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HABEAS CORPUS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARA.
Autos nºxxxxxxx
DIOGO RAFAEL MARAFIGA, advogado, inscrito junto à OAB/XX sob o nº XXXX, com escritório profissional situado em: (endereço no rodapé da página), endereço eletrônico thebestadvogados@xxxmail.com, ora IMPETRANTE, vem em favor de, JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, ora PACIENTE, brasileiro, político representante do legislativo municipal, portador do RG número XX. XXX. XXX-X, SSP-CE e inscrito no CPF sob o número xxx. Xxx. Xxx-xx, residente e domiciliado em xxxx, xxxx – CEP xx. Xxx-xxx, xxx/ Cidade de Conceição do Agreste (CE), com fundamento nos artigos 647 e 648, I, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição da República, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência IMPETRAR o presente:
HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR
Em face de ato praticado pelo MM Juiz de Direito da XX Vara Criminal do foro da comarca de conceição do Agreste (CE), haja vista não haver embasamento legal para a manutenção da sua prisão preventiva, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos:
DOS FATOS:
Ocorre que, no dia 03 de fevereiro de 2018, o Delegado de Polícia do Município, Dr. João Rajão, recebeu em seu gabinete o Sr. Paulo Matos, empresário, sócio de uma empresa interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores. Imediatamente, o Sr. Paulo relatou ao Delegado que, naquela data, o Vereador João Santos, o João do Açougue, que exerce, atualmente, a função de Presidente da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, junto aos vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da mesma Comissão, haviam exigido de Paulo o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar do referido procedimento licitatório, que estava agendado para o dia seguinte. A vítima estava bastante nervosa e apreensiva com tal exigência, uma vez que sua empresa preenchia todos os requisitos legais para participar da referida concorrência, que era fundamental, inclusive, para a manutenção de seu negócio. Deste modo, não titubeou em procurar a polícia e relatar todo o ocorrido. Após ouvir atentamente a narrativa de Paulo, o Delegado João, visando prender todos os envolvidos em flagrante delito, orientou Paulo a sacar o dinheiro e combinar com os vereadores a entrega da quantia na própria sessão de realização da licitação, oportunidade em que uma equipe de policiais disfarçados estaria presente para efetuar a prisão dos envolvidos. Assim, no dia seguinte, no horário e local designados para a realização da concorrência pública, os policiais, que esperavam o ato, realizaram a prisão em flagrante dos vereadores João do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário, no momento em que estes conferiam o valor entregue por Paulo.
Ocorre que, por ironia do destino, o paciente, na qualidade de Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, resolveu, naquele exato dia, assistir à Sessão da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara para verificar se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz.
Desta forma, mesmo sem ter ciência de nenhum dos fatos aqui narrados, estava presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial e acabou também preso em flagrante, acusado de participar do esquema criminoso.
Apresentados ao Delegado João Rajão, este lavrou o respectivo auto de prisão em flagrante delito da forma estabelecida na legislação pátria (pela prática do delito de corrupção passiva, previsto no artigo 317, do Código Penal) e o encaminhou ao Juiz competente no prazo devido. Comunicada a Autoridade Judiciária, esta determinou a apresentação dos presos, em audiência de custódia, a ser realizada no dia seguinte à prisão.
Na data e no horário designados, os réus foram representados pelo Procurador da Câmara dos Vereadores, que requereu a liberdade deles, com a decretação de medidas cautelares diversas da prisão.
Entretanto, o MM. Juiz, acatando o pedido do Ministério Público de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, decretou a prisão preventiva de todos, nos termos do art. 310, II, c/c art. 312, c/c art. 313, I, todos do CPP, para garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade e a repercussão do crime.
DOS FUNDAMENTOS:
Preliminarmente:
A respeito da situação do flagrante, a que se analisar, em que nenhum momento o requerente encontrava-se em situação de flagrância correspondente a pratica delituosa, em analise do objeto da conversão em prisão preventiva.
Conforme a legislação processual penal vigente ocorre flagrante quando:
Art.302.Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Ainda em que pese, conforme narrativa, apresentada a autoridade policial, o denunciante, foi bem claro ao mencionar quais agentes públicos, lhe solicitaram, a vantagem indevida, não mencionando em nenhum momento, a pessoa do requerente, e que mesmo a autoridade policial que efetuou a prisão, conforme seu relato, não configura tal situação de flagrante delito o simples fato do requerente estar na mesma edificação que os demais denunciados, pois ali ele desempenha suas atividades funcionais, e não ter o mesmo sido encontrado em alguma das situações previstas no artigo 302 do CPP.
Habeas corpus e pedido liminar:
O habeas corpus caracteriza-se por ser uma ação de impugnação autônoma, de natureza mandamental e de cognição sumária, também não submetida a prazos, destinada a garantir a proteção da liberdade de locomoção dos cidadãos, em casos de atos abusivos do Estado.
Será cabível sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, não se limitando aos casos de prisão, conforme leciona o artigo 5º, LXVIII, CRFB/88 e artigo 647 do Código de processo penal, como segue respectivamente:
Art 5º (...) - LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
As hipóteses de coação ilegal, isto é, quando o ato estatal é desprovido de amparo legal, estão previstas no art. 648, do CPP, como segue:
Art.648.A coação considerar-se-á ilegal:
I-quando não houver justa causa;
II-quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III-quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV-quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V-quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI-quando o processo for manifestamente nulo;
VII-quando extinta a punibilidade.
No caso ora em análise, e notável a falta de justa causa que justifique a medida adotada, qual seja, prisão preventiva
Por se tratar de um dos mecanismos mais eficazes de defesa e proteção dos direitos individuais, deve ter procedimento célere. Assim, há a possibilidade de uma medida liminar, de natureza cautelar, que permite ao órgão jurisdicional uma intervenção imediata, fundada na verossimilhança da ilegalidade do ato (fumus boni iuris) e no perigo derivado do dano inerente à demora da prestação jurisdicional ordinária (periculum in mora).
Da ilegalidade e revogação da prisão:
Em casos de ilegalidade, uma vez não preenchidos requisitos legais que justifiquem o mantimento da prisão, deverá a autoridade judiciária agir em caos de prisão em flagrante e prisão preventiva, conforme mandamentoconstitucional e legislação processual aplicando-se a cada caso como segue respectivamente:
Art 5º CRFB (...) - LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
Art 319 CPP - O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
DOS PEDIDOS
Por todas estas razões elencadas:
Diante do exposto, em face da verdadeira coação ilegal, de que é vítima o paciente, vem requerer, seja concedida a ordem impetrada, decretando-se:
 a) Medida LIMINAR, ante a existência de fumus boni iuris e periculum in mora, determinando a RELAXAMENTO DA PRISÃO, do paciente, com a imediata expedição de ALVARÁ DE SOLTURA em favor do paciente.
b) oficializar a autoridade coatora para prestar as informações de praxe, com posterior remessa dos autos à Procuradoria-Geral de Justiça como regular prosseguimento do feito;
c) conhecer o pedido de HABEAS CORPUS, para conceder o pedido de julgado do feito, tornando definitivos os efeitos da liminar concedida.
Segue em anexo rol de documentos.
Termos em que, pede deferimento.
(Local), 06 de Fevereiro de 2018.
Advogado/OAB/XX Nº xxx. Xxx
Documentos em anexo:
Comprovante de residência;
Cópia autenticada de RG e CPF
Certidão de antecedentes criminais; 
Comprovante de trabalho;
Cópia integral do auto de prisão em flagrante delito;
Cópia integral da ata da audiência de custódia.
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