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Direito das obrigações

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A relação obrigacional é constituída, no mínimo, por duas partes: sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor). A obrigação terá como objeto a prestação (ação ou omissão) do devedor para com o credor. Essa relação, ainda é vista como uma submissão a uma regra de conduta, onde a autoridade é reconhecida ou forçosamente se impõe.
O vínculo da relação obrigacional se divide em duas partes: débito e responsabilidade. O débito é a prestação a ser realizada pelo devedor. A responsabilidade é a garantia do adimplemento, a tutela jurídica, isto é, são os meios que o credor possui para exigir o cumprimento da prestação.
O direito das obrigações, todavia, emprega o referido vocábulo em sentido mais restrito, compreendendo apenas aqueles vínculos de conteúdo patrimonial, que se estabelecem de pessoa a pessoa, colocando-as, uma em face da outra, como credora e devedora, de tal modo que uma esteja na situação de poder exigir a prestação, e a outra, na contingência de cumpri-la. (João Franzen de Lima, Curso de direito civil brasileiro, v. II, t. I, p. 14; Roberto de Ruggiero, Instituições de direito civil, v. III, p. 3-4; Clóvis Beviláqua, Direito das obrigações, p. 12.)
O conceito clássico de Obrigação, para Washington de Barros Monteiro, diz que: “obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre o devedor e o credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio”.
Pode-se dizer que o direito das obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, visto que seu conteúdo é a prestação patrimonial, ou seja, a ação ou omissão do devedor tendo em vista o interesse do credor, que, por sua vez, tem o direito de exigir o seu cumprimento, podendo, para tanto, movimentar a máquina judiciária, se necessário. (Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v. 2, p. 3.)
Diferença entre deveres jurídicos, obrigações, direitos potestativos e ônus;[editar | editar código-fonte]
O conceito de dever jurídico, em regra geral, encontra-se inserido no conceito amplo de obrigação. O Dever jurídico trata-se da necessidade de comportar-se de certa maneira. Contrapõe-se ao direito subjetivo. O seu desrespeito gera consequências amplas para aquele que o descumpriu e para a outra parte. O autor baiano, Orlando Gomes, define dever jurídico como: “a necessidade que corre a todo o indivíduo as ordens ou comandos do ordenamento jurídico, sob pena de incorrer numa sanção, como o dever universal de não perturbar o direito do proprietário” (Obrigações..., 1997, p. 6). Como por exemplo o comprador está obrigado a pagar o preço; o inquilino se acha obrigado a conservar o imóvel locado e a restituí-lo ao locador, findo o contrato e etc. Sendo assim, o dever jurídico relaciona-se com todas as obrigações de natureza real, além dos variados ramos jurídicos.
Já a obrigação possui caráter transitório que, muitas vezes, não é observado no dever jurídico. Segundo Giselda Hironaka e Renato Franco “em sentido mais estrito, situar-se-á a ideia de obrigação, referindo-se apenas ao dever oriundo à relação jurídica creditória (pessoal, obrigacional). Mas não apenas isto. Na obrigação, em correspondência a este dever jurídico de prestar (do devedor), estará o direito subjetivo à prestação (do credor), direito este que, se violado – se ocorrer a inadimplência por parte do devedor –, admitirá, ao seu titular (o credor), buscar no patrimônio do responsável pela inexecução (o devedor) o necessário à satisfação compulsória do seu crédito, ou à reparação do dano causado, se este for o caso” (Direito das obrigações..., 2008, v. 2, p. 32).
Por outro lado, o ônus dá a ideia de fardo, encargo. Deve atender apenas a própria vontade e não a vontade alheia, ou seja, o sujeito age de certo modo em prol dos interesses particulares. Não atendido o ônus, as consequências serão somente para a parte relacionada ao instituto. Exemplo é o ônus de provar: art. 333, I, do CPC.
O ônus é, por isso, o comportamento necessário para conseguir-se certo resultado, que a lei não impõe, apenas faculta.
Já o direito potestativo é definido por Francisco Amaral “é o poder que a pessoa tem de influir na esfera jurídica de outrem, sem que este possa fazer algo que não se sujeitar”. Em outras palavras, a parte não sujeitou-se ao poder do titular do  direito potestativo, mas o exercício do poder por este titular fará com que o sujeito seja responsabilizado às consequências advindas da alteração produzida, em sua própria esfera jurídica.
Diferença entre direitos obrigacionais e direitos reais[editar | editar código-fonte]
São subdivisões dos direitos patrimoniais
Os direitos reais são também conhecidos como direitos das coisas, representa uma ligação entre o indivíduo e a coisa que a ele pertence.  O poder direto e imediato sobre determinado objeto, ao qual é chamado de direito real. Dessa maneira, o direito real conta como elementos o sujeito ativo, a coisa e o poder do titular sobre a coisa.
Já os direitos obrigacionais consistem numa relação entre dois sujeitos, aquele que tem o poder de exigir (ativo) e aquele que deve cumprir (passivo). O credor, sujeito ativo, tem o poder de exigir o cumprimento da obrigação e, caso essa não seja cumprida, possui o direito de recorrer a esfera judicial.
As principais divergências entre os direitos reais e os direitos obrigacionais são:
Inerência  - No caso dos direitos reais o sujeito fica ligado a coisa, ao objeto, sem a necessidade de outro sujeito. Já no direito obrigacional a ligação é entre os sujeitos, ativo e passivo.
Absolutismo- No direito real, o poder do titular sobre o objeto tem efeito erga omnes, enquanto no direito obrigacional é relativo;
Perpetuidade- Os direitos reais não extinguem-se. Já os obrigacionais possuem caráter transitório, ou seja, uma vez que a obrigação for cumprida ela se extingue.
Legalidade- Os direitos reais são criados apenas por lei. Já os obrigacionais podem ser criados de acordo com a vontade das partes.
Publicidade- Os direitos reais devem ser conhecidos, ou pelo ao menos presumidos pela sociedade. Os direitos obrigacionais não exigem essa visibilidade, pois eles vinculam apenas os sujeitos da relação bastando apenas um acordo de vontades.
No Brasil[editar | editar código-fonte]
Dentro do código civil brasileiro há capítulo específico que se refere aos direitos das obrigações que é a parte do direito civil que estuda as normas que regulam as relações de crédito, ou seja, o direito de se exigir de alguém o cumprimento de uma prestação. É também chamado direito de crédito.
As respectivas obrigações assumidas pelo devedor possuem como garantia do cumprimento obrigacional o patrimônio do devedor, (ressalvados o bem de família - Lei nº 8.009/90 e os bens impenhoráveis descritos no CPC).
Elementos das obrigações[editar | editar código-fonte]
As obrigações são constituídas de elementos subjetivos, objetivos e de um vínculo jurídico.
elemento subjetivo: formado pelos envolvidos: credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo).
 Elemento objetivo da obrigação: objeto imediato e mediato da obrigação[editar | editar código-fonte]
O objeto da obrigação se caracteriza por ser uma conduta ou ato humano, sendo chamado de prestação, podendo ser positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer), logo a prestação é o objeto imediato da obrigação. A prestação consiste, em regra, numa atividade ou numa ação do devedor (entregar uma coisa, realizar uma obra, patrocinar alguém numa causa, transportar alguns móveis, transmitir um crédito, dar certo número de lições, etc.). Mas também pode consistir numa abstenção, permissão ou omissão (obrigação de não abrir estabelecimentos de certo ramo do comércio na mesma rua ou na mesma localidade; obrigação de não usar a coisa recebida em depósito; obrigaçãode não fazer escavações que provoquem o desmoronamento do prédio vizinho). A prestação é o fulcro da obrigação, é o seu alvo prático. Distingue-se do dever geral de abstenção próprio dos direitos reais, porque o dever jurídico de prestar é um dever específico (que apenas atinge o devedor), enquanto o dever geral de abstenção é um dever genérico, que abrange todos os não titulares do direito (real ou de personalidade). (ANTUNES VARELA, João de Matos. Das obrigações..., 2005, v. 1, p. 78-79). Se observarmos a atividade de compra e venda notamos que o objeto imediato dessa obrigação de dar é a entrega da coisa, essa é a prestação, o objeto imediato da prestação é a própria coisa que será entregue, logo o objeto mediato da obrigação. Na obrigação de dar o objeto mediato da obrigação é a própria coisa, na obrigação de fazer esse objeto é a obra ou serviço encomendado. Para que a obrigação seja válida seu objeto imediato deve obedecer alguns requisitos devendo ser lícito, possível, determinável ou determinado, e ser, também, economicamente apreciável, essa economicidade se deve ao fato que “o interesse do credor pode ser apatrimonial, mas a prestação deve ser suscetível de avaliação em dinheiro”, esse conceito é exposto também no Código Civil italiano. Alguns doutrinadores discordam da necessidade de economicidade da prestação, no entanto, mesmo quando não há valor econômico para a prestação cabe ao juiz, como nos casos de reparação de danos, um valor que se equivalha a ação, como exemplo observamos a indenização por dano moral. Portanto, o objeto mediato da obrigação é o objeto imediato da prestação, que pode ser uma coisa ou tarefa a ser feita, variando de acordo com o tipo de obrigação. 
vínculo jurídico: determinação que sujeita o devedor a cumprir determinada prestação em favor do credor.
Fontes obrigacionais[editar | editar código-fonte]
São considerados como fontes os fatos que dão origens aos institutos, no direito das obrigações suas fontes são os fatos jurídicos que resultam em relações obrigacionais. As fontes do direito obrigacional são:
Lei – as leis são base do direito, no entanto alguns autores divergem pois afirmam que apenas a lei não conseguiria estabelecer vínculos jurídicos sendo necessário para alguns o fato jurídico, e para outros esse vinculo tem a necessidade de uma autonomia da vontade, porém observamos que a lei pode ser sim fonte isolada de relação obrigacional, como na prestação de alimento, mas na maioria das vezes a lei é acompanhada do fato jurídico, ou da autonomia do indivíduo.
Contratos – caracterizados por um acordo de vontades, são considerados fonte principal do direito obrigacional. Além das figuras já configuradas no Código Civil, como a compra e venda, doação, mútuo, etc, os contratos também possuem figuras atípicas que não estão previstas em lei.
Os atos ilícitos e o abuso de direito – definidos pelos artigos 186 e 187 do Código Civil, são atos que geram o dever de indenizar, logo são fontes de relações jurídicas.
Os atos unilaterais – a obrigação é gerada pelo ato de vontade de uma parte, não sendo necessário o acordo de vontades, como observamos nos contratos. Esses atos estão estabelecidos no Código Civil e são:
Promessa de recompensa: previsto no art. 854 “aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar a quem preencha certa condição ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido”, tem como requisitos a capacidade da pessoa que emite a declaração de vontade, a licitude e possibilidade do objeto, o ato de publicidade.
Gestão de negócios: De acordo com a doutrina de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, gestão de negócios seria “a atuação de um indivíduo, sem autorização do interessado, na administração de negócio alheio, segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, assumindo a responsabilidade civil perante este e as pessoas com que tratar” (Novo curso..., 2003, v. II, p. 361).
Pagamento indevido: É previsto no art. 876 do Código Civil, que “todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”.
Enriquecimento sem causa: O  art. 884 do Código Civil prevê que “aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários”.
Títulos de crédito – são documentos que trazem efeitos obrigacionais, e abordam negociações futuras, de acordo com o art. 887 do Código Civil devem preencher os requisitos previstos em lei.
Classificações das obrigações[editar | editar código-fonte]
Quanto a natureza de seu objetos: dar, fazer e não fazer;
Quanto ao modo de execução (ou quanto ao objeto): simples, cumulativa, alternativa e facultativa;
Quanto ao fim(ou quanto ao conteúdo): de meio, de resultado e de garantia;
Quanto aos elementos: acidentais, condicional, modal e a termo;
Quanto aos sujeitos: divisível, indivisível e solidária;
Quanto a liquidez do objeto: líquida ou ilíquida;
Quanto exigibilidade: civis, naturais.
Quanto a natureza de seu objeto[editar | editar código-fonte]
Obrigação de dar - pode ser coisa certa ou incerta. No primeiro caso, o devedor não pode trocar a coisa contratada por outra; no segundo caso a coisa é determinada pelo gênero e quantidade, cabendo a escolha ao devedor, se o contrário não decorrer do contrato [1]. Quando realizada a escolha, passa a ser tratada como uma obrigação de dar coisa certa.
Dar a coisa certa - A coisa certa é perfeitamente identificada e individualizada em suas características. É quando em sua identificação houver indicação da quantidade do gênero e de sua individualização que a torne única.
Dar a coisa incerta - Quando a especificação da coisa não é dada de uma primeiro momento, porém gênero e quantidade são determinados (por exemplo: entrega de 20 cavalos. Não se determinou a raça específica mas o gênero - cavalos - e quantidade - 20).
Restituir - É a devolução da posse da coisa emprestada.
Obrigação de não fazer - o devedor se abstém de um direito ou ação que poderia exercer (ex: uma pessoa com lote praiano que assina contrato com um hotel para ceder o espaço como estacionamento. A pessoa tinha todo direito/ação de construir uma casa no lote, mas se obriga a NÃO fazer em razão do contrato com o hotel).
Quanto ao modo de execução[editar | editar código-fonte]
Simples - Tem por objeto a entrega de uma só coisa ou execução de apenas um ato.
Cumulativa - Obrigação conjuntiva de duas ou mais prestações cumulativamente exigíveis, o devedor exonera-se com o prestar das prestações de forma conjunta (regra do "E" = por exemplo, um contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado E pintado E com piso novo. Somente todas as cláusulas em conjunto satisfazem a obrigação).
Facultativa - Obrigações com faculdade alternativa de cumprimento da ao devedor possibilidade de substituir o objeto prestado por outro de caráter subsidiário, já estabelecido na relação obrigacional.
Alternativa - Caracteriza-se pela multiplicidade dos objetos devidos. Mas, diferentemente da obrigação cumulativa, na qual também há multiplicidade de objetos devidos e o devedor só se exonera da obrigação entregando todos. (regra do "OU" = por exemplo, contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado OU pintado OU piso novo. A execução de qualquer uma das cláusulas satisfaz a obrigação).
Quanto ao tempo de adimplemento[editar | editar código-fonte]
Instantânea - Se consuma num só ato em certo momento, como, por exemplo, a entrega de uma mercadoria; nela há uma completa exaustão da prestação logo no primeiro momento de seu adimplemento.
Execução continuada - se protrai no tempo, continuada,caracterizando-se pela prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo - por exemplo, a obrigação do locador de ceder ao inquilino, por certo tempo, o uso e o gozo de um beminfungível, e a obrigação do locatário de pagar o aluguel convencionado.
Execução diferida - exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da instantânea, sua execução deverá ser realizada em momento futuro.
Quanto ao fim[editar | editar código-fonte]
De meio - o sujeito passivo da obrigação utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo.
De resultado - o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.
De garantia - tem por conteúdo a eliminação de um risco, que pesa sobre o credor; visa reparar as consequências de realização do risco; embora este não se verifique, o simples fato do devedor assumi-lo representará o adimplemento da prestação.
Quanto aos elementos acidentais.[editar | editar código-fonte]
Incidental - são estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seu negócio para modificar uma ou algumas de suas consequências naturais (condição, modo, encargo ou termo).
Condicional - são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos.
Modal - o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil.
A termo - submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido.
Quanto aos sujeitos[editar | editar código-fonte]
Divisível - é aquela suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor; trata-se de divisibilidade econômica e não material ou técnica; havendo multiplicidade de devedores ou de credores em obrigação divisível, este presumir-se-á dividida em tantas obrigações, iguais e distintas. Ver Art. 257 CC
Indivisível - é aquela cuja prestação só poder ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa parte exata da que resultaria do adimplemento integral; pode ser física (obrigação restituir coisa alugada, findo o contrato), legal (relativa às ações de sociedade anônima em relação à pessoa jurídica), convencional ou contratual (contrato de conta corrente), e judicial (indenizar acidentes de trabalho).
Solidária - é aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor; se caracteriza pela coincidência de interesses, para satisfação dos quais se correlacionam os vínculos constituídos. Art. 265. Ex: lei de locação
Quanto a liquidez[editar | editar código-fonte]
Líquida - é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência. Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo.
Ilíquida - depende de prévia apuração, já que o montante da prestação apresenta-se incerto. conforme art 947 cc/02
Quanto a exigibilidade[editar | editar código-fonte]
Civis - é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial.
Natural - permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição.
Requisitos de validade[editar | editar código-fonte]
Licitude;
Possibilidade Jurídica;
Possibilidade Física;
Determinalidade;
Patrimonialidade;
Valor Econômico.
Extinção das obrigações[editar | editar código-fonte]
As obrigações são extintas pelo pagamento ou adimplemento, os quais caracterizam o cumprimento voluntário da obrigação. Também podem ser extintas por Execução Judicial que é o pagamento forçado em virtude de decisão judicial, e Prescrição, o direito de exigir torna-se mais fraco, passando a ser um direito de pretender. A prescrição faz com que o cumprimento da obrigação seja uma obrigação natural cujo cumprimento não pode ser exigido. Também são extintas as obrigações por compensação, quando ambos os sujeitos da obrigação são, ao mesmo tempo, reciprocamente credor e devedor por obrigações exigíveis, extinguindo-se ambas as obrigações até o valor em que se compensarem.
A Obrigação como processo[editar | editar código-fonte]
Toda obrigação corresponde a um dever. É com esta afirmativa que inicia-se este resumo do livro “A Obrigação como Processo”. Entretanto, esta afirmativa é anêmica demais para descrever toda a obra de Clóvis V. do Couto e Silva.
Em seus estudos, consubstânciados principalmente na doutrina alemã de direito das obrigações da época, ano de 1964, o autor revela que além do jurisconceito de dever, a obrigação se desenrola com vistas aos aspectos dinâmicos, como algo que se articularia com vistas ao adimplemento, que seria a satisfação, do outro lado, do interesse do credor.
O adimplemento, desta forma, “(...) atrai e polariza a obrigação. É o seu fim. (...)” (p. 17). Deste modo, a relação obrigacional deve ser entendida como um sistema de processos dinâmicos. Assim, surge da obrigação uma verdadeira propriedade que emerge do seu conjunto. Em outras palavras, a obrigação, vista como um todo, é muito maior do que a soma de suas partes.
Verifica-se então que o vínculo obrigacional teria um sentido próprio. A obrigação seria, tanto na teoria quanto na prática, um agrupamento de atos necessários e dirigidos à satisfação do credor.
É de extrema importância entender que a obrigação como processo direciona-se à consecução de um fim, que é o seu adimplemento. Torna-se necessário observar que em todas as suas fases - nascimento, desenvolvimento do vínculo e adimplemento da obrigação – são necessários princípios que regulem o acontecer obrigacional. Desta forma, autonomia da vontade e boa-fé são os pilares do sistema obrigacional.
Este princípio tem origem muito antiga, remontando a facultas do Direito Romano. Trata-se, em verdade, da possibilidade, embora limitada pelo ordenamento jurídico, dos particulares resolverem os seus conflitos de interesse como bem entenderem. Esta liberdade para realizar o negócio jurídico é a aptidão que cada um tem de decidir com quem e como se dará a atividade negocial.
Por vezes, observa-se que a liberdade – autonomia da vontade – pode, de forma excepcional, ser restringida por atos do poder público. Em algumas atividades, que são consideradas extremamente necessárias à coletividade, como os correios, transportes, água, luz, o Estado se avora da função de prestá-las direta ou indiretamente, mediante conceções.
Isto posto, observa-se que há, no plano sociológico, verdadeira coação aos particulares para que contratem de determinada forma. Nestes contratos, como denominou o autor, “contratos ditados” (p. 25), as regras típicas de direito privado destes instrumentos jurídicos são substituídas por regras de direito público dos atos da administração.
Ademais, a restrição à autonomia da vontade passa por outras limitações. O Estado, neste contexto, converte-se em formador-interventor do meioeconômico e social, restringido, por exemplo, o abuso do poder econômico nos chamados contratos de adesão, que são aqueles nos quais não há, por parte do aderente, forma de negociar as cláusulas. Assim, quando a vontade se dá de forma viciada, os contratos podem vir a ser anulados.
Entretanto, não se pode concluir que a vontade foi delegada a categoria inferior. Observa-se, em suma, que se tenta conciliar a autonomia da vontade com a teoria do interesse.
Por outro lado, em oposição à autonomia da vontade, observa-se que “(...) o dever que promana da concreção do princípio da boa-fé é dever de consideração para com o alter. (...)” (p. 30). Ou seja, além da vontade, deve-se considerar o “outro” na relação obrigacional. Em síntese, a boa fé fixa os limites das prestações.
Consequentemente, deve-se, ao interpretar a relação obrigacional, conferir justa medida à vontade. A vista disso, como a relação obrigacional é formada por dois pólos, por duas vontades, a relação obrigacional sempre terá como finalidade ideal o equilíbrio. Todavia, é obrigatório verificar concretamente, de forma objetiva, como este princípio está a incidir, sempre observando o seu significado.
Assim sendo, a proteção deverá ser bilateral, impedindo que uma das partes cause dano à outra. Por exemplo: é dever do credor comunicar e indicar as circunstâncias, fornecer informações, evitando danos ao devedor. Obrigar-se é vincular-se por meio de um procedimento a alguém e em seu favor. Adimplir, por outro lado, é afastar-se, libertar-se da obrigação.
“A distinção entre a fase do nascimento e desenvolvimento dos deveres e a do adimplemtno adquire, entretanto, sua máxima relevância, dogmática e praticamnete, quando o adimlemtno importa em transmissão da propriedade. A fase do adimplemtno se desloca, então, para o plano do direito das coisas. Tal divisão em planos, quando absoluta significa abstração da cuasa, nos casos de aquisição derivada. O exame das fases da relação obrigacional leva-nos, assim, à análise da teoria da causa, a fim de que os problemas dogmáticos decorrentes da separação entre o plano do direito das obrigações – em que se inserem o nascimento e o desenvolvimento dos deveres – e o do direito das coisas, em que o adimplemtneo se verifica, sempre que esse adimplemento importar na transferência de propriedade, possam ser tratados.” (p. 39-40)
Observa-se que na fase de nascimento surge a necessidade de se analisar a causa. É de se observar que na vontade de criar as obrigações, está imbricalmente ligada, a vontade de adimplir o prometido. Caso contrário, o negócio jurídico não serviria à sociedade. Desse modo, quando alguém vende algo, demonstra, quer quer realizar a entrega do bem, assim como se presume que quem compra, quer efetivar o pagamento eficaz, que extingue a dívida.
A acepção do termo processo na obra em análise está diretamente relacionada com os estudos da Sociologia. Assim, a leitura da expressão “a obrigação como processo” melhor seria entendida se fosse inteligida como “a obrigação como processo social”.
Por conseguinte, algumas obrigações podem ser consideradas adimplidas, mesmo que não se chege ao “fim” almejado no contrato. Desta observação, verifica-se que as obrigações podem ser classificadas em “de meios e de resultado”. (p. 57). Por exemplo, o médico não se comprometeria com a cura do doente, mas sim com o emprego de todo o seu empenho para tratar o enfermo, embora quem procure serviços médicos somente o faz por necessidade de tratamento ou de cura.
Logo, observa-se que o nascimento de deveres, nem sempre, tem por base a proteção jurídica. O objeto da obrigação é a prestação que consiste num ato humano, numa atuação do sujeito passivo. Ademais, verifica-se que o vínculo obrigacional pode ter graus diferentes de intensidade. Tudo relacionado com a estrutura das obrigações.
No princípio, isso ainda na formação embriológica do direito, principalmente no Direito Romano, a responsabilidade recaía sobre o corpo do responsável. Contudo, com o passar do tempo, surgiu a possibilidade de libertação com o pagamento.
Dito isso, surge o que se chama de débito ou dever de prestar – que é, como dito acima, a possibilidade de libertação da obrigação através do pagamento - o que transformou a responsabilidade pessoal em patrimonial. O débito, por sua vez, deu origem ao que se convenciona chamar, naturalmente, de responsabilidade. Embora possa existir responsabilidade sem débido, por exemplo, a responsabilidade do fiador.
Verifica-se que a prestação primária correlaciona-se ao que se denomina débito, já a prestação secundária, relaciona-se as perdas e danos, constitui a responsabilidade. Por outro lado, na denominada “obrigação natural”, há direito e seu consecutário que é o dever, entretanto, não há a faculdade de exigir o adimplemtno. Em outras palavras, há débito, mas não há responsabilidade. Inversamente, pode existir caos em que haja responsabilidade sem quese tenha o débito, por exemplo, na obrigação decorrente do contrato de fiança.
De outro lado, tem-se as dívidas prescritas que são dívidas dotadas de pretensão e ação. Assim, não podem ser consideradas simples deveres. Ela só se constituirá em mero dever após o exercício da exceção. Portanto, se alguém cumpre uma obrigação prescrita não poderá exigir a repetição do indébito.
Outra categoria importante, estudada por Clóvis V. do Couto e Silva, é a dos deveres secundários. Este tipo de dever é resultado do princípio da Boa-fé. Desta forma, em algumas relações, perduram as obrigações anexas, mesmo depois do adimplemento da obrigação principal. Exemplos: indicações, atos de proteção, dever de afastar danos, atos de vigilância, de guarda, de cooperação e de assistência. São, em síntese, deveres de cooperação.
Em determinados casos, é necessário tornar claro certas circunstâncias para com o “alter”, contudo deve ficar claro que ninguém pode estar obrigado a esclarecer aquilo de que não tem conhecimento. O fim da obrigação somente pode ser alcançado com a cooperação mútua. Assim, o credor também tem deveres, sua conduta não pode dificultar a prestação do devedor. A obrigação é, no mínimo, bilateral.
Outro aspecto adotado na obra é a teoria da impossibilidade. Esta pode ser classificada em absoluta e relativa. Trata-se de impossibilidade relativa quando falta ao devedor os meios para prestar, normalmente liga-se aos casos de insolvência. Já a impossibilidade absoluta está ligada a impossibilidade para todos. Assim, observa-se que a impossibilidade pode ocorrer sem culta ou com culpa, de um lado ou de outro, ou seja, do credor e do devedor.
Seguindo o raciocínio, ocorre o que se denomina de destruição culposa do bem, quando o perecimento é culposo, devido à conduta imputável ao devedor. No caso, há um princípio que diz que ele responderá pelo equivalente mais perdas e danso. (Art. 234, CC). A contrário senso, pode-se inferir que se não houve culpa do devedor, nada haverá que prestar. Verifica-se que, em alguns casos, deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, pode o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido ao seu preço o valor que perdeu.
Sob outro prisma, verifica-se que o pacta sunt servanda, princípio que não comportava exceção, deve ser balisado junto à boa-fé. Assim, diante de uma impossibilidade econômica de cumprir o contrato, por exemplo: uma grave resseção econômica onde predomine uma suprerinflação, seria possível um reajuste nos valores avençados, num sentido de adaptação à realidade factual.
De tudo exposto, observa-se que a obrigação é um processo, dirige-se ao adimplemtento, buscando a satisfação do interesse do credor. Do mesmo raciocínio, verifica-se que a relação jurídica é um sistema de processos, não sendo possível esta determinação sem a separação dos planos: plano de nascimento, plano de desenvolvimento e plano do adimplemento.
Além disso, o princípio da separação de planos é tão importante quanto os princípios da autonomia e da boa fé. Num mesmo sentido, verifica-se que é de suma importância, para que sepossa adimplir a obrigação, determinar-se efetivamente aquilo que se deva prestar.
Portanto, de toda a leitura de “A Obrigação como Processo”, observa-se que o princípio da boa-fé exige maior consideração aos partícipes do vínculos, às suas necessidades e interesses com vistas ao adimplemento das obrigações.
Resumão – Direito das Obrigações
Posted on 18 de November de 2015 by Eduardo Ramos
Resumo de Direito das Obrigações
Introdução ao direito das obrigações
Conceito e âmbito do direito das obrigações
                  Pode-se dizer que o direito das obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objetivo prestações de um sujeito em proveito de outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, visto que seu conteúdo é a prestação patrimonial, ou seja, a ação ou omissão do devedor tendo em vista o interesse do credor que, por sua vez, tem o direito de exigir o seu cumprimento, podendo, para tanto, movimentar a máquina judiciária, se necessário. A finalidade das obrigações consiste em fornecer meios ao credor para exigir do devedor o cumprimento da prestação.
Conceito: obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível.
Elementos constitutivos da obrigação: sujeito, objeto e vínculo jurídico (teoria dualista: débito e responsabilidade).
Sujeito – pode ser pessoa natural, jurídica ou entes despersonalizados. Podendo ser determinado ou determinável. No cumprimento da obrigação o sujeito deve ser determinado.
Objeto – o objeto é a prestação, que é uma conduta ou ato humano que se traduz no ato de dar, fazer ou não fazer. A prestação é o objeto imediato. O objeto mediato da prestação é a coisa propriamente dita. Deve ser lícito, possível, determinado ou determinável. Deve ser também, economicamente apreciável.
Vínculo jurídico – é a união existente entre o sujeito ativo e o passivo, que confere ao primeiro o direito de exigir coercitivamente o cumprimento da obrigação.
Débito: elemento espiritual da relação. Diz respeito ao comportamento que o devedor deve adotar no sentido de cumprir com a obrigação de forma pontual.
Responsabilidade: confere ao credor o poder de exigir do devedor o cumprimento da obrigação. O que guarnece essa obrigação são os bens do devedor.
Débito sem responsabilidade – dívidas prescritas -> obrigações naturais ou imperfeitas
Responsabilidade sem débito – > fiador.
Características principais do direito das obrigações
 
Transitoriedade – a obrigação nasce para ser adimplida, o quanto antes melhor.
Vínculo jurídico – poder que é conferido ao credor de exigir do devedor o cumprimento da obrigação.
Patrimonialidade – o objeto da relação deve ter cunho patrimonial, que é a garantia de adimplemento, exceto a prisão por pensão alimentícia.
Relatividade – a obrigação só vincula as partes envolvidas. O credor só pode executar o devedor.
Prestação positiva/negativa – positiva: dar, fazer, restituir. Negativa: não fazer – pode decorrer da lei ou de uma obrigação contratual entre as partes.
Direitos obrigacionais e direitos reais
                  Direito real é aquele que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos aspectos, e a segue em poder de quem quer que a detenha. Direito pessoal/obrigacional é direito contra determinada pessoa.
                  Os direitos reais têm como elementos essenciais: o sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito ativo sobre a coisa.
Principais distinções
                  Os direitos obrigacionais diferem, em linhas gerais, dos reais:
Quanto ao objeto: porque exigem o cumprimento de determinada prestação, ao passo que estes incidem sobre uma coisa.
Quanto ao sujeito: porque o sujeito passivo é determinado ou determinável, enquanto nos direitos reais é indeterminado (são todas as pessoas do universo que devem abster-se de molestar o titular).
Quanto à duração: porque são transitórios e se extinguem pelo cumprimento ou por outros meios, enquanto os reais são perpétuos, não se extinguindo pelo não uso, mas somente pelos casos expressos em lei (desapropriação, usucapião, etc.).
Quanto à formação: pois podem resultar da vontade das partes, sendo ilimitado o número de contratos inominados, ao passo que os direitos reais só podem ser criados pela lei, sendo seu número limitado e regulado por esta.
Quanto ao exercício: porque exigem uma figura intermediária, que é o devedor, enquanto os direitos reais são exercidos diretamente sobre a coisa, sem necessidade da existência de um sujeito passivo.
Quanto à ação: que é dirigida somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito passivo, ao passo que a ação real pode ser exercida contra quem quer que detenha a coisa.
Figuras híbridas
Obrigações propter rem
Conceito
                  Obrigação propter rem é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Essas obrigações são concebidas como ius ad rem ( direitos advindos da coisa). Há uma obrigação dessa espécie sempre que o dever de prestar vincule quem for titular de um direito sobre determinada coisa, sendo a prestação imposta precisamente por causa da titularidade da coisa. Provêm da existência de um direito real, impondo-se a seu titular. Esse cordão umbilical jamais se rompe. Se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação o segue. A transmissão ocorre automaticamente. O adquirente não pode recusar-se a assumi-la.
Ônus reais
                  Ônus reais são obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes. Aderem e acompanham a coisa. Quem deve é esta e não a pessoa, são encargos que a coisa produz. A responsabilidade pelo ônus real é limitada à coisa, não respondendo o proprietário além dos limites do respectivo valor.
obrigações com eficácia real
                  São as obrigações que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. Exemplo: obrigação que resulta do compromisso de compra e venda, direito de preferencia.
Noções gerais de obrigações
Fontes das obrigações
                  As fontes das obrigações são os fatos jurídicos que dão ensejo às relações obrigacionais. É de onde surge o dever de prestação assumido pelo devedor.
4 correntes:
Dualista – Professor Caio Mário – as obrigações decorrem da vontade ou da lei.
Tríplice – Sívio Rodrigues e Carlos Roberto Gonçalves – a obrigação resulta ou da lei – fonte primária ou imediata de todas as obrigações – ou de uma declaração de vontade ou de um ato ilícito.
Vontade, lei e boa fé objetiva – Nelson Rosenvald
O acontecimento é que faz surgir a norma – professor Fernando Noronha.
Distinção entre obrigação e responsabilidade
                  A distinção entre obrigação e responsabilidade foi feita por Brinz, na Alemanha, que discriminou na relação obrigacional, dois momentos distintos: o do débito (schuld), consistindo na obrigação de realizar a prestação e dependente da ação ou omissão do devedor, e o da responsabilidade (Haftung), na qual se faculta ao credor atacar e executar o patrimônio do devedor a fim de obter o pagamento devido.
                  Embora os dois conceitos estejam normalmente ligados, nada impede que haja uma obrigação sem responsabilidade ou uma responsabilidade sem obrigação.
Das modalidades das obrigações
Noção geral
                  As obrigações se dividem em três grupos: obrigações de dar, obrigações de fazer e obrigações de não fazer. As duas primeiras são positivas, a terceira, negativa. Nas obrigações positivas é possível a mora. Nas negativas, a doutrina tradicional (Caio Mário) afirma não caber mora, enquanto a corrente mais moderna afirma que dependeda obrigação, cabendo mora, por exemplo, nas obrigações de trato sucessivo.
Das obrigações de dar – artigo 233
                  A obrigação de dar é aquela na qual fica o devedor obrigado a, em benefício do credor, promover a tradição da coisa móvel ou imóvel, ceder sua posse ou, ainda, restituir a coisa. A obrigação de dar é obrigação de prestação de coisa, determinada ou indeterminada.
Das obrigações de dar coisa certa
Noção e conteúdo
                  Nessa modalidade de obrigação, o devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade. Compete ao credor, sempre que possível, obter o próprio objeto da prestação, só se reservando a condenação em perdas e danos quando a execução direta for impossível ou envolver sério constrangimento físico à pessoa do devedor.
                  Não será possível o ajuizamento, pelo credor, de ação fundada em direito obrigacional se o alienante, que assumiu a obrigação de efetuar a entrega, não a cumpre e, antes da propositura da ação, aliena o mesmo bem posteriormente a terceiro. Neste caso, não tem o primeiro adquirente o direito de reivindica-lo de terceiro, pois o seu direito não é oponível erga omnes, mas tão somente o de reclamar perdas e danos.
Impossibilidade de entrega de coisa diversa, ainda que mais valiosa
                  Na obrigação de dar coisa certa o devedor é obrigado a entregar ou restituir uma coisa inconfundível com outra. Artigo 313 do Código Civil: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”.
                  A entrega de coisa diversa da prometida importa modificação da obrigação, denominada novação objetiva, que só pode ocorrer havendo consentimento de ambas as partes. O credor também não pode exigir coisa diversa, ainda que menos valiosa.
Tradição como transferência dominial
                  No direito brasileiro o contrato, por si só, não basta para a transferência do domínio. Por ele criam-se apenas obrigações e direitos. O domínio só se adquire pela tradição, se for coisa móvel, e pelo registro do título (tradição solene), se for imóvel.
Direito aos melhoramentos e acrescidos
                  Enquanto não ocorrer a tradição, a coisa continuará pertencendo ao devedor, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. (CC, artigo 237).
                  Na obrigação de dar, consistente em restituir coisa certa, dono é o credor, com direito à devolução, como sucede no comodato e no depósito, por exemplo. Nessa modalidade, inversamente, se a coisa teve melhoramento ou acréscimo, “sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização”. (CC, artigo 241).
                  Todavia, se para o melhoramento ou aumento “empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. (CC, artigo 242).
                  Estando o devedor de boa-fé, tem direito à indenização dos melhoramentos ou aumentos necessários e úteis; quanto aos voluptuários, se não for pago do respectivo valor, pode levantá-los, quando o puder sem detrimento da coisa e se o credor não preferir ficar com eles, indenizando o seu valor.
                  Se o devedor estava de má-fé, ser-lhe-ão ressarcidos somente os melhoramentos necessários, não lhe assistindo o direito de levantar os voluptuários, porque obrou com a consciência de que praticava um ato ilícito. Faz jus à indenização dos necessários porque, caso contrário, o credor experimentaria um enriquecimento indevido.
Abrangência dos acessórios
Artigo 233. “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstancias do caso”.
                  É uma decorrência do princípio geral de direito, segundo o qual o acessório segue o destino do principal. Principal é o bem que tem existência própria, que existe por si só. Acessório é aquele cuja existência depende do principal.
                  Esse princípio aplica-se somente às partes integrantes (frutos, produtos e benfeitorias), mas não às pertenças (artigo 94, CC). Na grande classe dos bens acessórios compreendem-se os produtos e os frutos. Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo e em parte. Também se consideram acessórias todas as benfeitorias.
Obrigação de entregar
                  Cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante entrega ou restituição. Às vezes, porém, a obrigação de dar não é cumprida porque antes da entrega/restituição, a coisa pereceu ou se deteriorou, com culpa ou sem culpa do devedor. Perecimento significa perda total, e deterioração, perda parcial. A coisa perece para o dono. Res perit domino.
Perecimento sem culpa e com culpa do devedor
 
Sem culpa do devedor: Artigo 234 – fica resolvida a obrigação para ambas as partes. Se o vendedor já recebeu o preço da coisa, deve devolvê-lo ao adquirente, em virtude da resolução do contrato, sofrendo, por conseguinte, o prejuízo decorrente do perecimento. Não está obrigado, porém, a pagar perdas e danos.
Com culpa do devedor: artigo 234 segunda parte – A culpa acarreta a responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos. Neste caso, tem o credor direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos comprovadas. As perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro cessante, ou seja, além do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Devem cobrir todo o prejuízo experimentado e comprovado pela vítima.
Deterioração sem culpa e com culpa do devedor
 
Sem culpa do devedor – artigo 235 – poderá o credor optar por resolver a obrigação, por não lhe interessar receber o bem danificado, voltando as partes, nesse caso, ao estado anterior ou aceitá-la no estado em que se encontra, com abatimento do preço, proporcional à perda.
Com culpa do devedor – artigo 236 – as alternativas deixadas ao credor são as mesmas, mas com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e danos comprovados.
Obrigação de restituir
                  Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. Na obrigação de restituir, a coisa se acha com o devedor para o seu uso, mas pertence ao credor, titular do direito real.
perecimento sem culpa e com culpa do devedor
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
                  Se o devedor se encontrar em mora, responderá pela impossibilidade da prestação mesmo que esta decorra de caso fortuito ou de força maior. (Artigo 399, CC).
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Deterioração sem culpa e com culpa do devedor
 
Sem culpa do devedor – artigo 240, primeira parte – recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito à indenização.
Com culpa do devedor – artigo 240, segunda parte (remetendo ao 236 e não ao 239) – o credor tem o direito de exigir o equivalente em dinheiro, podendo optar todavia, pelo recebimento da coisa, no estado em que se achar, acrescido de perdas e danos, num e noutro caso.
Das obrigações pecuniárias
                  Tem por objeto uma prestação em dinheiro e não uma coisa.
Artigo 317. “Quando, por motivos imprevisíveis, sobreviver desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que se assegure, quanto possível, o valor real da prestação”.Distingue-se a dívida de dinheiro da dívida de valor: na primeira, o objeto da prestação é o próprio dinheiro. Quando o dinheiro apenas representa o valor do objeto da prestação, diz-se que a dívida é de valor.
Das obrigações de dar coisa incerta
Conceito
                  Tem objeto indeterminado, mas determinável. A coisa deve ser indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade, falta apenas determinar sua qualidade. O objeto ou conteúdo da prestação, indicado genericamente no começo da relação, é determinado por um ato de escolha no instante do pagamento.
Diferenças e afinidades com outras modalidades
Obrigações de dar coisa incerta, em relação a:
Obrigação de dar coisa certa: nas primeiras, a prestação não é determinada, mas determinável, na segunda, a prestação tem, desde logo, conteúdo determinado. O devedor se encontra em situação mais cômoda na primeira, porque se libera com uma das coisas compreendidas no gênero indicado, à sua escolha.
Obrigação alternativa: em ambas compete ao devedor a escolha, se outra coisa não se estipulou. Difere pelo fato de as alternativas conterem dois ou mais objetos individuados, devendo a escolha recair em apenas um deles, enquanto na de coisa incerta, o objeto é um só, apenas indeterminado quanto à qualidade. Na primeira, havendo perecimento ocorre a concentração na remanescente. Na de dar coisa incerta, não se altera a obrigação com a perda da coisa, pois o gênero nunca perece.
Fungível: a primeira tem por objeto coisa indeterminada, que ao devedor deve entregar com base na qualidade média. A segunda é composta de coisa fungível, que pode ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Disciplina legal
Escolha e concentração
                  A determinação da qualidade da coisa incerta perfaz-se pela escolha. Feita esta, e cientificado o credor, acaba a incerteza, e a coisa torna-se certa, vigorando, então, as normas das obrigações de dar coisa certa. O ato unilateral de escolha denomina-se concentração.
                  Para que a obrigação se concentre em determinada coisa não basta a escolha. É necessário a exteriorização pela entrega ou por outro ato jurídico que importe a cientificação do credor. Artigo 244, CC: a escolha pertence ao devedor, se o contrario não resultar do título da obrigação. Não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Se, no entanto, só houver duas qualidades, poderá o devedor entregar qualquer delas.
Das obrigações de fazer
Conceito
                  A obrigação de fazer abrange o serviço humano em geral, seja material ou imaterial, a realização de obras e artefatos, ou as prestações que tenham utilidade para o credor. Pode consistir: no trabalho físico ou intelectual determinado pelo tempo, gênero ou qualidade, no trabalho determinado pelo produto, ou seja, pelo resultado ou num fato determinado simplesmente pela vantagem que traz ao credor.
                  Se o devedor tem de dar ou de entregar alguma coisa, não tendo, porém, de fazê-la previamente, a obrigação é de dar; todavia, se primeiramente, tem ele de confeccionar a coisa para depois entregá-la, a obrigação é de fazer.
Espécies
                  Quando for convencionado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação, estaremos diante de obrigação de fazer infungível, imaterial ou personalíssima. Neste caso, o devedor só se exonerará se ele próprio cumprir a prestação, executando o ato ou o serviço prometido, pois foi contratado em razão de seus atributos pessoais.
                  Quando não há tal exigência expressa, nem se trata de ato ou serviço cuja execução dependa de qualidades pessoais do devedor, podendo ser realizado por terceiro, diz-se que a obrigação é fungível, material ou impessoal. Para que o fato seja prestado por terceiro é necessário que o credor o deseje, pois ele não é obrigado a aceitar de outrem a prestação.
                  Do ponto de vista fático as obrigações de emitir declaração de vontade são infungíveis. Do ponto de vista jurídico, são fungíveis, porque o interesse do credor não está voltado para a declaração em si, mas para o efeito jurídico dessa declaração.
Inadimplemento
                  As obrigações de fazer podem ser inadimplidas porque a prestação tornou-se impossível sem culpa do devedor, ou por culpa deste, ou ainda porque, podendo cumpri-la, recusa-se porém a fazê-lo.
                  Seja a obrigação fungível ou infungível, será sempre possível ao credor optar pela conversão da obrigação em perdas e danos, caso a inadimplência do devedor decorra de culpa de sua parte. Quando a prestação é fungível, o credor pode optar pela execução específica, requerendo que ela seja executada por terceiro, à custa do devedor.
                  Quando a obrigação é infungível, não há como compelir o devedor de forma direta a satisfazê-la. Há, no entanto, meios indiretos, que podem ser acionados, cumulativamente com o pedido de perdas e danos, como, por exemplo, a fixação de multa diária (astreintes) que incide enquanto durar o atraso no cumprimento da obrigação.
Obrigações infungíveis ou personalíssimas
Artigo 247 do Código Civil. “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível”.
                  A recusa ao cumprimento de obrigação de fazer infungível resolve-se, tradicionalmente, em perdas e danos, pois não se pode constranger fisicamente o devedor a executá-la. Atualmente, todavia, admite-se a execução específica das obrigações de fazer.
                  A multa poderá mesmo após transitada em julgado , ser modificada para mais ou para menos, conforme seja insuficiente ou excessiva. Atualmente, a regra é a da execução específica, sendo exceção a resolução em perdas e danos.
Artigo 248. “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos”.
                  Para que a impossibilidades de cumprimento da prestação exonere o devedor sem culpa de qualquer responsabilidade, tendo efeito liberatório, é necessário que se esse se desincumba satisfatoriamente do ônus, que lhe cabe, de cumpridamente prová-la.
                  A impossibilidade deve ser permanente e irremovível, pois se se trata de simples dificuldade, embora intensa, que pode ser superada à custa de grande esforço e sacrifício, não se justifica a liberação.
Obrigações fungíveis ou impessoais
Artigo 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único: em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
                  Não havendo urgência, pode o credor simplesmente optar pela resolução da avença e contratar outra pessoa para executar o serviço ou mandá-lo fazer por terceiro, sem prejuízo de posterior ressarcimento. Os artigos 634 e 637 do CPC descrevem o processo a se seguir.
Obrigações consistentes em emitir declaração de vontade
                  Tal modalidade se configura quando o devedor, em contrato preliminar ou pré-contrato, promete emitir declaração de vontade para a celebração de contrato definitivo. Artigos 466 –A, 466 – B, 466 – C do CPC.
                  A sentença que condene o devedor a emitir declaração de vontade, “uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida”.
                  Para que o juiz profira sentença dessa natureza é necessário que o credor faça jus a obter a declaração de vontade que está sendo recusada. Do contrário, a recusa será justa.
Das obrigações de não fazer
Noção e alcance
                  As obrigações de não fazer, ou negativas, impõe ao devedor um dever de abstenção: o de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não se houvesse obrigado. Se praticar o ato que se obrigou a não praticar, tornar-se-á inadimplente, podendoo credor exigir, com base no artigo 251 do Código Civil, o desfazimento do que foi realizado, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
                  Devem ser respeitados certos limites, não sendo lícitas convenções em que se exija sacrifício excessivo da liberdade do devedor ou que atentem contra os direitos fundamentais da pessoa humana. Além dos casos em que o devedor está obrigado a não praticar certos atos, há outros em que o devedor é obrigado a tolerar outrem pratique determinados atos.
Inadimplemento da obrigação negativa
                  De acordo com a disciplina legal, ou o devedor desfaz pessoalmente o ato, respondendo também por perdas e danos, ou poderá vê-lo desfeito por terceiro, por determinação judicial, pagando ainda perdas e danos. Nada impede que o credor peça apenas o pagamento de perdas e danos. Há casos em que, feita a divulgação, não há como pretender a restituição do statu quo ante.
                  Pode, ainda, o descumprimento da obrigação de não fazer resultar de fato alheio à vontade do devedor, impossibilitando a abstenção prometida. Tal como ocorre nas obrigações de fazer, “extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar” (art. 250, CC).
Regras processuais
Os artigos 642 e 643 do CPC cuidam da execução das obrigações de não fazer.
Das obrigações alternativas
Obrigações cumulativas e alternativas
                  Quando a obrigação é composta, ela se desdobra nas seguintes modalidades: facultativa, cumulativa e alternativa. Na modalidade cumulativa, há uma pluralidade de prestações e todas devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer delas, sob pena de se haver por não cumprida. A obrigação alternativa tem por conteúdo duas ou mais prestações, das quais uma somente será escolhida para prestação ao credor e liberação do devedor.
Conceito de obrigação alternativa
                  Obrigação alternativa é a que compreende dois ou mais objetos ou fatos e extingue-se com a prestação de apenas um.
Direito de escolha
                  O código civil respeita a vontade das partes. Em falta de estipulação, a escolha caberá ao devedor. O direito de opção transmite-se a herdeiros. Artigo 252 do CC proclama que não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. Em caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz. Admite-se também que a escolha seja determinada por sorteio. Artigo 817 do CC.
A concentração
                  Cientificada a escolha, dá-se a concentração, ficando determinado, de modo definitivo, sem possibilidade de retração unilateral, o objeto da obrigação. As prestações in obligatione reduzem-se a uma só, e a obrigação torna-se simples. Só será devido o objeto escolhido, como se fosse ele o único desde o nascimento da obrigação.
                  Todavia, na falta de comunicação, o direito de mudar a escolha pode ser exercido pelo devedor até o momento de executar a obrigação, e pelo credor, até o momento em que propõe a ação de cobrança. A negligência, tanto do devedor como do credor, pode acarretar, pois, a decadência do direito de escolha.
Impossibilidade das prestações
Artigo 253 do CC. “Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra”.
                  Se a impossibilidade é jurídica, por ilícito de um dos objetos, toda a obrigação fica contaminada de nulidade, sendo inexigíveis ambas as prestações. Quando a impossibilidade de uma das prestações é superveniente e inexiste culpa do devedor, dá-se a concentração da dívida na outra. Mesmo que o perecimento decorra de culpa do devedor, competindo a ele a escolha, poderá concentrá-la na prestação remanescente.
                  Se a impossibilidade for de todas as prestações, sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação, por falta de objeto, sem ônus para este. (artigo 256). Se houver culpa do devedor, cabendo-lhe a escolha, ficará obrigado a pagar o valor da que último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar (artigo 254). Mas se a escolha couber ao credor, pode este exigir o valor de qualquer das prestações, além das perdas e danos. Se somente uma das prestações se tornar impossível por culpa do devedor, cabendo ao credor a escolha, terá esse o direito de exigir ou a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos.
Obrigações facultativas
Conceito
                  Trata-se de obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, porém, facultado ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. É obrigação com faculdade de substituição. O credor só pode exigir a prestação obrigatória, que se encontra in obligatione. O código civil não trata dessas obrigações, porque não deixam de ser alternativas para o devedor e simples para o credor.
Características e efeitos
                  Ao contrário do que ocorre com a dação em pagamento, não necessita do consentimento do credor para realizar uma prestação diferente da devida.
                  Se perece o único objeto in obligatione sem culpa do devedor, resolve-se o vínculo obrigacional, não podendo o credor exigir a prestação acessória. Se a impossibilidade se referir à segunda prestação, a obrigação manter-se-á em relação à prestação devida, apenas desaparecendo para o devedor a possibilidade de substituí-la por outra.
Das obrigações divisíveis e indivisíveis
Conceito de obrigação divisível e indivisível
Artigo 258. “A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”.
As obrigações divisíveis e indivisíveis são compostas pela multiplicidade de sujeitos. Havendo um só credor e um só devedor, seria irrelevante averiguar-se se é ou não divisível.
Obrigação divisível:
Cada um dos credores só tem o direito de exigir sua fração no crédito.
Cada um dos devedores só tem que pagar a própria quota.
Se o devedor solver integralmente a dívida a um só dos credores, não se desobrigará com relação aos demais.
O credor que recusar o recebimento de sua quota, por pretender solução integral, pode ser constituído em mora.
A insolvência de um dos codevedores não aumentará a quota dos demais.
A suspensão da prescrição, especial a um dos devedores, não aproveita aos demais.
A interrupção da prescrição por um dos credores não beneficia os outros; operada contra um dos devedores não prejudica os demais.
Espécies de indivisibilidade
                  Os bens divisíveis podem se tornar indivisíveis pela lei ou por vontade das partes. Temos três causas de indivisibilidade para as obrigações: a natureza da prestação, a disposição da lei e a vontade humana expressa em testamento ou em contrato. A primeira constitui a indivisibilidade propriamente dita; as duas últimas são apenas exceções à divisibilidade.
A indivisibilidade em relação às várias modalidades de obrigações
                  A divisibilidade ou indivisibilidade das várias modalidades de obrigação depende da natureza de sua prestação, visto que a classificação é aplicável a qualquer espécie de relação obrigacional. Por se tratar de mera questão de fato, a definição se dará pela análise da natureza do objeto da prestação.
Efeitos da divisibilidade e da indivisibilidade da prestação
Pluralidade de devedores
Artigo 259. “Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único: o devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados”.
Pluralidade de credores
Artigo 260. “Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I – a todos conjuntamente; II – a um, dandoeste caução de ratificação dos outros credores”.
                  Se um só dos credores receber sozinho o objeto, poderá cada um dos demais exigir desse credor a parte que lhe cabe, em dinheiro.
Artigo 262. “Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só poderão exigir, descontada a quota do credor remitente”.
Perda da indivisibilidade
Artigo 263. “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos”.
                  Se houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais, se for só de um a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
                  Se indivisível o objeto do direito ou da obrigação, o defeito do ato quanto a uma das partes se propaga às demais e o ato não subsiste em ponto algum.
Das obrigações solidárias
Conceito e características
Artigo 264. “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado, à dívida toda”.
                  A solidariedade só se manifesta na relação externa. Não se fala em caução de ratificação. A solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes, deve estar expressa.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Diferenças entre solidariedade e indivisibilidade
                  Assemelham-se por um só aspecto: em ambos os casos, o credor pode exigir de um só dos devedores o pagamento da totalidade do objeto devido. Diferem por várias razões:
O devedor solidário é devedor do todo. Nas obrigações indivisíveis, o codevedor só deve sua quota-parte, somente pode ser compelido ao pagamento do todo porque é impossível fracionar o objeto.
Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Na solidariedade, no entanto, tal não ocorre.
A solidariedade advém da lei ou do contrato, a indivisibilidade resulta da natureza da coisa.
A solidariedade consiste em reforçar o direito do credor, a indivisibilidade destina-se a tornar possível a realização unitária da obrigação.
Espécies de obrigações solidárias
                  O código civil disciplinou apenas as solidariedades passiva e ativa, não estabelecendo regras para a mista.
Da solidariedade ativa
Conceito
                  Solidariedade ativa é a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o devedor comum, em virtude da qual cada um tem o direito de exigir deste o cumprimento da prestação por inteiro. Pagando o débito a qualquer um dos cocredores, o devedor se exonera da obrigação.
                  O devedor conserva-se estranho à partilha, não podendo pretender pagar ao postulante apenas uma parte, a pretexto de que teria de ser rateada entre todos a importância paga. Na conta bancária conjunta encontra-se exemplo dessa espécie. Todavia, os cotitulares não são devedores solidários perante o portador de cheque emitido por qualquer um deles sem suficiente provisão de fundos.
Características da solidariedade ativa
Artigo 267. “Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”.
Artigo 268. “Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer deles poderá este pagar”.
                  O devedor obriga-se a pagar ao primeiro dos credores que reclamar a solução da dívida. Se a outro efetuar o pagamento, estará pagando mal e poderá pagar outra vez. Se todos os credores ajuizarem conjuntamente a demanda, não terá havido concentração e o devedor conservará a sua liberdade de escolha.
Disciplina legal
Artigo 270. “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível”.
                  Todavia, nas seguintes hipóteses, poderá ser reclamada a prestação por inteiro: a) se o credor falecido só deixou um herdeiro; b)se todos os herdeiros agem conjuntamente; c)se indivisível a prestação.
                  Logo, o vínculo solidário, depois da partilha, não tendo o herdeiro, no crédito, senão uma parte divisa, perdeu em relação a ele a eficácia e extensão originária. Somente lhe é devida, e somente pode ser por ele exigida, a quota correspondente a seu quinhão hereditário.
Artigo 273. “A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”.
                  Dentre as exceções pessoais que podem ser arguidas, as mais comuns são: vícios de consentimento (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo), incapacidade jurídica, inadimplemento de condição que lhe seja exclusiva, moratória, etc.
                  Podem ser opostas, ainda, exceções objetivas, como as concernentes ao próprio negócio, como inexistência de causa, objeto ilícito, impossibilidade da prestação, extinção da obrigação, etc.
Artigo 274. “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve”. (não aproveitará aos demais credores, por exemplo, o julgamento favorável ao único credor que cumpriu a condição suspensiva ao qual o pagamento estava subordinado).
Extinção da obrigação solidária
Artigo 269. “O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago”.
                  Do contrário, se os demais credores conservassem contra o devedor direito de crédito, apesar do pagamento feito a um deles, haveria mais de um pagamento integral da dívida, contrariando a própria definição da solidariedade, segundo a qual o devedor deve a muitos, mas só deve uma vez.
Direito de regresso
                  Nas relações internas dos credores entre si vigora o princípio da comunidade de interesses. A prestação, paga por inteiro pelo devedor comum, deve ser partilhada entre todos os credores, por aquele que a tiver recebido.
Artigo 272. “O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba”.
                  A prestação paga por inteiro pelo devedor em comum deve ser dividida entre todos os credores por aqueles que a tiver recebido e que se tornou, assim, responsável pelas cota-partes dos demais. O recebimento converte o credor em devedor aos cocredores, relativamente à parte de cada um na coisa devida, para cujo cumprimento têm estes ação.
                  A remissão levada a efeito pelo credor libera o devedor, mas o remitente se coloca no lugar deste, no tocante às quotas dos outros credores, que não podem perder o que, por lei e convenção, lhes pertence, sem ato seu. Se a obrigação for nula quanto a um dos cocredores, sua parte será deduzida do todo, ficando tal credor excluído do rateio.
Da solidariedade passiva
Conceito e características
                  A obrigação solidária passiva pode ser conceituada como a relação obrigacional, oriunda da lei ou de vontade das partes, com multiplicidade de devedores, sendo que cada um responde na totalidade pelo cumprimento da prestação, como se fosse o único devedor. Cada devedor está obrigado à prestação na sua integralidade, como se tivesse contraído sozinho o débito. Assim, na solidariedade passiva, unificam-se os devedores, possibilitando ao credor, para maior segurança do crédito, exigir e receber de qualquer deles o adimplemento, parcial ou total, da dívida comum.
                  Se quiser, poderá o credor exigir parte do débito de cada um dos devedores separadamente. O credor pode dirigir-se à sua vontade contra qualquer dos devedores e pedir-lhes toda a prestação (CC, art.275). o devedor escolhido, estando obrigado pessoalmente pela totalidade, não pode invocar o beneficium divisionis. Uma vez conseguida de um só toda a prestação, todos os outros ficam livres. O credor quando tenha agido sem resultadoou com resultado parcial contra um ou vários, pode depois agir ainda contra os outros até completa execução da prestação. Se a prestação se torna impossível por culpa ou durante a mora de um ou de vários devedores, as consequências do fato culposo devem recair sobre o seu autor, mas não podem por outro lado servir para libertar os outros obrigados solidariamente.
Direitos do credor
                  O credor, propondo ação contra um dos devedores solidários, não fica inibido de acionar os outros. O devedor demandado pela prestação integral pode chamar os outros ao processo, não só para que o auxiliem na defesa, mas também para que a eventual sentença condenatória valha como coisa julgada por ocasião do exercício do direito de regresso contra os codevedores. Mesmo se forem vários os codevedores condenados, poderá o credor mover a execução contra apenas um deles, conforme o seu interesse, penhorando-lhe os bens.
Efeitos da morte de um dos devedores solidários
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
                  A morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade, que continua a onerar os demais codevedores. Se a obrigação for indivisível, cessa a regra que prevê o fracionamento, entre os herdeiros, da quota do devedor solidário falecido. Cada um será obrigado pela dívida toda.
                  Sendo os herdeiros acionados coletivamente, solidários são, ainda que já se tenha verificado a partilha, porque representam um dos devedores solidários.
Relações entre os codevedores solidários e o credor
Consequências do pagamento parcial e da remissão.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
                  O pagamento parcial naturalmente reduz o crédito. Sendo assim, o credor só pode cobrar do que pagou, os dos outros devedores, o saldo remanescente.
Cláusula, condição ou obrigação adicional.
Art. 278. “Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes”.
                  Ninguém pode ser obrigado a mais do que consentiu ou desejou. Não se comunicam os atos prejudiciais praticados pelo codevedor, mas apenas os favoráveis.
                  Os codevedores se representam em todos os atos tendentes à extinção ou conservação da dívida, à melhoria de condição em face do credor e não mais.
Renúncia da solidariedade
                  Como a solidariedade constitui benefício instituído em favor do credor, pode dele abrir mão, ainda que se trate de vínculo resultante da lei.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
                  Quando a renúncia é efetivada em prol de todos os coobrigados denomina-se absoluta. A renúncia operada em proveito de um, ou de alguns devedores apenas, intitula-se relativa. Assim procedendo, o credor divide a obrigação em duas partes: uma pela qual responde o devedor favorecido, corresponde somente à sua quota; e a outra, a que se acham solidariamente sujeitos os outros.
                  A renúncia relativa da solidariedade acarreta os seguintes efeitos:
Os contemplados continuam devedores, porém não mais da totalidade, senão de sua quota-parte no débito.
Suportam sua parte na insolvência de seus ex-codevedores.
                  Os não exonerados permanecem na mesma situação dos devedores solidários. Contudo, o credor não poderá acioná-los senão abatendo no débito a parte correspondente aos devedores cuja obrigação deixou de ser solidária.
                  A renúncia pode ser ainda expressa ou tácita. A primeira resulta de declaração verbal ou escrita. A renúncia tácita é uma questão puramente de fato e de intenção apurável contraditoriamente. Pode resultar de qualquer ato praticado pelo credor, dos quais, pelos termos empregados ou pelas circunstâncias, mostre-se inequívoca a intenção em remir a ação solidária. Não pode ser inferida de meras conjecturas; na dúvida, presume-se não existir.
Impossibilidade da prestação
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
                  Em princípio, todo inadimplemento se presume culposo. Cabe ao inadimplente provar, para se exonerar, a impossibilidade da prestação decorrente do fortuito ou da força maior.
                  Exige-se, para a configuração do caso fortuito ou da força maior, a presença dos seguintes requisitos: a) o fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor, pois, se há culpa, não há caso fortuito; b) o fato deve ser superveniente e inevitável; c) o fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano.
                  Quando o cumprimento do contrato se torna impossível, resolve-se a obrigação, porque ninguém pode fazer o impossível. No entanto, segundo o artigo 106, a resolução só ocorre se a impossibilidade for absoluta, isto é, alcançar todos os homens, indistintamente.
Responsabilidade pelos juros
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
Meios de defesa dos devedores
                  Meios de defesa são os fundamentos pelos quais o demandado pode repelir a pretensão do credor, alegando que o direito que este invoca nunca existiu validamente ou, tendo existido, já se extinguiu, ou ainda não existe.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor.
As exceções comuns, que aproveitam a todos os devedores, distribuem-se em dois ramos:
As resultantes da natureza da obrigação: aquelas que se prendem aos vícios primitivos de sua origem e resultam de um fato comum a todo o feixe das obrigações constitutivas da solidariedade. Exemplos: nulidade absoluta, anulabilidade resultante da incapacidade de todos os codevedores, ou de um vício do consentimento experimentado por todos os codevedores e inadimplemento da obrigação pelo credor, nos contratos bilaterais.
As causas de extinção da obrigação atuando em relação a todos os devedores. Exemplos: pagamento, que mesmo feito por um só aproveita a todos, dação em pagamento, pagamento em consignação, compensação, transação e novação.
Relações dos codevedores entre eles
                  A solidariedade existe apenas nas relações entre devedores e credor.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores.
                  Os efeitos da solidariedade passiva decorrem, em regra, de dois princípios: unidade de dívida e pluralidade de vínculos. Perante os credores, todos os devedores, e cada um de per si, respondem pela dívida inteira. Entretanto, em face de seus consortes e da pluralidade de vínculos existentes, a obrigação já não é uma. O débito se divide e cada devedor responde apenas pela sua quota na dívida comum.
Direito de regresso
                  As quotas dos codevedores presumem-se iguais. Nada impede, contudo,

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