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AULA 05 DOS BENS

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1 
 
 
 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR(A): Petrucia Danielle 
Assunto: DOS BENS 
 
 
1. CONCEITO DE BEM 
 
Bens: são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor 
econômico. Somente interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo 
homem. As que existem em abundância no universo, como o ar atmosférico e a água dos oceanos, 
por exemplo, deixam de ser bens em sentido jurídico. 
Bens, portanto, são coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, 
suscetíveis de apropriação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis 
(direitos autorais, de invenção etc.). Certas coisas, insuscetíveis de apropriação pelo homem, 
como o ar atmosférico, o mar etc., são chamadas de coisas comuns. Não podem ser objeto de 
relação jurídica; portanto, sendo possível sua apropriação em porções limitadas, tornam-se objeto 
do direito (gases comprimidos, água fornecida pela Administração Pública). 
2. BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS: 
 
Bens corpóreos são os que têm existência física, material e podem ser tangidos pelo homem. 
Bens incorpóreos são os que têm existência abstrata ou ideal e valor econômico, como o direito 
autoral, o crédito, a sucessão aberta, o fundo de comércio, o software, o know-how etc. São 
criações da mente reconhecidas pela ordem jurídica. 
OBS: Atualmente, porém, esse procedimento seria inexato, por excluir coisas perceptíveis 
por outros sentidos, como os gases, que não podem ser atingidos materialmente com as mãos e 
nem por isso deixam de ser coisas corpóreas. Hoje também se consideram bens materiais ou 
corpóreos as diversas formas de energia, como a eletricidade, o gás, o vapor. 
Embora não contemplada na lei com dispositivos específicos, a classificação dos bens em 
corpóreos e incorpóreos tem a sua importância, porque a relação jurídica pode ter por objeto uma 
coisa de existência material ou um bem de existência abstrata. 
2 
 
 
 
3. PATRIMÔNIO: 
 
Os bens corpóreos e os incorpóreos integram o patrimônio da pessoa. Patrimônio, segundo a 
doutrina, é o complexo das relações jurídicas de uma pessoa que tiver valor econômico. 
Clóvis, acolhendo essa noção, comenta: “Assim, compreendem-se no patrimônio tanto os 
elementos ativos quanto os passivos, isto é, os direitos de ordem privada economicamente 
apreciáveis e as dívidas. É a atividade econômica de uma pessoa, sob o seu aspecto jurídico, ou a 
projeção econômica da personalidade civil”. 
O patrimônio restringe-se, assim, aos bens avaliáveis em dinheiro. Nele não se incluem as 
qualidades pessoais, como a capacidade física ou técnica, o conhecimento ou a força de trabalho, 
porque são considerados simples fatores de obtenção de receitas quando utilizados para esses fins, 
malgrado a lesão a esses bens possa acarretar a devida reparação. Igualmente não integram o 
patrimônio as relações afetivas da pessoa, os direitos personalíssimos, familiares e públicos não 
economicamente apreciáveis, denominados direitos não patrimoniais. 
4. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS: 
 
A classificação dos bens é feita segundo critérios de importância científica, pois a inclusão de 
um bem em determinada categoria implica a aplicação automática de regras próprias e 
específicas, visto que não se podem aplicar as mesmas regras a todos os bens. O legislador 
enfoca e classifica os bens sob diversos critérios, levando em conta as suas características 
particulares. O Código Civil de 2002, no Livro II da Parte Geral, em título único, disciplina os 
bens em três capítulos diferentes: I — Dos bens considerados em si mesmos; II — Dos bens 
reciprocamente considerados; e III — Dos bens públicos. 
A classificação pode ser assim esquematizada: 
3 
 
 
 
5. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
 
Bens imóveis e bens móveis 
 
É a mais importante classificação, fundada na efetiva natureza dos bens. 
 
Os bens imóveis, denominados bens de raiz, sempre desfrutaram de maior prestígio, ficando os 
móveis relegados a plano secundário. No entanto, a importância do bem móvel tem aumentado 
sensivelmente no moderno mundo dos negócios, em que circulam livremente os papéis e 
valoresdos grandes conglomerados econômicos, sendo de grande importância para a economia o 
crédito, as energias, as ações de companhias particulares, os títulos públicos, as máquinas, os 
veículos etc. Dentre os efeitos práticos dessa distinção, que denotam a sua importância, podem 
ser mencionados: os bens móveis são adquiridos, em regra, por simples tradição, enquanto os 
imóveis dependem de escritura pública e registro no Cartório de Registro de Imóveis (CC, arts. 
108, 1.226 e 1.227); 
Bens imóveis: Segundo Clóvis, chamam-se imóveis os bens “que se não podem transportar, 
sem destruição, de um para outro lugar”. Esse conceito, verdadeiro em outros tempos, vale 
hoje para os imóveis propriamente ditos ou bens de raiz, como o solo e suas partes integrantes, 
mas não abrange os imóveis por determinação legal nem as edificações que, separadas do solo, 
conservam sua unidade, podendo ser removidas para outro local (CC, arts. 81, I, e 83). O avanço 
da engenharia e da ciência em geral deu origem a modalidades de imóveis que não se ajustam à 
referida definição. O CC/02 assim descreve os bens imóveis: 
4 
 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I — os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II — o direito à sucessão aberta. 
Desse modo, além dos assim considerados para os efeitos legais, são bem imóveis, segundo o 
novo Código Civil, o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente, ou seja, o 
solo e suas acessões, que podem ser naturais ou artificiais. 
Dispõe o art. 81 do novo Código Civil: “Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I — as 
edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro 
local; II — os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.” O 
que se considera é a finalidade da separação, a destinação dos materiais. Assim, o que se tira de 
um prédio para novamente nele incorporar pertencerá ao imóvel e será imóvel. Coerentemente, 
aduz o art. 84 que “os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, 
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de 
algum prédio”. O inc. I do art. 81 supratranscrito trata de hipótese mais comum em países como 
os Estados Unidos, em que as pessoas mudam de cidade ou de bairro e transportam a casa pré- 
fabricada para assentarem-na na nova localidade. A finalidade do dispositivo é salientar que, 
mesmo durante o transporte, a casa ou edifício continuará sendo imóvel para efeitos legais. 
Bens móveis: Os bens móveis podem ser esquematicamente classificados do seguinte modo: 
 
O art. 82 do Código Civil considera móveis “os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de 
remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social”. Trata- 
se dos móveis por natureza, que se dividem em semoventes e propriamente ditos. Ambos são 
corpóreos. Outros são móveis para os efeitos legais (CC, art. 83), sendo que a doutrina menciona 
ainda a existência de móveis por antecipação. 
 
6. BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS: 
 
Bens fungíveis: são “os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade 
e quantidade”, dispõe o art. 85 do Código Civil, como o dinheiro e os gêneros alimentícios em 
geral. 
Bens infungíveis: são os que não têm esse atributo, como o quadro de um pintor célebre, uma 
escultura famosa, que são personalizados ou individualizados. O novo Código adotou a orientação 
de só conceituar o indispensável, não fazendo alusão a noções meramente negativas, como as de 
bens infungíveis, inconsumíveis e indivisíveis. Não é, porém,pelo fato de o mencionado art. 85 
5 
 
só haver definido bem fungível que, por isso, deixam de existir os bens infungíveis. Mesmo 
porque se define o bem fungível para distingui-lo do infungível. 
Os bens fungíveis são substituíveis porque são idênticos, econômica, social e juridicamente. A 
característica advém, pois, da natureza dos bens. Todavia, pode resultar também da vontade das 
partes. A moeda é um bem fungível. Determinada moeda, porém, pode tornar-se infungível para 
um colecionador. 
A classificação dos bens em fungíveis e infungíveis tem importância prática, por exemplo, na 
distinção entre mútuo, que só recai sobre bens fungíveis (CC, art. 586), e comodato, que tem por 
objeto bens infungíveis (CC, art. 579). 
 
7. BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS: 
 
Bens consumíveis: Proclama o art. 86 do Código Civil que são consumíveis “os bens móveis 
cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os 
destinados à alienação”. 
Infere-se do conceito que os bens podem ser: Consumíveis de fato (natural ou materialmente 
consumíveis): aqueles cujo uso importa destruição imediata da própria substância, como os 
gêneros alimentícios. Extinguem-se pelo uso normal, exaurindo-se num só ato. 
Bens inconsumíveis: Inconsumíveis são os bens que podem ser usados continuadamente, ou seja, 
os que permitem utilização contínua, sem destruição da substância. A rigor, a utilização mais ou 
menos prolongada acaba por consumir qualquer objeto, ainda que leve bastante tempo. Entretanto, 
no sentido jurídico, bem consumível é apenas o que desaparece com o primeiro uso; não é, 
portanto, juridicamente consumível a roupa, que lentamente se gasta com o uso ordinário. Tais 
são, por exemplo, os livros, que, nas prateleiras de uma livraria, serão consumíveis por se 
destinarem à alienação, e, nas estantes de uma biblioteca, serão inconsumíveis, porque aí se acham 
para serem lidos e conservados . 
 
8. BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
 
Bens divisíveis: Quanto à divisibilidade, os bens classificam-se em: divisíveis; e indivisíveis. 
 
Bens divisíveis, diz o art. 87 do Código Civil, “são os que se podem fracionar sem alteração na 
sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. São 
divisíveis, portanto, os bens que podem ser partidos em porções reais e distintas, formando cada 
6 
 
qual um todo perfeito, na dicção do art. 52 do Código de 1916. Um relógio, por exemplo, é bem 
indivisível, pois cada parte não conservará as qualidades essenciais do todo se for desmontado. O 
novo Código introduziu, na divisibilidade dos bens, o critério da diminuição considerável do 
valor, seguindo a melhor doutrina e por ser socialmente o mais defensável, no dizer da Comissão 
Revisora, cujo relatório adverte: “Atente-se para a hipótese de 10 pessoas herdarem um brilhante 
de 50 quilates, que, sem dúvida, vale muito mais do que 10 brilhantes de 5 quilates; se esse 
brilhante for divisível (e, a não ser pelo critério da diminuição sensível do valor, não o será), 
qualquer dos herdeiros poderá prejudicar todos os outros, se exigir a divisão da pedra” . 
Bens indivisíveis: Dispõe o art. 88 do Código Civil que os “bens naturalmente divisíveis podem 
tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes”. Constata-se, assim, que 
os bens podem ser: Indivisíveis por natureza (indivisibilidade física ou material): os que não 
podem ser fracionados sem alteração na sua substância, diminuição de valor ou prejuízo do uso, 
como um animal, um relógio, um quadro, um brilhante etc. As obrigações também são divisíveis, 
ou indivisíveis conforme seja divisível ou não o objeto da prestação (CC, arts. 257 e 258). 
 
9. BENS SINGULARES E COLETIVOS 
 
Conceito de bens singulares: Quanto à individualidade, os bens denominam-se: singulares; e 
coletivos. Preceitua o art. 89 do Código Civil: “São singulares os bens que, embora reunidos, se 
consideram de per si, independentemente dos demais”. 
Espécies de bens singulares: A doutrina classifica os bens singulares em: simples, quando suas 
partes, da mesma espécie, estão ligadas pela própria natureza, como um cavalo, uma árvore; 
compostos, quando as suas partes se acham ligadas pela indústria humana, como um edifício. “As 
coisas simples que formam a coisa composta, mantendo sua identidade, denominam-se partes 
integrantes. Se perdem a identidade, chamam-se partes componentes. As partes integrantes, como 
as peças de máquinas, podem ser separadas do todo, as componentes, como o cimento de uma 
parede, não”. 
Bens coletivos: Os bens coletivos são chamados também de universais ou universalidades e 
abrangem as: universalidades de fato; e as universalidades de direito. São os que, sendo 
compostos de várias coisas singulares, se consideram em conjunto, formando um todo, uma 
unidade, que passa a ter individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, como 
um rebanho, uma floresta etc. 
Bens reciprocamente considerados: Depois de visualizar os bens em sua própria 
individualidade, o legislador muda de critério, no Capítulo II do título concernente às diferentes 
classes de bens, e os considera reciprocamente, levando em conta a relação entre uns e outros. E, 
7 
 
dessa forma, classifica-os em principais e acessórios. 
 
10. BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS 
 
Conceito e distinção Considerados uns em relação aos outros, os bens classificam-se em: a) 
principais; e b) acessórios. 
Principal é o bem que tem existência própria, autônoma, que existe por si. 
 
Acessório é aquele cuja existência depende do principal. Assim, o solo é bem principal, porque 
existe por si, concretamente, sem qualquer dependência. A árvore, por sua vez, é acessório, 
porque sua existência supõe a do solo onde foi plantada. Prescreve o art. 92 do Código Civil: “Art. 
92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja 
existência supõe a do principal.” A acessoriedade pode existir entre coisas e entre direitos, 
pessoais ou reais. Os contratos de locação e de compra e venda, por exemplo, são principais. A 
fiança e a cláusula penal neles estipuladas são acessórios. A hipoteca e outros direitos reais são 
acessórios em relação ao bem ou contrato principal. 
O acessório acompanha o principal em seu destino: assim, extinta a obrigação principal, extingue- 
se também a acessória, mas o contrário não é verdadeiro. Vejam-se os exemplos: a nulidade da 
obrigação principal importa a da cláusula penal; a obrigação de dar coisa certa abrange seus 
acessórios, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso (CC, art. 233); na 
cessão de um crédito, abrangem-se todos os seus acessórios, salvo disposição em contrário (art. 
287); salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus 
acrescidos (art. 1.392). 
O proprietário do principal é proprietário do acessório: confira-se: até a tradição, pertence ao 
devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no 
preço (CC, art. 237); a posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que 
nele estiverem (art. 1.209); os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, 
ao seu proprietário (art. 1.232); no capítulo concernente às acessões (arts. 1.248 e s.), predomina 
o princípio em virtude do qual tudo o que se incorpora a um bem fica pertencendo ao seu 
proprietário, podendo o fato ocorrer por formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo, 
plantações e construções. 
As diversas classes de bens acessórios: Dispõe o art. 95 do Código Civil que, apesar de “ainda 
não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico”. 
Compreendem-se, pois, na grande classe dos bens acessórios os produtos e os frutos: 
8 
 
OS PRODUTOS: 
 
Produtos “são as utilidades que se retiramda coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se 
reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das 
minas”. Distinguem-se dos frutos porque a colheita destes não diminui o valor nem a substância 
da fonte e a daqueles, sim. A diferença é importante em matéria de usufruto, que só dá direito à 
percepção dos frutos (CC, art. 1.394). Adverte, porém, Clóvis Beviláqua que “os produtos, 
quando são utilidades provenientes de uma riqueza posta em atividade econômica, seguem a 
natureza dos frutos”. Em face dessa assertiva, devem os produtos ser tratados como frutos, a que 
tem direito o possuidor de boa-fé, malgrado o art. 1.214 do Código Civilsó se refira a estes. 
Prescreve o art. 1.232 do Código Civil que os “frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda 
quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a 
outrem”. Legislação especial transformou os minerais em bens principais. O art. 176 da 
Constituição Federal dispõe que as jazidas pertencem à União, constituindo propriedade distinta 
da do solo para efeito de exploração ou aproveitamento industrial, sendo assegurada ao 
proprietário deste participação nos resultados da lavra (§ 2º). 
OS FRUTOS 
 
Conceito e características Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem 
e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como as frutas brotadas 
das árvores, os vegetais espontaneamente fornecidos pelo solo, o leite dos animais etc. 
Caracterizam-se, assim, por três elementos: periodicidade; inalterabilidade da substância da coisa 
principal; e separabilidade. 
AS PERTENÇAS 
 
O novo Código Civil incluiu, no rol dos bens acessórios, as pertenças, ou seja, os bens móveis 
que, não constituindo partes integrantes (como o são os frutos, produtos e benfeitorias), estão 
afetados por forma duradoura ao serviço ou ornamentação de outro, como os tratores destinados 
a uma melhor exploração de propriedade agrícola e os objetos de decoração de uma residência. 
Prescreve, com efeito, o art. 93 do referido diploma: “Art. 93. São pertenças os bens que, não 
constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao 
aformoseamento de outro.” Por sua vez, o art. 94 mostra a distinção entre parte integrante (frutos, 
produtos e benfeitorias) e pertenças ao proclamar: “Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem 
respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da 
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.” 
 
9 
 
11. AS BENFEITORIAS 
 
Conceito e espécies Também se consideram bens acessórios todas as benfeitorias, qualquer que 
seja o seu valor (CC, art. 96). Desde o direito romano, classificam-se em três grupos as despesas 
ou os melhoramentos que podem ser realizados nas coisas: despesas ou benfeitorias necessárias; 
despesas ou benfeitorias úteis; despesas ou benfeitorias de luxo. 
Benfeitorias necessárias: Sob duplo ponto de vista, pode-se qualificar de necessária uma 
benfeitoria: Quando se destina à conservação da coisa, seja para impedir que pereça ou se 
deteriore (despesas para dar suficiente solidez a uma residência, para cura das enfermidades dos 
animais etc.), seja para conservá-la juridicamente (despesas efetuadas para o cancelamento de 
uma hipoteca, liberação de qualquer outro ônus real, pagamento de foros e impostos, promoção 
de defesa judicial etc.) 
Benfeitorias úteis: O conceito de benfeitorias úteis é negativo: as que não se enquadram na 
categoria de necessárias, mas aumentam objetivamente o valor do bem377 . Para o Código Civil 
brasileiro, como já dito, são úteis as benfeitorias que aumentam ou facilitam o uso do bem. Assim, 
por exemplo, o acrescentamento de um banheiro ou de uma garagem a casa, que obviamente 
aumenta o seu valor comercial. 
Benfeitorias voluptuárias: Voluptuárias são as benfeitorias que só consistem em objetos de luxo 
e recreio, como jardins, mirantes, fontes, cascatas artificiais, bem como aquelas que não 
aumentam o valor venal da coisa no mercado em geral ou só o aumentam em proporção 
insignificante, como preceitua o § 2º do art. 967 do Código Civil colombiano. 
 
12. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
Bens quanto ao titular do domínio: públicos e particulares. 
 
Introdução O art. 98 do Código Civil considera públicos “os bens do domínio nacional 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno”. Os particulares são definidos por 
exclusão: “todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”. Os bens 
públicos foram classificados em três categorias (CC, art. 99): bens de uso comum do povo; bens 
de uso especial; bens dominicais. Os de uso comum e os de uso especial são bens do domínio 
público do Estado. 
Bens de uso comum do povo: são os que podem ser utilizados por qualquer um do povo, sem 
formalidades. Exemplificativamente, o Código Civil menciona “os rios, mares, estradas, ruas e 
praças” (art. 99, I). Não perdem essa característica se o Poder Público regulamentar seu uso ou 
10 
 
torná-lo oneroso, instituindo cobrança de pedágio, como nas rodovias (art. 103). A administração 
pode também restringir ou vedar o seu uso, em razão de segurança nacional ou de interesse 
público, interditando uma estrada, por exemplo, ou proibindo o trânsito por determinado local. O 
povo somente tem o direito de usar tais bens, mas não tem o seu domínio. Este pertence à pessoa 
jurídica de direito público, mas é um domínio com características especiais, que lhe confere a 
guarda, administração e fiscalização dos referidos bens, podendo ainda reivindicá-los. Segundo 
alguns autores, não haveria propriamente um direito de propriedade, mas um poder de gestão. 
Todavia, foram afastadas as doutrinas que negavam a existência do direito de propriedade do 
Estado em relação aos bens do domínio público. Passou-se a adotar a tese da propriedade pública 
que, segundo Hauriou, não é, em sua essência, diferente da propriedade privada, mas a existência 
da afetação dos bens lhe imprime características particulares. 
Bens de uso especial: Bens de uso especial são os que se destinam especialmente à execução dos 
serviços públicos. São os edifícios onde estão instalados os serviços públicos, inclusive os das 
autarquias, e os órgãos da administração (repartições públicas, secretarias, escolas, ministérios 
etc. — CC, art. 99, II). São utilizados exclusivamente pelo Poder Público. 
Bens dominicais: Bens dominicais ou do patrimônio disponível são os que constituem o 
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real de cada 
uma dessas entidades (CC, art. 99, III). Sobre eles, o Poder Público exerce poderes de proprietário. 
Incluem-se nessa categoria as terras devolutas, as estradas de ferro, oficinas e fazendas 
pertencentes ao Estado. Não estando afetados a finalidade pública específica, os bens dominicais 
podem ser alienados por meio de institutos de direito privado ou de direito público (compra e 
venda, legitimação de posse etc.), observadas as exigências da lei (CC, art. 101). Os bens 
dominicais são do domínio privado do Estado. Todavia, se afetados a finalidade pública 
específica, não podem ser alienados. Em caso contrário, podem ser alienados por meio de 
institutos do direito privado. Tais bens encontram-se, portanto, “no comércio jurídico de direito 
privado e de direito público”. Dispõe o parágrafo único do art. 99 do Código Civil que, não 
“dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas 
de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado”. Nesse caso, podem ser 
alienados pelos institutos típicos do direito civil, como se pertencessem a um particular qualquer. 
A inalienabilidade dos bens públicos: Os bens públicos de “uso comum do povo e os de uso 
especial sãoinalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei 
determinar” (CC, art. 100). 
Bens públicos e a não sujeição a usucapião: Dispõe, ainda, o art. 102 do Código Civil que os 
“bens públicos não estão sujeitos a usucapião”.

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