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1 Lucas Silva 5º Período – MEDICINA FCMSJF A1 PSICOLOGIA MÉDICA II PSICOSSOMÁTICA - Psico – mente - Soma = alma-corpo - Exprime o conceito aristotélico de unidade hilemórfica (matéria=corpo, forma=alma) que é o homem. - Toda perturbação somática, que comporta no seu determinismo um fator psicológico intervindo de modo essencial à gênese da doença. - É um estudo das relações mente corpo com ênfase na explicação da patologia somática, uma proposta de assistência integral e uma transcrição para a linguagem psicológica. - É uma ciência interdisciplinar que estuda os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas. - Houve uma generalização associando/potenciando a psicossomática para todas as doenças. Quando Freud, recomendou que todo médico além de sua especialidade deveria ser treinado em psicanálise. Para ter uma melhor arquitetura da psicossomática frente as doenças que realmente possuem associação. Como exemplo: - Úlcera péptica; HAS; Enxaqueca; Disfunções sexuais. - Observe-se também que o surgimento dos sintomas psicossomáticos dependem e variam com pelo menos três fatores interdependentes. I) Qualidade de Vida = incluindo hábitos alimentarias, atividade física, sedentarismo II) Herança genética = predispões a desenvolverem certas patologias III) Fatores Psicoafetivos = como maneja as emoções, traumas, rejeição, inclusão culpa A) Fenômeno psicossomático: - Disfunção do corpo biológico em consequência de uma falha na organização pulsional da ordem da falha na inscrição representativa. B) Psicossomática na Infância: - Imunidade: Alergia, asma brônquica, doenças auto imunes (colite ulcerativa, lúpus, miastenia) - Doenças de pele: psoríase, urticária, vitiligo, herpes. - Cardiologia: transtornos no ritmo, HAS. - Oncologia - Clínica médica: fadiga crônica, fibromialgia, dores nas costas - Aparelho digestivo: úlcera, retocolite ulcerativa, doença de crohn 2 A - O PRIMEIRO ANO DE VIDA A.1) POR MAHLER (psiquiatra e psicanalista 1900-985) : - ela classifica como três fases distintas: I) Fase Autística Normal (Narcisismo primário absoluto) - primeiras semanas que sucedem o nascimento - alternância em sonolência e satisfação de necessidades - condição de homeostase na vida extrauterina II) Fase Simbiótica - Fim do primeiro mês e início do segundo - Fusão do bebe com a mãe (percebe o seio como prolongamento do seu corpo) - Porém ao decorrer percebe a mãe como um todo: - Exterior/ Interior, Eu/Não Eu - Através de estímulos externos da mãe. A criança começa a perceber e ter consciência do seu próprio corpo (toque, troca de olhares, palavras da mãe = origem das respostas orgânicas e assim, traços MNÊMICOS) *** PARA SPITZ – INICIO da vivência de um princípio de realidade e frustrações. III) Fase separação-individuação - Por volta do 4º e 5º mês - Saída da condição fusional com a mãe, - Passa assumir características individuais - *** Por volta do 6º mês = se define separado, passa a explorar de forma manual, táteis e visuais. - 8º mês = reconhecimento de traços da mãe 3 A.2) WINNICOTT Para Winnicott a criança nasce indefesa. É um ser desintegrado, que percebe de maneira desorganizada os diferentes estímulos provenientes do exterior . O bebê nasce também com uma tendência para o desenvolvimento. A tarefa da mãe é oferecer um suporte adequado para que as condições inatas alcancem um desenvolvimento ótimo. I) Holding = acolhimento da mãe II) A preocupação materna primária (PROVA)= É uma identificação/empatia com seu bebê e esse estado de hipersensibilidade da mãe para com que entender o que bebê está dizendo. Esse estado por deixa-la com visões distorcidas, levando a um estado de regressão. - Capacidade da mãe e identificar, no momento certo, através de uma sintonia sutil que estabelece com o bebê, as necessidades vitais dele. Ela passa a sentir o que ele sente e precisa. *** Objeto transicional: Proporciona à criança segurança e alívio na vivência da angústia e separação da mãe). Ou seja é algo que não está definitivamente nem dentro e nem fora da criança, servirá para que o sujeito possa experimentar com essas situações, e para ir demarcando seus próprios limites mentais em relação ao externo e ao interno. - Mãe usa algo proporciona a criança algo/alívio a vivência da angústia e separação da mãe, como: ( fralda, boneco, algo que ela se sinta acolhida na sua ausência) *** Quando ela não pode exercer essa função ela passa a tomar atitude médico-primária III) O sentimento contínuo de existir = Para poder cuidar/acolher seu filho IV) O Campo da ilusão V) Saber estar ausente VI) A desilusão = princípio de realidade e fim da simbiose VII) A tendência anti-social A.3) SPITZ - Organizadores - Sorriso (3 mês) – A criança responde com sorriso a estímulos/faces mesmo que não compreenda o que representa. - Angústia (8 mês) - A não satisfação de seus desejos começa a ser compreendida, ou estranheza. - A possibilidade de dizer ‘’NÃO’’ (final do 2º ano) : A primeira representação da lei. Consolida a criança como indivíduo. I) INÍCIO DA VIDA PSÍQUICA: - marcado pela fantasia do bebê de a mãe ser um prolongamento de si mesmo e aos poucos a mãe tem que permitir a individuação. 4 II) MEIO DE COMUNICAÇÃO MÃE BEBÊ: - Inicialmente, é via corporal. Pouco a pouco isso é substituído pela linguagem, por representações. III) FRACASSOS: - Qualquer fracasso nesse processo vai comprometer a capacidade da criança interagir e reconhecer seus e o seu corpo, os seus pensamentos, os seus afetos. A.4) NARCISISMO O bebê irá explorar seu próprio corpo, conhecer os seus vários componentes, sentir emoções, estimular o ambiente social e ser estimulado por ele, e assim, irá desenvolver a base do seu autoconceito. Este auto conceito está alicerceado no esquema corporal, isto é, na ideia que a criança forma de seu próprio corpo. I) PRIMEIRA FASE: - Um investimento libidinal (das pulsões sexuais) do sujeito sobre si mesmo. Auto erotismo II) SEGUNDA FASE: - A libido para a ser também investida em objetos externos ao sujeito A.5) NOÇÃO DE PULSÃO Trata-se de uma força, de um impulso, que tem como finalidade a satisfação, para que o aparelho psíquico reduza ao nível mais baixo possível a quantidade de estímulos (energias e excitações). - Um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático. O representante psíquico dos estímulos que se originam de dentro do organismo e alcançam a mente. FREUD 1915 I) PULSÃO DE VIDA (ou Eros): - A libido, prolongamento vital, está presente desde o início da vida. Se manifesta sob várias formas, como na sobrevivência da espécie. (reprodução, sexualidade) e com a autoconservação (necessidades fisiológicas). II) PULSÃO DE MORTE (ou Tanatos): - Aparece sob a forma de agressividade e destrutividade, impulsionando para um estado de inércia total. * Pulsão de vida + Pulsão de morte = todos temos que ter um equilíbrio entre elas. 5 A.6) ALEXITIMIA: - Ausência de palavras para exprimir as emoções (descarga emocional). - Incapacidade em reconhecer, identificar e exprimir suas próprias emoções. - Limitação da vida imaginária (pessoa mais racional) . - Tendência em recorrer àação para resolver os conflitos (agredir o outro); - Descrição detalhada dos fatos, acontecimentos ou sintomas físicos. (Mas não quer falar sobre sentimentos). A.7) PIERRE MARTY: - Pensamento Operatório: Modalidade de pensamento psíquico regressivo em momentos de estresse. - Pacientes ‘iletrados emocionalmente’. - Empobrecimento afetivo do pensamento: Ausência quase absoluta de sonhos, sintomas neuróticos, de lapsos , devaneios ou atividades criativas. Utilização empobrecida da linguagem, com uma aderência ao factual, e à realidade material A) NEUROSES DE CARÁTER SUFICIENTEMENTE ESTRUTURADAS: - Menor capacidade de elaboração mental - Mecanismos de defasas mentais para conter angústia - Certa Rigidez nos modelos de pensamentos e relação com os outros, mas uma Maior resistência às doenças físicas. B) NEUROSES DE CARÁTER MAL ESTRUTURADAS E NEUROSES DE COMPORTAMENTO: - Importante dificuldades de elaboração mental de conflitos - Recurso sistemático ao agir para descarregar tensões emocionais - Nítida vulnerabilidade somática (presa fácil da violência instintiva) NOÇÕES DE ESTRUTURAS CLÍNICAS A) Da psiquiatria à psicanálise - Início: psiquiatria empírica: agrupamento de fenômenos percebidos e classificação em função de suas analogias e diferenças. 6 B) ESTRUTURA DA PERSONALIDADE - Hipótese Topográfica: I) Consciente: Racional, está em permanente interação dinâmica com as demais instâncias psíquicas, regido pelo princípio de realidade. II) Pré Consciente: III) Inconsciente: Contém reproduções de antigas percepções. Os conteúdos dos Ics, as representações de coisa, só se tornarão consciente quando se ligarem as representações de palavras que lhe correspondem. Princípio do prazer. - Não contradição; ausência de negativa; atemporalidade. - Hipótese Estrutural: I) Id: Polo pulsional, desejos, inconsciente, funcionando segundo a satisfação imediata das necessidades e o apaziguamento das tensões. Maior parte da personalidade. É composto por energias (pulsões) determinantes de desejos e anseios que não reconhecem normas sociais estabelecidas. As energias do id buscam a satisfação corpórea do organismo sem respeitar as convenções. II) Ego: Nasce do Id. Parte consciente e racional através do princípio da realidade. Se forma a partir de introjeções e identificações. É a sede dos mecanismos de defesa e a instância responsável por assegurar o equilíbrio psíquico. Parte da personalidade especializada em manter o contato com o ambiente ao redor do indivíduo, de tal forma que é a porção visível de cada um de nós sujeita as regras e pressões sociais a fim de que se encontre um equilíbrio do ‘’eu’’ com o que rodeia.Mecanismo de defesa. III) Superego: Parte que resulta da introjeção de normas externas e padrões morais. Complexo de Edipo. Resulta na introdução de normas e os padrões morais. Desejo que não pode ser realizado pelas regras sociais. Uma entidade que serve de depósito as normas e princípios que norteiam o grupo social ao qual o indivíduo pertence. Aqui entram a cultura, as leis e normas representadas, inicialmente, pela família e, posteriormente, internalizadas pelo ser humano. OU SEJA, As pulsões determinantes de desejo do id precisam chegar ao ego para que este possa suprimi-los. No entanto, a vasta maioria das energias do ID não alcança o nível do ego porque são impedidas pelo superego sem que o indivíduo se dê conta das pressões. As barreiras morais internalizadas do superego subjugam as pulsões protegendo o ego e tornando possível o convívio em sociedade. Toda energia dos impulsos subjugada pelo superego fica armazenada no que FREUD definiu como inconsciente. **** O que conhecemos como personalidade é apenas ‘’a ponta do iceberg’’ de um emaranhado de impulsos reprimidos que vive no inconsciente, podendo emergir ao nível de nossas ações, escolhas e pensamentos sob a forma de: NEUROSES, SONHOS, SUBLIMAÇÃO. 7 1. PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO A) As etapas do desenvolvimento: I) A NOÇÃO DE FASE: - É a função da evolução da libido, segundo uma zona erógena em torno da qual se encontra preferencialmente centrada, em determinados momentos de sua evolução. - Não correspondem a uma realidade biológica ou psicológica constante. II) A NOÇÃO DE FIXAÇÃO - Corresponde a interrupção do desenvolvimento em uma das fases ou em um dos momentos organizadores da evolução. III) NOÇÃO DE REGRESSÃO: - Corresponde ao abandono de certas capacidades adquiridas e ao retorno a modos de funcionamento mais elementares. IV) NOÇÃO DE TRAUMA - Ocorre quando o aparelho psíquico é suplantado por um afluxo de estímulos que n ão pode conter, organizar e dominar. - Pode contribuir para criar pontos de fixação e favorecer regressões posteriores - Afluxo de excitações por ocorrer por excesso ou pela falta de estímulos 2. A FASE ORAL Esta primeira fase tem na boca o instrumento de realização sexual. Isto advém da maior evidência da região bucal ao nascermos, quando passamos a receber a nutrição via amamentação. Durante a fase oral, a criança entra em contato com o mundo exterior por meio da boca e constrói alguns traços de personalidade relacionados à mãe. Como não consegue distinguir o mundo que a rodeia — a mãe e os cuidados que ela fornece — do seu “eu”, a criança atribui a si mesma as ações que são dirigidas a ela. Dependendo das experiências que vive através da boca, o indivíduo começa a construir uma auto-imagem mais ou menos positiva ou negativa. - Fonte corporal das excitações pulsionais se dá na região bucal. - Impulsos próprios: Sugar, engolir, cuspir, vomitar, morder. - Atividade mais importante: amamentação. - Seio-boca: vínculo mãe-bebê - O primeiro objeto: a mãe - O desmame. 8 OS DOIS PRIMEIROS ANOS Meios de interação entre a criança e o ambiente - Os cuidados corporais; - O jogo/ brincar; - Fenômenos transicionais (objetos transicional) - A palavra mãe - Aquisição da linguagem 3. A FASE ANAL Aqui, o controle da atividade excretória do ânus surge, conforme os pais treinam a criança a defecar em hora e lugar apropriados. Desloca-se a libido para a região anal e as experiências dessa fase despertam no indivíduo noções de disciplina, organização e obsessão pela dominação. Cunha adverte que as vivências das crianças com os adultos não produzem automaticamente o caráter dos filhos, uma vez que o fator decisivo é o modo como o indivíduo percebe subjetivamente o mundo, não o mundo por si mesmo. Por volta do segundo ao terceiro ano de vida , a criança já possui uma série de funções que lhe permitem um afastamento relativo e progressivo dos pais. - Fatos importante: Andar, falar, controle dos esfíncteres. - Zona erógena: região anal - Função vital importante: excreção das fezes - Defecação: modo de controle motor geral, sensações de domínio, prazer na expulsão ou retenção. - Bolo fecal: valor de troca entre a criança e o mundo externo. I) Características importantes: - Busca de autonomia, - Agressividade intencional, - Formação das noções de tempo e espaço, - Formação das noções de ordem, higiene e limpeza - Controle e manipulação 9 4. FASE FÁLICA A terceira fase, as pulsões sexuais na fase fálica seconcentram pela primeira vez nos órgãos genitais, no que se assemelha à maturidade sexual (fase genital). Nas palavras de Freud, “[e]ssa fase, onde se encontra um objeto sexual e uma certa convergência das tendências sexuais sobre esse objeto, mas que se diferencia num ponto essencial da organização definitiva por ocasião da maturidade sexual: com efeito, ela apenas conhece uma única espécie de órgão genital, o órgão masculino[…]. Segundo Abraham (1924), seu protótipo biológico é a disposição genital indiferenciada do embrião, idêntica para ambos os sexos.” Freud argumenta que, nesta fase, meninos e meninas estão preocupados com a distinção fálico/castrado. Eles descobrem as diferenças anatômicas entre os sexos com muita ansiedade, no sentido de que as meninas passam a sentir inveja do órgão masculino e, os meninos, convivem com o medo da castração (fato gerador do conflito de Édipo), pois imaginam que o pênis da menina foi cortado. O próprio Freud reconheceu que as conclusões a respeito da situação feminina na fase fálica tiveram pouco espaço na formulação das teorias psicanalíticas, a despeito de a situação vivenciada pelos meninos ter se difundido. Falo: é um símbolo, que denota fantasia sobre a posse de uma unidade e de uma potência do ser. - Por volta do terceiro ao quinto/sexto ano de vida os órgãos genitais serão alvo da concentração energética. - Curiosidades com relação à sexualidade - Exibicionismo - A percepção da diferença - Angústia de castração - Complexo de Édipo I) NA MENINA - 1º Momento: investimento libidinal ou amor pela mãe -> ódio pelo pai - 2º Momento: Descoberta da diferença sexual -> verificação, constatação, castração - 3º Momento: Ressignificação da relação sexual com a mãe: Devastação. - 4º Momento: Mudança do objeto de amor: mãe -> pai • Segundo a mitologia grega, Electra teria ordenado a morte da própria mãe, após descobrir que esta mandou assassinar seu pai. 10 II) NO MENINO - 1º Momento: Investimento libidinal ou amor pela mãe -> ódio pelo pai - 2º Momento: Descoberta da diferença sexual ameaça de castração. - 3º Momento: Sepultamento do complexo de Édipo - > Latência * Édipo o Rei assassinou seu pai e casou com a própria mãe (Jocasta) com quem se casou e teve 4 filhos. Posteriormente sua mãe suicidou e Édipo teve os dois olhos furados. 5. COMPLEXO DE ÉDIPO - O menino tem forte ligação afetiva com a mãe desde a fase oral, quando passa a obter prazer libidinal pelo manuseio do seu instrumento sexual recém-descoberto. Para Freud, isto implica que o menino quer retribuir os cuidados da mãe usando o órgão pelo qual obtém prazer. Quanto à (i)moralidade do incesto, podemos dizer que o superego nesta fase ainda não possui bases sólidas e que, por conseguinte, as normas sociais não foram plenamente internalizadas pelo menino, o que deixa o ego mais vulnerável às ambições do id. Configura-se um triângulo no qual um ente se coloca no caminho da relação incestuosa entre o filho e a mãe: a figura paterna. O menino desenvolve um sentimento em relação ao pai que Freud não hesitou chamar de “ódio”. Salienta-se que a ausência do pai na família deve ser interpretada com exceção, ao invés de uma invalidez da teoria. A primeira se refere estritamente ao pai biológico ou adotivo; a segunda remete a qualquer indivíduo que exerça a figura paterna como dominador e provedor. Por outro lado, a menina, ao descobrir a ausência de um pênis, se sente inferior e culpa a mãe por sua tragédia, nutrindo por esta o sentimento de ódio. 6. DECLÍNIO, SUPERAÇÃO, DO COMPLEXO EDIPIANO O pai impõe sobre o menino a ameaça de castração que o impede de satisfazer suas energias sexuais com a mãe. Com isso, vêm a profunda ansiedade e a dualidade de amar e odiar e figura paterna simultaneamente. Justamente por sentir ódio pelo pai, o menino passa a temer um castigo paterno como retribuição pelos sentimentos negativos dirigidos ao pai. Com o tempo, o conflito entre o interesse narcisista no pênis e a ameaça de castração vinda do desejo libidinal conhece um vencedor: o órgão sexual. O ego do menino o defende da castração, desviando sua consciência do complexo de Édipo por intermédio do incremento do amor dirigido ao pai, com quem a criança começa a se identificar. O mesmo se passa no relacionamento 11 menina/mãe, no qual a identificação com a mãe afasta o sentimento de ódio. Este processo é de suma importância para a sociedade, pois meninos e meninas, identificados com adultos do mesmo sexo, desempenhariam funções sexuais compatíveis com o socialmente “desejável”. Porém, o conflito edipiano não é totalmente destruído, como seria o ideal nunca atingido. Ele submerge enquanto o desenvolvimento caminha para o período de latência. Os efeitos do superego (como a aversão ao incesto) começam a se fazer sentir na criança quando ela consegue reprimir a libido fálica, e tal repressão do id no inconsciente, tal deslocamento da energia psíquica, provocará efeitos patológicos mais tarde, na puberdade. 7. PERÍODO LATENTE A superação (ou repressão) dos sentimentos de ódio movidos contra pai (no caso dos meninos) e mãe (no caso das meninas) leva a criança ao quarto estágio de desenvolvimento psicossexual freudiano. A libido, que antes se concentrava em regiões específicas do corpo (mais de uma delas simultaneamente, inclusive), agora inclina o indivíduo ao contato com o ambiente ao seu redor. Isto ocorre porque a criança é inserida no contexto de aprendizado escolar, jogos, brincadeiras, esportes e tarefas escolares. Temos o mecanismo da sublimação integrado à rotina da infância com a canalização da libido reprimida para fins socialmente condizentes. “A criança sente-se atraída para certo brinquedo, uma matéria escolar, uma atividade física, podendo inclusive destacar-se em um desses campos, dada a concentração de energia que ali se forma”, explica Cunha. O aproveitamento da libido determina o fenômeno da aprendizagem. O cenário muda no início da puberdade. Agora, o desenvolvimento biológico da região genital retorna a atenção da libido em direção aos desejos infantis reprimidos no fim da fase fálica. 8. CARÁTER ‘’O conjunto de disposições e atitudes que comandam a maneira de ser e de reagir do indivíduo nas suas relações com o mundo exterior e com ele mesmo’’ - Formado por: - Características ligadas às modalidades relacionais próprias a certos estágios da evolução (oral, anal, fálico). - Mecanismos de defesa do ego para organizar seus conflitos - O complexo de Édipo: uma organização central e alicerce da personalidade humana. (finaliza o processo de desejo e defesa) (?) - O complexo de Édipo: Constitui o núcleo inconsciente de todas as neuroses e psicoses. Através da relação mãe filho e introjeção do pai que vai caracterizar esse núcleo. 12 - Corresponde aos três modos de negação da castração : I) O Recalque (guarda no inconsciente) II) A foraclusão - Excluir as normas, fazer com que não exista. III) Recusa – Sabe que tem, mas mesmo assim transgride as normas - Estruturas Clínicas A) NEUROSE – Deseja algo (ex: matar) mas guarda no inconsciente. B) PSICOSE – Não tem superego (céu aberto). Vai e faz sem pensar (Foraclusão). Ex: Esquizofrênico. C) PERVERSÃO- Sabe da lei mas vai lá e esconde o corpo. Transgride (Recusa). 9. NEUROSE - Afecção psicogênica em que ossintomas são a expressão simbólica de um conflito psíquico que tem raízes na história infantil da pessoa e constitui compromissos entre o desejo e a defesa. - Mecanismo de defesa: Repressão ou recalque. - Angústia: Castração (complexo de édipo) - Instância predominante: Superego - Conflito básico é entre as pulsões do ID e SUPEREGO e se desenrola no interior do EGO. - Ruptura com a realidade: Não ocorre ou se dá de forma superficial, (fantasia) - Comportamento: dentro dos limites do razoável. O neurótico é capaz de controlar seus atos. - Para FREUD não há diferença entre o homem são e o homem neurótico. - A diferença entre o neurótico são e o doente é a intensidade das pulsões, do conflito, das defesas. I) TIPOS: A) HISTERIA B) NEUROSE OBSESSIVA COMPULSIVA C) FOBIA 13 10. PSICOSE - Foraclusão (céu aberto) ou recusa – algo que deveria ter operado e não operou em um tempo hábil. - Incidência do desejo da mãe sem a mediação do Nome do Pai - Desorganização psíquica, onde faz falta um termo central, de referência (sem noção de limite) - Angústia principal: Fragmentação ou despedaçamento (alucinações ou dissociação dele) - Instância predominante: ID (Pulsões) - Relação de objeto: Fusional (não acontece separação) - O ego e a realidade: Alucinação e delírio - Esquizofrenia, melancolia e paranoia. - Não faz laço social. - O conflito básico é entre o EGO e o mundo exterior. - Ruptura com a realidade; Ao regredir ao estado de narcisismo primário, o EGO do psicótico se rompe e o sujeito se separa da realidade. - Pensamento: É absurdo, irracional. - Comportamento: Caracteriza-se por impulsos incontroláveis, destrutivos e anti-sociais. I) TIPOS: A) AS ESQUIZOFRENIAS (simples, hebefrênica, catatônica, paranoide) B) Transtorno Bipolar, C) Melancolia, D) Autismo (transtorno de desenvolvimento) 11. PERVERSÃO - Reconhece e nega a castração - ‘’Sei, mas mesmo assim...’’ - Sexualidade substituída por um dos componentes da sexualidade infantil (pedofilia, sadomasoquista) - Transtornos sexuais - Transtornos de personalidade anti-social 14 12. NORMAL X PATOLÓGICO - Fenômenos patológicos = variações de intensidade de seus correlatos fisiológicos. - Corpo são -> Equilíbrio Homeostático - Quebra da Homeostasia -> Alteração patológica. - Noção sociocultural da mente: funcionamento mental tem origem nos processos sociais: (1º mãe; 2º pai; 3ºoutros) - O anormal é uma relação: ele só existe na e pela relação com o normal. Normal e anormal são, portanto, termos inseparáveis. E é por isso que é tão difícil definir a loucura em si mesma. - As psicopatologias devem ser então entendidas como diferentes regimes de funcionamento psíquico, diferentes formas de lidar com o real da castração. - A neurose e a psicose não são desvio ou afastamento da regra, por isso o esforço de LACAN em demonstrar que são sujeitos que agem conforme regras de funcionamento mental
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