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1 FACULDADE FAMOSP ELIANA REGINA DE MORAES RACHETI A CULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL SÃO PAULO 2018 2 FACULDADE FAMOSP ELIANA REGINA DE MORAES RACHETI A CULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL Monografia apresentada como exigência parcial de avaliação para conclusão do curso de Licenciatura em História pela Faculdade FAMOSP, sob a orientação metodológica da Prof. Luciene Boracine Parra Trevelin SÃO PAULO 2018 3 FICHA CATALOGRÁFICA RACHETTI, ELIANA REGINA DE MORAES ACULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL Orientação: Prof. Luciene Boracini Parra Trevelin 44 páginas Monografia apresentada como exigência do curso de Licenciatura em História da Faculdade Famosp , para obtenção do título de Licenciada em História Palavras-chave: Educação Multicultural. Resgate Cultural. História 4 A CULTURA AFRO BRASILEIRA NO CONTEXTO EDUCACIONAL ELIANA REGINA DE MORAES RACHETI Aprovada em ____/____/_________ Nota:___________ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Professor (a) _____________________________________________ Professor (a) _____________________________________________ Professor (a) 5 Dedico este trabalho aos amigos com quem convivi ao longo desses anos. A experiência de uma produção compartilhada na comunhão com amigos nesses espaços foram a melhor experiência da minha formação acadêmica. 6 Agradeço à Deus que nos criou e foi criativo nesta tarefa. Seu fôlego de vida em mim me foi sustento e me deu coragem para questionar realidades e propor sempre um novo mundo de possibilidades. 7 A Finalidade da arte e dar corpo a essência secreta das coisas, não é copiar sua aparência. Aristóteles. 8 RESUMO O objetivo deste trabalho é refletir sobre a redefinição e valorização da história e cultura Africana na escola e contribuir para o debate sobre as questões que envolvem pessoas de ascendência Africana no Brasil, em particular, no campo educacional. Acredita-se que esta discussão é necessária, especialmente se nós concebemos como marginalizados e culturas que precisam ser revistos, rediscutidas, imortalizado e ressignificado estereotipados. E assim, (re)construção de novas perspectivas sobre a diversidade racial, étnica e cultural do povo brasileiro; planejar ações contemplativas que quebram paradigmas, especialmente aqueles relacionados ao ensino de História Africana e Cultura, Afro-Brasileira e Indígena no sistema de educação formal. Palavras – chaves: Educação Multicultural. Resgate Cultural. História. 9 ABSTRACT The purpose of this paper is to reflect on the redefinition and appreciation of African history and culture in the school and to contribute to the debate on the issues involving people of African descent in Brazil, particularly in the educational field. It is believed that this discussion is necessary, especially if we conceive as marginalized and cultures that need to be revised, rediscussed, immortalized and re- signified stereotyped. And thus, (re) construction of new perspectives on the racial, ethnic and cultural diversity of the Brazilian people; to plan contemplative actions that break paradigms, especially those related to the teaching of African History and Culture, Afro-Brazilian and Indigenous in the formal education system. Key - words: Multicultural Education. Cultural Rescue. History 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………...11 CAPÍTULO I O RACISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA.............................................................13 CAPÍTULO II A EDUCAÇÂO COMO MEIO DE VALORIZAÇÂO NA CULTURA NEGRA..............20 CAPÍTULO III DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL.....................................................................25 CAPÍTULO IV O PROFESSOR DE HISTÒRIA E OS DESAFIOS DO MUNDO ATUA....................30 CAPÍTULO V FORMAÇÂO CONTEMPORÂNEA.............................................................................32 CONSIDERAÇÔES FINAIS ......................................................................................42 REFERÊNCIAS..........................................................................................................44 11 INTRODUÇÃO Enquanto o negro brasileiro não tiver acesso ao conhecimento da história de si próprio, a escravidão cultural se manterá no país. (João Reis) A cultura de uma nação é transmitida de geração em geração como maneira, de Sustentar seus costumes, princípios crenças, tradições e visões do mundo. Assim, é comum Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dec / 2013 que sociedades modernas, particularmente em sociedades multiculturais e multiétnicas, como o Brasil, do destaque de uma cultura em detrimento de outras. Na sociedade brasileira, a sobrevalorização da cultura européia e a inferiorizarão de demais culturas, em especial as de matrizes africanas, são inegáveis. A definição de cultura é algo complexo de que significa Conforme Macedo (2008: 91), “a cultura não é apenas” arte, a cultura é princípios posturas, meios ambientes experiências técnicas, identidades comuns e diversas, definições conhecimento e múltiplas rotinas Nesta concepção pode-se afirmar que muitos pontos da sociedade brasileira estão imersos em símbolos e manifestações culturais dos variados grupos étnico-raciais e culturais que compõem o país, em particular, dos variados povos africanos, que sucederam sequestrados de seus ambientes de origem, no continente africano, escravizados e transportados à força para diversas partes do mundo, a maior parte do continente americano e uma quantidade expressivo, trazido para o Brasil. É raro questionar as contribuições dos povos africanos e suas culturas para a formação do Brasil, e como a história destes povos é mantida viva. Também é raro questionar como as múltiplas relações os distintos grupos étnico-raciais e culturais que compõem a sociedade brasileira acontece informação que, em relação à população negra, "há uma sequencia de oportunidades, favoráveis para preservar distorções em relação às matrizes negras, incluindo a aprendizagem formal" (Gomes, 2003, p.). (Essa circunstancia devem ser revisadas, redistribuídas e socialmente desconstruídas). 12 Em relação a ensino mesmo com os desenvolvimentos derivados das leis 10.639 / 03 e 11.645 / 08 e suas correspondentes orientações curriculares nacionais que orientam a construção da educação em vínculo étnico-raciais, o sistema educacional brasileiro ainda não escapou Moorings que mantêm um currículo homogeneizador, eurocêntrico e monocultural que não responde às expectativas e conveniência das diversos grupos étnico-raciais e culturais que atendem os variados níveis e modalidadesde ensino. A argumentação sobre os conflitos e tensões que emergem das múltiplas relações os distintos grupos étnico-raciais e culturais que compõem o estado brasileiro já está exposta em todos os setores, da sociedade, em especial no campo educacional. O racismo, o preconceito e a diferenciação são chamados pela população. Nesse sentido, Costa (2006, p.218) afirma que "a população Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, No. 6, dez / 2013 O brasileiro percebe a presença do racismo, o seguinte passo é reconhecer que necessitamos lutar contra isto ". E a instituição como uma área onde a heterogeneidade étnica-racial e cultural está exposta com grande a sua exuberância, desempenha um papel proeminente nessa batalha. Deste modo as reflexões presentes neste trabalho destinam-se a cooperar para a argumentação sobre o resgate e a do destaque da história e cultura africana e afro-brasileira em ambientes de espaços sociais, em único no espaço escolar. "A imagem distorcida da África, sua omissão, os legítimos currículos escolares brasileiros auxilia a erguer as verdades como noções elaboradas para reforçar o suprematismo branco e a dominação racial". O texto mostrado está dividido em três partes além desta introdução. No inicio apresenta-se uma breve reflexão sobre o racismo e o local marginal onde se encontram os afrodescendentes na sociedade brasileira; No segundo, partimos da idéia de que a ensino é o principal meio para a recuperação da história e cultura Africanas e afro-brasileiras e outras culturas tradicionalmente estigmatizadas, negados e / ou silenciados nos currículos escolares; No terceiro e último hora as últimas resultados nossas ponderações próximas às duvidas levantadas no texto e as prováveis estratégias para a solução. 13 CAPÍTULO I O RACISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA Apesar de o Brasil ser o país com a segunda maior população negra do mundo, ficando atrás apenas a Nigéria, um país do continente Africano; sendo a Nordeste da região brasileira com o maior número proporcional de negros na população; e Bahia, o estado com o maior percentual de negros, com sua capital Salvador, não impede que as nossas relações étnico-raciais e culturais de ser esticado e não contribui para o nosso ambiente educacional tornando-se um espaço onde o diferente étnico os grupos culturais são respeitados em suas singularidades (ARAÚJO, 2013). Discriminação, preconceito e Racismo, entre outras formas de constrangimento, independentemente da região, estado ou cidade, estão presentes em todo país. Da reprodução. 3, n. 6, Dez / 2013, de valores crença que ainda estão enraizados na sociedade brasileira. Nessa direção, o Müller (2008, p.25) nota: A ideologia racista presente nas pessoas e nas instituições leva à reprodução, nas futuras gerações e ao longo do ciclo da vida individual, do confinamento dos negros aos escalões inferiores da estrutura social por intermédio de discriminações de ordens distintas: explícitas ou veladas quer seja institucionais quer individuais, as quais representam acúmulo de desvantagens. Se olharmos para alguns comportamentos racistas, intolerantes e discriminatórias que ocorrem em todos os setores da sociedade diariamente, percebemos que o seu impacto na autoestima e os motivos que levam os indivíduos a se comportar desta forma raramente eles são questionados. Esses comportamentos não são, eventualmente, adquirir, mas sim como um momento histórico que favoreceu o surgimento de controle e opressão como mecanismos de grupos desfavorecidos e estigmatizados como a população negra. Racismo no Brasil ocorre quase sempre sutil ou disfarçada maneira. Aqui, quase ninguém tem um comportamento racista preconceituoso e ou Roger Bastide 14 (1955) chamou de "o preconceito de ser prejudicado", o que torna ainda mais difícil de lidar. Segundo Guimarães (2009: 59): O racismo se perpetua por meio de restrições fatuais da cidadania, por meio da imposição de distâncias sociais criadas por diferenças enormes de renda e de educação, por meio de desigualdades sociais que separam brancos de negros, ricos de pobres, nordestinos de sulistas. De acordo com Guimarães, Costa (2006, p.11), "racismo corresponde à suposição de uma hierarquia qualitativa entre os seres humanos, os quais são classificados em diferentes grupos imaginários de marcas corporais selecionados arbitrariamente” como: cor pele, textura do cabelo, forma do nariz, entre outras características que distinguem diferentes temas de diferentes grupos étnicos e raciais. No entanto, sabe-se que a raça é uma invenção social e não biológica, apesar de alguns brasileiros têm pele clara, isso não significa que eles não são ascendência Africana. Nessa direção, Hall observa que: Raça é uma categoria discursiva e não uma categoria biológica. Isto é, ela é a categoria organizadora daquelas formas de falar, daqueles sistemas de representação e práticas sociais (discursos) que utilizam um conjunto frouxo, frequentemente pouco específico, de diferenças em termos de características físicas Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dez/2013 e corporais etc. – como marcas simbólicas, a fim de diferenciar socialmente um grupo de outro (HALL, 2006, p. 63 - grifo do autor). Portanto, são percebidas que certas atitudes diárias corroboram automaticamente a perpetuação dos estereótipos que mantêm o racismo em nossas relações diárias. Intrinsecamente, essas atitudes formam uma rede na qual eles imperceptivelmente excluem e segregam, e que devem ser levados em conta se se pretende desconstruir (pré) conceitos enraizados na sociedade brasileira desde a 15 chegada dos primeiros colonos: os portugueses. E a escola, na qual se pensa que é libertadora, deve ser comprometida, estimulando a consciência dos alunos para que percebam essa realidade e mudem seus comportamentos racistas, prejudicados e discriminatórios que prejudiquem tanto os grupos como os indivíduos em relação à sua subjetividade e igualdade de oportunidades. A escola, ao analisar o passado de um povo, baseada unicamente nos preceitos de seus torturadores, ou quando trabalha de forma não crítica na informação sobre sua formação real, é o mesmo que silenciar o estado de ignorância em que a maioria é encontrada. de aprendizes sobre as diferentes culturas estigmatizadas e consideradas inferiores. A análise de Silva nos ajuda a entender as distorções nas relações étnico- raciais no Brasil, quando afirma que: Em uma sociedade onde os grupos sociais em contato têm relações políticas, econômicas e sociais desiguais, a diferença não é reconhecida e é transmutada em inferioridade. Isso porque reconhecer as diferenças significa reconhecer as desigualdades de oportunidade a que estão submetidas (SILVA, 1996, p. 121). Nessa perspectiva, como afirma Gomes (2003, p. 70), "refletir sobre a diversidade cultural exige de nós uma posição crítica e política e uma perspectiva mais ampla que possa abranger seus cortes múltiplos". Considerando que as práticas racistas, a discriminação e os preconceitos na sociedade brasileira não se limitam aos grupos étnico-raciais; Outros grupos e assuntos, como homossexuais, mulheres, religiosos, pessoas com algum tipo de deficiência, isto é, todos aqueles que não estão em conformidade com os padrões e modelos de comportamento impostos pela cultura hegemônica e / ou os grupos dominantes também são vítimas deste sistema que exclui, segrega e nega os direitos comuns a todos os assuntos. De acordo com Costa (2006: 43), "deve-se considerar que uma grande parte das violações dos direitos humanos observadas em muitas regiões não se deve à ausência de mecanismos democráticos" 3, n. 6, dec / 2013, a acusação de opinião e vontade, mas a falta de eficácia da lei ". O autorsustenta que" nesses casos, a violação dos direitos humanos ocorre não no plano constitucional, mas no âmbito de 16 relações sociais "(COSTA, 2006, p.43).) Porque, de acordo com ele," é a polícia corrupta que despreza os direitos civis, a sociedade prejudicada que, em suas práticas sociais, discrimina os negros, as mulheres ou os homossexuais, protegendo-se em redes e mecanismos informais ilegais à ação da lei "(COSTA, 2006, 43). Daí a existência de vários movimentos sociais diferentes, que buscam reverter à situação de desigualdade social em que os grupos desfavorecidos e estigmatizados, em particular a população afrodescendente, se encontram na sociedade brasileira. Os movimentos sociais, especialmente o movimento negro e suas diferentes organizações, nas últimas décadas, programaram projetos educacionais e sócio educacionais, com o objetivo de contribuir para a formação de temas críticos reflexivos, conscientes de seu papel como cidadãos, entre outras ações, fazendo a diferença na luta por uma educação pública, democrática e de qualidade, referenciada na proposta multicultural da sociedade. Ou seja, faça a diferença na mudança de paradigmas sociais que tanto prejudica os grupos e os indivíduos em seus direitos civis e igualitários (ARAÚJO, 2012). Atualmente, professores, alunos e outros envolvidos no processo educacional têm acesso a uma variedade de pesquisas, estudos e informações sobre os diferentes grupos étnico-raciais e culturais que compõem o Estado brasileiro, percebendo e (re) analisando a história de grupos que lutaram, resistiram, com seus mártires e heróis, e que, portanto, têm um passado e precisam ser vistos a partir de novas perspectivas. Pesquisas, estudos e informações em que não se contempla a história que privilegia o legado do homem branco, um passado de cor branca e distante da realidade de muitos afrodescendentes brasileiros, crianças de um país multiétnico e multicultural, marcadas por diferenças e não pela singularidade de um grupo étnico-racial que oprime da maneira mais perversa, pelo racismo e a exclusão, mas também destaca e valoriza a diversidade étnico-racial e cultural do povo brasileiro. Para Canen (2001, p.207): Reconhecer que a sociedade brasileira é multicultural significa compreender a diversidade étnica e cultural dos diferentes grupos sociais que a compõem. Entretanto, significa também constatar as desigualdades no acesso a bens econômicos e 17 culturais por parte dos diferentes grupos, em que determinantes de classe social, raça, gênero e diversidade cultural atuam de forma marcante. Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dez/2013 Essas desigualdades são evidentes e visíveis em indicadores sociais que mostram o fosso social entre ricos e pobres do país, especialmente entre pessoas de ascendência africana, principalmente desempregadas ou subempregadas, marginalizadas e concentradas nos distritos periféricos, sem respeito pelos seus direitos de saúde, educação, habitação, saneamento e lazer. Além dos indicadores sociais, Censo 2010, PNAD 2011, entre outros, indicadores educacionais, IDEB 2011, também mostram as desigualdades que permeiam o sistema educacional. Com base nesses indicadores, pode-se afirmar que as desigualdades sociais e educacionais desempenham um papel decisivo na estratificação social dos brasileiros, particularmente na estratificação social da Bahia, na qual a população negra, como já mencionada, é superior a outro étnico Bahia. A estratificação social, por outro lado, tem repercussões na historiografia oficial, que apresenta maior ênfase à existência de figuras históricas, como Ana Nery, Carlos Drummond de Andrade, Princesa Isabel e muitas outras personalidades brancas, como Maria Felipa. Luiz Gama, José do Patrocínio, André Rebouças, Cruz e Souza, João Cândido, Dandara, Luíza Mahin, Madre Menininha do Gantois, entre muitos outros nomes negros, ainda desconhecem muitos brasileiros. A este respeito, D 'Adesky (2009, p. 70) observa que "o preto não só é negado na sua raça, mas também na sua história, na sua língua, na sua arte, etc." Esta segunda negação minimiza e desvaloriza o negro na dignidade de suas heranças históricas e culturais. “E o currículo escolar, sem considerar a diversidade étnico-racial e cultural do povo brasileiro, contribui para a manutenção e reprodução de estereótipos, preconceitos e práticas racistas nos grupos mais desfavorecidos e historicamente estigmatizados”. Assim, pergunta-se: qual a visão e o posicionamento dos professores diante de tal situação? Pois, como assinalam Munanga e Gomes (2006, p. 139), “muitos movimentos políticos, artísticos, musicais e culturais brasileiros tiveram e têm o negro como protagonista, como propulsor da mudança, como ator ou como fonte de inspiração”, mas que continuam invisíveis perante a historiografia oficial e perante a 18 escola a qual se pensa democrática. Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dez/2013 As religiões de matriz africana recriada a partir da Bahia por africanos Jejes, Nagôs recebe o título de Candomblé, foi introduzida por sacerdotes africanos escravizados, no início era praticada pelos escravizados discriminada e não reconhecida pelos colonizadores, mas que tem conseguido um público cada vez maior, Umbanda religião sincrética brasileira, na qual se mesclam elementos da tradição dos orixás e dos cultos bantos do espiritismo Kardecista do catolicismo popular entre outros, a Quimbanda é derivado da Umbanda que tem devoção a entidades inferiores pelos umbandistas. A mina maranhense forma religiosa com influências em práticas e entidades originadas do antigo Maomé. A religiosidade tem elementos da capoeira inicialmente desenvolvida para ser uma defesa ensinada aos negros cativados ao serem capturados, mas ao longo do tempo ficou mais próximo a dança. Na música, os tambores e outras peculiaridades da tradição africana incorporam aos trajes das baianas com os trajes brancos, colares, turbantes para compor aspectos da religiosidade de matriz africana, os cortejos carnavalescos possuem muito do significado religioso. Embora não reconhecida foi ganhando espaço entre os frequentadores e alguns instrumentos como o tambor, atabaque, cuica, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau também são herança da cultura africana. Os escravizados eram proibidos de frequentar as igrejas católicas onde os brancos estavam muitos foram convertidos ao catolicismo, mas não poderiam entrar nessas igrejas. A maioria das igrejas coloniais era constituída por irmandades eram regidas por um conjunto de regras chamadas compromisso, que deveriam ser aprovadas pela igreja católica. Eram as normas pelas quais deveriam ser administradas e as obrigações de seus membros os irmãos e eram responsáveis por cuidar do patrimônio, pela festa do orago, cuidar do enterro e das missas por ocasião de morte de um se seus membros, Nossa Senhora do Rosário e São Benedito são considerado os protetores dos negros e principais santos de devoção das irmandades de “homens pretos”. A partir do século XVI até o século XIX o produto de exportação produzido pelos escravos era chamado de ouro branco assim era conhecido o açúcar um produto consumido e de grande valor comercial na Europa antes 19 dele os europeus só conheciam o mel como adoçante. A valorização desse produto fez a França e a Inglaterra os países mais ricos da época. O cultivo em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro por quase 150 anos fez com que as propriedades rurais prosperassem, a região foi estratégica, pois era própria para o seu cultivo além de ficar mais próximo do destino final. Enquanto houve escravidão, o açúcar foi a base da economia nacional, os escravizados eram responsáveis pelo plantio, cultivo e o processamento até conseguir chegara Europa. A jornada de trabalho nos engenhos de açúcar durava até 15 horas, eles trabalhavam na plantação, colhiam, moviam os engenhos, cuidavam da cozinha das plantações e também da criação dos animais, habitavam as senzalas onde eram trancados em local insalubre onde eram impedida a liberdade religiosa e os cultos religiosos. Às vezes havia rapadura e cachaça, muitos plantavam para conseguir complementar a alimentação muito pobre. Os trabalhos exercidos pelo negro na cidade era melhor do que os do campo, sempre exerciam trabalhos ruins, pesados e sujos; eram pedreiros, estivadores, cozinheiras e lavadeiras viviam em cortiços (escravos de ganho), havia outra categoria “escravos de aluguel” eram alugados a outro senhor por tempo determinado. Os africanos que chegaram por aqui durante a noite se utilizavam de um conjunto de dança e música para invocar e louvar entidades, exaltar os feitos de um herói, suavizar o trabalho árduo ou manifestar um sentimento, presente em todos os movimentos da vida. As danças dramáticas são as danças em círculo e as danças em cortejo representam ou evocam quase sempre como o Maracatu. É desse período que surge o Maracatu Nação (ou de baque virado) que encena um cortejo semelhante ao da coroação dos reis do Congo com música e dança mais próximos aos da cultura africanas, seus rituais homenageiam tantos os santos católicos como os orixás do Candomblé. Há também o Maracatu Rural (ou de baque solto, ou Maracatu de orquestra). 20 CAPÍTULO II A EDUCAÇÃO COMO MEIO DE VALORIZAÇÃO DA CULTURA NEGRA Atualmente, em todos os segmentos da sociedade, já foram observadas mudanças significativas na valorização dos negros e sua cultura, mas é no campo da educação que as principais mudanças ocorreram. Parâmetros Curriculares Nacionais (NCP), leis que estabelecem a obrigação de ensinar História e Cultura Afro-brasileiras e Africanas (Lei 10.639 / 03) e Indígenas (Lei 11.645 / 08) no ensino primário e secundário em escolas públicas e privadas do país e seus respectivos Às diretrizes curriculares nacionais que orientam a promoção da educação étnico-racial, as quotas para os negros e os povos indígenas nas universidades públicas exemplificam essas mudanças. Como observa Arroyo (2007, 114), "o progresso tem sido significativo e promissor, mas lento, ainda há um longo caminho a percorrer". No entanto, mesmo com essas mudanças, "a educação brasileira ainda não fornece aos usuários de equipamentos educacionais acesso à diversidade cultural para cada cidadão, para a cultura universal que é exclusiva de sua comunidade, região e país" (MACEDO, 2008, 91). Nesta perspectiva, Arroyo (2007: 119) afirma que "a escola tem sido e continua a ser extremamente reguladora dos diferentes povos socialmente e culturalmente marginalizados e coletivos". Ele também aponta que "a estrutura do sistema foi ao serviço da regulamentação deste grupo, neste contexto, o diálogo não será fácil, será tenso e marcado por uma forte resistência para renunciar a esse papel regulador e assumir um papel emancipador. "(ARROYO, 2007.) Existem muitos obstáculos à educação das relações étnico-raciais. Romper esses obstáculos não é uma tarefa fácil, mas não é impossível. Nessa direção, como Gomes (2003, 74) ressalta, "avançar na construção de práticas educativas que contemplem um e vários meios para romper com a ideia de homogeneidade e unificação que ainda prevalece no campo educacional". Ele acrescenta que "representa a compreensão da educação para além do seu aspecto institucional e 21 sua compreensão dentro do processo de desenvolvimento humano" (Gomes, 2003, p.74). A escola como um espaço onde a diversidade está presente, um lugar onde diferentes assuntos são encontrados, bem como uma zona de conflito permanente, uma vez que as diferentes culturas estão correlacionadas, tem a obrigação de remeter e tornar visível em seu currículo a diversidade de assuntos e culturas que estão presentes no seu espaço. Conforme observado por Candau (2010, p.13), Journal of Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6, dezembro / 2013 "não há educação que não esteja imersa nos processos culturais do contexto em que se encontra". “Nesse sentido, não é possível conceber uma experiência pedagógica “sem educação”, que é totalmente desconectada das questões culturais de a sociedade”. Nesse sentido, Santomé (1995, p.176) afirma que: As salas de aula não podem continuar sendo um lugar de informações descontextualizadas. É preciso que o alunado possa compreender bem quais são as diferentes concepções de mundo que se ocultam sob cada uma delas e os principais problemas da sociedade a que pertencem. As crianças negras, em geral, se negam porque não percebem na historiografia oficial a história de seu povo e seus aspectos culturais, principalmente devido à invisibilidade de sua cultura no currículo escolar e nos materiais didáticos (CAVALLEIRO, 2005). Nesse sentido, Silva (1996, p.121) acrescenta que: A invisibilidade se efetiva quando, dentre um vasto e diverso campo de conhecimento e significados, são selecionados apenas os conhecimentos de uma determinada cultura, considerada mais ampla e esses conhecimentos e significados são legitimados como a “tradição”, o “passado significativo”, enquanto os demais são ocultados ou apresentados de forma conveniente, de forma a não gerar conflitos com o saber legitimado. 22 Nesta perspectiva, Ferreira (2009, p. 75) observa que "em vez de ser um lugar de reversão do problema, a escola estimula estereótipos sociais relacionados a essa população e a submissão de afrodescendentes a valores brancos", o que faz com que uma prática educacional urgente que permite que as crianças negras se orgulhem de seu etno racial e cultural, seus cabelos, sua beleza e seu povo. D'Adesky (2009, 196) chama a atenção para a reflexão de que "a má percepção de um grupo pela sociedade pode gerar em seus membros um complexo de inferioridade". Para o autor citado, "a reversão da imagem negativa do grupo exige medidas em áreas que dizem respeito à educação, à cultura, à mídia, mas também à política e à economia" (D'Adesky, 2009, p.196 ). Ele também ressalta que "o reconhecimento igual e recíproco também passa pela percepção adequada da imagem do grupo ao qual o indivíduo pertence" (D'Adesky, 2009, 196). Para Silva (2010, p. 55), "reconhecer o passado histórico e a cultura dos diferentes povos é um passo importante na aceitação das diferenças, para permitir a participação ativa desses povos em termos econômicos e de prestígio da nação. onde se encontram ". Portanto, espera-se que a história seja revista, que a população negra não é contemplada apenas com exceções. Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. Além da contribuição dos negros na construção e desenvolvimento do país, nas diferentes áreas do conhecimento. Nessa direção, Nascimento (2008, p.253) salienta que: A influência do negro se reconhece na alimentação, na música, no vocabulário, no vestuário, nas seitas e crenças religiosas (umbanda e candomblé). Não se costuma fazer menção às técnicas agrícolas e à pecuária, nem à avançada tecnologia metalúrgica, dominada por africanos naquela época, para não falar em astronomia, medicina, matemática, engenharia, navegação e construção naval, as bases da filosofia e outros conhecimentos que os africanos dominavam há milênios. Também se espera que a educação atenda a sua função de formar indivíduos críticos / reflexivos, conscientes do seu papel como cidadãos. Porque, como mostra Candau (2010, 26), "um dos triunfos da legitimidade da escola tem sido seu papel na formação de identidades, sejam elas individuais, sociais e, sobretudo, culturais". 23 Complementando o pensamento de Candau, Gomes (2003: 71) afirma que "a reflexãosobre as diferentes presenças na escola e sociedade brasileiras deve fazer parte do treinamento e prática de todos os educadores e interessados nos mais diversos tipos dos processos educacionais", enfatizando que no escritório de educadores há espaço para sistematização, treinamento, auto treinamento e mudanças constantes em seu trabalho diário, no entanto, não há lugar para expressões como negligência, exclusão, imobilidade, preconceito e discriminação. É bem sabido que a escola é o espaço por excelência onde a diversidade étnico-racial e cultural é, portanto, permitir o diálogo entre diferentes culturas e visões do mundo, dar aos sujeitos educacionais a oportunidade de conhecer, conhecer, enfrentar e abordar "a riqueza cultural que existe neste ambiente é construir uma educação cidadã" (Gomes, 2001, p.91), para construir uma educação libertadora, como Paulo Feire apontou. A marginalização das culturas consideradas inferiores pela cultura hegemônica - cultura europeia - no ambiente escolar, ocorrem em muitas formas e formas, principalmente no currículo e nos materiais didáticos. Mesmo em cidades com uma população predominantemente afrodescendente, por exemplo, a cidade de Salvador, Bahia, percebe-se que as escolas, em sua maior parte, negam o conhecimento e conhecimento de grupos historicamente discriminados, ratificando que a educação tradicional e reprodutiva se perpetuou si mesma. Revista do Difere - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 6 de dezembro de 2013. Nesse sentido, considerando que a Bahia é o estado com a maior população negra do país, bem como o estado em que as manifestações culturais das matrizes africanas estão presentes, com toda a sua exuberância, em todos os espaços sociais, entre estes, a escola , esta discussão ainda é insatisfatória. Em Salvador, embora a rede municipal tenha disponibilizado cadernos que guiam a implementação da Lei 10.639 / 03 e traga o tema da história e das culturas africanas e afro-brasileiras, ainda há muito a fazer para superar a discriminação e o preconceito na escolas. Mesmo assim, pode-se afirmar que a educação da Bahia tem sido proeminente a nível nacional para a promoção de projetos e diretrizes que servem de subsídios para professores na discussão e implementação do tema das relações étnico-raciais na sala de aula. De acordo com Macedo (2008 página 78): 24 A repercussão dos saberes culturais no sistema de saber formal é uma novidade que pode repercutir imensamente na atratividade da escola, na sua qualidade em produzir cidadãos conscientes da realidade local e universal. Pode também dar instrumentos de poder às populações cujos conhecimentos tradicionais são transmitidos apenas por seu próprio esforço informal. Neste sentido, como assinala Santos (2001, p. 102), Ainda que a escola sozinha não seja capaz de reverter anos de desqualificação da população negra e supervalorização da população branca, em longo prazo ela pode desempenhar um importante papel na construção de uma nova cultura, de novas relações que vão além do respeito às diferenças. Possibilitando que todas as vozes possam ecoar no espaço escolar, chegar-se- á consciência de que é na diversidade que se constrói algo novo. Ou seja, acredita-se que uma prática educacional diária, com ações sistematizadas, terá um efeito a médio e longo prazo se for desenvolvida a partir de uma perspectiva multicultural e antirracista. Também se acredita que é necessário transformar os diferentes espaços educacionais em configurações de inclusão; combater relações prejudiciais e discriminatórias; troca de ideias; de incentivos a mudanças de pensamentos e atitudes negativas sobre o outro e sua cultura, considerada inferior; respeito pela diversidade; Resgatar a autoestima dos grupos historicamente estigmatizados, radicalizados e excluídos; e, acima de tudo, reconhecimento e apreciação da história e identidade desses grupos, bem como a afirmação do caráter multiétnico e multicultural de nossa sociedade. Porque, como ensina Nelson Mandela, temos que entender que "ninguém nasce odeio outro por causa da cor da pele, da origem ou mesmo da religião". “Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinar amor “. Journal of Difference - ISSN 2179 6505, v. 3, n. 25 CAPITULO III DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população negra é afetada pela desigualdade e pela violência no Brasil. No mercado de trabalho, pretos e pardos enfrentam mais dificuldades na progressão da carreira, na igualdade salarial e são mais prejudicados ao assédio moral, afirma o Ministério Público do Trabalho, sendo confrontado com as estatísticas, o racismo brasileiro é sustentado em três séculos da escravidão .Segundo IBGE, mais da metade da população brasileira (54%) é de pretos ou pardos, brancos tem remuneração maior que negros e na maior parte os rendimentos são até quatro vezes maiores. Já o desemprego é maior entre os negros e pardos. Os brasileiros que no final de 2016 que se declaravam empregados era de 90,3 milhões de pessoas, 41,7milhões se declaravam brancos (46,2%), 39,6 milhões pardos (43,9%) e 8,1 milhões de cor preta (8,9%). Embora o rendimento das mulheres negras tenha se valorizado no período de 1998 a 2015(80%), e a dos homens brancos terem sido menor cresceu (11%) a escala de remuneração se manteve inalterada em toda a série histórica, eles tem os melhores rendimentos em seguida as mulheres brancas, homens negros e mulheres negras. Apesar dos brasileiros alcançarem uma maior escolarização, os negros continuam em menor número que os brancos, considerando o mesmo tempo de estudo os brancos duplicaram a escolaridade. Os índices abaixo evidenciam os aspectos ligados à economia e a condição da população afrodescendente, embora tenhamos um número muito grande de negros na população brasileira não é reconhecida como um povo que valoriza suas raízes. É certo que a nossa história é cercada de preconceitos para justificar a soberania europeia na formação da sociedade brasileira que conhecemos hoje. Mas as estatísticas não negam a falta de oportunidades que são negadas e que existe uma discriminação e um racismo, muitas vezes evidentes ou velados corroboram 26 para esta triste estatística que somente analisa os efeitos e não as causas gerando injustiça, violência, alterando assim o equilíbrio natural das coisas. À medida que os índices de escolaridade diminuem os de violência aumentam, é perceptível que esses índices estão diretamente ligados a falta de orientação, baixa concentração de renda, falta de oportunidades e moradias com falta de estruturas físicas e sanitárias. Esse problema vem de muito influenciando em nossa sociedade em áreas da economia, saúde, transporte, segurança, à medida que houver justiça social vamos encontrar um povo satisfeito. 27 A distribuição de renda desigual acarreta distorções dentro da sociedade, provoca uma insatisfação geral na administração política de recursos, levando o país a um cenário onde a população mais pobre não tem acesso a serviços básicos mais necessários a uma condição digna de saúde entre os mais carentes e necessitados, onde acabam surgindo uma população marginal, sem estimulo para escapar deste contexto de exclusão social. Não existe um projeto para ressocialização ou capacitação para que o indivíduo detido encare sua vida fora do cárcere. No nosso país existem muitas leis, mas o cumprimento delas nem sempre é visto de maneira séria, responsável e comprometida pelos cidadãos, levando a algumas distorções em torno da justiça. Há projetos sociais e ONGS que trabalham a reintegração social dos presos. “O linchamento físico que sofriam os afro-americanos nos Estados Unidos foisubstituído no Brasil por um linchamento cívico” Abdias do Nascimento. O Brasil abriga a quarta maior população prisional do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia. Trata-se de 622 mil brasileiros privados de liberdade, mais de 300 presos para cada 100 mil habitantes. Mais da metade (61,6%) são pretos e pardos, revela o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). 28 Só 10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por autores negros, afirma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que também analisou os personagens retratados pela literatura nacional: 60% dos protagonistas são homens e 80% deles, brancos. O levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) considerou as produções brasileiras que alcançaram as maiores bilheterias entre 2002 e 2014. Dentre os filmes analisados, 31% tinham no elenco atores negros, quase sempre interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade. Não faz muito tempo que os artistas negros ocupam as telas, e como protagonistas é mais difícil ainda, atuavam apenas nos bastidores atrás da composição de textos, livros e outras linguagens artísticas . Atuavam discretamente e eram invisíveis. Eles já estão trabalhando há muito tempo na parte de infraestrutura e não tinham o reconhecimento nesse sentido. Hoje notamos uma melhora na valorização e visibilidade da cultura africana, existe um setor voltado no aperfeiçoamento e direcionamento para atender esse público que deseja ser ouvido e atendido diante de suas adversidades. As empresas estão percebendo que ouvir e buscar essas necessidades irá levar a identificação de sua origem e essa população fará com que sua identidade seja reconhecida, aceita e valorizada. Na música brasileira o xote brasileiro teve origem no Schottish em escocês, a partir de matrizes norte-americanas, como o blues, o jazz, o soul e suas variantes, em Cuba a rumba, no Brasil o samba, bossa-nova (nascida do samba), choro, EUA hip-hop, cakewalk (antiga dança em pares dos negros dos EUA. Os ritmos e suas variantes a partir de influencias africanas são muito marcantes. A principio se evidencia o caráter muitas vezes para os padrões europeus deselegantes, mas que se propagou por diversas regiões do Brasil e que ao longo do tempo tem sido aceito como forma legitima de expressão artística como foi o samba, a principio era praticado em espaços reservados por ser discriminados por sua prática. O que acontece com o funk e o passinho na atualidade. Muitos críticos afirmam que isso seria a glamourização da pobreza, outros afirmam ser o reflexo das condições de vida que essa população tem no espaço que habitam muitos a definem por ser extremamente sensual ou chula. Talvez o que se pregou ao longo dos anos e acabaram por assimilar como verdadeiro. Os ritmos derivados do samba também ganham adeptos como é o caso do pagode, funk, afro reggae, axé, MPB, entre 29 tantos outros. Essas inserções no campo das artes produzem, com que ritmos tão repudiados pela critica, tragam consigo todo um conteúdo de preconceito e a falta de conhecimento dos problemas alheios, talvez para quem viva nas comunidades é a realidade. Se analisarmos a dança que vem ligada a música estaremos ainda mais longe pois estaremos chegando a moda, publicidade, a outros setores da economia que fazem a indústria cultural atingir outros patamares. Uma análise no campo das artes e da cultura africana vê uma ligação uma ligação profunda com a cultura brasileira juntamente com outros povos em todos os conhecimentos, transformação de toda uma história muito densa. A historia da escravidão no Brasil é a crônica da constante da resistência africana. Se analisarmos a periferia podemos chama-la de quilombo nos dias atuais e a arte produzida nos grafites chamamos de pinturas onde os autores na maioria desconhecidos pintam em espaços abertos para compartilhar seus sonhos , saraus, batalhas, cineclubes e grupos que buscam um espaço de troca de conhecimento e promoções de ações solidárias. A arte clama por ser reconhecida, mesmo em locais muito distantes e abre espaço dentro da sociedade que limita, dentro do cotidiano que nos escraviza em torno de preconceitos que estão inseridos dentro de cada um ,e ela faz um convite a liberdade e reflexão. 30 CAPITULO IV O PROFESSOR DE HISTÒRIA E OS DESAFIOS DO MUNDO ATUAL O presente capítulo tem como objetivo apresentar um delineamento da formação dos professores de História no Brasil, destacando aspectos considerados relevantes dos processos de escolarização básica que começaram a ganhar expansão, exigindo do Governo Federal medidas emergenciais na formação de profissionais na área de História. Apontar-se-ão aspectos das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN no que tange a formação do professor de história, bem como recorrer às políticas públicas que influenciam todo esse contexto. Por fim buscar-se-á o perfil exigido dos professores de história frente às novas vertentes do ensino de HISTÓRIA na contemporaneidade. Gatti e Barreto (2009) destacam que os investimentos públicos no Ensino Fundamental cresceram e a demanda por professores aumentou na década de 1960. Cursos de formação rápidos, de caráter emergencial, e a contratação de professores leigos foram algumas das providências tomadas na época, acarretando desafios para as políticas públicas educacionais. Na contemporaneidade ainda se encontram contradições nas formações de professores; faltam profissionais habilitados para o Ensino Básico. Mesmo assim, há perspectivas de avanços com o incentivo a pesquisas, recursos para projetos de extensão e especialização com objetivos de qualificar professores e a ampliação das associações de história/educadores. A exemplo disso destaca-se o projeto de Mídias na educação do Governo Federal, em nível de especialização a distância, em parceria com as universidades federais, o qual já formou um número significativo de professores para atuar na escola, entre esses, muitos professores de História. Gatti e Barreto (2009, p. 34) destacam que 14,5% dos ocupantes das funções docentes atuais do Fundamental II ainda estão sem preparação em nível superior, sendo esse número mais concentrado na região Nordeste do país. Nesses termos, é percebido novamente que a categoria precisa se adequar às exigências da Lei Federal em relação entre a demanda e a formação, como aconteceu na década de 1970 com os professores de história. 31 Após essa revisão teórica pode-se ter uma breve noção de como se construiu a formação de professores de História no Brasil nas ultimas décadas. A formação dos professores está trilhando caminhos por novas abordagens, criando novas vertentes. Esse assunto será discorrido no próximo tópico. 32 CAPITULO V FORMAÇÃO CONTEMPORÂNEA O fato é: o conhecimento está espalhado pelo ciberespaço. Cabe ao professor fundamentar os conceitos necessários para que o aluno possa aprender a “nadar” em meio ao dilúvio de informações que lhes são disponíveis e, ainda, devem se estimulados a compartilhar e construir o conhecimento de forma conjunta. Esse é o argumento defendido por Carlos Nepomuceno, professor e consultor de planejamento estratégico de informação, em entrevista ao Conexão Professor: “Os professores têm que começar a criar mecanismos de construção conjunta. Eles e os alunos vão criar um conteúdo juntos e interpretá-lo. Os alunos têm que sair da escola com os conceitos fundamentais apreendidos para entender onde as informações se encaixam”. (NEPOMUCENO, 2009). A grande questão é como o educador e também o educando devem lidar com as novas ferramentasdisponíveis na contemporaneidade. A tecnologia não subestima, nem o educador, nem o educando; apenas modifica as relações entre os mesmos propiciando um novo ambiente de compartilhamento de conhecimento em que o domínio sobre a máquina e sobre o ciberespaço se faz imprescindível. Se o professor do século passado era importante, o deste século é essencial para que estas gerações possam se desenvolver plenamente, mas dominando a máquina, dominando o ciberespaço e conscientes de que o ato de ensinar e aprender são fundamentais para usufruirmos desta fantástica tecnologia e deste momento ímpar da humanidade em que as fronteiras do pensamento inexistem. (ALAM, 2010) Conforme Pimentel e Callegaro (2007), o ensino tem acompanhado a evolução do sistema educacional formal e não formal, com a expansão da Educação e as tecnologias atuais como os processos de informatização acarretados pelo uso de computadores e, principalmente, pela rede mundial (www). O ciberespaço que é a dimensão virtual da realidade na quais seres humanos, máquinas e programas interagem, tornou-se um dos meios mais utilizados para 33 proporção do conhecimento, no que Laurel (apud CALLEGARO, 2007) define como diálogo coletivo, estabelecido através de recursos como salas de bate-papo, fóruns de discussão, e-mail e outros métodos que aumentam a interação na dimensão virtual-real. Nesse sentido, os ambientes virtuais de aprendizagem, habitualmente chamados de AVA, representam a terceira geração de EAD, que busca novas práticas pedagógicas associadas ao uso tecnológico atual, com o objetivo de atender a uma demanda por formação continuada de docentes e discentes. Para Maio (2007, p. 06): “[...] os AVA são lugares de aprendizagem que privilegiam a co-construção de conhecimento, a interatividade, a intersubjetividade, a autonomia dos aprendizes e o alcance de uma consciência crítica dos indivíduos”. A respeito, a criação de um AVA em História busca afirmar que este processo de aprendizagem mediado tecnologias atuais de informação e comunicação. Para Pimentel: O uso de novas tecnologias possibilita desenvolver sua capacidade de pensar e fazer HISTÓRIA contemporaneamente, representando um importante componente na vida dos alunos e professores, na medida em que abre o leque de possibilidades para seu conhecimento e expressão. (PIMENTEL, 2007, p. 120). No entanto o ensino de história na internet ainda está em fase de experiência nos espaços virtuais vêm suprir uma antiga necessidade, a de democratizar a produção cultural, sendo que essa democratização seja um processo lento, já que a internet gratuita ainda não é socialmente consolidada. Na análise de Barbosa: Antes do computador, nosso remoto acesso às obras de história dava-se apenas por meio de livros caríssimos, que no Brasil eram produzidos principalmente pelos bancos para presentear clientes no fim do ano, pois até os catálogos eram raros e em preto e branco. Nós, professores e alunos de história, ficávamos a ver navios. Que professor tem capital suficiente para ser considerado bom cliente de instituições financeiras, tão bom que justifique ganhar um presente do 34 banco no fim do ano? (BARBOSA, 2005, p. 105). Podemos notar, que através da afirmação de Barbosa, que o acesso ao conhecimento caracterizou uma história frequente como uma barreira a ser transposta, e que a tecnologia associado ao uso dos atuais dispositivos, preenche as falhas deixadas pelo custo, qualidade e acessibilidade dos antigos acervos impressos. Mas, a falta de qualidade atinge também o ensino de história nos meios virtuais, pois algumas instituições, na vontade de oferecer novos recursos para auxiliar o trabalho dos estudantes e dos professores, produzem materiais audiovisuais hipoteticamente pobres, apesar da tecnologia utilizada. Caso semelhante acontece com alguns sítios eletrônicos, bons em conteúdos, mas péssimos em adequação do design gráfico, ou que possuem um bom visual, porém oferecem interpretações redutoras da história. Mesmo com a crescente disseminação de museus virtuais, o ensino de história na internet ainda é pouco explorado, pois o objetivo dessas instituições principalmente é promover e divulgar os seus acervos, ao do que rejeitar os projetos educacionais a condição de coadjuvantes de suas propostas. Diante disso, os AVA cumprem a função importante dos novos suportes pedagógicos para o ensino de HISTÓRIA, como aponta Callegaro: A internet, junto com as tecnologias de comunicação à distância, aponta possibilidades tecnológicas novas para a produção, circulação da história e do ensino da história que estão assentadas na capacidade da Internet de conjugar as funções de grande número de tecnologias [...] na flexibilidade da linguagem HTML de compactar, como um envelope, os dados digitais para a comunicação à distância; na justaposição e integração de “pedaços” de trabalhos de outros meios como desenhos, filmes, pintura, texto, som, fotografia; na comunicação simultânea, global e em tempo real e à distância; na descentralização radical da informação e da interatividade. (CALLEGARO, 2007, p. 142). 35 O ensino de história na internet contesta uma antiga ideia de que esta ligada exclusivamente à realização presencial, fato que subtrai o potencial das tecnologias atuais, que colocam os estudantes em contato com o fluxo de informações de forma eficaz e rápida, ao promover uma rede de comunicação entre professores e estudantes de diferentes camadas sociais (IAVELBERG, 2003), e favorecer a compreensão da pluralidade artístico-cultural, através de uma aprendizagem significativa nos espaços virtuais. Atualmente a educação na modalidade a distância é beneficiada e impulsionada por transformações produzidas pelas TIC e pela internet, que causaram impactos sociais, econômicos, culturais e educacionais. Segundo Saraiva (1996, p. 27), "desde a década de 20, o Brasil vem construindo sua história de EAD”. O desenvolvimento da educação a distância no Brasil é assinalado pelo aparecimento e difusão dos meios de comunicação, atravessando a "etapa do ensino por correspondência; passamos pela transmissão radiofônica e, depois, televisiva; utilizamos a informática até os atuais processos de utilização conjugada de meios – a telemática e a multimídia." (SARAIVA, 1996, p. 19). Merece ser ressaltado o período atual, segundo Castell (1999, p. 67), caracterizado por um "novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação”, integrando o mundo em redes globais, em que a apropriação de conhecimento é um dos seus traços marcantes. O aumento da demanda pelo conhecimento gerou um crescente interesse dos especialistas da educação e dos governos na utilização das tecnologias digitais voltadas para novos modos de ensinar e aprender. Estimulada pelas mídias digitais e internet, que ajudam a vencer as barreiras do espaço e do tempo, a EAD se desenvolve em todos os níveis, na educação formal e não formal, de modo quantitativo e qualitativo em todos os continentes. Aponta Peters (2004, p. 29), que a educação a distância, é uma modalidade que “se tornará uma HISTÓRIA indispensável de toda a educação superior na maioria das universidades de todo mundo”, e também que o custo-benefício seria decisivo neste processo, de modo especial nos países em desenvolvimento. Essa modalidade é regulada, no Brasil, por uma legislação específica, oficializada em 20 de dezembro de 1996, Lei nº 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, em que o art. 80 diz: "O Poder Público incentivará o 36 desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino [...] § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais[...]”. A esse respeito Moran (2002, p. 1) argumenta: “Na expressão ‘ensino a distância’ a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra ‘educação’ que é mais abrangente [...].” O Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 que regulamenta a EAD, o artigo 1º a caracteriza como: Modalidade educacional na qual a mediação didático- pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversas. Os espaços na internet utilizados pelos cursos on-line, chamados ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), softwares desenvolvidos baseados em pressupostos pedagógicos, ou plataformas de EAD, possibilitam organizar cursos e disciplinas, administrar conteúdos, e promover a interação entre todos os participantes. Santos (2003, p. 225) entende que o ambiente virtual de aprendizagem “é um espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem, potencializando assim a construção de conhecimentos, logo a aprendizagem”. As condições favoráveis de acesso e difusão de conhecimento facilitado tanto pelas TICs como pela implementação de políticas para a educação superior, que estimulam a educação a distância, viabilizam pelo menos dois dos cinco princípios básicos do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da Educação (MEC) para a Educação Superior: 1) a expansão da oferta de vagas para educação superior; 2) a garantia de qualidade e que seja acessível às regiões mais remotas do País. (BRASIL, 2007b). Para fomentar a EAD nas instituições públicas de ensino superior e amparar pesquisas em inovações metodológicas de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação, foi instituído pelo Decreto 5.800, de 8 de junho de 2006, um sistema integrado por universidades públicas, Universidade Aberta do 37 Brasil – Sistema UAB – para oferecer cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária pública de qualidade, por meio do uso da metodologia da educação a distância. O Sistema UAB promove articulação, estimula e efetiva parcerias com universidades públicas e demais organizações interessadas, nos níveis federal, estadual e municipal, para programar e realizar cursos de graduação e pós-graduação de forma consorciada. A prioridade é atender os professores, em locais distantes e isolados, que atuam na educação básica da rede pública, visando fortalecer a escola no interior do país, e minimizar a concentração de cursos de graduação ofertados nos centros urbanos. Cabe destacar que o Conselho Nacional de Educação e a Câmara de Educação Superior, representados por uma comissão designada para discutir e propor diretrizes para programas e cursos de Educação Superior – EAD, desenvolveram estudos e debates sobre o tema, e tiveram Parecer homologado em 10 de março de 2016. O Parecer estrutura-se em duas seções. A primeira diz respeito ao Relatório que, dentre outras coisas, apresenta metodologias em EAD e suas múltiplas combinações; os profissionais vinculados à EAD, ressaltando os profissionais da educação, professores, tutores, gestores, estudantes; material didático-pedagógico; sistemas de comunicação, condições e exigências para o regime de colaboração entre as Instituições de Ensino Superior (IES). A segunda seção trata especificamente das Diretrizes e Normas Nacionais para a oferta de Programas e Cursos de Educação Superior na Modalidade a Distância, base para as políticas e processos de avaliação, bem como para a regulação dos cursos e das instituições de educação superior (IES) no âmbito dos sistemas de educação, direcionada a garantir a expansão e o padrão de qualidade para a educação superior para essa modalidade. O Ministério da Educação homologou a Resolução nº 1, de 11 de março de 2016, das Diretrizes e Normas, que respeitam o atendimento às políticas educacionais vigentes, às Diretrizes Curriculares Nacionais, ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior e aos padrões e Referenciais de Qualidade (publicado em 2003, revisado em 2007) estabelecidos pelo MEC. Presenciamos no Brasil, o crescimento acelerado de instituições públicas e privadas de ensino superior intensificando a criação de cursos nas diversas áreas de conhecimento na modalidade a distância. Isso porque, além de encontrarem nas tecnologias digitais recursos e funcionalidade gerais para melhorar o ensino, 38 promover a aprendizagem, trazer inovação pedagógica e didática, contam também com políticas educacionais regulamentadoras, de expansão, interiorização e ações que consolidam a EAD. Conforme vimos, o poder público definiu e regulamentou uma legislação específica para esta modalidade educativa, além disso, tem incentivado as instituições de ensino superior na oferta de cursos EAD, nas diversas áreas de conhecimento, visando garantir o acesso à educação superior às pessoas que vivem em regiões distantes de centros urbanos. Na Educação Online os espaços chamados de AVA (Ambientes Virtuais de Aprendizagem), agregam uma das características fundamentais da internet: a convergência de mídias, ou seja, a capacidade de hibridizar e permutar num espaço virtual, várias mídias. Segundo Silva (2005, p. 199) "O Ambiente Virtual de Aprendizagem deve favorecer a interatividade entendida como participação colaborativa, bidirecional idade e dialógica, e conexão de teias abertas como elos que traçam a trama das relações". Os arranjos espaço/temporais promovido pelas tecnologias digitais fazem do AVA um espaço prático de educar sujeitos geograficamente dispersos, como também pode ampliar a prática pedagógica presencial. Sobre a estrutura AVA pode-se dizer que: O informata que programa esse ambiente conta, de início, com o fundamento digital, mas para garantir hipertexto e interatividade terá que ser capaz de construir interfaces favoráveis à criação de conexões, interferências, agregações, multiplicidade, usabilidade e integração de várias linguagens (sons, textos, fotografia, vídeo). Terá que garantir a possibilidade de produção conjunta do professor e dos alunos e aí há liberdade de trocas, associações e significações como autoria e coautoria. (SILVA apud SILVA, 2005, p. 199) Os primeiros Ambientes Virtuais de Aprendizagem apresentavam uma comunicação estudante/conteúdo/professor predominantemente na linguagem escrita. Coll (2010) salienta quanto a necessidade de pesquisa e desenvolvimento no campo da aprendizagem autodirigida em um terreno técnico-pedagógico, uma vez que os requisitos pedagógicos influem de maneira determinante nos 39 tecnológicos. A AVA tem capacidade de convergir o uso da tecnologia móvel; como também, desenvolver sistemas tutoriais multiagente baseados em inteligência artificial; sistemas de hipermídia adaptativa e conteúdos educacionais reutilizáveis. a cognição digital e a humana passam por um processo de franca evolução na qual, por meio de "realidade virtual", os humanos tentam emular nossos processos cognitivos mais complexos, com a esperança de que os computadores ajudem a resolver os graves problemas que cercam nossa existência; mas ao mesmo tempo, essa interação com o mundo virtual influencia nossa maneira de processar a informação e transformar de modo intangível a maneira pela qual pensamos sobre nossa existência. (COLL, 2010, p. 186). O ambiente virtual carrega no sentido amplo, as características do mundo virtual que por sua vez, contempla um universo de possibilidades, calculáveis a partir de um modelo digital. "Ao interagir com o mundo virtual, os usuários o exploram e o atualizam simultaneamente. Quando as interações podem enriquecer ou modificaro modelo, o mundo virtual torna-se um vetor de inteligência e criação coletivas". (LEVY, 1999, p. 75). Para adentrar ao ciberespaço e conectar-se à rede é necessário fazer um login individual, algo como uma identidade, seja ela um avatar , um nick ou mesmo um endereço de email, esse será seu ponto de acesso pelo qual, outros usuários também se conectarão a você. A educação online busca romper o conceito de separação física entre aluno e professor aproximando-os pela integração virtual, pelo vídeo conferência, AVA ou por dispositivos móveis como celulares e sistemas interativos das TVs digitais. A tendência é que a interatividade aumente cada vez mais, com a aplicação de recursos multimídia em áudio, vídeo, simulações e realidade virtual. O desafio é implantar uma estrutura tecnológica coerente com a estratégia metodológica e o público alvo. Segundo Rangel (2009, p. 45), num ambiente virtual de ensino- aprendizagem, professor e aluno invertem o protagonismo dentro do cenário educativo. No AVA o aluno é o eixo central de toda a atividade pedagógica, e não mais o professor. A educação online requer a aplicação de um modelo pedagógico personalizado, não basta adequar o modelo presencial. As práticas de estudo no ambiente virtual ocorrem através da comunicação interativa, exigindo sujeitos ativos e participativos. 40 Segundo Santos, os ambientes virtuais de aprendizagem envolvem não só um conjunto de interfaces para socialização de informação, de conteúdos de ensino e aprendizagem, mas também, e, sobretudo, as interfaces de comunicação síncronas e assíncronas. (SANTOS, 2009, p. 564). As formas de comunicação dentro dos AVA podem ser síncronas, isto é, contemplam a comunicação em tempo real (exemplos: chats, web conferências, entre outras). Como também assíncronas, isto é, permitem a comunicação em tempos diferentes (exemplos: fóruns, listas de discussão, blogs, wikis entre outras). A interação e a interatividade são dois processos indispensáveis para trabalhar as demandas da comunicação nesse espaço. a evolução das ferramentas e das interfaces possibilita o desenvolvimento da Educação online, podendo ser organizados links para textos ou páginas da web como arquivos de vídeo aulas e momentos síncronos por meio de chats ou vídeo conferência. Neste sentido, esses ambientes da internet, com suas múltiplas possibilidades de diálogos, podem promover, por meio das redes de comunicação, a interação entre pessoas de diferentes culturas, ampliando o campo comunicativo sistematizado e organizado, possibilitando a compreensão das diversas realidades, num ambiente de aprendizagem interativa e colaborativa. O aprendiz, ao adentrar o AVA tem como mediadores de sua aprendizagem, os professores, as trocas entre seus pares, o material didático, que pode ser anexado nos mais diferentes formatos, hipertextos, audiovisuais, podcasts, ou mesmo impresso, enviado ao aprendiz via correio. No AVA pode-se organizar os estudantes em turmas, tal qual como no ensino presencial. A mediação geralmente é feita por mais de um professor e tutores, que auxiliam tanto em dúvidas sobre aspectos técnicos como também em atividades pedagógicas. Segundo Valentine e Soares (2005) o AVA é um espaço social de trocas de conhecimentos, de desenvolvimento de condições, estratégias e intervenções para melhorar o processo de aprendizagem, numa linguagem hipermídia, cujos processos interativos entre os participantes são auxiliados pela interface gráfica. Os processos de ensino-aprendizagem têm potencial para tornarem-se mais ativos, dinâmicos até mesmo personalizados por meio do AVA, esses armazenam 41 todo o material produzido pelos participantes, sendo possível revisitá-los sempre que necessário. As mídias digitais, aliadas aos AVA em evolução, utilizam o ciberespaço para promover a aprendizagem, a interação e a colaboração à distância entre os atores do processo e o conteúdo a ser aprendido. Nesses processos de aprendizagem a tecnologia é apenas um meio, pois a ênfase está na proposta, no conteúdo pedagógico e no desenvolvimento do processo educativo. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em geral, pode-se afirmar que o racismo existente na sociedade brasileira com suas relações simbólicas produz estigmas e situações em que, ao longo da história, levou uma grande parte da população afrodescendente a negar sua própria cultura. E as relações de poder estão presentes em todos os espaços sociais, particularmente na educação. Portanto, é necessário que os educadores se posicionem de forma crítica e reflexiva diante dos conflitos e tensões que ocorrem no ambiente educacional, bem como conhecer a verdadeira história dos diferentes grupos étnico-raciais e culturais que compõem a nação brasileira. . A discussão das culturas africanas e afro-brasileiras é necessária, especialmente se pensarmos nelas como culturas marginalizadas, inferiorizadas, folclóricas e estereotipadas, que precisam ser revisadas, lembradas e re- significadas. E necessário olharmos a escola como um espaço onde a diversidade está presente, um lugar onde os diferentes assuntos são encontrados, bem como uma zona de conflito permanente, uma vez que as diferentes culturas estão correlacionadas, tem a obrigação de se referir e tornar essa diversidade visível em seu currículo de assuntos e culturas. No entanto, entende-se que uma educação que satisfaça as demandas sociais da população como um todo e contribui para a equação de preconceitos e comportamentos racistas de qualquer natureza só será posta em prática quando as leis nacionais, estaduais e nacionais do plano de estudos e diretrizes de educação. Eles são realmente sistematizados e implementados. Também se entende que as leis e diretrizes curriculares podem ser implementadas, já que o Estado e os Sistemas Escolares investem conjuntamente no desenvolvimento de políticas públicas e práticas educacionais que atendam às demandas educacionais e socioeducativas dos pobres, enfatizando a necessidade de educação inicial , estabelecendo uma abordagem pedagógica que aborda os interesses das diferentes disciplinas que frequentam a escola, bem como abordar os problemas de discriminação, preconceito e racismo que ocorrem no espaço escolar. 43 Não há dúvidas de que se pode fazer uma Educação com qualidade, não pode estar submetida aos modelos tradicionais, pois há que se atender às especificidades dessa área, adequando ferramentas e modelos pedagógicos, propondo métodos de avaliação específicos e tendo, ainda, um corpo docente preparado para essas especificidades do ambiente virtual. Isso implica investimento em recursos materiais e em pessoal, centros adequados de atuação, laboratórios de informática qualificados, além da reavaliação dos professores, os quais teriam atuação mais intensa e, consequentemente, maior quota de trabalho e dedicação, ademais de ministrarem múltiplas disciplinas, já que o ensino EAD é uma atividade interdisciplinar e multidisciplinar por natureza. Seguramente a ação mediadora do docente definirá a qualidade educacional como educador preparado para os desafios históricos com programas adequados dos recursos tecnológicos contemporâneos apropriados à área, além dos projetos interdisciplinares já disponíveis, poderá favorecer um ensino de História de alta qualidade buscando na tecnologia moderna , melhor aprendizagem e interação ao o desenvolvimento humano. 44 REFERÊNCIAS BARREIROS, V. M. S. A escola como produtora da pseudodeficiencia. Revista Integração, 1999, São Paulo, v. 2, pp. 21-22. BRASIL. Plano Nacional de Educação Lei n.º 10.172, 09/01/2001. Brasília: Diário Oficial da União N.º 7,Ano CXXXIX, 10 de janeiro de 2001. BRASIL. Projeto Escola Viva: Adaptações Curriculares de Grande porte. MEC/SEF/SEESP. Brasília - DF, 2000. CARVALHO, R. E. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1ª Ed., 2000. CARVALHO, A. R., ROCHA, J. V., Pessoa com Deficiência na História: modelos de tratamento e compreensão. INTERNET. Disponível em: unioeste.org.com.br. Acesso em 18/11/2009. D’ANTINO, M. E. F. A questão da integração do aluno com defici6encia mental na escola regular. In: MANTOAN, M. T.E. A integração de pessoas com deficiência. São Paulo: Memnon: Ed. Senac, 1997. GOFFMAN. E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Editora Guanabara; 1988
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