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RESUMO TÍTULOS DE CRÉDITO_DIREITO EMPRESARIAL

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TÍTULOS DE CRÉDITO 
1. Histórico:
No início, o homem realizava trocas sem atribuir valor aos bens, a noção de medida era a sua necessidade. Em seguida, possou a utilizar produtos de uso comum como valoradores dos bens trocados (Ex. Sal, grãos, gado). Após essa fase, ele entra na fase metálica, quando utiliza ouro, prata, bronze e cobre como instrumento de comercialização. Esta fase é seguida pela financeira, na qual o homem encontra uma forma de representar valores seguindo um mesmo padrão, o papel-moeda ou moeda fiduciária (emitido pelo Estado). Passamos da economia natural para a economia monetária. No estagio seguinte, om a escassez da moeda, foram criados os títulos de créditos, ocorre a substituição do dinheiro por papéis que representam um valor, com a obrigação implícita de realizá-lo. 
2. Conceito:
Segundo o art. 887, do CC: “o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. 
3. Legislação:
A Lei Uniforme de Genebra (LUG) buscou padronizar, nos países participantes, a regulamentação e aplicabilidade dos títulos de crédito, especialmente a Letra de Câmbio e a Nota Promissória. 
Atualmente os títulos de créditos estão previstos no Código Civil, Lei n.10.406/2002 e em leis esparsas: Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra, Lei n.5.474/68 – Duplicatas, Lei n.7.357/85 – Cheques, Decreto n. 2.044/20088 – Letras de Câmbios e Nota Promissória. 
4. Características/Atributos dos títulos de crédito:
Os títulos de créditos são formas de documentar obrigações, especificamente creditórias, preferíveis as demais modalidades de documentação pelo conjunto dos atributos que possui: 
	a) Exclusividade: a característica principal é representarem exclusivamente créditos, ou seja, as relações crediticiais, diferenciando dos demais documentos representativos de obrigação;
	b) Circulabilidade: os títulos de créditos são títulos executivos extrajudiciais, ou seja, podem ser executados diretamente pelo credor, sem a necessidade previa de alção de conhecimento; 
	c) Negociabilidade: eles também possuem a facilidade de circulação devido a disciplina jurídica a que se submete, ou seja, possibilitam ao detentor do crédito transferi-lo a terceiros interessados com grande facilidade. Em geral, eles são descontáveis pelas instituições financeiras que adiantam o crédito, descontando-lhes uma parte, que representa seu lucro na operação, ou até mesmo receber o valor antes do vencimento (ex. Negociação entre comerciante e bancos). 
5. Princípios:
O conceito formulado por Vivante, explica o significado do título de crédito e alguns de seus princípios: 
	a) Deve ser escrito: o titulo de credito representa e comprova a existência de uma relação jurídica creditória, sendo assim ela deve estar escrita, uma vez que não se admitem títulos de créditos verbais ou comprovado por testemunhas. Ele poderá ser feito em papel ou meio eletrônico, desde que observados os requisitos mínimos do art. 889 do CC. 
	b) Cartularidade: cartola significa papel, na verdade um monumento que imita papel, ou seja, o credor de um credito representado num título de credito deve estar de posse do documento em questão para exercer os direitos nele mencionados. Ele poderá ser reconstruído em caso de extravio ou destruição (Art. 36, Decreto 2.044/2008). Nos dias atuais, as praticas dos atos cambiais admite a emissão de títulos em meio magnético, não consubstanciados (em papel) com por exemplo nas duplicatas, desta forma a cartularidade determina que o titulo de crédito necessita de um suporte de armazenamento e transporte das informações que representa; 
	c) Literalidade: somente serão validos os direitos e obrigações explicitados no título, ou seja, o conteúdo, a extensão e modalidade do crédito ficam restritos ao que ha declarado no titulo de crédito sobre eles. É valido tudo o que nele constar e somente isto. Isto possibilita a circulação segura do titulo de credito; 
	d) Autonomia: as diversas obrigações que um mesmo título pode documentar são independentes e autônomas umas em relação as outras. Este principio garante a segurança dos credores, uma vez que ao circulá-lo a terceiros, que desconhecem as pessoas inicialmente envolvidas em sua criação (subdivisão principio da abstração), bem como a obrigação que o originou, estes tem a garantia de poder cobrar-lhes o valor pelo fato de independer seu credito de outras relações jurídicas documentadas no mesmo titulo, ainda que tenha sido transicionado por possuidor ilegitimo, desde que o terceiro seja de boa-fé (subdivisão principio inoponibilidade); 
	e) Abstração: decorre do princípio da autonomia determinando que, a partir da primeira circulação, o titulo se desvincula da obrigação que o originou, consequentemente o devedor não pode se eximir de satisfazer o credito ao credor, garantindo a aplicabilidade da autonomia; 
	f) Inoponibilidade: numa eventual execução do título são imponíveis ao terceiro de boa fé matérias de defesas estranhas a relação devedor exequente. 
7. Classificação:
7.1 Quanto a espécies: são inúmeros os títulos de créditos, os principais são: letra de câmbio, nota promissária, títulos de crédito rural, cheque, título bancário e duplicatas; 
7.2 Quanto ao modelo:
	a) livres : aqueles que não obedecem a padrões formais previamente estabelecidos, podendo ser confeccionados com disposição de seus elementos essenciais, desde que preencham os requisitos mínimos para sua existência e validade. São títulos de modelo livre: letra de câmbio e nota promissória; 
	b) vinculados: são os que devem obedecer a padrões previamente estabelecidos, fazendo o uso obrigatório de formulários ou papeis fornecidos pelas pessoas apropriadas. São eles: cheque e duplicatas; 
7.3 Quanto as hipóteses de emissão:
	a) causais: são aqueles que só podem ser emitidos nas hipóteses previstas em lei. Exemplo: a duplicata, uma vez que só poderá ser emitida a partir de uma fatura de compra e venda mercantil ou de prestação de serviço; 
	b) não causais: são aqueles criados e emitidos em qualquer hipótese. Exemplo: o cheque ou a nota promissória, que são emitidos para pagar, receber, emprestar, dar em garantia e inclusive na compra e venda mercantil; 
7.4 Quanto a estrutura:
	a) ordem de pagamento: vincula três situações jurídicas distintas num mesmo ato cambial: o sacador – aquele que dá a ordem, que manda pagar, o emitente, o sacado – aquele que recebe a ordem, que deve efetuar o pagamento e o tomador – o beneficiário da ordem, que ira receber o credito;
	b) promessa de pagamento: estão vinculados 2 situações jurídicas: promitente ou sacador – aquele que promete pagar, assumido a obrigação de satisfazer o crédito e o beneficiário – aquele em favor do qual foi feita a promessa, que recebera o credito; 
7.5 Quanto a circulação: podem ser eles: 
	a) ao portador: os títulos que contem a cláusula “AO PORTADOR” ou não contem o nome do beneficiário, circulando livremente com a mera tradição. Exemplo: cheques de valor menor que R$100,00;
	b) nominativos : os títulos que determinam, o titular do crédito, designando-o expressamente, e subdividem-se em ordem (endossáveis) e não a ordem (não endossáveis). Quando não trouxerem expressos, presume-se então endossáveis; 
8. Requisitos formais:
São requisitos formais indispensáveis aos títulos de créditos, na ausência desses requisitos o título pode ser considerado nulo. No entanto, o título poderá ser emitido com ausência de algumas dessas informações, exceto assinatura do emitente, ficando a cargo do credor ou portador o preenchimento dos demais dados. : 
a) denominação do título;
b) assinatura do seu criador;
c) identificação de quem deve pagar;
d) valor a pagar;
e) data ou prazo do vencimento; 
f) data da emissão; 
g) indicação precisa dos direitos que confere. 
Obs.: conforme o Art. 888, do CC, a omissão de qualquer requisito que retire a validade do título não implica a invalidade do negócio jurídico que o originou.9. Disposições gerais a todos os títulos de crédito:
9.1 Saque: é a emissão de um título de crédito, o seu ato de criação, quem realiza a emissão é chamado de sacador do título. O saque autoriza o tomador na data e local se apresentar para receber. Ele também vincula o sacador, anglo-normando num coobrigado. A diferença entre saque e emissão no título de crédito é que o saque indica ordem de pagamento, já a emissão a promessa de pagamento;
9.2 Aceite: Concordância do sacado com a ordem que lhe foi dada pelo sacador → facultativo → é lançado no anverso do título → por ser facultativo pode ocorrer a recusa, porém a consequência jurídica é o vencimento antecipado do título de crédito, tornando o sacador o devedor principal (por ser coobrigado). Se o sacador aceitar, torna-se um aceitante – o devedor principal do título. O prazo de respiro do aceite é de 1 dia útil. O aceite pode ser recusado parcialmente nas seguintes situações: 
	a) aceite limitativo: o sacador aceita o valor inferior ao constante originalmente no título de crédito, reduzindo o valor da obrigação assumida
	b) aceite modificado: o sacado promove mudanças na forma de cumprimento da obrigação alterando dispositivos constantes no Título, tais como: data de vencimento, praça e etc, no caso da duplicata, a mesma pode ser recusada quando houver avaria ou não recebimento de 	mercadoria ou até mesmo vício ou defeito do produto. 
9.3 Endosso:
É a transferência do titulo de credito, a transmissão de propriedade. Estão autorizados nos títulos com a clausula “A ORDEM” . Se o titulo contiver “NÃO A ORDEM” significa que não é passível de endosso, mas se não houver clausula autorizadora ou limitadora de endosso, entende-se que o titulo é endossável, por conta de seu atributo de circulabilidade. O Endosso não pode ser parcial. O endosso tem data é valido, mas é considerado endossado antes do vencimento do titulo. 
	a)Endossatário: recebe o título (devedor) → titular do título
	b)Endossante: quem emite o título (credor) → aquele que transfere → tomador beneficiário. 
	c) Efeitos: efeitos de transferencial ( do endossante para o endossatário), o endossante torna-se coobrigado. Caso o endossante pretender não se responsabilizar pelo credito 	documentado e o credor concordar com isso, poderá exonerar-se de tal responsabilidade 	através as clausula “ SEM GARANTIA” ( ex.: Pague-se, sem garantia, a fulano…); 
	d)Localização do endosso: no verso 
Especies de endosso: 
	a) Em preto: endossatário determinado. Essa é também a regra para o último endosso; 
	b) Em branco: endossatário indeterminado, ficando o título ao portador, passando a circular pela simples tradição; 
	c) Endosso improprio: tem o objetivo de legitimar a posse de alguém sobre um título de crédito sem transferir-lhe o crédito nele representado. Ele pode ser:
	c1. endosso mandato: permite o endossatário cobrar o valor do titulo de credito, que deve ser entregue ao endossante. Ex. Entregar o titulo a outro para cobrar pra mim. 
	c2. endosso calção: é a garantia dada em um negocio pelo endossante, representada pelo titulo de credito, que não se transfere permanentemente para aquele que esteja recebendo a garantia, mas provisoriamente, até que satisfaça a obrigação garantida. 
	d) Endosso póstumo: é o realizado no titulo de credito após o prazo para realizar o protesto por falta de pagamento ou do prazo para protestar. Ex. Venda do titulo vencido e não pago 	para que outro recebe (transferência), neste caso não deixa de ter coobrigação.
9.4 Aval:
Conceito:
É uma garantia de pagamento prestada num titulo de crédito por um terceiro ou por um signatário do título - o avalista, em favor do devedor do título - o avalizador. 
O avalista é responsável da mesma maneira que o avalizado, no entanto não ocupa a mesma posição que ele no título de crédito. Se realizar o pagamento, sub-roga-se nos direitos do credor, podendo acionar o avalizado. 
O avalista e os demais devedores não são solidários, podendo o credor acionar, igualmente, qualquer deles somente pelo fato de possuir direito de regresso em relação ao devedor principal, seus avalistas e demais coobrigados e garantidores. Só haverá solidariedade num titulo de credito em hipóteses excepcionais. 
De acordo com o CC é necessária a autorização do cônjuge para realização do aval. 
1. Tipos de avais: 
	a) em branco: avalizado não identificado, neste caso fica responsável aquele que emitiu o titulo – o sacador;
	b) em preto: avalizado identificado;
	c) aval simultâneo: quando no mesmo título, duas ou mais pessoas realizam aval em branco e em preto, em favor de um único avalizado, diz se que ha;
	d) aval parcial: O novo CC proíbe , mas a LU permite o aval parcial. Neste caso prevalece a lei especial (LU), podendo portanto, a dívida ser garantida no todo ou em parte.
	e) aval sucessivo: é a garantia dada a uma garantia prestada no título de credito, ou seja, o aval do aval; 
2. Local do aval: assinatura no anverso (frente) do título ou no verso desde que identificado;
3. Pluralidade de avais: 
	a) Aval simultâneo: mais de um avalista assume a responsabilidade solidaria em favor do mesmo devedor, como no caso de duas pessoas prestarem aval em branco ao mesmo devedor; 
	b) aval sucessivo: é a garantia dada a uma garantia prestada no título de crédito, isto é, trata-se do aval. Aquele que garantiu a obrigação de um devedor tem a sua obrigação garantida por outro. Neste caso não ha solidariedade entre eles. 
4. Diferença entre aval e fiança:
	AVAL
	FIANÇA
	É autônomo
	É acessório
	Propriá de títulos de crédito
	Propriá de contratos 
	Não ha beneficio de ordem
	Ha beneficio de ordem

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