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Resenha DE JAMPAS

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É sabido que o objetivo da linguagem é comunicar. Obviamente que há situações em que a linguagem não simplificada é necessária, por exemplo em ambientes em que prevalece a linguagem técnica, como no jornalismo com seus jargões e na medicina com seus termos técnicos. No Direito não seria diferente. Há, por vezes a necessidade de se rebuscar um texto com termos mais raros, ou de difícil compreensão, pois, no processo do convencimento, o conhecimento é peça fundamental. Contudo, o Direito é peculiar, ele possui uma função social e é dela que deriva a ideia de simplificação de peças e petições, por conseguinte as pessoas têm de entender o que está sendo discutido em um tribunal.
A linguagem em geral se apresenta em dois aspectos: artístico e técnico. O primeiro é puramente arte, o dever dele é encantar. Preocupa-se especialmente em encantar o leitor, utilizando-se, principalmente, da estilística. O segundo tem o dever de informar, passar conhecimento aos demais, e é ai que adentra a linguagem rebuscada do Direito: O juridiquês. Este, antes usado como forma de denegrir a linguagem jurídica, somente se aplica quando muito é utilizado da linguagem técnica do Direito. Obviamente que quando necessário ao processo de convencimento, a linguagem técnica utilizada corretamente não é considerada juridiquês, mas aquelas peças em que se utiliza demasiadamente de linguagens arcaicas, técnicas e abusa-se do uso do latim, ai sim, estaria caracterizado o juridiquês.
Houve uma campanha no meio jurídico para que a clareza, princípio constitucional, fosse colocada em primeiro plano indo de encontro ao abuso do juridiquês utilizado majoritariamente no Direito brasileiro. A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) lançou uma campanha para simplificação da linguagem jurídica em 2005, sendo que, antes em 2003, o IBGE realizou uma pesquisa em que o resultado foi que os brasileiros não suportavam o uso de tantos termos técnicos pelos operadores do direito. Este fato afasta as pessoas do judiciário e do acesso à justiça, o qual é princípio fundamental do nosso ordenamento jurídico. Outro princípio que acaba sendo violado é o da dignidade da pessoa humana, este tão fundamental para a consolidação de qualquer Estado democrático de direito, acaba sendo violado quando a justiça serve apenas para os intelectuais e os detentores dos saberes técnicos.
Por fim, é evidente que a linguagem técnica exacerbada não acrescenta em nada o resultado final de qualquer procedimento jurídico. O que importa é aproximar a população da justiça e dos seus trâmites e não a afastar com uma linguagem tão rebuscada que aparenta ser alienígena. O uso do juridiquês deve ser coibido, falar difícil não é e nunca será demonstração de inteligência, pois, se o objetivo fundamental da linguagem é comunicar, se este não o faz, inteligente não aparenta ser.

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