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AULA A QUESTÃO METAFÍSICA


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FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO
A QUESTÃO METAFÍSICA
PROF. RAFAEL VILAÇA EPIFANI COSTA
SÓCRATES 		 PLATÃO 			ARISTÓTELES
ARISTÓTELES
Discípulo de Platão, Aristóteles (384-322 a.C.) estava também envolvido no ambiente filosófico que ensejou o socratismo e o platonismo, ainda que a seu modo. A acentuada tendência platônica a uma construção filosófica ideal passa a ser amenizada no pensamento de Aristóteles, na medida em que a experiência é elemento fundamental de sua reflexão. Filho de médico, desde a infância em contato com a empiria dos casos clínicos, Aristóteles construiu sua filosofia tendo por base as realidades que se apresentavam ao seu mundo.
ARISTÓTELES
Naquilo que tange à construção direta de uma filosofia política e do direito revolucionária, que viesse a transformar a realidade, Aristóteles é mais prudente que seu mestre Platão. Este era filho de Atenas, de velhas tradições políticas familiares. Aristóteles era estrangeiro em Atenas, portanto com participação muito limitada na vida política. De fato, ao contrário de Platão, que analisava a situação social do seu tempo e estabelecia planos de transformação da realidade, Aristóteles consolida as opiniões, as possibilidades, os fatos e as situações da realidade, mas sem tomar partido maior dos caminhos de mudança ou de alteração do já dado. Aristóteles, mais ponderado e de maior contato com a realidade do 
que Platão, é menos visionário que seu mestre.
ARISTÓTELES: O CRÍTICO DE PLATÃO
Apesar de ter sido discípulo de Platão, desde o início Aristóteles não concorda com a Teoria das Ideias de Platão. Para Aristóteles existem leis que organizam o universo, sendo este um Todo, cujas leis não regem apenas os fenômenos naturais, mas também os fenômenos sociais, econômicos e políticos. De seu pensamento, estruturado e sistematizado na lógica, brotaram novas concepções em todos os campos da Ciência, como Biologia, Zoologia, Política, Ética, todas elas ensinadas no Liceu, que fundou na cidade de Atenas. Dessa forma, o pensamento de Aristóteles pode ser considerado de base Naturalista.
O SILOGISMO: O MÉTODO DE ARISTÓTELES
Para Aristóteles o Silogismo é a argumentação lógica perfeita, constituída de três proposições declarativas que se conectam de tal modo que a partir das duas primeiras, chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. Num silogismo, as premissas são um ou dois juízos que precedem a conclusão e dos quais ela decorre como resultado consequente dos antecedentes.
Todo homem é mortal (premissa maior) porque é universal, o homem é o sujeito lógico.
Sócrates é homem (premissa menor) porque é particular.
Logo, Sócrates é mortal (conclusão).
ARISTÓTELES: O CRÍTICO DE PLATÃO
Para Aristóteles, a Metafísica é a filosofia primeira, a causa primeira, a finalidade de todas coisas em si. Ela estuda o todo, o geral e não apenas as partes.
Na Metafísica, Aristóteles define as quatro causas das coisas:
Causa formal — A forma da coisa 
(um objeto define sua essência pela sua forma).
Causa material — A matéria de que uma coisa é feita 
(a matéria na qual consiste o objeto).
Causa eficiente — A origem da coisa 
(aquilo ou aquele que tornou possível o objeto).
Causa final — A razão de algo existir 
(a finalidade do objeto).
A EUDAIMONIA: O SUPREMO BEM
O Bem é aquilo a que todas as coisas tendem, ou seja, o bem é definido em função de um fim. 
a) O homem é o único entre os animais a ter linguagem. 
b) O homem é o único ser que tem o senso do que é bom e do que é mau, do justo e do injusto, etc.
c) O homem que ama a guerra ou a violência, é autodestrutivo, está à margem do bem, pois ele nega o seu próprio fim, e pode ser comparado a uma “peça fora do jogo”. 
Temos a liberdade para escolhermos entre o bem ou mal, porém, ao escolhermos o mal, negamos nossa própria natureza. A Felicidade é o fim de todas as ações humanas.
ARISTÓTELES E A ÉTICA
Os costumes na Grécia Antiga eram compreendidos segundo a ideia de Ethos, como um meio que leva à prática da ética dentro dos valores cultuados na sociedade. O estudo da Ética em Aristóteles tem relação direta com a pratica da mesma por parte dos indivíduos. Comparado com Platão e Sócrates, Aristóteles se apega à questões mais realistas, mais “materialistas”, diferente do idealismo de Platão e Sócrates. O conhecimento se realiza no plano indutivo. Através da observação do comportamento das pessoas, é que se chega a estabelecer ao que seria o Ethos. Não são as declarações ou intenções dos indivíduos o que é a ética, mas como se comportam no mundo. 
ARISTÓTELES E A ÉTICA
Existem, então, duas categorias de Éticas: O estudo, a noção metafísica, das ações humanas, e a Ética enquanto prática humana, que a maneira como Aristóteles pensa a Ética em si. Aristóteles busca o fundamento, as justificativas para as ações da sociedade em relação àquele modo de agir moralmente. A ideia de Ethos foi sofrendo modificações ao longo da História. Mas é preciso entender que não há modificação na essência da ideia de Ethos. Aristóteles busca o fundamento, as justificativas para as ações da sociedade em relação àquele modo de agir moralmente. 
ARISTÓTELES E A VIRTUDE
Diferente de Platão, Aristóteles não acredita que a virtude seja algo inato no ser humano, pois assim todos seriam virtuosos. Não é porque sabemos o que é certo que o fazemos sempre, e mesmo sabendo a importância de sermos equilibrados em tudo, em boa parte de nossas ações não o somos. Logo, a virtude tem origem numa disposição da alma, uma vontade que temos de ser virtuosos. O homem pode adquirir a virtude através da prática da vida contemplativa e intelectual e da educação. Para Aristóteles, a virtude é uma mediania, isto é, um nível intermediário entre a falta e o excesso. Ser virtuoso é ser equilibrado em todas as situações, ter Prudência.
ARISTÓTELES E A PRUDÊNCIA
Para Aristóteles, a Justiça se manifesta e se completa com a Prudência. A prudência é um conceito que se verifica em muitas obras do pensamento aristotélico, mas que apresenta um tratamento específico na obra Ética a Nicômaco. A prudência é uma virtude prática. Não se trata do cumprimento do dever pelo próprio dever. Para Aristóteles, a virtude da prudência atenta para a possibilidade de sua concretização, para as suas implicações, para a sua prática em face da realidade que se lhe apresenta. 
ARISTÓTELES E A JUSTIÇA
As partes iniciais do Livro V de Ética a Nicômaco estão voltadas a essa questão. Logo de início Aristóteles separa dois grandes campos de compreensão da Justiça. Ela pode ser tomada no sentido Universal e no sentido Particular.
Justiça universal
Justiça particular 
Distributiva (Bens, honras, riquezas)
Corretiva (Crimes)
Reciprocidade (Economia, Produção)
JUSTIÇA UNIVERSAL
Na sua perspectiva universal, a justiça é tomada num sentido lato. Ela tanto é uma manifestação geral da virtude quanto uma apropriação do justo à lei que, no geral, é tida por justa. O respeito à lei é a característica desse justo que é tomado no sentido lato. Para Aristóteles, diferentemente dos modernos, a lei, produzida na pólis a partir de um princípio ético, é diretamente relacionada ao justo, mas não por conta de sua forma (ou seja, não é justa somente porque é formalmente válida), e sim em razão do seu conteúdo. Para Aristóteles, uma má lei não é lei. Sendo a lei somente a lei justa, a justiça tomada no seu sentido universal não deixa de ser, também, o cumprimento da lei..
JUSTIÇA PARTICULAR
A justiça está em todas as demais virtudes (caridade, paciência, etc.), e por isso é a única virtude universal. Ao mesmo tempo em que é uma virtude universal, ela também é uma virtude em si mesma. Somente ela tem um conteúdo específico que não demanda em acréscimo outra virtude. Estudar o que vem a ser a justiça em si é tomá-la no seu sentido particular. Aristóteles dirá que, a Justiça, em sua apreensão específica e estrita, é a ação de dar a cada um o que é seu, sendo essa a regra de ouro sobre o que é justo. A justiça,assim, compreende uma ação de distribuição, que demanda uma qualidade de estabelecer o que é de cada qual.
JUSTIÇA PARTICULAR: DISTRIBUTIVA
Para Aristóteles, a justiça distributiva trata da distribuição de riquezas, benefícios e honrarias. Apresenta-se como a mais alta ocupação da justiça, e também a mais sensível. A distribuição compreende sempre dois sujeitos em relação aos quais se avalia a justa distribuição dos bens, e dois bens, que serão divididos entre tais pessoas. Assim sendo, a distribuição compreende uma espécie de função matemática tal qual uma regra de três.
A justa distribuição, para Aristóteles, é um justo meio-termo entre duas pessoas e duas coisas. O critério fundamental para tal distribuição justa é o mérito, embora este possa variar.
JUSTIÇA COMO EQUIDADE DISTRIBUTIVA 
A justiça da distribuição dos bens e honras, de acordo com o mérito, é uma proporção. A proporcionalidade caracteriza o justo, e a sua falta o injusto.
Tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais. 
Dar a cada pessoa aquilo que lhe é devido. 
Não se deve tratar a todos como iguais se as pessoas são diferentes, umas tem mais méritos, outras menos, umas tem mais capacidades e esforços, outras menos.
JUSTIÇA PARTICULAR: CORRETIVA
A Justiça corretiva, por sua vez, é bem menos complexa que a distributiva. Trata-se de uma proporção aritmética. Ao contrário da distribuição das honrarias, bens e cargos de acordo com o mérito, nessa vertente a justiça é tratada como uma reparação do quinhão que foi, voluntária, ou involuntariamente, subtraído de alguém por outrem. Se na justiça distributiva, há uma proporção entre as pessoas e coisas, na justiça corretiva há apenas uma proporção entre coisas, porque as pessoas são tomadas formalmente como iguais.
JUSTIÇA PARTICULAR: RECIPROCIDADE
Aristóteles chama a atenção para uma outra forma de justiça, que ele não enquadra nem na justiça distributiva, nem na corretiva, e que denomina Reciprocidade. A sua aplicação mais importante se dá no caso da produção. As trocas entre um sapateiro, um pedreiro, um médico e um fazendeiro, para serem consideradas justas, devem alcançar uma certa reciprocidade. Não se pode imaginar que a produção de um sapato valha o mesmo que a construção de uma casa, ou que a colheita de um quilo de determinada planta valha a uma certa cirurgia. Logo, o dinheiro faz o papel de uma equivalência universal entre produtos e serviços. Ele possibilita a reciprocidade.
ARISTÓTELES E A POLÍTICA
A Ética busca compreender a felicidade individual de cada pessoa. Já a Política busca compreender a felicidade coletiva, de toda a Pólis. Daí a palavra Política, que é a forma de agir uns frente aos outros, buscando sempre o bem comum. Logo a Ética é a alma da Política.
"O ser humano é por natureza, um animal social e político." 
Pólis - Organização social adequada à natureza humana 
Ética - Agir que busca o bem individual 
Política - Agir que busca o bem comum
ARISTÓTELES E A POLÍTICA
Aristóteles não considerava a democracia como a melhor forma de promover o bem comum. Analisando várias cidades de sua época, ele buscou classificar as formas de governar, mostrando que elas podem resultar em formas corrompidas de governo. Para ele, o que torna um governo bom não é simplesmente o fato de ser composto de uma única ou de várias pessoas, ou aqueles que exercem o poder terem formação e capacidades adequadas. O bom governo é aquele que visa o bem comum, ao interesse coletivo. E o mau governo é aquele exercido no interesse de quem governa, não no interesse da coletividade.
A POLITEIA 
A Politeia era uma espécie de meio termo entre a oligarquia e os mais pobres, sendo benéfica à classe média, uma vez que ela brota de um desejo de realizar o bem comum. Ele cumpre um princípio de "prudência política", um ponto de equilíbrio em meio à corrupção da sociedade ateniense. É um estado pautado em uma “constituição”.
O poder político deveria ser exercido dentro dos limites traçados pela lei que é imposta a toda Pólis. Logo o Estado de Direito respeita tanto o cidadão, na medida em que o cidadão respeita o Estado.
O BÁRBARO
A palavra bárbaro vem da incapacidade de pronunciar a língua grega ou romana, com isso se “barbarizava” a cultura greco-romana. O bárbaro é um ser “apolítico”, pois não se adapta às instituições gregas, com isso sendo um escravo, um ser à margem da sociedade grega.
A flexibilidade do bárbaro se dá em razão da sua sucumbência à lei gregas em relação com sua cultura. O bárbaro está sempre com medo da lei, de uma esfera nova, pois não consegue acessá-la. A prova disso é a sua insuficiência linguística. Com isso não pode participar do processo educativa para fazer parte da mesma esfera de atuação do grego. 
PODER E ESCRAVIDÃO EM ARISTÓTELES
A identidade do bárbaro é incerta pois deriva dos caprichos políticos e demandas legais. Isso depende da permissão a ele concedida. Da mesma forma se encontra a condição de escravo, pois no fim das contas todos estão dominados sob algum poder.
 
a) Dono sobre escravo; b) Marido sobre a mulher; c) Pais sobre 
os filhos; d) Rei sobre o súdito; e) Magistrado sobre o cidadão
A escravidão se dá pela natureza, pela lei, por um direito natural. 
Logo Aristóteles vê a escravidão como algo próprio da natureza do ser humano.