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ENFERMAGEM MODERNA A EVOLUÇÃO DOS HOSPITAIS Aliado aos interesses políticos, o avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais que agora desempenharão importante papel,é na reorganização da instituição hospitalar e no posicionamento do médico, como principal responsável por essa reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo e seus reflexos na Enfermagem. Obedecendo aos princípios da disciplinarização, os hospitais militares são os primeiros a se reorganizarem sob a premência das questões econômicas a que os exércitos estavam afetados e sob o impacto das guerras imperialistas que lhes reduziam as fileiras. A evolução crescente dos hospitais não melhorou suas condições, foi à época em que estavam em piores condições devidas, principalmente, a predominância de doenças infectocontagiosas e à falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Além de existirem os hospitais os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além de não terem esta alternativa, tornavam- se objeto de instrução e experiências que resultariam em maiores conhecimentos sobre as doenças em beneficio da classe abastada. É nesse cenário que a Enfermagem passa a atuar quando Florence Nightingale é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra, para trabalhar juntos aos soldados feridos em combate à guerra da Criméia (1854-1856). A guerra da Crimeia veio mostrar a necessidade de colocar a higiene militar numa posição independente do controle burocrático da administração civil. A falta de um serviço de Enfermagem eficiente nesta guerra causou perdas tão grandes aos exércitos aliados, especialmente aos ingleses, que isto se tornou alvo de uma investigação prolongada por parte do Parlamento inglês. PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança - o que lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas idéias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o alemão, o italiano, além do grego e latim. No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir a Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julgava ainda insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido pelas Irmãs de Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris. Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia. Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se, porém com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem - uma Escola de Enfermagem em 1959. Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas. O primeiro curso montado por ela tinha 15 alunas, com duração de 1 ano, depois passou para dois anos, quando iniciou a prática nas enfermarias do hospital. O objetivo da escola era preparar as enfermeiras para que elas pudessem atuar como multiplicadoras do conhecimento e formar enfermeiras distintas. Florence achava que a ciência e a arte de alimentar um doente eram partes essenciais da enfermagem Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras. Florence morre em 13 de agosto de 1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim, a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica. PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar, devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, as escolas se espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873. Em 1877 as primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em New York. As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola Florence Nightingale, baseada em quatro idéias-chave: 1- O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público. 2- As escolas de treinamento deveriam ter uma estreita associação com os hospitais, mas manter sua independência financeira e administrativa. 3- Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas não envolvidas em Enfermagem. 4- As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à disposição, que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital. SISTEMA NIGHTINGALE DE ENSINO As escolas conseguiram sobreviver graças aos pontos essenciais estabelecidos: 1º. Direção da escola por uma Enfermeira. 2º. Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional. 3º. Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão profissional. PERSONAGENS DA ENFERMAGEM BRASILEIRA Ana Nery- matriarca da enfermagem no Brasil nasceu em 13/12/1814 em Cidade Cachoeira- BA, casou-se com Isidoro Antônio, teve dois filhos, um medico militar e um oficial militar convocados a servir a pátria durante a guerra do Paraguai(1864-1870). Ana Nery não resistindo a separação da família, escreveu ao Presidente da Província, colocando-se a disposição de sua pátria. Em 15/08/1865 partiu para o campo de batalha onde os dois filhos lutaram para auxiliar o corpo de saúde do exercito que era pequeno e contava com poucos recursos materiais. Começou seu trabalho no hospital de Corrientes, onde havia na época cerca de seis mil soldados internados e algumas freiras vicentinas. Mais tarde assistiu aos doentes em Salto Humaita, em Assunção. Mulher de posse, com seus recursos montou na Capital Conquista na própria casa onde morava, uma enfermaria limpa e modelar. Trabalhou ali incansavelmente ate o fim da guerra, na qual perdeu um filho e um sobrinho. Foram cinco anos de guerra, retornou ao Brasil erecebeu varias homenagens. Condecorada com as medalhas de prata humanitária Recebeu coroa de louros Victor Meireles pintou sua imagem e foi colocada no edifício do Paço Municipal de Salvador A primeira escola de enfermagem do Brasil recebeu seu nome Recebeu uma pensão vitalícia para custear a educação dos quatro órfãos que recolheu no Paraguai. Morreu em 20/05/1880, data que Getulio Vargas decretou o dia do enfermeiro em 1938. Ana Nery aprendeu as primeiras noções de enfermagem com as irmãs de caridade são Vicente de Paula durante a guerra liberou dois soldados paraguaios presos que iam ser torturados por brasileiros e defendeu o direito a vida, foi conhecida como a mãe dos brasileiros. Ana Nery dizia: ``Não importa ser amigo ou inimigo, todos são homens e merecem cuidados``. Dr.a Wanda Aguiar Horta- nasceu em Belém do Para, Quinta filha do casal Alberico e Feliz, viveu na cidade natal ate 1936, revelou uma inteligência privilegiada e fez dela o melhor uso, era estudiosa, um tanto introspectiva, sensível, destacando-se na musica( era pianista) e como poeta. Mudou para Ponta Grossa (PR) onde terminou o curso secundário. Seu interesse pela área da saúde já estava presente, mas não tinha idade para ingressar no curso de medicina, fez um curso de socorrista voluntária, resolveu trabalhar e se preparar para o vestibular. Seu primeiro emprego foi no Posto de puericultura da legião brasileira de assistência. Destacou-se pela forma dinâmica e dedicada com as tarefas e foi indicada pelo chefe de serviço a fazer um curso de enfermagem na Escola de Enfermagem de São Paulo. Depois de formada foi para a Amazônia, em Santarém, no SESP ficou um ano trabalhando em equipe (medico, enfermeiro, engenheiro) todos empregados em melhor atender a saúde da população voltou para Curitiba e trabalhou quatro anos no serviço do Sanatório. Em 1959 tornou-se docente da Escola de Enfermagem (USP) onde estudara. Foi professora de diversas matérias especificas de enfermagem, tornou-se coordenadora do curso, organizou com outras enfermeiras o curso de pós- graduação em enfermagem. Pesquisou e estudou muito, teve uma grande produção intelectual, fez mestrado e doutorado. O trabalho que marcou sua vida profissional foi à criação da teoria da enfermagem, inspirada na teoria das necessidades humanas básicas de Masloy para divulgar sua ideia criou em 1975 a revista de enfermagem-Nova dimensões que se tornou um dos melhores vínculos de divulgação dos docentes. Foi uma das primeiras professoras a utilizar os conhecimentos dos alunos naquilo que hoje chamamos de monitoria, foi uma das primeiras docentes da EEUSP a usar o computador em sua pesquisas e também membro ativa da ABEN durante 28 anos. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS GEOVANI T. et al. HISTORIA DA ENFERMAGEM:VERSÕES E INTERPRETAÇÕES. 3 ed. Rio de Janeiro RJ, Revinter,2010. OGUISSO T,CAMPOS.P.F.S, FREITAS G.F, PESQUISA EM HISTORIA D ENFERMAGEM. 2 ed, Barueri SP, 2011.
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