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DIREITO ADMINISTRATIVO
Prof. Alessandra Mara de Freitas Silva Email: alessandra.freitas@prof.una.br Edição: JULHOde 2017
Sumário
CAPÍTULO 1: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Professora Alessandra Mara
Página 
22
CAPÍTULO 1: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É o conjunto de normas que regulam a atividade da Administração Pública na sua tarefa de assumir os serviços necessários à promoção do bem comum, sendo que:
pertence ao direito público (regula as relações em que surge o interesse público).
tem relações com outros ramos do Direito e com as Ciências Sociais.
Hely Lopes Meirelles (2005:40) nos ensina que “Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.”
Analisando os elementos desse conceito, vemos:
“Conjunto harmônico de princípios jurídicos... significa a sistematização de normas doutrinárias de Direito (e não de Política ou de ação social), o que indica o caráter científico da disciplina em exame, sabido que não há ciência sem princípios teóricos próprios, ordenados, e verificáveis na prática;
... que regem os órgãos, os agentes... indica que ordena a estrutura e o pessoal do serviço público;
... e as atividades públicas... isto é, o conjunto de atos da Administração Pública, praticados nessa qualidade, e não quando atua, excepcionalmente, em condições de igualdade com o particular, sujeito às normas do Direito Privado;
... tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado: neste termo estão a caracterização e a delimitação do objeto do Direito Administrativo. Os três primeiros termos afastam a ingerência desse ramo do Direito na atividade estatal abstrata que é a legislativa, na atividade indireta que é a judicial, e na atividade mediata que é a ação social do Estado. As últimas expressões da definição estão a indicar que ao Direito Administrativo não compete dizer quais são os fins do Estado; outras ciências se incumbirão disto; cada Estado, ao se organizar, declara os fins por ele visados e institui os Poderes e órgãos necessários à sua consecução. O Direito Administrativo apenas passa a disciplinar as atividades e os órgãos estatais ou a eles assemelhados, para o eficiente funcionamento da Administração Pública. Percebe-se, pois, que o Direito Administrativo interessa-se pelo Estado, mas no seu aspecto dinâmico, funcional, relegando para o Direito Constitucional a parte estrutural, estática.”
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello (2004:27) “Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que disciplina o exercício da função administrativa e os órgãos que a desempenham”.
Já Maria Sylvia Di Pietro (2004:52) nos ensina que “Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
De acordo com Hely Lopes Meirelles (2003:50) “por sistemas administrativos, ou sistema do controle jurisdicional da Administração, como se diz modernamente, entende-se o regime adotado pelo Estado para correção dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público em qualquer dos seus departamentos de governo”.
Atualmente coexistem dois sistemas: do contencioso administrativo, também chamado sistema francês, e o sistema judiciário ou de jurisdição única, conhecido por sistema inglês. O sistema francês ou do contencioso administrativo é aquele no qual os atos da Administração Pública são sujeitos à chamada jurisdição especial do contencioso administrativo, formada por tribunais administrativos. Há assim uma dualidade de jurisdição: a jurisdição administrativa (formada pelos tribunais de natureza administrativa) e jurisdição comum (formada pelos órgãos do judiciário). Para controlar os atos administrativos, os administrados devem recorrer à instância administrativa e não à judicial.
O sistema inglês ou de jurisdição única é aquele no qual para a correção dos atos administrativos ou para remover as resistências dos particulares às atividades públicas, a Administração e os administrados dispõem dos mesmos meios processuais admitidos pelo Direito Comum e recorrerão ao Poder Judiciário sem necessidade de recorrer ou esgotar a instância administrativa.
O Brasil adotou o sistema de jurisdição única, desde a instauração de sua primeira República (1891), no qual há uma separação entre o Poder Executivo e o Judiciário, ou seja, entre o administrador e o juiz. O sistema não nega à administração o poder de decidir ou de controlar os próprios atos, sendo que o que lhe é proibido são as funções judiciais. Assim é que o administrado tem a opção de resolver seus conflitos com a administração instaurando processos perante ela. Mas mesmo depois
de instaurá-lo, ou ainda, sem sequer interpor um recurso administrativo, terá a opção de recorrer ao judiciário para ver resolvido seu litígio (art. 5o , XXXV da CF/88).
FONTES
O Direito Administrativo baseia-se, para sua formação, em quatro fontes principais, a saber.
A Lei , que em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Administrativo, abrangendo esta expressão desde a Constituição até os regulamentos executivos. E compreende-se que assim seja, porque tais atos, impondo o seu poder normativo aos indivíduos e ao próprio Estado, estabelecem relações de administração de interesse direto e imediato do Direito Administrativo.
Atualmente, diante da evolução do Direito Administrativo, em razão dos princípios da legalidade constitucional (CF, art. 5º, II) e da legalidade administrativa (CF, art. 37, caput), na realidade as únicas fontes primárias do Direito Administrativo são a Constituição e a lei em sentido estrito. Os demais atos normativos expedidos pelo Poder Público constituem fonte secundária.
A Doutrina, formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito Positivo, é elemento construtivo da Ciência jurídica à qual pertence a disciplina em causa, ou seja, o conjunto de livros, revistas e artigos publicados sobre a matéria. Influi ela não só na elaboração da lei como nas decisões contenciosas e não contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo.
A Jurisprudência, é a reiteração dos julgamentos num mesmo sentido, ou seja, o conjunto de sentenças, acórdãos, com a mesma decisão sobre o mesmo pleito, que acabam se tornando súmulas ou enunciados. Influenciam poderosamente a construção do Direito, e especialmente a do Direito Administrativo, que se ressente de sistematização doutrinária e de codificação legal. A jurisprudência tem um caráter mais prático, mais objetivo, mas nem por isso se aparta de princípios teóricos que, por sua persistência nos julgados, acabam por penetrar e integrar a própria Ciência Jurídica.
O Costume, no Direito Administrativo brasileiro, exerce ainda influência, em razão da deficiência da legislação. A prática administrativa vem suprindo o texto escrito, e, sedimentada na consciência dos administradores e administrados, a praxe burocrática passa a suprir a lei, ou atua como elemento informativo da doutrina.
Alguns autores acrescentam: os princípios gerais do direito, a eqüidade, os tratados internacionais, os estatutos autônomos
etc.
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS ADMINISTRATIVAS
A interpretação do Direito Administrativo, além da utilização analógica das regras do Direito Privado que lhe forem aplicáveis, há de considerar, necessariamente, três pressupostos, de acordo com Hely Lopes Meirelles (2005:40):
A desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados:
Com efeito, enquanto o Direito Privado repousa sobre a igualdade das partes na relação jurídica, o Direito Público assenta em princípio inverso, qual seja, o da supremacia do Poder Público sobre os cidadãos,dada a prevalência dos interesses coletivos sobre os individuais. Sempre que entrarem em conflito o direito do indivíduo e o interesse da comunidade, há de prevalecer este, uma vez que o objetivo primordial da Administração é o bem comum.
As leis administrativas visam, geralmente, a assegurar essa supremacia do Poder Público sobre os indivíduos, enquanto necessária à consecução dos fins da Administração. Ao aplicador da lei compete interpretá-la de modo a estabelecer o equilíbrio entre os privilégios estatais e os direitos individuais, sem perder de vista aquela supremacia. Assim, o interesse público prevalece sobre o interesse individual, respeitadas as garantias constitucionais.
A presunção de legitimidade dos atos administrativos:
Essa presunção, embora relativa, acompanha toda a atividade pública, dispensando a Administração da prova de legitimidade de seus atos. Presumida esta, caberá ao particular provar o contrário, até demonstrar cabalmente que a Administração Pública obrou fora ou além do permitido em lei, isto é, com ilegalidade flagrante ou dissimulada sob a forma de abuso ou desvio de poder. Portanto, os atos administrativos têm presunção de legitimidade, salvo prova em contrário.
A necessidade de poderes discricionários para a Administração atender ao interesse público:
A Administração Pública se fundamenta no princípio da legalidade, ou seja, só pode fazer o que a lei expressamente permite. Porém, às vezes, a lei concede ao Administrador uma liberdade dentro de seus limites configurando os poderes discricionários, que são necessários na prática rotineira de suas atividades.
“Esses poderes não podem ser recusados ao administrador público, embora devam ser interpretados restritivamente quando colidem com os direitos individuais dos administrados. Reconhecida a existência legal da discricionariedade administrativa, cumpre ao intérprete e ao aplicador da lei delimitar o seu campo de atuação, o que é do interesse público. A finalidade pública, o bem comum, o interesse da comunidade é que demarcam o poder discricionário da Administração. Extravasando desses lindes, o ato administrativo descamba para o arbítrio, e o próprio Direito Administrativo lhe nega validade, por excesso ou desvio de poder. Desta forma, a administração pode agir com certa liberdade, desde que observada a legalidade.”
CONCEITO DE ESTADO; ELEMENTOS E PODERES Conceito:
O conceito de Estado varia segundo a ângulo em que é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação territorial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção. Sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana. Como ente personalizado, o Estado pode tanto atuar no campo do Direito Público, como no Direito Privado, mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público.
Cumpre salientar que Estado de direito é aquele que submete seus atos em relação aos cidadãos, às decisões judiciárias; que reconhece os direitos individuais e bem assim que observa o direito por ele mesmo instituído.
Elementos do Estado:
O Estado é constituído por três elementos originários e indissociáveis: Povo (é o componente humano do Estado); Território (a sua base física); Governo Soberano ( elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poderes absolutos de autodeterminação e auto-organização emanado do povo).
Poderes do Estado:
A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos Poderes do Estado, que na clássica tripartição de Montesquieu se subdvide em:
Legislativo
Executivo
Judiciário
Tais poderes são independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). Esses poderes são imanentes e estruturais do Estado: a cada um deles correspondendo uma função que lhe é atribuída com precipuidade. Assim, a função primordial do Legislativo é a elaboração da lei (função normativa); a função precípua do Executivo é a conversão da lei em ato individual e concreto (função administrativa); a função precípua do Judiciário é a aplicação coativa da lei aos litigantes (função judicial).
O que há, portanto, não é a separação de Poderes com divisão absoluta de funções, mas, sim, distribuição de três funções estatais precípuas entre órgãos independentes, mas harmônicos e coordenados no seu funcionamento, mesmo porque o poder estatal é uno e indivisível.
Aliás, já se observou que Montesquieu nunca empregou em sua obra política as expressões “ separação de poderes” ou “divisão de poderes”, referindo-se unicamente à necessidade do “ equilíbrio entre os Poderes” do que resultou entre os ingleses e norte-americanos o sistema de freios e contrapesos, em que um Poder limita o outro, também adotado pelo Brasil.
GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO
Segundo Hely Lopes Meirelles (2005:64) “estes são termos que andam juntos e muitas vezes confundidos, embora expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se apresentam”:
Governo:
em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções estatais básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. A constante do Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente.
Administração Pública:
em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. A Administração não pratica atos de Governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes.
“Comparativamente, pode-se dizer que governo é atividade política e discricionária; administração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica. Governo é conduta independente; administração é conduta hierarquizada. O Governo comanda com responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade profissional pela execução. A Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo. Isto não quer dizer que a Administração não tenha poder de decisão. Tem. Mas o tem somente na área de suas atribuições e nos limites legais de sua competência executiva, só podendo opinar e decidir sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros ou de conveniência e oportunidade administrativas, sem qualquer faculdade de opção política sobre a matéria.
O Governo e a Administração, como criações abstratas da Constituição e das leis, atuam por intermédio de suas entidades ( pessoas jurídicas), de seus órgãos ( centros de decisão) e de seus agentes ( pessoas físicas investidas em cargos e funções).”
Esquema:
	Em Sentido
	Governo
	Administração
	Formal
	Conjunto de Poderes
	Conjunto de Órgãos
	Material
	Funções Estatais Básicas
	Funções necessárias para executar os serviços públicos
	Operacional
	Condução política dos assuntos políticos
	Atos de Execução
Na lição de Maria Sylvia (2004: 55) para bem “entender-se a distinção entre Administração Pública (em sentido estrito) e Governo, é mister partir da diferença entre as três funções do Estado. Embora o poder estatal seja uno, indivisível e indelegável, ele desdobra-se em três funções: a legislativa, a executiva e a jurisdicional. A primeira estabelece regras gerais e abstratas, denominadas leis; as duas outras aplicam as leis ao caso concreto: a função jurisdicional, mediante solução de conflitos de interesses e aplicação coativa da lei, quando as partes não o façam espontaneamente; a função executiva, mediante atos concretos voltados para a realização dos fins estatais, de satisfação das necessidades coletivas”.
Muitoscritérios têm sido apontados para distinguir as três funções do Estado. Segundo a lição de Renato Alessi “nas três funções ocorre a emanação de atos de produção jurídica, ou seja, atos que introduzem modificação em relação a uma situação jurídica anterior, porém com as seguintes diferenças:
A legislação é ato de produção jurídica primário, porque fundado única e diretamente no poder soberano, do qual constitui exercício direto e primário; mediante a lei, o Estado regula relações, permanecendo acima e à margem das mesmas;
A jurisdição é a emanação de atos de produção jurídica subsidiários dos atos primários; nela também o órgão estatal permanece acima e à margem das relações a que os próprios atos se referem;
A administração é a emanação de atos de produção jurídica complementares, em aplicação concreta do ato de produção jurídica primário e abstrato contido na lei; nessa função, o órgão estatal atua como parte das relações a que os atos se referem, tal como ocorre nas relações de direito privado. A diferença está em que, quando se trata de Administração Pública, o órgão estatal tem o poder de influir, mediante decisões unilaterais, na esfera de interesses de terceiros, o que não ocorre com
o particular. Daí a posição de superioridade da Administração na relação de que é parte.
A essa distinção pode-se acrescentar, com relação às duas últimas funções, a seguinte: a jurisdição atua mediante provocação da parte interessada, razão pela qual é função subsidiária, que se exerce apenas quando os interessados não cumpram a lei espontaneamente; a administração atua independentemente de provocação para que a vontade contida no comando legal seja cumprida e alcançados os fins estatais”.
No entanto, o mesmo autor demonstra que a função de emanar atos de produção jurídica complementares não fica absorvida apenas pela função administrativa de realização concreta dos interesses coletivos, mas compreende também a função política ou de governo, que implica uma atividade de ordem superior referida à direção suprema e geral do Estado em seu conjunto e em sua unidade, dirigida a determinar os fins da ação do Estado, a assinalar as diretrizes para as outras funções, buscando a unidade da soberania estatal.
“Basicamente, a função política compreende as atividades co-legislativas e de direção; e a função administrativa compreende o serviço público, a intervenção, o fomento e a polícia.
Não há uma separação precisa entre os dois tipos de função. Sob o ponto de vista do conteúdo (aspecto material), não se distinguem, pois em ambas as hipóteses, há aplicação concreta da lei. Alguns traços, no entanto, parecem estar presentes na função política: ela abrange atribuições que decorrem diretamente da Constituição e por esta se regulam; e dizem respeito mais à polis, à sociedade, à nação, do que interesses individuais.
Costuma-se dizer que os atos emanados no exercício da função política não são passíveis de apreciação pelo Poder Judiciário; as Constituições de 1934 (art. 68) e 1937 (art. 94) estabeleciam que as questões exclusivamente políticas não podiam ser apreciadas pelo Poder Judiciário. As Constituições posteriores silenciaram, mas a vedação persiste, desde que se considerem como questões exclusivamente políticas aquelas que, dizendo respeito à polis, não afetam direitos subjetivos. No entanto, se houver lesão a direitos individuais e, atualmente, aos chamados interesses difusos protegidos por ação popular e ação civil pública, o ato de Governo será passível de apreciação pelo Poder Judiciário.
São exemplos de atos políticos: a convocação extraordinária do Congresso Nacional, a nomeação de Comissões Parlamentares de Inquérito, as nomeações de Ministros de Estado, as relações com Estados estrangeiros, a declaração de guerra e de paz, a permissão para que forças estrangeiras transitem pelo território do Estado, a declaração de estado de sítio e de emergência, a intervenção federal nos Estados. Além disso, podem ser assim considerados os atos decisórios que implicam a fixação de metas, de diretrizes ou de planos governamentais. Estes se inserem na função política do Governo e serão executados pela Administração Pública (em sentido estrito), no exercício da função administrativa propriamente dita.”
Ainda, segundo Maria Sylvia Di Pietro (2004:56), “em um aspecto subjetivo e vistas as três funções do Estado-legislação, jurisdição e administração – e, paralelamente a estas, a função política ou de governo, é preciso verificar como se distribuem entre os três Poderes do Estado.
É sabido que não há uma separação absoluta de poderes; a Constituição, no artigo 2o, diz que ‘são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário’. Mas, quando define as respectivas atribuições, confere predominantemente a cada um dos Poderes uma das três funções básicas, prevendo algumas interferências, de modo a assegurar um sistema de freios e contrapesos.
Assim é que os Poderes Legislativo e Judiciário, além de suas funções precípuas de legislar e julgar; exercem também algumas funções administrativas, como, por exemplo, as decorrentes dos poderes hierárquico e disciplinar sobre os respectivos servidores.
Do mesmo modo, o Executivo participa da função legislativa, quando dá início a projetos de lei, quando veta projetos de lei, quando veta projetos aprovados pela Assembléia, quando adota medidas provisórias, com força de lei, previstas no artigo 62 da Constituição, ou elabora leis delegadas, com base no artigo 68 da Constituição Federal. O Legislativo também exerce algumas funções juridicantes, como no caso em que o Senado processa e julga o Presidente da República por crime de responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, ou quando processa e julga os Ministros do STF, o Procurador Geral da República e o Advogado Geral da União nos crimes de responsabilidade (art. 52, incisos I e II, da Constituição).
Pode-se dizer que no direito brasileiro as funções políticas repartem-se entre Executivo e Legislativo, com acentuada predominância do primeiro.”
CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Segundo Hely Lopes Meirelles (2005:83) em sentido lato, administrar é gerir interesses, segundo a lei, a moral e a finalidade dos bens entregues à guarda e conservação alheias. A Administração Pública, portanto, é a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade no âmbito federal, estadual ou municipal, segundo preceitos de Direito e da Moral, visando o bem comum. No trato jurídico, a palavra administração traz em si um sentido oposto ao de propriedade, isto é, indica a atividade daquele que gera interesses alheios, muito embora o proprietário seja, na maioria dos casos, o próprio gestor de seus bens e interesses.
Pode-se auferir que os poderes normais do administrador são simplesmente de conservação e utilização dos bens confiados à sua gestão, necessitando sempre de consentimento especial do titular de tais bens e interesses para os atos de alienação, oneração, destruição e renúncia (na Administração Pública, deve vir expresso em lei).
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO SUBJETIVO E OBJETIVO:
De acordo com Maria Sylvia Di Pietro (2004:54-62), “são dois os sentidos em que se utiliza mais comumente a expressão Administração Pública:
em sentido subjetivo, formal ou orgânico, ela designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa;
em sentido objetivo, material ou funcional, ela designa a natureza da atividade da atividade exercida pelos referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo.”
Deixando de lado a idéia da Administração Pública em sentido amplo, que abrange, em sentido subjetivo, os órgãos governamentais (Governo), e os órgãos administrativos (Administração Pública em sentido estritoe próprio), e, em sentido objetivo, a função política e a administrativa, levar-se-á em consideração, doravante, apenas a Administração Pública em sentido estrito, “que compreende:
em sentido subjetivo: as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa;
em sentido objetivo: a atividade administrativa exercida por aqueles entes.
Nesses sentidos, a Administração Pública é objeto de estudo do direito administrativo; o Governo e a função política são mais objeto do Direito Constitucional. Maria Sylvia Di Pietro (2004:54-62) ainda nos ensina:
Administração Pública em Sentido Objetivo
“Em sentido objetivo, a Administração Pública abrange as atividades exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos de atender concretamente às necessidades coletivas; corresponde à função administrativa, atribuída preferencialmente aos órgãos do Poder Executivo.
Nesse sentido, a Administração Pública abrange o fomento, a polícia administrativa e o serviço público. Alguns autores falam em intervenção como quarta modalidade, enquanto outros a consideram como espécie de fomento.”
Fomento “abrange a atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade pública. Fernando Andrade de Oliveira (RDA 120/14) indica as seguintes atividades como sendo de fomento:
auxílios financeiros ou subvenções, por conta dos orçamentos públicos;
financiamento, sob condições especiais, para a construção de hotéis e outras obras ligadas ao desenvolvimento do turismo, para a organização e o funcionamento de indústrias relacionadas com a construção civil, e que tenham por fim a produção em larga escala de materiais aplicáveis na edificação de residências populares, concorrendo para seu barateamento.
favores fiscais que estimulem atividades consideradas particularmente benéficas ao progresso material do país;
desapropriações que favorecem entidades privadas sem fins lucrativos, que realizem atividades úteis à coletividade, como os clubes desportivos e as instituições beneficentes.”
Polícia Administrativa compreende toda atividade de execução das chamada limitações administrativas, que são restrições impostas por lei ao exercício de direitos individuais em benefício do interesse coletivo. Compreende medidas de polícia, como ordens, notificações, licenças, autorizações, fiscalização e sanções.
Serviço público é “toda atividade que a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, para satisfazer à necessidade coletiva, sob regime jurídico predominantemente público. Abrange atividades que, por sua essencialidade ou relevância para a coletividade, foram assumidas pelo Estado, com ou sem exclusividade. A própria Constituição Federal é farta em exemplos de serviços públicos, em especial os previstos no artigo 21 com a redação dada pela Emenda Constitucional n° 8/95: serviço postal e correio aéreo nacional (inciso X), serviços de telecomunicações (inciso XI), serviços e instalações de energia elétrica e aproveitamento energético, radiodifusão, navegação aérea, aeroespacial, transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros em fronteiras nacionais ou que transponham os limites de Estado ou Território, transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, serviços de portos marítimos, fluviais e lacustres (inciso XII); serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional (inciso XV); serviços nucleares (inciso XXIII).”
A intervenção “compreende a regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada, bem como a atuação direta do Estado no domínio econômico, o que se dá normalmente por meio das empresas estatais. Nesse caso, o Estado opera segundo as normas do direito privado, consoante artigo 173, § 1o, da Constituição Federal, porém com inúmeras derrogações impostas por outras normas constitucionais, como referentes à fiscalização financeira e orçamentária (art. 70 e seguintes) e as constantes do capítulo concernente à Administração Pública, em especial o artigo 37 da CF”.
Para quem, como Maria Sylvia, considera como atividade ou função administrativa apenas aquela sujeita total ou predominantemente ao direito público, a intervenção, na segunda modalidade apontada, não constitui função administrativa; nesse caso, trata-se de atividade tipicamente privada, que o Estado exerce em regime de monopólio nos casos indicados na Constituição (art. 177) ou em regime de competição com o particular, conforme o determine o interesse público ou razões de segurança (art. 173).
“As demais atividades ou são, originariamente, próprias do Estado ou foram sendo por ele assumidas como suas, para atender às necessidades coletivas; ele as exerce diretamente ou transfere a terceiros o seu exercício, outorgando-lhes determinadas prerrogativas públicas necessárias a este fim.
A atividade que o Estado exerce a título de intervenção na ordem econômica não é assumida pelo Estado como atividade pública; ele a exerce conservando a sua condição de atividade de natureza privada, submetendo-se, por isso mesmo, às normas de direito privado que não forem expressamente derrogadas pela Constituição. Aqui, a Administração Pública sai de sua órbita natural de ação para atuar no âmbito de atuação reservado preferencialmente à iniciativa privada.”
“São as seguintes as características da Administração Pública, em sentido objetivo:
é uma atividade concreta, no sentido de que põe em execução a vontade do Estado contida na lei;
a sua finalidade é a satisfação direta e imediata dos fins do Estado;
o seu regime jurídico é de direito público.”
Assim, em sentido material ou objetivo, a Administração Pública pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos.
A Administração Pública em Sentido Subjetivo
“Considerando agora os sujeitos que exercem a atividade administrativa, a Administração Pública abrange todos os entes aos quais a lei atribui o exercício dessa função.
Predominantemente, a função administrativa é exercida pelos órgãos do Poder Executivo; mas, como o regime constitucional não adota o princípio da separação absoluta de atribuições e sim o da especialização de funções, os demais Poderes do Estado também exercem, além de suas atribuições predominantes – legislativa e jurisdicional – algumas funções tipicamente administrativas. Tais funções são exercidas, em parte, por órgãos administrativos existentes no âmbito dos dois Poderes (as respectivas Secretarias) e, em parte, pelos próprios parlamentares e magistrados; os primeiros, por meio das chamadas leis de efeito concreto, que são leis apenas, em sentido formal, porque emanavam do Legislativo e obedecem ao processo de elaboração das leis, mas são verdadeiros atos administrativos, quanto ao seu conteúdo; os segundos, por meio de atos de natureza disciplinar, atos de provimento de seus cargos, atos relativos à situação funcional dos integrantes do Poder Judiciário.
Assim, compõem a Administração Pública, em sentido subjetivo, todos os órgãos integrantes das pessoas jurídicas políticas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), aos quais a lei confere o exercício de funções administrativas. São os órgãos da Administração Direta do Estado.
Porém, não é só. Às vezes, a lei opta pela execução indireta da atividade administrativa, transferindo-a a pessoas jurídicas com personalidade de direito público ou privado, que compõem a chamada Administração Indireta do Estado.
Desse modo, pode-se definir Administração Pública, em sentido subjetivo, como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado.”
No direito positivo brasileiro, há uma enumeração legal dos entes que compõem a Administração Pública, subjetivamente considerada. Trata-se do artigo 4o do Decreto-lei n° 200, de 25-2-67, o qual, com a redação dada pela Lei no 7.596, de 10-4-87, determina:
“A administração federalcompreende:
– a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios;
– a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades dotadas de personalidade jurídica própria:
autarquia;
empresas pública;
sociedades de economia mista;
fundações públicas.”
“Embora esse decreto-lei seja aplicável, obrigatoriamente, apenas à União, não há dúvida de que contém conceitos, princípios que, com algumas ressalvas feitas pela doutrina, se incorporam aos Estados e Municípios, que admitem aquelas mesmas entidades como integrantes da Administração Indireta”.
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS: NATUREZA E FINS
De acordo com Hely Lopes Meirelles (2005:85) a Natureza da Administração Pública é a de um múnus público para quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade, impondo ao administrador público a obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da Moral administrativa que regem sua atuação. Isto porque tais preceitos é que expressam a vontade do titular dos interesses administrativos - o povo - e condicionam os atos a serem praticados no desempenho do múnus público que lhe é confiado.
Os Fins da Administração Pública resumem-se num único objetivo: o bem comum da coletividade administrativa. Toda atividade deve ser orientada para esse objetivo; sendo que todo ato administrativo que não for praticado no interesse da coletividade será ilícito e imoral.
No desempenho dos encargos administrativos o agente do Poder Público não tem a liberdade de procurar outro objetivo, ou de dar fim diverso do prescrito em lei para a atividade. Descumpri-los ou renunciá-los equivalerá a desconsiderar a incumbência que aceitou ao empossar-se no cargo ou função pública.Em última análise, os fins da Administração consubstanciam-se em defesa do interesse público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas por toda a comunidade administrativa, ou por parte expressiva de seus membros, sendo que o ato ou contrato administrativo realizado sem interesse público configura desvio de finalidade ou desvio de poder.
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
Regimes Público e Privado na Administração Pública
A Administração Publica pode submeter-se ao regime jurídico de direito privado ou a regime jurídico de direito público. Maria Sylvia Di Pietro (2004: 63) nos ensina que “a opção por um regime ou outro é feita, em regra, pela Constituição ou pela lei. Exemplificando: o artigo 173, § 1o, da Constituição determina que a empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica se sujeitem a regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias. Não deixou qualquer opção à Administração Pública e nem mesmo ao legislador; quando este instituir, por lei, uma entidade para desempenhar atividade econômica, terá que submetê-la ao direito privado.
Já o artigo 175 da CF outorga ao Poder Público a incumbência de prestar serviços públicos, podendo fazê-lo diretamente ou sob regime de concessão ou permissão; e o parágrafo único deixa à lei ordinária a tarefa de fixar o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato, de sua prorrogação, bem como as condições de execução, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão. Vale dizer que a Constituição deixou à lei a opção de adotar um regime ou outro.
Isto não quer dizer que a Administração Pública não participe da decisão; ela o faz à medida que, detendo o Poder Executivo grande parcela das decisões políticas, dá início ao processo legislativo que resultará na promulgação da lei contendo a decisão governamental. Normalmente, é na esfera dos órgãos administrativos que são feitos os estudos técnicos e financeiros que precedem o encaminhamento de projeto de lei e respectiva justificativa ao Poder Legislativo.
O que não pode é a Administração Pública, por ato próprio, de natureza administrativa, optar por um regime jurídico não autorizado em lei; isto em decorrência da sua vinculação ao princípio da legalidade.
Não há possibilidade de estabelecer-se, apriorísticamente, todas as hipóteses em que a Administração pode atuar sob regime de direito privado; em geral, a opção é feita pelo próprio legislador, como ocorre com as pessoas jurídicas, contratos e bens de domínio privado do Estado.
O que é importante salientar é que, quando a Administração emprega modelos privatísticos, nunca é integral a sua submissão ao direito privado; às vezes, ela se nivela ao particular; no sentido de que não exerce sobre ele qualquer prerrogativa de Poder Público; mas nunca se priva de determinados privilégios, como o juízo privativo, o processo especial de execução, a impenhorabilidade de seus bens; e sempre se submete a restrições concernentes à competência, finalidade, motivo, forma, procedimento, publicidade. Outras vezes, mesmo utilizando o direito privado, a Administração conserva algumas de suas prerrogativas, que derrogam parcialmente o direito comum, na medida necessária para adequar o meio utilizado ao fim público a cuja consecução se vincula por lei.
Por outras palavras, a norma de direito público sempre impõe desvios ao direito comum, para permitir à Administração Pública, quando dele se utiliza, alcançar os fins que o ordenamento jurídico lhe atribui e, ao mesmo tempo, preservar os direitos dos administrados, criando limitações à atuação do Poder Público”.
Regime jurídico-administrativo
A expressão regime jurídico da Administração Pública é usada para designar, em sentido amplo, os regimes de direito público e privado a que pode submeter-se a Administração Pública. Já a expressão regime jurídico administrativo, que tem como principal criador o prof. Celso Antônio Bandeira de Mello (2005:46) é “reservada tão somente ao conjunto de traços, conotações, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa”.
Na verdade, a Administração Pública consiste em “uma bipolaridade: de um lado, tem como objetivo a proteção aos direitos individuais frente ao Estado, que serve de fundamento ao princípio da legalidade; de outro há a necessidade de satisfação dos interesses coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública, que para limitar o exercício dos direitos individuais ( poder de polícia) quer para prestação dos serviços públicos”. Assim é que com base nessa bipolaridade, o autor supracitado fundamenta o regime jurídico administrativo com dois princípios: supremacia do interesse público (no qual reside o alicerce para suas prerrogativas) e a indisponibilidade do interesse público (que consiste em suas restrições)”.
Assim, ao mesmo tempo que a Administração Pública possui privilégios para tutelar o interesse público pela prevalência do interesse coletivo sobre o individual (supremacia) ela tem a obrigação de prestá-lo (indisponibilidade).
Quanto ao interesse público tutelado, Celso Antônio Bandeira de Mello (2005:57) enuncia que devemos distinguir o interesse público primário do secundário. O primário ou interesse público propriamente dito refere-se ao “plexo dos interesses dos indivíduos enquanto partícipes da sociedade”, ou seja, é o “interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos
pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da Sociedade e pelo simples fato de o serem.” Já o interesse público secundário refere-se ao interesse do Estado enquanto pessoa jurídica, pois tanto quanto as demais pessoas, o Estado pode ter interesses que lhes são particulares. O regime jurídico administrativo sempre tutela o interesse público primário; quanto ao secundário, só será tutelado se coincidente com o interesse público primário.
CAPÍTULO 2 : PRINCÍPIOSBÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CONCEITO DE PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Constituem os fundamentos da ação administrativa, ou, por outras palavras, os sunstentáculos da atividade pública. Sendo o Direito Administrativo não codificado, os princípios representam papel relevante neste ramo do direito.
A Constituição Federal, no caput do art. 37 , com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98, elencou os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência:
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:” ( grifo nosso)
A Lei n. 9784/99, no art. 2º, faz referência aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. A seguir, serão comentados os demais princípios constitucionais e legais supracitados, além de alguns não contemplados no direito positivo, mas que informam o Direito Administrativo.
A Lei 9.784 enuncia:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Vale notar que, na forma do art. 11 da Lei 8.429/92, que trata do enriquecimento ilícito, constitui “ato de improbidade administrativa, que atenta contra os princípios da Administração Pública, qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições”. Essa norma prevê, a título exemplificativo, condutas, comissivas ou omissivas, caracterizadoras da improbidade, que está listada na lei através de três condutas básicas: ações ou omissões que causem enriquecimento ilícito; que causem prejuízo ao erário ou que violem qualquer princípio da Administração Pública. A pena será de suspensão de direitos políticos, perda da função pública, ressarcimento ao erário, indisponibilidade dos bens, sem prejuízo da ação penal cabível.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O Estado só faz aquilo que a lei determinar. O cidadão faz tudo o que a lei não proibir. O agir da Administração Pública necessita estar previsto em lei, vai agir quando, como e da forma que a lei determinar (Art. 5º, II - CF/88). É uma garantia contra abusos de poder. Isto significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. A eficácia de toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autorizar, significando “deve fazer assim”. As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus preceitos não podem ser descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários.
Legalidade Comum = Lei
Legalidade Administrativa = Lei + Interesse Público + Moralidade
Além de atender à legalidade, o ato administrativo público deve conformar-se com a moralidade e finalidade administrativas para dar plena legitimidade à sua atuação. Administração legítima só é aquela que se reveste de legalidade e probidade administrativas, no sentido de que tanto atende às exigências da lei como se conforma com os preceitos da instituição pública.
Cumprir simplesmente a lei na frieza de seu texto não é o mesmo que atendê-la na sua letra e no seu espírito. A administração, por isso, deve ser orientada pelos princípios do direito e da moral, para que ao legal se ajunte ao honesto e o conveniente aos interesses sociais. Desses princípios é que o Direito Público extraiu e sistematizou a teoria da moralidade administrativa, que passaremos a analisar.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE
O que se exige é um comportamento ético, jurídico, adequado. Não basta a simples previsão legal que autorize o agir da administração pública, é necessário que além de legal seja aceitável do ponto de vista ético-moral (Artigo 37, § 4º da CF/88). Nestes casos, trabalham-se com conceitos jurídicos indeterminados que, em muitas situações, tornam difíceis a interpretação e aplicação de sanções.
“O Administrador, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto.”Não se trata – diz Hauriou (1926:127), o sistematizador de tal conceito – da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração.”
O certo é que a moralidade do ato administrativo juntamente com a legalidade e finalidade, além de sua adequação aos demais princípios, constituem pressupostos de validade sem os quais toda atividade pública será ilegítima. Já disse notável jurista luso – Antônio José Brandão – que “ a atividade dos administradores , além de traduzir a vontade de obter o máximo de eficiência administrativa, terá ainda de corresponder à vontade constante de viver honestamente, de não prejudicar outrem e de dar a cada um o que lhe pertence. Assim, tanto infringe a moralidade administrativa o administrador que, para atuar, foi determinado por fins imorais ou desonestos como aquele que desprezou a ordem institucional”.
O inegável é que a moralidade administrativa integra o Direito como elemento indissociável na sua aplicação e na sua finalidade, erigindo-se em fator de legalidade. A jurisprudência já decidiu que: O controle jurisdicional se restringe ao exame da legalidade do ato administrativo; mas por legalidade ou legitimidade se entende não só a conformação do ato com a lei, como também com a moral administrativa e com o interesse coletivo. (TJSP, RDA 89/134).
Com esse julgado pioneiro, a moralidade administrativa ficou consagrada pela Justiça como necessária à validade da conduta do administrador público. “Assim, a moralidade administrativa constitui, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública, sendo que o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto. A moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum.
Ainda, quanto a moralidade cumpre elucidar a Súmula Vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal:
“A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
A contratação de parentes de até terceiro grau em cargos de confiança está proibida nos três poderes, nas esferas federal, estadual e municipal. É o que determina a 13ª Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, aprovada por unanimidade nesta quinta-feira.
Além do nepotismo direto, a súmula também veda o nepotismo cruzado, que ocorre quando dois agentes públicos empregam os familiares um do outro, como troca de favor. Ficam de fora do alcance da súmula os cargos de caráter político, como os de ministro de Estado e de secretárioestadual ou municipal.
Com a publicação da súmula, será possível contestar, no próprio Supremo, por meio de Reclamação, a contratação de parentes para cargos da administração pública direta e indireta.
"O nepotismo contraria o direito subjetivo dos cidadãos ao trato honesto dos bens que a todos pertencem. O argumento falacioso de que a Carta Magna [Constituição Federal] não vetou expressamente a ocupação de cargos de confiança por parentes não merece prosperar", destacou Lewandowski.
Ao julgar o recurso, os ministros reafirmaram que o artigo 37 da Constituição Federal, que determina a observância dos princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública, são auto-aplicáveis.. "Não é necessária lei formal para aplicação do princípio da moralidade", disse o ministro Menezes Direito.
A ministra Cármen Lúcia reforçou que "a definição deste tribunal no sentido de que o artigo 37 tem aplicação imediata e não depende de legislação infraconstitucional. Vale para todo mundo".
Porém, segundo o STF, "haveria a exceção de cargos políticos, nas funções de secretários municipais, de Estado ou ministros do Executivo. Em princípio, o tribunal disse que essa é uma função política que não estaria submetida ao critério", sustentou o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. Por isso, eles ficaram de fora do alcance da súmula.
Ao fazer a ressalva sobre cargos políticos, Gilmar lembrou a parceria entre John F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos na década de 60, e seu irmão, Bob Kennedy. "Irmãos podem estabelecer um plano eventual de cooperação, sem que haja qualquer conotação de nepotismo", exemplificou.
"É possível que em alguns casos concretos, mesmo em cargos políticos, fique evidenciada uma troca de favores ou um nepotismo cruzado, e nesses casos eu entendo que seria possível a atuação do Ministério Público para corrigir essa situação", ressalvou o ministro Lewandowski, relator do caso potiguar.
Assim, de acordo com o próprio Supremo Tribunal Federal, a Sumula Vinculante 13 não se aplica à escolha de Ministros de Estado pelo Presidente, nem à escolha de Secretários Estaduais, Distritais e Municipais pelos Governadores e Prefeitos.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Encontramos três acepções para conceituar o princípio da impessoalidade.
A corrente majoritária, incluindo Hely Lopes Meirelles definem o princípio da impessoalidade como sinônimo do princípio da finalidade, em que impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal; e o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Ainda, como o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pública, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros.
Um exemplo de descumprimento do princípio da impessoalidade ou finalidade pública é o artigo 37 p. 1º da CF/88 que enuncia:
Art. 37 da CF/88:
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
Encontramos uma segunda acepção no qual a impessoalidade é o fundamento para a responsabilidade objetiva do Estado, ou seja, o agir da Administração Pública não se confunde com a pessoa física de seu agente, até porque este age com base na lei, sendo esta genérica e abstrata. Significa ainda que o agir da administração pública não pode prejudicar ou beneficiar o cidadão individualmente considerado. Se um agente público lesar o administrado, independentemente de sua culpa ou dolo,
Estado deve ressarci-lo. Somente se perder a ação e indenizar à vítima é que poderá cobrar o valor do Agente Público em ação regressiva, neste caso, se o mesmo tiver agido com dolo ou culpa. Nesse sentido, José Afonso da Silva enuncia que “os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa da Administração Pública, de sorte que ele é o autor institucional do ato”.
Na terceira acepção, elencada por Celso Antônio Bandeira de Mello, a impessoalidade se confunde com a isonomia, no qual fica vedada a prática de ato administrativo sem interesse público ou conveniência para a Administração, visando unicamente a satisfazer interesses privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes governamentais, sob forma de desvio de finalidade, configurando senão o próprio princípio da isonomia.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
É a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e início de seus efeitos externos. A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade, quando a lei ou regulamento exige.
O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através dos meios constitucionais - mandado de segurança (art. 5º, LXIX), direito de petição (art. 5º, XXXIV, “a”), ação popular (art. 5º, LXXIII), habeas data (art. 5º, LXXII), suspensão dos direitos políticos por improbidade administrativa (art. 37, § 4º) - e para tanto a mesma Constituição impõe o fornecimento de certidões de atos da Administração, requeridas por qualquer pessoa, para defesa de direitos ou esclarecimentos de situações (art. 5º, XXXIV, b), os quais devem ser indicados no requerimento.
Em princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, porque pública é a Administração que o realiza, só se admitindo sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior da Administração a ser preservado em processo previamente declarado sigiloso (art. 5º, LX da CF/88).
Os atos e contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à publicidade necessária não só deixam de produzir seus regulares efeitos como se expõe a invalidação por falta desse requisito de eficácia e moralidade. De acordo com Hely
Lopes (2005:95) “a publicidade, como princípio da administração pública abrange toda atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. Essa publicidade atinge assim, os atos concluídos e em formação, os processos em andamento, os pareceres dos órgãos técnicos e jurídicos, os despachos intermediários e finais, as atas de julgamentos das licitações e os contratos com quaisquer interessados, bem como os comprovantes de despesas e as prestações de contas submetidas aos órgãos competentes. Tudo isto é papel ou documento público que pode ser examinado na repartição por qualquer interessado, e dele pode obter certidão ou fotocópia autenticada para os fins constitucionais.”
Segundo José Santos Carvalho Filho ( 2014:26) “ o princípio da publicidade pode ser concretizado por alguns instrumentos jurídicos específicos, citando-se entre eles:
Direito de petição, pelo qual os indivíduos, podem dirigir-se aos órgãos administrativos para formular qualquer tipo de postulação ( art. 5º, XXXIV, “a” CR/88);
As certidões, que, expedidas por tais órgãos, registram a verdade de fatos administrativos cuja publicidade permite aos administrados a defesa de seus direitos ou o esclarecimento de certas situações ( art. 5º, XXXIV, “b”, CR/88);
Direito de acesso à informação (art. 37, p.3º, II da CR/88) por meio do qual se deve viabilizar o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, desde que respeitados o direito à intimidade e à vida privada ( art. 5º, X, CF/88) e as situações legais de sigilo ( art. 5º, XXXIII, CR/88).”
Tais Direitos Constitucionais foram regulamentados pela Lei 12.527 de 18.11.2011 que dispõe sobre o direitoà informação sobre assuntos públicos, quer pelo cidadão, quer por alguém pessoalmente interessado.
O objeto é o direito de acesso à informação e direito de acesso a registros e informações nos órgãos públicos. Aplicação:
Administração Direta
Administração Indireta
Entidades sobre controle direito ou indireto dos entes federativos
Entidades Privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos do orçamento, diretamente ou mediante contratos de gestão, termos de parceria, convênios, subvenções sociais e outros benefícios similares.
Ainda, segundo Carvalho Filho ( 2014:27), a Lei 12.527 de 18.11.2011 regulamenta duas formas de publicidade:
Transparência ativa: a Administração deve divulgar suas informações ex officio, inclusive por referência nos respectivos sites;
Transparência passiva: o interessado formula sua postulação ao órgão que detém sua informação.
Existem restrições de acesso à informação, cabíveis quando a divulgação puser em risco a segurança da sociedade ou do Estado. As informações podem ser ultrassecretas, secretas e reservadas, vigorando as restrições por vinte e cinco; quinze e cinco anos, a partir da produção do dado a ser informado.
O Código de Ética do Servidor estabelece, neste sentido que:
VII – Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem negar.
Quanto aos encargos, a Constituição garantiu o acesso à informação independentemente do pagamento de taxas, admitindo-se a cobrança ressarcitória, ou seja, a cobrança ao efetivo gasto com o material empregado.
Legitimidade ou não da divulgação dos vencimentos brutos mensais dos servidores
Desacordo nas instâncias inferiores, no STF ficou decidido que a publicidade de tais valores é constitucional, podendo figurar apenas nome e matrícula funcional do servidor, ressalvando-se divulgação de outros dados pessoais, como CPF, RG e endereço residencial.
José Santos Carvalho Filho (2014:29) salienta que será inconstitucional a publicidade de parcelas de cunho estritamente pessoal, como pensão alimentícia, plano médico, prestação imobiliária, etc.
Acerca do assunto, vide decisão do Supremo Tribunal Federal:
LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
Ministro arquiva ação contra divulgação nominal de salários de servidores
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento (arquivou) à Ação Originária (AO) 1823, que trata da publicidade de informações sobre a remuneração de servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG). Na origem, trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato do presidente do TJ mineiro que, com base na Resolução 151/2012, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), determinou a divulgação do nome completo dos servidores e da correspondente remuneração no link “Transparência/Pessoal” do portal do TJ-MG.
Naquela corte, os servidores que impetraram o MS alegavam que a portaria, de agosto de 2012, “vem lhes causando, mês a mês, o deletério acesso e a divulgação dos salários ao público com a citação nominal dos nomes dos impetrantes, malferindo o direito líquido e certo de terem respeitados o direito à intimidade e à privacidade”. Afirmavam estar acordo com a cultura da transparência, implementada pela Lei de Acesso à Informação [Lei 12.527/2011], e com a divulgação da estrutura e composição dos salários dos servidores públicos, "desde que seja levada a efeito sem a citação nominal e individualização pessoal ”. Sustentaram, ainda, que a Resolução do CNJ não poderia "inovar a ordem jurídica" nem "ampliar e definir o dever jurídico de publicação dos salários de forma nominal e individualizada”.
Em setembro de 2012, o relator do caso no TJ-MG concedeu liminar para suspender a divulgação dos nomes dos servidores, substituindo-os pelos quatro últimos algarismos e dígito verificador de suas respectivas matrículas. Contudo, ao apreciar agravo contra a decisão monocrática, a corte mineira afastou a liminar.
A União requereu ingresso na causa e os autos foram remetidos ao STF, tendo em vista que o caso envolve a aplicação de resolução do CNJ, conforme previsto no artigo 102, inciso I, alínea ‘r’, da Constituição Federal.
Transparência
Segundo o ministro Luiz Fux, a matéria não é nova no Supremo, que já decidiu "em sentido diametralmente oposto" no agravo regimental na Suspensão de Segurança (SS) 3902. Na ocasião, o STF entendeu que o cidadão que decide ingressar no serviço público adere ao regime jurídico próprio da Administração Púbica, que prevê a publicidade de todas as informações de interesse da coletividade, dentre elas a remuneração dos seus servidores. “Desse modo, não há falar em violação ao direito líquido e certo do servidor de ter asseguradas a intimidade e a privacidade”, salientou.
De acordo com o ministro Fux, o relator da Suspensão de Segurança, ministro Ayres Britto (aposentado), assentou que o cargo e função titularizados pelo servidor público e sua remuneração são informações de interesse geral, tendo em vista se tratar de agente público. Destacou, também, que essas informações não estão abrangidas pela ressalva prevista na parte final do inciso XXXIII do artigo 5º da Constituição Federal, uma vez que seu sigilo não é imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Dessa forma, o ministro Fux entendeu que a resolução não extrapolou o poder regulamentar conferido ao CNJ, mas apenas disciplinou a forma de divulgação de informação que interessa à coletividade. “A resolução foi editada exatamente com a finalidade de dar concretude aos princípios da transparência e da publicidade que norteiam a atuação do Poder Púbico e considerando a necessidade de regulamentar a aplicação da Lei 12.527/2011 relativamente ao Poder Judiciário”, considerou.
A publicação que produz efeitos jurídicos é a do órgão oficial da Administração, e não a divulgação pela imprensa particular, pela televisão ou pelo rádio, ainda que em horário oficial. Por órgão oficial entendem-se não só o Diário Oficial das entidades públicas como, também, os jornais contratados para essas publicações oficiais. Vale ainda como publicação oficial a afixação dos atos e leis municipais na sede da Prefeitura ou da Câmara, onde não houver órgão oficial, em conformidade com o disposto na Lei Orgânica do Município.
Acerca de nomeação em concurso público, o STJ de forma contrária a jurisprudência já pacificada sobre o assunto de que a publicação em diário oficial seria suficiente para ciência do candidato, proferiu a seguinte decisão:
Sexta Turma CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO TARDIA.
A Administração, diante do longo lapso temporal (três anos) decorrido entre a homologação do concurso e a nomeação do candidato ora recorrente, em respeito aos princípios constitucionais da publicidade e da razoabilidade, deveria ter comunicado pessoalmente a ele sua nomeação, para que pudesse exercer seu direito à posse, se assim fosse de seu interesse, apesar de não haver qualquer previsão no edital do certame quanto a isso. O princípio constitucional da publicidade (art. 37 da CF/1988) impõe o dever de a Administração conferir a seus atos a mais ampla divulgação possível,principalmente quando eles atingirem individualmente o administrado. Assim, não se afigura razoável exigir do candidato aprovado a leitura do Diário Oficial durante o prazo de validade do certame (quatro anos) no intuito deverificar a efetivação de sua nomeação. Esse entendimento da Min. Relatora foi integralmente acolhido pela Turma, mas o Min. Og Fernandes adicionou a ele o de que só a publicação do resultado do certameno DO não cumpre o princípio da finalidade do ato administrativo ao qual está,
também, sujeita a Administração. Por isso tudo, anulou-se o ato administrativo que tornou sem efeito a nomeação dorecorrente e se determinoua efetivação de nova nomeação, com a devida intimação pessoal desse candidato. Precedentes citados: RMS 24.716-BA, DJe 22/9/2008, e RMS 22.508-BA, DJe 2/6/2008. RMS 21.554-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/5/2010.
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Tal princípio foi acrescentado à Constituição Federal de 1988 através da Emenda Constitucional (EC) n.º 19 e estabelece que toda a ação administrativa deve estar orientada para a concretização material e efetiva da finalidade posta pela lei, segundo os cânones do regime jurídico-administrativo. Consoante Adílson de Abreu Dallari “o Poder Público somente cuida daquilo que é essencial e fundamental para a coletividade, e portanto, deve ser bom, produtivo, eficaz, eficiente”. Como lembra Alexandre de Morais, o administrado “poderá exigir da Administração Pública o cumprimento de suas obrigações da forma mais eficiente possível”. Há respeito à eficiência quando a ação administrativa atinge materialmente os seus fins lícitos e, por vias lícitas. Também, quando o administrado se sente amparado e satisfeito na resolução dos problemas que ininterruptamente leva à Administração.
Assim, a eficiência constitui um princípio jurídico da administração pública, que, junto aos demais princípios constitucionais do regime jurídico-administrativo, impõe o dever da boa administração. Não se pode conceber uma Administração Pública que não tenha a obrigação de ser diligente e criteriosa na busca e efetivação do interesse público consagrado em lei.
A redação original da Constituição Federal enunciava somente os princípios da legalidade, moralidade, publicidade e impessoalidade, baseando-se no modelo da Administração Pública Burocrática. Ao inserir o princípio da eficiência, através da EC 19/98, implantou-se no Brasil a Administração Pública Gerencial, no qual há a preocupação com a melhor celeridade e qualidade dos serviços públicos prestados à coletividade.
Com a EC 45/2004, a eficiência passou a ser um direito com sede constitucional, referente à função típica do Poder Juciário, pois no art. 5º, LXXVIII assegura a “todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” Ainda, a mesma EC 45, ao tratar da promoção, merecimento, do Juiz e do Ministério Público, determina ao órgão competente que afira a presteza no exercício da função e que não promova aquele que “retiver os autos em seu poder além do prazo legal.”( art. 93, II, c, e; art. 129, § 4º da CF). A eficiência passa a ser assim elemento objetivo de aferição de merecimento e impeditivo da promoção.
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS OU RECONHECIDOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
O interesse público prevalece sobre o interesse individual respeitadas as garantias constitucionais e pagas as indenizações devidas, quando for o caso. De acordo com Maria Sylvia Di Pietro, este princípio, também chamado de princípio da finalidade pública, está presente tanto no momento da elaboração da lei como no momento da sua execução pelo caso concreto pela Administração Pública, sendo que inspira o legislador e vincula a autoridade administrativa em toda a sua atuação.
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE
Este princípio enuncia a presunção da verdade, que diz respeito à certeza dos fatos; e a presunção da legalidade, pois, se a Administração Pública se submete à lei, presume-se, até prova em contrário, que todos os seus atos sejam verdadeiros e praticados com observância das normas legais pertinentes. Trata-se de presunção relativa, no qual se admite prova em contrário. Em razão disso, transfere-se para o cidadão o ônus da prova da desconstituição desta presunção . Assim, o Ato Administrativo ingressa no mundo jurídico em condições de imediatamente produzir efeitos, não havendo necessidade de interferência dos demais poderes.
AUTOTUTELA
A administração pode corrigir seus atos, a fim de verificar sua conformidade com a lei. Constatando-se ilegalidade, o ato é declarado nulo e determina-se seu refazimento; quando ele for inoportuno ou inconveniente ele é revogado, respeitados os direitos adquiridos e indenizados os prejudicados, se for o caso.
Tal princípio está consubstanciado no enunciado do STF: Súmula 473: “A administração Pública pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO
Os serviços públicos não podem parar, devendo manter-se sempre em funcionamento, dentro das formas e períodos próprios da prestação. Assim, não deveria haver greve sem limites no serviço público devendo ser mantido o funcionamento mínimo das necessidades da população. Mas o assunto ainda aguarda regulamentação por lei, como manda o art. 37, VII da CF. Para o militar, há proibição expressa de greve.
Em decorrência da aplicação deste princípio, o particular contratado para executar serviço público não pode alegar a exceção do contrato não cumprido. Contudo, o art. 78 XV da Lei de Licitações e Contratos, permite a suspensão dos serviços no caso de atraso de pagamento por mais de 90 dias, salvo se houver calamidade pública, perturbação na ordem ou guerra.
ISONOMIA OU DA IGUALDADE
Não se trata pura e simplesmente de tratamento jurídico isonômico. “O princípio da igualdade consiste em tratar desigualmente os desiguais e igualmente os iguais” (Aristóteles). O que não se tolera é o favorecimento, o protecionismo. A distinção no tratamento deve possuir fundamento ético-jurídico. Assim, dentro das mesmas condições, todos devem ser tratados de modo igual ( art. 5º da CF).
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
Limita a discricionariedade administrativa, na medida em que a atividade administrativa deve guardar uma proporção adequada entre os meios que se emprega e o fim que a lei quer alcançar: não devem ser impostas aos administrados obrigações, sanções ou restrições em medida superior àquela estritamente necessária ao atendimento do interesse público, devendo-se adequar razoavelmente os meios aos fins. Assim, exige-se do agente da Administração Pública um agir com adequação e proporcionalidade, sem abusos, sem excessos.
INDISPONIBILIDADE OU PODER-DEVER
A administração não pode transigir, ou deixar de aplicar a lei, senão nos casos expressamente permitidos. Nem dispor de bens, verbas ou interesses fora dos estritos limites legais. Assim, os poderes atribuídos ao administrador público têm a natureza de poder-dever, ele não pode deixar de exercê-los, sob pena de configurar a omissão.
MOTIVAÇÃO
Os atos administrativos devem ser justificados expressamente, com a indicação de seus fundamentos de fato e de direito. Pela motivação, o administrador público justifica sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos de fato) que ensejam o ato e os preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que autorizam sua prática. Em certos atos administrativos oriundos do poder discricionário, a justificação será dispensável, bastando apenas evidenciar a competência para o exercício desse poder e a conformação do ato com o interesse público,que é pressuposto de toda atividade administrativa. Em outros atos administrativos, porém, que afetam o interesse individual do administrado, a motivação é obrigatória, para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. A motivação é ainda obrigatória para assegurar a garantia da ampla defesa e do contraditório prevista no art. 5o, LV da CF de 1988. Assim, sempre que for indispensável para o exercício da ampla defesa
e do contraditório, a motivação será constitucionalmente obrigatória.
A motivação deve, portanto, apontar a causa e os elementos determinantes da prática do ato administrativo, bem como o dispositivo legal em que se funda.
Em conclusão, com a Constituição Federal de 1988 consagrando o princípio da moralidade eampliando o do acesso ao Judiciário, a regra geral é a obrigatoriedade da motivação, tanto para atos vinculados, quanto para atos discricionários, para que a atuação ética do administrador fique demonstrada pela exposição de motivos do ato e para garantir o próprio acesso ao Judiciário, salvo quanto a lei expressamente dispensar a motivação.
ESPECIALIDADE
Aplica-se mais às autarquias. Não podem elas ter outras funções além daquelas para as quais foram criadas, salvo alteração legal posterior. Porém, conforme nos ensina Maria Sylvia Di Pietro, embora esse princípio se refira mais às autarquias, não há razão para negar a sua aplicação quanto às demais pessoas jurídicas, instituídas por lei, para integrarem a Administração Indireta, pois sendo instituídas por lei, não podem desviar-se dos objetivos legalmente definidos.
PRINCÍPIO DO CONTROLE OU TUTELA
Para assegurar que as entidades da Administração Indireta observem o princípio da especialidade, elaborou-se outro princípio: o do controle ou tutela, no qual a Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos seus entes e órgãos, com o objetivo de garantir suas finalidades institucionais.
HIERARQUIA
Em consonância com o princípio da hierarquia, os órgãos da Administração Pública são estruturados de tal forma que se cria uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros, cada qual com atribuições previstas em lei. Desse princípio decorre uma série de prerrogativas para a Administração: a de rever os atos dos subordinados, a de delegar e avocar atribuições, a de punir; para o subordinado surge o dever de obediência.
SEGURANÇA JURÍDICA
Tal princípio foi acrescentado pelo artigo 2º, caput, da Lei nº 9784/99. O objetivo foi o de vedar a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública. Essa idéia ficou expressa no parágrafo único, inciso XIII, do artigo 2º, quando impõe, entre os critérios a serem observados, “interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.” O princípio se justifica pelo fato de ser comum, na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas normas legais, com a conseqüente mudança de orientação, em caráter normativo, afetando situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior, gerando insegurança jurídica. Assim, se a lei deve respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, por respeito ao princípio da segurança jurídica, não é admissível que os administrados tenham seus direitos ameaçados pelas interpretações jurídicas variáveis no tempo.
AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO
Assegura o cumprimento do art. 5o, LV da CF que assegura aos litigantes e acusados em geral, o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
CAPÍTULO 3: PODERES ADMINISTRATIVOS
PODER DE POLÍCIA
Poder de polícia é a limitação ao exercício dos direitos individuas face à proteção do interesse coletivo.
Policia Administrativa – Prevenção e normatização – restrição de interesses individuais em prol do interesse publico, (discricionariedade e autoexecutoriedede). 
Assim, é que a polícia administrativa tem por objetivo todo bem, direito ou atividade individual que possa afetar ou por em risco a coletividade, exigindo por isso, controle, regulamentação e contenção pelo Poder Público
Policia Judiciária – Repressão de Infrações - Compreende a de manutenção da ordem pública e a polícia judiciária (em sentido estrito) , sendo conceituada como “do ramo da polícia administrativa que tem por objetivo a execução de leis e regulamentos que disciplinam imediatamente a liberdade individual e coletiva.
O princípio da proporcionalidade é o mais importante limite ao poder de polícia.
Atributos:
São a discricionaridade, a auto-executoriedade e a coercibilidade:
Discricionaridade: traduz-se na livre escolha, pela Administração, da oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia. Em regra, o Poder de Polícia é discricionário, mas ele pode-se manifestar ora por atos vinculados (como uma licença) ora por atos discricionários (como uma autorização).
Auto-executoriedade: é a faculdade da Administração decidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem intervenção do Judiciário, constituindo outro atributo do poder de polícia. 
Coercibilidade: constitui a imposição coativa das medidas adotadas pela Administração, sendo que todo ato de polícia é imperativo, admitindo até o emprego da força pública para seu cumprimento, quando resistido pelo administrado. 
Exigibilidade: é a qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de terceiros o cumprimento, a observância das obrigações que impôs. Não se confunde com a executoriedade, pois há atos dotados de exigibilidade mas que não possuem executoriedade (execução de multas).
 Pela exigibilidade, a administração exige o cumprimento do ato por meios indiretos. Por exemplo, para receber um imposto, a Administração não pode compelir o administrado por meios diretos, mas pode exigir que o mesmo esteja quite com os impostos para expedir alvará de construção. “Assim a executoriedade é um plus em relação à exigibilidade, de tal modo que nem todos os atos exigíveis são auto-executórios”.
Meios de Atuação:
O Poder de Polícia (tanto a administrativa quanto a de segurança) atua de maneira preventiva e repressiva. Pode ainda se manifestar por atos normativos (gerais, abstratos) ou por atos concretos.
Na preventiva, ela age normalmente através de ordens e proibições por meio de normas limitadoras e sancionadoras da conduta daqueles que se utilizam de bens ou exercem atividades que possam afetar a coletividade. 
Na repressiva, a Administração atuará em regra através de atos concretos.
Sanções: 
São impostas pela própria Administração em procedimentos administrativos compatíveis com as exigências do interesse público. O que se requer é a legalidade da sanção e a sua proporcionalidade à infração cometida ou ao dano que a atividade causa à coletividade ou ao próprio Estado.
Condições de validade:
São as mesmas do ato administrativo comum, ou seja, a competência, a finalidade e a forma, acrescidas da proporcionalidade da sanção e da legalidade dos meios empregados pela Administração. 
Poder de Polícia Originário e Delegado
 O originário é exercido pelas pessoas políticas do Estado ( União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e o delegado ( outorgado) é aquele executado pela Administração Indireta.
A lei 9.873/99 enuncia que as ações punitivas decorrentes do exercício do poder de polícia prescrevem em cinco anos a partir da prática do ato ou , no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. 
PODER HIERÁRQUICO
Hierarquia entre superiores e subordinados 
Hierarquia entre orgãos e entidades.
O poder hierárquico tem por objetivo ordenar; coordenar; controlar e corrigir as atividades administrativas, no âmbito interno da Administração.
Do poder hierárquico decorrem faculdades implícitas para o superior, tais como a de dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento; a de delegar e avocar atribuições e a de rever os atos dos inferiores.
Quanto à delegação e avocação de competência, cumpre enunciar os artigos 11 ao 17 da Lei 9.784/99 que regulamenta o processo administrativo federal:
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo;
- a decisão de recursos administrativos;
- as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente

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