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Não são só ondas

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20/01/2015 CIO ­ Não são só ondas. São quatro tsunamis e a TI está despreparada
http://cio.com.br/carreira/2014/12/12/nao­sao­so­ondas­sao­quatro­tsunamis­e­a­ti­esta­despreparada/IDGNoticiaPrint_view 1/3
http://www.cio.com.br
CARREIRA
Não são só ondas. São quatro tsunamis e a TI está despreparada
(http://cio.com.br/carreira/2014/12/12/nao­sao­so­ondas­sao­quatro­tsunamis­e­a­ti­esta­despreparada)
Cezar Taurion *
Publicada em 12 de dezembro de 2014 às 08h00
Sim, pode parecer assustador...e é. Pode gerar caos. O risco é alto se não houver
capacitação e pessoal adequado
Estou  atuando  em  TI  há  quase  40  anos...  Bastante  tempo!  Ao  longo  deste  tempo  vivenciei  muitas
transformações  como  a  passagem  do modelo  centralizado  em mainframes  para  o  cliente­servidor,  quando
ouvia de muitos dos então gerentes de CPD que não iriam colocar seus sistemas nestes “eletrodomésticos”,
como chamavam os pequenos servidores que começavam a aparecer.    Interessante que o uso de PCs nas
empresas foi o primeiro indício de que os usuários queriam mais liberdade. Em muitas empresas o uso dos PCs
não  foi  liderado  pela  área  de  TI.  Convivi  com muitos  gestores  de  TI  que  eram  radicalmente  contra  estas
máquinas! Hoje  o modelo  cliente­servidor  é  o  nosso  paradigma de  arquitetura  de  sistemas...ou  era,  até  a
computação em nuvem.
Vi  surgir o comércio eletrônico, e  lembro que o  ícone deste modelo, Amazon,  fez apenas 20 anos de vida,
agora em julho de 2014. As dúvidas e questionamentos eram enormes. Será seguro passar meu cartão de
credito para um site de vendas online? Será que se vende algo além de livros? Sapatos? Nunca alguém irá
comprar sapatos sem experimentar antes... Felizmente, o pessoal do NetShoes não ouviu isso...Hoje a Web
faz parte da nossa vida cotidiana e o próprio Google se tornou verbo, googlar.
As ondas de transformação surgiam no horizonte, causavam impactos, afetavam a estrutura dos negócios e
eventualmente modificavam  a  TI.  Felizmente  entre  uma  onda  e  outra  havia  um  determinado  espaço  de
tempo.  Hoje  estamos  convivendo  com  um  verdadeiro maremoto  de mudanças,  com  várias  e  gigantescas
ondas  tecnológicas  surgindo  ao mesmo  tempo.  Cloud  Computing, mobilidade,  Big  Data  &  Analytics,  Social
Business, Internet of Things (IoT), computação cognitiva, impressoras 3D… Todas com impacto dramático e o
somatório acumulado delas provoca um efeito mais devastador que um tsunami. Podem reinventar negócios.
Fazer outros sumirem do mapa...
Na minha vida profissional nunca vivenciei tantas e tão profundas mudanças em tão curto espaço de tempo.
Não são mudanças  incrementais, mas mudanças  trasformacionais, de  ruptura com os modelos atuais, que
modificam setores de  indústria e em consequência suas TI.   Novos negócios surgem e atacam corporações
solidamente estabelecidas que se acreditavam a salvo das transformações digitais. Leiam o impacto do AirBnB
na  indústria  hoteleira  neste  texto  do  Financial  Times,  em  http://www.ft.com/intl/cms/s/0/dfaee666­55e8­
11e4­a3c9­00144feab7de.html#axzz3LVkTjxlt . Para entender o alcance destas mudanças recomendo ler o
também  o  artigo  de Michael  Porter,  na  Harvard  Business  Review, mostrando  como  IoT  vai  transformar  a
economia e o status da competição atual, em https://hbr.org/2014/11/how­smart­connected­products­are­
transforming­competition.
A consequência destas mudanças é que as áreas de TI, construídas e diligentemente gerenciadas para operar
no  mundo  de  antes  do  surgimento  destas  ondas  tecnológicas  e  suas    rupturas  não  atende  mais  as
necessidades  de  mudanças  do  mundo  atual.  Para  o  CIO  é  também  um  momento  de  decisão.  O  perfil  e
atividades  que  exercia  serão  ainda  as  mesmas  que  se  espera  daqui  para  a  frente?  Bem,  antecipo  que  a
resposta é um sonoro não. Então, o que e como fazer para cruzar a ponte?
Olhemos o cenário diante de nós: uma força de trabalho composta de membros da chamada geração digital,
que aumenta a cada dia. Entram nas empresas tanto para atuar em TI como nas áreas usuárias ou mesmo
como clientes. Seus hábitos e usos de tecnologia são diferentes da geração analógica.
Competidores surgem de onde mesmo se espera. O modelo de olhar a competição apenas analisando seus
competidores atuais não é mais adequado... Alguém do setor de táxis esperava o surgimento de apps como
EasyTaxi e o Uber? Alguém da indústria de telecomunicações esperava que seu rentável negócio de SMS fosse
corroído pelos apps de mensagens como WhatsApp?
20/01/2015 CIO ­ Não são só ondas. São quatro tsunamis e a TI está despreparada
http://cio.com.br/carreira/2014/12/12/nao­sao­so­ondas­sao­quatro­tsunamis­e­a­ti­esta­despreparada/IDGNoticiaPrint_view 2/3
Os setores de indústria perdem as fronteiras que as delimitavam, com o fenômeno cross­industry se tornando
cada vez mais comum. O fornecedor de antes agora também é concorrente. O mercado e os clientes passam a
ditar o uso da tecnologia. A consumerização é um fenômeno que vai permanecer, não é modismo. Quem ficar
para  trás  nesta  transformação  digital,  onde  a  tecnologia  está  ou  será  inserida  em  todos  os  processos  e
provavelmente em todos os produtos, vai perder espaço de mercado e corre o risco de desaparecer ou perder
sua relevância no mercado.
Este processo de rápida transformação, que, acredito, será um processo contínuo, coloca sob pressão os CEOs,
os  CMOs,  os  CIOs  e  demais  C­levels  da  corporações.  Como  manter  base  de  clientes,  crescer  a  empresa,
transformar processos e eventualmente modelos de negócios, enfrentar concorrentes que há um ano trás não
estavam na tela do radar e a entrada de novas tecnologias que já estão nas mãos dos clientes? E ao mesmo
tempo manter as margens e lucratividade?
Vamos nos concentrar no desafio dos CIOs. Seu papel até hoje tem sido de instituir e manter processos de
governança, controle de custos e desenvolver complexos sistemas corporativos. Mas, cada vez mais sentem a
pressão para uso intenso da mobilidade, conhecer melhor seus clientes e da tecnologia embarcada em seus
próprios produtos. Lidam com volumes cada vez maiores de dados. E precisam responder a demandas cada
vez mais  urgentes.  Tempo  real  está  passando  a  ser  quase  uma obrigação  e  paradigma de  aplicações.    Ao
mesmo tempo em que enfrenta estes mares turbulentos, tem que manter o dia a dia das operações atuais, a
segurança das informações e garantir aderência a normas regulatórias e compliances do setor. É um cenário
em que desenvolver um sistema mais rápido em detrimento da qualidade não existe mais. Não pode mais
haver dicotomia entre tempo de entrega e qualidade, eficiência e custos.
A governança de TI está passando por profundas mudanças. Questiono até que ponto processos como ITIL e
CMM continuam valendo para o setor de TI. Estas práticas, originalmente concebidas no final dos anos 80 e
principio dos anos 90, baseados na TI de então, não vão deixar de existir, mas com certeza não se aplicam a
tudo que TI desenvolve ou  terá que desenvolver no  futuro. O contexto de quando  foram criados era bem
diverso  do  contexto  atual.  Sua  concepção  foi  para  resolver  problemas  de  gestão  de  grandes  e  complexos 
sistemas, com ciclos de desenvolvimento e entrega diferentes dos apps de hoje em dia. Não havia o conceito
de  MVP  (Minimum  Viable  Product).  Este  conceito  pode  ser  estudado  em 
http://en.wikipedia.org/wiki/Minimum_viable_product .
O  desenvolvimento  de  apps  e  iniciativas  de Analytics  e modelagens  preditivas  não  podem  se  submeter  às
mesmas  regras  de  sistemas  tradicionais  como  os  aplicativos  e  ERP  da  velha  guarda.  Essas  práticas  foram
concebidas  para  um  mundo  que  girava  mais  lentamente  e  que  sistemas  levavam  meses  para  serem
entregues. Muitos  dirão  que  remover  estas  práticas,  consolidadaspelo  tempo  e  largamente  adotadas  pelo
mercado,  pode parecer loucura. Mas se olhamos o desafio da velocidade e flexibilidade que se exige de TI creio
que talvez não seja tão alucinado assim...
Não  significa,  em absoluto,  que não devemos  ter  governança, mas que precisamos de novas práticas.  Por
exemplo, hoje não precisamos mais ficar dependentes dos ciclos de evolução dos fabricantes de hardware e os
consequentes  ciclos  de  capacidade  que  eles  nos  obrigavam  a  ter,  mantendo  um  parque  computacional 
subutilizado  ou com excesso de recursos. Lembro que na época dos mainframes se quisesse ter 20% a mais
de capacidade era obrigado a comprar uma máquina com o dobro da capacidade. Agora podemos ter nosso
próprio data center virtual, sem precisar de suas máquinas, usando computação em nuvem.
Mas, estamos em um período ainda de aprendizado. Afinal a própria World Wide Web tem 25 anos, o iPhone é
de 2007, o iPad de 2010, o Facebook fez 10 anos, o Twitter nasceu em 2006, no mesmo ano em que AWS foi
lançada pela Amazon (ícone da computação em nuvem).
Onde buscar ajuda? Que tal considerar como benchmark as empresas que nasceram digitais? Elas não são
gerenciadas  em  sua  TI  pelo  velho  manual  de  receitas  que  nós,  das  empresas  tradicionais,  usamos
intensamente.  Mas  elas  mantêm  data  centers  imensos  e  gerenciam  bilhões  de  operações  por  dia.  Elas
realmente reinventaram o uso da tecnologia. Hoje o ciclo de mudanças e entregas de código (ou soluções)
para os usuários é outro. Estas empresas, até por necessidade, criaram novas práticas como o de entrega
contínua porque para elas  o tempo de entrega de sistemas e modificações não poderia mais ser mais medido
em meses  ou  anos, mas  sim  em  dias  ou minutos...Vejam  o  exemplo  do  processo  de  desenvolvimento  e
entrega  do  Etsy  em  https://codeascraft.com/2011/02/04/how­does­etsy­manage­development­and­
operations/ .
O que estas mudanças implicam em TI? Primeiro no redesenho das capacitações das equipes e do CIO. Novas
funções aparecem como User Experience Designer, Data Scientist e um CIO muito mais voltado para negócios
que de perfil técnico. Novas práticas como entrega contínua. Novas maneiras de pensar, saindo do modelo de
controle da tecnologia, para Advisor de Tecnologia. A TI passa a ter um perfil "orientado a serviços", agindo
como um competitivo provedor de serviços de TI e menos como um departamento tradicional de tecnologia e
projetos. Como provedor de serviços, seus objetivos mudam: agora a meta é criar serviços inovadores que os
20/01/2015 CIO ­ Não são só ondas. São quatro tsunamis e a TI está despreparada
http://cio.com.br/carreira/2014/12/12/nao­sao­so­ondas­sao­quatro­tsunamis­e­a­ti­esta­despreparada/IDGNoticiaPrint_view 3/3
usuários (internos e externos) queiram consumir, em vez de tentar racionar o consumo de TI. A consequência
de tudo isso é uma mudança significativa n a sua a estrutura organizacional.
Sim, pode parecer assustador...e é. Pode gerar caos se não for uma mudança bem orquestrada. O risco é alto
se  não  houver  capacitação  e  pessoal  adequado.  Também  é  essencial  uma  forte  determinação  de  fazer  a
mudança.
Mas se o objetivo é tornar TI estratégica para o negócio, contributiva para geração de novos negócios, ela tem
que mudar. E não custa nada aprender com quem já nasceu do outro lado da ponte...
 
(*) Cezar Taurion é é CEO da Litteris Consulting, autor de  seis  livros  sobre Open Source,  Inovação, Cloud
Computing e Big Data
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