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ANTIDEPRESSIVOS 1 Depressão A depressão é mais freqüente em mulheres A prevalência de depressão: duas a três vezes mais freqüente em mulheres do que em homens (estudos em diferentes países) Diretrizes para tratamento da depressão: Rev. Bras. Psiquiatria, v.31, Supl. I, S-7-17, 2009 2 Depressão A depressão é um transtorno crônico e recorrente. Cerca 80% dos indivíduos que receberam tratamento para um episódio depressivo terão um segundo episódio ao longo de suas vidas. A duração média de um episódio é entre 4 a 5 meses Diretrizes para tratamento da depressão: Rev. Bras. Psiquiatria, v.31, Supl. I, S-7-17, 2009 3 Depressão A depressão é um transtorno incapacitante A depressão: estimada como a quarta causa específica nos anos 90 de incapacitação. Comparada com as principais condições médicas crônicas: só tem equivalência em incapacitação às doenças isquêmicas cardíacas graves Causa mais prejuízo no status de saúde do que angina, artrite, asma e diabetes. Diretrizes para tratamento da depressão: Rev. Bras. Psiquiatria, v.31, Supl. I, S-7-17, 2009 4 Depressão A depressão é pouco diagnosticada pelo médico não-psiquiatra. Em serviços de cuidados primários e outros serviços médicos gerais, 30 a 50% dos casos de depressão não são diagnosticados. Diretrizes para tratamento da depressão: Rev. Bras. Psiquiatria, v.31, Supl. I, S-7-17, 2009 5 Depressão Existem perguntas simples que ajudam a melhorar a detecção de depressão pelo médico. Nutricionistas não fazem diagnóstico de depressão, mas podem ajudar no encaminhamento do paciente para um médico psiquiatra. Diretrizes para tratamento da depressão: Rev. Bras. Psiquiatria, v.31, Supl. I, S-7-17, 2009 6 7 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 A. Cinco ou mais dos sintomas seguintes presentes por pelo menos duas semanas e que representam mudanças no funcionamento prévio do indivíduo; pelo menos um dos sintomas é: 1) humor deprimido ou 2) perda de interesse ou prazer (Nota: não incluir sintoma nitidamente devido a outra condição clínica) 8 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 1. Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias (p. ex.: sente-se triste, vazio ou sem esperança) por observação subjetiva ou realizada por terceiros (Nota: em crianças e adolescentes pode ser humor irritável); 9 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 2. Acentuada diminuição do prazer ou interesse em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou observação feita por terceiros); 10 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 3. Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta (p.ex. alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês) ou aumento ou diminuição de apetite quase todos os dias (Nota: em crianças, considerar incapacidade de apresentar os ganhos de peso esperado); 4. Insônia ou hipersônia quase todos os dias; 11 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outros, não apenas sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento); 12 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 6. Fadiga e perda de energia quase todos os dias; 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente); 13 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros); 9. Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, ou tentativa de suicídio ou plano específico de cometer suicídio; 14 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo; C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (p. ex.: droga) ou outra condição médica 15 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 Notas: 1. Os critérios de A-C representam um episódio depressivo maior; 2. Respostas a uma perda significativa (luto, perda financeira, perda por um desastre natural, uma grave doença médica ou invalidez) podem incluir sentimentos de tristeza intensa, reflexão excessiva sobre a perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observado no critério A, que pode assemelhar-se a um episódio depressivo. 16 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 D. A ocorrência de episódio depressivo maior não é melhor explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno delirante ou outro transtorno especificado ou não do espectro esquizofrênico e outro transtornos psicóticos; 17 Transtorno Depressivo Maior (TDM) – DSM 5, 2013 E. Não houve nenhum episódio de mania ou hipomania anterior (Nota: esta exclusão não se aplica se todos os episódios tipo maníaco ou hipomaníaco forem induzidos por substância ou atribuíveis aos efeitos fisiológicos de outra condição médica). Depressão: critérios do DSM5 e tratamento. Revista Brasileira de Clínica e Terapêutica, v. 40(1): 27-32, 2014. 18 Fala de paciente com TDM “Eu não tenho ajuda assim em casa, ninguém entende o que é a depressão. [...] (O medicamento) era para estar nas mãos dos meus filhos, do meu marido, mais fica na minha mão [...] então, quer dizer, se der um “curto” aqui, me der vontade de tomar tudo aquilo lá que está parado eu tomo [...] esses dias eu fiquei muito agitada, nervosa eu pensei em tomar tudo, e na hora que eu tiver apagando, meter fogo na cama.” (S1) Revista Brasileira de Enfermagem, v. 67(4): 556-62, 2014 19 Fala de paciente com TDM “Eu não comia, não dormia, eu chorava muito. Às vezes me dava aquele estado de nervoso e eu começava a ter vontade de quebrar tudo, eu tomava muito remédio, porque aí, eu ia aos remédios [...]. Várias vezes eu tive que ir para lá (hospital) fiquei várias vezes internada lá para poder controlar a medicação que eu tomava em excesso.” (S19) Revista Brasileira de Enfermagem, v. 67(4): 556-62, 2014 20 ANTIDEPRESSIVOS Antidepressivos são drogas que melhoram o humor e, conseqüentemente, melhoram a psicomotricidade de maneira global. São vários os fatores que contribuem para a etiologia da depressão e, dentre estes, destaca-se a bioquímica cerebral. 21 Farmacocinética Efeito antidepressivo: Aumento da disponibilidade de neurotransmissores (NTs) no SNC: serotonina (5-HT) e/ou noradrenalina (NA) e/ou e/ou da dopamina (DA). 22 Antidepressivos Aumento de neurotransmissores na fenda através do bloqueio da recaptação (captação 1) da NA e da 5HT no neurônio pré-sináptico ou através da inibição da Monoamina oxidase (MAO), enzima responsável pela inativação destes NTs. 23 Antidepressivos Os antidepressivos são classificados em 4 grupos: 1 - Antidepressivos Atípicos 2 - Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO) 3 - Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina. 4 - Antidepressivos Tricíclicos (ADT) Principais diferenças: possíveis efeitos colaterais 24 ANTIDEPRESSIVOS “ATÍPICOS” Nome inadequado Antidepressivosque não se caracterizam como Tricíclicos (ADT), como Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) e nem como Inibidores da Monoamina oxidase (IMAOs). 25 ANTIDEPRESSIVOS “ATÍPICOS” Antidepressivos Atípicos- Mecanismos de ação diverso. Aumentam a transmissão noradrenérgica, por antagonismo de receptores α2 (pré-sinápticos) no sistema nervoso central, Modulam a função central da serotonina por antagonismo com os receptores 5- HT2 e 5-HT3, como é o caso da Mirtazapina (Remeron®) 26 ANTIDEPRESSIVOS “ATÍPICOS” Outros atípicos: Inibidores da recaptação de 5-HT e NA e alguns que inibem, também, mas fracamente, a recaptação de dopamina (venlafaxina). Inibidores da recaptação da NA (reboxetina). 27 ANTIDEPRESSIVOS “ATÍPICOS” Alguns antidepressivos atípicos comercializados no Brasil: MIANSERINA – TOLVON ® REBOXETINA – PROLIFT ® AMINEPTINA – SURVECTOR® FLUVOXAMINA – LUVOX ® MIRTAZAPINA – REMERON ® TIANEPTINA – STABLON ® VENLAFAXINA- EFEXOR ® TRAZODONA – DONAREM ® 28 Novo antidepressivo : Agomelatina Atua em receptores melatoninérgicos (MT1 e MT2) e Antagonista dos receptores 5-HT2c Causa pouca cefaléia Nome comercial: Valdoxan® 29 Antidepressivos Inibidores da MAO (IMAOs). Monoaminoxidase (MAO): Enzima envolvida no metabolismo da serotonina e dos neurotransmissores catecolaminérgicos, tais como adrenalina, noradrenalina e dopamina. 30 Antidepressivos Inibidores da MAO (IMAOs). Os antidepressivos IMAOs são inibidores da MAO e, havendo uma redução na atividade MAO, produz-se um aumento da concentração destes neurotransmissores nos locais de armazenamento, em todo o SNC. 31 Antidepressivos Inibidores da MAO (IMAOs). MAO-A: metaboliza NA, 5-HT e (menos) DA. Localização: neurônios,intestino, fígado e outros MAO-B: metaboliza outras aminas biogênicas. Localização: células gliais e neurônios IMAOs não seletivos e IMAO-A: restrições alimentares (queijos, bebidas fermentadas e outros). “Reação ao queijo” (crise hipertensiva): aumento da absorção de tiramina. 32 Antidepressivos Inibidores da MAO (IMAOs). Ação antidepressiva dos IMAOs: alterações no número e na sensibilidade dos receptores. Isto explicaria o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica. TRANILCIPROMINA (IMAO não seletivo, irreversível): Parnate ® MOCLOBEMIDA (IMAO-A, seletivo e reversível): Aurorix ® SELEGILINA (IMAO-B irreversível e, em parte, IMAO-A): Elepril ® - usado para tratamento Parkinson. 33 Antidepressivos Inibidores da MAO (IMAOs). Alimentos ricos em tiramina: Queijo (tipo forte e coalhada), vinho chianti ou xerez, arenque defumado, caviar, fígado, figos enlatados, passas (uvas secas), 34 Antidepressivos Inibidores da MAO (IMAOs). Alimentos ricos em tiramina: bananas ou abacates (principalmente se muito maduros), chocolate, molho de soja, feijão de soja, extratos de levedo, carnes preparadas com substâncias amaciadoras (tipo tender), cerveja. amendoim e outros 35 Antidepressivos Inibidores Específicos da Recaptação de Serotonina (ISRS) Aumento dos níveis NA: pode levar a superestimulação do SNC. Sintomas: taquicardia, hipertensão arterial, etc. Preferência por antidepressivos que aumentam, predominantemente, o nível da serotonina e não da noradrenalina. 36 Antidepressivos Inibidores Específicos da Recaptação de Serotonina (ISRS) O aumento da DA pode ser problemático, por agravar sintomas psicóticos. O contrário também é verdadeiro, ou seja, diminuindo-se os níveis da dopamina reduz-se sintomas psicóticos. ISRS não afeta níveis de DA. 37 Antidepressivos Inibidores Específicos da Recaptação de Serotonina (ISRS) Os ISRS são antidepressivos que não interferem ou interferem pouco nos demais neurotransmissores além da serotonina (5HT). CITALOPRAM : Cipramil ® FLUOXETINA : Prozac ® , Daforim®, Eufor®, Fluxene®, Verotina ® NEFAZODONA :Serzone ® PAROXETINA : Aropax®, Pondera®, Cebrilin ® 38 Antidepressivos Tricíclicos (ADT) A ação dos ADT ocorre no SNC aumentando a NA e a 5HT na fenda sináptica. Uso prolongado dos ADT: diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo α2 39 Amitriptilina 40 Antidepressivos Tricíclicos (ADT) A classe mais antiga de Antidepressivos são os Tricíclicos (ADTs). Mecanismo de ação: Intensifica efeitos da noradrenalina — retardando a sua recaptação e modificando a sensibilidade dos receptores. 41 Antidepressivos Tricíclicos (ADT) Mecanismo de ação (cont.): Intensifica efeitos da 5-HT — retardando a sua recaptação e modificando a sensibilidade dos receptores. Não afetam a recaptação de DA. 42 Antidepressivos Tricíclicos (ADT) Antidepressivos tricíclicos mais usados: CLOMIPRAMINA: Anafranil ® IMIPRAMINA Imipra ®, Tofranil ® AMITRIPTILINA Amytril ®, Tryptanol ® MAPROTILINA Ludiomil ® NORTRIPTILINA Pamelor ® 43 Antidepressivos Tricíclicos (ADT) Os ADTs são, freqüentemente, substituídos por outros antidepressivos devido a seus efeitos colaterais. Bloqueiam: receptores colinérgicos muscarínicos, receptores α1 adrenérgicos e receptores H1 de histamina. Principal efeito colateral: hipertensão 44 Antidepressivos Tricíclicos (ADT) ADTs: risco de suicídio, pois a quantidade suficiente para quatro ou cinco dias de tratamento pode ser fatal se tomada de uma vez só. Morte: parada cardíaca 45 Considerações Novos antidepressivos são mais caros que as drogas mais antigas. Uso controverso se o custo geral do tratamento for maior. Não há dados brasileiros sobre custos. A prescrição de antidepressivos está associada com diminuição do risco de suicídio. 46 Considerações A suspensão abrupta de medicações antidepressivas está associada ao aparecimento de sintomas de descontinuação. Os antidepressivos,em geral, tem pouco potencial de abuso. 47 Recomendações Gerais Não usar antidepressivo sem o conhecimento médico; Não interromper o uso do medicamento sem consultar o médico; Antidepressivos+ Psicoterapia: melhor resultado; Não recear procurar um psiquiatra. 48 Recomendações Gerais A eletroconvulsoterapia (ECT) : indicada para pacientes graves e resistentes ao tratamento. ECT: eficácia maior que os medicamentos antidepressivos. 49 Bibliografia Depressão: critérios do DSM5 e tratamento. Revista Brasileira de Clínica e Terapêutica, v. 40(1): 27-32, 2014. disponível em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_m ateria=5879 Diretrizes para tratamento da depressão: Rev. Bras. Psiquiatria, v.31, Supl. I, S-7-17, 2009. Adesão e dificuldades relacionadas ao tratamento medicamentoso em pacientes com depressão. Rev. Bras. Enfermagem, v. 67(4): 556-62, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n4/0034-7167-reben-67- 04-0556.pdf 50
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