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DIREITO PENAL

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— “Empenhar-se ativamente para alcançar determinado objetivo dá à vida significado e substância. Quem quiser vencer deve 
aprender a lutar, perseverar e sofrer.”. (Bruce Lee) 1 
PROFESSOR: RAFAEL ANDRADE DE MEDEIROS 
TURMA: CARREIRAS POLICIAIS 
DIREITO PENAL 
EXERCÍCIOS 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL E INTERPRETA-
ÇÃO DA LEI PENAL (ART. 1º) 
1. O princípio da legalidade pode ser desdobrado em três: 
princípio da reserva legal, princípio da taxatividade e 
princípio da retroatividade como regra, a fim de garan-
tir justiça na aplicação de qualquer norma. 
2. Dado o princípio da legalidade estrita, é proibido o uso 
de analogia em Direito Penal. 
3. No Código Penal, a exposição de motivos é exemplo de 
interpretação autêntica, pois é realizada no próprio 
texto legal. 
4. Em se tratando de Direito Penal, admite-se a analogia 
quando existir efetiva lacuna a ser preenchida e sua apli-
cação for favorável ao réu. Constitui exemplo de analo-
gia a aplicação ao companheiro em união estável da re-
gra que isenta de pena o cônjuge que subtrai bem per-
tencente ao outro cônjuge, na constância da sociedade 
conjugal. 
5. É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto. 
6. Em caso de omissão legal, o uso de analogia não é admi-
tido em Direito Penal, ainda que seja para favorecer o 
réu. 
7. Prevalece na doutrina o entendimento de que constitui 
ofensa ao princípio da legalidade a existência de leis pe-
nais em branco heterogêneas, ou seja, daquelas cujos 
complementos provenham de fonte diversa da que te-
nha editado a norma que deva ser complementada. 
8. O princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, 
às normas penais incriminadoras, excluindo-se de sua 
incidência as normas penais não incriminadoras. 
9. É permitida a criação de tipos penais por meio de me-
dida provisória. 
10. Pela analogia, meio de interpretação extensiva, busca-se 
alcançar o sentido exato do texto de lei obscura ou in-
certa, admitindo-se, em matéria penal, apenas a analo-
gia in bonam partem. 
11. O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conte-
údo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos 
penais de tal natureza somente podem ser criados por 
meio de lei em sentido estrito. 
12. Dado o princípio da legalidade, o Poder Executivo não 
pode majorar as penas cominadas aos crimes cometidos 
contra a administração pública por meio de decreto. 
13. Em caso de urgência, a definição do que é crime pode ser 
realizada por meio de medida provisória. 
14. As leis penais devem ser interpretadas sem ampliações 
por analogia, salvo para beneficiar o réu. 
15. O fato de determinada conduta ser considerada crime 
somente se estiver como tal expressamente prevista em 
lei não impede, em decorrência do princípio da anterio-
ridade, que sejam sancionadas condutas praticadas an-
tes da vigência de norma excepcional ou temporária que 
as caracterize como crime. 
16. Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à 
proibição de se realizar incriminações vagas e indeter-
minadas, visto que, no preceito primário do tipo penal 
incriminador, é obrigatória a existência de definição 
precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, 
com base em tal princípio, a criação de tipos que conte-
nham 
17. Fere o princípio da legalidade, também conhecido por 
princípio da reserva legal, a criação de crimes e penas 
por meio de medida provisória. 
18. O princípio da legalidade, que é desdobrado nos princí-
pios da reserva legal e da anterioridade, não se aplica às 
medidas de segurança, que não possuem natureza de 
pena, pois a parte geral do Código Penal apenas se refere 
aos crimes e contravenções penais. 
19. Considere que tenha sido editada uma lei que descrimi-
naliza um fato anteriormente descrito como infração pe-
nal, por não ser mais interessante, legítima e justa a pu-
nição dos autores de tal conduta. Nessa situação, a lei de 
abolitio criminis é retroativa e extingue o jus puniendi do 
Estado. 
20. Se o presidente do STF, em palestra proferida em semi-
nário para magistrados de todo o Brasil, interpreta uma 
lei penal recém-publicada, essa interpretação é conside-
rada interpretação judicial. 
LEI PENAL NO TEMPO (ARTS. 2º AO 4º) 
21. O direito penal, quanto ao tempo do crime, considera 
praticado o crime no momento do seu resultado. 
22. É possível que uma lei penal mais benigna alcance con-
dutas anteriores à sua vigência, seja para possibilitar a 
aplicação de pena menos severa, seja para contemplar 
situação em que a conduta tipificada passe a não mais 
ser crime. 
23. A revogação expressa de um tipo penal incriminador 
conduz a abolitio criminis, ainda que seus elementos 
passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma 
revogadora. 
24. Não retroage a lei penal que alterou o prazo prescricio-
nal de dois anos para três anos dos crimes punidos com 
pena máxima inferior a um ano. 
25. O instituto da abolitio criminis refere-se à supressão da 
conduta criminosa nos aspectos formal e material, en-
quanto o princípio da continuidade normativo-típica re-
fere-se apenas à supressão formal. 
26. Na hipótese de crime continuado ou permanente, deve 
ser aplicada a lei penal mais grave se esta tiver entrado 
em vigor antes da cessação da continuidade ou da per-
manência. 
27. Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em se-
guida, passou a viger a lei Y, que, além de ser mais gra-
vosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro foi le-
vado a julgamento pelo cometimento do citado delito. 
Nessa situação, o magistrado terá de se fundamentar no 
instituto da retroatividade em benefício do réu para 
aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y. 
 
— “Se você está tentando alcançar algo, haverá bloqueios. Eu os encontrei, todo mundo os encontrou. Mas obstáculos não podem 
te parar. Se você topar com uma parede, não vire e desista. Descubra como escalá-la, passe por ela, trabalhe nisso.”. (Michael 
Jordan) 2 
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TURMA: CARREIRAS POLICIAIS 
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EXERCÍCIOS 
28. Em relação à aplicação da lei penal no tempo e no es-
paço, no Código Penal adotaram-se, respectivamente, as 
teorias da atividade e da ubiquidade. 
Túlio sequestrou Caio com o intuito de obter vantagem pe-
cuniária por meio da exigência de resgate. Durante o período 
em que a vítima permaneceu presa no cativeiro, entrou em 
vigor uma nova lei penal que agravou a pena referente ao 
crime de extorsão mediante sequestro. Alguns meses depois, 
a vítima foi solta em virtude do pagamento do resgate. 
29. Com base nessa situação hipotética e na jurisprudência 
firmada pelos Tribunais Superiores, assinale a opção 
correta. 
a) Se Túlio for condenado por extorsão mediante se-
questro, deve ser aplicada a nova lei penal mais gra-
vosa. 
b) Se Túlio for condenado por extorsão mediante se-
questro, não se deve aplicar a nova lei penal mais 
gravosa, em razão do princípio da irretroatividade 
da lei penal mais severa. 
c) Se Túlio for condenado por extorsão mediante se-
questro, aplica-se uma combinação da lei antiga 
com a lei nova, para que sejam determinadas as dis-
posições mais favoráveis das duas leis. 
d) O crime de extorsão mediante sequestro consumou-
se com o pagamento do resgate. 
e) O crime de extorsão mediante sequestro consumou-
se com a exigência do resgate. 
30. A lei penal, depois de revogada, não pode continuar a re-
gular fatos ocorridos durante a sua vigência ou retroagir 
para alcançar os que tenham ocorrido anteriormente à 
sua entrada em vigor. 
31. No Código Penal (CP), é adotada a teoria da ubiquidade, 
segundo a qual tanto o momento da ação quanto o do 
resultado são relevantes para a definição do momento 
do crime. 
32. Em se tratando de crime continuado ou de crime perma-
nente, será aplicada a lei penal mais benéficacaso surja 
lei penal mais grave antes da cessação da continuidade 
ou permanência da conduta criminosa. 
33. De acordo com o Código Penal, considera-se praticado o 
crime no momento em que ocorreu seu resultado. 
34. De acordo com o CP, com relação à sucessão das leis pe-
nais no tempo, não se aplicam as regras gerais da irre-
troatividade da lei mais severa, tampouco a retroativi-
dade da norma mais benigna, bem como não se aplica o 
preceito da ultra-atividade à situação caracterizada pela 
chamada lei penal em branco. 
35. Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha se-
questrado uma criança com o intuito de receber certa 
quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima 
ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, prevendo 
pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais 
gravosa não incidirá sobre a conduta de Manoel. 
36. Considere que uma pessoa tenha sido denunciada pela 
prática de determinado fato definido como crime, que, 
em seguida, foi descriminalizado pela lei A. Posterior-
mente, foi editada a lei B, que revogou a lei A e voltou a 
criminalizar aquela conduta. Nessa situação, a última lei 
deve ser aplicada ao caso. 
37. A extra-atividade da lei penal constitui exceção à regra 
geral de aplicação da lei vigente à época dos fatos. 
38. A lei penal que, de qualquer modo, beneficia o agente 
tem, em regra, efeito extra-ativo, ou seja, pode retroagir 
ou avançar no tempo e, assim, aplicar-se ao fato prati-
cado antes de sua entrada em vigor, como também se-
guir regulando, embora revogada, o fato praticado no 
período em que ainda estava vigente. A única exceção a 
essa regra é a lei penal excepcional ou temporária que, 
sendo favorável ao acusado, terá somente efeito retroa-
tivo. 
39. A abolitio criminis faz cessar todos os efeitos penais, 
principais e secundários, subsistindo os efeitos civis. 
40. No delito continuado, a lei penal posterior, ainda que 
mais gravosa, aplica-se aos fatos anteriores à vigência 
da nova norma, desde que a cessação da atividade deli-
tuosa tenha ocorrido em momento posterior à entrada 
em vigor da nova lei. 
41. Suponha que Leôncio tenha praticado crime de estelio-
nato na vigência de lei penal na qual fosse prevista, para 
esse crime, pena mínima de dois anos. Suponha, ainda, 
que, no transcorrer do processo, no momento da prola-
ção da sentença, tenha entrado em vigor nova lei penal, 
mais gravosa, na qual fosse estabelecida a duplicação da 
pena mínima prevista para o referido crime. Nesse caso, 
é correto afirmar que ocorrerá a ultratividade da lei pe-
nal. 
42. No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra 
é a aplicação da lei apenas durante o seu período de vi-
gência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais 
benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade 
e a ultra-atividade. 
43. A abolitio criminis, que possui natureza jurídica de causa 
de extinção da punibilidade, conduz à extinção dos efei-
tos penais e extrapenais da sentença condenatória. 
44. Desde que em benefício do réu, a jurisprudência dos Tri-
bunais Superiores admite a combinação de leis penais, a 
fim de atender aos princípios da ultratividade e da re-
troatividade in mellius. 
45. Em relação ao tempo do crime, o legislador adotou, no 
CP, a teoria da atividade, considerando-o praticado no 
momento da ação ou omissão. 
46. A lei penal que beneficia o agente não apenas retroage 
para alcançar o fato praticado antes de sua entrada em 
vigor, como também, embora revogada, continua a reger 
o fato ocorrido ao tempo de sua vigência 
47. A lei penal que, de qualquer modo, beneficie o agente 
deve retroagir, desde que respeitado o trânsito em jul-
gado da sentença penal condenatória. 
48. Com relação ao tempo do crime, o CP adotou a teoria da 
atividade, pela qual se considera praticado o crime no 
 
— “Empenhar-se ativamente para alcançar determinado objetivo dá à vida significado e substância. Quem quiser vencer deve 
aprender a lutar, perseverar e sofrer.”. (Bruce Lee) 3 
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momento da ação ou da omissão, exceto se outro for o 
momento do resultado. 
49. Na hipótese de o agente iniciar a prática de um crime 
permanente sob a vigência de uma lei, vindo o delito a 
se prolongar no tempo até a entrada em vigor de nova 
legislação, aplica-se a última lei, mesmo que seja a mais 
severa. 
50. Considere que um indivíduo seja preso pela prática de 
determinado crime e, já na fase da execução penal, uma 
nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. 
Nessa situação, o indivíduo cumprirá a pena imposta na 
legislação anterior, em face do princípio da irretroativi-
dade da lei penal. 
51. Em caso de abolitio criminis, a reincidência subsiste, 
como efeito secundário da infração penal. 
LEI PENAL NO ESPAÇO (ARTS. 5º AO 7º) 
52. No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiqui-
dade, conforme a qual o lugar do crime é o da ação ou da 
omissão, bem como o lugar onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado. 
53. De acordo com o princípio da representação, a lei penal 
brasileira poderá ser aplicada a delitos cometidos em 
aeronaves ou embarcações brasileiras privadas, quando 
estes delitos ocorrerem no estrangeiro e aí não forem 
julgados. 
54. De acordo com o princípio da nacionalidade, é possível 
a aplicação da lei penal brasileira a fato criminoso lesivo 
a interesse nacional ocorrido no exterior. 
55. A aplicação da lei penal brasileira a cidadão brasileiro 
que cometa crime no exterior é possível, de acordo com 
o princípio da defesa. 
56. De acordo com o princípio da justiça penal universal, a 
aplicação da lei penal brasileira é possível independen-
temente da nacionalidade do delinquente e do local da 
prática do crime, se este estiver previsto em convenção 
ou tratado celebrado pelo Brasil. 
57. Segundo o princípio da territorialidade, a lei penal bra-
sileira poderá ser aplicada no exterior quando o sujeito 
ativo do crime praticado for brasileiro. 
58. A lei penal brasileira aplica-se ao crime perpetrado no 
interior de navio de guerra de pavilhão pátrio, ainda que 
em mar territorial estrangeiro, dado o princípio da ter-
ritorialidade. 
59. Ainda que se trate de tentativa delituosa, considera-se 
lugar do crime não só aquele onde o agente tiver prati-
cado atos executórios, mas também aquele onde deveria 
produzir-se o resultado. 
60. O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasi-
leira cometido no território da República Argentina fica 
sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente seja absolvido 
naquele país. 
61. Caso, a bordo de embarcação privada, em alto-mar, de 
propriedade de uma organização não governamental 
que ostente bandeira de país onde o aborto seja legali-
zado, um médico brasileiro provoque aborto em uma 
gestante brasileira, com seu consentimento, ambos res-
ponderão pelo crime de aborto previsto na lei penal bra-
sileira. 
62. Dado o princípio da extraterritorialidade incondicio-
nada, estará sujeito à jurisdição brasileira aquele que 
praticar, a bordo de navio a serviço do governo brasi-
leiro em águas territoriais argentinas, crime contra o pa-
trimônio da União. 
63. Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa 
comete latrocínio em embarcação brasileira mercante 
em alto-mar, aplica-se a lei brasileira. 
64. A extraterritorialidade da lei penal condicionada e a da 
incondicionada têm como elemento comum a necessi-
dade de ingresso do agente no território nacional. 
65. Somente mediante expressa manifestação pode o 
agente diplomático renunciar à imunidade diplomática, 
porquanto o instituto constitui causa pessoal de exclu-
são da pena. 
66. A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos 
no território nacional ainda que praticadosa bordo de 
aeronaves estrangeiras de propriedade privada em voo 
no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de con-
venções, tratados e regras de direito internacional. 
67. A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido 
contra a administração pública por servidor público em 
serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro. 
68. Em relação ao lugar do crime, o legislador adotou, no CP, 
a teoria do resultado, considerando praticado o crime 
no lugar onde se produziu ou deveria produzir-se o re-
sultado. 
69. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es-
trangeiro, os crimes contra a administração pública pra-
ticados por quem esteja ao seu serviço, exceto se o 
agente for absolvido no estrangeiro. 
70. Os crimes praticados no estrangeiro, em embarcações 
brasileiras mercantes, ficam sujeitos à lei brasileira, 
desde que, entre outras condições, não sejam julgados 
no estrangeiro. 
71. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es-
trangeiro, os crimes de genocídio praticados por brasi-
leiros natos, mas não os praticados por estrangeiros, 
ainda que residentes no Brasil. 
72. Os crimes cometidos no exterior por agente estrangeiro 
contra o patrimônio de sociedade de economia mista 
instituída pelo poder público federal brasileiro não se 
sujeitam à lei brasileira. 
73. O embaixador de um país estrangeiro que praticar um 
crime contra a vida do presidente da República Federa-
tiva do Brasil, neste país, deverá ser processado e jul-
gado segundo as leis brasileiras. 
 
— “Se você está tentando alcançar algo, haverá bloqueios. Eu os encontrei, todo mundo os encontrou. Mas obstáculos não podem 
te parar. Se você topar com uma parede, não vire e desista. Descubra como escalá-la, passe por ela, trabalhe nisso.”. (Michael 
Jordan) 4 
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EXERCÍCIOS 
PENA E EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA; 
CONTAGEM DE PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁ-
VEIS (ARTS. 8º AO 11) 
74. Sentença penal estrangeira pode ter eficácia no Brasil, 
possibilitando, inclusive, a reparação civil ex delicto. A 
sua eficácia depende de homologação pelo STJ, desde 
que haja comprovação da ocorrência do seu trânsito em 
julgado no país de origem. 
75. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Con-
tam-se as horas, os dias, os meses e os anos.do prazo no 
Código Penal. 
76. Considere a seguinte situação hipotética. Jurandir, cida-
dão brasileiro, foi processado e condenado no exterior 
por ter praticado tráfico internacional de drogas, e ali 
cumpriu seis anos de pena privativa de liberdade. Pelo 
mesmo crime, também foi condenado, no Brasil, a pena 
privativa de liberdade igual a dez anos e dois meses. 
Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Pe-
nal, a pena privativa de liberdade a ser cumprida por Ju-
randir, no Brasil, não poderá ser maior que quatro anos 
e dois meses. 
77. Na contagem dos prazos de prescrição e decadência, e 
assim também na contagem do prazo de cumprimento 
da pena privativa de liberdade, deve-se incluir o dia do 
começo. 
78. A homologação de sentença estrangeira no Brasil, nos 
casos em que a aplicação da lei brasileira produza na es-
pécie as mesmas consequências, independe de pedido 
da parte interessada, a fim de obrigar o condenado a re-
parar o dano. 
79. Na contagem do prazo penal, incluem-se o dia do início 
e o dia do final; por essa razão, incluem-se no cômputo 
das penas privativas de liberdade as frações de dia. 
80. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas 
restritivas de direitos, as frações de dia, mas, nas de 
multa, não se desconsideram as frações da moeda. 
Determinado cidadão brasileiro praticou delito de genocídio 
na Argentina, tendo matado membros de um grupo étnico 
daquele país, onde foi condenado definitivamente à pena 
máxima de oito anos de reclusão, segundo a legislação ar-
gentina. Após ter cumprido integralmente a pena, esse cida-
dão retornou a Maceió, cidade onde sempre estabeleceu do-
micílio. 
81. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção cor-
reta em relação à extraterritorialidade da lei penal, à 
pena cumprida no estrangeiro e à eficácia da sentença 
estrangeira. 
a) A hipótese revela situação de extraterritorialidade 
da lei penal brasileira, que seria aplicada apenas se 
o brasileiro não tivesse sido condenado na Argen-
tina. 
b) Se tivesse sido absolvido pela justiça argentina, o 
brasileiro não deveria ser submetido à aplicação da 
lei penal brasileira, sob pena de violação do princí-
pio da anterioridade. 
c) Nesse caso, o brasileiro poderá ser condenado no-
vamente pela justiça do Brasil e, se a pena aplicada 
no Brasil for superior àquela cumprida na Argen-
tina, será atenuada. 
d) A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei 
brasileira produz na espécie as mesmas consequên-
cias, não pode ser homologada no Brasil para fins de 
reparação civil. 
e) Por se tratar de delito de genocídio, a utilização da 
lei penal argentina afasta a aplicação da lei penal 
brasileira, que só seria aplicada caso as vítimas fos-
sem brasileiras. 
82. A sentença estrangeira não pode ser homologada ape-
nas para obrigar o condenado à reparação do dano e a 
outros efeitos meramente civis. 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS 
(ART. 12) 
83. A polícia, no cumprimento de mandado judicial, apreen-
deu na casa de Antônio, guardadas em lugares distintos, 
cem gramas de cocaína e uma balança de precisão para 
venda de cocaína, configurando-se, nessa hipótese, mais 
de um crime de tráfico de entorpecentes. 
84. De acordo com a atual jurisprudência do STJ, a aplicação 
do princípio da consunção pressupõe a existência de ilí-
citos penais que funcionem como fase normal de prepa-
ração ou de execução de outro crime com evidente vín-
culo de dependência ou subordinação entre eles. 
85. Aquele que utilizar laudo médico falso para, sob a alega-
ção de possuir doença de natureza grave, furtar-se ao 
pagamento de tributo, deverá ser condenado apenas 
pela prática do delito de sonegação fiscal se a falsidade 
ideológica for cometida com o exclusivo objetivo de 
fraudar o fisco, em virtude da aplicação do princípio da 
subsidiariedade. 
86. O princípio da consunção enseja a absorção de um delito 
por outro, sendo aplicável aos casos que envolvam 
crime progressivo, crime complexo, progressão crimi-
nosa, fato posterior não punível e fato anterior não pu-
nível. 
87. Aplica-se o princípio da especificidade aos tipos mistos 
alternativos, já que, mesmo havendo várias formas de 
conduta no mesmo tipo, somente um único delito será 
consumado, independentemente da quantidade de con-
dutas realizadas no mesmo contexto. 
88. Considera-se, em relação aos crimes de conteúdo múlti-
plo, que, se em um mesmo contexto, o agente realizar 
ação correspondente a mais de um dos verbos do núcleo 
do tipo penal, ele só deverá responder por um único de-
lito, em virtude do princípio da alternatividade. 
89. Havendo conflito aparente de normas, aplica-se o prin-
cípio da subsidiariedade, que incide no caso de a norma 
descrever várias formas de realização da figura típica, 
bastando a realização de uma delas para que se confi-
gure o crime. 
90. Considere que Alberto, querendo apoderar-se dos bens 
de Cícero, tenha apontado uma arma de fogo em direção 
 
— “Empenhar-se ativamente para alcançar determinado objetivo dá à vida significado e substância. Quem quiser vencer deve 
aprender a lutar, perseverar e sofrer.”. (Bruce Lee) 5 
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a ele, constrangendo-o a entregar-lhe a carteira e o apa-
relho celular. Nessa situação hipotética, da mera compa-
ração entre os tipos descritos como crime de constran-
gimento ilegal e crime de roubo, aplica-se o princípioda 
especialidade a fim de se tipificar a conduta de Alberto. 
91. Considere que Adolfo, querendo apoderar-se de bens 
existentes no interior de uma casa habitada, tenha aden-
trado o local e subtraído telas de LCD e forno micro-on-
das. Nessa situação, aplicando-se o princípio da consun-
ção, Adolfo não responderá pelo crime de violação de 
domicílio, mas somente pelo crime de furto. 
92. Segundo Nelson Hungria, aplica-se o princípio da subsi-
diariedade aos crimes de ação múltipla ou de conteúdo 
variado, ou seja, aos crimes plurinucleares. 
93. Para o princípio da consunção não é importante a rela-
ção entre meio e fim, mas o grau de violação do mesmo 
bem jurídico. 
94. Na consunção, há indispensável diferença de bens jurí-
dicos tutelados, e a pena cominada na norma consunta 
deve ser maior e abranger a da norma consuntiva. 
95. O princípio da consunção, consoante posicionamento 
doutrinário e jurisprudencial, resolve o conflito apa-
rente de normas penais quando um crime menos grave 
é meio necessário, fase de preparação ou de execução de 
outro mais nocivo, respondendo o agente somente pelo 
último. Há incidência desse princípio no caso de porte 
de arma utilizada unicamente para a prática do homicí-
dio. 
96. Conflitos aparentes de normas penais podem ser soluci-
onados com base no princípio da consunção, ou absor-
ção. De acordo com esse princípio, quando um crime 
constitui meio necessário ou fase normal de preparação 
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais 
abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do 
crime de falsificação de documento para a prática do 
crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, 
este absorve aquele. 
97. O princípio da especialidade, aplicado na solução do 
conflito aparente de normas penais, tem a finalidade es-
pecífica de evitar o bis in idem e determina a prevalência 
da norma especial em comparação com a geral, ocor-
rendo apenas no confronto in concreto das leis que de-
finem o mesmo fato. 
98. Caso haja antinomia entre duas leis penais, devem ser 
observados os seguintes critérios: especialidade, subsi-
diariedade, consunção, alternatividade e exclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITOS 
1. E 21. E 41. C 61. E 81. C 
2. E 22. C 42. C 62. E 82. E 
3. E 23. E 43. E 63. C 83. E 
4. C 24. C 44. E 64. E 84. C 
5. E 25. C 45. C 65. E 85. E 
6. E 26. C 46. C 66. C 86. C 
7. E 27. E 47. E 67. C 87. E 
8. C 28. C 48. E 68. E 88. C 
9. E 29. A 49. C 69. E 89. E 
10. E 30. E 50. E 70. C 90. E 
11. C 31. E 51. E 71. E 91. C 
12. C 32. E 52. C 72. E 92. E 
13. E 33. E 53. C 73. E 93. E 
14. C 34. E 54. E 74. C 94. E 
15. E 35. E 55. E 75. E 95. C 
16. C 36. E 56. E 76. E 96. C 
17. C 37. C 57. E 77. C 97. E 
18. E 38. E 58. C 78. E 98. E 
19. C 39. C 59. C 79. E  
212585212 20. E 40. C 60. C 80. E 
	PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL (ART. 1º)
	LEI PENAL NO TEMPO (ARTS. 2º AO 4º)
	LEI PENAL NO ESPAÇO (ARTS. 5º AO 7º)
	PENA E EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA; CONTAGEM DE PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS (ARTS. 8º AO 11)
	CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS (ART. 12)
	GABARITOS

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