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1 MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO E TRANSPORTES PROFESSOR: LUÍS DO ROSÁRIO COSTA SÃO LUÍS – 2012 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR - DESU DEPARTAMENTO DE MECÂNICA E MATERIAIS - DMM 2 INDICE 1. INTRODUÇÃO – BASES PRINCIPAIS DO ESTUDO 1.1. Normas Técnicas e Critérios de Cálculo 1.2. Projeto de Máquinas – Desenho Técnico 1.3. Seleção e Especificação de Componentes 1.4. Classificação das Principais Máquinas de Elevação e Transporte 2. VEÍCULOS DE TRANSPORTE 2.1. Determinação da Potência de Translação 2.1.1. Cálculo da Resistência ao Movimento 2.1.2. Seleção da Motorização e Freio 2.1.3. Exemplo de Cálculo 2.2. Dimensionamento da Estrutura 2.2.1. Definição da Geometria do Veículo 2.2.2. Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis 2.2.3. Exemplo de Cálculo 2.3. Projeto do Sistema de Acionamento 2.3.1. Definição do Arranjo do Sistema de Acionamento 2.3.2. Cálculo da Redução 2.3.3. Cálculo dos Elementos da Transmissão. 2.3.4. Exemplo de Cálculo. 3. MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO 3.1. Meios de Elevação 3.1.1. Elementos de Máquina para Transmissão por Cabos de Aço. 3.1.2. Dispositivos destinados ao Manuseio de Carga. 3.1.3. Guinchos. 3.1.4. Determinação da Potência do Motor do Sistema de Levantamento. 3.1.5. Seleção e Dimensionamento dos Componentes Mecâncios da Elevação. 3.1.6. Exemplo de Cálculo. 3.2. Mecanismos de Translação 3.2.1. Potência do Motor de Translação. 3.2.2. Arranjo do Mecanismo de Translação. 3.2.3. Dimensionamento de Rodas e Trilhos. 3 3.2.4. Exemplo de Cálculo. 3.3. Estrutura Metálica das Máquinas de Levantamento 3.3.1. Considerações Gerais para Estrutura de Pontes Rolantes. 3.3.2. Cargas e Forças. 3.3.3. Considerações Básicas para as Tensões Admissíveis. 3.3.4. Estrutura da Ponte e do Carro. 3.3.5. Exemplo de Dimensionamento da Viga Principal da Ponte Rolante. 4. TRANSPORTADORES CONTÍNUOS 4.1. Transportadores de Correia. 4.1.1. Informações Iniciais. 4.1.2. Características Básicas da Correia e dos Roletes. 4.1.3. Cálculo da Potência de Acionamento. 4.1.4. Cálculo das Tensões na Correia. 4.1.5. Especificação da Correia. 4.1.6. Cálculo e Dimensionamento dos Tambores. 4.1.7. Esticador do Transportador. 4.1.8. Especificação do Conjunto de Acionamento. 4.1.9. Especificação dos Freios e Contra Recuo. 4.1.10. Projeto da Estrutura do Transportador. 4.2. Outros Transportadores Contínuos. 4.3. Exemplo de Dimensionamento de um Transportador. 5. PLANO DE RIGGING 4 PREFÁCIO A disciplina de Máquinas de Elevação e Transportes esta presente no programa de graduação das escolas de Engenharia Mecânica, ainda hoje esta disciplina faz parte da maioria destes cursos. A necessidade de movimentação de cargas nos diversos ambientes de mineração, industrial, portuário e de comércio aumenta proporcionalmente ao crescimento econômico exigindo equipamentos específicos que necessitam uma grande aplicação dos conhecimentos de engenharia. Os equipamentos de movimentação de carga existentes nas empresas modernas apresentam uma grande diversidade de formas construtivas devido à variedade de suas aplicações. Esta condição torna praticamente impossível a abordagem de todos os tipos de equipamentos dentro das aulas disponíveis para o curso. Os temas de estudo selecionados têm como objetivo a aplicação dos conceitos de engenharia mecânica na construção dos equipamentos que estão mais presentes nas empresas modernas. Os conceitos utilizados nestes equipamentos poderão auxiliar no estudo de outras aplicações mais específicas. A crescente necessidade de aumento de produtividade das empresas vem exigindo a implementação de processos automatizados que incorporam alta tecnologia no projeto dos equipamentos. As máquinas de movimentação de carga representam um dos tipos de equipamentos que sofreram a maior necessidade de modernização. Esta fora do escopo deste curso o estudo dos sistemas de acionamentos elétricos e equipamentos eletrônicos de controle e automação das máquinas de elevação e transporte. A disciplina de Máquinas de Elevação e Transporte do IFMA-MA será desenvolvida através do estudo de três equipamentos de movimentação de carga. Neste estudo serão utilizados os métodos de dimensionamento e projeto de componentes apresentados nas disciplinas básicas do curso de engenharia, associados à utilização das normas e critérios de cálculos especificados pelas principais normas de máquinas de elevação e transportes. Durante o desenvolvimento dos exemplos poderá ser observada a necessidade do domínio dos principais conceitos de resistência dos materiais, desenho técnico, elementos de máquinas, vibrações mecânicas, tecnologia de soldagem e de outras disciplinas para obter os melhores resultados na especificação, projeto e construção dos equipamentos de manuseio de cargas. 5 1. INTRODUÇÃO – BASES PRINCIPAIS DO ESTUDO 1.1 - Normas Técnicas e Critérios de Cálculo Para garantir o desempenho dos equipamentos de transporte e elevação o seu dimensionamento, projeto e fabricação devem seguir normas e critérios de cálculo que estabeleçam as condições necessárias, com base inclusive na experiência de equipamentos existentes. Atualmente existem diversas entidades que já desenvolveram normas, manuais e critérios aplicados às máquinas de elevação e transporte. Uma das primeiras etapas no desenvolvimento ou especificação de um equipamento para estas aplicações consiste nesta definição. A escolha da norma ou critério pode influenciar em todas as características do equipamento, principalmente no que diz respeito à segurança, custos do investimento, desempenho e custos de manutenção. Durante o desenvolvimento do curso serão apresentadas as principais literaturas disponíveis para cada assunto em estudo. 1.2 - Projeto de Máquinas – Desenho Técnico A definição da geometria do equipamento consiste em outra etapa fundamental para garantir que sejam alcançados os objetivos requeridos. Inicialmente devem ser identificadas todas as especificações básicas para cada tipo de equipamento. Considerando os requisitos de dimensionamento o equipamento deve ser projetado de tal forma a atender todas as condições referentes äs suas especificações com dimensões compatíveis ao local de instalação. Além disso, devem ser atendidos outros requisitos como: segurança, custos de fabricação, meio ambiente, ergonomia, facilidades e custo de manutenção. Nesta etapa a criatividade dos responsáveis pelo desenvolvimento da máquina é o fator fundamental, sendo necessário o conhecimento do desenho técnico e das técnicas de projeto de máquinas Atualmente a utilização do computador tornou-se uma importante ferramenta para o desenvolvimento destas máquinas, facilitando a análise de interferências inclusive em três dimensões. 6 1.3 - Seleção e Especificação de Componentes Durante o desenvolvimento de um equipamento é necessária a utilização de componentes disponíveis no mercado. O grau de utilização destes componentes pode variar desde a seleção e especificação de elementos de máquina, como por exemplo: parafusos, rolamentos ou acoplamentos; até a especificação de um equipamento completo, disponível no mercado, que atenda todos os requisitos especificados. Atualmente a pesquisa na internet consiste em uma importante ferramenta para conhecer os principaisfornecedores, sendo inclusive em muitos casos disponíveis catálogos eletrônicos dos componentes. Durante o curso e o desenvolvimento do projeto serão apresentados os principais fornecedores de equipamentos para a movimentação de carga. Nesta etapa é importante observar que o fornecedor também deve atender as normas e critérios de cálculo que garantam o desempenho do equipamento. Portanto, é importante analisar nos dados técnicos dos catálogos os procedimentos utilizados no projeto dos componentes selecionados. 1.4 - Classificação das Principais Máquinas de Elevação e Transporte O crescente desenvolvimento das atividades de mineração, indústria e do intercâmbio comercial tornam necessários o desenvolvimento de inúmeros equipamentos destinados à movimentação de cargas. Considerando a diversidade das aplicações existentes nas atividades modernas, estes equipamentos receberam diversas classificações. Estas classificações têm como objetivo principal facilitar a especificação destes equipamentos, sendo que o seu conhecimento detalhado será abordado em cada item específico deste curso. Os equipamentos a serem estudados nesta disciplina englobam os meios de movimentação de carga utilizados dentro do ambiente industrial, áreas de mineração, armazéns, depósitos e locais restritos de uma maneira geral. A seguir é apresentada uma classificação geral das principais Máquinas de Elevação e Transporte que possuem grande aplicação na atualidade: I. Veículos de Transporte A) Veículos para transporte manual (carrinhos, carros) B) Veículos motorizados (carro, trator, empilhadeira). Elétricos, diesel ou gás. 7 II. Meios de Elevação A) Talhas - Polias - Talhas helicoidais - Talhas de engrenagem frontal - Talhas elétricas - Carros de ponte para talhas B) Guinchos - Guinchos de cremalheira - Macaco de rosca - Macaco hidráulico - Guinchos manuais - Guincho móvel manual - Guinchos acionados por motor elétrico C) Guindastes - Guindastes de ponte (pontes rolantes) - Guindastes móveis de paredes - Guindastes de cavaletes (pórticos e semi-pórticos) - Pontes de embarque - Guindaste de cabo III. Transportadores Contínuos A) Correias Transportadoras. B) Transportadores Articulados: Esteira Articulada, Transportador de Canecas, Transportador Circular, Transportador Raspador e Transportador de Correntes. C) Hélices Transportadoras. D) Transportadores Oscilantes. E) Mesas de Rolos F) Instalações Pneumáticas e Hidráulicas de Transporte. 8 2. VEÍCULOS DE TRANSPORTE O acionamento dos veículos de transporte pode ser manual ou motorizado. A superfície de translação pode ser feita com ou sem trilhos. Os veículos manuais são utilizados para pequenas distâncias de deslocamento, normalmente em trajetos de até 50 m. A capacidade de carga normalmente não ultrapassa uma tonelada. Os veículos manuais são utilzados para transporte em horários e percursos irregulares, apresentando grande flexibilidade de uso. O projeto e construção destes veículos é relativamente simples, sendo os principais tipos normalizados pela DIN (ver detalhes no Dubbel, Manual do Engenheiro Mecânico). Os veículos motorizados apresentam uma vasta aplicação no ambiente industrial. O acionamento pode ser: gasolina, diesel, elétrico/bateria, elétrico/rede, ar comprimido e gás. As características construtivas apresentam grande diversidade em função da aplicação e capacidade requerida. Os principais tipos de veículos são: carros de transferência, tratores e empilhadeiras. A utilização destes veículos pode incluir o uso de dispositivos especiais para a acomodação da carga, como por exemplo: paletes, contêineres ou caixas. A seguir serão apresentadas as principais considerações para o projeto de um veículo, sendo apresentado o exemplo de cálculo para este veículo motorizado sobre trilhos conforme os tópicos apresentados. (1) Aplicação: Carro de Transferência para Panela de Aço Líquido (2) Capacidade de Carga Carga Máxima de 200 Toneladas Peso do Aço Líquido de 130 Toneladas Peso da Panela de 70 Toneladas (3) Peso do Carro Aproximadamente 60 Toneladas (4) Velocidade de Translação 40 m/min (5) Alimentação Corrente Alternada, 440 Volts, 60 Hz Tabela 1: Especificações do Veículo 9 2.1. Determinação da Potência de Translação 2.1.1. Cálculo da Resistência ao Movimento A resistência ao movimento em marcha se compõe de resistência ao rolamento Fr , resistência à inclinação Fi e para os veículos motorizados deve ser considerada a resistência à aceleração Fa. a) Resistência ao Rolamento (Fr): O valor de R representa a resistência ao movimento em um trecho horizontal e pode variar em função das características da roda do veículo e da superfície de translação. O valor de R pode ser calculado teoricamente em função das características de projeto de cada equipamento. A tabela a seguir apresenta os valores de R para as principais aplicações, conhecidos através de dados práticos e ensaios. - Roda Maciça de Borracha com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,012 a 0,014 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,014 a 0,016 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Paralelepípedo R = 0,020 a 0,025 - Roda de Aço com Mancal de Rolamento sobre Trilho R ≈ 0,006 - Roda de Aço com Mancal de Deslizamento sobre Trilho R ≈ 0,020 Tabela 2: Valores de R – Resistência ao Movimento No caso de rodas de aço sobre trilhos os cálculos detalhados podem ser obtidos nas referências (Dubbel e Ernst Vol. I). b) Resistência à Inclinação (Fi): Neste caso devem ser consideradas as forças devido a influência da aceleração da gravidade no plano inclinado. c) Resistência à Aceleração (Fa): Este valor é dividido em duas partes: massas de translação (Fat) e massas de rotação (Far). 2.1.2. Seleção da Motorização e Freio O cálculo da potência do motor é efetuado considerando as condições de resistência ao movimento. 10 a) Potência do Motor para Velocidade Constante e Trecho Horizontal (Ph): Deve ser calculado na expressão a seguir: (W) η VF P r h Onde: Fr = Ft x R (Ft corresponde ao peso total sobre as rodas de apoio) – (Newtons) V = Velocidade de Translação do Veículo – (metros/segundo) η = Rendimento da Transmissão Mecânica – (admensional) b) Potência do Motor para Velocidade Constante com Inclinação (Pi): Neste caso devem ser consideradas as forças conforme um plano inclinado. A expressão para o cálculo é obtida a seguir: (W) η V)α(SenF η V)α(CosF P tr i Onde: α = Inclinação da pista, (normalmente deve ser considerado valor mínimo de 5%) c) Potência do Motor para a Aceleração do Veículo em Trecho Horizontal: Durante a partida do veículo é necessário vencer as forças de inércia do sistema para alcançar a velocidade de translação. Nesta fase do funcionamento é necessário acelerar as massas em translação e rotação. O cálculo da potência de aceleração pode ser efetuado da seguinte maneira: - Massas em Translação: Neste caso aplica-se os conceitos básicos da mecânica, obtendo-se a expressão, considerando ta o tempo de aceleração em segundos e g a aceleração da gravidade em metros/segundos2: (W) ηtg VF P a 2 t at 11 - Massas em Rotação: A aceleração das massas em rotação do motor de acionamento, das engrenagens,acoplamentos, etc. requer, no raio da roda motriz uma força perimetral: (Newtons) r a ΘεΘ r 1 ω ω εΘ.......... ω ω εΘ ω ω εΘ r 1 F 2redTrred Tr n nn Tr 2 22 Tr 1 11ar 2 Tr n n 2 Tr 2 2 2 Tr 1 1red ω ω Θ............ ω ω Θ ω ω ΘΘ Onde: Far = Resistência a Aceleração das Massas de Rotação – (Newtons) Θ = Momento de Inércia do Componente Rotativo – (kgxm2) ε = Aceleração Angular – (1/s2) ω = Velocidade Angular – (1/s) Θred = Momento de Inércia Reduzido para o Eixo da Roda Motriz - (kgxm 2) εTr = Aceleração Angular da Roda Motriz – (1/s 2) ωTr = Velocidade Angular da Roda Motriz - (1/s) r = Raio da Roda Motriz – (m) a = Aceleração – (m/s2) O valor da Potência de Aceleração das Massas de Rotação será: (W) η ωT P Trar ar Onde: Tar = Torque de Aceleração das Massas Rotativas O valor do Torque de Aceleração é definido por: m) (N r FT arar Considerando o tempo de aceleração ta em segundos e substituiindo o valor da velocidade angular, temos: a Tr t V a e r V ω (W) ηtr VΘ P a 2 2 red ar 12 O cálculo da Potência de Aceleração Pa é obtido pela soma de Pat e Par. (W) ηtr VΘ ηtg VF P a 2 2 red a 2 t a Considerando as dificuldades para o cálculo de todas as inércias dos corpos em rotação do mecanismo de translação do veículo, podemos utilizar a expressão: (W) ηtg VF x )2,1 até 1,1(P a 2 t a A potência mínima requerida para o motor deve ser escolhida com as seguintes condições: (1) Quando Ph > Pa ou Pi > Pa: Pm = Ph ou Pm = Pi (2) Quando Pa ≥ Ph ou Pa ≥ Pi Pm = (Ph + Pa)/(1,7 a 2,0) ou Pm = (Pi + Pa)/(1,7 a 2,0) Para a especificação da rotação do motor deve ser definido o valor da redução para obter a velocidade especificada para o veículo. Após a definição da rotação deve ser escolhido o motor no catálogo dos fornecedores. O freio do veículo é montado no eixo do motor da translação. A especificação do freio depende do torque do motor especificado. Para o freio eletromagnético o torque mínimo de frenagem deve corresponder a 50% do torque do motor. 2.1.3. Exemplo de Cálculo: Calcular o motor do carro de transferência de panela de aço conforme especificação. Para o dimensionamento considerar os seguintes valores complementares: Resistência estacionária ao movimento: 0,025 Tempo de Aceleração: 4 segundos Rendimento da Transmissão: 0,75 Superfície Plana. Aceleração da Gravidade: g = 10 (m/s2) 13 Solução: Temos que: Peso Total: Ft = 2600000 (N) Velocidade de Translação: 0,667 (m/s) a) Cálculo da potência para velocidade constante em superfície plana. (W) 57807 75,0 667,0025,02600000 P h b) Cálculo da potência para aceleração. (W) 46268 75,04 667,0 10 2600000 2,1P 2 a Considerando que o valor de Ph é superior ao valor de Pa, a potência mínima requerida para o motor de translação deve ser de 57,81 (KW). No caso específico deste equipamento outras condições da aplicação também são consideradas para o dimensionamento do motor. Este carro foi dimensionado para rebocar um outro veículo motorizado para situação de emergência. Neste caso a potência real do motor especificado foi de 75 (KW). No cálculo do valor de Ph foi adotado um elevado valor para a resistência ao movimento (R), correspondente a 0,025. Este valor refere-se às condições do local da aplicação que pode ter sujeira sobre o trilhos, aumento a resistência ao movimento. O valor adotado corresponde ao maior valor da tabela. Para a especificação do tipo de motor também deve ser considerado o equipamento elétrico utilizado para o controle da velocidade. Atualmente existem diversas alternativas para este controle, para maiores esclarecimentos deste assunto devem ser consultadas as especificaçoes sobre o acionamento das máquinas elétricas. 2.2. Dimensionamento da Estrutura: 2.2.1. Definição da Geometria do Veículo: A construção de um veículo para determinada aplicação pode seguir diversas geometrias diferentes. A definição das dimensões da estrutura deve observar as seguintes condições básicas: 14 - Garantir a acomodação da carga; - Permitir a colocação e retirada da carga no veículo com os recursos disponíveis; - Não interferir com a instalação existente; - Permitir a instalação do conjunto de acionamento; - Facilitar o acesso para a manutenção. Além dos fatores descritos acima, as características da geometria pode influenciar nos esforços estruturais, principalmente no que se refere a concentração de tensões. A escolha de uma geometria adequada também pode permitir a redução do peso da estrutura. A figura 1 mostra duas formas construtivas para um veículo usado em uma mesma aplicação. A figura 1.a mostra um tipo de construção onde o conjunto de acionamento esta aciplado a apenas dois conjuntos de rodas. Na figura 1.b o veículo pode ter até 4 conjuntos de motorizações independentes acoplados diretamente aos conjuntos de rodas. Esta condição garante uma maior confiabilidade ao veículo 1.b, porém o custo do investimento é muito superior. Figura 1.a: Carro com 1 Motorização e 2 Conjuntos de Rodas Motrizes 15 Figura 1.b: Carro com 4 Motorizações e 4 Conjuntos de Rodas Motrizes Figura 1: Modelos de Carros de Transferência 2.2.2. Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis. O projeto de um novo equipamento envolve considerações preliminares para o início do dimensionamento. Durante o processo de cálculo e desenho são feitas as correções, com a finalidade de alcançar todos os objetivos esperados. A estimativa de peso normalmente é feita com base em equipamentos similares já construídos. As considerações sobre a geometria, realizada no item 2.2.1., podem auxiliar no cálculo da estimativa. Após a definição das estruturas é feita uma revisão nos cálculos e caso necessário, alterações na geometria do veículo. As condições de carregamento são muito importantes para o dimensionamento da estrutura. Esta informação deve levar em consideração, além das cargas estáticas como o peso da carga e o peso próprio, todas as demais solicitações dinâmicas, como por exemplo, as cargas de impacto, dilatação térmica e o vento, que estarão presentes durante a utilização do equipamento. As condições ambientais também devem ser analisadas, fatores como temperatura ambiente e corrosão podem alterar as solicitações na estrutura. Um outro fator que deve ser considerado é o ciclo de trabalho do equipamento, que pode variar em função da utilização. A influência destes diversos fatores nas condições de 16 carregamento podem ser determinadas com base em normas para a construção deste tipo de equipamento, para este caso recomenda-se o uso da NBR 8400. A construção de um veículo de transporte envolve o uso de materiais e métodos de fabricação que devem garantir a resistência da estrutura às diversas solicitações de carregamento. Para a grande maioria das aplicações já existem os materias e métodos normalizados que garantem o desempenho da máquina. Através de ensaios mecânicos,incluindo testes de fadiga, são definidos os limites de resistência à ruptura, escoamento e fadiga dos materiais. Aplicando as condições de carregamento na estrutura do equipamento, são calculadas as tensões de trabalho. Com base nas propriedades dos materiais e considerando os fatores de segurança da aplicação e as concentrações de tensões, são definidas as tensões admissíveis para o projeto. A Norma NBR 8400 apresenta critérios para a definição da tensão admissível para diversos materiais utilizados na construção de equipamentos para a movimentação de cargas. No dimensionamento da estrutura do equipamento devem ser considerados os diferentes critérios de dimensionamento que envolvem: a ruptura, o desgaste ou a fadiga do equipamento. Em função do critério adotado deve ser comparada a tensão de trabalho calculada com a respectiva tensão admissível referente ao material. Por exemplo, a estrutura dimensionada pelo critério de fadiga deve levar em consideração a carga que representa o ciclo médio de trabalho do equipamento. Porém, a mesma estrutura deverá suportar as condições extremas de solicitação, que são representadas pelas cargas máximas. Pelo critério da fadiga a tensão calculada é comparada com a tensão admissível à fadiga, pelo critério de ruptura a tensão máxima calculada é comparada com a tensão admissível à ruptura. 2.2.3. Exemplo de Cálculo: Calcular a tensão máxima atuante na viga principal do carro de transferência de panela de aço, representado na figura 1.a, considerando as especificações descritas na Tabela 1. A viga principal coresponde à parte do veículo que distribui o peso do carro e da carga sobre as rodas de apoio. Esta parte da estrutura deve ser dimensionada para suportar as cargas estáticas e dinâmicas do equipamento e garantir a durabilidade prevista em função do ciclo de trabalho e das condições ambientes. De uma maneira geral o dimensionamento da estrutura principal deve considerar os seguintes passos: 17 (1) Determinar os pontos de aplicação da carga; (2) Calcular as reações de apoio; (3) Calcular o momento máximo; (4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo; (5) Calcular os níveis de tensões nos pontos críticos da secção; (6) Comparar com a tensão admissível do material. (1) Determinar os pontos de aplicação das cargas: Com base na figura 1.a são definidas as cargas aplicadas à estrutura, conforme figura 2. Figura 2: Condições de Carregamento para o Veículo Na figura 2 temos: W1 = Peso da Carga, 200 Toneladas W2 = Peso da Estrutura, 37 Toneladas W3 = Peso da Estrutura de Proteção, 8,5 Toneladas W4 = Peso do Acionamento, 5,2 Toneladas (2) Cálculo das reações de apoio: Considerando a viga principal bi-apoiada no centro dos conjuntos de roda do veículo, temos: ∑F = 0 ∑MdireitaA = ∑MesquerdaA 18 Considerando os dados da figura 2 são obtidas as equações: 432121 WWWWRR (N) 2507000RR 21 Obs: O valor de 260 toneladas considera o peso dos 4 conjuntos de rodas que não estão apoiados sobre a estrutura do carro. 432121 W0,8W15,8W7,4W9,3R0,1R7,4 Obs: Para o cálculo dos momentos as cargas distribuídas foram consideradas concentradas em seus respectivos centros de gravidade. Foi considerado o momento na extremidade direita do veículo considerando a figura 2. Resolvendo as equações acima são obtidas as reações nos apoios: R1 = 1272000 (N) R2 = 1235000 (N) (3) Calculo do momento máximo: No caso de estruturas complexas com carregamento e geometria não uniforme a determinação exata do momento máximo requer um procedimento de cálculo detalhado. Normalmente são utilizados critérios de aproximação para facilitar o cálculo, porém as aproximações são feitas sempre a favor da segurança do dimensionamento. No caso deste veículo, observando a figura 2, pode ser verificado que o centro de gravidade da carga máxima (W1 = 200 toneladas) esta próximo ao centro da viga principal, portanto a secção crítica será considerada em A. O momento MA da secção crítica será: 8 W5,1 4 w9,3 xR9,2M 1q 2 2A Obs: O valor wq corresponde à carga distribuída W2 na extensão de 9,4 metros da viga principal. Portanto: wq = W2/9,4 = 39361,7 (N/m). Substituindo os valores tem-se: MA = 3056833,6 (Nxm) = 305683360 (kgfxmm) 19 (4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo: Para o cálculo da tensão máxima deve ser calculado o módulo de resistência à flexão. A figura 3 apresenta as dimensões da secção crítica A. A seguir é apresentado o cálculo do módulo de resistência à flexão da viga (ZA). Neste caso a viga é simétrica em relação ao eixo horizontal, portanto o módulo de resistência superior e inferior são iguais. A seccão da viga foi subdividida em componentes (a, b, c, d, e), sendo calculado primeiramente os momentos de inércia individuais e posteriormente o módulo de resistência à flexão combinado. a b c d e Figura 3: Secção da Viga Principal na Região Crítica a I 22 5,457119025251190 12 1 6228410417 b I 3 89019 12 1 1116200917 c I 3 89022 12 1 1292443167 d I 3 89022 12 1 1292443167 e I 22 5,457119025251190 12 1 6228410417 I 16157908090 Tabela 3: Cálculo do Momento de Inércia da Secção Crítica 20 Com o valor de I calcula-se o valor de ZA. mm) 940 (H )2/H( I Z A Substituindo os valores tem-se: ZA = 34378528 (mm 3) (5) Calculo da tensão na secção crítica: Com o valor do momento e do módulo de resistência à flexão é calculada a tensão de flexão máxima na secção crítica. Deve ser observado que o valor do momento deve ser dividido entre as duas vigas principais, conforme equação abaixo: )mm/kgf( 45,4 34378528x2 305683360 Z2 M σ 2 A A A A tensão de trabalho deve levar em consideração alguns fatores relacionados às condições da aplicação. Estes fatores são estabelecidos em normas. No caso deste carro é utilizada a NBR 8400/1984 item 5. Serão considerados o coeficiente dinâmico Ψ e o coeficiente de majoração da carga Mx nos seus valores máximos: Ψ = 1,60 (considera o impacto de colocação da carga) Mx = 1,45 )(kgf/mm 324,1045,16,145,4Mψσσ 2 xAtA Portanto, a tensão na secção crítica a ser considerada é: σtA = 10,324 (kgf/mm 2) (6) Tensão admissível do material: A definição da tensão admissível está diretamente relacionada com o critério de dimensionamento do equipamento. Este critério é estabelecido entre o cliente e fornecedor e deve seguir alguma norma de construção aplicada ao tipo de equipamento. Neste caso o material de construção da estrutura é o ASTM A36, cujas propriedades são: σescoamento = 250 Mpa = 25,5 (kgf/mm 2) σruptura = 400 Mpa = 40,8 (kgf/mm 2) 21 A tensão admissível conforme NBR 8400 para σescoamento/ σruptura = 0,625 < 0,7, será: σadm. = σescoamento/1,5 = 17 (kgf/mm 2) A tensão admissível com relação à fadiga é definida nos gráficos e tabelas do Anexo G da NBR 8400. Para o aço ASTM A36 obtemos que o valor de tensão admissível quanto a fadiga para estrutura de construção soldada é da ordem de 16 (kgf/mm2). Verificamos que os valores das tensões admissíveis são superiores ao valor da tensão de trabalho. O dimensionamento dos demais componentes da estrutura do veículo também deveseguir o mesmo procedimento adotado para a viga principal. Algumas partes estão sujeitas a esforços elevados Estas regiões estão localizadas nos suportes da panela e nos apoios da estrutura sobre os conjuntos de acionamento. Nestes casos devem ser previstos reforços para garantir que não sejam ultrapassadas as tensões admissíveis. Para cálculos mais precisos, principalmente devido a influência de concentração de tensões, existem os programas de elementos finitos. 2.3. Projeto do Sistema de Acionamento: 2.3.1. Definição do Arranjo do Sistema de Acionamento: O sistema de acionamento do veículo é constituído pelo motor, eixos de transmissão, acoplamentos, redutores, engrenagens, rodas e demais componentes responsáveis pelo movimento de translação. Existem diversos tipos de acionamentos para veículos. As principais variações existentes estão no tipo de motor utilizado, número de rodas motrizes e na quantidade de motores para um mesmo veículo. A instalação do acionamento na estrutura requer uma série de cuidados de projeto, principalmente para garantir facilidades de instalação, manutenção e boa estabilidade durante o deslocamento. A figura 4 apresenta um arranjo típico de acionamento, o qual é adotado no carro de transferência de panela da figura 1.a. Este sistema apresenta simplicidade para a instalação. Porém, algumas características deste acionamento podem ter desvantagens com relação a outras soluções. A motorização única requer cuidados, pois a falha do motor impedirá o funcionamento do equipamento. As engrenagens e pinhão sem 22 protenção apresentam desgaste excessivo, o que requer trocas periódica destes componentes. A figura 1.b apresenta uma vista em planta de um veículo com quatro conjuntos de acionamento independentes. Para situações de emergência este equipamento esta dimensionado para trabalhar com apenas dois conjuntos motrizes. A redução é feita por redutor fechado, não existindo nenhuma engrenagem exposta. Os custos de instalação deste sistema é superior ao representado na figura 4, porém a confiabilidade será muito superior. Figura 4: Arranjo de um Sistema de Motorização para um Carro de Transferência de Panelas 2.3.2. Cálculo da Redução: A redução do sistema de acionamento deve garantir que a velocidade do veículo esteja dentro do valor estabelecido na especificação. Os fatores que influenciam no dimensionamento são: rotação do motor e diâmetro da roda. Considerando um veículo com velocidade de translação V, a rotação nr da roda de diâmetro dr deverá ser: r r dπ V n Considerando um motor de rotação nm, a taxa de redução total it será: 23 r m t n n i Substituindo a equação da rotação da roda tem-se: V ndπ i mr t A redução pode ser feita em um único redutor (figura 1.b) ou em reduções consecutivas (figura 1.a e figura 4). 2.3.3. Cálculo dos Elementos da Transmissão: A translação do veículo é obtida pela transmissão do conjugado do motor (torque) até as rodas motrizes através de um conjunto de elementos mecânicos dimensionados para atender às condições da aplicação. Na construção da transmissão existem componentes que são selecionados nos catálogos dos fabricantes e outros projetados para atender as condições específicas da aplicação. Para alguns casos o conjunto de transmissão pode ser padronizado, sendo selecionado no catálogo do fabricante com base nas condições de carga e adaptado à geometria do veículo (figura 5 aplicado no carro 1.b). Determinadas aplicações exigem que alguns componentes, como eixos, engrenagens e às vezes o próprio redutor, sejam projetados para as condições específicas (figura 4 aplicado no carro 1.a). Todos os componentes do sistema de transmissão, especificados através de catálogos ou projetados, devem atender aos requisitos da norma adotada para o dimensionamento do veículo. Para este caso existem normas específicas deste tipo de equipamento (NBR 8400) e normas aplicadas ao projeto de elementos mecânicos (AGMA, DIN e a própria NBR). Na análise dos esforços da transmissão são definidas as tensões de trabalho, que devem levar em consideração fatores como: tipo de aplicação, ciclo de operação e fator de segurança. Os elementos mecânicos, com base nas características do projeto e material especificado, devem possuir tensões admissíveis superiores às tensões de trabalho. O critério de dimensionamento aplicado pode considerar a ruptura, fadiga ou o desgaste, dependendo do tipo de componente. Na determinação das tensões admissíveis são considerados, além das propriedades do material, fatores como: dimensões da peça, concentração de tensões, corrosão e acabamento superficial. 24 Figura 5: Motorização aplicada no Veículo da Figura 1.b – Acionamento direto na roda 2.3.4. Exemplo de Cálculo: Para exemplificar o cálculo de um sistema de transmissão será utilizado o acionamento representado na figura 4. A seguir são apresentados os cálculos e especificações dos principais elementos deste sistema de transmissão. a) Especificação do Motor: No item 2.1.3. foi calculada a potência mínima requerida para o motor elétrico, sendo obtido o valor de 57,81 (KW). Para as condições reais da aplicação este veículo também deve ser utilizado para algumas operações de emergência. Nestas situações este veículo será utilizado para rebocar outro equipamento no mesmo caminho de rolamento (ver memorial de cálculo Kawasaki). Nesta condição será necessária uma potência de 75 (KW), já considerando a disponibilidade de motores padronizados. A especificação da rotação do motor depende do diâmetro da roda e da redução total do sistema. O valor do diâmetro da roda é definido em função do peso total do veículo e da carga, conforme item e.1.4 este valor é de 800 mm. A taxa de redução é definida em conjunto com a rotação do motor. A rotação do motor é definida pelo número de polos. Neste caso será adotado um motor de 900 rpm, 8 pólos. Para motores com rotação superior seria necessária uma taxa de redução muito elevada para o espaço disponível. Com este motor a taxa de redução total será de 1/56,55, conforme equação do item 2.3.2. 25 A especificação completa do motor é a seguinte: Item Valor Observação Potência 75 KW Dimernsionamento Número de Polos 8 Define a rotação Fator ED 40% Classe de Utilização Rotação 900 rpm Definido pela velocidade Carcaça Normalizada 315 M Ver catálogo fornecedor Classe de Isolação F Característica da Aplicação Voltagem 440 V Alimentação elétrica Frequência 60 Hz Alimentação elétrica GD2 24 kgxm2 Θ = GD2/4 (ver. unidades) Corrente máxima do motor 130 Ampéres Especificação do motor Torque máximo do motor 81 kgfxm x 150% Controle do Painel Torque na partida 81 kgfxm x 100% Controle do Painel Tabela 4: Especificações do Motor de Acionamento A escolha do motor é feita nos catálogos dos fabricantes com base nas especificações da tabela. b) Especificação do Freio: As especificações do freio devem seguir as características do motor. Para esta aplicação o torque nominal do freio deve ser o mesmo do motor. Item Valor Observação Tipo Freio Eletromagnético Freio de Sapatas Torque de Frenagem 81 kgfxm Dimensionamento Fator ED 40% Classe de Utilização Frequência Utilização 300 frenagens/hora Aplicação GD2 6,3 kgxm2 Voltagem 440 V Alimentação elétrica Frequência 60 Hz Alimentação elétrica Tabela 5: Especificações do Freio 26 c) Redutor: O dimensionamento do redutor deve atender as características geométricase a capacidade de carga requerida do equipamento. As dimensões do redutor têm grandes influencia no dimensionamento dos demais componentes do sistema de acionamento. Preferencialmente deve ser verificada a possibilidade de um redutor padronizado. Neste caso o redutor é selecionado em um catálogo do fabricante, observando criteriosamente as condições exigidas na utilização, tais como: potência, rotação, lubrificação, vedações, fator de serviço, capacidade térmica, dimensões de eixos de entrada e saída. Determinadas situações podem exigir um redutor especial, projetado para atender as condições específicas do equipamento. O projeto deve observar todos os detalhes referentes à aplicação, seguindo os critérios previstos nas normas de referência. O critério mais utilizado no dimensionamento dos redutores é definido pelas Normas AGMA (American Gear Manufactures Association). Na sequência para o dimensionamento do redutor, o primeiro fator a ser considerado é a redução necessária. Este valor, calculado pela relação entre a rotação de saída e entrada, define o número ideal de pares de engrenamento com os respectivos número de dentes. Em seguida podem ser verificadas as dimensões das engrenagens pela capacidade de carga requerida pelo equipamento. Após a definição das dimensões das engrenagens, são calculados os eixos, rolamentos, chavetas e demais componentes da carcaça do redutor. Este cálculo deve atender os critérios de dimensionamento mencionados anteriormente. A figura 6 apresenta os componentes rotativos do redutor do veiculo que serão dimensionados em seguida: 27 R olam ento E ixo de Saída R olam ento E ixo Interm ediária R olam ento E ixo de Entrada Eixo de Saída Engrenagem Interm ediária E ixo Pinhão Interm ediário E ixo P inhão de Entrada Engrenagem de Saída M otor de A cionam ento Saída p/R odasSaída p/R odas Figura 6: Conjunto Rotativo do Redutor do Veículo C.1) Dimensionamento das Engrenagens: Este redutor terá a redução total de 1/28,91, sendo a redução final realizada pela transmissão por engrenagem das rodas. Os critérios de cálculo seguem a Norma AGMA 420.04 (Practice for Enclosesd Speed Reducers or Increasers Using Spur, Helical, Herringbone and Spiral Bevel Gears). A tabela 6 a seguir apresenta as características geométricas básicas para a verificação do dimensionamento das engrenagens. O dimensionamento destas engreagens deve atender dois requisitos para garantir o desempenho requerido: - Resistência do dente à fadiga: (AGMA 420.04 e AGMA 221.02) - Resistência do dente ao desgaste: (AGMA 420.04 e AGMA 211.02) Especificação Dados Para Projeto Potência Requerida de Projeto 75 KW (104 HP) Rotação de Entrada 900 rpm Rotação de Saída 31,14 rpm (3,26 rd/s) Redução 1/28,9 Aplicação Translação de Carro de Transferência 28 Dados Gerais das Engrenagens Ref. Nome Primeiro Par Segundo Par Pinhão Coroa Pinhão Coroa - Tipo de Engrenagem Engrenagem Helicoidal Engrenagem Helicoidal D.P. Diametral Pitch Normal (1) 4,233 3,175 Φn Ângulo de Pressão Normal 20 o 20o Φa Ângulo de Pressão Axial 20 o33’ 20o12’ N Número de Dentes 16 (LH) 89 (RH) 15 (RH) 78 (LH) ψ Ângulo de Hélice (2) 13o32’10” 13o32’10” 8o21’53” 8o21’53” d Diâmetro Primitivo (Pitch Diam.) (3) 3,8875 21,624 4,775 24,831 - Material A322 (4140) A576(1045) A322(4140) A576(1045) HB Dureza Brinell 320o10o 260o10o 320o10o 260o10o 1) O Diametral Pitch relaciona-se com o módulo da engrenagem do sistema métrico na expressão (valores na direção normal ao dente): ) N ΨCosd (m ; ΨCosd N DP nn 2) Ângulo de hélice de engrenagens helicoidais: RH → Hélice à Direita (Right) LH → Hélice à Esquerda (Left) 3) O “Pitch Diameter” é o mesmo que o circulo primitivo. As engrenagens não sofreram correção nos dentes. Observação: Existem recomendações sobre as dimensões básicas para engrenagens. Recomenda-se para estas informações de projeto as seguintes literaturas complementares: Darle W. Dudley, Gear Handbook, McGrawHill. Joseph Edward Shigley, Mechanical Engineering Design, McGrawHill. 29 1) Resistência do dente à fadiga: refere-se à capacidade da engrenagem transmitir a potência requerida sem que ocorra a ruptura do dente por fadiga: 221.02) (AGMA KK KS PK J K F K126000 Kdn P TR Laf dsmo vp af 420.04) (AGMA P J KKKP d 321af No caso do dimensionamento pela AGMA 420.04 a Potência de Serviço será obtida por: SF af C P Serviço de Potência CSF corresponde ao fator de serviço conforme a aplicação (ver AGMA 420.04). Os valores referentes aos cálculos das engrenagens da figura 6 são mostrados na tabela 6. Tabela 6: Especificações Gerais do Redutor – Requisitos da Aplicação e Condições de Projeto Ref. Nome 1.o Par 2.o Par Observação np,ng Rotação pinhão/coroa (rpm) 900/161,79 161,79/31,14 Especificação Motor d Diâmetro Primitivo pinhão/coroa (in) 3,8875/21,624 4,775/24,831 ver desenho Kv Fator Dinâmico )v(7878 0,85 0,92 AGMA 221.02 pag. 6 Ko Fator de Sobrecarga 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 3 F Largura Efetiva do Dente 4,724 10 ver desenho Km Fator de Distribuição de Carga 1,50 1,50 AGMA 221.02 item 6 J (1) Fator de Geometria Pinhão/Coroa 0,42/0,58 0,40/0,57 AGMA 221.02 apend. Ks Fator de Trabalho 1,00 1,00 AGMA 221.02 item 7 Pd Diametral Pitch Transversal 4,115 3,175 AGMA 221.02 item 2 Saf Tensão Admissível Fadiga P/C 49000/42800 49000/42800 AGMA A221.02 fig 7 KL Fator de Vida 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 6 KR Fator de Segurança 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 4 KT Fator de Temperatura 1,00 1,00 AGMA 221.02 item 12 V Velocidade Tangencial PD (ft/min) 915,6 202,26 V = π.d.n/12 30 K1 v p K 126000 dn 0,025 0,005 AGMA 420.04 fig. C4 K2 m K F 3,7 6,9 AGMA 420.04 fig. C7 K3 Laf KS 49000/42800 49000/42800 AGMA 420.04 fig. C9 (1) O valor de J é obtido com precisão no Apêndice A da norma AGMA 221.02. Tabela 7: Valores Referentes ao Cálculo de Resistência à Fadiga AGMA 420.04 e AGMA 221.02 Substituindo os valores nas fórmulas tem-se: Primeiro Par AGMA 221.02. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente – Fadiga - Pinhão: 11 149000 115,41 42,0 5,1 724,4 0,1126000 85,08875,3900 P af (HP) 75,371P af - Engrenagem: 11 142800 115,41 58,0 5,1 724,4 1126000 85,0624,2179,161 P af (HP) 40,448P af AGMA 420.04. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga - Pinhão: 115,4 42,0 490007,3025,0P af (HP) 60,462P af - Engrenagem 115,4 58,0 428007,3025,0P af (HP) 00,558P af Todos os valores obtidos acima são superiores ao valor requerido de 104 HP. No caso da AGMA 420.04 está previsto a utilização do fator CSF, cujo valor máximo neste casoé 2. Neste caso o valor mínimo de potência será 231,3 HP (considerando o pinhão) que é superior ao valor requerido de 104 HP. 31 No caso da AGMA 221.02 o fator Ko considerado com valor superior a 1, sendo o valor máximo da tabela 3 igual a 2,25. Neste caso a potência admissível será de 165,22 HP (considerando o pinhão), que ainda é superior ao valor requerido de 104 HP. Portanto, mesmo considerando as condições mais severasde dimensionamento, o primeiro par de engrenagens atende às condições com relação à ruptura do dente por fadiga. Para o caso do segundo par, os valores são obtidos a seguir: Segundo Par AGMA 221.02. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga - Pinhão: 11 149000 175,31 40,0 5,1 10 0,1126000 92,0775,479,161 P af (HP) 15,232P af - Engrenagem 11 142800 175,31 57,0 5,1 10 1126000 92,0831,2414,31 P af (HP) 20,289P af AGMA 420.04. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga - Pinhão: 175,3 40,0 490009,6005,0P af (HP) 98,212P af - Engrenagem 175,3 57,0 428009,6005,0P af (HP) 10,265P af Considerando os valores anteriores para os coeficientes de serviço, tem-se: AGMA 221.02: Paf = 103,17 (no limite). AGMA 420.04: Paf = 106,49 (no limite). 2) Resistência do dente ao desgaste: neste caso é verificada a capacidade de transmissão de potência sem que ocorra o desgaste das superfícies de contato dos dentes do pinhão, conforme o ciclo de trabalho considerado no cálculo. 211.02) (AGMA CC CC C dS CCCC CI 126000 Fn P RT HL p ac ofms vp ac 32 420.04) (AGMA CCCCP 4321ac Ref. Nome 1.o Par 2.o Par Observação np,ng Rotação pinhão/coroa (rpm) 900/161,79 161,79/31,14 Especificação Motor F Largura Efetiva do Dente 4,724 10 ver desenho I(1) Fator de Geometria 0,237 0,230 AGMA 211.02 Cv Fator Dinâmico V7878 0,72 0,85 AGMA 211.02 fig. 6 Cs Fator de Tamanho 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 7 Cm Fator de Distribuição de Carga 1,50 1,50 AGMA 211.02 tab. 1 Cf Fator de Condição da Superfície 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 8 Co Fator de Sobrecarga 1,00 1,00 AGMA 211.02 tab. 2 Saf Tensão Admissível de Contato 120000 120000 AGMA 211.02 tab. 5 d Diâmetro Primitivo Pinhão/Coroa (in) 3,8875 4,775 ver desenho CP Coeficiente de Elasticidade 2300 2300 AGMA 211.02 tab. 6 CL Fator de Vida 1,0 1,0 AGMA 211.02 fig. 7 CH Fator de Relação de Dureza 1,01 1,01 AGMA 211.02 fig. 8 CT Fator de Temperatura 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 13 CR Fator de Segurança 1,0 1,0 AGMA 211.02 tab. 2 C1 126000Cdn v 2 p 0,075 0,023 AGMA 420.04 fig. A8/A14 C2 m C/F 3,5 7,4 AGMA 420.04 fig. A15 C3 p ac G G C S 1m m 225,0 720 710 AGMA 420.04 fig. A18 C4 2 L C 1 1 AGMA 420.04 fig. A20 (1) O valor de I é obtido com precisão no Apêndice A da norma AGMA 211.02 de fev. 1969. 33 Tabela 8:Valores Referentes ao Cálculo de Resistência ao Desgaste AGMA 420.04 e AGMA 211.02 Pinhão do Primeiro Par - Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Desgaste AGMA 211.02 2 ac 11 01,11 2300 72,0120000 115,11 72,0237,0 126000 724,4900 P (HP) 0,161P ac AGMA 420.04 17205,3075,0P ac (HP) 189P ac Pinhão do Segundo Par - Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Desgaste AGMA 211.02 2 ac 11 01,11 2300 775,4120000 115,11 85,023,0 126000 1079,161 P (HP) 106P ac AGMA 420.04 17104,7023,0P ac (HP) 8,120P ac Neste caso o pinhão do segundo par esta no limite de dimensionamento. O fator de sobrecarga (AGMA 211.02) e o fator de serviço (AGMA 420.04) foram considerados iguais a 1. c.2) Dimensionamento dos Eixos e Rolamentos: c.2.1) Eixo de Entrada: W t W r W a W n t I II W t1 R 1R 2 W a 900 rpm Forças A tuantes no D ente Figura 7: Distribuição de Forças no Eixo Pinhão de Entrada 34 c.2.1.1) Cálculo das Forças de Engrenamento: Com base na figura 7 obtemos os seguintes valores para as forças de engrenamento: Força Radial Wr = W.SenΦn Força Tangencial Wt = W.CosΦn.Cosψ Força Axial Wa = W.CosΦn.Senψ Φn = 20 o e ψ = 13,54o. O valor da Força Tangencial pode ser obtida na equação do torque transmitido: m)(N 8,795 s)rd( 94,25 (W) 75000 ω P T 1 1 (N) 16119 4,258875,3 100028,795 d 2T W 1p 1 t1 Os valores das forças de engrenamento são: Força Radial: Wr1 = 6.034,6 (N) Força Tangencial: Wt1 = 16.119 (N) Força Normal: W1 = 17.644 (N) Força Axial: Wa1 = 3.882 (N) c.2.1.2) Reações de Apoio: As forças serão divididas em dois planos: plano das forças radiais e forças tangenciais. ΣF = 0 ΣM = 0 6,6034RR r2r1 375R105R r1r2 16119RR t2t1 375R105R t1t2 35 Plano Radial R1r = 1320 (N) R2r = 4715 (N) Plano Tangencial R1t = 3526 (N) R2t = 12593 (N) c.2.1.3) Verificação da secção I, cálculo da tensão equivalente: Cálculo do momento na secção crítica I. 4125755,3771875,7897625,62W5,167RM 1rr2Ir 11018905,10074375,21093275,62W5,167RM 1tt2It Flexão) de (Momento (Nxmm) 7,1176596MMM 2 It 2 IrIf Torção) de (Momento (Nxmm) 795800TM 1It Aplicando o critério de resistência para tensões compostas, temos: 2 t 2 ffe MMM 2 1 M Para facilidade de cálculo será utilizado o valor de Mf e Mt em Kgfxcm: Mf = 11994 (Kgfxcm) Mt = 8112 (Kgfxcm) cm)(Kgf 1323781121199411994 2 1 M 22 Ie O valor da tensão equivalente na secção crítica, com diâmetro de 83 mm, será obtida na equação: )(Kgf/cm 236σ 3,8π 3213237 dπ 32M Z M σ 2 Ie33 I Ie fI Ie Ie )(Kgf/mm 36,2σ 2 Ie A Tensão Admissível de Fadiga da Secção I (σIaf) será considerada conforme recomendações da NBR 8400 Apêndice H. If Ifa Iaf K σ σ 36 O Limite de Resistência à Fadiga do Material (σIfa) é obtido nos gráficos de propriedades do material. Considerando a NBR 8400, para o aço de 70 daN/mm2 (Figura 40), tem-se: )(Kgf/mm 7,35)(daN/mm 35σ 22 Ifa O Coeficiente de Concentração de Tensões da Secção I (KIf), conforme NBR 8400, é definido por: IcIuIdIsIf KKKKK Os valores dos coeficientes são: Coeficiente de Forma K1s = 2 Figuras 41 e 42 Coeficiente de Dimensão K1d = 1,65 Item H.3.2 Coeficiente de Rugosidade K1u = 1 Figura 43 Coeficiente de Corrosão K1c = 1 Figura 43 O valor do Coeficiente de Concentração de Tensões é: 30,31165,12K If O valor da Tensão Admissível de Fadiga será: 14,64) de é AGMApelavalor (Este )(Kgf/mm 82,10 30,3 7,35 K σ σ 2 If Ifa Iaf Portanto: )(Kgf/mm 36,2σσ 2 IeIaf O valor da Tensão Admissível de Fadiga é superior ao valor da Tensão Equivalente. C.2.1.4) Verificação da secção II, cálculo da torção: Cálculo da tensão de cisalhamento devido à torção na secção II de 80 mm de diâmetro. )(Kgf/mm 81,0 8π 168112 Z M τ 2 3 t1 It IIt ATensão Admissível de Fadiga, com relação ao cisalhamento, também pode ser obtida através da NBR 8400, sendo o valor para este caso de τIIaf = 6,18 (Kgf/mm 2). Portanto, para a secção II a tensão admissível é superior ao valor da tensão aplicada. 37 C.2.1.5) Esmagamento da Chaveta: Fe Figura 8: Esforço na Chaveta do Eixo de Entrada Considerando a equação do torque para a região da chaveta, tem-se: (Kgf) 2028F 4 8112 2/8 8112 2d T F e 1 e A força é aplicada na face da chaveta, causando a tensão de compressão: )(Kgf/mm 54,2σ 1147 2028 σ 2 ecec Considerando a chaveta de AISI 1045 a Tensão Admissível na Chaveta, conforme AGMA 420.04, é de: σac = 21,43 (Kgf/mm 2). A Tensão Admissível é superior ã tensão de esmagamento na chaveta. Mesmo considerando um Fator de Serviço igual a 2, não existe problema de esmagamento na chaveta. C.2.1.6) Rolamento do Eixo de Entrada: As dimensões do eixo definem o diâmetro interno do rolamento. Para estes redutores normalmente são utilizados rolamentos de rolos cônicos ou autocompensadores de rolo. Neste caso é utilizado o rolamento autocompensador de rolos 22218. No dimensionamento do rolamento deve ser definida a vida útil quanto a fadiga, que depende da aplicação. Para veículos com utilização de 24 horas diárias em serviço contínuo, recomenda-se a vida mínima quanto a fadiga com confiabilidade de 90% (L10h) de 40.000 horas. Os critérios de cálculo estão de acordo com o Catálogo Geral da SKF 1990-00 número 4000 PB. 38 Primeiramente deve ser determinada a Carga Dinâmica Equivalente (Ver item c.2.1.1 e c.2.1.2). ar FYFXP Para a condição de melhor distribuição de carga o rolamento fixo, que recebe a carga axial, neste caso deve ficar do lado de menor carga radial. A reação R1 é menor do que R2, portanto a carga axial deve ser aplicada do lado de R1. (Kgf) 384F RRF 1r 2 t1 2 r1r1 (Kgf) 396F WF aaa Pelo critério de dimensionamento, sendo Fa/Fr = 1,03 > e (e = 0,24), tem-se: X = 0,67 e Y = Y2 = 4,40. (Kgf) 20004.174228,25739640,438467,0P 1 A Capacidade de Carga Dinâmica do Rolamento é: C = 253000 (N) = 25790 (Kgf) Aplicando a equação é calculada a vida para o rolamento fixo na posição 1 do eixo de entrada: 3 10 3 10 1 10h1 2000 25790 90060 000.000.1 P C n60 000.000.1 L horas 112.93L 10h1 O rolamento atende a aplicação pois o valor calculado é superior a 40.000 horas. No caso da posição 2, que somente recebe a carga radial (rolamento livre) tem-se: (Kgf) 1371F RRF 2rt2r2r2 (Kgf) 1371FP r22 A vida com relação a fadiga será: horas 834.327L 1371 25790 90060 000.000.1 L 10h2 3 10 10h2 39 C.2.2) Eixo Intermediário: Os cálculos seguem procedimento semelhante ao item c.2.1. A figura 9 apresenta a distribuição das forças. Verificar neste caso o sentido dos ângulos de hélice das engrenagens, que garantem uma compensação das cargas axiais no rolamento fixo (autocompensador 22220). Para a construção dos planos de ação das forças radiais e tangenciais devem ser observadas as condições do primeiro e segundo engrenamento. As seccões críticas também estão apresentadas na figura 9. R 4 R 3 W a1 W a2 W r1 W t1 III IV W r2 W t2 161,80 rpm 16,94 rd/s Forças de Engrenam ento Esquem a das Figura 9: Distribuição de Forças no Eixo Intermediário C.2.3) Eixo de Saída: Os cálculos referentes ao eixo de saída devem levar em consideração os dados da figura 10. O rolamento utilizado é o autocompensador 23034. Para o dimensionamento devem ser efetuadas as mesmas considerações dos eixos anteriores. As forças radial, tangencial e axial correspondem aos mesmos valores do pinhão do eixo intermediário. Neste eixo o torque é transmitido nas duas pontas de eixo, devendo ser efetuada a verificação da chaveta. 40 V I V V I 3,26 rd/s 3,26 rd/s W a2 R 6 R 5 Figura 10: Distribuição de Forças no Eixo Pinhão de Saída C.3) Componentes Diversos: Após o dimensionamento dos componentes principais, eixos e engrenagens, a carcaça deve ser projetada e os demais componentes do redutor devem ser especificados. Estes componentes são: tampas, elementos de junção (porca, parafusos, arruelas), elementos de vedação (retentores e juntas), espaçadores, visor de nível de óleo e respiros. Posteriormente deve ser analisado o sistema de lubrificação a ser utilizado. Normalmente o método de lubrificação é o banho de óleo. Para condições mais severas pode ser necessária a lubrificação circulatória, incluido o resfriamento do óleo. Esta condição pode ser avaliada através da norma AGMA 420.04, considerando o cálculo da potência térmica do redutor. d) Acoplamentos e Eixos de Transmissão: Estes componentes são utilizados para transmitir o torque desde o motor, passando pelo redutor até atingir o eixo de acionamento das rodas motrizes. Os fatores que determinam o dimensionamento são: torque e rotação. No caso dos acoplamentos devem ser utilizados componentes padronizados. Existem diversos tipos e modelos de acoplamentos que podem ser aplicados nos equipamentos de movimentação de carga. Atualmente existem modelos com elastômeros que ocupam espaço nas diversas partes da transmissão, este tipo de acoplamento não necessitam a lubrificação. Para os equipamentos de maior capacidade normalmente o acoplamento mais utilizado é o de engrenagens. A especificação feita com utilização do catálogo do 41 fabricante, considerando o torque e a rotação no ponto da instalação, também deve considerar o fator de serviço para a aplicação. Porém, na maioria das aplicações o fator determinante para a especificação destes acoplamentos é o diâmetro do eixo no local da instalação. Estes componentes tem a limitação do furo máximo no cubo, sendo em muitos casos necessário um acoplamento com capacidade de transmissão de torque superior ao especificado em função da limitação do furo. Recomenda-se para maiores detalhes utilizar o catálogo dos fabricantes. Considerando como exemplo o acoplamento entre o motor e o redutor, o torque transmitido é de 8112 (Kgfxcm). Para um fator de serviço de dois, o torque para especificação é de 16224 (Kgfxcm). Este torque pode ser transmitido por um acoplamento do tamanho 1015G, porém o furo máximo neste caso é de 65 mm, sendo que o eixo do redutor tem 80 mm e o redutor 95 mm. Para atender esta condição é especificado um acoplamento tamanho 1030G, que pode transmitir até 123343 (kgfxcm). Estes dados foram obtidos do catálogo da PTI. No caso dos eixos de transmissão deve ser verificada a tensão máxima de trabalho devido ao torque em relação a tensão admissível do material. No dimensionamento do redutor foi descrito o procedimento para esta análise. Além da verificação da tensão, estes eixos devem ser verificados com relação ao ângulo de torção. Para algumas aplicações pode ser necessário eixo de comprimento elevado, colocando em risco a estabilidade do eixo devido ao ângulo de torção acima do admissível. Neste caso é necessário subdividir o eixo de transmissão de acordo com a necessidade do sistema de acionamento. e) Conjuntos de Rodas: A figura 4 mostra o arranjoescolhido para o sistema de acionamento e conjuntos de rodas. Neste modelo serão utilizados dois conjuntos de rodas motrizes e dois conjuntos de rodas movidos. A seguir são apresentados os critérios para o dimensionamento destes componentes. e.1) Conjunto de Rodas Motrizes: A figura 11 apresenta as características do conjunto de rodas motrizes. As cargas aplicadas neste componente são provenientes do acionamento do eixo pinhão e do peso aplicado às rodas. 42 e.1.1) Eixo Pinhão do Acionamento: O carro possui dois conjuntos de rodas motrizes, conforme construção da figura 4. O torque de saída do redutor é divido para os dois eixos de transmissão, 50% para cada lado. Para calcular a tensão máxima de trabalho devem ser analisados os esforços aplicados ao eixo pinhão de acionamento. Estes esforços são constituidos pelo torque transmitido pelo redutor e pelas forças de engrenamento. O torque é definido pela seguinte expressão: c 3 3 K ω P 2 1 T Torque de Saída T3 = 14.950 (N x m) 50% para cada lado Potência do Motor P = 75.000 (watts) sem considerar eficiência Veloc. Ang. De Saída ω3 = 3,26 (rd/s) Fator de Choque Kc = 1,3 movimento com reversão A partir do valor do torque podem ser calculados os valores das forças de engrenamento. Em seguida são obtidas as tensões de flexão, torção e a tensão combinada. Este valor é comparado com a tensão admissível do material do eixo de transmissão. 43 Figura 11: Conjunto de Rodas Motriz e.1.2) Engrenamento da Roda: O pinhão aciona duas rodas simultaneamente, através de engrenagens de dentes retos acopladas diretamente ao eixo das rodas motrizes. Os dados dimensionais das engrenagens são definidos na tabela abaixo: Engrenamento do Conjunto de Rodas Pinhão Engrenagem Tipo de Dente Dentes Retos Perfil Módulo Normal Forma do Dente Perfil Envolvente Módulo 13 Ângulo de Pressão 20o Número de Dentes 28 54 Diâmetro Primitivo 364 702 Backlash 0,2 Ferramenta HOB Precisão (DIN) Grau 9 Dureza (HB) 320o10 280o10 Tabela 9: Engrenamento do Conjunto de Rodas Para o cálculo das potências admissíveis quanto à fadiga e o desgaste devem ser utilizadas as normas AGMA. 44 e.1.3) Rolamentos do Eixo Pinhão: Para o cálculo dos rolamentos devem ser utilizadas as reações de apoio calculadas no dimensionamento do eixo, item e.1.1. A vida útil recomendada quanto a fadiga deve ser superior a 40.000 horas. e.1.4) Rodas: As rodas recebem os esforços devido ao peso próprio do carro e o peso da carga, que totaliza 260 toneladas para este veículo. As rodas não recebem exatamente o mesmo valor da carga, pois o centro de gravidade do conjunto não é simétrico. No item 2.2.3 foi calculada a reação dos apoios na estrutura. Apesar da diferença entre R1 e R2, podemos verificar que os valores são próximos. Além disso as rodas suportam o peso próprio do conjunto de rodas. A carga máxima aplicada em uma roda motriz (que corresponde ao maior valor de carga) é de 325000 (N). O dimensionamento da roda é feito com base na expressão básica descrita abaixo: BD P K r f Pressão de Contato Kf = 4,836 (N/mm 2) Deve ser menor que a Pressão Limite (1) Carga aplicada Pr = 325.000 (N) Calculada a partir da carga total. Diâmetro da Roda D = 800 (mm) Dimensão da roda. Largura de Contato com Trilho B = 84 (mm) Dimensão do trilho. A Pressão de Contato define o material a ser especificado para a roda. Esta especificação deve ser efetuada com referência nos catálogos dos fabricantes especializados, que estabelecem as condições para a Pressão Limite (1). A Norma NBR 8400 também estabelece o critério para determinação do material da roda com base na Pressão Limite (1) (ver item 6.7.4 da Norma). Considerando o critério da NBR 8400 temos: 21limf ccPK Os valores dos coeficientes obtidos na norma são: c1 = 1,09 e c2 = 0,8. Portanto: 21 f lim cc K P 45 O que determina uma Plim 5,55 (N/mm 2). A tensão de ruptura do material deverá ser superior a 600 (N/mm2) (NBR 8400 – Tabela 30). e.1.5) Eixo das Rodas: Os eixos das rodas também devem ser calculados considerando como uma viga bi- apoiada. Os valores das cargas e reações de apoio são obtidos a partir da carga aplicada à roda (Pr). e.1.6) Rolamentos das Rodas: Normalmente são aplicados rolamentos autocompensadores de rolos. Para alguns casos também são utilizados rolamentos de rolos cilindricos e rolamentos de rolos cônicos. No cálculo da carga dinâmica equivalente deve ser considerada a carga radial devido ao esforço aplicado na roda e a carga axial deve ser considerada em torno de 10% da carga radial, pois existem esforços devido ao contato entre a aba da roda e o trilho. O esforço axial não pode ser determinado com precisão através de cálculos, porém o valor de 10% da carga radial é normalmente utilizado para este tipo de cálculo. A vida com relação a fadiga deve ser superior a 40.000 horas para esta aplicação. Para este caso ocorre a mesma situação do dimensionamento dos rolamentos anteriores, normalmente o diâmetro do eixo acaba sendo o fator determinante para a escolha do rolamento. e.1.7) Estrutura do Conjunto de Rodas: A trnsferência das cargas da estrutura principal do carro para as rodas é efetuada através da estrutura do conjunto de rodas. No caso do conjunto motriz esta estrutura também suporta o sistema de acionamento das rodas. O projeto da estrutura do conjunto de rodas requer alguns cuidados especiais principalmente nas regiões de apoio dos rolamentos e dos eixos das rodas, que devem ser reforçados para garantir rigidez suficiente durante a translação do carro. A seguir é apresentada a verificação da secção crítica. A figura 12 apresenta a aplicação das cargas sobre a estrutura do conjunto de rodas. A força F3 corresponde à reação R1 calculada no item 2.2.3, cálculo da estrutura principal. Nos conjutos de rodas motrizes o peso é maior devido ao acionamento e a proteção. 46 Considerando que temos dois conjuntos de rodas motrizes a força F3 será: F3 R 3 R 3 B B R 3 R 3 F3 Figura 12: Estrutura do Conjunto de Rodas – Distribuição de Cargas (Kgf) 63600F 2 127200 2 R F 3 1 3 Considerando a distribuição de cargas da figura 12 obtem-se o valor de R3: (Kgf) 31800R 2 63600 R 33 Portanto, o momento em B será: mm)(Kgf 14310000M 4 90063600 4 LF M B 3 B As tensões máximas devem ocorrer em B, secção crítica (figura 13). A secção B não é simétrica, portanto devemos inicialmente determinar o centro de gravidade da secção para obtermos a linha neutra em relação a direção do carregamento vertical. Os valores d1, d2 e d3 representam a distância dos componentes individuais da secção ao centro de gravidade procurado: Temos que: (S1, S2 e S3 são as áreas das secções individuais): 0dSdSdS 332211 175dd 5,152dd 5,327dd 21 23 21 47 1 3 2 C G L Figura 13: Secção Crítica do Conjunto de Rodas Substituindo os valores: 0)d5,327()6025()d175()28022(d)7070( 111 Resolvendo as equações obtem-se: d1, d2 e d3 d1 = 327,5 (mm) d2 = 50 (mm) d3 = 202,5 (mm) O momento de inércia das secções individuais são obtidosabaixo: CG 3 dS 12 hb I )(mm 78563333I 1257070 12 7070 I 4 1 2 3 1 )(mm 55645333I 5028022 12 28022 I 4 2 2 3 2 )(mm 61587500I 5,2022560 12 2560 I 4 3 2 3 3 O valor de I para a secção B é a soma dos momentos de inércia dos componentes: )(mm 195796166 I IIII 4 321 48 Os módulos de resistência a flexão superior e inferior são obtidos em função da distância do CG, conforme descrito abaixo: ICG IB SCG SB d I Z e d I Z Os valores das distâncias ao CG são: (mm) 16035125d SCG (mm) 2155,125,202d ICG Substituindo os valores tem-se: Módulo de Resistência a Flexão Superior ZSB = 1.222.726 (mm 3) Módulo de Resistência a Flexão Superior ZIB = 910.680 (mm 3) As tensões atuantes devido as cargas de flexão são: )(Kgf/mm 85,5σ 12237262 14310000 Z2 M σ 2 SB SB B SB )(Kgf/mm 86,7σ 9106802 14310000 Z2 M σ 2 IB IB B IB A tensão é dividida por 2 porque o conjunto de rodas possui duas vigas principais de sustentação. Aplicando os mesmos conceitos do item 2.2.3 para a secção B tem-se: )(kgf/mm 24,1845,16,186,7Mψσσ 2 xIBtIB Neste caso observamos que a tensão de trabalho calculada é superior à tensão admissível quanto à fadiga para o aço ASTM A36, que é de 16 (Kgf/mm2). A tensão calculada é inferior à tensão de escoamento do material, 25,5 (Kgf/mm2), o que admite a aprovação das características geométricas da estrutura do conjunto de rodas. Para uma condição mais segura do desempenho contínuo do equipamento deve-se melhorar as características do conjunto de rodas para obter-se uma tensão inferior a tensão admissível quanto a fadiga. e.2) Conjunto de Rodas Movidas: Os mesmos critérios de dimensionamento aplicados ao conjunto de rodas motrizes devem ser aplicados ao conjunto de rodas movidas. Para este conjunto de rodas os 49 cálculos são simplificados pois não existe o conjunto de engrenamento para a transmissão do movimento. 2 - VEÍCULOS DE TRANSPORTE O acionamento dos veículos de transporte pode ser manual ou motorizado. A superfície de translação pode ser feita com ou sem trilhos. Os veículos manuais são utilizados para pequenas distâncias de deslocamento, normalmente em trajetos de até 50 m. A capacidade de carga normalmente não ultrapassa uma tonelada. Os veículos manuais são utilizados para transporte em horários e percursos irregulares, apresentando grande flexibilidade de uso. O projeto e construção destes veículos são relativamente simples, sendo os principais tipos normalizados pela DIN (ver detalhes no Dubbel, Manual do Engenheiro Mecânico). Os veículos motorizados apresentam uma vasta aplicação no ambiente industrial. O acionamento pode ser: gasolina, diesel, elétrico/bateria, elétrico/rede, ar comprimido e gás. As características construtivas apresentam grande diversidade em função da aplicação e capacidade requerida. Os principais tipos de veículos são: carros de transferência, tratores e empilhadeiras. A utilização destes veículos pode incluir o uso de dispositivos especiais para a acomodação da carga, como por exemplo: paletes, conteiners ou caixas. A seguir serão apresentadas as principais considerações para o projeto de um veículo, sendo apresentado o exemplo de cálculo para este veículo motorizado sobre trilhos conforme os tópicos apresentados. Tabela 1: Especificações do Veículo (1) Aplicação: Carro de Transferência para Panela de Aço Líquido (2) Capacidade de Carga Carga Máxima de 200 Toneladas Peso do Aço Líquido de 130 Toneladas Peso da Panela de 70 Toneladas (3) Peso do Carro Aproximadamente 60 Toneladas (4) Velocidade de Translação 40 m/min (5) Alimentação Corrente Alternada, 440 Volts, 60 Hz 50 2.1 - Determinação da Potência de Translação 2.1.1 - Cálculo da Resistência ao Movimento A resistência ao movimento em marcha se compõe de resistência ao rolamento Fr , resistência à inclinação Fi e para os veículos motorizados deve ser considerada a resistência à aceleração Fa. a) Resistência ao Rolamento (Fr): O valor de R representa a resistência ao movimento em um trecho horizontal e pode variar em função das características da roda do veículo e da superfície de translação. O valor de R pode ser calculado teóricamente em função das características de projeto de cada equipamento. A tabela a seguir apresenta os valores de R para as principais aplicações, conhecidos através de dados práticos e ensaios. Tabela 2: Valores de R – Resistência ao Movimento - Roda Maciça de Borracha com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,012 a 0,014 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,014 a 0,016 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Paralelepípedo R = 0,020 a 0,025 - Roda de Aço com Mancal de Rolamento sobre Trilho R ≈ 0,006 - Roda de Aço com Mancal de Deslizamento sobre Trilho R ≈ 0,020 No caso de rodas de aço sobre trilhos os cálculos detalhados podem ser obtidos nas referências (Dubbel e Ernst Vol. I). b) Resistência à Inclinação (Fi): Neste caso devem ser consideradas as forças devido a influência da aceleração da gravidade no plano inclinado. c) Resistência à Aceleração (Fa): Este valor é dividido em duas partes: massas de translação (Fat) e massas de rotação (Far). 2.1.2 - Seleção da Motorização e Freio O cálculo da potência do motor é efetuado considerando as condições de resistência ao movimento. a) Potência do Motor para Velocidade Constante e Trecho Horizontal (Ph): Deve ser calculado na expressão a seguir: 51 (W) η VF P r h Onde: Fr = Ft x R (Ft corresponde ao peso total sobre as rodas de apoio) – (Newtons) V = Velocidade de Translação do Veículo – (metros/segundo) η = Rendimento da Transmissão Mecânica – (admensional) b) Potência do Motor para Velocidade Constante com Inclinação (Pi): Neste caso devem ser consideradas as forças conforme um plano inclinado. A expressão para o cálculo é obtida a seguir: (W) η V)α(SenF η V)α(CosF P tr i Onde: α = Inclinação da pista, (normalmente deve ser considerado valor mínimo de 5%) c) Potência do Motor para a Aceleração do Veículo em Trecho Horizontal: Durante a partida do veículo é necessário vencer as forças de inércia do sistema para alcançar a velocidade de translação. Nesta fase do funcionamento é necessário acelerar as massas em translação e rotação. O cálculo da potência de aceleração pode ser efetuado da seguinte maneira: - Massas em Translação: Neste caso aplicam-se os conceitos básicos da mecânica, obtendo-se a expressão, considerando ta o tempo de aceleração em segundos e g a aceleração da gravidade em metros/segundos2: (W) ηtg VF P a 2 t at - Massas em Rotação: A aceleração das massas em rotação do motor de acionamento, das engrenagens, acoplamentos, etc. requer, no raio da roda motriz uma força perimetral: (Newtons) r a ΘεΘ r 1 ω ω εΘ.......... ω ω εΘ ω ω εΘ r 1 F 2redTrred Tr n nn Tr 2 22 Tr 1 11ar 2 Tr n n 2 Tr 2 2 2 Tr 1 1red ω ω Θ............ ω ω Θ
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