrestrita, por exemplo, num fragmento de 10ha serão 
amostradas 25 parcelas aleatoriamente, independente de variações quaisquer 
que existam na área em questão. Já a na aleatória restrita, existe um pré-
estabelecimento de uma unidade mínima a ser amostrada, ou seja, há uma prévia 
restrição imposta à população, exemplo, no mesmo fragmento de 10ha serão 
amostradas 25 parcelas aleatoriamente, contudo, serão pré determinadas um 
número N de parcelas que serão alocadas na borda e N que serão alocadas no 
interior. 
 
 
 
 
 
 
 
3) Amostragem sistemática: as unidades são alocadas de acordo com 
sistema regular pré-estabelecido. Em geral estabelece-se as parcelas em campo 
segunda um a orientação predefinida e o método consiste na seleção de unidades 
amostrais nas quais o processo probabilístico caracteriza-se pela seleção 
aleatória da primeira unidade amostral, sendo a partir desta, todas as demais 
automaticamente selecionadas e sistematicamente distribuídas na população com 
um “K” (distância) constante. É um método pode ser empregado em áreas que 
apresentam variações espaciais na vegetação. 
 
 
 
 
 
 
Outros critérios importantes a serem observados são: o número, tamanho e a 
forma das unidades amostrais. 
1) Número e tamanho: o número e o tamanho que as unidades devem ter é 
outra decisão importante que cabe ao pesuisador tomar. É evidente que quanto 
 
 
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vegetação: princípios e práticas 
 
32 
menor for o tamanho das unidades amostrais mais numeroras elas deverão ser. 
Em geral tem-se utilizado uma área amostral total de 1hectare. 
2) Forma: a forma quês aunidades terão é outra decisão importante que o 
pesquisador irá tomar, pois dependendo da forma escolhida, as parcelas terão 
maior ou menor área de exposição (borda) e a extensão da borda está 
diretamente relacionada com os objetivos que se devejam alcançar. 
Quanto a forma as parcelas podem apresentar diferentes formas, variando em 
função da estrutura da vegetação. Entre estas pode-se citar: 
(a) quadradas: que apresentam maior área interna protegida do efeito de borda; 
 
 
 
 
 
 
(b) retangulares: que possuem maior efeito de borda, por ser mais longa, capta 
melhor os efeitos dos gradientes e facilita a orientação dos trabalhos nas 
parcelas, (sendo estas as mais comuns na literatura); 
 
 
 
 
 
(c) circulares: que para o mesmo perímetro engloba maior área; 
 
 
 
 
 
 
 
Após a definição do sistema de amostragem outro critério a ser considerado é 
a altura de medição e o critério de inclusão. Na literatura têm-se utilizado mensurar, 
no caso da comunidade arbórea, os indivíduos em uma altura padronizada, 
conhecido como Diâmetro à altura do peito (DAP), ou Circunferência à altura do 
peito (CAP), que é a mensuração do diametro ou circunferência a 1,30cm do solo. 
Métodos quali-quantitativos 
 
33 
Esta padronização fui resultado de uma série de estudos onde se concluiu que a 
esta altura de medição era possível obter a melhor egometria aliada a uma boa 
estimativa da biomassa. Contudo no caso de algumas formações florestais 
brasileiras, vem sendo utilizada outra altura de medição, como é o caso dos 
cerrados, onde a altura de medição é a 30cm do solo. O critério de inclusão mais 
utilizado nas formações florestais brasileiras é de 5cm de DAP (ou 15,7cm). No caso 
das caatingas o critério é um pouco menor 3cm de DAP. 
De um modo geral, os métodos de levantamento quantitaivos podem 
classificar-se em duas categorias, de acordo com a natureza das unidades de 
amostragem. Considerando que cada parcela representa uma unidade de 
amostragem, elas podem ter uma área fixa ou variável. O grupo de método com 
área fixa pode ter uma única ou múltiplas parcelas. O grupo de métodos de parcelas 
com área variável baseia-se em medidas de distância, por isso, é também chamado 
de métodos de distância. Como as parcelas do segundo grupo de métodos diferem 
do conceitos clássico, isto é, de unidades de áreas de amostragem Daubermire 
(1968) considerou três grupos de métodos de amostragem fitossociológica: o de 
parcelas múltiplas, o de parcela única e o sem parcelas. 
Independente dos método escolhido para realização da amostragem, após sua 
realização o pesquisador irá proceder as análises dos dados, e para tanto os 
parâmetros a serem considerados são os mesmos, embora as formulações sejam 
diferentes. 
Considerando a estrutura horizontal, podemos dividi-la em três tipos de 
atributos: 
1) Atributos demográficos: estes por sua vez são sub-divididos em: 
a) Abundância: é o número de indivíduos na área. É o número de absoluto 
de indivíduos de uma espécie encontrada em uma determinada área. A 
abundância relativa de uma espécie pode ser obtida dividindo-se a 
abundancia da espécie pelo número total de indivíduos de todas as 
espécies presentes na área. A abundancia desconsidera o espaço 
ocupado pelo indivíduo na comunidade, o que a difere da densidade. A 
abundância relativa, no entanto, deve ser idêntica à densidade relativa. 
b) Densidade: mede a participação das diferentes espécies dentro da 
associação vegetal. Pode ser expressa na forma de abundância total por 
área, que indica o número total de árvores por unidade de área, sem levar 
em conta espécies presentes: densidade proporcional por área, que indica 
o número estimado para cada espécie por unidade de área, e abundância 
relativa, que indica a participação de cada espécie em percentagem, do 
número total de árvores amostradas. 
2) Atributos de biomassa: representa o espaço ocupado pela população na 
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vegetação: princípios e práticas 
 
34 
comunidade. A dominância permite medir a potencialidade produtiva da floresta, 
constituindo-se em parâmetros útil para determinação da qualidade de sítio. O grau 
de dominância dá idéia da influência que cada espécies exerce sobre as demais, 
uma vez que grupos de plantas com dominância relativamente alta possivelmente 
são as espécies melhores adaptadas aos fatores físicos de habitat. Refletindo assim 
a perfomace da população frente a competição pelos fluxos de matéria e energia. 
Embora definida originalmente como a projeção total da copa por espécie e por 
unidade de área, utiliza-se a área basal por área estreita correlação entre ambas e 
por apresentar maior facilidade na obtenção dos dados. 
Obs. Quando o método utilizado é o de parcelas, a dominância pode ser 
expressa tanto pela área basal da seção transversal do tronco, como pela área de 
cobertura da copa, ou pelo número de indivíduos amostrados. Quando se usa um 
método de distâncias, a dominância é expressa pela área basal do tronco. A 
dominância assimobtida é chamada dominância por área ou absoluta e é dada por 
unidade de área. Quando se exprime a dominância por área de uma espécie como 
percentagem da soma de todas as espécies, tem-se a dominância relativa. 
A dominância relativa (DR) se calcula em percentagem da soma total da 
dominância absoluta (DA) (área basal/ha) e seu valor corresponde à participação em 
percentagem de cada espécie na expansão horizontal total. 
3) Atributos espaciais: a freqüência é um conceito estatístico relacionam com a 
uniformidade de distribuição das espécies, caracterizando a ocorrência das mesmas 
dentro das unidades amostrais do levantamento. Da idéia do grau de uniformidade 
de distribuição da vegetação, só poderá ser comparado quando as amostras são do 
mesmo tamanho. 
Existem ainda os parâmetros que sintetizam estas informações e que 
teoricamente buscam explicar o maior sucesso de uma população na comunidade. 
Contudo existem duas linhas de pesquisa divergentes. A primeira, considera que 
para expressar corretamente o sucesso de uma população é necessário somar os 
atributos demográficos (densidade) com os relacionados à biomassa (dominância), 
este parâmetro sintético é conhecido como valor de cobertura (VC). Enquanto que 
para o segundo grupo, para se sintetizar as informações a cerca das populações, 
faz-se necessário somar os atributos demográficos (densidade), com os 
relacionados à biomassa (dominância) e com os relacionados à distribuição espacial 
(freqüência) este parâmetro sintético é conhecido como valor de importância (VI). 
Para definir a estrutura vertical é mais utilizada a distribuição de altura em 
classes de altura. A escolha da amplitude das classes vai depender dos interesses 
dos pesquisadores, bem como da existência, ou não de trabalhos na região estuda 
para comparações. Outra metodologia utilizada é a chamada posição 
fitossociológica, onde os indivíduos são classificados em três estratos: 
Métodos quali-quantitativos 
 
35 
a) estrato inferior: este estrato é definido a partir da média das alturas menos 
um desvio padrão. hi < (ħ – 1Sh). 
b) estrato médio: este estrato é definido a partir da média das alturas menos 
um desvio padrão e da média das alturas mais um desvio padrão. (ħ – 1Sh) < hi < (ħ 
+ 1Sh). 
c) estrato superior: este estrato é definido a partir da média das alturas mais 
um desvio padrão. hi < (ħ + 1Sh). 
4.1. ÁREA VARIÁVEL 
4.1.1. PONTO QUADRANTE 
O método de distâncias baseia-se na hipótese de que deve haver uma relação 
inversa entre a densidade por área dos indivíduos por área entre eles, em 
populações de distribuição espacial aleatória (Matteucci,1982) citado por (Ferreira, 
1988). Este método tem a vantagem, em relação ao método das parcelas, de ser 
mais rápido, de requerer menos equipamentos e menos trabalhadores, e de ser 
mais flexível, pois não necessita de ajuste no tamanho da unidade amostral às 
condições da vegetação. 
No método do ponto-quadrante, uma série de pontos amostrais são 
estabelecidos sistematicamente ao longo de trajetos lineares previamente 
estabelecidos na área estudada. Cada ponto estabelecido sobre o trajeto linear 
representa o centro de uma área amostral que deverá ser dividida em quatro 
quadrantes. Como o ponto amostral é estabelecido sobre o trajeto linear, os 
quadrantes podem ser formados pelo próprio trajeto linear e por uma linha que corta 
esse trajeto perpendicularmente, passando pelo ponto amostral. Assim, sobre o 
trajeto linear fica estabelecida uma área em forma de cruz com quatro quadrantes. 
em cada um dos quatro quadrantes formados pela cruz é localizada a planta mais 
próxima do ponto amostral (centro da cruz), independentemente da espécie a qual 
pertence essa planta. 
O procedimento seguinte é anotar em planilhas previamente preparadas, os 
parâmetros dendrológicos dessa planta. Os parâmetros dendrológicos são aqueles 
que se referem às medições efetuadas diretamente sobre a planta (árvore ou 
arbusto) que se verificou estar mais próxima do ponto amostral no quadrante 
estudado: 
CAP: Circunferência à Altura do Peito: corresponde ao perímetro do indivíduo 
arbóreo ou arbustivo, medido à altura de 1,30m a partir do nível do solo, sendo 
mensurado com uma fita métrica graduada em centímetros. 
CAS: Circunferência à Altura do Solo: corresponde ao perímetro do indivíduo 
arbóreo ou arbustivo, medido ao nível do solo, sendo mensurado com uma fita 
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vegetação: princípios e práticas 
 
36 
métrica graduada em centímetros. 
HT = Altura Total: corresponde à altura da árvore ou arbusto, medida desde o colo 
até a extremidade do galho mais alto, sendo mensurada com vara telescópica ou 
Hipsômetro. 
 Tanto a CAP como a CAS podem ser convertidas em diâmetro (DAP ou DAS) 
pela relação: 
DAP = CAP / π ou DAS = CAS / π. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.: Esquema do trabalho de campo.a ser realizado em cada quadrante 
estudado. 
 Apenas uma planta é medida em cada quadrante, de forma que em cada ponto 
amostral são medidas quatro plantas. Nenhuma planta pode ser medida mais de 
uma vez durante o trabalho de amostragem, portanto, deve-se tomar o cuidado para 
que a distância entre pontos amostrais ao longo do trajeto linear seja 
suficientemente longa para evitar duplas medições de um mesmo indivíduo. O 
procedimento básico para determinar a distânica entre os pontos evitando assim 
sobreposição consiste em: 
1º passo: afastar-se das bordas da área estudada e realizar a mensuração da 
distância entre as árvores aleatoriamente. Recomenda-se que o número destas 
medições seja superior a 20 indivíduos. 
2º passo: tomar-se a maior distância entre árvores e multiplica-la por 2, a este valor 
deve-se acrescentar mais 20%. 
 Este valor gerado será a distânica necessária entre pontos para evitar 
 
d3 
d4 
 
d1 
d2 
Métodos quali-quantitativos 
 
37 
sobreposições. 
 Após a coleta de dados e da identificação do material botânico (seguindo as 
recomendações anteriormente descritas) o pesquisador deverá proceder as análises 
dos dados. Para tanto segue as formulações necessárias: 
1º) Passo: cálculo da área basal 
AB = CAP² / (4 ×10000 × π) 
AB = área basal (m²) 
CAP = Circunferência à Altura do Peito (cm) 
 
2º) Passo: área basal média 
ABm = média AB 
ABm = área basal média (m²) 
AB = área basal (m²) 
 
3º) Passo: cálculo da distâcia ponto-árvore. 
Para isso precisamos do valor do raio da árvore: Raio = CAP / (2 × π) 
Daí procede-se com o cálculo: 
DIC = distância + (Raio / 100) 
DIC = Distânica até o centro da árvore (m) 
Raio = é o raio da área seccional da árvore (cm) 
distância = é a distância em metros do ponto até a casca da árvore 
 
4º) Passo: cálculo da área média 
Área média = (média (DIC))² 
Área média = refere-se a área média ocupada por cada árvore. 
 
5º) Passo: cálculo da densidade total por área 
DTA = 10000 / Área média 
DTA = Densidade Total por Área, representa a quantidade média de árvores por 
unidade de área. 
 
6º) Passo: Parâmetros estruturais 
Densidade Absoluta: 
DAi = (ni/N) × DTA 
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vegetação: princípios e práticas 
 
38 
DAi = densidade absoluta da espécie i (indivíduos . ha
-1) 
ni = número de indivíduos da espécie i 
N = número de indivíduos amostrados 
DTA = Densidade Total por Área 
 
Densidade Relativa: 
DRi = (ni/N) × 100 
DRi = densidade relativa da espécie i (%) 
ni = número de indivíduos da espécie i 
N = número de indivíduos amostradosDominância Absoluta: 
DoAi = (ABm) × DA i 
DoAi = dominância absoluta da espécie i (m² . ha
-1) 
ABm = área basal média 
DAi = densidade absoluta da espécie i 
 
Dominância Relativa: 
DoRi = (abi / ∑ AB) × 100 
DoRi = dominância relativa da espécie i (%) 
ab i = área basa da espécie i 
∑ AB = somatório das áreas basais 
DAi = densidade absoluta da espécie i 
 
Freqüência Absoluta: 
FAi = (pi / P) × 100 
FAi = freqüência absoluta da espécie i (%) 
pi = número de pontos em que a espécie i ocorre 
P = número de pontos amostrados 
 
Freqüência Relativa: 
FRi = (FAi / ∑ FAi) × 100 
FRi = freqüência relativa da espécie i (%) 
FAi = freqüência absoluta da espécie i 
Métodos quali-quantitativos 
 
39 
∑ FAi = somatório das freqüência absoluta da espécie i 
 
Valor de Cobertura: 
VCi = DRi + DoRi 
VC i = Valor de cobertura da espécie i (%) 
DR i = Densidade relativa da espécie i 
DoR i = Dominância relativa da espécie i 
 
Valor de Importância: 
VIi = DRi + DoRi + FRi 
VI i = Valor de importância da espécie i (%) 
DR i = Densidade relativa da espécie i 
DoR i = Dominância relativa da espécie i 
FR i = Freqüência relativa da espécie i 
4.2. ÁREA FIXA 
4.2.1. PARCELAS ÚNICAS 
Os métodos de parcela única são mais empregados nos levantamentos 
florestais do que em fitossociológia. Consistem em estabelecer uma única área de 
parcela, que se considera representativa de toda a fitocenose. Com esse método, é 
possível avaliar quantitativamente a variabilidade dos parâmetros estimados 
Daubenmire (1968) citado por (Martins, 1993). Com esses métodos, é impossível 
avaliar quantitativamente a variabilidade dos parâmetros estimados. 
O método da parcela única não permite calcular a variabilidade dos parâmetros 
estimados, porém foi utilizado por Finol (1971), tendo a parcela um hectare, com a 
finalidade de propor novos parâmetros para análise fitossociológica. 
4.2.2. PARCELAS MÚLTIPLAS 
O métodos de parcelar foi preconizado por Braun- Blanquet (Martins, 1979) e 
consiste no estabelecimento de parcelas quadradas, retangulares ou circulares. 
Desde o início vários tamanhos de parcelas foram usadas Lamprecht (1964) utilizou 
parcelas de 100 x 100m em florestas de Araucaria angustifolia (Bert); (Drumond et 
al, 1982) utilizaram, em vegetação de caatinga, parcelas de 65 x 6,0m. mas, 
ultimamente Rodal et al (1992) sugerem a utilização de parcelas de 10 x 20m em 
áreas de caatinga. Na região do Alto Rio Grande (MG) o grupo de pesquisadores da 
EDITORA – UFLA/FAEPE - Técnicas de levantamento, caracterização e diagnóstico da 
vegetação: princípios e práticas 
 
40 
Universidade Federal de Lavras (UFLA) após 20 anos de estudos na região 
resolveram padronizar as unidades amostrais em 20 x 20m. 
No entanto, o tamanho, a forma e a distribuição destas unidades amostrais 
devem ser definidas pelos pesquisadores, em loco de acordo com as situações e 
respeitando a heterogeneidade florística e densidade da vegetação. 
Após a definição destes parâmetros, da coleta de dados e da identificação do 
material botânico (seguindo as recomendações anteriormente descritas) o 
pesquisador deverá proceder as análises dos dados. Para tanto segue as 
formulações necessárias: 
1º) Passo: cálculo da área basal 
AB = CAP² / (4 ×10000 × π) 
AB = área basal (m²) 
CAP = Circunferência à Altura do Peito (cm) 
 
2º) Passo: Parâmetros estruturais 
Densidade Absoluta: 
DAi = ni / área amstral 
DAi = densidade absoluta da espécie i (indivíduos . ha
-1) 
ni = número de indivíduos da espécie i 
área amostral = área amostrada (ha) 
 
Densidade Relativa: 
DRi = (DAi / ∑ DAi) × 100 
DRi = densidade relativa da espécie i (%) 
DAi = densidade absoluta da espécie i 
∑ DAi = somatório das densidade absoluta da espécie i 
 
Dominância Absoluta: 
DoAi = abi / área amstral 
DoAi = dominância absoluta da espécie i (m² . ha
-1) 
abi = área basal da espécie i 
área amostral = área amostrada (ha) 
 
Dominância Relativa: 
DoRi = (DoAi / ∑ DoA) × 100 
Métodos quali-quantitativos 
 
41 
DoRi = dominância relativa da espécie i (%) 
DoAi = dominância absoluta da espécie i 
∑ DoA = somatório das dominâncias absolutas 
DAi = densidade absoluta da espécie i 
 
Freqüência Absoluta: 
FAi = (pi / P) × 100 
FAi = freqüência absoluta da espécie i (%) 
pi = número de parcelas em que a espécie i ocorre 
P = número total de parcelas amostradas 
 
Freqüência Relativa: 
FRi = (FAi / ∑ FAi) × 100 
FRi = freqüência relativa da espécie i (%) 
FAi = freqüência absoluta da espécie i 
∑ FAi = somatório das freqüência absoluta da espécie i 
 
Valor de Cobertura: 
VCi = DRi + DoRi 
VC i = Valor de cobertura da espécie i (%) 
DR i = Densidade relativa da espécie i 
DoR i = Dominância relativa da espécie i 
 
Valor de Importância: 
VIi = DRi + DoRi + FRi 
VI i = Valor de importância da espécie i (%) 
DR i = Densidade relativa da espécie i 
DoR i = Dominância relativa da espécie i 
FR i = Freqüência relativa da espécie i 
 
 
 
5 
REGENERAÇÃO NATURAL 
Antes que nos preocuparmos com a amostragem e análise da regeneração 
natural, é necessário saber defini-la tanto em relação ao seu conceito como com a 
importância que esta apresenta dentro do processo de sucessão. 
Vários autores tentaram conceituar o termo regeneração natural, contudo, até o 
presente instante não existe uma definição concreta de quais estágios este processo 
engloba. Segundo Gomez-Pompa & Burley (1991) este termo possui um conceito 
prático, que inclui a sucessão secundária natural e tipos de manipulação florestal 
intencionais. De acordo com estes mesmos autores, a regeneração é um caso 
especial da sucessão, muito relacionada ao fechamento de clareiras naturais em 
ambientes florestais. Para Poggiani (1989) a regeneração é um processo evolutivo 
da vegetação até a formação de uma floresta semelhante à primitiva, após o 
desmatamento parcial ou total de uma área, podendo esse processo durar até um 
século nos trópicos. Conceito semelhante é adotado por Passos (1998), onde o 
estrato regenerativo de uma floresta é constituído por estágios juvenis das espécies, 
sendo envolvidos neles os processos de desenvolvimento da vegetação até a 
formação de uma floresta madura. 
Tão importante quanto a definição da regeneração natural é o conhecimento da 
importância que esta apresentem perante os processos sucessonais. O 
conhecimento da estrutura da regeneração natural fornece a relação e a quantidade 
de espécies que constituem o estoque da floresta, suas dimensões e sua 
distribuição na comunidade vegetal, fornecendo dados que permitem previsões 
sobre o comportamento e o desenvolvimento da floresta no futuro (Oliveira & Biava 
1982). 
Petit (1969) e Finol (1975) afirmaram que a regeneração natural constitui um 
alicerce para a sobrevivência e o desenvolvimento do ecossistema florestal, 
devendo, portanto, constituir-se numa linha básica de pesquisa para melhor 
compreensão da dinâmica da floresta, facilitando posterior estabelecimento de 
planos de manejo. 
Métodos quali-quantitativos 
 
43 
Além disso, as interferências na origem de uma floresta e previsões em seu 
desenvolvimento e manejo poderão ser realizadas por meio de análises da 
regeneração natural (Carvalho 1997). Este processo pode ainda constituir 
importante indicador de avaliação e monitoramento da restauração dos 
ecossistemas degradados (Rodrigues & Gandolfi 1998, Rodrigues et al. 2004). 
Desta maneira é importante, ao se trabalhar com a regeneração natural, ter um 
conhecimento sobre qual o critério de inclusão sustentará os questionamentos

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