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A ESTRUTURA DO PODER BARROCO ARQUITETURA E URBANISMO ULBRA TORRES Teoria e História do Urbanismo e Paisagismo --- Profª: xxxxxxxxxxxxxxxxxx --- 2018/1 Acad: nnnnnnn 1 - DISSOLUÇÃO MEDIEVAL A cultura humana, não morre subitamente, como um organismo biológico. Um organismo aparece, vive e falece como um todo. A cultura sobrevive através de partes independentes que a compõe. Hábitos, formas de vida, cultura, são partes que integram-se entre si, formando esse todo referenciado e, portanto, não morrem simultaneamente. A Igreja de Roma, dominou a Europa Ocidental durante mil anos, impondo seus dogmas, dominando como única verdade a da fé, como salvação humana. No século XVI, a igreja católica renovou o estilo de seu templo. O monarquismo reorganizou dentro de linhas militares, implantou a escola secundária, correspondente ao ensino médio. Houve a renovação institucional no século XVI, com a adoção de uma nova vida no convento, com a fixação da piedade e oração. Na arquitetura, não se rompeu a ligação entre a construção gótica e a neogótica, ao contrário, fundiram-se e misturaram-se entre o velho e o novo em toda Europa. No século XVII, quando o caráter da Idade Média parecia rompido, seus vestígios se manifestavam nas cidades com vigor até o século XVIII e, somente, a partir das fundações de novas cidades, focando a residência principesca ou a colonização que as instituições pós-medievais iniciaram-se na lógica própria. 2 - O NOVO COMPLEXO URBANO A Europa desenvolveu um novo traço cultural entre os séculos XV e XVIII, tanto na forma, quanto na vida urbana. O novo padrão surgiu de uma nova economia, a do capitalismo mercantilista. Uma nova estrutura política, a oligarquia centralizada, e uma nova forma ideológica simbolizada num Estado nacional. Essas modificações começaram a se tornar mais eficientes a partir do século XVII, antes eram confusas, restringiam-se a uma minoria. A ordem medieval só começou a se romper por causa da corrupção, que separou a religião, o comércio e a política. Com o chegada da Peste Negra que extinguiu quase metade da população, criou-se uma desordem social e fortalecimento dos militares, dos que detinham poder e capital, suprimindo a liberdade acadêmica nas universidades. No entanto, a Peste Negra, caracterizada pela morte, teve em seus efeitos a produção da vida, delineada pela audácia humana de poder tomar e dominar, nos limites da existência. Os piores dos pecados mortais: o orgulho, a exaltação à riqueza, passou a nortear toda a sociedade. Assim assumia a transição da universalidade medieval à igualdade barroca, onde o signo central foi o príncipe e Maquiavel, que apontava pistas tanto para a política quanto para o plano da nova cidade. Surgia, do barroco, novos bairros urbanos, que mais tarde com a predominância hoteleira e de casas de pensão em Londres, é a agonizante exalação vitoriana daquela ordem e poder. 3 - AMPLIDÃO E CLARIFICAÇÃO Com a transição das fases, (Medieval X Barroco), a arquitetura ganhou muito, marcada pelo contraste entre antigo e novo, no modelo de urbanização barroca, surgiu ruelas e becos escuros, incentivadores da criminalidade. Os novos urbanistas procuraram dissolver as tortuosidades das ruas, transformando-as em ruas retas. A visão renascentista trás espaços abertos e clarificações que modificam de forma bela a estrutura da cidade medieval. A visão renascentista, da ênfase na qualidade desprezada, de natureza estética, dos edifícios, com a retidão das ruas, a linha horizontal de tetos, o arco redondo e a repetição de elementos padronizados, cornijas, janelas e colunas, na fachada. Padronização essa, que dariam ar de nobreza às construções. Uma das primeiras ruas construída, nessa nova ordem, em Gênova, a Strada Nuova, projetada por Galeazzo Alessi, mesmo mais larga, ainda era estreita e curta, suas edificações ladeadas por grandes palácios imponentes e dotadas de vastos jardins, a rua continuava estreita e curta. Ao sentirem-se livres para os desenhos da cidade inteira, segundo os princípios da Strada Nuova, dois casos se viram presentes no período. O primeiro que a ordem ainda continuou sendo instrumento de vida e no segundo, a vida tornou-se instrumento da ordem, ou seja, vida e ordem destacaram-se simultaniamente, para a construção na nova ordem. 3 - AMPLIDÃO E CLARIFICAÇÃO Essa nova tradição se viu manifestada por um novo senso de amplidão, claridade e ordem formal e a desorganização anterior, deu lugar a um costume formal, com revestimento de pedras e utilização de degraus, chafarizes esculpidos, estátuas comemorativas herdados do renascimento. Inserido num mundo fechado da crítica especializada de arte e planejamento urbano, essas modificações, da renascença ao barroco, são muitas vezes interpretadas como mudanças de gosto ou de visão estética, no entanto, a verdadeira influência, vem do fato de transformações políticas e econômicas. 4 - TERRITÓRIO E CIDADE A Europa Ocidental, desde o princípio da Idade Média, vinha sendo disputada por dois poderes: o real e o municipal. Ressalta-se que, onde o poder imperial era mais fraco como na Itália, a cidade alcançou sua independência como entidade política, considerando que, mesmo onde era mais forte, o poder não era absoluto. Nesse sentido, a consolidação de Estados feudais e a criação de campos de administração política foram relevantes para o bem-estar da comunidade. Porém a questão era saber se a consolidação deveria estender benefício a uma pequena classe privilegiada, ou ser conseguida por meio a união de cidades e regiões. Assim, as cidades mais poderosas providenciaram a conquista das cidades menores e no intuito de interesse. Na cidade medieval democrática, de característica pequena, havia por fraqueza a ampla divisão do poder e a responsabilidade estabelecia rigorosas exigências de tempo a cada cidadão, havendo rápida rotatividade de cargos e, enquanto a população da cidade permaneceu restrita, o sistema democrático funcionou. 4 - TERRITÓRIO E CIDADE No início da Idade Média os grandes senhores feudais tinham conseguido alimentar seus descendentes, coletar impostos e assegurar um nível moderado de paz e ordem em seus domínios. Entretanto, embora o movimento popular no sentido de controle parlamentar não se mantivesse com grande êxito, o Estado moderno começou a tomar forma no século XIV. A estabilização verificou-se inicialmente na administração financeira e, pouco a pouco foi estendido a todos os outros departamentos do Estado e a transferência de poder foi acompanhada pela ascensão de uma burocracia oficial. Para acomodar essas novas funções burocráticas, necessitou-se de um novo tipo de edificação: o prédio de escritórios, desenhado por Vasari em Florença. Diferente do regime medieval, o poder e a população agora estavam centralizados. As capitais eram situadas em pontos de vantagem para o comércio e defesa militar. A construção de cidades, era um meio de consolidar o poder politico num único centro nacional. 5- INSTRUMENTOS DE COERÇÃO A segurança se baseou no simples fosso e na muralha, defesa suficiente contra os guerreiros assaltantes, que não conduziam instrumentos pesados de ataque. No século XV, a defesa predominava sobre o ataque. Mas, na tentativa de igualar as condições militares, as cidades, foram compelidas a abandonar o seu antigo sistema de muralhas simples, defendidas pela população. Foram forçada a contratar soldados, para que pudessem avançar e dar combate ao inimigo em campo aberto. E, isso demandou novas fortificações, dotadas de ressaltos, bastiões, em forma de pontas de lança. A partir daí, em vez de simples muralha de alvenaria, necessitou-se da criação de um complexo sistema de defesa, que exigia grande conhecimento de engenharia e grandes recursos financeiros. Tais fortificações, difíceis de construir, eram ainda mais difíceis de alterar, a não ser a um preço proibitivo e, ainda, que as antigas muralhas podiam serestendidas, para incluir um subúrbio, não prejudicavam o crescimento e adaptações naturais. Os resultados diretos sobre a própria população foram tão desastrosos quanto os custos das construções. Ao contrário das cidades antigas que eram divididas em quarteirões e praças e depois rodeadas por uma muralha, a nova cidade fortificada era planejada desde o princípio como fortificação, ficando a cidade confinada naquela camisa-de-força. As novas fortificações fizeram afastar-se os subúrbios, jardins e pomares, podendo ser alcançadas apenas pelas classes mais ricas. 5- INSTRUMENTOS DE COERÇÃO Posteriormente, as construções de pedras foram substituídas pelas de madeira, o que foi notado em Londres, para poupar espaço tomado pelas paredes de pedras. A mudança da alvenaria para a estrutura de aço teve lugar na cidade americana no fim do século XIX, pela mesma razão e, a pressão da competição em busca de espaço forçou a valorização das terras nas capitais políticas. No século XVI as práticas dos engenheiros italianos dominaram a construção de cidades. O tratado de Düzer sobre fortificações urbanas empresta apenas ligeira atenção à cidade propriamente dita. Leonardo da Vinci, como Palladio, tratou, em seus cadernos, da cidade propriamente dita, sugerindo a separação de vias para pedestres e artérias de tráfego pesado. 6 - A GUERRA, CONSTRUTORA DE CIDADES O desenvolvimento da arte da fortificação transferiu a ênfase da construção da arquitetura para a engenharia, da estética para os cálculos. Alterou o quadro urbano, das curtas distancias e espaços interrompidos da era medieval, para o mundo largo e desejo de ganhar espaço da politica barroca. A guerra apressou a transformações, fixou o ritmo de desenvolvimento das demais instituições. O exércitos regulares, grandes e poderosos, transformaram a guerra em atividade continua. Na politica dos estados absolutistas, quem financiava o exercito, tornava se senhor da cidade. Os tiros simplificaram a arte de governar, meio rápido de acabar com as confusões. A guerra fez mais que qualquer outra força para alterar a constituição da cidade. A grandeza da cidade, se da pelo numera de habitantes e seu poder. O exército para a guerra permanente, tornou se um novo fator no Estado e na vida da capital. Os quartéis e campos de instrução ocupavam grandes sítios nas capitais. A presença de uma guarnição militar, tornou se um agente construtor de cidades. Um exército permanente é um corpo de consumidores em massa. Em 1740, a população militar de Berlim somava quase ¼ da população. Os soldados são consumidores, necessitam de alojamentos, comida e roupas em grande escala. 7 - A IDEOLOGIA DO PODER Os dois braços desse novo sistema são o exercito e a burocracia. Ambos deveram grande parte da sua influência ao poder da indústria e das finanças capitalistas. A mudança da economia de mercadorias para a economia monetária aumentou os recursos dos estados. Com aluguéis, participação nos resultados da pirataria e privilégios na produção e venda. Esses recursos encheram os cofres do Estado. Aumentar o Estado, aumentava a população sujeita a impostos: população maior, mais renda da terra. O capitalismo trouxe uma mudança em toda estrutura conceptual. A primeira foi a nova configuração de espaço. Um dos triunfos do barroco, foi organizar os espaços, tornado o continuo, estendendo os limites, abrangendo até o remoto. Associou o espaço ao movimento e ao tempo. Com a busca pelo poder financeiro e politico, a noção de limites desapareceu, limites de riqueza, de crescimento populacional, de expansão urbana. O triunfo na vida identificava-se com a expansão. As cidades cresciam; os aluguéis subiam, consumidores multiplicavam-se; impostos aumentavam. Nada foi obra do acaso. LEI – ORDEM – UNIFORMIDADE; são produtos da capital barroca LEI - para assegurar a posição das classes privilegiadas ORDEM – sujeição ao príncipe reinante UNIFORMIDADE – método de regularizar e sistematizar a coleta de impostos 8 - O MOVIMENTO E A AVENIDA A avenida é o símbolo mais importante da cidade barroca. Nem sempre era possível planejar toda a cidade nova no estilo barroco, mas o traçados de algumas novas avenidas de um bairro, seu caráter podia ser redefinido. Na evolução linear da planta da cidade , os veículos de rodas desempenharam papel critico. Facilitou o trafego e os transportes. Foi durante o século XVI que os carros e carroças tiveram uso mais generalizado dentro das cidades A introdução dos veículos de roda sofreu resistência, assim como a estrada de ferro, séculos depois. As ruas da cidade medieval, não eram adaptadas em tamanho e articulação , a esse tipo de tráfego. Acentuando as exigências do trafego sobrea rodas, se revelou a necessidade de avenidas para a movimentação militar. Distinguia entre ruas principais e secundarias. A primeira dava o nome de ruas militares: requeria que fosse retas e planas, para manter o alinhamento do batalhão. Para alcançar a máxima aparência de ordem e poder, é necessário dar a tropa, uma praça aberta ou uma avenida longa e sem interrupções. Os urbanistas tinham as necessidades do exército sempre em vista. 8 - O MOVIMENTO E A AVENIDA Os novos urbanistas tinham as necessidades do exército sempre em vista. A avenida militar distinguia-se da não militar, passava pelo centro da cidade e levava de uma cidade a outra, e servem ao uso comum de todos os passantes, para dirigir carros ou passar exércitos em marcha.. O tráfego militar foi fator determinante do novo planejamento das cidades. Na cidade medieval as classes superiores e inferiores tinham-se amontoado juntas na rua. Os ricos podiam andar a cavalo, mas tinham que esperar o pobre sair do caminho. Com as novas largas avenidas, a dissociação entre classes toma forma na cidade. Os ricos circulam no eixo da grande avenida, os pobres afastados do centro, uma faixa especial é destinada ao pedestre comum, a calçada. Possuir cavalo e carruagem era sinal de êxito comercial e social. Os estábulos invadiram os bairros pobres, levando para lá, o odor de palha e esterco.
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