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Psicologia Médica A1 - FCMSJF

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Lucas Silva 5º Período – MEDICINA FCMSJF 
A1 
PSICOLOGIA MÉDICA II 
 PSICOSSOMÁTICA 
- Psico – mente - Soma = alma-corpo 
- Exprime o conceito aristotélico de unidade hilemórfica (matéria=corpo, forma=alma) que é o 
homem. 
- Toda perturbação somática, que comporta no seu determinismo um fator psicológico 
intervindo de modo essencial à gênese da doença. 
- É um estudo das relações mente corpo com ênfase na explicação da patologia somática, uma 
proposta de assistência integral e uma transcrição para a linguagem psicológica. 
- É uma ciência interdisciplinar que estuda os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre 
processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas. 
- Houve uma generalização associando/potenciando a psicossomática para todas as doenças. 
Quando Freud, recomendou que todo médico além de sua especialidade deveria ser treinado 
em psicanálise. Para ter uma melhor arquitetura da psicossomática frente as doenças que 
realmente possuem associação. Como exemplo: 
 - Úlcera péptica; HAS; Enxaqueca; Disfunções sexuais. 
- Observe-se também que o surgimento dos sintomas psicossomáticos dependem e variam 
com pelo menos três fatores interdependentes. 
 I) Qualidade de Vida = incluindo hábitos alimentarias, atividade física, sedentarismo 
 II) Herança genética = predispões a desenvolverem certas patologias 
 III) Fatores Psicoafetivos = como maneja as emoções, traumas, rejeição, inclusão culpa 
A) Fenômeno psicossomático: 
- Disfunção do corpo biológico em consequência de uma falha na organização 
pulsional da ordem da falha na inscrição representativa. 
 B) Psicossomática na Infância: 
 - Imunidade: Alergia, asma brônquica, doenças auto imunes (colite ulcerativa, lúpus, 
miastenia) 
 - Doenças de pele: psoríase, urticária, vitiligo, herpes. 
 - Cardiologia: transtornos no ritmo, HAS. 
 - Oncologia 
 - Clínica médica: fadiga crônica, fibromialgia, dores nas costas 
 - Aparelho digestivo: úlcera, retocolite ulcerativa, doença de crohn 
 
 
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A - O PRIMEIRO ANO DE VIDA 
 
A.1) POR MAHLER 
(psiquiatra e psicanalista 1900-985) : 
 - ela classifica como três fases distintas: 
 I) Fase Autística Normal (Narcisismo primário absoluto) 
 - primeiras semanas que sucedem o nascimento 
 - alternância em sonolência e satisfação de necessidades 
 - condição de homeostase na vida extrauterina 
 II) Fase Simbiótica 
- Fim do primeiro mês e início do segundo 
- Fusão do bebe com a mãe (percebe o seio como prolongamento do seu corpo) 
- Porém ao decorrer percebe a mãe como um todo: 
 - Exterior/ Interior, Eu/Não Eu 
- Através de estímulos externos da mãe. A criança começa a perceber e ter consciência do 
seu próprio corpo (toque, troca de olhares, palavras da mãe = origem das respostas 
orgânicas e assim, traços MNÊMICOS) 
*** PARA SPITZ – INICIO da vivência de um princípio de realidade e frustrações. 
III) Fase separação-individuação 
- Por volta do 4º e 5º mês 
- Saída da condição fusional com a mãe, 
- Passa assumir características individuais 
- *** Por volta do 6º mês = se define separado, passa a explorar de forma manual, táteis e 
visuais. 
- 8º mês = reconhecimento de traços da mãe 
 
 
 
 
 
 
 
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A.2) WINNICOTT 
Para Winnicott a criança nasce indefesa. É um ser desintegrado, que percebe de maneira 
desorganizada os diferentes estímulos provenientes do exterior . O bebê nasce também com 
uma tendência para o desenvolvimento. A tarefa da mãe é oferecer um suporte adequado 
para que as condições inatas alcancem um desenvolvimento ótimo. 
I) Holding = acolhimento da mãe 
II) A preocupação materna primária (PROVA)= É uma identificação/empatia com seu bebê e 
esse estado de hipersensibilidade da mãe para com que entender o que bebê está dizendo. 
Esse estado por deixa-la com visões distorcidas, levando a um estado de regressão. 
 - Capacidade da mãe e identificar, no momento certo, através de uma sintonia sutil que 
estabelece com o bebê, as necessidades vitais dele. Ela passa a sentir o que ele sente e precisa. 
*** Objeto transicional: Proporciona à criança segurança e alívio na vivência da angústia e 
separação da mãe). Ou seja é algo que não está definitivamente nem dentro e nem fora da 
criança, servirá para que o sujeito possa experimentar com essas situações, e para ir 
demarcando seus próprios limites mentais em relação ao externo e ao interno. 
 - Mãe usa algo proporciona a criança algo/alívio a vivência da angústia e separação da 
mãe, como: ( fralda, boneco, algo que ela se sinta acolhida na sua ausência) 
*** Quando ela não pode exercer essa função ela passa a tomar atitude médico-primária 
III) O sentimento contínuo de existir = Para poder cuidar/acolher seu filho 
IV) O Campo da ilusão 
V) Saber estar ausente 
VI) A desilusão = princípio de realidade e fim da simbiose 
VII) A tendência anti-social 
A.3) SPITZ 
- Organizadores 
- Sorriso (3 mês) – A criança responde com sorriso a estímulos/faces mesmo que não 
compreenda o que representa. 
- Angústia (8 mês) - A não satisfação de seus desejos começa a ser compreendida, ou 
estranheza. 
- A possibilidade de dizer ‘’NÃO’’ (final do 2º ano) : A primeira representação da lei. Consolida 
a criança como indivíduo. 
I) INÍCIO DA VIDA PSÍQUICA: 
 - marcado pela fantasia do bebê de a mãe ser um prolongamento de si mesmo e aos poucos a 
mãe tem que permitir a individuação. 
 
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II) MEIO DE COMUNICAÇÃO MÃE BEBÊ: 
 - Inicialmente, é via corporal. Pouco a pouco isso é substituído pela linguagem, por 
representações. 
III) FRACASSOS: 
- Qualquer fracasso nesse processo vai comprometer a capacidade da criança interagir e 
reconhecer seus e o seu corpo, os seus pensamentos, os seus afetos. 
 
A.4) NARCISISMO 
O bebê irá explorar seu próprio corpo, conhecer os seus vários componentes, sentir emoções, 
estimular o ambiente social e ser estimulado por ele, e assim, irá desenvolver a base do seu 
autoconceito. Este auto conceito está alicerceado no esquema corporal, isto é, na ideia que a 
criança forma de seu próprio corpo. 
I) PRIMEIRA FASE: 
- Um investimento libidinal (das pulsões sexuais) do sujeito sobre si mesmo. Auto 
erotismo 
 II) SEGUNDA FASE: 
 - A libido para a ser também investida em objetos externos ao sujeito 
 
A.5) NOÇÃO DE PULSÃO 
Trata-se de uma força, de um impulso, que tem como finalidade a satisfação, para que o 
aparelho psíquico reduza ao nível mais baixo possível a quantidade de estímulos (energias e 
excitações). 
 - Um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático. O representante psíquico dos 
estímulos que se originam de dentro do organismo e alcançam a mente. FREUD 1915 
I) PULSÃO DE VIDA (ou Eros): 
 - A libido, prolongamento vital, está presente desde o início da vida. Se manifesta sob várias 
formas, como na sobrevivência da espécie. (reprodução, sexualidade) e com a 
autoconservação (necessidades fisiológicas). 
II) PULSÃO DE MORTE (ou Tanatos): 
 - Aparece sob a forma de agressividade e destrutividade, impulsionando para um estado de 
inércia total. 
* Pulsão de vida + Pulsão de morte = todos temos que ter um equilíbrio entre elas. 
 
 
 
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A.6) ALEXITIMIA: 
 - Ausência de palavras para exprimir as emoções (descarga emocional). 
 - Incapacidade em reconhecer, identificar e exprimir suas próprias emoções. 
 - Limitação da vida imaginária (pessoa mais racional) . 
 - Tendência em recorrer àação para resolver os conflitos (agredir o outro); 
- Descrição detalhada dos fatos, acontecimentos ou sintomas físicos. (Mas não quer falar sobre 
sentimentos). 
 
A.7) PIERRE MARTY: 
- Pensamento Operatório: Modalidade de pensamento psíquico regressivo em momentos de 
estresse. 
 - Pacientes ‘iletrados emocionalmente’. 
 - Empobrecimento afetivo do pensamento: Ausência quase absoluta de sonhos, sintomas 
neuróticos, de lapsos , devaneios ou atividades criativas. Utilização empobrecida da linguagem, 
com uma aderência ao factual, e à realidade material 
 A) NEUROSES DE CARÁTER SUFICIENTEMENTE ESTRUTURADAS: 
 - Menor capacidade de elaboração mental 
 - Mecanismos de defasas mentais para conter angústia 
 - Certa Rigidez nos modelos de pensamentos e relação com os outros, mas uma 
 Maior resistência às doenças físicas. 
 B) NEUROSES DE CARÁTER MAL ESTRUTURADAS E NEUROSES DE COMPORTAMENTO: 
 - Importante dificuldades de elaboração mental de conflitos 
 - Recurso sistemático ao agir para descarregar tensões emocionais 
 - Nítida vulnerabilidade somática (presa fácil da violência instintiva) 
 
NOÇÕES DE ESTRUTURAS CLÍNICAS 
A) Da psiquiatria à psicanálise 
- Início: psiquiatria empírica: agrupamento de fenômenos percebidos e classificação em função 
de suas analogias e diferenças. 
 
 
 
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B) ESTRUTURA DA PERSONALIDADE 
- Hipótese Topográfica: 
 I) Consciente: Racional, está em permanente interação dinâmica com as demais instâncias 
psíquicas, regido pelo princípio de realidade. 
 II) Pré Consciente: 
 III) Inconsciente: Contém reproduções de antigas percepções. Os conteúdos dos Ics, as 
representações de coisa, só se tornarão consciente quando se ligarem as representações de 
palavras que lhe correspondem. Princípio do prazer. 
 - Não contradição; ausência de negativa; atemporalidade. 
- Hipótese Estrutural: 
 I) Id: Polo pulsional, desejos, inconsciente, funcionando segundo a satisfação imediata das 
necessidades e o apaziguamento das tensões. Maior parte da personalidade. É composto por 
energias (pulsões) determinantes de desejos e anseios que não reconhecem normas sociais 
estabelecidas. As energias do id buscam a satisfação corpórea do organismo sem respeitar as 
convenções. 
 II) Ego: Nasce do Id. Parte consciente e racional através do princípio da realidade. Se forma a 
partir de introjeções e identificações. É a sede dos mecanismos de defesa e a instância 
responsável por assegurar o equilíbrio psíquico. Parte da personalidade especializada em 
manter o contato com o ambiente ao redor do indivíduo, de tal forma que é a porção visível de 
cada um de nós sujeita as regras e pressões sociais a fim de que se encontre um equilíbrio do 
‘’eu’’ com o que rodeia.Mecanismo de defesa. 
III) Superego: Parte que resulta da introjeção de normas externas e padrões morais. Complexo 
de Edipo. Resulta na introdução de normas e os padrões morais. Desejo que não pode ser 
realizado pelas regras sociais. Uma entidade que serve de depósito as normas e princípios que 
norteiam o grupo social ao qual o indivíduo pertence. Aqui entram a cultura, as leis e normas 
representadas, inicialmente, pela família e, posteriormente, internalizadas pelo ser humano. 
OU SEJA, 
 As pulsões determinantes de desejo do id precisam chegar ao ego para que este possa 
suprimi-los. No entanto, a vasta maioria das energias do ID não alcança o nível do ego porque 
são impedidas pelo superego sem que o indivíduo se dê conta das pressões. 
 As barreiras morais internalizadas do superego subjugam as pulsões protegendo o ego e 
tornando possível o convívio em sociedade. 
 Toda energia dos impulsos subjugada pelo superego fica armazenada no que FREUD definiu 
como inconsciente. 
**** O que conhecemos como personalidade é apenas ‘’a ponta do iceberg’’ de um 
emaranhado de impulsos reprimidos que vive no inconsciente, podendo emergir ao nível de 
nossas ações, escolhas e pensamentos sob a forma de: NEUROSES, SONHOS, SUBLIMAÇÃO. 
 
 
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1. PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO 
A) As etapas do desenvolvimento: 
 I) A NOÇÃO DE FASE: 
 - É a função da evolução da libido, segundo uma zona erógena em torno da qual se 
encontra preferencialmente centrada, em determinados momentos de sua evolução. 
 - Não correspondem a uma realidade biológica ou psicológica constante. 
 II) A NOÇÃO DE FIXAÇÃO 
 - Corresponde a interrupção do desenvolvimento em uma das fases ou em um dos 
momentos organizadores da evolução. 
III) NOÇÃO DE REGRESSÃO: 
 - Corresponde ao abandono de certas capacidades adquiridas e ao retorno a modos de 
funcionamento mais elementares. 
IV) NOÇÃO DE TRAUMA 
 - Ocorre quando o aparelho psíquico é suplantado por um afluxo de estímulos que n ão 
pode conter, organizar e dominar. 
 - Pode contribuir para criar pontos de fixação e favorecer regressões posteriores 
 - Afluxo de excitações por ocorrer por excesso ou pela falta de estímulos 
 
2. A FASE ORAL 
Esta primeira fase tem na boca o instrumento de realização sexual. Isto advém da maior evidência 
da região bucal ao nascermos, quando passamos a receber a nutrição via amamentação. Durante a 
fase oral, a criança entra em contato com o mundo exterior por meio da boca e constrói alguns 
traços de personalidade relacionados à mãe. Como não consegue distinguir o mundo que a 
rodeia — a mãe e os cuidados que ela fornece — do seu “eu”, a criança atribui a si mesma as ações 
que são dirigidas a ela. Dependendo das experiências que vive através da boca, o indivíduo começa 
a construir uma auto-imagem mais ou menos positiva ou negativa. 
- Fonte corporal das excitações pulsionais se dá na região bucal. 
- Impulsos próprios: Sugar, engolir, cuspir, vomitar, morder. 
- Atividade mais importante: amamentação. 
- Seio-boca: vínculo mãe-bebê 
- O primeiro objeto: a mãe 
- O desmame. 
 
 
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OS DOIS PRIMEIROS ANOS 
 Meios de interação entre a criança e o ambiente 
- Os cuidados corporais; 
- O jogo/ brincar; 
- Fenômenos transicionais (objetos transicional) 
- A palavra mãe 
- Aquisição da linguagem 
3. A FASE ANAL 
Aqui, o controle da atividade excretória do ânus surge, conforme os pais treinam a criança a 
defecar em hora e lugar apropriados. Desloca-se a libido para a região anal e as experiências 
dessa fase despertam no indivíduo noções de disciplina, organização e obsessão pela 
dominação. Cunha adverte que as vivências das crianças com os adultos não produzem 
automaticamente o caráter dos filhos, uma vez que o fator decisivo é o modo como o 
indivíduo percebe subjetivamente o mundo, não o mundo por si mesmo. 
Por volta do segundo ao terceiro ano de vida , a criança já possui uma série de funções que lhe 
permitem um afastamento relativo e progressivo dos pais. 
 - Fatos importante: Andar, falar, controle dos esfíncteres. 
 - Zona erógena: região anal 
 - Função vital importante: excreção das fezes 
 - Defecação: modo de controle motor geral, sensações de domínio, prazer na expulsão ou 
retenção. 
 - Bolo fecal: valor de troca entre a criança e o mundo externo. 
I) Características importantes: 
 - Busca de autonomia, 
 - Agressividade intencional, 
 - Formação das noções de tempo e espaço, 
 - Formação das noções de ordem, higiene e limpeza 
 - Controle e manipulação 
 
 
 
 
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4. FASE FÁLICA 
A terceira fase, as pulsões sexuais na fase fálica seconcentram pela primeira vez nos órgãos 
genitais, no que se assemelha à maturidade sexual (fase genital). Nas palavras de Freud, 
“[e]ssa fase, onde se encontra um objeto sexual e uma certa convergência das tendências 
sexuais sobre esse objeto, mas que se diferencia num ponto essencial da organização 
definitiva por ocasião da maturidade sexual: com efeito, ela apenas conhece uma única 
espécie de órgão genital, o órgão masculino[…]. Segundo Abraham (1924), seu protótipo 
biológico é a disposição genital indiferenciada do embrião, idêntica para ambos os sexos.” 
Freud argumenta que, nesta fase, meninos e meninas estão preocupados com a distinção 
fálico/castrado. Eles descobrem as diferenças anatômicas entre os sexos com muita ansiedade, 
no sentido de que as meninas passam a sentir inveja do órgão masculino e, os meninos, 
convivem com o medo da castração (fato gerador do conflito de Édipo), pois imaginam que o 
pênis da menina foi cortado. O próprio Freud reconheceu que as conclusões a respeito da 
situação feminina na fase fálica tiveram pouco espaço na formulação das teorias psicanalíticas, 
a despeito de a situação vivenciada pelos meninos ter se difundido. 
Falo: é um símbolo, que denota fantasia sobre a posse de uma unidade e de uma potência do 
ser. 
- Por volta do terceiro ao quinto/sexto ano de vida os órgãos genitais serão alvo da 
concentração energética. 
- Curiosidades com relação à sexualidade 
- Exibicionismo 
- A percepção da diferença 
- Angústia de castração 
- Complexo de Édipo 
I) NA MENINA 
- 1º Momento: investimento libidinal ou amor pela mãe -> ódio pelo pai 
- 2º Momento: Descoberta da diferença sexual -> verificação, constatação, 
castração 
- 3º Momento: Ressignificação da relação sexual com a mãe: Devastação. 
- 4º Momento: Mudança do objeto de amor: mãe -> pai 
 
• Segundo a mitologia grega, Electra teria ordenado a morte da própria mãe, 
após descobrir que esta mandou assassinar seu pai. 
 
 
 
 
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 II) NO MENINO 
 - 1º Momento: Investimento libidinal ou amor pela mãe -> ódio pelo pai 
 - 2º Momento: Descoberta da diferença sexual ameaça de castração. 
 - 3º Momento: Sepultamento do complexo de Édipo - > Latência 
 * Édipo o Rei assassinou seu pai e casou com a própria mãe (Jocasta) com quem 
 se casou e teve 4 filhos. Posteriormente sua mãe suicidou e Édipo teve os dois 
olhos furados. 
 
5. COMPLEXO DE ÉDIPO 
- O menino tem forte ligação afetiva com a mãe desde a fase oral, quando passa a obter prazer 
libidinal pelo manuseio do seu instrumento sexual recém-descoberto. Para Freud, isto implica que 
o menino quer retribuir os cuidados da mãe usando o órgão pelo qual obtém prazer. Quanto à 
(i)moralidade do incesto, podemos dizer que o superego nesta fase ainda não possui bases sólidas 
e que, por conseguinte, as normas sociais não foram plenamente internalizadas pelo menino, o que 
deixa o ego mais vulnerável às ambições do id. 
Configura-se um triângulo no qual um ente se coloca no caminho da relação incestuosa entre o 
filho e a mãe: a figura paterna. O menino desenvolve um sentimento em relação ao pai que Freud 
não hesitou chamar de “ódio”. Salienta-se que a ausência do pai na família deve ser interpretada 
com exceção, ao invés de uma invalidez da teoria. A primeira se refere estritamente ao pai 
biológico ou adotivo; a segunda remete a qualquer indivíduo que exerça a figura paterna como 
dominador e provedor. 
Por outro lado, a menina, ao descobrir a ausência de um pênis, se sente inferior e culpa a mãe por 
sua tragédia, nutrindo por esta o sentimento de ódio. 
 
6. DECLÍNIO, SUPERAÇÃO, DO COMPLEXO 
EDIPIANO 
O pai impõe sobre o menino a ameaça de castração que o impede de satisfazer suas energias 
sexuais com a mãe. Com isso, vêm a profunda ansiedade e a dualidade de amar e odiar e figura 
paterna simultaneamente. Justamente por sentir ódio pelo pai, o menino passa a temer um castigo 
paterno como retribuição pelos sentimentos negativos dirigidos ao pai. 
Com o tempo, o conflito entre o interesse narcisista no pênis e a ameaça de castração vinda do 
desejo libidinal conhece um vencedor: o órgão sexual. O ego do menino o defende da castração, 
desviando sua consciência do complexo de Édipo por intermédio do incremento do amor dirigido 
ao pai, com quem a criança começa a se identificar. O mesmo se passa no relacionamento 
 
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menina/mãe, no qual a identificação com a mãe afasta o sentimento de ódio. Este processo é de 
suma importância para a sociedade, pois meninos e meninas, identificados com adultos do mesmo 
sexo, desempenhariam funções sexuais compatíveis com o socialmente “desejável”. 
Porém, o conflito edipiano não é totalmente destruído, como seria o ideal nunca atingido. Ele 
submerge enquanto o desenvolvimento caminha para o período de latência. Os efeitos do 
superego (como a aversão ao incesto) começam a se fazer sentir na criança quando ela consegue 
reprimir a libido fálica, e tal repressão do id no inconsciente, tal deslocamento da energia psíquica, 
provocará efeitos patológicos mais tarde, na puberdade. 
7. PERÍODO LATENTE 
A superação (ou repressão) dos sentimentos de ódio movidos contra pai (no caso dos 
meninos) e mãe (no caso das meninas) leva a criança ao quarto estágio de desenvolvimento 
psicossexual freudiano. A libido, que antes se concentrava em regiões específicas do corpo 
(mais de uma delas simultaneamente, inclusive), agora inclina o indivíduo ao contato com o 
ambiente ao seu redor. Isto ocorre porque a criança é inserida no contexto de aprendizado 
escolar, jogos, brincadeiras, esportes e tarefas escolares. 
Temos o mecanismo da sublimação integrado à rotina da infância com a canalização da 
libido reprimida para fins socialmente condizentes. “A criança sente-se atraída para certo 
brinquedo, uma matéria escolar, uma atividade física, podendo inclusive destacar-se em um 
desses campos, dada a concentração de energia que ali se forma”, explica Cunha. O 
aproveitamento da libido determina o fenômeno da aprendizagem. 
O cenário muda no início da puberdade. Agora, o desenvolvimento biológico da região 
genital retorna a atenção da libido em direção aos desejos infantis reprimidos no fim da 
fase fálica. 
8. CARÁTER 
‘’O conjunto de disposições e atitudes que comandam a maneira de ser e de reagir do 
indivíduo nas suas relações com o mundo exterior e com ele mesmo’’ 
- Formado por: 
 - Características ligadas às modalidades relacionais próprias a certos estágios da evolução 
(oral, anal, fálico). 
 - Mecanismos de defesa do ego para organizar seus conflitos 
 - O complexo de Édipo: uma organização central e alicerce da personalidade humana. 
(finaliza o processo de desejo e defesa) (?) 
 - O complexo de Édipo: Constitui o núcleo inconsciente de todas as neuroses e psicoses. 
Através da relação mãe filho e introjeção do pai que vai caracterizar esse núcleo. 
 
 
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 - Corresponde aos três modos de negação da castração : 
 I) O Recalque (guarda no inconsciente) 
 II) A foraclusão - Excluir as normas, fazer com que não exista. 
 III) Recusa – Sabe que tem, mas mesmo assim transgride as normas 
 - Estruturas Clínicas 
 A) NEUROSE – Deseja algo (ex: matar) mas guarda no inconsciente. 
 B) PSICOSE – Não tem superego (céu aberto). Vai e faz sem pensar (Foraclusão). Ex: 
Esquizofrênico. 
 C) PERVERSÃO- Sabe da lei mas vai lá e esconde o corpo. Transgride (Recusa). 
 
9. NEUROSE 
- Afecção psicogênica em que ossintomas são a expressão simbólica de um conflito psíquico 
que tem raízes na história infantil da pessoa e constitui compromissos entre o desejo e a 
defesa. 
- Mecanismo de defesa: Repressão ou recalque. 
- Angústia: Castração (complexo de édipo) 
- Instância predominante: Superego 
- Conflito básico é entre as pulsões do ID e SUPEREGO e se desenrola no interior do EGO. 
- Ruptura com a realidade: Não ocorre ou se dá de forma superficial, (fantasia) 
- Comportamento: dentro dos limites do razoável. O neurótico é capaz de controlar seus atos. 
- Para FREUD não há diferença entre o homem são e o homem neurótico. 
- A diferença entre o neurótico são e o doente é a intensidade das pulsões, do conflito, das 
defesas. 
 I) TIPOS: 
 A) HISTERIA 
 B) NEUROSE OBSESSIVA COMPULSIVA 
 C) FOBIA 
 
 
 
 
 
 
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10. PSICOSE 
- Foraclusão (céu aberto) ou recusa – algo que deveria ter operado e não operou em um 
tempo hábil. 
- Incidência do desejo da mãe sem a mediação do Nome do Pai 
- Desorganização psíquica, onde faz falta um termo central, de referência (sem noção de 
limite) 
- Angústia principal: Fragmentação ou despedaçamento (alucinações ou dissociação dele) 
- Instância predominante: ID (Pulsões) 
- Relação de objeto: Fusional (não acontece separação) 
- O ego e a realidade: Alucinação e delírio 
- Esquizofrenia, melancolia e paranoia. 
- Não faz laço social. 
- O conflito básico é entre o EGO e o mundo exterior. 
- Ruptura com a realidade; Ao regredir ao estado de narcisismo primário, o EGO do psicótico se 
rompe e o sujeito se separa da realidade. 
- Pensamento: É absurdo, irracional. 
- Comportamento: Caracteriza-se por impulsos incontroláveis, destrutivos e anti-sociais. 
 I) TIPOS: 
 A) AS ESQUIZOFRENIAS (simples, hebefrênica, catatônica, paranoide) 
 B) Transtorno Bipolar, 
 C) Melancolia, 
 D) Autismo (transtorno de desenvolvimento) 
 
11. PERVERSÃO 
- Reconhece e nega a castração 
- ‘’Sei, mas mesmo assim...’’ 
- Sexualidade substituída por um dos componentes da sexualidade infantil (pedofilia, 
sadomasoquista) 
- Transtornos sexuais 
- Transtornos de personalidade anti-social 
 
 
 
 
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12. NORMAL X PATOLÓGICO 
- Fenômenos patológicos = variações de intensidade de seus correlatos fisiológicos. 
- Corpo são -> Equilíbrio Homeostático 
- Quebra da Homeostasia -> Alteração patológica. 
- Noção sociocultural da mente: funcionamento mental tem origem nos processos sociais: 
 (1º mãe; 2º pai; 3ºoutros) 
- O anormal é uma relação: ele só existe na e pela relação com o normal. Normal e anormal 
são, portanto, termos inseparáveis. E é por isso que é tão difícil definir a loucura em si mesma. 
- As psicopatologias devem ser então entendidas como diferentes regimes de funcionamento 
psíquico, diferentes formas de lidar com o real da castração. 
 - A neurose e a psicose não são desvio ou afastamento da regra, por isso o esforço de LACAN 
em demonstrar que são sujeitos que agem conforme regras de funcionamento mental

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