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AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO, NOTIFICAÇÃO E QUIMIOPROFILAXIA Prof.Msc. Maiana Ferraz Contextualização Alteração da Lei Lei nº 8.080/1990 – Publicação da Lei n° 12.401 -28 de abril de 2011, dispõe sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologias em saúde no âmbito do SUS. Essa lei define que o Ministério da Saúde tem assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC, como atribuições a incorporação, exclusão ou alteração de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constituição ou alteração de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pós- Exposição de Risco à Infecção pelo HIV IST e Hepatites virais EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO É a exposição a sangue, fluidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, liquor, líquido sinovial, líquido pleural e amniótico), fluidos orgânicos potencialmente não-infectantes (suor, lágrima, fezes, urina e saliva), exceto se contaminado com sangue. As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados são um sério risco aos profissionais em seus locais de trabalho A exposição aos riscos biológicos ocorre também nos serviços de esgotos, na coleta e industrialização de lixo urbano, nos cemitérios, nos serviços veterinários, nos matadouros, nos frigoríficos e na manipulação de carnes e alimentos “in natura”, dentre outros. TIPOS DE EXPOSIÇÃO Exposições percutâneas – lesões provocadas por instrumentos perfurantes e cortantes (p.ex. agulhas, bisturi, vidrarias); Exposições em mucosas – p.ex. quando há respingos na face envolvendo olho, nariz, boca ou genitália; Exposições cutâneas (pele não-íntegra) – p.ex. contato com pele com dermatite ou feridas abertas; Mordeduras humanas – consideradas como exposição de risco quando envolverem a presença de sangue, devendo ser avaliadas tanto para o indivíduo que provocou a lesão quanto àquele que tenha sido exposto Risco de aquisição de infecções após exposição a materiais biológicos HIV: Risco de soroconversão: exposição percutânea - 0,3% exposição de pele e mucosas - menor que 0,09% HEPATITE B: Risco de transmissão de 1 a 37% HEPATITE C: Risco de transmissão de 0 a 7% Fatores de risco para exposição a materiais biológicos Setores de risco Unidades de terapia intensiva Serviços de urgência Procedimentos de risco Procedimentos invasivos Cirurgias de grande porte Profissional X Risco Susceptível à infecção Fonte de infecção Medidas de Biossegurança Profilaxia pré-exposição Precauções na assistência Profilaxia pós-exposição Precauções na assistência Precauções Padrão Assistência a todos os pacientes Não relacionadas ao diagnóstico do paciente Lavagem das mãos: Antes e após contato com qualquer paciente ou qualquer material biológico Precauções na assistência Precauções Padrão Uso de luvas: Risco de contato com sangue, secreções mucosas ou pele não integra Uso de capotes, máscaras, gorros e óculos para realização de procedimentos Prevenção de acidentes com materiais pérfuro - cortantes Máxima atenção durante realização de procedimentos Nunca reencapar agulhas Desprezar corretamente os materiais após o uso Condutas após-exposição ocupacional a materiais biológicos Cuidados locais imediatos Exames do paciente – fonte e do acidentado Medidas de quimioprofilaxia: HIV, Hepatites, Sífilis Acompanhamento sorológico: HIV , Hepatites, Sífilis Cuidados locais imediatos após exposição a materiais biológicos Pele Lavar com água e sabão durante 5 minutos, secar e aplicar álcool a 70% Mucosas Lavar abundantemente com água ou soro fisiológico durante 5 minutos Lesão pérfuro-cortante Deixar sangrar alguns segundos Lavar com água e sabão por 5 minutos COMO AGIR? 1- ACOLHIMENTO O acolhimento à pessoa exposta deve ocorrer em local adequado, em que seja garantido o direito à privacidade, sem julgamentos morais, com acesso às populações chave e prioritárias. A avaliação inicial deve incluir perguntas objetivas, que abordem prática sexual, uso de drogas lícitas e ilícitas, troca de dinheiro por sexo, situação de violência, entre outras Quanto aos acidentes com material biológico, caso estes sejam ocupacionais, devem-se identificar atitudes de risco para desenvolver planos e assim, aumentar a proteção da pessoa(excesso de carga de trabalho, disponibilidade e o uso de equipamento de proteção individual (EPI)) COMO AGIR? É relevante considerar que, para casos de violência sexual, a Lei nº 12.845/2013 dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual, evitando-se assim encaminhamentos e transferências desnecessários. A intervenção necessita ter um caráter ágil, que não consista em um entrave à realização do serviço demandado. Deve ser resolutiva no seu caráter informativo e focada na demanda trazida pela pessoa em atendimento PROFILAXIA DO HIV PROFILAXIA DO HIV Tempo transcorrido entre a exposição e o atendimento As situações de exposição ao HIV constituem atendimento de URGÊNCIA, em função da necessidade de início precoce da profilaxia para maior eficácia da intervenção. Não há benefício da profilaxia com ARV após 72 horas da exposição Quimioprofilaxia após exposição ocupacional ao HIV • Início: precoce - até 2 horas • Duração relacionada ao paciente fonte: HIV negativo Suspender medicação HIV positivo 4 semanas Fonte com estado viral desconhecido e de risco 4 semanas Redução soroconversão em 80% Esquema antirretroviral para PEP Quando recomendada a PEP, independentemente do tipo de exposição ou do material biológico envolvido, o esquema antirretroviral preferencial indicado deve ser Crianças adolescentes e gestantes- protocolo diferenciado ADESÃO AO PEP A pessoa exposta deve ser orientada quanto aos objetivos da PEP, de modo a observar rigorosamente as doses, os intervalos de uso e a duração da profilaxia antirretroviral. Algumas estratégias de acompanhamento e adesão podem incluir os seguintes métodos alternativos: mensagens pelo celular, uso de aplicativos, alarmes, diários, porta-pílulas, tabelas, mapas de doses e ligações telefônicas. Recomenda-se a dispensação do esquema completo de PEP (28 dias), uma vez que essa estratégia tem um impacto positivo na adesão. Infelizmente altos números de abandono do tratamento (IRVINE et al., 2015). SINAIS E SINTOMAS HIV PROFILAXIA DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Recomenda-se a investigação de sinais/sintomas de IST em todas as pessoas com exposição sexual de risco O rastreio das IST é fundamental para o controle da epidemia de sífilis, já que o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno das pessoas infectadas e de suas parcerias sexuais contribuem para interromper a cadeia de transmissão (STAMM, 2016) PROFILAXIA DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Orientar todas as pessoas expostas sexualmente sobre as medidas de prevenção do HPV. O HPV é transmitido preferencialmente por via sexual, sendo responsável por verrugas na região anogenital e até em áreas extragenitais como conjuntivas e mucosa nasal, oral e laríngea, além de estar relacionado ao câncer de colo de útero ,colo retal ,pênis, vulva e vagina (GAO; SMITH, 2016, SMALL et al., 2017). PROFILAXIA DAS HEPATITES VIRAIS HEPATITE A O principal mecanismo de transmissao do virus da hepatiteA (HAV) e o fecal-oral. A transmissao sexual desse virus é infrequente. No entanto, recentemente, diversos casos de transmissao sexual do virus da hepatite A foram confirmados em varios paises da Europa. A maioria dos casos parece ocorrer entre homens que fazem sexo com outros homens, embora essa forma de transmissao tambem tenha sido observada entre mulheres PROFILAXIA DAS HEPATITES VIRAIS HEPATITE B A hepatite B é uma infecção de transmissão parenteral, sexual e vertical. A transmissão desse vírus pode ocorrer por solução de continuidade (pele e mucosas), via parenteral (compartilhamento de agulhas, seringas, material de manicure e pedicure, lâminas de barbear e depilar, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança, entre outros) e relação sexual desprotegida -> principal mecanismo de transmissão dessa infecção no Brasil. PROFILAXIA DAS HEPATITES VIRAIS HEPATITE B A prevenção dessa infecção ocorre por meio da vacinação (completar esquema) Em acidentes -> Utilização de IGHAHB A imunizacao para a hepatite B e o uso de IGHAHB tambem estao indicados na gestacao, em qualquer idade gestacional. PROFILAXIA DAS HEPATITES VIRAIS HEPATITE C Apesar de o risco de transmissão do HCV estar mais relacionado às exposições percutâneas, a transmissão sexual desse vírus é possível, principalmente em se tratando de práticas sexuais traumáticas, presença de doença ulcerativa genital e proctites relacionadas a IST. Grupos específicos, como as PVHIV têm risco acrescido de contágio pela via sexual O tratamento da hepatite viral C aguda tem resultados de cura excelentes. PROFILAXIA DAS HEPATITES VIRAIS HEPATITE C A unica forma de reduzir o risco de transmissao e a prevencao do acidente. As orientacoes para prevencao das hepatites virais devem ser compartilhadas com os contatos domiciliares e parceiros sexuais da pessoa. A prevencao requer atitudes e praticas seguras – como o uso adequado do preservativo e o nao compartilhamento de instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal, como escovas de dente, alicates de unha, laminas de barbear ou depilar Desafios na abordagem à exposição ocupacional a Material Biológico Reconhecer a importância dos acidentes com exposição a fluidos biológicos Reduzir subnotificação dos acidentes Desburocratizar atendimento Racionalizar profilaxia Realizar trabalhos em prevenção Descarte adequado de materias pérfuro- cortantes Programas de prevenção Estabelecimento de parcerias Quando o médico fica sabendo que o paciente está com Aids, ele é obrigado informar às Autoridades Públicas sobre isso através de notificação. Essa informação é importante para que o paciente tenha seus medicamentos e para que a Autoridade da Saúde saiba quantas pessoas vivendo com HIV/Aids existem. A omissão da notificação da doença é crime, previsto no Código Penal, artigo 269. Tal notificação serve apenas para a autoridade pública e para preenchimento de atestado de óbito. GOMEZ e CHALUB, 2007 NOTIFICAÇÃO DA DOENÇA – QUEBRA DE SIGILO PROFISSIONAL Se o paciente foi contaminado, por acidente de trabalho, transfusão de sangue, utilização de sêmem ou transplante de órgãos, tem direito à indenização compensatória prevista no artigo 186 do código civil. GOMEZ e CHALUB, 2007 CONTAMINAÇÃO Conduta pós-acidente Orientações e aconselhamento ao acidentado Com relação ao risco do acidente Possível uso de quimioprofilaxia Consentimento para realização de exames sorológicos Comprometer o acidentado com seu acompanhamento Prevenção da transmissão secundária Suporte emocional devido estresse pós-acidente Reforçar a prática de biossegurança e precauções básicas em serviço Ministério da Saúde. Exposição a material biológico; 2017. Conduta pós-acidente Notificação do acidente Registro do acidente em CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) Notificar CCIH ou setor responsável:iniciar conduta em até 72h após o acidente Preenchimento da ficha de notificação do Sinan “ Para melhor ou para pior, minha vida tomou um novo rumo no dia em que uma agulha contaminada perfurou minha mão. Estou contando minha história em nome de todas as enfermeiras que enfrentam esse risco diariamente, e minha mensagem é essa: isso não precisa acontecer.” Lynda Arnold “ My Nedlestick” set. 97
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