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Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 1 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 2 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1- Considerações Iniciais ..................................................................... 3 2- Dos Bens Considerados em Si Mesmos ............................................. 5 2.1- Bens móveis e imóveis ................................................................... 5 2.1.1- Bens imóveis ........................................................................... 5 2.1.2- Bens móveis ............................................................................ 8 2.2- Bens fungíveis e infungíveis .......................................................... 10 2.3- Bens consumíveis e inconsumíveis ................................................. 11 2.4- Bens divisíveis e indivisíveis .......................................................... 12 2.5- Bens singulares e coletivos ........................................................... 14 3- Dos Bens Reciprocamente Considerados ........................................ 16 3.1- Frutos ........................................................................................ 16 3.2- Produtos ..................................................................................... 18 3.3- Benfeitorias ................................................................................. 18 3.4- Pertenças.................................................................................... 20 4- Bens Públicos e Bens Privados: regime jurídico ............................. 21 4.1- Terras devolutas .......................................................................... 25 5- Bens no comércio e fora do comércio ............................................. 26 6- Bem de família: legal e convencional ............................................. 26 7- Questões Comentadas .................................................................... 28 8- Lista de Exercícios .......................................................................... 53 9- Gabarito ......................................................................................... 68 Olá, pessoal! Tudo beleza? Vamos seguir com mais uma aula de Direito Civil. Esperamos que estejam gostando do curso. Qualquer dúvida, qualquer sugestão, qualquer crítica estaremos sempre disponíveis. Aula 02 – Bens. “Eu tentei 99 vezes e falhei, mas na centésima tentativa eu consegui, nunca desista de seus objetivos mesmo que esses pareçam impossíveis, a próxima tentativa pode ser a vitoriosa." (Albert Einstein) Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 3 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 1-Considerações Iniciais Olá, pessoal! Na aula passada, estudamos o sujeito de direito - as pessoas naturais e as pessoas jurídicas - e o que constitui domicílio para cada uma delas. Nesta aula, portanto, vamos estudar os bens, que são um dos objetos de direito. Pois bem, as principais características que se destacam nas diversas definições de bens são: a capacidade de ser útil (utilidade) e de possuir valor econômico; podendo ser corpóreos, caso possuam existência concreta (exemplo: imóvel), ou incorpóreos, quando possuírem existência abstrata (exemplo: criações intelectuais). Assim, podemos concluir que: Bens são valores materiais (corpóreos) ou imateriais (incorpóreos) que têm valor econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica. Para que o bem seja objeto de uma relação jurídica é preciso que ele apresente os seguintes caracteres: - Idoneidade para satisfazer um interesse econômico; - Gestão econômica autônoma; e - Subordinação jurídica ao seu titular. Obs.: Coisas X bens: são conceitos que não se confundem, embora a coisa represente espécie da qual o bem é o gênero. A honra, a liberdade, a vida, entre outros, representam bens sem, no entanto, serem consideradas coisas. Então tome cuidado, pois é comum as bancas tentarem confundir o candidato com esses conceitos. Pois bem, o Código Civil, em seu Livro II, trata das diferentes classes de bens, por meio de agrupamentos. Vale esclarecer que as classificações nessas categorias não são excludentes, pois o mesmo bem pode ter classificações em diversas categorias. BEM Corpóreo A coisa se encontra aqui IncorpóreoCó pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 4 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Em relação aos bens considerados em si mesmos, nota-se que não são comparados ou relacionados com nenhum outro, ao contrário dos bens reciprocamente considerados, onde existe uma ligação jurídica entre os bens: bem principal e bem acessório. Na sequência, iremos tratar de cada uma dessas categorias, que se encontram disciplinadas no Código Civil (CC), da seguinte forma: ➢ Capítulo I - Dos Bens Considerados em Si Mesmos (art. 79 a 91 do CC); ➢ Capítulo II - Dos Bens Reciprocamente Considerados (art. 92 a 97 do CC); ➢ Capítulo III - Dos Bens Públicos (art. 98 a 103 do CC). Das diferentes classes de bens Dos Bens Considerados em Si Mesmos Dos Bens Reciprocamente Considerados Dos Bens Públicos Bens considerados em si mesmos • Móveis e imóveis • Fungíveis e infungíveis • Consumíveis e inconsumíveis • Divisíveis e indivisíveis • Singulares e insugulares Bens reciprocamente considerados • Principais e acessórios X Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito sau to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 5 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 2-Dos Bens Considerados em Si Mesmos Quando estudamos os bens considerados em si mesmos, estamos tratando da natureza dos bens. Nesse sentido, os bens podem ser: móveis ou imóveis; fungíveis ou infungíveis; consumíveis ou inconsumíveis; divisíveis ou indivisíveis; singulares ou coletivos. 2.1-Bens móveis e imóveis Iremos tratar a seguir da classificação dos bens em móveis ou imóveis. Muita atenção, pois é um assunto que costuma ser bastante cobrado em prova, quando tratamos dos bens considerados em si mesmos. 2.1.1-Bens imóveis É tudo que se incorpora naturalmente (acessão natural) ou artificialmente (acessão artificial) ao solo. Ou seja, são os bens que não podem ser transportados sem destruição ou diminuição de valor de um lugar para outro. Portanto, os bens imóveis, em regra, não podem ser transportados sem alteração de sua substância. Temos, então: Dos Bens Considerados em Si Mesmos móveis fungíveis consumíveis divisíveis singulares imóveis infungíveis inconsumíveis indivisíveis coletivos OU OU OU OU OU Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 6 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Obs.1: Para alguns autores, seria bem imóvel por natureza somente o solo; outros, enquadram nesta categoria os acessórios e adjacências ao solo (árvores, frutos e subsolo); Obs.2: Bens imóveis por acessão intelectual (por destinação do proprietário): a doutrina considera bem imóvel por acessão intelectual aqueles bens móveis que aderem a um bem imóvel pela vontade do dono, para dar maior utilidade ao imóvel ou até mesmo para o seu embelezamento, aformoseamento, a exemplo de um trator comprado para melhor utilização em uma fazenda, pois, enquanto o trator estiver a serviço da fazenda, será considerado como bem imóvel por acessão intelectual. São aqueles bens móveis incorporados ao bem imóvel pela vontade do dono. Assim como o proprietário imobilizou o bem móvel, ele poderá, consequentemente, mobilizá-lo novamente quando não for utilizá-lo mais para aquilo a que se destinava. Bens imóveis Por natureza Somente o solo Por acessão Natural Tudo que adere ao solo naturalmente: árvores, frutos e subsolo Artificial (ou industrial) Tudo que resulta do trabalho humano: construções e plantações Por determinação legal (art. 80) O legislador resolveu enquadrar como bem imóvel: sucessão aberta, direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 7 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Obs. 3: Bens imóveis por determinação legal: são determinados bens que somente são imóveis porque o legislador resolveu enquadrá-los como tal, para que se possibilite, em regra, maior segurança jurídica nas relações que os envolvam. Podemos citar o direito à sucessão aberta, ainda que o acervo seja composto única e exclusivamente de bens móveis (ex.: cinco carros); os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; as apólices da dívida pública, quando oneradas com cláusula de inalienabilidade. Na sequência, esquematizamos os artigos 79 a 81 do CC, que tratam dos bens imóveis. É importante que você memorize! 1. (FCC - Analista Judiciário - Área Judiciária - Especialidade: Execução de Mandados - TJAP/AP – 2014) Carlos construiu uma casa em terreno que recebeu de seu pai. Posteriormente, empreendeu reforma na casa, retirando- lhe as portas a fim de pintá-las e reempregá-las na construção. No terreno, incorporou-se, naturalmente, uma goiabeira. Consideram-se imóveis: a) a casa e a goiabeira. b) o terreno, a casa e a goiabeira. c) o terreno, apenas. Bens imóveis o solo E tudo quanto se lhe incorporar natural artificialmente para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram o direito à sucessão aberta as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem OU Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 8 de 68 www.exponencialconcursos.com.br d) o terreno e a casa. e) o terreno, a casa, as portas e a goiabeira. Comentários Letra “e”. Conforme artigo 79 do Código Civil, são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Portanto, o terreno, a casa e a goiabeira são considerados bens imóveis. Conforme inciso II do artigo 81 do Código Civil, não perdem o caráter de imóveis, os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Portanto, as portas retiradas para serem reempregadas na construção também são consideradas bens imóveis. 2.1.2-Bens móveis Os bens móveis são suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da sua substância ou da destinação econômico- social. Podem ser classificados da seguinte forma: Na sequência, esquematizamos os artigos 83 a 84 do CC, que tratam dos bens móveis. Bens Móveis Por natureza Com ou Sem movimento próprio Semoventes (gado) e móveis propriamente dito (caneta) Por antecipação Têm uma finalidade última como móvel, mesmo temporariamente imóveis Árvores plantadas para corte Por determinação legal É a lei que os considera como móveis,e, consequentemente, aplica-se as disposições sobre bens móveis nas relações que os envolvam (art. 83) Os direitos reais sobre objetos móveis e respectivas ações; os direitos de obrigação, e respectivas ações; além dos direitos do autor Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 9 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Ainda sobre o art. 184, se eu compro um conjunto de telhas em uma loja de construção, enquanto eu não empregar as telhas na obra elas serão consideradas bens móveis, porém, após o emprego, serão consideradas bens imóveis por acessão industrial ou artificial. Caso ocorra a demolição da casa a telha novamente será considerada bem móvel. 2. (FCC - Analista Ministerial - Área Direito - PGE/CE – 2013) Consideram-se bens móveis para os efeitos legais: a) as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local. b) o direito à sucessão aberta. c) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. d) as energias que tenham valor econômico. e) tudo quanto se incorporar ao solo artificialmente Comentários Letra “d”. Conforme inciso I do artigo 83 do Código Civil, consideram-se bens móveis para os efeitos legais: as energias que tenham valor econômico. As edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local (letra “a”), o direito à sucessão aberta (letra “b”), os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem (letra “c”) e tudo quanto se incorporar ao solo artificialmente (letra “e”) são considerados bens imóveis. Bens móveis as energias que tenham valor econômico os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados e os provenientes da demolição de algum prédio Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 10 de 68 www.exponencialconcursos.com.br E para sintetizar o assunto, temos: 2.2-Bens fungíveis e infungíveis Fungível é a capacidade de ser substituível por outro bem da mesma espécie, qualidade e quantidade. Por exemplo, o dinheiro é fungível. Você pode substituir uma nota de R$ 50,00 por outra nota de R$ 50,00 sem qualquer prejuízo. A definição legal (art. 85 do CC) é “São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”. Portanto, ser fungível é uma característica que somente pode ser atribuída aos bens móveis. Embora não haja definição no CC, os bens infungíveis seguiriam a lógica inversa, ou seja, são aqueles que não podem ser substituídos, ainda que fossem por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade. Por exemplo, uma obra de arte, que possui o atributo de ser única; a chuteira do Pelé utilizada na final da copa de 1970; Bens IMÓVEIS •por natureza; •por acessão industrial ou artificial; •por acessão intelectual; •por determinação legal. Bens MÓVEIS •por natureza; •por antecipação; •por determinação legal. Sobre os navios e aeronaves, apesar de poderem ser dados em hipoteca (instituto jurídico característico de bens imóveis), eles não perdem a característica de bens móveis. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 11 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Ressalta-se que, excepcionalmente, bens imóveis podem ser considerados bens fungíveis, a exemplo de várias pessoas proprietárias, em condomínio, de um conjunto de lotes ainda não divididos, ocasião em que cada um é proprietário de um número determinado de lotes, fungíveis, posto que ainda não identificados os seus proprietários. 2.3-Bens consumíveis e inconsumíveis Assim como o atributo de ser fungível, a característica de ser consumível somente pode ser atribuída aos bens móveis. A definição legal (art. 86 do CC) é “São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação”. Ou seja, os bens que podem ser usados várias vezes são inconsumíveis e os que podem ser usados apenas uma vez são consumíveis. Entretanto, o bem destinado à alienação é consumível de direito, ou seja, o vendedor não pode vender um bem para duas pessoas sob pena de estelionato (art. 171 do CP). Conclui-se que o bem destinado à alienação só pode ser vendido uma vez e, por isso, é considerado consumível. Para entender melhor, imagine como exemplo uma roupa. A princípio, seria um bem não consumível, pois o uso não importa destruição imediata de sua substância. No entanto, se for considerada uma roupa que está em uma loja para ser vendida, seria classificada como bem consumível, tendo em vista que está destinada à alienação. A seguir, temos a síntese do que caracteriza o bem ser consumível. Embora não haja definição no CC, o bem será inconsumível quando não atender a esses requisitos. Bens móveis fungíveis substituíveis por outros da mesma espécie qualidade quantidade infungíveis insubstituíveis Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 12 de 68 www.exponencialconcursos.com.br A infungilibilidade ea inconsuntibilidade do bem podem decorrer também da vontade das partes, a exemplo de bens emprestados para ornamentação e posterior devolução, a que a doutrina dá o nome de comodatum ad pompam vel ostentationem. Como exemplo de fungibilidade e consuntibilidade decorrente da vontade das partes temos o empréstimo de frutas ou garrafas de bebida para a ornamentação de uma festa com posterior devolução das frutas ou garrafas emprestadas. Na hipótese em questão, as frutas ou as bebidas não poderão ser consumidas. 2.4-Bens divisíveis e indivisíveis Os bens serão divisíveis quando puderem ser particionados, sem que isso implique diminuição de seu valor econômico. A definição legal (art. 87 do CC) é “Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. Assim, o bem é divisível quando cada porção continua com as características do todo. Bens consumíveis o uso importa destruição imediata destinados à alienação OU COMODATUM AD POMPAM VEL OSTENTATIONEM o bem se torna infungível e inconsumível em decorrência da vontade das partes. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 13 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Importante destacar que os bens naturalmente divisíveis podem tornar- se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Portanto, a lei pode determinar que um bem seja indivisível, assim como um acordo realizado por vontade das partes. Embora não haja definição no CC, os bens indivisíveis seguiriam a lógica inversa, ou seja, são aqueles que não podem ser fracionados sem que haja alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Assim temos: Bem indivisível por natureza x Bem indivisível por lei Como exemplo, podemos citar o Estatuto da Terra que, nos casos de área rural, exige que os terrenos rurais tenham, no mínimo, três alqueires. Assim, numa área rural, o terreno de três alqueires torna-se indivisível para evitar que se tenham partes de terra muito pequenas. Em resumo: Bens divisíveis podem ser fracionados sem que haja alteração na sua substância diminuição considerável de valor prejuízo do uso a que se destinam Bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei vontade das partes Indivisibilidade NATURAL - Ex.: Animal LEGAL- Ex.: Lote mínimo Convencional - vontade das partes OU Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 14 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 2.5-Bens singulares e coletivos São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais (art. 89 do CC). A expressão “per si”, oriunda do latim, significa por si, ou seja, de forma individual. Exemplo de um bem singular é um carro, que é um composto de partes reunidas, considerado por si, individualmente, independentemente das peças que o compõem. Os bens singulares serão simples, se a junção de suas partes ocorrer pela própria natureza (exemplo: uma ovelha), ou compostos, se a junção das suas partes decorrer de um esforço humano (exemplo: um carro). Existe ainda uma distinção entre partes integrantes e partes componentes. Partes integrantes mantém suas características, se forem separadas do bem após a junção (exemplo: as peças que integram o carro). Partes componentes perdem sua essência se tentarmos separá-las após a junção. Os bens coletivos são formados por vários bens singulares. Exemplo: rebanho de ovelhas. Os bens coletivos compreendem as universalidades, que podem ser de fato ou de direito. Bens singulares embora reunidos se consideram de per si, independentemente dos demais Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 15 de 68 www.exponencialconcursos.com.br A universalidade de fato é um conjunto de bens, reunidos pela vontade de seu dono, para uma destinação unitária. Exemplo: uma biblioteca, que consitui uma reunião de livros. Quando falamos que os bens dessa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias, seria o caso, por exemplo, de cada livro dessa biblioteca ser individualmente considerado como objeto da relação jurídica. A universalidade de direito é um conjunto de relações jurídicas, que possuem valor econômico. Exemplo: herança e massa falida. Bens Singulares São considerados individualmente UNIVERSALIDADES Consideram o conjunto DE FATO vontade do dono Pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. DE DIREITO por força de lei O complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Universalidade de fato • pluralidade de bens singulares, pertinentes à mesma pessoa, • que tenham destinação unitária • Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias Universalidade de direito • complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, • dotadas de valor econômico Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 16 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 3-Dos Bens Reciprocamente Considerados Estudamos os bensconsiderados em si mesmos, em relação à natureza dos bens. Agora, veremos os bens reciprocamente relacionados, ou seja, como os bens se relacionam uns com os outros. Para demonstrar isso, me responda a seguinte pergunta: a árvore é um bem principal ou acessório? Depende. Em relação ao solo a árvore é acessório, mas em relação ao fruto que ela produz é principal (art. 92, CC): Portanto, o bem principal existe independentemente da existência de qualquer outro bem; enquanto o bem acessório depende da existência do bem principal. Em relação aos bens acessórios, é importante conversarmos sobre os frutos, produtos e benfeitorias. 3.1-Frutos Frutos são elementos que são produzidos peridocamente pelo bem principal, sem provocar alteração em sua substância. Os frutos são separáveis do bem principal, e possuem essa característica de serem periódicos. Exemplo: os frutos que uma árvore produz. Quanto à origem os frutos dividem-se em: Bens Reciprocamente Considerados Principal bem que existe sobre si abstrata concretamente Acessório a existência supõe a do principal OU Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 17 de 68 www.exponencialconcursos.com.br ➢ Frutos naturais: aqueles produzidos pela força orgânica (ex.: bezerro, carneiro, maçã, laranja); ➢ Frutos industriais: os produzidos pela arte humana (ex.: tecido produzido pelo tear); e ➢ Frutos civis: aqueles produzidos pela coisa em razão da cessão remunerada da posse (ex.: rendimentos, juros, aluguel). Os frutos podem ser classificado QUANTO AO SEU ESTADO como: pendentes, percebidos ou colhidos, estantes, percipiendos e consumidos. 3. (CESPE - Analista Judiciário - Área Judiciária - Especialidade: Oficial de Justiça Avaliador Federal - TRT 8ª – 2013) Separados da coisa que os tiver produzido, os frutos são considerados a) percipiendos. b) produtos. c) pertenças. d) percebidos. e) estantes. Comentários Letra “d”. Vimos que quando já separados da coisa que os tiver produzido, os frutos são classificados como percebidos (ou colhidos). Frutos (quanto ao estado) pendentes ainda não separados do bem principal percebidos ou colhidos já separados do bem principal estantes separados do principal e armazenados para venda percipiendos deveriam ter sido percebidos (ou colhidos) mas não foram consumidos perderam a existência com seu consumo Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 18 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 3.2-Produtos Ao contrário dos frutos, os produtos não são renováveis periodicamente, e provocam alteração na substância do bem principal que os produz. Por exemplo, o carvão mineral. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico (art. 95 do CC). Portanto, mesmo antes de haver a separação, os frutos e produtos do bem principal poderão ser negociados entre as partes. 3.3-Benfeitorias As benfeitorias podem ser entendidas como algo para conservar, embelezar ou melhorar o uso de um bem. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Produtos não são renováveis periodicamente provocam alteração na substância do bem principal Benfeitorias voluptuárias são de mero deleite ou recreio (piscina) não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável sejam de elevado valor úteis aumentam ou facilitam o uso do bem (garagem) necessárias tem por fim conservar o bem evitar que se deteriore OU E Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 19 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Podemos citar como exemplo de benfeitorias necessárias, a substituição de ligamentos podres no telhado. 4. (FCC - Analista Judiciário - Área Judiciária - TRF 2ª - 2012) No tocante à classificação de bens, segundo o Código Civil brasileiro, considere as seguintes benfeitorias realizadas em um apartamento tipo cobertura com trinta anos de construção visando a habitação de um casal de meia idade, sem filhos: I. Impermeabilização do terraço com a aplicação de manta e colocação de pisos novos. II. Substituição da fiação elétrica do apartamento. III. Colocação de tela nas varandas. IV. Criação de painel de pastilhas azuis com mosaico na entrada do apartamento visando diferenciá-la do apartamento vizinho. V. Construção de um lavabo em parte da sala de almoço. Com relação aos bens reciprocamente considerados, são benfeitorias úteis as indicadas APENAS em a) IV e V. b) I, II, III e V. c) I, III e V. d) III e V. e) I, II e III. Comentários Letra “d”. A questão trata de benfeitorias úteis em relação à habitação de um casal de meia idade. As benfeitorias são úteis quando aumentam ou facilitam o uso do bem. Nesse caso, seriam úteis: a colocação de tela nas varandas (item III) e a construção de um lavabo em parte da sala de almoço (item V). A impermeabilização do terraço com a aplicação de manta e colocação de pisos novos (item I) e a substituição da fiação elétrica do apartamento (item II) seriam benfeitorias necessárias. A criação de painel de pastilhas azuis com mosaico na entrada do apartamento visando diferenciá-la do apartamento vizinho (item IV) seria benfeitoria voluptuária. Cuidado! Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Portanto, um melhoramento proveniente de uma ação da natureza, sem intervenção do dono, não será considerado benfeitoria. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 9610 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 20 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 3.4-Pertenças As pertenças são bens acrescidos a outros bens para melhorar seu uso, serviço ou aformoseamento (embelezamento). As pertenças não se constituem em partes integrantes. Portanto, ao contrário dos bens acessórios, que supõem a existência do principal, as pertenças não estão subordinadas ao principal (art. 93). Atenção! Como as pertenças não são partes integrantes do principal, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, em regra geral. Ex.: sofá de uma casa. No entanto, poderão abranger as pertenças, em três situações: quando resultar da lei, da manifestação de vontade das partes ou das circunstâncias do caso (art. 94, CC - princípio da gravitação jurídica). Pertenças são bens que se detinam, de modo duradouro, ao uso serviço aformoseamento de outro. não constituindo partes integrantes Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças salvo se o contrário resultar da lei manifestação de vontade circunstâncias do caso OU OU Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 21 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Portanto, num negócio jurídico que envolva o bem principal, a regra (art. 94 do CC) é que o bem acessório também esteja envolvido. Porém, essa regra não inclui as pertenças, ou seja, se eu comprar a sua casa e o contrato nada dispuser a respeito, entende-se que o sofá que está na sua sala não faz parte no negócio. 4-Bens Públicos e Bens Privados: regime jurídico Os bens podem ser classificados em públicos ou particulares (privados), conforme os titulares de seu domínio. Assim, são públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são privados, seja qual for a pessoa a que pertencerem (art. 98 do CC). Portanto, o Critério utilizado pelo legislador foi o da titularidade do bem, independente de sua afetação (destinação). Portanto, o que determina se um bem é público ou privado é a sua titularidade. Se o bem pertencer a uma pessoa jurídica de direito público interno será um bem público. Caso contrário, será um bem particular. Obs.: Res Nullius: são as coisas de ninguém, como por exemplo: bens abandonados e os peixes no fundo do mar. Entretanto, é interessante ressaltarmos o Enunciado 287 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: Enunciado 287 do CJF – Art. 98. O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem pertencente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos. Ou seja, a doutrina entende que o critério exposto pelo Código Civil não é taxativo. Sendo assim, se um imóvel particular for alugado para um determinado município para que nele funcione uma escola pública municipal, o respectivo imóvel, por estar afetado a uma finalidade pública, será considerado bem público. No mais, fique atento, pois as bancas de concursos costumam reproduzir a íntegra do art. 98 do CC nas alternativas das questões e considera-las corretas. Art. 98 do CC - São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Prosseguindo, os bens públicos se dividem em: bens de uso comum do povo, bens de uso especial e bens dominicais (art. 99, CC). Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 22 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Os bens de uso comum do povo podem ser de uso gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Portanto, são todos aqueles de utilização comum, sem maiores ônus, pela coletividade. Em regra geral, os bens de uso comum do povo serão de uso gratuito, como os rios, mares e ruas. No entanto, podem ser de uso retribuído, isto é, pode ser cobrada a sua utilização. Por exemplo, o pedágio nas estradas. Ressalte-se que é uma enumeração meramente exemplificava. Já os bens de uso especial estão destinados ao funcionamento e aprimoramento dos serviços prestados pelo Estado, de utilização, por vezes, concedida aos particulares, em regra mediante contraprestação. Temos como exemplo, os edifícios onde funcionam os serviços públicos, inclusive autarquias. Os bens dominicais não estão afetados a uma finalidade específica, funcionando como objeto de direito pessoal, ou real. São aqueles que pertencem ao domínio privado do poder público, e desde que estejam desafetados de qualquer utilização pública, podem ser alienados, de acordo com as regras previstas para alienação de bens da administração, a exemplo da licitação. Bens Públicos de uso comum do povo rios, mares, estradas, ruas e praças de uso especial edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias dominicais constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado Não dispondo a lei em contrário Não estão sujeitos a usucapião! Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 23 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Portanto,são considerados bens dominicais (móveis ou imóveis): títulos de dívida pública, estradas de ferro, telégrafos, ilhas formadas em mares territoriais ou rios navegáveis, terras devolutas, terrenos da marinha e acrescidos, mar territorial, terras ocupadas pelos índios, sítios arqueológicos e pré-históricos, bens vagos, bens perdidos pelos criminosos condenados por sentença proferida em processo judiciário federal, quedas-d’água, jazidas e minérios. Portanto, os bens dominicais pertencem ao patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios. Ainda, são dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado, se a lei não dispuser ao contrário. Obs.: Afetação: é o ato ou fato pelo qual se confere a um bem a finalidade pública de uso comum ou especial. Decorre de ato legal ou administrativo. Desafetação: ocorre a transformação de um bem de uso comum em bem de uso especial ou dominical, ou ainda, um bem de uso especial se transforma na categoria de uso comum ou dominical. Diz-se que um bem está afetado quando está sendo utilizado para um fim público determinado, seja diretamente pelo Estado, seja pelo uso de particulares em geral. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Ou seja, enquanto forem assim caracterizados, não poderão ser alienados (vendidos). Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 24 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Ao contrário, os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. No entanto, vale ressaltar que a alienação dos bens dominicais não é absoluta, pois eles podem sofrer a chamada afetação e deixar de ser um bem do domínio privado do Estado para o domínio público (bem de uso comum ou especial). Ressalta-se que os bens públicos gozam da prerrogativa de imprescritibilidade, ou seja, não estão sujeitos a usucapião, que é uma espécie de prescrição aquisitiva. Art. 102 do CC - Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Usucapião é quando o indivíduo adquire um imóvel, rural ou urbano, de que não é proprietário, por ter habitado esse imóvel, sem oposição do dono, durante determinado período de tempo previsto em lei, tornando a área produtiva e estabelecendo nela sua moradia. Mais uma vez: além da inalienabilidade, os bens públicos também são impenhoráveis e imprescritíveis, pois não estão sujeitos a usucapião. Então, atenção! Quando dizemos que os bens públicos não estão sujeitos a usucapião, estamos nos referindo aos três tipos de bens públicos. Nenhum deles está sujeito a usucapião! Neste sentido, temos: Súmula nº 340 do Supremo Tribunal Federal: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. Ainda sobre a usucapião e os bens públicos, a nossa Carta Magna dispõe da seguinte forma: Art. 183, §3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. (urbano) Art. 191, Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. (rural) 5. (FCC - Analista Judiciário - Área Execução de Mandados - TRF 3ª – 2007) Considere os seguintes bens públicos: I. Rios e mares. II. Prédio integrante do patrimônio da União. III. Estradas. IV. Terrenos destinados a serviço da administração estadual. V. Ruas e praças. VI. Edifícios destinados a instalação da administração municipal. São bens de uso especial os indicados APENAS em: a) I, III e V. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 25 de 68 www.exponencialconcursos.com.br b) II, V e VI. c) II e III. d) III, IV e V. e) IV e VI. Comentários Letra “e”. Conforme inciso II do artigo 99 do Código Civil, são bens públicos de uso especial, edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias. Portanto, terrenos destinados a serviço da administração estadual (item IV) e edifícios destinados a instalação da administração municipal (item VI) são bens públicos de uso especial. Os rios e mares (item I), estradas (item III) e ruas e praças (item V) são bens de uso comum do povo, e o prédio integrante do patrimônio da União (item II) é um bem público dominical. CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS - INALIENABILIDADE: trata-se de uma característica relativa, pois atinge somente os bens públicos de uso comum do povo e de uso especial; - IMPENHORABILIDADE: os bens públicos não podem ser dados em garantia; e - IMPRESCRITIBILIDADE: os bens públicos são insuscetíveis de aquisição por usucapião. 4.1-Terras devolutas Terras devolutas são terrenos públicos, ou seja, propriedades públicas que nunca pertenceram a um particular, mesmo estando ocupadas. Diferenciam-se destes por não estarem sendo aplicadas a algum uso público federal, estadual ou municipal, que não hajam sido legitimamente incorporadas ao domínio privado enquanto que as terras públicas pertencentes ao patrimônio fundiário público são aquelas inscritas e reservadas para um determinado fim. Dessa forma, por não estarem reservadas para um determinado fim, as terras devolutas são bens públicos dominicais. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 26 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 5-Bens no comércio e fora do comércio Embora o CC/02 não mencione especificamente esta divisão, os bens foram do comércio encontram suas bases em alguns exemplos ao longo do código, como veremos a seguir: Por indisponibilidade, entendemos inalienáveis, ok? Por fim, reforçando: os bens de família (art. 1.711 do CC), os bens tombados e as terras ocupadas por índios (art. 231, § 4º da CF) são inalienáveis por força de lei. 6-Bem de família: legal e convencionalO bem de família legal é aquele tratado pela Lei nº 8.009/90, que dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família. Refere-se ao imóvel próprio do casal ou da entidade familiar. Como regra é: ”é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais Bens no comércio Passíveis de serem vendidos, trocados, doados, emprestados, etc. Bens fora do comércio São inalienáveis ou insuscetíveis de apropriação Bens fora do comércio Naturalmente indisponíveis Aqueles insuscetíveis de serem apropriados pelo homem ou de uso inexaurível, tais como luz do sol, água do mar, ar atmosférico. Legalmente indisponíveis Bens de uso comum e especial, suscetíveis de uso pelo homem: os direitos de personalidade, os órgãos humanos, os bens dos incapazes, os bens públicos, o bem de família, as terras ocupadas por índios, etc. Indisponíveis por vontade humana Bens em testamentos ou doados, com cláusula de inalienabilidade, temporária ou vitalícia, nos casos e formas previstos em lei, por ato inter vivos ou causa mortis. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 27 de 68 www.exponencialconcursos.com.br ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam”. Tal regra é afastada nos casos previstos em lei. Então, por conta desta previsão legal, o bem de família legal é também conhecido como bem de família involuntário. Ressalta-se que o bem de família legal é apenas impenhorável – ele não se torna inalienável, podendo ainda ser objeto de inventário e partilha. Obs.: Conforme Súmula 364 do STJ, a impenhorabilidade do bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Considera-se que esta proteção vai além da entidade familiar, mas seria um direito à moradia. Já o bem de família convencional, é conhecido também por voluntário, já que resulta de ato praticado pelos cônjuges conforme o princípio da autonomia da vontade. Ou seja, os cônjuges (entidade familiar) voluntariamente destinam parte de seu patrimônio para constituir o bem de família. A parcela patrimonial para constituir o bem de família não pode ultrapassar um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição. Esta transferência é realizada mediante escritura pública ou testamento. Já constituído, o bem de família convencional se sujeita às regras de impenhorabilidade do imóvel residencial prevista em lei especial. O bem de família convencional (ou voluntário) está previsto no art. 1.711 e seguintes do CC, possuindo eficácia somente após o registro no RGI competente. Depois de constituído, o bem de família convencional é isento de execução por dívidas posteriores a sua instituição, exceto em relação aos tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. Esta isenção dura enquanto viver um dos cônjuges ou, na falta de cônjuge, até que os filhos completem a maioridade. Isso significa que, nesta condição, o bem de família convencional não pode ser inventariado ou partilhado. Obs.: Uma importante distinção entre o bem de família convencional e legal é no que diz respeito à fiança. O imóvel de fiador constituído como bem de família convencional (conforme o CC) não poderá ser penhorado. Agora, não há vedação para a penhora de imóvel de fiador considerado como bem de família apenas com base na Lei nº 8.009/90, nos termos do art. 3º, inciso VII da referida lei. Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 28 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 7-Questões Comentadas É hora de consolidarmos os ensinamentos da aula de hoje com um pacote de questões de provas anteriores, super recentes, para você colocar em prática aquilo que foi aprendido na parte teórica. Caso deseje, e sugerimos desta forma, resolva primeiro as questões que encontram-se no tópico 8. Assim, você terá uma melhor noção de como foi o estudo da teoria e, somente depois, verique os comentários que encontram-se neste tópico, beleza? Então, vamos lá!!!! 6. (FCC/TRT 14ª Região/AJAJ/2016) Nos termos preconizados pelo Código Civil são considerados bens imóveis para os efeitos legais, dentre outros, a) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. b) o direito à sucessão aberta. c) os direitos reais sobre objetos móveis e respectivas ações. d) as energias que tenham valor econômico. e) os materiais provenientes da demolição de algum prédio. Comentários Letra “b”, correta. Conforme prevê o art. 80, II do CC. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Letra “a”. Segundo o art. 83, III do CC, os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações são considerados bens móveis. Letra “c”. Segundo o art. 83, II do CC, os direitos reais sobre objetos móveis e respectivas ações são consideradas bens móveis. Letra “d”. Segundo o art. 83, I do CC, as energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis. Letra “e”. A assertiva tem como fundamento legal o art. 84 do CC. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. 7. (CESPE/TJ-AM/Juiz Substituto/2016) A propósito dos bens e do domicílio, assinale a opção correta com fundamento nos dispositivos legais, na doutrina e no entendimento jurisprudencial pátrio. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 29 de 68 www.exponencialconcursos.com.br a) Possuem domicílio necessárioou legal o militar, o incapaz, o servidor público, a pessoa jurídica de direito privado e o preso. b) Pelo princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens acessórios segue a sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário pela vontade da lei ou das partes. c) O atributo da fungibilidade de um bem decorre exclusivamente de sua natureza. d) Os rendimentos são considerados produto da coisa, já que sua extração e sua utilização não diminuem a substância do bem principal. e) Ao possuidor de boa-fé faculta-se o exercício do direito de retenção para ver- se indenizado das benfeitorias úteis e voluptuárias, quando estas não puderem ser levantadas sem prejuízo ao bem principal. Comentários Letra “b”. Conforme prevê o art. 94 do CC. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Letra “a”.. Conforme estudado na aula anterior (art. 76 do CC), a pessoa jurídica de direito privado não tem domicílio necessário ou legal. Letra “c”. Estudamos que a fungibilidade e a consuntibilidade podem ser convencionadas pelas partes no caso do comodato ad pompam vel ostentationem. Letra “d”. Os rendimentos são considerados frutos da coisa, já que sua extração e sua utilização não diminuem a substância do bem principal. Letra “e”. A assertiva trata de um assunto não compreendido nesta aula, mas, para não ficar uma lacuna, segue o art. 1219 do CC que fundamenta a alternativa. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Ou seja, o valor das benfeitorias necessárias e úteis são devidos ao possuidor de boa-fé, independentemente da possibilidade de levantá-las. Somente a benfeitoria voluptuária que gera indenização caso não possa ser levantada. 8. (VUNESP/Procurador-Prefeitura de Sertãozinho-SP/2016) Sobre os bens dominicais, é correto afirmar que Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 30 de 68 www.exponencialconcursos.com.br a) podem ser adquiridos por particulares, por meio da prescrição aquisitiva extraordinária. b) são aqueles destinados a serviço ou estabelecimento da Administração Pública, inclusive autarquias. c) não podem ser utilizados por particular, com exclusividade, por meio de institutos típicos de direito privado. d) constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público e podem ser alienados. e) são aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços de interesse público. Comentários Letra “d”. Correta, conforme arts. 99, III e 101, CC. Art. 99. São bens públicos: III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Letra “a”. Incorreta, pois “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião” (art. 102, CC). A prescrição aquisitiva é a aquisição de um bem por conta do decurso do prazo, ocorrendo por meio da usucapião. Letra “b”. Incorreta, pois esta definição é dos bens de uso especial, conforme art. 99, II. Art. 99. São bens públicos: II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias. Letra “c”. Incorreta, de acordo com o art. 99, §único, CC. Art. 99, Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Letra “e”. Incorreta, pois são bens particulares. Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 9. (VUNESP/Juiz Substituto-TJ-MS/2015) Os bens públicos dominicais não estão sujeitos à prescrição aquisitiva. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 31 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Comentários O item está certo. De acordo com o art. 102 do CC, “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”. Por meio da usucapião, ocorre a prescrição aquisitiva de determinado bem. 10. (VUNESP/Assessor Jurídico-Procurador Geral-Prefeitura de Caieiras-SP/2015) Sobre a prescrição aquisitiva de bens públicos, é correto afirmar que: a) todos os bens públicos estão sujeitos à prescrição aquisitiva. b) apenas os bens de uso especial estão sujeitos à prescrição aquisitiva. c) nenhum bem público está sujeito à prescrição aquisitiva. d) apenas os bens dominicais estão sujeitos à prescrição aquisitiva e) apenas os bens de uso especial e os dominicais estão sujeitos à prescrição aquisitiva. Comentários Letra “c”. De acordo com o art. 102 do CC, os bens públicos não estão sujeitos a usucapião (prescrição aquisitiva). As demais estão incorretas pelo uso da expressão “apenas”. 11. (FCC/TRT 9a Região/AJAJ/2015) De acordo com o Código Civil, a) é considerado imóvel o direito à sucessão aberta. b) são considerados imóveis as energias que tenham valor econômico. c) são considerados imóveis os direitos pessoais de caráter patrimonial. d) são considerados imóveis os direitos reais sobre objetos móveis. e) são consideradas imóveis as ações correspondentes a direitos reais sobre objetos móveis ou imóveis. Comentários Letra “a”. Conforme prevê o art. 80, II do CC. Letra “b”. Segundo o art. 83, I do CC, as energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis. Letra “c”. Segundo o art. 83, III do CC, os direitos pessoais de caráter patrimonial são considerados bens móveis. Letra “d”. Segundo o art. 83, II do CC, os direitos reais sobre objetos móveis são consideradas bens móveis. Letra “e”. Segundo o art. 83, II do CC, as ações correspondentes a direitos reais sobre objetos móveis são consideradas bens móveis. Entretanto, segundo o art. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF :2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 32 de 68 www.exponencialconcursos.com.br 80, I do CC, as ações correspondentes a direitos reais sobre objetos imóveis são consideradas bens imóveis. 12. (CESPE/TCE-RN/Auditor Substituto de Conselheiro/2015) Com relação a bens, fato e negócio jurídico, julgue o item seguinte. A energia elétrica, considerada um bem móvel, é suscetível de apropriação alheia e passível de causar dano patrimonial. Comentários O item está certo. Segundo o art. 83, I do CC, as energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis. 13. (CESPE/TJDFT/Juiz Substituto/2015) A respeito dos bens, assinale a opção correta à luz da jurisprudência pertinente. a) Os bens naturalmente divisíveis não se podem tornar indivisíveis. b) É possível a cobrança de retribuição pecuniária pelo uso comum dos bens públicos. c) Considera-se bem infungível a produção agrícola tanto de pessoa física quanto de pessoa jurídica. d) Com a abertura da sucessão, a herança incorpora-se ao patrimônio do herdeiro na qualidade de bem imóvel divisível. e) São considerados bens imóveis os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações. Comentários Letra “b”. Dispõe o art. 103 do CC que o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Letra “a”. Segundo o art. 88 do CC, os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Letra “c”. Se uma determinada produção agrícola pode ser substituída por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade, então ela deve ser considerada, segundo o art. 85 do CC, como um bem fungível. Letra “d”. Segundo o art. 1791, § único do CC, desde a abertura da sucessão hereditária até o momento da partilha, a herança será considerada, por força de lei, um bem indivisível. Art. 1791, Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 33 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Letra “e”. Segundo o art. 83, III do CC, os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações são considerados bens móveis. 14. (FGV/TJ-PI/AJAA/2015) Margarida, artista plástica, contratou a compra de madeira de demolição, proveniente de um prédio do centro histórico de Teresina. Sobre a situação narrada, é correto afirmar que os bens são considerados: a) imóveis, pois são materiais de obra pertencentes ao prédio histórico; b) móveis, pois, por serem provenientes de demolição, não mais integram o prédio; c) fora do comércio por falta de valor econômico; d) coisas abandonadas, e é possível adquiri-los por ocupação; e) imóveis, pois adquirem a natureza do prédio, bem principal. Comentários Letra “b”. A questão tem como fundamento legal o art. 84 do CC. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. 15. (FCC/TRT 1a Região/Juiz Substituto/2015) Relativamente aos bens, o Código Civil estabelece que a) constituem-se em bens móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. b) consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. c) são consumíveis os bens móveis destinados à alienação. d) consideram-se móveis para os efeitos legais o direito à sucessão aberta. e) os bens naturalmente divisíveis não podem se tornar indivisíveis pela vontade das partes, mas apenas por força de lei. Comentários Letra “c”. Vale a pena recordarmos o art. 86 do CC. Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. Letra “a”. Segundo o art. 81, II do CC, não perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M ar qu es (C PF : 2 77 .15 6.1 08 -52 ) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso de Direito Civil p/ TRTs (AJAJ) Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri – Aula 02 Profs. Wangney Ilco e Dicler Forestieri 34 de 68 www.exponencialconcursos.com.br Letra “b”. Segundo o art. 83, III do CC, os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações são considerados bens móveis. Letra “d”. Conforme prevê o art. 80, II do CC, o direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel. Letra “e”. Segundo o art. 88 do CC, os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. 16. (FCC/TRE-SE/AJAJ/2015) No tocante as diferentes classes de bens, considere: I. Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações são considerados bens imóveis para os efeitos legais. II. As energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis para os efeitos legais. III. Os títulos de dívida pública e de dívida particular são considerados bens móveis para os efeitos legais. IV. As árvores e os frutos pendentes não destinados ao corte são considerados bens imóveis por acessão natural. De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma APENAS em a) I e III. b) II, III e IV c) I e IV. d) I, II e IV. e) II e III. Comentários Letra “b”. I – Incorreta. Segundo o art. 83, III do CC, os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações são considerados bens móveis. II – Correta. Segundo o art. 83, I do CC, as energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis. III – Correta. Segundo o art. 83, III do CC, os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações são considerados bens móveis. IV – Correta. É considerado acessão natural tudo aquilo que adere ao solo naturalmente, a exemplo das árvores, frutos e subsolo. Có pi a re gi st ra da p ar a Ca rlo s Ed ua rd o M ar qu es S ev er in o M
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