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CONCEITOS DE METAFÍSICA DE ARISTÓTELES

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Não há nada em nossa mente que não tenha antes passado pelos nossos sentidos. Diferentemente de Platão, que estabelece seu pensamento na ideia de que o conhecimento dado pelos sentidos é ilusório, Aristóteles diz que os fenômenos (aquilo percebido pelos sentidos) são parte da verdade. Para ele, quando os olhos vêem um objeto, ele não é capaz de interpretar aquilo. O que foi visto é interpretado pela nossa inteligência, somente ela é capaz de reconhecer a natureza das coisas. Para engendrar as suas teoria do Hilemorfismo e a Teoria das Quatro Causas, é preciso compreender alguns conceitos por ele elaborados:
Matéria x Forma
A matéria é, basicamente, aquilo que constitui algo. A forma, no entanto, é algo que não percebemos pelos sentidos, mas que a nossa inteligência é capaz de notar e determinar o que algo é. Uma matéria – o tecido, pode se apresentar de diversas formas – camiseta, saia, regata. Isso implica na ideia de que o que muda na natureza é a matéria, e não a forma. É a matéria que é capaz de se manifestar nos mais diversos contextos – enquanto a matéria, tecido, pode estar em movimento indo de vestido a pano de cozinha, as formas são únicas: há somente uma forma para a camiseta, para a saia, regata, para o vestido e pano de cozinha. Mas pulando para um exemplo mais complexo, um cavalo, a forma que ele possui é um conceito mais abstrato, é a sua cavalidade, aquilo que o faz ser um cavalo mas só pode ser percebido pela inteligência (a partir do que os olhos enxergam). Substância é a junção de matéria e forma. A forma determina a matéria. 
Ato x Potência
Em ato, você é uma pessoa. Em potência, um cadáver. Ato é a descrição do presente. Potência é a descrição das infinitas possibilidades que algo pode se tornar. Em definição, ato é o que é nesse exato momento; potência é o que poderá vir a ser. O ato possui caráter monista, por ser imutável, já que cada momento é único e cada verdade apresentada é a verdade naquele momento. A potência é uma série de incertas alternativas que não podem ser previstas. A potência existe em tudo, pois o ato sempre carrega em si a possibilidade de mudar: nada permanece no mesmo ato para sempre, o ato é sempre substituído por outro ato. Em ato, o tecido (matéria) que se apresenta como camiseta (forma), é, em ato, uma camiseta feita de tecido, mas a potência de se tornar um bandana ou um pano de chão existe. A sua irmã, é, em ato, uma criança, mas tem a potência de se tornar uma adulta. A sua irmã, é, em ato, uma estudante, mas tem a potência de se tornar uma professora ou jogadora de vôlei profissional.
Essência x Acidente
Essência é aquilo que compõe o ser e é irretirável. São seus aspectos que estão nele de forma tão pura que ele deixaria de ser o que/quem é se aquilo lhe fosse tomado. Acidente é tudo que não integra o ser de forma absoluta, que mesmo que o determinado aspecto (que é acidental) deixasse de fazer parte dele, ele permaneceria quem é. Por exemplo, se de uma empresa X fosse trocado somente o nome para Y, mas ela permanecesse com a mesma equipe atuando no mesmo ramo, ela deixaria de ser a empresa X? Não. Porque seu nome é acidente, não faz parte da sua essência. Não importa se for chamada de Empresa X ou Empresa Y, a empresa é a mesma. 
Hilemorfismo é o nome dado para o princípio aristotélico de que tudo é constituído por uma matéria e forma, menos os números e as figuras geométricas, que são formas sem matéria.
A Teoria das Quatro Causas prega que tudo que existe possui quatro causas, menos o primeiro motor imóvel, que é a causa primeira. O primeiro motor móvel é puro ato, pura essência, pura forma. Ele é abstrato e eterno, dando origem a todas as coisas do universo. Considerando que o primeiro motor imóvel é eterno e imutável, ele é uma causa sem causa que permite que todas as outras coisas do universo tenham sido criadas. A causa material é simples, a matéria da coisa. A causa formal é a forma que a coisa possui. A causa eficiente é o que ou quem fez com que a coisa se tornasse o que é. A causa final é qual a finalidade da coisa. A causa material de um livro é o papel, a formal é livro, a eficiente é o escritor e a máquina que realizou a impressão e a final é a leitura. Quando um artífice transforma a forma, a ideia que existe na mente dele, em matéria, ele está sendo a causa eficiente. 
Os conceitos desenvolvidos por Aristóteles foram parte da sua busca por colocar um fim no paradoxo teórico entre Heráclito e Parmênides. Heráclito e seu conceito de que tudo está em constante mudança representa a matéria, a potência, o acidente. Parmênides, com seus princípios monistas, de que nada muda, representa a forma, o ato, a essência.

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