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ARTE TCC

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FACULDADE FAMOSP 
ELIANA REGINA DE MORAES RACHETI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
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FACULDADE FAMOSP 
ELIANA REGINA DE MORAES RACHETI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
 
 
 
Monografia apresentada como exigência 
parcial de avaliação para conclusão do curso 
de Licenciatura em História pela Faculdade 
FAMOSP, sob a orientação metodológica da 
Prof. Luciene Boracine Parra Trevelin 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
 
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FICHA CATALOGRÁFICA 
 
RACHETTI, ELIANA REGINA DE MORAES 
ACULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
Orientação: Prof. Luciene Boracini Parra Trevelin 
44 páginas 
Monografia apresentada como exigência do curso de Licenciatura em História da 
Faculdade Famosp , para obtenção do título de Licenciada em História 
Palavras-chave: Educação Multicultural. Resgate Cultural. História 
 
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A CULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
 
ELIANA REGINA DE MORAES RACHETI 
 
 
 
 
 
 
Aprovada em ____/____/_________ 
 
 
Nota:___________ 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_____________________________________________ 
Professor (a) 
 
 
 
 
_____________________________________________ 
Professor (a) 
 
 
 
 
_____________________________________________ 
Professor (a) 
 
 
 
 
 
 
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Dedico este trabalho aos amigos com quem convivi ao longo 
desses anos. A experiência de uma produção compartilhada na 
comunhão com amigos nesses espaços foram a melhor 
experiência da minha formação acadêmica. 
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Agradeço à Deus que nos criou e foi criativo nesta tarefa. Seu 
fôlego de vida em mim me foi sustento e me deu coragem para 
questionar realidades e propor sempre um novo mundo de 
possibilidades. 
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A Finalidade da arte e dar corpo a essência secreta das coisas, 
não é copiar sua aparência. 
 Aristóteles. 
 
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RESUMO 
 
 
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a redefinição e valorização da história e cultura Africana na 
escola e contribuir para o debate sobre as questões que envolvem pessoas de ascendência Africana 
no Brasil, em particular, no campo educacional. Acredita-se que esta discussão é necessária, 
especialmente se nós concebemos como marginalizados e culturas que precisam ser revistos, 
rediscutidas, imortalizado e ressignificado estereotipados. E assim, (re)construção de novas 
perspectivas sobre a diversidade racial, étnica e cultural do povo brasileiro; planejar ações 
contemplativas que quebram paradigmas, especialmente aqueles relacionados ao ensino de História 
Africana e Cultura, Afro-Brasileira e Indígena no sistema de educação formal. 
 
Palavras – chaves: Educação Multicultural. Resgate Cultural. História. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
ABSTRACT 
 
 
The purpose of this paper is to reflect on the redefinition and appreciation of African history and culture 
in the school and to contribute to the debate on the issues involving people of African descent in 
Brazil, particularly in the educational field. It is believed that this discussion is necessary, especially if 
we conceive as marginalized and cultures that need to be revised, rediscussed, immortalized and re-
signified stereotyped. And thus, (re) construction of new perspectives on the racial, ethnic and cultural 
diversity of the Brazilian people; to plan contemplative actions that break paradigms, especially those 
related to the teaching of African History and Culture, Afro-Brazilian and Indigenous in the formal 
education system. 
 
Key - words: Multicultural Education. Cultural Rescue. History 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………...11 
CAPÍTULO I 
O RACISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA.............................................................13 
CAPÍTULO II 
A EDUCAÇÂO COMO MEIO DE VALORIZAÇÂO NA CULTURA NEGRA..............20 
CAPÍTULO III 
DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL.....................................................................25 
CAPÍTULO IV 
O PROFESSOR DE HISTÒRIA E OS DESAFIOS DO MUNDO ATUA....................30 
CAPÍTULO V 
FORMAÇÂO CONTEMPORÂNEA.............................................................................32 
CONSIDERAÇÔES FINAIS ......................................................................................42 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11
INTRODUÇÃO 
 
 
Enquanto o negro brasileiro não tiver acesso ao 
conhecimento da história de si próprio, a escravidão cultural se 
manterá no país. 
(João Reis) 
 
A cultura de uma nação é transmitida de geração em geração como maneira, 
de Sustentar seus costumes, princípios crenças, tradições e visões do mundo. 
Assim, é comum Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dec / 2013 que 
sociedades modernas, particularmente em sociedades multiculturais e multiétnicas, 
como o Brasil, do destaque de uma cultura em detrimento de outras. Na sociedade 
brasileira, a sobrevalorização da cultura européia e a inferiorizarão de demais 
culturas, em especial as de matrizes africanas, são inegáveis. 
A definição de cultura é algo complexo de que significa Conforme Macedo 
(2008: 91), “a cultura não é apenas” arte, a cultura é princípios posturas, meios 
ambientes experiências técnicas, identidades comuns e diversas, definições 
conhecimento e múltiplas rotinas Nesta concepção pode-se afirmar que muitos 
pontos da sociedade brasileira estão imersos em símbolos e manifestações culturais 
dos variados grupos étnico-raciais e culturais que compõem o país, em particular, 
dos variados povos africanos, que sucederam sequestrados de seus ambientes de 
origem, no continente africano, escravizados e transportados à força para diversas 
partes do mundo, a maior parte do continente americano e uma quantidade 
expressivo, trazido para o Brasil. 
É raro questionar as contribuições dos povos africanos e suas culturas para a 
formação do Brasil, e como a história destes povos é mantida viva. Também é raro 
questionar como as múltiplas relações os distintos grupos étnico-raciais e culturais 
que compõem a sociedade brasileira acontece informação que, em relação à 
população negra, "há uma sequencia de oportunidades, favoráveis para preservar 
distorções em relação às matrizes negras, incluindo a aprendizagem formal" 
(Gomes, 2003, p.). (Essa circunstancia devem ser revisadas, redistribuídas e 
socialmente desconstruídas). 
 12
Em relação a ensino mesmo com os desenvolvimentos derivados das leis 
10.639 / 03 e 11.645 / 08 e suas correspondentes orientações curriculares nacionais 
que orientam a construção da educação em vínculo étnico-raciais, o sistema 
educacional brasileiro ainda não escapou Moorings que mantêm um currículo 
homogeneizador, eurocêntrico e monocultural que não responde às expectativas e 
conveniência das diversos grupos étnico-raciais e culturais que atendem os variados 
níveis e modalidadesde ensino. 
A argumentação sobre os conflitos e tensões que emergem das múltiplas 
relações os distintos grupos étnico-raciais e culturais que compõem o estado 
brasileiro já está exposta em todos os setores, da sociedade, em especial no campo 
educacional. O racismo, o preconceito e a diferenciação são chamados pela 
população. Nesse sentido, Costa (2006, p.218) afirma que "a população Revista do 
Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, No. 6, dez / 2013 O brasileiro percebe a presença do 
racismo, o seguinte passo é reconhecer que necessitamos lutar contra isto ". E a 
instituição como uma área onde a heterogeneidade étnica-racial e cultural está 
exposta com grande a sua exuberância, desempenha um papel proeminente nessa 
batalha. 
Deste modo as reflexões presentes neste trabalho destinam-se a cooperar 
para a argumentação sobre o resgate e a do destaque da história e cultura africana 
e afro-brasileira em ambientes de espaços sociais, em único no espaço escolar. "A 
imagem distorcida da África, sua omissão, os legítimos currículos escolares 
brasileiros auxilia a erguer as verdades como noções elaboradas para reforçar o 
suprematismo branco e a dominação racial". 
O texto mostrado está dividido em três partes além desta introdução. No inicio 
apresenta-se uma breve reflexão sobre o racismo e o local marginal onde se 
encontram os afrodescendentes na sociedade brasileira; No segundo, partimos da 
idéia de que a ensino é o principal meio para a recuperação da história e cultura 
Africanas e afro-brasileiras e outras culturas tradicionalmente estigmatizadas, 
negados e / ou silenciados nos currículos escolares; No terceiro e último hora as 
últimas resultados nossas ponderações próximas às duvidas levantadas no texto e 
as prováveis estratégias para a solução. 
 
 
 
 13
CAPÍTULO I 
 
O RACISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA 
 
Apesar de o Brasil ser o país com a segunda maior população negra do 
mundo, ficando atrás apenas a Nigéria, um país do continente Africano; sendo a 
Nordeste da região brasileira com o maior número proporcional de negros na 
população; e Bahia, o estado com o maior percentual de negros, com sua capital 
Salvador, não impede que as nossas relações étnico-raciais e culturais de ser 
esticado e não contribui para o nosso ambiente educacional tornando-se um espaço 
onde o diferente étnico os grupos culturais são respeitados em suas singularidades 
(ARAÚJO, 2013). 
Discriminação, preconceito e Racismo, entre outras formas de 
constrangimento, independentemente da região, estado ou cidade, estão presentes 
em todo país. Da reprodução. 3, n. 6, Dez / 2013, de valores crença que ainda 
estão enraizados na sociedade brasileira. Nessa direção, o Müller (2008, p.25) nota: 
 
A ideologia racista presente nas pessoas e nas instituições leva 
à reprodução, nas futuras gerações e ao longo do ciclo da vida 
individual, do confinamento dos negros aos escalões inferiores 
da estrutura social por intermédio de discriminações de ordens 
distintas: explícitas ou veladas quer seja institucionais quer 
individuais, as quais representam acúmulo de desvantagens. 
 
Se olharmos para alguns comportamentos racistas, intolerantes e 
discriminatórias que ocorrem em todos os setores da sociedade diariamente, 
percebemos que o seu impacto na autoestima e os motivos que levam os indivíduos 
a se comportar desta forma raramente eles são questionados. Esses 
comportamentos não são, eventualmente, adquirir, mas sim como um momento 
histórico que favoreceu o surgimento de controle e opressão como mecanismos de 
grupos desfavorecidos e estigmatizados como a população negra. 
Racismo no Brasil ocorre quase sempre sutil ou disfarçada maneira. Aqui, 
quase ninguém tem um comportamento racista preconceituoso e ou Roger Bastide 
 14
(1955) chamou de "o preconceito de ser prejudicado", o que torna ainda mais difícil 
de lidar. Segundo Guimarães (2009: 59): 
 
O racismo se perpetua por meio de restrições fatuais da 
cidadania, por meio da imposição de distâncias sociais criadas 
por diferenças enormes de renda e de educação, por meio de 
desigualdades sociais que separam brancos de negros, ricos de 
pobres, nordestinos de sulistas. 
 
De acordo com Guimarães, Costa (2006, p.11), "racismo corresponde à 
suposição de uma hierarquia qualitativa entre os seres humanos, os quais são 
classificados em diferentes grupos imaginários de marcas corporais selecionados 
arbitrariamente” como: cor pele, textura do cabelo, forma do nariz, entre outras 
características que distinguem diferentes temas de diferentes grupos étnicos e 
raciais. 
No entanto, sabe-se que a raça é uma invenção social e não biológica, apesar 
de alguns brasileiros têm pele clara, isso não significa que eles não são ascendência 
Africana. Nessa direção, Hall observa que: 
 
Raça é uma categoria discursiva e não uma categoria biológica. 
Isto é, ela é a categoria organizadora daquelas formas de falar, 
daqueles sistemas de representação e práticas sociais 
(discursos) que utilizam um conjunto frouxo, frequentemente 
pouco específico, de diferenças em termos de características 
físicas Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dez/2013 e 
corporais etc. – como marcas simbólicas, a fim de diferenciar 
socialmente um grupo de outro (HALL, 2006, p. 63 - grifo do 
autor). 
 
Portanto, são percebidas que certas atitudes diárias corroboram 
automaticamente a perpetuação dos estereótipos que mantêm o racismo em nossas 
relações diárias. Intrinsecamente, essas atitudes formam uma rede na qual eles 
imperceptivelmente excluem e segregam, e que devem ser levados em conta se se 
pretende desconstruir (pré) conceitos enraizados na sociedade brasileira desde a 
 15
chegada dos primeiros colonos: os portugueses. E a escola, na qual se pensa que é 
libertadora, deve ser comprometida, estimulando a consciência dos alunos para que 
percebam essa realidade e mudem seus comportamentos racistas, prejudicados e 
discriminatórios que prejudiquem tanto os grupos como os indivíduos em relação à 
sua subjetividade e igualdade de oportunidades. 
A escola, ao analisar o passado de um povo, baseada unicamente nos 
preceitos de seus torturadores, ou quando trabalha de forma não crítica na 
informação sobre sua formação real, é o mesmo que silenciar o estado de ignorância 
em que a maioria é encontrada. de aprendizes sobre as diferentes culturas 
estigmatizadas e consideradas inferiores. 
A análise de Silva nos ajuda a entender as distorções nas relações étnico-
raciais no Brasil, quando afirma que: 
 
Em uma sociedade onde os grupos sociais em contato têm 
relações políticas, econômicas e sociais desiguais, a diferença 
não é reconhecida e é transmutada em inferioridade. Isso 
porque reconhecer as diferenças significa reconhecer as 
desigualdades de oportunidade a que estão submetidas (SILVA, 
1996, p. 121). 
 
Nessa perspectiva, como afirma Gomes (2003, p. 70), "refletir sobre a 
diversidade cultural exige de nós uma posição crítica e política e uma perspectiva 
mais ampla que possa abranger seus cortes múltiplos". Considerando que as 
práticas racistas, a discriminação e os preconceitos na sociedade brasileira não se 
limitam aos grupos étnico-raciais; Outros grupos e assuntos, como homossexuais, 
mulheres, religiosos, pessoas com algum tipo de deficiência, isto é, todos aqueles 
que não estão em conformidade com os padrões e modelos de comportamento 
impostos pela cultura hegemônica e / ou os grupos dominantes também são vítimas 
deste sistema que exclui, segrega e nega os direitos comuns a todos os assuntos. 
De acordo com Costa (2006: 43), "deve-se considerar que uma grande parte 
das violações dos direitos humanos observadas em muitas regiões não se deve à 
ausência de mecanismos democráticos" 3, n. 6, dec / 2013, a acusação de opinião e 
vontade, mas a falta de eficácia da lei ". O autorsustenta que" nesses casos, a 
violação dos direitos humanos ocorre não no plano constitucional, mas no âmbito de 
 
 16
relações sociais "(COSTA, 2006, p.43).) Porque, de acordo com ele," é a polícia 
corrupta que despreza os direitos civis, a sociedade prejudicada que, em suas 
práticas sociais, discrimina os negros, as mulheres ou os homossexuais, 
protegendo-se em redes e mecanismos informais ilegais à ação da lei "(COSTA, 
2006, 43). 
Daí a existência de vários movimentos sociais diferentes, que buscam 
reverter à situação de desigualdade social em que os grupos desfavorecidos e 
estigmatizados, em particular a população afrodescendente, se encontram na 
sociedade brasileira. 
Os movimentos sociais, especialmente o movimento negro e suas diferentes 
organizações, nas últimas décadas, programaram projetos educacionais e sócio 
educacionais, com o objetivo de contribuir para a formação de temas críticos 
reflexivos, conscientes de seu papel como cidadãos, entre outras ações, fazendo a 
diferença na luta por uma educação pública, democrática e de qualidade, 
referenciada na proposta multicultural da sociedade. Ou seja, faça a diferença na 
mudança de paradigmas sociais que tanto prejudica os grupos e os indivíduos em 
seus direitos civis e igualitários (ARAÚJO, 2012). 
Atualmente, professores, alunos e outros envolvidos no processo educacional 
têm acesso a uma variedade de pesquisas, estudos e informações sobre os 
diferentes grupos étnico-raciais e culturais que compõem o Estado brasileiro, 
percebendo e (re) analisando a história de grupos que lutaram, resistiram, com seus 
mártires e heróis, e que, portanto, têm um passado e precisam ser vistos a partir de 
novas perspectivas. Pesquisas, estudos e informações em que não se contempla a 
história que privilegia o legado do homem branco, um passado de cor branca e 
distante da realidade de muitos afrodescendentes brasileiros, crianças de um país 
multiétnico e multicultural, marcadas por diferenças e não pela singularidade de um 
grupo étnico-racial que oprime da maneira mais perversa, pelo racismo e a exclusão, 
mas também destaca e valoriza a diversidade étnico-racial e cultural do povo 
brasileiro. Para Canen (2001, p.207): 
 
Reconhecer que a sociedade brasileira é multicultural significa 
compreender a diversidade étnica e cultural dos diferentes 
grupos sociais que a compõem. Entretanto, significa também 
constatar as desigualdades no acesso a bens econômicos e 
 17
culturais por parte dos diferentes grupos, em que determinantes 
de classe social, raça, gênero e diversidade cultural atuam de 
forma marcante. Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, 
dez/2013 
 
Essas desigualdades são evidentes e visíveis em indicadores sociais que 
mostram o fosso social entre ricos e pobres do país, especialmente entre pessoas 
de ascendência africana, principalmente desempregadas ou subempregadas, 
marginalizadas e concentradas nos distritos periféricos, sem respeito pelos seus 
direitos de saúde, educação, habitação, saneamento e lazer. 
Além dos indicadores sociais, Censo 2010, PNAD 2011, entre outros, 
indicadores educacionais, IDEB 2011, também mostram as desigualdades que 
permeiam o sistema educacional. Com base nesses indicadores, pode-se afirmar 
que as desigualdades sociais e educacionais desempenham um papel decisivo na 
estratificação social dos brasileiros, particularmente na estratificação social da Bahia, 
na qual a população negra, como já mencionada, é superior a outro étnico Bahia. 
A estratificação social, por outro lado, tem repercussões na historiografia 
oficial, que apresenta maior ênfase à existência de figuras históricas, como Ana 
Nery, Carlos Drummond de Andrade, Princesa Isabel e muitas outras personalidades 
brancas, como Maria Felipa. Luiz Gama, José do Patrocínio, André Rebouças, Cruz 
e Souza, João Cândido, Dandara, Luíza Mahin, Madre Menininha do Gantois, entre 
muitos outros nomes negros, ainda desconhecem muitos brasileiros. A este respeito, 
D 'Adesky (2009, p. 70) observa que "o preto não só é negado na sua raça, mas 
também na sua história, na sua língua, na sua arte, etc." Esta segunda negação 
minimiza e desvaloriza o negro na dignidade de suas heranças históricas e culturais. 
“E o currículo escolar, sem considerar a diversidade étnico-racial e cultural do povo 
brasileiro, contribui para a manutenção e reprodução de estereótipos, preconceitos e 
práticas racistas nos grupos mais desfavorecidos e historicamente estigmatizados”. 
Assim, pergunta-se: qual a visão e o posicionamento dos professores diante 
de tal situação? Pois, como assinalam Munanga e Gomes (2006, p. 139), “muitos 
movimentos políticos, artísticos, musicais e culturais brasileiros tiveram e têm o 
negro como protagonista, como propulsor da mudança, como ator ou como fonte de 
inspiração”, mas que continuam invisíveis perante a historiografia oficial e perante a 
 
 18
escola a qual se pensa democrática. Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, 
dez/2013 
As religiões de matriz africana recriada a partir da Bahia por africanos Jejes, 
Nagôs recebe o título de Candomblé, foi introduzida por sacerdotes africanos 
escravizados, no início era praticada pelos escravizados discriminada e não 
reconhecida pelos colonizadores, mas que tem conseguido um público cada 
vez maior, Umbanda religião sincrética brasileira, na qual se mesclam 
elementos da tradição dos orixás e dos cultos bantos do espiritismo 
Kardecista do catolicismo popular entre outros, a Quimbanda é derivado da 
Umbanda que tem devoção a entidades inferiores pelos umbandistas. 
 A mina maranhense forma religiosa com influências em práticas e 
entidades originadas do antigo Maomé. A religiosidade tem elementos da 
capoeira inicialmente desenvolvida para ser uma defesa ensinada aos negros 
cativados ao serem capturados, mas ao longo do tempo ficou mais próximo a 
dança. Na música, os tambores e outras peculiaridades da tradição africana 
incorporam aos trajes das baianas com os trajes brancos, colares, turbantes 
para compor aspectos da religiosidade de matriz africana, os cortejos 
carnavalescos possuem muito do significado religioso. Embora não 
reconhecida foi ganhando espaço entre os frequentadores e alguns 
instrumentos como o tambor, atabaque, cuica, alguns tipos de flauta, marimba 
e o berimbau também são herança da cultura africana. Os escravizados eram 
proibidos de frequentar as igrejas católicas onde os brancos estavam muitos 
foram convertidos ao catolicismo, mas não poderiam entrar nessas igrejas. 
A maioria das igrejas coloniais era constituída por irmandades eram 
regidas por um conjunto de regras chamadas compromisso, que deveriam ser 
aprovadas pela igreja católica. Eram as normas pelas quais deveriam ser 
administradas e as obrigações de seus membros os irmãos e eram 
responsáveis por cuidar do patrimônio, pela festa do orago, cuidar do enterro 
e das missas por ocasião de morte de um se seus membros, Nossa Senhora 
do Rosário e São Benedito são considerado os protetores dos negros e 
principais santos de devoção das irmandades de “homens pretos”. 
A partir do século XVI até o século XIX o produto de exportação 
produzido pelos escravos era chamado de ouro branco assim era conhecido o 
açúcar um produto consumido e de grande valor comercial na Europa antes 
 19
dele os europeus só conheciam o mel como adoçante. A valorização desse 
produto fez a França e a Inglaterra os países mais ricos da época. 
O cultivo em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro por quase 150 anos 
fez com que as propriedades rurais prosperassem, a região foi estratégica, 
pois era própria para o seu cultivo além de ficar mais próximo do destino final. 
Enquanto houve escravidão, o açúcar foi a base da economia nacional, os 
escravizados eram responsáveis pelo plantio, cultivo e o processamento até 
conseguir chegara Europa. 
A jornada de trabalho nos engenhos de açúcar durava até 15 horas, 
eles trabalhavam na plantação, colhiam, moviam os engenhos, cuidavam da 
cozinha das plantações e também da criação dos animais, habitavam as 
senzalas onde eram trancados em local insalubre onde eram impedida a 
liberdade religiosa e os cultos religiosos. Às vezes havia rapadura e cachaça, 
muitos plantavam para conseguir complementar a alimentação muito pobre. 
Os trabalhos exercidos pelo negro na cidade era melhor do que os do campo, 
sempre exerciam trabalhos ruins, pesados e sujos; eram pedreiros, 
estivadores, cozinheiras e lavadeiras viviam em cortiços (escravos de ganho), 
havia outra categoria “escravos de aluguel” eram alugados a outro senhor por 
tempo determinado. 
 Os africanos que chegaram por aqui durante a noite se utilizavam de 
um conjunto de dança e música para invocar e louvar entidades, exaltar os 
feitos de um herói, suavizar o trabalho árduo ou manifestar um sentimento, 
presente em todos os movimentos da vida. As danças dramáticas são as 
danças em círculo e as danças em cortejo representam ou evocam quase 
sempre como o Maracatu. É desse período que surge o Maracatu Nação (ou 
de baque virado) que encena um cortejo semelhante ao da coroação dos reis 
do Congo com música e dança mais próximos aos da cultura africanas, seus 
rituais homenageiam tantos os santos católicos como os orixás do 
Candomblé. Há também o Maracatu Rural (ou de baque solto, ou Maracatu 
de orquestra). 
 
 
 
 
 20
CAPÍTULO II 
 
A EDUCAÇÃO COMO MEIO DE VALORIZAÇÃO DA CULTURA 
NEGRA 
 
 Atualmente, em todos os segmentos da sociedade, já foram 
observadas mudanças significativas na valorização dos negros e sua cultura, mas é 
no campo da educação que as principais mudanças ocorreram. Parâmetros 
Curriculares Nacionais (NCP), leis que estabelecem a obrigação de ensinar História 
e Cultura Afro-brasileiras e Africanas (Lei 10.639 / 03) e Indígenas (Lei 11.645 / 08) 
no ensino primário e secundário em escolas públicas e privadas do país e seus 
respectivos Às diretrizes curriculares nacionais que orientam a promoção da 
educação étnico-racial, as quotas para os negros e os povos indígenas nas 
universidades públicas exemplificam essas mudanças. Como observa Arroyo (2007, 
114), "o progresso tem sido significativo e promissor, mas lento, ainda há um longo 
caminho a percorrer". 
No entanto, mesmo com essas mudanças, "a educação brasileira ainda não 
fornece aos usuários de equipamentos educacionais acesso à diversidade cultural 
para cada cidadão, para a cultura universal que é exclusiva de sua comunidade, 
região e país" (MACEDO, 2008, 91). Nesta perspectiva, Arroyo (2007: 119) afirma 
que "a escola tem sido e continua a ser extremamente reguladora dos diferentes 
povos socialmente e culturalmente marginalizados e coletivos". Ele também aponta 
que "a estrutura do sistema foi ao serviço da regulamentação deste grupo, neste 
contexto, o diálogo não será fácil, será tenso e marcado por uma forte resistência 
para renunciar a esse papel regulador e assumir um papel emancipador. 
"(ARROYO, 2007.) 
Existem muitos obstáculos à educação das relações étnico-raciais. Romper 
esses obstáculos não é uma tarefa fácil, mas não é impossível. Nessa direção, como 
Gomes (2003, 74) ressalta, "avançar na construção de práticas educativas que 
contemplem um e vários meios para romper com a ideia de homogeneidade e 
unificação que ainda prevalece no campo educacional". Ele acrescenta que 
"representa a compreensão da educação para além do seu aspecto institucional e 
 21
sua compreensão dentro do processo de desenvolvimento humano" (Gomes, 2003, 
p.74). 
A escola como um espaço onde a diversidade está presente, um lugar onde 
diferentes assuntos são encontrados, bem como uma zona de conflito permanente, 
uma vez que as diferentes culturas estão correlacionadas, tem a obrigação de 
remeter e tornar visível em seu currículo a diversidade de assuntos e culturas que 
estão presentes no seu espaço. Conforme observado por Candau (2010, p.13), 
Journal of Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dezembro / 2013 "não há educação 
que não esteja imersa nos processos culturais do contexto em que se encontra". 
“Nesse sentido, não é possível conceber uma experiência pedagógica “sem 
educação”, que é totalmente desconectada das questões culturais de a sociedade”. 
Nesse sentido, Santomé (1995, p.176) afirma que: 
 
As salas de aula não podem continuar sendo um lugar de 
informações descontextualizadas. É preciso que o alunado 
possa compreender bem quais são as diferentes concepções de 
mundo que se ocultam sob cada uma delas e os principais 
problemas da sociedade a que pertencem. 
 
As crianças negras, em geral, se negam porque não percebem na 
historiografia oficial a história de seu povo e seus aspectos culturais, principalmente 
devido à invisibilidade de sua cultura no currículo escolar e nos materiais didáticos 
(CAVALLEIRO, 2005). Nesse sentido, Silva (1996, p.121) acrescenta que: 
 
A invisibilidade se efetiva quando, dentre um vasto e diverso 
campo de conhecimento e significados, são selecionados 
apenas os conhecimentos de uma determinada cultura, 
considerada mais ampla e esses conhecimentos e significados 
são legitimados como a “tradição”, o “passado significativo”, 
enquanto os demais são ocultados ou apresentados de forma 
conveniente, de forma a não gerar conflitos com o saber 
legitimado. 
 
 22
Nesta perspectiva, Ferreira (2009, p. 75) observa que "em vez de ser um 
lugar de reversão do problema, a escola estimula estereótipos sociais relacionados a 
essa população e a submissão de afrodescendentes a valores brancos", o que faz 
com que uma prática educacional urgente que permite que as crianças negras se 
orgulhem de seu etno racial e cultural, seus cabelos, sua beleza e seu povo. 
D'Adesky (2009, 196) chama a atenção para a reflexão de que "a má 
percepção de um grupo pela sociedade pode gerar em seus membros um complexo 
de inferioridade". Para o autor citado, "a reversão da imagem negativa do grupo 
exige medidas em áreas que dizem respeito à educação, à cultura, à mídia, mas 
também à política e à economia" (D'Adesky, 2009, p.196 ). Ele também ressalta que 
"o reconhecimento igual e recíproco também passa pela percepção adequada da 
imagem do grupo ao qual o indivíduo pertence" (D'Adesky, 2009, 196). 
Para Silva (2010, p. 55), "reconhecer o passado histórico e a cultura dos 
diferentes povos é um passo importante na aceitação das diferenças, para permitir a 
participação ativa desses povos em termos econômicos e de prestígio da nação. 
onde se encontram ". Portanto, espera-se que a história seja revista, que a 
população negra não é contemplada apenas com exceções. Revista do Difere - 
ISSN 2179 6505, v. 3, n. Além da contribuição dos negros na construção e 
desenvolvimento do país, nas diferentes áreas do conhecimento. Nessa direção, 
Nascimento (2008, p.253) salienta que: 
 
A influência do negro se reconhece na alimentação, na música, 
no vocabulário, no vestuário, nas seitas e crenças religiosas 
(umbanda e candomblé). Não se costuma fazer menção às 
técnicas agrícolas e à pecuária, nem à avançada tecnologia 
metalúrgica, dominada por africanos naquela época, para não 
falar em astronomia, medicina, matemática, engenharia, 
navegação e construção naval, as bases da filosofia e outros 
conhecimentos que os africanos dominavam há milênios. 
 
Também se espera que a educação atenda a sua função de formar indivíduos 
críticos / reflexivos, conscientes do seu papel como cidadãos. Porque, como mostra 
Candau (2010, 26), "um dos triunfos da legitimidade da escola tem sido seu papel na 
formação de identidades, sejam elas individuais, sociais e, sobretudo, culturais". 
 23
Complementando o pensamento de Candau, Gomes (2003: 71) afirma que "a 
reflexãosobre as diferentes presenças na escola e sociedade brasileiras deve fazer 
parte do treinamento e prática de todos os educadores e interessados nos mais 
diversos tipos dos processos educacionais", enfatizando que no escritório de 
educadores há espaço para sistematização, treinamento, auto treinamento e 
mudanças constantes em seu trabalho diário, no entanto, não há lugar para 
expressões como negligência, exclusão, imobilidade, preconceito e discriminação. 
É bem sabido que a escola é o espaço por excelência onde a diversidade 
étnico-racial e cultural é, portanto, permitir o diálogo entre diferentes culturas e 
visões do mundo, dar aos sujeitos educacionais a oportunidade de conhecer, 
conhecer, enfrentar e abordar "a riqueza cultural que existe neste ambiente é 
construir uma educação cidadã" (Gomes, 2001, p.91), para construir uma educação 
libertadora, como Paulo Feire apontou. 
A marginalização das culturas consideradas inferiores pela cultura 
hegemônica - cultura europeia - no ambiente escolar, ocorrem em muitas formas e 
formas, principalmente no currículo e nos materiais didáticos. Mesmo em cidades 
com uma população predominantemente afrodescendente, por exemplo, a cidade de 
Salvador, Bahia, percebe-se que as escolas, em sua maior parte, negam o 
conhecimento e conhecimento de grupos historicamente discriminados, ratificando 
que a educação tradicional e reprodutiva se perpetuou si mesma. Revista do Difere - 
ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6 de dezembro de 2013. 
Nesse sentido, considerando que a Bahia é o estado com a maior população 
negra do país, bem como o estado em que as manifestações culturais das matrizes 
africanas estão presentes, com toda a sua exuberância, em todos os espaços 
sociais, entre estes, a escola , esta discussão ainda é insatisfatória. Em Salvador, 
embora a rede municipal tenha disponibilizado cadernos que guiam a 
implementação da Lei 10.639 / 03 e traga o tema da história e das culturas africanas 
e afro-brasileiras, ainda há muito a fazer para superar a discriminação e o 
preconceito na escolas. Mesmo assim, pode-se afirmar que a educação da Bahia 
tem sido proeminente a nível nacional para a promoção de projetos e diretrizes que 
servem de subsídios para professores na discussão e implementação do tema das 
relações étnico-raciais na sala de aula. De acordo com Macedo (2008 página 78): 
 
 24
A repercussão dos saberes culturais no sistema de saber formal é uma novidade 
que pode repercutir imensamente na atratividade da escola, na sua qualidade em 
produzir cidadãos conscientes da realidade local e universal. Pode também dar 
instrumentos de poder às populações cujos conhecimentos tradicionais são 
transmitidos apenas por seu próprio esforço informal. Neste sentido, como assinala 
Santos (2001, p. 102), 
 
Ainda que a escola sozinha não seja capaz de reverter anos de 
desqualificação da população negra e supervalorização da 
população branca, em longo prazo ela pode desempenhar um 
importante papel na construção de uma nova cultura, de novas 
relações que vão além do respeito às diferenças. Possibilitando 
que todas as vozes possam ecoar no espaço escolar, chegar-se-
á consciência de que é na diversidade que se constrói algo 
novo. 
 
Ou seja, acredita-se que uma prática educacional diária, com ações 
sistematizadas, terá um efeito a médio e longo prazo se for desenvolvida a partir de 
uma perspectiva multicultural e antirracista. Também se acredita que é necessário 
transformar os diferentes espaços educacionais em configurações de inclusão; 
combater relações prejudiciais e discriminatórias; troca de ideias; de incentivos a 
mudanças de pensamentos e atitudes negativas sobre o outro e sua cultura, 
considerada inferior; respeito pela diversidade; Resgatar a autoestima dos grupos 
historicamente estigmatizados, radicalizados e excluídos; e, acima de tudo, 
reconhecimento e apreciação da história e identidade desses grupos, bem como a 
afirmação do caráter multiétnico e multicultural de nossa sociedade. Porque, como 
ensina Nelson Mandela, temos que entender que "ninguém nasce odeio outro por 
causa da cor da pele, da origem ou mesmo da religião". “Para odiar, as pessoas 
precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinar amor “. Journal 
of Difference - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 
 
 
 
 
 25
CAPITULO III 
 
DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL 
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população negra é 
afetada pela desigualdade e pela violência no Brasil. No mercado de trabalho, pretos 
e pardos enfrentam mais dificuldades na progressão da carreira, na igualdade 
salarial e são mais prejudicados ao assédio moral, afirma o Ministério Público do 
Trabalho, sendo confrontado com as estatísticas, o racismo brasileiro é sustentado 
em três séculos da escravidão 
.Segundo IBGE, mais da metade da população brasileira (54%) é de pretos 
ou pardos, brancos tem remuneração maior que negros e na maior parte os 
rendimentos são até quatro vezes maiores. Já o desemprego é maior entre os 
negros e pardos. Os brasileiros que no final de 2016 que se declaravam 
empregados era de 90,3 milhões de pessoas, 41,7milhões se declaravam brancos 
(46,2%), 39,6 milhões pardos (43,9%) e 8,1 milhões de cor preta (8,9%). Embora o 
rendimento das mulheres negras tenha se valorizado no período de 1998 a 
2015(80%), e a dos homens brancos terem sido menor cresceu (11%) a escala de 
remuneração se manteve inalterada em toda a série histórica, eles tem os melhores 
rendimentos em seguida as mulheres brancas, homens negros e mulheres negras. 
Apesar dos brasileiros alcançarem uma maior escolarização, os negros 
continuam em menor número que os brancos, considerando o mesmo tempo de 
estudo os brancos duplicaram a escolaridade. 
Os índices abaixo evidenciam os aspectos ligados à economia e a condição 
da população afrodescendente, embora tenhamos um número muito grande de 
negros na população brasileira não é reconhecida como um povo que valoriza suas 
raízes. É certo que a nossa história é cercada de preconceitos para justificar a 
soberania europeia na formação da sociedade brasileira que conhecemos hoje. Mas 
as estatísticas não negam a falta de oportunidades que são negadas e que existe 
uma discriminação e um racismo, muitas vezes evidentes ou velados corroboram 
 26
para esta triste estatística que somente analisa os efeitos e não as causas gerando 
injustiça, violência, alterando assim o equilíbrio natural das coisas. 
 
 
 
À medida que os índices de escolaridade diminuem os de violência aumentam, é 
perceptível que esses índices estão diretamente ligados a falta de orientação, baixa 
concentração de renda, falta de oportunidades e moradias com falta de estruturas 
físicas e sanitárias. Esse problema vem de muito influenciando em nossa sociedade 
em áreas da economia, saúde, transporte, segurança, à medida que houver justiça 
social vamos encontrar um povo satisfeito. 
 
 
 
 27
 
 
A distribuição de renda desigual acarreta distorções dentro da sociedade, 
provoca uma insatisfação geral na administração política de recursos, levando o país 
a um cenário onde a população mais pobre não tem acesso a serviços básicos mais 
necessários a uma condição digna de saúde entre os mais carentes e necessitados, 
onde acabam surgindo uma população marginal, sem estimulo para escapar deste 
contexto de exclusão social. 
 
Não existe um projeto para ressocialização ou capacitação para que o 
indivíduo detido encare sua vida fora do cárcere. No nosso país existem muitas leis, 
mas o cumprimento delas nem sempre é visto de maneira séria, responsável e 
comprometida pelos cidadãos, levando a algumas distorções em torno da justiça. Há 
projetos sociais e ONGS que trabalham a reintegração social dos presos. 
 
“O linchamento físico que sofriam os afro-americanos nos Estados Unidos foisubstituído no Brasil por um linchamento cívico” Abdias do Nascimento. 
 
O Brasil abriga a quarta maior população prisional do mundo, atrás apenas 
dos Estados Unidos, da China e da Rússia. Trata-se de 622 mil brasileiros privados 
de liberdade, mais de 300 presos para cada 100 mil habitantes. Mais da metade 
(61,6%) são pretos e pardos, revela o Levantamento Nacional de Informações 
Penitenciárias (Infopen). 
 28
Só 10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por 
autores negros, afirma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que também 
analisou os personagens retratados pela literatura nacional: 60% dos protagonistas 
são homens e 80% deles, brancos. 
O levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) 
considerou as produções brasileiras que alcançaram as maiores bilheterias entre 
2002 e 2014. Dentre os filmes analisados, 31% tinham no elenco atores negros, 
quase sempre interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade. 
Não faz muito tempo que os artistas negros ocupam as telas, e como 
protagonistas é mais difícil ainda, atuavam apenas nos bastidores atrás da 
composição de textos, livros e outras linguagens artísticas . Atuavam discretamente 
e eram invisíveis. Eles já estão trabalhando há muito tempo na parte de 
infraestrutura e não tinham o reconhecimento nesse sentido. Hoje notamos uma 
melhora na valorização e visibilidade da cultura africana, existe um setor voltado no 
aperfeiçoamento e direcionamento para atender esse público que deseja ser ouvido 
e atendido diante de suas adversidades. As empresas estão percebendo que ouvir e 
buscar essas necessidades irá levar a identificação de sua origem e essa população 
fará com que sua identidade seja reconhecida, aceita e valorizada. 
Na música brasileira o xote brasileiro teve origem no Schottish em escocês, a 
partir de matrizes norte-americanas, como o blues, o jazz, o soul e suas variantes, 
em Cuba a rumba, no Brasil o samba, bossa-nova (nascida do samba), choro, EUA 
hip-hop, cakewalk (antiga dança em pares dos negros dos EUA. Os ritmos e suas 
variantes a partir de influencias africanas são muito marcantes. A principio se 
evidencia o caráter muitas vezes para os padrões europeus deselegantes, mas que 
se propagou por diversas regiões do Brasil e que ao longo do tempo tem sido aceito 
como forma legitima de expressão artística como foi o samba, a principio era 
praticado em espaços reservados por ser discriminados por sua prática. O que 
acontece com o funk e o passinho na atualidade. Muitos críticos afirmam que isso 
seria a glamourização da pobreza, outros afirmam ser o reflexo das condições de 
vida que essa população tem no espaço que habitam muitos a definem por ser 
extremamente sensual ou chula. Talvez o que se pregou ao longo dos anos e 
acabaram por assimilar como verdadeiro. Os ritmos derivados do samba também 
ganham adeptos como é o caso do pagode, funk, afro reggae, axé, MPB, entre 
 29
tantos outros. Essas inserções no campo das artes produzem, com que ritmos tão 
repudiados pela critica, tragam consigo todo um conteúdo de preconceito e a falta 
de conhecimento dos problemas alheios, talvez para quem viva nas comunidades é 
a realidade. 
Se analisarmos a dança que vem ligada a música estaremos ainda mais 
longe pois estaremos chegando a moda, publicidade, a outros setores da economia 
que fazem a indústria cultural atingir outros patamares. Uma análise no campo das 
artes e da cultura africana vê uma ligação uma ligação profunda com a cultura 
brasileira juntamente com outros povos em todos os conhecimentos, transformação 
de toda uma história muito densa. A historia da escravidão no Brasil é a crônica da 
constante da resistência africana. 
Se analisarmos a periferia podemos chama-la de quilombo nos dias atuais e a 
arte produzida nos grafites chamamos de pinturas onde os autores na maioria 
desconhecidos pintam em espaços abertos para compartilhar seus sonhos , saraus, 
batalhas, cineclubes e grupos que buscam um espaço de troca de conhecimento e 
promoções de ações solidárias. 
A arte clama por ser reconhecida, mesmo em locais muito distantes e abre 
espaço dentro da sociedade que limita, dentro do cotidiano que nos escraviza em 
torno de preconceitos que estão inseridos dentro de cada um ,e ela faz um convite a 
liberdade e reflexão. 
 
 
 
 
 
 
 
 30
CAPITULO IV 
O PROFESSOR DE HISTÒRIA E OS DESAFIOS DO 
MUNDO ATUAL 
 
O presente capítulo tem como objetivo apresentar um delineamento da 
formação dos professores de História no Brasil, destacando aspectos considerados 
relevantes dos processos de escolarização básica que começaram a ganhar 
expansão, exigindo do Governo Federal medidas emergenciais na formação de 
profissionais na área de História. Apontar-se-ão aspectos das Leis de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional - LDBEN no que tange a formação do professor de 
história, bem como recorrer às políticas públicas que influenciam todo esse contexto. 
Por fim buscar-se-á o perfil exigido dos professores de história frente às novas 
vertentes do ensino de HISTÓRIA na contemporaneidade. 
Gatti e Barreto (2009) destacam que os investimentos públicos no Ensino 
Fundamental cresceram e a demanda por professores aumentou na década de 
1960. Cursos de formação rápidos, de caráter emergencial, e a contratação de 
professores leigos foram algumas das providências tomadas na época, acarretando 
desafios para as políticas públicas educacionais. 
Na contemporaneidade ainda se encontram contradições nas formações de 
professores; faltam profissionais habilitados para o Ensino Básico. Mesmo assim, há 
perspectivas de avanços com o incentivo a pesquisas, recursos para projetos de 
extensão e especialização com objetivos de qualificar professores e a ampliação das 
associações de história/educadores. A exemplo disso destaca-se o projeto de Mídias 
na educação do Governo Federal, em nível de especialização a distância, em 
parceria com as universidades federais, o qual já formou um número significativo de 
professores para atuar na escola, entre esses, muitos professores de História. 
Gatti e Barreto (2009, p. 34) destacam que 14,5% dos ocupantes das funções 
docentes atuais do Fundamental II ainda estão sem preparação em nível superior, 
sendo esse número mais concentrado na região Nordeste do país. Nesses termos, é 
percebido novamente que a categoria precisa se adequar às exigências da Lei 
Federal em relação entre a demanda e a formação, como aconteceu na década de 
1970 com os professores de história. 
 31
Após essa revisão teórica pode-se ter uma breve noção de como se construiu a 
formação de professores de História no Brasil nas ultimas décadas. A formação dos 
professores está trilhando caminhos por novas abordagens, criando novas vertentes. 
Esse assunto será discorrido no próximo tópico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32
CAPITULO V 
FORMAÇÃO CONTEMPORÂNEA 
 
O fato é: o conhecimento está espalhado pelo ciberespaço. Cabe ao professor 
fundamentar os conceitos necessários para que o aluno possa aprender a “nadar” 
em meio ao dilúvio de informações que lhes são disponíveis e, ainda, devem se 
estimulados a compartilhar e construir o conhecimento de forma conjunta. Esse é o 
argumento defendido por Carlos Nepomuceno, professor e consultor de 
planejamento estratégico de informação, em entrevista ao Conexão Professor: “Os 
professores têm que começar a criar mecanismos de construção conjunta. Eles e os 
alunos vão criar um conteúdo juntos e interpretá-lo. Os alunos têm que sair da 
escola com os conceitos fundamentais apreendidos para entender onde as 
informações se encaixam”. (NEPOMUCENO, 2009). 
A grande questão é como o educador e também o educando devem lidar com 
as novas ferramentasdisponíveis na contemporaneidade. A tecnologia não 
subestima, nem o educador, nem o educando; apenas modifica as relações entre os 
mesmos propiciando um novo ambiente de compartilhamento de conhecimento em 
que o domínio sobre a máquina e sobre o ciberespaço se faz imprescindível. 
 
Se o professor do século passado era importante, o deste 
século é essencial para que estas gerações possam se 
desenvolver plenamente, mas dominando a máquina, 
dominando o ciberespaço e conscientes de que o ato de 
ensinar e aprender são fundamentais para usufruirmos desta 
fantástica tecnologia e deste momento ímpar da humanidade 
em que as fronteiras do pensamento inexistem. (ALAM, 2010) 
 
Conforme Pimentel e Callegaro (2007), o ensino tem acompanhado a evolução 
do sistema educacional formal e não formal, com a expansão da Educação e as 
tecnologias atuais como os processos de informatização acarretados pelo uso de 
computadores e, principalmente, pela rede mundial (www). 
O ciberespaço que é a dimensão virtual da realidade na quais seres humanos, 
máquinas e programas interagem, tornou-se um dos meios mais utilizados para 
 33
proporção do conhecimento, no que Laurel (apud CALLEGARO, 2007) define como 
diálogo coletivo, estabelecido através de recursos como salas de bate-papo, fóruns 
de discussão, e-mail e outros métodos que aumentam a interação na dimensão 
virtual-real. 
Nesse sentido, os ambientes virtuais de aprendizagem, habitualmente 
chamados de AVA, representam a terceira geração de EAD, que busca novas 
práticas pedagógicas associadas ao uso tecnológico atual, com o objetivo de 
atender a uma demanda por formação continuada de docentes e discentes. 
 Para Maio (2007, p. 06): “[...] os AVA são lugares de aprendizagem que 
privilegiam a co-construção de conhecimento, a interatividade, a intersubjetividade, a 
autonomia dos aprendizes e o alcance de uma consciência crítica dos indivíduos”. 
A respeito, a criação de um AVA em História busca afirmar que este processo 
de aprendizagem mediado tecnologias atuais de informação e comunicação. Para 
Pimentel: 
O uso de novas tecnologias possibilita desenvolver sua 
capacidade de pensar e fazer HISTÓRIA 
contemporaneamente, representando um importante 
componente na vida dos alunos e professores, na medida em 
que abre o leque de possibilidades para seu conhecimento e 
expressão. (PIMENTEL, 2007, p. 120). 
 
No entanto o ensino de história na internet ainda está em fase de experiência 
nos espaços virtuais vêm suprir uma antiga necessidade, a de democratizar a 
produção cultural, sendo que essa democratização seja um processo lento, já que a 
internet gratuita ainda não é socialmente consolidada. Na análise de Barbosa: 
 
Antes do computador, nosso remoto acesso às obras de 
história dava-se apenas por meio de livros caríssimos, que no 
Brasil eram produzidos principalmente pelos bancos para 
presentear clientes no fim do ano, pois até os catálogos eram 
raros e em preto e branco. Nós, professores e alunos de 
história, ficávamos a ver navios. Que professor tem capital 
suficiente para ser considerado bom cliente de instituições 
financeiras, tão bom que justifique ganhar um presente do 
 
 34
banco no fim do ano? (BARBOSA, 2005, 
p. 105). 
 
Podemos notar, que através da afirmação de Barbosa, que o acesso ao 
conhecimento caracterizou uma história frequente como uma barreira a ser 
transposta, e que a tecnologia associado ao uso dos atuais dispositivos, preenche 
as falhas deixadas pelo custo, qualidade e acessibilidade dos antigos acervos 
impressos. Mas, a falta de qualidade atinge também o ensino de história nos meios 
virtuais, pois algumas instituições, na vontade de oferecer novos recursos para 
auxiliar o trabalho dos estudantes e dos professores, produzem materiais 
audiovisuais hipoteticamente pobres, apesar da tecnologia utilizada. 
Caso semelhante acontece com alguns sítios eletrônicos, bons em conteúdos, 
mas péssimos em adequação do design gráfico, ou que possuem um bom visual, 
porém oferecem interpretações redutoras da história. 
Mesmo com a crescente disseminação de museus virtuais, o ensino de história 
na internet ainda é pouco explorado, pois o objetivo dessas instituições 
principalmente é promover e divulgar os seus acervos, ao do que rejeitar os projetos 
educacionais a condição de coadjuvantes de suas propostas. Diante disso, os AVA 
cumprem a função importante dos novos suportes pedagógicos para o ensino de 
HISTÓRIA, como aponta Callegaro: 
 
A internet, junto com as tecnologias de comunicação à 
distância, aponta possibilidades tecnológicas novas para a 
produção, circulação da história e do ensino da história que 
estão assentadas na capacidade da Internet de conjugar as 
funções de grande número de tecnologias [...] na flexibilidade 
da linguagem HTML de compactar, como um envelope, os 
dados digitais para a comunicação à distância; na justaposição 
e integração de “pedaços” de trabalhos de outros meios como 
desenhos, filmes, pintura, texto, som, fotografia; na 
comunicação simultânea, global e em tempo real e à distância; 
na descentralização radical da informação e da interatividade. 
(CALLEGARO, 2007, p. 142). 
 
 
 35
O ensino de história na internet contesta uma antiga ideia de que esta ligada 
exclusivamente à realização presencial, fato que subtrai o potencial das tecnologias 
atuais, que colocam os estudantes em contato com o fluxo de informações de forma 
eficaz e rápida, ao promover uma rede de comunicação entre professores e 
estudantes de diferentes camadas sociais (IAVELBERG, 2003), e favorecer a 
compreensão da pluralidade artístico-cultural, através de uma aprendizagem 
significativa nos espaços virtuais. 
 
Atualmente a educação na modalidade a distância é beneficiada e 
impulsionada por transformações produzidas pelas TIC e pela internet, que 
causaram impactos sociais, econômicos, culturais e educacionais. Segundo Saraiva 
(1996, p. 27), "desde a década de 20, o Brasil vem construindo sua história de EAD”. 
O desenvolvimento da educação a distância no Brasil é assinalado pelo 
aparecimento e difusão dos meios de comunicação, atravessando a "etapa do 
ensino por correspondência; passamos pela transmissão radiofônica e, depois, 
televisiva; utilizamos a informática até os atuais processos de utilização conjugada 
de meios – a telemática e a multimídia." (SARAIVA, 1996, p. 19). 
Merece ser ressaltado o período atual, segundo Castell (1999, p. 67), 
caracterizado por um "novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da 
tecnologia da informação”, integrando o mundo em redes globais, em que a 
apropriação de conhecimento é um dos seus traços marcantes. O aumento da 
demanda pelo conhecimento gerou um crescente interesse dos especialistas da 
educação e dos governos na utilização das tecnologias digitais voltadas para novos 
modos de ensinar e aprender. 
Estimulada pelas mídias digitais e internet, que ajudam a vencer as barreiras 
do espaço e do tempo, a EAD se desenvolve em todos os níveis, na educação 
formal e não formal, de modo quantitativo e qualitativo em todos os continentes. 
Aponta Peters (2004, p. 29), que a educação a distância, é uma modalidade que “se 
tornará uma HISTÓRIA indispensável de toda a educação superior na maioria das 
universidades de todo mundo”, e também que o custo-benefício seria decisivo neste 
processo, de modo especial nos países em desenvolvimento. 
Essa modalidade é regulada, no Brasil, por uma legislação específica, 
oficializada em 20 de dezembro de 1996, Lei nº 9.394, que estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional, em que o art. 80 diz: "O Poder Público incentivará o 
 36
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os 
níveis e modalidades de ensino [...] § 1º A educação a distância, organizada com 
abertura e regime especiais[...]”. A esse respeito Moran (2002, p. 1) argumenta: “Na 
expressão ‘ensino a distância’ a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém 
que ensina a distância). Preferimos a palavra ‘educação’ que é mais abrangente 
[...].” 
O Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 que regulamenta a EAD, o 
artigo 1º a caracteriza como: 
 
Modalidade educacional na qual a mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre 
com a utilização de meios e tecnologias de informação e 
comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo 
atividades educativas em lugares ou tempos diversas. 
 
Os espaços na internet utilizados pelos cursos on-line, chamados ambientes 
virtuais de aprendizagem (AVA), softwares desenvolvidos baseados em 
pressupostos pedagógicos, ou plataformas de EAD, possibilitam organizar cursos e 
disciplinas, administrar conteúdos, e promover a interação entre todos os 
participantes. Santos (2003, p. 225) entende que o ambiente virtual de 
aprendizagem “é um espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos 
técnicos interagem, potencializando assim a construção de conhecimentos, logo a 
aprendizagem”. 
As condições favoráveis de acesso e difusão de conhecimento facilitado tanto 
pelas TICs como pela implementação de políticas para a educação superior, que 
estimulam a educação a distância, viabilizam pelo menos dois dos cinco princípios 
básicos do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da 
Educação (MEC) para a Educação Superior: 1) a expansão da oferta de vagas para 
educação superior; 2) a garantia de qualidade e que seja acessível às regiões mais 
remotas do País. (BRASIL, 2007b). 
Para fomentar a EAD nas instituições públicas de ensino superior e amparar 
pesquisas em inovações metodológicas de ensino superior apoiadas em tecnologias 
de informação e comunicação, foi instituído pelo Decreto 5.800, de 8 de junho de 
2006, um sistema integrado por universidades públicas, Universidade Aberta do 
 37
Brasil – Sistema UAB – para oferecer cursos de nível superior para camadas da 
população que têm dificuldade de acesso à formação universitária pública de 
qualidade, por meio do uso da metodologia da educação a distância. O Sistema 
UAB promove articulação, estimula e efetiva parcerias com universidades públicas e 
demais organizações interessadas, nos níveis federal, estadual e municipal, para 
programar e realizar cursos de graduação e pós-graduação de forma consorciada. A 
prioridade é atender os professores, em locais distantes e isolados, que atuam na 
educação básica da rede pública, visando fortalecer a escola no interior do país, e 
minimizar a concentração de cursos de graduação ofertados nos centros urbanos. 
Cabe destacar que o Conselho Nacional de Educação e a Câmara de 
Educação Superior, representados por uma comissão designada para discutir e 
propor diretrizes para programas e cursos de Educação Superior – EAD, 
desenvolveram estudos e debates sobre o tema, e tiveram Parecer homologado em 
10 de março de 2016. O Parecer estrutura-se em duas seções. A primeira diz 
respeito ao Relatório que, dentre outras coisas, apresenta metodologias em EAD e 
suas múltiplas combinações; os profissionais vinculados à EAD, ressaltando os 
profissionais da educação, professores, tutores, gestores, estudantes; material 
didático-pedagógico; sistemas de comunicação, condições e exigências para o 
regime de colaboração entre as Instituições de Ensino Superior (IES). 
A segunda seção trata especificamente das Diretrizes e Normas Nacionais 
para a oferta de Programas e Cursos de Educação Superior na Modalidade a 
Distância, base para as políticas e processos de avaliação, bem como para a 
regulação dos cursos e das instituições de educação superior (IES) no âmbito dos 
sistemas de educação, direcionada a garantir a expansão e o padrão de qualidade 
para a educação superior para essa modalidade. O Ministério da Educação 
homologou a Resolução nº 1, de 11 de março de 2016, das Diretrizes e Normas, que 
respeitam o atendimento às políticas educacionais vigentes, às Diretrizes 
Curriculares Nacionais, ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior e 
aos padrões e Referenciais de Qualidade (publicado em 2003, revisado em 2007) 
estabelecidos pelo MEC. 
Presenciamos no Brasil, o crescimento acelerado de instituições públicas e 
privadas de ensino superior intensificando a criação de cursos nas diversas áreas de 
conhecimento na modalidade a distância. Isso porque, além de encontrarem nas 
tecnologias digitais recursos e funcionalidade gerais para melhorar o ensino, 
 38
promover a aprendizagem, trazer inovação pedagógica e didática, contam também 
com políticas educacionais regulamentadoras, de expansão, interiorização e ações 
que consolidam a EAD. 
Conforme vimos, o poder público definiu e regulamentou uma legislação 
específica para esta modalidade educativa, além disso, tem incentivado as 
instituições de ensino superior na oferta de cursos EAD, nas diversas áreas de 
conhecimento, visando garantir o acesso à educação superior às pessoas que vivem 
em regiões distantes de centros urbanos. 
Na Educação Online os espaços chamados de AVA (Ambientes Virtuais de 
Aprendizagem), agregam uma das características fundamentais da internet: a 
convergência de mídias, ou seja, a capacidade de hibridizar e permutar num espaço 
virtual, várias mídias. Segundo Silva (2005, p. 199) "O Ambiente Virtual de 
Aprendizagem deve favorecer a interatividade entendida como participação 
colaborativa, bidirecional idade e dialógica, e conexão de teias abertas como elos 
que traçam a trama das relações". Os arranjos espaço/temporais promovido pelas 
tecnologias digitais fazem do AVA um espaço prático de educar sujeitos 
geograficamente dispersos, como também pode ampliar a prática pedagógica 
presencial. Sobre a estrutura AVA pode-se dizer que: 
 
O informata que programa esse ambiente conta, de início, com 
o fundamento digital, mas para garantir hipertexto e 
interatividade terá que ser capaz de construir interfaces 
favoráveis à criação de conexões, interferências, agregações, 
multiplicidade, usabilidade e integração de várias linguagens 
(sons, textos, fotografia, vídeo). Terá que garantir a 
possibilidade de produção conjunta do professor e dos alunos e 
aí há liberdade de trocas, associações e significações como 
autoria e coautoria. (SILVA apud SILVA, 2005, p. 199) 
 
Os primeiros Ambientes Virtuais de Aprendizagem apresentavam uma 
comunicação estudante/conteúdo/professor predominantemente na linguagem 
escrita. Coll (2010) salienta quanto a necessidade de pesquisa e desenvolvimento 
no campo da aprendizagem autodirigida em um terreno técnico-pedagógico, uma 
vez que os requisitos pedagógicos influem de maneira determinante nos 
 39
tecnológicos. A AVA tem capacidade de convergir o uso da tecnologia móvel; como 
também, desenvolver sistemas tutoriais multiagente baseados em inteligência 
artificial; sistemas de hipermídia adaptativa e conteúdos educacionais reutilizáveis. 
a cognição digital e a humana passam por um processo de franca evolução na qual, 
por meio de "realidade virtual", os humanos tentam emular nossos processos 
cognitivos mais complexos, com a esperança de que os computadores ajudem a 
resolver os graves problemas que cercam nossa existência; mas ao mesmo tempo, 
essa interação com o mundo virtual influencia nossa maneira de processar a 
informação e transformar de modo intangível a maneira pela qual pensamos sobre 
nossa existência. (COLL, 2010, p. 186). 
O ambiente virtual carrega no sentido amplo, as características do mundo 
virtual que por sua vez, contempla um universo de possibilidades, calculáveis a partir 
de um modelo digital. "Ao interagir com o mundo virtual, os usuários o exploram e o 
atualizam simultaneamente. Quando as interações podem enriquecer ou modificaro 
modelo, o mundo virtual torna-se um vetor de inteligência e criação coletivas". 
(LEVY, 1999, p. 75). Para adentrar ao ciberespaço e conectar-se à rede é 
necessário fazer um login individual, algo como uma identidade, seja ela um avatar , 
um nick ou mesmo um endereço de email, esse será seu ponto de acesso pelo qual, 
outros usuários também se conectarão a você. 
A educação online busca romper o conceito de separação física entre aluno e 
professor aproximando-os pela integração virtual, pelo vídeo conferência, AVA ou 
por dispositivos móveis como celulares e sistemas interativos das TVs digitais. A 
tendência é que a interatividade aumente cada vez mais, com a aplicação de 
recursos multimídia em áudio, vídeo, simulações e realidade virtual. O desafio é 
implantar uma estrutura tecnológica coerente com a estratégia metodológica e o 
público alvo. Segundo Rangel (2009, p. 45), num ambiente virtual de ensino-
aprendizagem, professor e aluno invertem o protagonismo dentro do cenário 
educativo. No AVA o aluno é o eixo central de toda a atividade pedagógica, e não 
mais o professor. A educação online requer a aplicação de um modelo pedagógico 
personalizado, não basta adequar o modelo presencial. As práticas de estudo no 
ambiente virtual ocorrem através da comunicação interativa, exigindo sujeitos ativos 
e participativos. 
 
 
 40
Segundo Santos, 
os ambientes virtuais de aprendizagem envolvem não só um 
conjunto de interfaces para socialização de informação, de 
conteúdos de ensino e aprendizagem, mas também, e, 
sobretudo, as interfaces de comunicação síncronas e 
assíncronas. (SANTOS, 2009, p. 564). 
 
As formas de comunicação dentro dos AVA podem ser síncronas, isto é, 
contemplam a comunicação em tempo real (exemplos: chats, web conferências, 
entre outras). Como também assíncronas, isto é, permitem a comunicação em 
tempos diferentes (exemplos: fóruns, listas de discussão, blogs, wikis entre outras). 
A interação e a interatividade são dois processos indispensáveis para trabalhar 
as demandas da comunicação nesse espaço. a evolução das ferramentas e das 
interfaces possibilita o desenvolvimento da Educação online, podendo ser 
organizados links para textos ou páginas da web como arquivos de vídeo aulas e 
momentos síncronos por meio de chats ou vídeo conferência. Neste sentido, esses 
ambientes da internet, com suas múltiplas possibilidades de diálogos, podem 
promover, por meio das redes de comunicação, a interação entre pessoas de 
diferentes culturas, ampliando o campo comunicativo sistematizado e organizado, 
possibilitando a compreensão das diversas realidades, num ambiente de 
aprendizagem interativa e colaborativa. 
O aprendiz, ao adentrar o AVA tem como mediadores de sua aprendizagem, os 
professores, as trocas entre seus pares, o material didático, que pode ser anexado 
nos mais diferentes formatos, hipertextos, audiovisuais, podcasts, ou mesmo 
impresso, enviado ao aprendiz via correio. No AVA pode-se organizar os estudantes 
em turmas, tal qual como no ensino presencial. A mediação geralmente é feita por 
mais de um professor e tutores, que auxiliam tanto em dúvidas sobre aspectos 
técnicos como também em atividades pedagógicas. 
Segundo Valentine e Soares (2005) o AVA é um espaço social de trocas de 
conhecimentos, de desenvolvimento de condições, estratégias e intervenções para 
melhorar o processo de aprendizagem, numa linguagem hipermídia, cujos processos 
interativos entre os participantes são auxiliados pela interface gráfica. 
Os processos de ensino-aprendizagem têm potencial para tornarem-se mais 
ativos, dinâmicos até mesmo personalizados por meio do AVA, esses armazenam 
 
 41
todo o material produzido pelos participantes, sendo possível revisitá-los sempre que 
necessário. As mídias digitais, aliadas aos AVA em evolução, utilizam o ciberespaço 
para promover a aprendizagem, a interação e a colaboração à distância entre os 
atores do processo e o conteúdo a ser aprendido. 
Nesses processos de aprendizagem a tecnologia é apenas um meio, pois a 
ênfase está na proposta, no conteúdo pedagógico e no desenvolvimento do 
processo educativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Em geral, pode-se afirmar que o racismo existente na sociedade brasileira 
com suas relações simbólicas produz estigmas e situações em que, ao longo da 
história, levou uma grande parte da população afrodescendente a negar sua própria 
cultura. E as relações de poder estão presentes em todos os espaços sociais, 
particularmente na educação. Portanto, é necessário que os educadores se 
posicionem de forma crítica e reflexiva diante dos conflitos e tensões que ocorrem no 
ambiente educacional, bem como conhecer a verdadeira história dos diferentes 
grupos étnico-raciais e culturais que compõem a nação brasileira. . 
A discussão das culturas africanas e afro-brasileiras é necessária, 
especialmente se pensarmos nelas como culturas marginalizadas, inferiorizadas, 
folclóricas e estereotipadas, que precisam ser revisadas, lembradas e re-
significadas. 
E necessário olharmos a escola como um espaço onde a diversidade está 
presente, um lugar onde os diferentes assuntos são encontrados, bem como uma 
zona de conflito permanente, uma vez que as diferentes culturas estão 
correlacionadas, tem a obrigação de se referir e tornar essa diversidade visível em 
seu currículo de assuntos e culturas. No entanto, entende-se que uma educação que 
satisfaça as demandas sociais da população como um todo e contribui para a 
equação de preconceitos e comportamentos racistas de qualquer natureza só será 
posta em prática quando as leis nacionais, estaduais e nacionais do plano de 
estudos e diretrizes de educação. Eles são realmente sistematizados e 
implementados. 
Também se entende que as leis e diretrizes curriculares podem ser 
implementadas, já que o Estado e os Sistemas Escolares investem conjuntamente 
no desenvolvimento de políticas públicas e práticas educacionais que atendam às 
demandas educacionais e socioeducativas dos pobres, enfatizando a necessidade 
de educação inicial , estabelecendo uma abordagem pedagógica que aborda os 
interesses das diferentes disciplinas que frequentam a escola, bem como abordar os 
problemas de discriminação, preconceito e racismo que ocorrem no espaço escolar. 
 
 43
Não há dúvidas de que se pode fazer uma Educação com qualidade, não 
pode estar submetida aos modelos tradicionais, pois há que se atender às 
especificidades dessa área, adequando ferramentas e modelos pedagógicos, 
propondo métodos de avaliação específicos e tendo, ainda, um corpo docente 
preparado para essas especificidades do ambiente virtual. Isso implica investimento 
em recursos materiais e em pessoal, centros adequados de atuação, laboratórios de 
informática qualificados, além da reavaliação dos professores, os quais teriam 
atuação mais intensa e, consequentemente, maior quota de trabalho e dedicação, 
ademais de ministrarem múltiplas disciplinas, já que o ensino EAD é uma atividade 
interdisciplinar e multidisciplinar por natureza. 
Seguramente a ação mediadora do docente definirá a qualidade educacional 
como educador preparado para os desafios históricos com programas adequados 
dos recursos tecnológicos contemporâneos apropriados à área, além dos projetos 
interdisciplinares já disponíveis, poderá favorecer um ensino de História de alta 
qualidade buscando na tecnologia moderna , melhor aprendizagem e interação ao o 
desenvolvimento humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BARREIROS, V. M. S. A escola como produtora da pseudodeficiencia. Revista 
Integração, 1999, São Paulo, v. 2, pp. 21-22. 
BRASIL. Plano Nacional de Educação Lei n.º 10.172, 09/01/2001. Brasília: Diário 
Oficial da União N.º 7,Ano CXXXIX, 10 de janeiro de 2001. 
 
BRASIL. Projeto Escola Viva: Adaptações Curriculares de Grande porte. 
MEC/SEF/SEESP. Brasília - DF, 2000. 
 
CARVALHO, R. E. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1ª Ed., 
2000. 
 
CARVALHO, A. R., ROCHA, J. V., Pessoa com Deficiência na História: modelos de 
tratamento e compreensão. INTERNET. Disponível em: unioeste.org.com.br. Acesso 
em 18/11/2009. 
 
D’ANTINO, M. E. F. A questão da integração do aluno com defici6encia mental na 
escola regular. In: MANTOAN, M. T.E. A integração de pessoas com deficiência. São 
Paulo: Memnon: Ed. Senac, 1997. 
 
GOFFMAN. E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio 
de Janeiro: Editora Guanabara; 1988

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