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Scanned by CamScanner コ C onvergências e divergências : a questão das correntes de pensam ento em psicologia Luís C láudio Figueiredo · O presente texto enfoca um tem a a que m e ven ho de Clicando há cerca de quinze anos e no qual venho inves tindo um a parte substancial do m eu esforç o de pesquisa e reflexão N o entanto , quero , tam bém , de antem āo , fa zer um a advertência : estes anos todos nāo foram sufici entes para que eu possa hoje oferecer respostas com pte tas e convincentes aos inúm eros e angustiantes probıe m as que decorrem da fragm entaç âo do conhecim ento psicológico P oderia dizer, contudo , que o ganho tem sido exata m ente o de fazer avanç ar o problem a no sentido de m an têlo aberto, tornando o para m im m esm o m ais clara m ente delineado Isto , taıvez, seja pouco para oferecer, m as não gostaria de decepcionar excessivam ente m eus * U S P P U C S P D a epistem ologia à ética 1 5 Scanned by CamScanner C eventuais leitores prom etendo m ais do que re alm ente m e acho em condiçōes de oferecer A o longo destas páginas tratarei em prim eiro lugar da própria dificuldade que nós psicólogos encontram os por ter de lidar com a fragm entaçāo de nossos saberes vere m os com o frequentem ente, atordoados pelas divergên eias e ansiando por convergências e unidade envereda m os pelos cam inhos perigosos do dogm atism o e do ecletism o E m seguida apresentarei algum as perspecti vas que m e parecem m ais m aduras e proficuas para en frentar estas questōes E stas perspectivas dizem respei to prim eiram ente a tentativas de com preender a estru tura da dispersāo (que parece caótica m as na verdade tem sua própFia organizaç ão) ; em segundo lugar tra ta se de avaliar o alcance das divergências (que é m uito m ais am pıo profundo e com plexo do que aquilo que po deriam os cham ar apenas de divergências teóricas ) ; no exam e deste alcance será m uito enfatizada a dim ensão propriam ente ética envoM da na questāo F az parte do conhecim ento de todo psicólogo De todo professor de psicologia e de todo aluno em form açāo o estado fragm entar do conhecim ento psicológico A pro pósito L uiz A lfredo G arcia R oza referiu se à psicologia com o um espaço de dispersão P ara quem acom panha a história desta área de produçāo de saberes e de práticas fica m uito claro que esta designaç ão serve para caracteri zar a psicologia pelo m enos nos úlūm os cem anos e na da indica que vá perder a validade nos anos futuros Efet iva m ente a ocupaçāo do espaço psicológico pelas teoūa s e parte ı 1 6 sistem as nāo deu lugar à form açāo de um continente m as sim de um arquipéıago conceitual e tecnoıógico O u seja nāo se trata de um terńtório uno e integrado em bora tam bém nāo sejam ilhas totalm ente aw ısas e desconec tadas N a verdade ao ıongo de cerca de 4 0 anos as duas últim as décadas do sécuıo X IX e as duas prim eiras do sé culo X X surgiram quase que sim uıtaneam ente as gran des propostas de apreensāo teórica do psicológico ou do com portam entaıD e lá para cá o que assisüm os foi a con soıidação de m icrocom unidades relativam ente indepen dentes cada qual com suas crenças seus m étodos seus objetivos seus estilos suas ıinguagens e suas histórias particuıares N o entanto a independência nāo é com pie ta o que se m ostra de variadas m aneiras P or exem pıo via de regra dentro de um curso de for m aç ão de psicóıogos estão representadas m uitas (m as não todas) destas com unidades O s aıunos ao ingressa rem no curso e entrando em contato com o currĺculo podem ficar de início com a expectativa de que várias disciplinas irāo se organizar harm onicam ente conver gindo para um a m eta com um segundo um a concepçāo com partilhada por todos os professores do que seja pen sar e f? er psicologia M uito rapidam ente eıes percebem que aıgo nāo cam inha conform e o esperado C ostum a em ergir entāo um certo desassossego e um a certa des confiança P enso que algo que m erecía ser prontam ente tem atizado é a relaç ão entre o estado um tanto caótico e inevitavelm ente desarticulado de qualquer currículo de form açāo em psicologia e as condiçōes históricas desta área E sta já seria um a boa razāo para atribuirm os ao es tudo da história da psicologia ou das psicologias um lu gar privilegiado na form açāo do psicólogo É claro que D a epistem oıogia à ética 1 7 Scanned by CamScanner esta história não poderia ser apenas, com o frequente m ente ocorre, um a exposiçāo das teorias e sistem as : se ria necessário enveredar pelo estudo dos nĺveis ou pıanos em que estes sistem as podem ser confrontados e com preendidos com o ıegilim os habitantes do espaço psico lógico ; seria ainda necessário identificar suas posiçōes particuıares dentro deste espaço, com todas as im plica çōes práticas técnicas e éticas que lhes correspondem A isso voltarei m ais tarde N a ausência de um a com preensāo m ais abrangente e profunda do nosso espaço de dispersāo experim en ta se um sutil m alestar que poderia ocasionalm ente con verterse em episódios de angústia S e esta nāo aparece claram ente é porque contra ela logo em ergem duas rea çōes m uito típicas e perniciosas : o dogm atism o e o ecle E sm o N o prim eiro caso, o psicólogo em form açāo ou já form ado tranca se dentro de suas crenças e ensurdece para tudo que possa contestá]as N o segun do adota in discrim inadam ente todas as crenç as m étodos técnicas e instrum entos disponiveis de acordo com a sua com preensão do que the parece necessário pa ra enfrentar unificadam ente os desafios da prática É preciso perceber o que estas duas defesas contra a angústia têm em com um elas bloqueiam o ac esso à periência N o caso do dogm atism o a m inha a firm açāo deve parecer óbvia : quem se agarra aos sistem a s com o tábua de salvação não só nāo pode ouvir as interpelaç ōes que viriam de outras vozes teóricas (que ficam de ante m ão desqualificadas), m as tam bém não se perm ite ouv ir o que a sua prática tem a dizer salvo na m edida em qu e se encaixe no esquem a do que o psicólogo pensa qu e sabe E u não estou aqui defendendo um a posiçāo inge nuam ente em p irista sei m uito bem que as teorias sāo in dispensáveis p ara que se torne inteıigive l o cam po das experiências ; são elas que nos ajudam na tarefa de confi guraç ão des te cam po e sem elas estaríam os desam para dos diante de um a p roliferaç ão de acontecim entos com pletam ente fora do nosso m anejo C ontudo o recon he cim ento deste pap el para as teorias e m a is am plam ente o reconhecim en to de que nã o há experiência sem pres supostos não se p ode confundir com o aforam ento dog m ático a um conjunto de crenç as que resulte na própria im possibiıitaçāo de qualquer experiência nov a A posiç ão eclética ap enas aparentem ente escapa des te cativeiro ocorre na verdade que o eclético lança m ão de tudo sem rigor e sem co m prom issos a partir de um plano de com pre ensāo que este nunca é questiona do o do senso com um É neste nivel do senso com um que o eclético acha que no fundo ex iste um a unidade entre as teorias e sistem as que as técnicas e instrum entos se com plem entam que ele as ava lia que ele supóe identifi car as necessidades de seus clientes etc etc A prisâo do senso com um é m ais invisivel exatam ente porque é a m ais próxim a e envoıvente m as eıa étal com o a do dog m atism o um lim ite e um bloqueio D e fato seja enclau surado dogm aticam ente na sua teoria ou ingenuam ente enclausurado no senso com um o psicólogo que cede à tentação de escapar da angústia através destas form as bastardas de unificaç âo perde a capacidade de eķ perim entar O que é experim entar efetivam ente senāo en trar em contato com a alteridade? F azer um a experiência com o que quer que seja um a coisa um ser hum ano um deus isto quer dizer Deixála vir sobre nós para D a epistem ologia à ética 1 9 Scanned by CamScanner ; ım a nos traris senão o m aior do século X X M artin H eidegger O que eleenfatiza é que a verdadeira experiência com porta um M om ento de encontro , de negaç ão de transform açāo O useja experim entar é deixar se fazer outro no encontrocom o outro E m outras palavras só há experiência ondehá diferenqa e onde novas diferenças sāo engendradasO ra tanto o dogm ático nâo se dispõ e a nada disto com oo ecléüco procura m anter se fundam entalm ente o m es m o encobrindo esta im obilidade e esta m esm ice im per m eável com a fantasia da variedade e da liberdade S e m e alonguei nesta questão do dogm atism o e do ecletism o é porque infelizm ente eles costum am ser ten taçōes quase irrecusáveis para o psicólogo M as será que nāo existem outras m aneiras de enfren tar a dispersāo do espaç o pside lidar com a angústia que ele evoca? C reio que sim m as estas m aneiras exi gem um a estreita aliança de m ovim entos construtivos e m ovim entos reflexivos C ham o de m ovim entos constru ů vos os que im plicam em investir na produçāo do con he cim ento a partir dos recursos conceituais dispon iveis nas teonas e no encontro destes recursos com os desa fios da prática ou seja a partir das experiências N ão se trata necessańarnente de transform ar todo psicólogo n um pro fıssional da pesquisa m as de trazer par a as situaçóes práticas e profissionais a com pet ência de pensar que perm ita a elaboraç âo de connecım entos novos E preciso abandonar a ideia de que a psico logia dita aplicada seja a m era apıicação de um conhecim ento cientifico já consti tuído N o nos so cam po fao ou m ais decisivo que o con he Cimento teórico disp onivel é a incorporação deste conheci m ento às ha bihdades do profissional com o um dos ingre dientes do que p oderíam os cham ar de conhecim ento fa cito do psicólog o Pois bem esta incorporação da teońa só acontece no bojo de um processo m uito pessoaı e em grande par te intransferiveı de experim entação e refıexāo nesta m edida nossa atividade profissional vai m uito além da aplicação constitu indo se em um a autêntica elabora ção de conhecim en tos m esm o que estes não se tradu zam em textos m esm o que perm aneçam com o conhe cimentos tácitos incorporados às práticas do profissional na form a de um saber do oficio N o entanto para que o m ovim ento construtivo possa se efetivar é necessário conservar aberto o ıugar para a experiência o lugar da alteridade da negatividade da transform aç ão O ra a abertura e conservaç ão deste es paço é tarefa da reflexāo A reflexão destina se no caso a elucidar os lim ites de cada sistem a seja explicitando seus pressupostos seja antecipando suas im plicaçōes e consequências m uitas vezes invisiveis a olho nu M uitas vezes se pensa que a principal funçāo da ativi dade reflexiva no cam po das teorias dentĺficas seja a de investigar e se necessário questionar suas pretensōes à verdade E m outras palavras m uitas vezes se acredita que quem reflete sobre teorias e sistem as psicológicos deveria fazer perguntas tais com o oom o se deu e se dá a Produçāo e a validaç ão do conhecim ento que se apre senta com o sendo científico? quais os m étodos e técni que nos atinja nos caia em (form e e nos faç a outro (H ei E 国 Scanned by CamScanner cas acionados na pr odução e validação do conheclm en to, etc ? O ra, em relação a este tipo de preocupaçao haveria duas coisas a considera r E m prim eiro lugar, a centrali dade das questōes ep istem ológicas no cam po da cultura m oderna e cientifica tem sido cada vez m ais problem ati zada (R O R T Y 19 7 9 ; 19 8 2 ; 19 9 0) O bserva se em todo o pensam ento con tem porâneo um abandono progressivo e às vezes dram ático do projeto fundacionista ou seja, do intento de fazer repousar o c onhecim ento cientifico em bases sólidas e inquestion áveis, isto é em algum a form a de conhecim ento im ediato e indiscutivel tal com o foram os projetos epistem ológicos da m o dernidade se jam os de inspiração baconiana sqam os o riundos da tradição cartesiana A o contrário disso, já se torna W consenso a aceitaçāo de que nāo há tais fundam entos, de que nāo há conhecim entos im e diatos de que nāo há conhecim ento sem pressupostos, sendo que estes po dem ser explicitados e é bom que o sejam m as jam ais serāo verificados ou refutados N o m áxim o eles poderāo ser avaliados em suas propriedades heurĺsticas ou seja, na sua fecundidade e na sua eficácia E m segundo lugar cabe assinalar que o abandono do prqeto fundacionista e a ênfase na investigaç ão dos pressupostos das construçōes teóricas e das práticas vêm a calhar para um a área com o a nossa m arcada peıa dispersāo N āo creio efetivam ente, que a avaıiaç ão com paraüva das teorias e dos sistem as psicológicos pudesse ser feita apenas ou principalm ente no plano epistem ol ó gico āo é possivel nem faz sentido procurar saber quem é ou foi m ais científico S kinner, piaget F reud, Jung, R o gers? O que se passa é que os diversos sistem as de pen parte ı sam ento psico lógico não visam os m esm os objetos da m esm a m a neira, com os m esm os objetivos e de acordo com os m es m os padrōes as noçōes de realidade de psiquism o , de com portam ento , etc variam igual m ente varia o que se entende por teoria por conheci m ento e por ver dade ; em decorrência variam os crité rios de avaliação do con hecim ento e dos m étodos e pro cedim entos adequados N esta m edida tais divergências não se resolverão m ediante p esquisas, já que qualquer pesquisa ser á efetuada a partir de seus próprios pressu postos C ham o de m atrizes do conhecim ento psicológi co (FıG U E IR E D 0 19 9 1) a estes grandes conjuntos de valores norm as, crenças m etafĺsicas concepçōes epis tem oıógicas e m etodoıógicas que su bjazem às teorias e às práticas profissionais dos psicólogos C oloco tam bém no plano das m atrizes o conjunto das im pıicaçōes éticas que pertencem legitim am ente ao m esm o cam po de pro dução teórica e de práticas A qui creio que seria oportuno determ e um pouco no term o m atrizes É preciso de inĺcio estabelecer aigu m as diferenças de niveı : faıando em sistem as em es colas em facçōes ou em correntes eu perm aneço no nĺvel m anifesto em bora recortando de form a m ais ou m enos fıexivelm ais ou m enos restritiva o m eu m aterial É verdade que o term o correntes ao insistir na dim en sāo tem poral se abre para um a passagem da apreensão das ideias tais com o se m ostram para um a apreensão das ideias na sua historicidade na sua autogeragāo N o en tanto se o m eu interesse é o de identificar pressupostos e im pıicaçōes eu necessito de um term o que m e dê acesso a um nivel que opera no registro do latente do que age dissim uladam ente O s term os paradigm a tal D a epistem ologia à ética 2 3 Scanned by CamScanner como empreg ado por Kuhn ( 1 970), epistem e " tal como empregado p or Foucault (1 966 ; 19 69), bases m etaflsl cas tal como empregado p or B urtt (] 9 83), entre outros, dizem respeito ex atam ente a es te niveı que m e interessava focaıizar O pte i peıo term o m atrizes " , que por sinal tam bém veio a ser prop osto por K uhn (19 74 ), para su bst 让 ulr o de paradigm as p orque ele m e parec eu o m ais apto a fa ıar do m eu tem a : o espaço psi com o umesp aço de dis persāo que, ap esar de tudo, não é um esp aço de caos ab soluto, pois possu i um a organização subterrânea a partir da qual podem ser c onfrontadas, aproxim adas ou contra postas as corren tes, as escolas, as se itas, enfim , todos os habitantes graúdos ou m iú dos do espaço psicológico A s m atrizes sāo geradoras ; elas s āo fontes, elas instauram os cam pos de teorizaçâo e de aç ão possiveis, eıas inau guram as histórias das ps icologias H o m eu 0 M atrizes do pensam ento psicoįógico procurei oferecer um quadro panorâm ico das psicolo gias contem porâneas organizado a partir de suas m atri zes O espaço não m e perm itirá estenderm e sobre a questão A penas recordarei que Iá denom ino m atrizes ci entificistas a todas as m atrizes a partir das quais a psico ıogia vem a ser concebida e praticada com o ciência na turaı (de acordo, naturalm ente, com os m odelos de ciên cia natural disponiveîs no século X IX ) ; todas pressupõem a crença num a ordem naturaı e diferem apenas na form a de considerarem esta ordem as psicologias geradas por estas m atrizes seriam construĺdas com o anexos ou se gundo os m odelos de outras ciências da natureza , com o, Por exem pıo, a bioıogia C om o as dem ais ciências natu rais , as psicoıogias estariam destinadas a fornecer um conhecim ento útil para previsão e controıe dos eventospsíquicos e com portam entais D e outro ıado, encontram se as m atrizes inspiradasno pensam ento rom ântico de oposiqão ao racionaıism oilum inista e ao im pério da m atem ática e do método para eıas o objeto da psicologia não sāo eventos naturais , m as sâo form as expressivas, ou seja, as ações produtos e obras de um a subjetividade singular que através deles se dá a conhecer E nquanto as psicologias engendradas por m atrizes cientificistas propunham se com o conhecim en to apto a previsōes e controles e, nesta m edida se obri gavam a explicar os eventos psíquicos e com portam en tais inserindo os num a ordem natural , as psicologias en gendradas a partir de m atrizes rom ânticas têm com o m eta com preender, ou seja gerar conhecim entos aptos à apreensão das form as expressivas A M eta deste co nhecim ento seria a de am pıiar a capacidade de com uni cação entre os hom ens e de cada um consigo m esm o D estas m atrizes rom ânticas destacam se as que eu denom ino de pós rom ânticas N estes casos, o que obser vam os é o resgate da grande questão coıocada pelas m a trizes rom ânticas , a questão da com preensâo, aliado à re núncia à esperança de um a apreensão fácil e im ediata do sentido Para estas m atrizes o sentido dos atos dos pro dutos e das obras nāo coincide com as vivências que lhes correspondem , supōe se que por trás dos senüdos haja outros sentidos e por trás destes haja processos e m eca nism os geradores de sentido e que nada disso se dê es pontaneam ente à nossa consciência seria preciso, por tanto , elaborar m étodos e técnicas e critérios interpretati vos que nos perm itam ir além de um a com preensäo ingê nua e autocentrada dos outros e de nós m esm os D a epistem oıogia à ética 2 5 P arte I 2 4 Scanned by CamScanner E ste panoram a am pıo do cam po de dispersāo den tro do qual puderam ser situadas as escoıas, sistemas ,facçōes e correntes de form a a que pudessem ser rnos tradas suas interrelaçōes, suas fam iliaridades e seus an tagonism os foi o saldo , espero , da elaboraçāo das m atıt zes Q uero assinalar m ais um a vez , que nāo houve di m inha parte em nenhum m om ento , a intençāo dejulgar e m uito m enos de julgar epistem ologicam ente as teorias m eu objetivo foi sem pre o de conservar a diversidade na unidade, tornando a inteligivel E ste resultado , porém , nāo m e satisfez com pletam en te É verdade que ele pode ser útil para o com bate às tenCiências dogm áticas e ecléticas m ais precipitadas m as ele deixa em aberto a questāo das opçōes das escolhas A quinovam ente creio necessário dar alguns esclareci m entos N a verdade depois de m uita observação de m im m esm o de colegas e de alunos eu m e perm ito duvidar de que os psicólogos possam realm ente escolher suas teorias , m étodos e técnicas C reio que é totaım ente iıu sório im aginar que em algum m om ento tenham os a isenç ão, o conhecim ento e a ıiberdade para efetuar esse tipo de opç ão A o contrário , o que percebo é que som os escolhidos som os com o que fisgados, atraĺdos por um a tram a com plexa de anzóis e iscas, das quais algum as g nunca serāo com pletam ente identificadas D e qualquer form a, m uito antes de nos darm os con ta de que escolhem os já fom os escolhidos e em bora estas opçōes possam ser refeitas , haverá sem pre aıgo que nos antecede e nos cham a O ra o que um a reflexão ace rca das m atrizes do pensam ento psicológico nos pode p ropi parte ı 2 6 ciar não será, portanto, um a esco lha pıenam ente cons ciente e racionalO que podem os esperar, creio eu legiti m am ente, desta reflexão, é um a am pliação da nossa ca pacidade de pensa r acerca do que acreditam os, acerca do que fazem os e de que m som os Pois bem um a com pre ensão dos sistem as e teorias no contexto de um a explici tação das m atrizes do pensam ento psicológico ajuda nes ta tarefa reflexiva, m as não é suficiente D e um a certa for m a, poderiam os m esm o dizer que ao nos defrontarm os com a diversidade conservada na unidade estam os ape nas entrando em contato com o probıem a m as nāo o es tam os ainda resoıvendo É claro que entrar em contato é um prim eiro passo indispensável, ao contrário das saidas dogm áticas e ecléticas que ao invés de favorecerem o m o vim ento de problem atizaç ão evadem se deste contato ne gando de um a form a ou de outra, a própria diversidade D ado este prim eiro passo contudo com o prosseguir? M eu cam inho foi o de refazer o processo de gestação do próprio espaç o psicológico para entender com o e por que ao final do século X IX se abriu um cam po no quaı vi eram a se instalar diversos projetos de psicologia que, apesar de suas diferenqas tinham em com um a preten sāo de estabelecer a psicologia com o um a área independente de saberes e intervençōes sui generis E m outras P aıavras m eu objetivo passou a ser o de com preender ahistória da constituiqāo do espaç o psicológico e de com oeste espaç o se organizou em term os de lugares cada lugar ensejando um a m aneira de teorizaçāo e de exercĺcioP rofissionalT ratava se enfim de um a tarefa de genealogia do psicológico o m eu tem a era vasto e de lim itesim precisos ; com o circunscrever de um a vez por todas oconjunto de acontecim entos e dispositivos que contribuĺ D a epistem ologia à ética 2 7 Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner com o área especffica de conhecim entos e práticas profissionais E starem os m esm o fazendo m ais que apenasadotar talvez sem a devida reflexāo crenç as norm as evalores E starem os de fato nos posicionando diante dosdestinos de nossa época L onge de m im a intençāo de reduzir um a prática profissional a qualquer m odalidade dem ilitância ; nāo se trata portanto de prom over tal ou qualform a de fazer e pensar a psicologia em term os de um adada concepçāo do que seria politicam ente corretoT rata se contudo isto sim de introduzir nas nossas consideraçōes algo que via de regra escapa à form açāo con vencional do psicólogo trata se de introduzir no cam podas nossas cogitaç õ es um a discussão histórica sociológica e filosófica acerca do m undo em que vivem os das for m as dom inantes de existir neste m undo e de com o as psicologias contem porâneas sāo m odos de tom ar partido em relaç ã o aos problem as da contem poraneidade A ĺ reside a dim ensāo ética das psicologias dim ensāo sobre a qual há m uito pouca reflexão já que costum a m os reduzir as discussōeséticas a questõ es que m e pa recem triviais e form ais A s verdadeiras questōes éticas são a m eu ver , as que dizem respeito às posiqōes bási cas que cada sistem a ou teoria ocupa no contexto da cul tura contem porânea diante dos desafios que dela em a nam P ara estas questōes com o de resto para as questōes verdadeiram ente grandes, nāo devem os ter a espe ranç a de respostas concludentes N ossa obrigaçāo , po rém pode e creio que deve ser a de m antêlas em abertoE las são , afinal de contas , as brechas nas nossas crenqas e nos nossos com prom issos através das quais pode seinsinuar a aıteridade enfim sāo elas que nos podem conservar disponiveis para a experiência e para a renovaçāo R eferências B U R R R E A A s bases m etaïisicas da ciência m oderna B rasilia : U nB 1 9 8 3 IT rad J V iegas F Uho e O rlando A H enriquesl F IG U E IR E D O L C A inuenç â o do psicológico Q uatro séculos de subjetivaçāo (1 5 0 0 19 0 0 ) S ão paulo E scu ta/E duc 1 9 9 2 M atrizes do pensam ento psicológico petrå polis : V ozes 1 9 9 1 F O U C A U L T M L archéologie du sauoir Paris G alli m ard 1 9 6 9 - L es m ots et les choses P aris G allim ard 19 66 K U H N T h S econd thoughts on paradigm s In S U ppE F (ed) T he stnıcture oíscienEíic theories 2 E d Iııinois lllinnois U niversity P ress 1 9 7 0 T he structure oí scientific reuoĮutions 2 Ed C hicago C hicago U niversity press 19 7 0 R O R T Y R S cience et solidarité C ahors : Éclat 1990 [T rad D e J ean P ierre C om ettil ― ― C onsequences oFpragm atism M inneapolis Ĺlni versity of M innesota P ress 19 8 2 P hiĮosophg and the m i1T or of natLtre Pńnceton P rinceton U niversity P ress 19 7 9 P arte ı D a epistem oıogia à ética 3 0 3 1
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