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DIREITO APLICADO A GESTÃO

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Direito Aplicado 
à Gestão
Everaldo Asevedo Mattos
Graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL).
Professor no Ensino Superior dos cursos de Hotelaria, Marketing, Gestão de Recursos 
Humanos e Processos Gerenciais do Centro Universitário Jorge Amado (UniJorge).
Professor e tutor da disciplina de Direito Empresarial no curso de Administração a 
Distância da Universidade Salvador (UNIFACS).
Autor de conteúdos didáticos para EaD.
SOCIEDADE BAIANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA – ASBEC
Presidência do Conselho de Administração 
José Eugênio Barreto da Silva
Presidência
Viviane Brito de Lucca Silva 
Direção de Operações e Expansão 
Lila Lopes 
Direção Administrativo-Financeira
Marcelo Adler
Assessoria de Governança
Silvio Bello
CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO – UNIJORGE
Reitoria
Viviane Brito de Lucca Silva
Pró-Reitoria de Educação a Distância
Simone de Oliveira Branco
Coordenação Acadêmica
Arlete Lima da Cruz
Coordenação de Desenvolvimento e Produção de Conteúdos
Karen Sasaki
Assessoria de Educação a Distância 
José Maria Nazar David
AYMARÁ EDIÇÕES E TECNOLOGIA LTDA.
Diretoria-Geral
Áureo Gomes Monteiro Júnior
Diretoria de Produção Editorial
Júlio Röcker Neto
Gerência de Produção Editorial
Jeferson Freitas
Gerência de Produção Gráfico-Visual
Paulo Sezerban
Gerência de Patrimônio Intelectual
Célia Suzuki
Coordenação de Produção Editorial
Jurema Ortiz
Edição
Gustavo Bitencourt
Revisão
Gláucia Rodrigues
Isabela Domingues
Noriê Winkler
Pesquisa de Imagens
Susan Rocha
Projeto Gráfico
Cynthia Amaral
Diagramação 
Fábio Rocha
Ilustração
Felipe Grosso
Tratamento de Imagens
Sandra Ribeiro
M444 Mattos, Everaldo Asevedo.
 Direito aplicado à gestão / Everaldo Asevedo Mattos;
 ilustrações Felipe Grosso. – Curitiba: Aymará, 2008.
 : il. – (Série EAD – UniJorge).
ISBN 978-85-7841-023-0 (Material impresso)
ISBN 978-85-7841-024-7 (Material virtual)
1. Direito empresarial. I. Grosso, Felipe. II. Título.
III. Série.
CDU 347.72
Dados internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
(Mônica Catani M. de Souza , CRB-9/807, PR, Brasil)
Apresentação
Seja bem-vindo a este nosso fluxo de construção de aprendizado da dis-
ciplina de direito aplicado à gestão.
Com essa disciplina – essencial para o desempenho de suas ativida-
des profissionais –, queremos oferecer conhecimentos sobre leis e institutos 
de importante repercussão em sua futura atuação como gestor, com especial 
atenção para a teoria geral dos contratos; o estudo da relação de emprego, da 
relação entre empregado e empregador, do contrato de trabalho, dos principais 
direitos trabalhistas e das principais relações de trabalho; para o entendimento 
da constituição e gestão de uma sociedade limitada e das noções básicas dos 
princípios que regem a administração pública e a atividade tributária.
Na construção desse aprendizado, buscamos sempre associar as infor-
mações estudadas à efetiva atuação profissional, tanto de gestor de recursos 
humanos quanto de pequenas e médias empresas, sempre contextualizando-
as de forma que torne a sua aplicação o mais prática possível. Nesse sentido, 
em alguns momentos, você terá de se colocar no papel de futuro administrador 
e responder a atividades, estudar casos e tentar elaborar um material que, cer-
tamente, será muito útil e proveitoso para o desempenho de suas atividades 
profissionais. 
Bons estudos!
Conteúdos da disciplina
CAPÍTULO 1 – TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Princípios gerais do direito contratual
Requisitos essenciais dos contratos
Formação dos contratos
Extinção e revisão judicial dos contratos
CAPÍTULO 2 – DIREITO APLICADO À GESTÃO
Princípios do direito individual do trabalho
Relação de trabalho e relação de emprego
Empregado e empregador
Terceirização
CAPÍTULO 3 – DIREITO DO TRABALHO: CONTRATO DE TRABALHO
Salário e remuneração
Jornada de trabalho, repouso semanal e férias
Modalidades de contrato de trabalho 
Extinção do contrato de trabalho
CAPÍTULO 4 – DIREITO SOCIETÁRIO: NOÇÕES DE TRIBUTAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Introdução ao direito societário: constituição de sociedade contratual
Aspectos da sociedade limitada
Dissolução de sociedade contratual
Noções de tributação e administração pública
Capítulo 1
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO 
CONTRATUAL
Conteúdo programático
 Noções de direito
 Princípios gerais do direito contratual
Objetivos
 Compreender algumas noções introdutórias sobre o direito.
 Compreender os princípios gerais que regem as relações contratuais.
6
O que é O direitO?
Para chegar a um conceito minimamente satisfatório sobre uma área do co-
nhecimento tão rica e em permanente transformação, como é a ciência jurídica, 
vamos a uma breve contextualização histórica.
Ao longo da história da sociedade, o ser humano foi confrontado com a 
necessidade de estabelecer regras de convivência, normas de conduta que per-
mitissem o convívio social. Na Grécia Antiga, Aristóteles e outros filósofos estive-
ram entre os primeiros a reconhecer que o homem, como animal político, nasceu 
para viver em sociedade. A fim de garantir um mínimo de paz e harmonia social, 
o próprio homem reconheceu sua necessidade de se submeter a regras, ordens 
e convenções.
Na Antiga Roma, surgiu o que até hoje se conhece como direito romano, com 
suas normas que procuraram regulamentar inicialmente o direito de propriedade, 
abordando o direito de vizinhança (o direito de propriedade perante seus vizinhos) 
e a transmissão de bens, por exemplo, e depois vários outros aspectos da vida em 
sociedade. Assim surgiram outras normas voltadas a prevenir possíveis conflitos 
familiares, como as que se referiam aos direitos dos herdeiros, e normas estipulan-
do atividades consideradas criminosas e sua respectiva punição. 
O direito romano foi um dos primeiros conjuntos de regras e princípios cria-
dos para estipular, por exemplo, como se daria a transmissão da herança de um 
soldado morto em batalha, a punição de alguém que roubasse, a ordem de su-
cessão dos imperadores, etc. É considerado o mais importante na consolidação 
da civilização ocidental, por ser construído a partir de uma escola de pensadores 
não vinculados a crenças religiosas específicas, mas, sim, ao estudo das relações 
dentro da própria sociedade, a exemplo de Aristóteles, Sócrates e Platão.
Com esse olhar breve sobre a história do mundo ocidental, já é possível 
entender melhor e até mesmo esboçar um conceito de “direito”:
Conjunto de regras, princípios e instituições criados com o intuito de pre-
venir e solucionar conflitos e, assim, regular a vida humana em sociedade, 
buscando garantir a paz e a harmonia social.
Mas de onde surgem essas normas que aceitamos que regulem nossa vida 
em sociedade?
Por que se decidiu criar, no Brasil e em diversos outros 
países, um Código de Defesa do Consumidor?
Por que determinados crimes passaram a ser classificados 
como hediondos?
7
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Para todas essas perguntas, a resposta pode ser resumida da seguinte for-
ma: determinados fatos ocorreram repetidamente ao longo da história. Diante dis-
so, a sociedade, ou pelo menos uma parte significativa dela, passou a atribuir a 
esses fatos determinados valores. Da interação entre fatos e valores nasceu a 
necessidade de se criarem normas jurídicas que regulamentassem as relações 
das pessoas com esses fatos de forma unificada, cabendo ao Poder Legislativo 
eleito elaborar a norma que irá regulamentar aquele determinado fato, levando em 
consideração, obviamente, o contexto social, político e econômico.
Assim, retornando às questões propostas, podemos avaliar alguns fatos e 
valores que estão relacionados a esses aspectos. Vejamos:
Por que se decidiu criar, no Brasil e em diversos outros países, um Códi-
go de Defesa do Consumidor?Fato: Surge uma sociedade de consumo, em que conglomerados empre-
sariais dominam o mercado e submetem os consumidores ao seu 
domínio econômico.
Valores: Isso levou uma ampla parcela de pessoas a demandar mecanismos 
para controlar a atividade dessas empresas, especialmente quanto 
à responsabilidade delas com relação aos produtos que colocam 
no mercado.
Norma: Com o tempo, surge o Código de Defesa do Consumidor.
Por que determinados crimes passaram a ser classificados como hedion-
dos?
Fato: A escalada do narcotráfico, por exemplo, foi acompanhada pelo 
aumento do número de vítimas de sequestros e homicídios relacio-
nados a essa atividade criminosa.
Valores: Isso levou a população a exigir atitudes mais enérgicas na punição 
desses traficantes, sequestradores e assassinos, o que acarretou, 
entre outras consequências, o surgimento, no Brasil, da Lei dos 
Crimes Hediondos.
Norma: As penas impostas a esse tipo de infrator foram agravadas, bem 
como as condenações a eles impostas.
E assim surge o direito: da atribuição de determinado valor a um fato social, 
que resulta em uma norma, princípio ou instituição voltada a regular, de forma 
unificada, a relação de uma comunidade com aquele determinado fato.
E assim também surgiram, mais especificamente, o direito contratual e a teo-
ria geral dos contratos, que veremos a seguir.
8
O cOntratO e O direitO cOntratual
O contrato, acordo voltado a estipular direitos e obrigações entre pessoas, 
também existe desde a Roma Antiga, já tendo seus pressupostos básicos, seus 
limites e sua eficácia definidos pelo próprio direito romano. Ao longo da história, 
com a queda dos Estados totalitários e o surgimento dos Estados democráticos, 
as relações particulares entre as pessoas se intensificam e precisam ser regula-
mentadas por contratos. O direito contratual surge da necessidade de princípios 
para nortear essas relações fundadas em instrumentos contratuais e solucionar 
eventuais conflitos.
Princípios gerais do direito contratual
Para o direito, princípios são noções básicas, fundamentos que norteiam a 
criação, aplicação e interpretação das normas jurídicas (leis, decretos, etc.).
Os princípios gerais do direito contratual são os seguintes:
Autonomia da vontade ƒ
Consensualismo ƒ
Força obrigatória dos contratos ƒ
Relatividade dos efeitos dos contratos ƒ
Boa-fé objetiva ƒ
Função social do contrato ƒ
Autonomia da vontade
Em direito contratual, a autonomia da vontade das partes contratantes con-
siste na liberdade de:
escolher se querem celebrar contrato ou não; ƒ
escolher a outra parte com quem desejam se vincular mediante contrato; ƒ
estipular livremente as cláusulas contratuais e a forma do contrato. ƒ
É claro que, segundo o objetivo primordial do direito, que é estipular normas 
de conduta para regular a vida humana em sociedade e preservar a harmonia 
social, essa autonomia sofre algumas limitações, especialmente decorrentes de 
normas de ordem pública, dos bons costumes, da possibilidade de revisão judicial 
dos contratos e do próprio princípio da função social dos contratos, como veremos 
mais adiante.
Consensualismo
Segundo esse princípio, se as partes estão de acordo com os termos do 
contrato, isso é suficiente para que ele seja válido, não sendo necessária qualquer 
9
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
outra solenidade, exceto quando exigida por lei. É o caso, por exemplo, do contrato 
de compra e venda de imóveis de valor superior a 30 salários mínimos, que somen-
te pode ser celebrado mediante escritura pública, conforme previsto no artigo 108 
do Código Civil.
Força obrigatória dos contratos
Uma noção popular, originária do antigo direito romano, é a de que “o contra-
to faz lei entre as partes”. É justamente esse o princípio da força obrigatória: uma 
vez celebrado, o contrato não pode ser alterado por vontade de apenas uma das 
partes contratantes, nem mesmo pelo Poder Judiciário. A exceção se dá pela pos-
sibilidade de revisão judicial do contrato para reequilibrar a relação contratual, afe-
tada por circunstâncias extraordinárias e imprevistas, que tornaram o cumprimento 
da obrigação de uma das partes excessivamente oneroso. Essa possibilidade será 
estudada adiante.
Relatividade dos efeitos dos contratos
Os efeitos desejados com a celebração do contrato limitam-se às partes que 
efetivamente concordam com seus termos. Dessa forma, ele não pode atingir ter-
ceiros que não se vincularam a ele expressamente. Também não pode o objeto 
do contrato incidir sobre bens de terceiros. Esse princípio, contudo, também sofre 
algumas exceções previstas em lei, retratadas, por exemplo, nas estipulações em 
favor de terceiros (artigos 436 a 438 do Código Civil), como ocorre na contratação 
de um seguro de vida, em que o beneficiário não é o segurado, mas, sim, outra 
pessoa, que, em muitos casos, nem sequer tem conhecimento do contrato.
Boa-fé objetiva
A boa-fé objetiva é o dever das partes de agir de forma correta, eticamente 
aceita, antes, durante e mesmo depois de terminada a relação contratual. Esse 
princípio surge também como interpretação a ser adotada na solução de eventual 
disputa entre as partes contratantes, devendo, nessa situação, o juiz a que foi sub-
metida a decisão do embate analisar o conflito à luz da boa-fé, que deve orientar 
como as pessoas irão agir. 
Por exemplo, digamos que num contrato de locação não foi expressamente 
prevista a data de pagamento do aluguel, porém o locador concordou em sempre 
receber até o dia 5 de cada mês. Se o locador, sem acerto prévio, começar a cobrar 
juros ou multa a partir do dia 1.o, estará agindo de má-fé.
Função social do contrato
O princípio da função social do contrato é uma limitação ao princípio da auto-
nomia da vontade, uma vez que o Código Civil brasileiro prevê, no artigo 421, que a 
liberdade de contratar deverá ser exercida nos limites da função social do contrato. 
Isso significa que sempre deve prevalecer o interesse social e não o particular.
10
PROjETO DE LEI FEDERAL N.O 1.151
De autoria da Deputada Federal Marta Suplicy (PT-SP). 
Disciplina a união civil entre pessoas do mesmo sexo e dá outras providências.
justificativa
O presente projeto de lei visa o reconhecimento das relações entre pes-
soas do mesmo sexo, relacionamentos estes que cada vez mais vêm se im-
pondo em nossa sociedade. 
A ninguém é dado ignorar que a heterossexualidade não é a única for-
ma de expressão da sexualidade da pessoa humana. O Conselho Federal de 
Medicina, antecipando-se à Organização Mundial da Saúde, já em 1985 tornou 
sem efeito o código 302, o da Classificação Internacional de Doenças, não con-
siderando mais a homossexualidade como “desvio ou transtorno sexual”. A so-
ciedade vive uma lacuna em relação às pessoas que não são heterossexuais. 
Elas não têm como regulamentar a relação entre si e perante a sociedade, tais 
como pagamento de impostos, herança, etc. Essa possibilidade de parceria só é 
reconhecida entre heterossexuais. E os outros tantos? 
Realidade e direitos 
Esse projeto pretende fazer valer o direito à orientação sexual, hetero, 
bi ou homossexual, como expressão dos direitos inerentes à pessoa hu-
mana. Se os indivíduos têm direito à busca da felicidade, por uma norma 
imposta pelo direito natural a todas as civilizações, não há por que continuar 
negando ou querendo desconhecer que muitas pessoas só são felizes se 
Leia alguns trechos da justificativa do Projeto de Lei Federal n.o 1.151, que 
está em tramitação no Senado e que regulamentaria a união civil entre pessoas do 
mesmo sexo. O texto mais completo pode ser encontrado em http://www.ggb.org.
br/projetolei_1151.html.
Apesar de causar estranhamento, essa determinação está de acordo com o 
objetivo maior do direito, que é regular a vida humana em sociedade. Assim, evita-
-se que os particularescometam desmandos em seus contratos. Tal princípio justi-
fica, por exemplo, a intervenção estatal na aquisição da Varig pela Gol, ou na fusão 
da Antarctica com a Brahma, a fim de evitar, nos dois casos, a monopolização dos 
setores da aviação e de comercialização de bebidas, respectivamente.
Ao conhecer esses princípios que norteiam os contratos, durante e após a 
sua vigência, é possível agir de acordo com o direito, e de forma ética, em nosso 
dia a dia, no que se refere às relações de negócios.
Leitura complementar
11
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
ligadas a outras pessoas do mesmo sexo. Longe de escândalos ou ano-
malias, é forçoso reconhecer que essas pessoas só buscam o respeito às 
uniões enquanto parceiros, respeito e consideração que lhes são devidos 
pela sociedade e pelo Estado. [...]
Solidariedade 
A possibilidade de oficializar a união civil entre pessoas do mesmo 
sexo permitirá, como nas uniões heterossexuais, que em períodos de crise 
os casais possam ser ajudados. Os casais heterossexuais casados, quando 
passam por problemas, enfrentam vários fatores que impedem uma ruptura 
imediata. 
Uma parceria legalizada será sinal de que o casal [...], para suas famílias, 
amigos e sociedade, deseja manter uma relação de compromisso. Isso será 
enfatizado pelo status formal e legal da união. Muitos casais homossexuais 
acham uma injustiça que mesmo depois de muitos anos de coabitação ain-
da sejam considerados – legal, econômica e socialmente – meramente como 
duas pessoas que dividem uma residência. 
Relacionamentos estáveis proverão segurança e um sentimento de per-
tencer. A maioria dos homossexuais sozinhos não é reconhecida pelas famílias. 
As pessoas com orientação homossexual possuem a mesma necessidade de 
segurança e proximidade que pessoas com orientação heterossexual e devem 
ter direitos ao mesmo apoio nas relações permanentes. 
O projeto de união civil entre pessoas do mesmo sexo não vai resolver 
todos esses problemas nem fazer com que todas as famílias aceitem essa 
situação, mas certamente poderá ter um efeito estabilizador. 
[...]
Diferenças e semelhanças entre união civil e casamento 
A possibilidade de regularizar uma situação de união já existente tornará 
esses relacionamentos mais estáveis, na medida em que serão solucionados 
problemas práticos, legais e financeiros. A vida social dos casais homosse-
xuais também será afetada, fazendo com que sejam mais bem aceitos pela 
sociedade e até pelas próprias famílias. 
Esse projeto procura disciplinar a união civil entre pessoas do mesmo 
sexo e não se propõe dar às parcerias homossexuais um status igual ao do 
casamento. O casamento tem um status único. Esse projeto fala de “parceria” 
e “união civil”. 
Os termos “matrimônio” e “casamento” são reservados para o casamento 
heterossexual, com suas implicações ideológicas e religiosas. 
Está entendido, portanto, que todas as provisões aplicáveis aos casais ca-
sados também devem ser direito das parcerias homossexuais permanentes. 
12
Após conceituar o “direito” a partir de seu surgimento histórico, você deu o 
primeiro passo no estudo da teoria geral dos contratos, conhecendo os princípios 
gerais do direito contratual, que farão parte das próximas discussões.
A possibilidade para casais de gays e lésbicas registrarem suas parce-
rias implicará na aceitação por parte da sociedade de duas pessoas do mesmo 
sexo viverem juntas numa relação emocional permanente. 
Aspectos jurídicos 
O projeto de lei que disciplina a união civil entre pessoas de mesmo sexo 
vem regulamentar, por meio do direito, uma situação que há muito já existe de 
fato. E, o que de fato existe, de direito não pode ser negado. 
A criação desse novo instituto legal é plenamente compatível com o 
nosso ordenamento jurídico, tanto no que se refere a seus aspectos formais 
quanto de conteúdo. É instituto que guarda perfeita harmonia com os objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil – constitucionalmente garanti-
dos – de construir uma sociedade livre, justa e solidária e promover o bem de 
todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação (artigo 3.o, I e IV, da Constituição Federal). 
A figura da união civil entre pessoas do mesmo sexo não se confunde 
nem com o instituto do casamento, regulamentado pelo Código Civil brasileiro, 
nem com a união estável, prevista no parágrafo 3.o do artigo 226 da Constitui-
ção Federal. É mais uma relação entre particulares que, por sua relevância e 
especificidade, merece a proteção do Estado e do direito. 
O projeto estabelece com clareza os direitos que visa proteger nessa 
relação. As formalidades nele previstas servem não só como uma garan-
tia entre os próprios contratantes, mas também perante terceiros; servem, 
ainda, como um indicador, para a sociedade, de quão sério é o tema nele 
tratado e da expectativa de durabilidade e estabilidade que têm em suas 
relações. Para sua melhor adequação ao ordenamento jurídico, propõem-se 
algumas pequenas, porém significativas, alterações de legislações específi-
cas, como em alguns artigos: da lei de registros públicos, da lei de benefícios 
previdenciários, do estatuto dos servidores públicos federais e da lei dos 
estrangeiros.
A sociedade brasileira é dinâmica e abarca uma diversidade de relações; 
o direito brasileiro deve acompanhar. [...]
GRUPO GAY DA BAHIA. Projeto de Lei Federal n.o 1.151. 
Disponível em: <http://www.ggb.org.br/projetolei_1151.html>. 
Acesso em: 7 abr. 2008. (Adaptado).
Síntese
13
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
O princípio pelo qual duas ou mais vontades bastam para gerar o contrato vá-1. 
lido, não se exigindo qualquer solenidade especial para a formação do vínculo 
de contrato, é:
autonomia da vontade;a) 
consensualismo;b) 
força obrigatória dos contratos;c) 
boa-fé objetiva;d) 
relatividade dos efeitos do contrato.e) 
Assinale F para as alternativas falsas e V para as verdadeiras:2. 
O princípio da autonomia da vontade particulariza-se no direito contratual ( ) 
na liberdade de contratar, que tem como única limitação as normas de 
ordem pública. 
O princípio da força obrigatória dos contratos é aquele que se baseia na ( ) 
regra de que as condições estabelecidas no contrato deverão ser fielmen-
te cumpridas. 
Em observância ao princípio da relatividade dos efeitos do contrato, não ( ) 
podem as partes contratantes estipular no contrato vantagem em favor de 
terceiro que a ele não se vinculou.
O princípio da função social do contrato, ao preservar a prevalência do ( ) 
interesse social sobre o interesse particular, mesmo na celebração dos 
contratos, acaba por instituir limitação ao exercício da autonomia da von-
tade das partes contratantes. 
Durante as atividades do nosso dia a dia, é comum nos depararmos com si-3. 
tuações em que não sabemos se existe norma de conduta própria, prevista 
em direito, ou em que simplesmente discordamos da norma que conhecemos. 
Você se lembra de ter vivenciado alguma situação desse tipo? Compartilhe 
sua experiência apresentando-a no fórum Direito: fato, valor e norma, para que 
possamos conversar a respeito do tema e, eventualmente, encontrar a melhor 
norma de conduta a ser adotada em relação à situação apresentada.
Está em discussão no Brasil o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional 4. 
prevendo o reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Qual 
a sua opinião sobre o assunto? Pesquise e leia o projeto de lei em questão, 
reúna seus próprios argumentos e expresse suas opiniões no fórum Direitos 
em debate. Vamos analisar como esse fato pode se tornar uma norma e as 
repercussões que pode ter.
Atividades
14
Anotações
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e 
extracontratuais.23. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
GRUPO GAY DA BAHIA. Projeto de Lei Federal n.o 1.151. Disponível em: <http://www.ggb.
org.br/projetolei_1151.html>. Acesso em: 7 abr. 2008.
KRUSHEWSKY, Eugênio. Teoria geral dos contratos civis. Salvador: JusPodivm, 2006.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos 
contratos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Referências
Capítulo 1
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
REqUISITOS ESSENCIAIS DOS 
CONTRATOS
Conteúdo programático
 Requisitos essenciais dos contratos
Objetivo
 Promover a compreensão dos requisitos essenciais aos 
contratos em geral.
16
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
Pelo presente instrumento particular,
como CONTRATANTE, GESTÃO DE SUCESSOS LTDA., sediada na cidade de Salvador, estado 
da Bahia, na Rua 01, n.o 01, inscrita no CNPJ/MF sob o n.o 00.000.001/0001-01, neste 
ato por seu representante legal abaixo assinado; e
como CONTRATADA, EXCELÊNCIA EM TREINAMENTO LTDA., sediada na cidade de Salvador, 
estado da Bahia, na Rua 10, n.o 10, inscrita no CNPJ/MF sob o n.o 00.000.010/0001-10, 
neste ato por seu representante legal abaixo assinado;
resolvem celebrar o presente CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, mediante as seguin-
tes cláusulas e condições:
DO OBJETO
1.1. Constitui objeto do presente contrato a prestação, pela CONTRATADA, de servi-
ços de treinamento dos empregados da CONTRATANTE.
1.1.1. Os serviços de treinamento mencionados no item 1.1. consistirão no desen-
volvimento, em conjunto pela CONTRATANTE e CONTRATADA, de palestras motivacionais 
e cursos de aperfeiçoamento profissional a serem ministrados junto aos empregados 
da CONTRATANTE.
1.1.2. Por força do contrato ora celebrado, a CONTRATADA se obriga a:
a) realizar os treinamentos solicitados nos termos aprovados pela CONTRATANTE, res-
ponsabilizando-se, inclusive, pela elaboração e fornecimento de todo o material 
didático;
b) indicar à CONTRATANTE profissionais para ministrarem os cursos/palestras apro-
vados;
c) entregar, até o dia 05 do mês subsequente, relatório contendo os dados referentes 
aos cursos/palestras ministrados no mês anterior;
d) apresentar, junto com a nota fiscal a ser entregue à CONTRATANTE até o dia 10 do 
mês subsequente ao vencido, os comprovantes de pagamento dos valores devidos aos 
profissionais envolvidos na prestação dos serviços ora contratados e os compro-
vantes de cumprimento das obrigações trabalhistas pertinentes.
1.1.3. Por força do contrato ora celebrado, a CONTRATANTE se obriga a:
a) reunir-se periodicamente com a CONTRATADA, a fim de definir os novos cursos/pa-
lestras a serem ministrados e de avaliar o correspondente material didático a ser 
produzido pela CONTRATADA e as indicações apresentadas por esta de profissionais 
responsáveis por realizar o curso/palestra;
b) contratar diretamente os profissionais necessários para ministrar os cursos ou 
palestras aprovados;
c) disponibilizar as instalações e os equipamentos necessários à realização dos 
cursos/palestras;
d) pagar, até o dia 15 do mês subsequente, a remuneração devida à CONTRATADA, que 
será composta da seguinte forma: (I) R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por cada 
palestra ministrada; e (II) R$ 10.000,00 (dez mil reais) por cada dia de curso 
ministrado.
E, por assim estarem justas e contratadas, as partes assinam o presente instrumento 
em 02 (duas) vias de igual teor e forma, na presença de duas testemunhas.
Salvador, 1.o de janeiro de 2008.
GESTÃO DE SUCESSOS LTDA.
EXCELÊNCIA EM TREINAMENTO LTDA.
Como você viu anteriormente, o contrato é um instrumento que estipula direitos 
e obrigações entre particulares. O direito reconhece seus efeitos e sua eficácia 
e, com o princípio da força obrigatória, o contrato pode “fazer lei entre as partes 
contratantes”.
Observe este modelo de contrato:
17
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
A fim de reconhecer a validade de tal instrumento, o direito contratual prevê, 
no artigo 104 do Código Civil, requisitos mínimos e essenciais a serem observados 
na celebração de qualquer contrato. Observe:
Um casal decide comprar um imóvel que foi posto à venda 
por três irmãos, que o herdaram de seus pais, recentemente 
falecidos. Quantas pessoas estão envolvidas nessa 
relação? E quantas partes deverão constar no contrato de 
compra e venda?
Após analisar a situação, você pode ter respondido que o 
contrato envolverá a participação de cinco pessoas: o ca-
sal e os três irmãos. No entanto, constariam apenas duas 
partes: os compradores (o casal) e os vendedores (os três 
irmãos). 
Artigo 104 – A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei.
Requisitos subjetivos
Os requisitos subjetivos referem-se ao agente (ou sujeito) e são condições 
impostas pela lei às partes, as quais, caso não sejam observadas, podem levar à 
anulação do contrato. São eles:
Existência de duas ou mais partes ƒ
Capacidade legal ƒ
Consentimento das partes envolvidas ƒ
Assim, fica claro que não existe vinculação entre a quanti-
dade de partes e a quantidade de pessoas numa relação 
contratual.
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Existência de duas ou mais partes
Voltando ao exemplo, o casal tem interesse de comprar conjuntamente um 
imóvel, onde poderão construir sua vida a dois. Por terem esse interesse comum, 
constituem uma parte do contrato: os compradores. Do outro lado, os três irmãos 
querem vender o imóvel herdado de seus pais e também têm um interesse co-
mum, compondo, dessa forma, a outra parte do contrato: os vendedores.
O entendimento dessa distinção é importante para a fixação do primeiro re-
quisito subjetivo de validade dos contratos, que é a existência de duas ou mais 
partes. Obviamente, se o contrato é um acordo de vontades, que estipula direitos 
e obrigações entre particulares, é necessário que existam ao menos dois centros 
de interesse diferentes.
Capacidade legal
Não basta que haja duas ou mais partes dispostas a celebrar contrato para 
que ele seja considerado válido no plano subjetivo. O artigo 104 do Código Civil 
reproduzido na página anterior deixa claro que essas partes devem ser capazes. 
O segundo requisito subjetivo dos contratos é a capacidade das partes contra-
tantes para praticar os atos da vida civil.
Para o direito brasileiro, em regra, todas as pessoas são capazes de direitos e 
deveres na ordem civil a partir do nascimento, conforme assegurado pelos artigos 
1.o e 2.o do Código Civil. O direito civil definiu nos artigos 3.o e 4.o as pessoas que, por 
terem anulada, diminuída ou ainda não plenamente madura a sua capacidade de 
manifestar sua vontade, são consideradas absoluta ou relativamente incapazes, a 
depender do grau dessa anulação, diminuição ou incapacidade. Observe o quadro 
a seguir:
INCAPACIDADE ABSOLUTA INCAPACIDADE RELATIvA
Artigo 3.o – São absolutamente incapa-
zes de exercer pessoalmente os atos 
da vida civil:
os menores de dezesseis anos;I – 
os que, por enfermidade ou II – 
deficiê ncia mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a 
prática desses atos;
os que, mesmo por causa transi-III – 
tória, não puderem exprimir sua 
vontade.
Artigo 4.o – São incapazes, relativamente a 
certos atos, ou à maneira de os exercer:
os maiores de dezesseis e menores I – 
de dezoito anos;
os ébrios habituais, os viciados em II – 
tóxicos e os que, por deficiência 
mental, tenham o discernimento re-
duzido;
os excepcionais, sem desenvolvi-III – 
mento mental completo;
os IV – pródigos.
Pródigo Pessoa considerada inábil para gerenciar os próprios bens, por gastar de maneira exces-
siva e irresponsável.
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Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Perceba que, apesar de o novo Código Civil ser recente, 
tendo entrado em vigor em2003, a terminologia utilizada 
não está de acordo com os termos que têm sido mais aceitos 
socialmente. Os termos “ébrios” para se referir a alcoólicos, 
“viciados” para dependentes químicos e “excepcionais” 
para pessoas com deficiência não conferem com as 
discussões atuais sobre linguagem inclusiva. Entretanto, 
muitos acreditam que houve um grande avanço em relação 
ao Código anterior – por exemplo, por não serem mais 
considerados os surdos como incapazes absolutos, ou 
pela inclusão do nível de discernimento como critério – nos 
artigos 3.o e 4.o. O Código de 1916, em vez de “deficiência 
mental”, mencionava “loucos de todo o gênero”, expressão 
que foi substituída pelo termo “psicopata” com o Decreto- 
-Lei n.o 24.559, de 1934 (DONZELE, 2004).
A distinção entre “incapacidade absoluta” e “incapacidade relativa” é impor-
tante, uma vez que a lei também permite a essas pessoas efetuarem contratos 
quando quiserem ou necessitarem, mediante a observação de determinadas re-
gras.
Assim, instituiu-se a necessidade de as pessoas consideradas absolutamen-
te incapazes serem representadas por seu pai, mãe ou tutor na prática de atos 
da vida civil.
É o que ocorre quando uma vítima de acidente ou enfermi-
dade entra em coma. Nessa situação, seu representante 
legal exerce, em seu nome, os atos civis que lhe cabem, 
inclusive assinando os documentos necessários.
As pessoas consideradas relativamente incapazes devem ser necessaria-
mente assistidas por seu pai, mãe, tutor ou curador.
Uma pessoa de 17 anos que ingressa na faculdade precisa 
apresentar, ao lado de sua assinatura, a assinatura do pai, 
da mãe ou do tutor no contrato de prestação de serviços 
com a instituição.
Se não forem observadas essas regras de representação ou assistência, o 
contrato é considerado nulo. Isso ocorre tanto para pessoas consideradas absolu-
tamente incapazes – quando o responsável legal não assinar o contrato como re-
presentante – como para pessoas consideradas relativamente incapazes – quando 
sua assinatura não estiver acompanhada pela assinatura de seu assistente.
20
Em determinadas situações, ainda que a parte em questão 
satisfaça as regras genéricas de capacidade previstas na 
legislação civil, pode ser que não seja legitimada a contratar, 
por não preencher alguma regra de capacidade específica 
prevista em lei. Se, por exemplo, um pai vende um bem a 
um de seus filhos, esse contrato somente será considerado 
válido se for obtido o consentimento do cônjuge e dos 
demais filhos do vendedor, conforme determina o artigo 
496 do Código Civil.
Consentimento das partes envolvidas
Além da capacidade legal, geral ou específica, as partes contratantes devem 
consentir com o contrato, sendo esse consentimento, portanto, o terceiro requisito 
subjetivo dos contratos. 
E o acordo deve ser manifestado de forma expressa e livre. Desse modo, o 
silêncio não caracteriza o consentimento, exceto nos casos em que a lei assim 
estabelecer ou não exigir manifestação expressa e existirem outras circunstâncias 
que demonstrem a vontade da parte de estabelecer o contrato.
Um locatário que recebe as chaves de um imóvel e passa 
a morar nele e pagar aluguel, independentemente de 
ter assinado um contrato formal, está manifestando sua 
vontade de estabelecer esse vínculo. 
Uma vez preenchidos esses três requisitos, considera-se o contrato válido 
no plano subjetivo.
Em contratos com pessoas jurídicas, para uma maior 
segurança quanto à legitimidade da pessoa que assinou o 
contrato, é aconselhável que ela forneça, junto com as vias 
assinadas do contrato, cópia do contrato social da empresa 
ou de procuração em que se possa confirmar que ela tem 
poderes para isso.
Requisitos objetivos
Os requisitos objetivos referem-se, como o nome já diz, ao objeto do con-
trato. São quatro aspectos que esse objeto deve possuir para que o contrato seja 
válido:
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Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Licitude
Você acha que é possível contratar alguém para assassinar ou roubar? Ou 
para administrar um cassino, ou um ponto de venda de drogas ilícitas?
A resposta para ambas as perguntas é “não”. Conforme determina o Código 
Civil – ainda que em oposição ao princípio da autonomia da vontade –, o objeto 
do contrato deve ter licitude, ou seja, não pode ser contrário à lei, à moral, aos 
princípios de ordem pública e aos bons costumes.
Possibilidade material
E seria possível contratar uma empresa para construir uma nave espacial que 
navegue à velocidade da luz? Ou um consultor para ministrar um curso presencial, 
no mesmo dia, no Brasil e na Austrália? Ou uma equipe de biólogos para capturar 
um unicórnio?
É óbvio que a resposta às perguntas acima também é “não”. O objeto do con-
trato não precisa ser apenas lícito e possível juridicamente, mas também possível 
materialmente. É importante ter em mente que essa possibilidade material deve 
existir no momento da celebração do contrato, para que ele não seja considerado 
nulo. 
Assim, é possível contratar a compra de um apartamento localizado em um 
prédio ainda em construção, com a promessa de entrega para uma determinada 
data futura. Pode ocorrer, no entanto, um imprevisto, por exemplo, um terremoto 
derrubar parte da construção do prédio, atrasar a data de entrega do imóvel pro-
metida no contrato. Nesse caso, o contrato não é invalidado, e a impossibilidade de 
cumprimento do prazo estipulado será tratada de acordo com as regras pertinentes 
à extinção dos contratos, que estudaremos mais adiante.
Determinabilidade
A determinabilidade do objeto do contrato significa que devem constar 
informações mínimas referentes ao gênero, à espécie, à quantidade e às caracte-
rísticas individuais do que se quer contratar. A descrição deve ser suficiente para 
garantir que o credor exija do devedor o cumprimento daquilo a que se obrigou. 
Assim, tanto se pode contratar a compra de um automóvel Celta 1.0 
2006/2007, zero quilômetro, quatro portas, com ar-condicionado, na cor branca, 
quanto encomendar uma reprodução do quadro Campo de trigo com corvos, de 
Vincent van Gogh, com 70 cm x 90 cm.
Em ambas as situações, em maior ou menor grau, estão presentes elementos 
suficientes para exigir de quem vende aquilo que ele se comprometeu a entregar.
Licitude ƒ
Possibilidade material ƒ
Determinabilidade ƒ
Economicidade ƒ
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Requisito formal
Ao contrário do que ocorre nos requisitos subjetivos e objetivos de validade 
dos contratos, no que diz respeito à forma, o direito contratual optou pela liberdade, 
pelo amplo exercício do princípio da autonomia da vontade, estipulando que o con-
trato poderá ser celebrado da forma que melhor convier às partes, mesmo de modo 
verbal, de acordo com o princípio do consensualismo, que determina que o simples 
acordo de vontades faz nascer o contrato (artigo 107 do Código Civil). 
Em casos excepcionais previstos em lei, o contrato deve adotar forma solene, 
a exemplo do caso já mencionado de compra e venda de imóvel de valor superior a 
30 salários mínimos, que deve ser celebrado mediante escritura pública e não por 
instrumento particular.
Ao estipular o objeto de um contrato, deve-se determiná-lo 
da forma mais específica possível, definindo também, 
detalhadamente, em cláusulas contratuais distintas, as 
obrigações de cada parte, a fim de garantir ao credor a noção 
clara do que pode ser exigido e, ao devedor, o conhecimento 
exato daquilo que se comprometeu a cumprir.
Ainda que isso não seja exigido por lei, na prática, o contrato 
deve contar com a assinatura de duas testemunhas, que 
certificam que as disposições foram convencionadas de 
comum acordo entre as partes. 
Da mesma forma, a lei não exige o reconhecimento da 
firma das partes ou de seus representantes como requisito 
de validade do contrato. Entretanto, especialmente nos 
casos em que o valor representativodo objeto contratado 
é elevado, isso é aconselhável, principalmente quando se 
tratar de contratação envolvendo pessoas jurídicas. 
Economicidade
Por último, ainda que não mencionada expressamente no artigo 104 do Có-
digo Civil, a economicidade do objeto do contrato também é condição essencial 
para a sua validade. 
É preciso que o objeto tenha valor econômico, ou seja, ele deve ser passível 
de conversão, direta ou indiretamente, em dinheiro. Objetos que não podem ser 
convertidos financeiramente não interessam ao direito contratual.
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Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
MARIDO TENTA vENDER MULHER POR R$ 100 NA INTERNET
Ministra Nilcéia Freire pediu punição para o Mercado Livre. Oferta já saiu do ar
São Paulo – Não importa se foi consentido, piada de mau gosto ou trote. 
Para a ministra da Secretaria Especial de Política para Mulheres, Nilcéia Freire, o 
anúncio publicado no site de vendas pela Internet Mercado Livre de um suposto 
marido que vendia a mulher por R$ 100 (já retirado do ar) foi ofensivo, fere a digni-
dade e reforça o estereótipo de que a mulher é objeto dos homens. Como protesto, 
[a ministra] denunciou o Mercado Livre no Conselho Nacional de Autorregulamen-
tação Publicitária (Conar). “O anúncio contraria a ética de nossa sociedade.” 
O anúncio pode causar divertimento ou repulsa, mas não passa des-
percebido. A começar pelo título: “Vendo minha esposa, ótimo estado de con-
servação”. Continuando a leitura, entende-se que um homem, com o apelido 
Breno_Bonin, oferece Neuza, a quem estiver disposto a pagar o preço pedido. 
O casal é do Mato Grosso do Sul. 
Tem até uma foto de Neuza, que Breno achou não ter sido suficiente para 
atrair possíveis “compradores”. Faltava a descrição dos atrativos: “1,60 m, 65 
quilos, loira”, “muito boa de cama, ótima na cozinha, limpa a casa que é uma 
beleza, nunca teve filhos, não tem problemas com o sexo e nem entrou na 
menopausa ainda [sic], tem apenas 35 anos. Chama-se Neuza e é uma mulher 
de ouro”. Se é tão boa assim, por que vendê-la? “Breno” explica: “Preciso muito 
de dinheiro”. Mas vai logo avisando: “Depois que conseguir dinheiro vou kerer 
compra-la de volta [sic]”. 
Por meio de nota, o Mercado Livre informa que proíbe anúncios de 
produtos e serviços que firam a moral e os bons costumes. Para isso, diz que 
monitora o conteúdo do site usando ferramentas de busca e incentiva usuá-
rios a denunciar infrações. E afirma que o grande número de produtos (cerca 
de 1 milhão) impede que ofertas ilegais sejam retiradas em tempo real. 
A ministra ficou sabendo do anúncio por meio de denúncia. “Queremos 
que o Conar examine a ação e imponha alguma penalidade.” A assessoria de 
imprensa do Conar informou que se o anúncio foi considerado irregular será 
impedido de ser veiculado e vai criar jurisprudência para casos semelhantes.
MAIA JUNIOR, Humberto. Marido tenta vender mulher por R$ 100 na Internet. 
Disponível em: <http://estadao.com.br/tecnologia/internet/noticias/2007/mai/05/37.htm>. 
Acesso em: 5 mar. 2008.
Leitura complementar
A partir do entendimento dos requisitos essenciais a serem observados para 
a celebração válida de contratos, conseguimos estabelecer algumas medidas mí-
nimas a serem adotadas, para que contratos adequados às exigências legais e 
seguros para os contratantes possam ser celebrados.
Síntese
24
Além das que já foram apontadas, quais outras medidas de segurança você 1. 
acredita que podem ser adotadas no que se refere à discriminação das par-
tes, do objeto, ou à escolha da forma do contrato? Compartilhe sua opinião 
apresentando-a no fórum Celebrando contratos válidos, para que possamos 
trocar ideias a respeito do tema.
Assinale F para as alternativas falsas e V para as verdadeiras:2. 
O contrato a ser celebrado com a escola de primeiro grau em que os pais ( ) 
desejam matricular seu filho de 10 anos de idade deve ser assinado pelo 
pai ou pela mãe da criança, na qualidade de seu representante, sob pena 
de nulidade do contrato.
Uma pessoa pode locar seu imóvel para a instalação de um local de pros-( ) 
tituição.
Considera-se válido o contrato verbal celebrado entre a empresa de ( ) moto-
boys e a empresa contratante para a realização de entregas de documen-
tos em uma determinada área pré-acordada, mediante o recebimento, ao 
fim de cada mês, do valor estipulado no contrato. 
É válido um contrato em que uma microempresa contrata um adolescente para 3. 
produzir um programa de controle de estoque de mercadorias que ainda não 
existe no mercado? Existem medidas específicas a serem adotadas por essa 
microempresa na celebração do contrato? Compartilhe sua opinião no fórum 
Estudo de caso 1, para que possamos trocar ideias a respeito do tema.
No caso apresentado na leitura complementar, seria possível que o marido 4. 
viesse a celebrar um contrato com alguém interessado em “comprar” sua espo-
sa? Por quê? Justifique sua resposta com base em tudo o que você aprendeu 
até agora e compartilhe sua opinião no fórum Estudo de caso 2, para que 
possamos trocar ideias a respeito do tema.
BRASIL. Presidência da República. Código Civil brasileiro atualizado 2007. 1. ed. São Paulo: 
Escala, 2007.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e 
extracontratuais. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
DONZELE, Patricia Fortes Lopes. A incapacidade no novo Código Civil. Disponível em: 
<http://www.cesuc.br/revista/ed-6/incapacidade.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2008.
KRUSHEWSKY, Eugênio. Teoria geral dos contratos civis. Salvador: JusPodivm, 2006.
MAIA JUNIOR, Humberto. Marido tenta vender mulher por R$ 100 na Internet. Disponível 
em: <http://estadao.com.br/tecnologia/internet/noticias/2007/mai/05/37.htm>. Acesso em: 5 
mar. 2008.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos 
contratos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Atividades
Referências
Capítulo 1
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
Conteúdo programático
 Formação dos contratos
Objetivos
 Promover a compreensão das diversas possíveis etapas de 
formação dos contratos.
 Estabelecer os requisitos e as consequências da elaboração 
de proposta ou de contrato preliminar.
26
Definidos os requisitos essenciais de validade dos contratos, podemos passar 
ao estudo das diversas possibilidades de formação contratual, que podem incluir 
negociações preliminares, proposta ou contrato preliminar. Contudo, é importan-
te ter em mente, desde o início, que as partes não são obrigadas a passar por 
todas essas fases para formação de um contrato válido, podendo adotar apenas 
uma ou algumas delas, como veremos a seguir.
Negociações preliminares
Sendo o contrato um exercício da autonomia da vontade das partes, nor-
malmente, antes de sua efetivação, existe uma negociação dos termos especí-
ficos, especialmente no que diz respeito aos direitos e obrigações atribuídas a 
cada parte. É justamente essa fase inicial – em que ainda não existe contrato, 
mas apenas um esboço, uma intenção ainda não formalizada – que denomina-
mos de “negociações preliminares” ou “tratativas”.
Durante essa fase, ainda não existe vínculo entre as partes nem sequer 
obrigação de contratar, mesmo que os possíveis futuros contratantes já tenham 
trocado minutas, ou seja, esboços do contrato que desejam assinar. Ao final 
das negociações, apesar das inúmeras minutas trocadas, as partes podem não 
conseguir chegar a um consenso, optando por não celebrar o contrato. Nesse 
caso, não se pode considerar que essa desistência resulte em prejuízo passível 
de indenização.
Imagine o seguinte: uma empresa está em processo de 
negociação, já em fase avançada, com outra organização 
que pretende contratar seus serviços. Por se tratar de um 
negócio importante, a diretoria opta por contratar mais 
pessoas eoferecer-lhes treinamento especializado, a fim 
de conseguir realizar o serviço que se comprometerá a 
fazer. 
Em um dado momento, a empresa contratante, sem for-
necer nenhuma explicação, desiste do negócio e decide 
não assinar o contrato, ao passo que a primeira se vê 
prejudicada com essa desistência. O que poderia ser feito 
nesse caso? A empresa prejudicada poderia pedir uma 
indenização?
Se, ao longo das tratativas, uma das partes criou expec-
tativa de que o contrato seria realmente efetuado, a ponto 
de contrair despesas, abrir mão de outras oportunidades, 
ou mesmo alterar sua dinâmica de negócios, mesmo não 
havendo responsabilidade contratual, a parte que desistiu 
sem apresentar justificativa deve indenizar a parte prejudi-
cada pelas perdas e danos que esta possa ter sofrido. 
27
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Devem-se guardar sempre as minutas que foram trocadas 
antes de chegar ao texto final do contrato. Isso porque, caso 
exista algum tipo de conflito a ser resolvido judicialmente, 
se uma das partes desistir injustificadamente, ou mesmo 
se houver alguma disputa após a assinatura, as minutas 
fornecem informações sobre as intenções das partes, 
auxiliando o juiz a interpretar o contrato e a relação que 
ele formaliza.
Proposta
Evoluindo um pouco nas negociações, pode ocorrer de, após um certo tem-
po, uma das partes optar por encaminhar à outra uma proposta de contratação, 
contendo todos os elementos necessários para a avaliação do negócio que se quer 
formalizar, estipulando ou não um prazo para que seja avaliada. 
A proposta é uma declaração de vontade pela qual uma das partes – deno-
minada “proponente” ou “policitante” – propõe à outra – nesse caso, denominada 
“oblato” – os termos de um contrato, bastando que seja aceita para efetivá-lo.
Ao contrário do que ocorre durante a fase das negociações 
preliminares, em que não existe qualquer obrigação de 
contratar para nenhuma das partes em negociação, no 
caso da proposta considera-se o proponente responsável 
pelos termos que declarou. Ele somente será desvinculado 
dessa obrigação caso a proposta seja recusada pelo oblato, 
caso acabe o prazo estipulado para a aceitação sem haver 
resposta ou caso ocorra uma das hipóteses previstas no 
artigo 428 do Código Civil brasileiro, descritas a seguir:
Artigo 428 – Deixa de ser obrigatória a proposta:
se feita sem prazo a pessoa presente, não foi ime-I – 
diatamente aceita. Considera-se também presen-
te a pessoa que contrata por telefone ou por meio 
de comunicação semelhante;
se feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decor-II – 
rido tempo suficiente para chegar a resposta ao 
conhecimento do proponente;
se feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida III – 
a resposta dentro do prazo dado;
se antes dela ou simultaneamente, chegar ao co-IV – 
nhecimento da outra parte a retratação do pro-
ponente.
Uma vez aceita a proposta, ela passa a ter efeito de um contrato efetivo. 
Assim, pode-se dizer que a aceitação válida da proposta vincula as partes aos ter-
28
mos dela, como se tivessem efetivamente celebrado um contrato. Para esclarecer 
o que o direito contratual entende por aceitação válida da proposta, vamos pensar 
no seguinte:
Pessoas ausentes Aquelas que não estejam na presença umas das outras ou que não possam 
responder imediatamente – via telefone, por exemplo – à proposta apresentada.
Digamos que a aceitação da proposta foi enviada dentro 
do prazo estipulado, mas, devido a um atraso no serviço 
de correio, por exemplo, chega às mãos do proponente 
somente duas semanas depois do fim do prazo. Ainda 
assim, o proponente é obrigado a cumprir a proposta? E se 
ele já tiver assinado contrato com outro?
No exemplo mencionado, a fim de se desobrigar de cumprir o que assumiu 
na proposta enviada, o proponente deve comunicar imediatamente ao oblato que 
recebeu a aceitação com muito atraso. Caso contrário, conforme previsto no artigo 
430 do Código Civil brasileiro, pode se ver obrigado a pagar uma indenização por 
perdas e danos decorrentes de não celebrar o contrato proposto.
Caso o oblato aceite a proposta fora do prazo estipulado ou a devolva ao 
proponente com sugestões de alteração de seus termos, considera-se que o oblato 
está apresentando nova proposta, passando a figurar como novo proponente e 
conferindo ao antigo a oportunidade de avaliar os novos termos.
Na fase de negociações preliminares, se houver troca de 
minutas de contrato entre as partes, para que elas não sejam 
consideradas como propostas, é sempre aconselhável que 
seja apresentada expressamente essa condição, fazendo 
constar no rodapé a informação “não vale como proposta”, 
por exemplo.
SE A PROPOSTA FOI FEITA SEM PRAzO ESTIPULADO, 
ENTRE PESSOAS AUSENTES
SE O PROPONENTE ESTIPULOU PRAzO 
PARA ANÁLISE DA PROPOSTA
É considerada válida a aceitação que chegar 
ao conhecimento do proponente num prazo 
razoável a contar do recebimento da proposta 
pelo oblato. Para definir o que seria um prazo 
razoável, cada caso é analisado, sob o princípio 
da boa-fé objetiva, que deve reger as relações 
contratuais.
Considera-se válida a aceitação ex-
pedida pelo oblato dentro do prazo 
estipulado, independentemente da 
data em que o proponente a recebeu.
29
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Contrato preliminar
O contrato preliminar também é chamado de “promessa de contrato” ou 
“pré-contrato”. O seu objetivo é indicar a futura celebração de um contrato 
definitivo.
Esse instrumento do direito contratual pode parecer sem qualquer utilidade. 
No entanto, casos que envolvem altas somas em dinheiro, por exemplo, as nego-
ciações preliminares podem se desenrolar por um longo período. Assim, o pré- 
-contrato é importante, pois define claramente o compromisso de efetivar o contrato 
definitivo e indica, inclusive, se for de interesse das partes, os elementos básicos e 
já acordados do negócio em discussão entre elas.
Dessa forma, uma vez assinado o contrato preliminar, não poderá qualquer 
das partes, injustificadamente, desistir da contratação, sob pena de ser obrigada a 
assinar o contrato definitivo ou pagar à outra parte indenização por perdas e danos, 
independentemente do estágio em que se encontram as negociações.
Outra vantagem é que, apesar de haver a mesma necessidade de observar 
os requisitos subjetivos e objetivos que há em qualquer outro contrato, o Código 
Civil brasileiro, no artigo 462, prevê que a forma do pré-contrato pode ser definida 
livremente e é totalmente desvinculada da forma que a lei eventualmente exigir 
para o contrato definitivo.
Você já observou como é comum, no mercado imobiliário, 
assinar contratos de promessa de compra e venda de 
imóveis? Eles são utilizados especialmente quando o 
pagamento é parcelado. 
Esse contrato pode ser celebrado por instrumento 
particular, e não necessariamente por instrumento público, 
ao contrário do que é exigido para a celebração de contrato 
de compra e venda definitivo. Qual seria a função desse 
tipo de contrato? O que ele pode garantir para ambas as 
partes?
Com base nas informações que vimos, já podemos delimitar algumas diferen-
ças entre as negociações preliminares, a proposta e o contrato preliminar no que 
diz respeito às obrigações. Observe:
NEGOCIAÇÕES
PRELIMINARES
PROPOSTA CONTRATO PRELIMINAR
Não estipulam quaisquer 
obrigações entre as par-
tes, nem mesmo a de 
celebrar o contrato em 
negociação.
Obriga o proponente a 
cumprir o que propôs, 
caso o oblato aceite a 
proposta.
Obriga ambas as partes 
a celebrarem o contrato 
definitivo que se encontra 
em negociação.
30
RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO PRELIMINAR 
GERA DEvER DE INDENIzAR
A Justiça do Trabalho de Minas Gerais reconheceu a uma reclamante, 
que teve o seu pré-contrato de trabalho injustificadamente rescindido pela em-presa, o direito a uma indenização por danos materiais para cobrir os prejuízos 
sofridos. É que, na expectativa da contratação, já acertada com a reclamada, 
a reclamante pediu demissão do antigo emprego, sendo mais tarde informada 
de que não seria mais contratada, em razão dos problemas financeiros enfren-
tados pela empresa.
Entendendo estar configurado o ato ilícito e a culpa da empresa pelo 
rompimento do contrato preliminar de trabalho, o juiz de primeiro grau con-
denou-a ao pagamento de danos materiais correspondentes aos valores de 
aviso prévio, indenização do seguro-desemprego, multa de 40% do FGTS e 
1/12 de férias. A 2.a Turma do TRT manteve a decisão, pois ficou constatado 
no processo que houve a formação do contrato preliminar (pré-contrato) entre 
as partes, motivando a reclamante a pedir demissão do seu emprego anterior, 
ante a expectativa gerada pela ré.
A prova documental revela envio de e-mail informando a data de início 
do trabalho na empresa e combinando um período de treinamento em outra 
cidade. A Turma concluiu, portanto, que a contratação da reclamante já havia 
se consumado, faltando apenas a formalização do contrato. “Não pode a re-
clamada tentar exonerar-se de sua responsabilidade ao argumento de que a 
reclamante pediu demissão por sua única e exclusiva vontade” – destaca o 
relator do recurso, desembargador Márcio Flávio Salem Vidigal.
O desembargador explica que, nos termos da legislação civil, a proposta 
de contrato obriga o proponente nos termos estipulados. Ele concluiu que a em-
presa reclamada quebrou o princípio da boa-fé ao invocar problemas financeiros. 
“Ora, problemas dessa natureza não se apresentam da noite para o dia, pois de 
certo já era de conhecimento prévio da reclamada. E considerando que tal proce-
dimento causou danos à reclamante, aquela deve ressarci-los”, frisa.
ESTADO DE MINAS GERAIS. Justiça do Trabalho. Tribunal Regional do Trabalho – 3.a Região. Rescisão de 
contrato de trabalho preliminar gera dever de indenizar. Disponível em: <http://as1.mg.trt.gov.br/pls/noticias/
no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_noticia=995&p_cod_area_noticia=ACS>. Acesso em: 6 mar. 2008.
Para saber mais sobre o que acontece antes de se chegar 
a uma decisão judicial, você pode consultar o processo no 
site do TRT, 3.a Região.
Acesse http://www.mg.trt.gov.br e, no menu Processos, 
clique em Consulta unificada. Ali, digite o número do pro-
Leitura complementar
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Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Analisamos alguns procedimentos para a formação dos contratos. Desse 
modo, podemos ter subsídios para escolher, durante a realização dos futuros ne-
gócios, o meio mais adequado à formalização de contratos com empresas ou pes-
soas.
cesso (00230), o ano (2007) e a vara em que ele foi julga-
do (105). Cada etapa, desde a distribuição do processo, é 
descrita em ordem cronológica. 
Mesmo sendo difícil entender a linguagem jurídica a 
princípio, procure ler atentamente, pesquisar na Internet ou 
em dicionários as expressões que você desconhece. Assim, 
você vai perdendo o receio e, aos poucos, vai perceber que 
o direito não é tão complicado quanto pode parecer.
Síntese
Como sócio de uma empresa, você é procurado por uma multinacional para 1. 
apresentar uma proposta de realização da auditoria anual de balanço e contas. 
Recebida a solicitação, você envia sua proposta, via fax, no dia 13 de setem-
bro, informando que a empresa dispõe do prazo de 10 dias para analisar os 
termos do documento apresentado. Com base na situação descrita, assinale 
a alternativa incorreta:
Você será obrigado a cumprir a proposta se a multinacional expedir sua a) 
aceitação até o dia 23 de setembro, ainda que tenha sido expedida via 
correio e somente chegue a seu conhecimento no dia 27 do mesmo 
mês.
Se a proposta for reenviada a você com alterações em seus termos, sig-b) 
nifica que a multinacional está apresentando nova proposta, salvo se ela 
deixar bem claro que não é essa sua intenção, mas, sim, apenas continuar 
as negociações.
Uma vez aceita a proposta, caso a multinacional venha a desistir injustifica-c) 
damente do contrato, sem que você tenha dado início à prestação de seus 
serviços, você não terá direito ao pagamento de qualquer indenização por 
perdas e danos.
Caso você não receba qualquer resposta referente à proposta apresenta-d) 
da, ela será considerada não aceita e sua empresa não tem o direito de 
exigir o pagamento de qualquer tipo de indenização por perdas e danos.
Considerando a situação descrita na atividade 1 e colocando-se na posição de 2. 
gestor da empresa de auditoria ou da multinacional, à sua escolha, como você 
sugere que devam ser estipulados, contratualmente, o objeto do contrato a ser 
celebrado entre essas empresas e as obrigações de cada uma? Defina sua 
Atividades
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BRASIL. Presidência da República. Código Civil brasileiro atualizado 2007. 1. ed. São Paulo: 
Escala, 2007.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e 
extracontratuais. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
ESTADO DE MINAS GERAIS. Justiça do Trabalho. Tribunal Regional do Trabalho – 3.a 
Região. Rescisão de contrato de trabalho preliminar gera dever de indenizar. Disponível 
em: <http://as1.mg.trt.gov.br/pls/noticias/no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_noticia=995&p_
cod_area_noticia=ACS>. Acesso em: 6 mar. 2008.
KRUSHEWSKY, Eugênio. Teoria geral dos contratos civis. Salvador: JusPodivm, 2006.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos 
contratos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
posição, prepare as suas sugestões de cláusulas e envie-as para o fórum Ela-
borando contratos: negociações preliminares, a fim de que, juntos, possamos 
construir uma minuta de contrato.
Ainda com base na situação descrita na atividade 1, considere que se trata de 3. 
uma multinacional que tem faturamento anual na casa dos milhões de reais e 
que entrou em contato com sua empresa de auditoria em setembro para soli-
citar a apresentação de uma proposta de auditoria do balanço e das contas do 
exercício a vencer no mês de dezembro. Você acredita que deveria sugerir, em 
vez da troca de propostas, a celebração de um contrato preliminar, enquanto 
são negociados os termos específicos dessa contratação? Compartilhe sua 
opinião no fórum Contrato preliminar: quando utilizar?.
Referências
Anotações
Capítulo 1
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
ExTINÇÃO E REvISÃO jUDICIAL 
DOS CONTRATOS
Conteúdo programático
 Extinção e revisão judicial dos contratos
Objetivos
 Promover a compreensão das diversas formas de extinção dos 
contratos. 
 Fornecer subsídios para a elaboração da cláusula prevendo a 
possibilidade de resilição unilateral e das cláusulas resolutórias. 
 Definir as hipóteses em que pode ocorrer a revisão judicial dos contratos.
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Leia atentamente as seguintes cláusulas contratuais:
O texto menciona dois possíveis motivos pelos quais o 
contrato poderia ser extinto. Com base nesse exemplo, 
pense sobre as seguintes questões:
A extinção do contrato com base no que está previsto a) 
na primeira cláusula poderá ser justificada pelos 
mesmos motivos que constam na segunda cláusula? 
Se a contratante simplesmente não mais tiver interesse 
na contratação, com base em qual das duas cláusulas 
ela poderá pedir a extinção do contrato?
E no caso de a contratada não cumprir alguma das b) 
obrigações que assumiu, com base em qual das 
cláusulas poderá a contratante extinguir o contrato?
Se o contrato for extinto pelo motivo descrito na primeira c) 
cláusula ou pelo que é descrito na segunda, os efeitos 
serão os mesmos?
A resposta para essa última pergunta é “não”, mas vamos explicar as razões 
disso mais adiante.
Por enquanto, devemos ter em mente que, ainda que seja estipulado inicial-
mente por prazo indeterminado,todo contrato é criado para ser extinto após cum-
prir sua função. Assim, uma vez atingido seu objetivo inicial, ocorrerá naturalmente 
sua extinção, independentemente de ter sido celebrado com prazo determinado ou 
indeterminado.
Contudo, existem outras formas de extinção dos contratos que não dependem 
de se atingirem seus objetivos: por vontade das partes (resilição), pelo descumpri-
mento voluntário de alguma das cláusulas (resolução por inexecução culposa ou 
voluntária) ou pela impossibilidade de cumpri-las em decorrência de algum fato 
alheio à sua vontade (resolução por inexecução involuntária).
35
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Se sua empresa assinou contrato com uma prestadora de 
serviços, mas, algum tempo depois, encontrou outra mais 
habilitada a atender às suas necessidades, como você 
deve proceder?
resiliçãO
Como já dissemos, ocorre a resilição do contrato quando uma ou ambas as 
partes assim decidirem, por não haver mais interesse de permanecerem vincula-
das contratualmente, independentemente de alguma cláusula ter sido descumpri-
da, de ter vencido o prazo ou de o objeto ter sido cumprido.
A resilição pode ser considerada de natureza unilateral, quando desejada 
por apenas uma das partes; ou bilateral, quando desejada por ambas.
Resilição bilateral
De acordo com o artigo 472 do Código Civil, ocorre a resilição bilateral 
quando ambas as partes contratantes assinam um instrumento conhecido como 
“distrato”, que é um contrato destinado a regular a extinção de outro. Assim, em 
mais uma representação do princípio da autonomia da vontade, o direito con-
tratual prevê que, do mesmo modo que as partes podem expressar livremente 
sua vontade de efetivar um contrato, podem querer se desvincular, bastando, 
para isso, assinar um distrato, que deve apresentar a mesma formalização do 
contrato. 
Resilição unilateral
Pode ocorrer, contudo, de apenas uma das partes manifestar sua vontade de 
se desvincular do contrato, e a isso se denomina “resilição unilateral”. Em regra, 
segundo o princípio da força obrigatória dos contratos, ela não é possível se a outra 
parte não concordar; entretanto, se essa hipótese for prevista em lei – a exemplo 
das possibilidades e prazos de denúncia da locação previstos na Lei do Inquilinato – 
ou em cláusula do próprio contrato, a parte que deseja se desvincular pode notificar 
a outra de sua intenção, estipulando um prazo ao fim do qual ocorrerá a extinção.
Apesar da aparente liberdade de prever no próprio contrato a resilição unila-
teral, o direito determina, no artigo 473 do Código Civil, que quando uma das par-
tes empreender investimentos altos, o direito à resilição unilateral pela outra parte 
somente poderá ser exercido depois de um certo tempo de relação contratual:
Parágrafo único – Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das 
partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, 
a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo 
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Se o contrato for extinto de forma regular, por resilição unilateral, nenhuma 
das partes pode exigir indenização, da mesma forma que ocorre no distrato.
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Resolução por inexecução culposa
O que se pode fazer, por exemplo, quando um fornecedor sempre entrega as 
mercadorias em atraso, descumprindo o prazo definido em contrato?
Pode ocorrer a resolução por inexecução culposa quando não for cumpri-
da alguma das cláusulas do contrato. Dizemos que isso pode ocorrer, pois a 
parte prejudicada pode também optar por manter o contrato em vigor e exigir, 
judicial ou extrajudicialmente, que o devedor cumpra forçadamente a cláusula 
que foi desrespeitada.
Se optar pela extinção do contrato, contudo, essa resolução ocorrerá de 
forma distinta, dependendo de estar ou não prevista, ou seja, de ser possível 
invocar uma cláusula resolutória expressa ou de ser necessário recorrer à 
cláusula resolutória tácita. Em ambos os casos, a parte prejudicada pode exi-
gir indenização devido a eventuais perdas e danos que possa ter sofrido com a 
extinção do contrato.
Cláusula resolutória expressa ƒ – Aquela que consta em contrato, 
prevendo que ele será automaticamente extinto no caso de descum-
primento.
Cláusula resolutória tácita ƒ – Mesmo não estando a resolução pre-
vista no texto contratual, de acordo com o disposto no artigo 474 do 
Código Civil brasileiro, é inerente a todos os contratos a possibilidade 
de resolução pelo descumprimento de alguma de suas cláusulas, e a 
essa possibilidade chamamos “cláusula resolutória tácita”.
Em certos casos, exige-se que a parte prejudicada 
notifique a outra que o contrato foi desrespeitado, 
informando um prazo para que esta cumpra ou prove que 
já havia cumprido a cláusula em questão. Isso ocorre 
quando o prazo não ficou claramente estabelecido na 
cláusula resolutória expressa. Se o prazo estiver bem 
definido, o contrato pode ser considerado extinto sem 
qualquer notificação.
É uma grande desvantagem não prever expressamente 
no contrato a possibilidade de sua extinção caso uma 
das cláusulas não seja cumprida. Ainda de acordo com 
o artigo 474, ao recorrer à cláusula resolutória tácita, é 
necessário um processo judicial específico, o que pode 
ser bastante demorado. Por outro lado, se houver uma 
cláusula no contrato prevendo que ele será extinto em 
caso de descumprimento, ocorre a resolução de pleno 
direito, ou seja, sem necessidade de se notificar à parte 
infratora para que ela cumpra sua obrigação ou justifique o 
descumprimento.
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Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
Caso fortuito ou de força maior – O Código 
Civil brasileiro define o caso fortuito ou de força 
maior, no parágrafo único de seu artigo 393, 
como sendo o “fato necessário, cujos efeitos 
não era possível evitar ou impedir”. Com base 
nesse conceito, pode-se entender como qual-
quer fato imprevisível e inevitável, natural ou 
decorrente da atuação de terceiros ou do pró-
prio Estado, alheio à vontade das partes, que 
torne impossível a manutenção do contrato, 
que será inevitavelmente extinto.
Resolução por inexecução involuntária
Imagine que uma empresa se comprometeu, em contrato, a entregar um re-
latório dentro de um determinado prazo; porém, um curto-circuito na rede elétrica 
danifica os computadores e o trabalho é perdido. Como essa empresa deve agir?
Como já mencionamos, é possível que alguma cláusula do contrato seja des-
respeitada por uma das partes por motivos alheios à sua vontade. A esse caso 
chamamos “inexecução involuntária”.
Ao contrário do que ocorre com a culposa, em casos de inexecução involun-
tária, pode-se fazer constar no contrato uma cláusula que exima a outra parte de 
pagar à parte prejudicada indenização pelos eventuais prejuízos que esta venha a 
sofrer com a extinção do contrato.
A inexecução involuntária pode ser justificada de duas formas: quando se 
trata de um caso fortuito ou de força maior ou quando existe onerosidade 
excessiva.
Onerosidade excessiva – Ocorre quando os valores a serem gastos por uma 
das partes se tornam muito altos, devido a fatos não previstos e impossíveis de 
serem evitados. O artigo 478 do Código Civil determina que:
Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação 
de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema 
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordiná-
rios e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contra-
to.
Uma indústria tem um contrato em que se compromete 
a fornecer brinquedos para uma loja de departamentos. 
No entanto, um terremoto faz com que sua fábrica seja 
destruída, e isso a impede de cumprir com a entrega.
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No quadro a seguir, apresentamos de maneira esquemática as formas de 
extinção dos contratos que vimos:
RESILIÇÃO
RESOLUÇÃOPOR
INExECUÇÃO CULPOSA
RESOLUÇÃO POR
INExECUÇÃO INvOLUNTÁRIA
Quando 
ocorre
Quando uma (resilição 
unilateral, nos termos 
do que estiver previsto 
na lei ou no contrato) ou 
ambas as partes (resili-
ção bilateral, mediante a 
celebração de distrato) 
resolvem extinguir o con-
trato, sem justo motivo.
Quando uma das 
partes descumpre 
alguma das obriga-
ções assumidas no 
contrato.
Quando uma ou ambas as 
partes se veem impossibilita-
das, por razões alheias à sua 
vontade, de continuar cumprin-
do as obrigações assumidas 
em contrato, ou quando o 
cumprimento destas se torna 
excessivamente oneroso a 
uma delas.
Efeitos Não gera o direito ao 
recebimento de qualquer 
indenização, salvo se 
essa possibilidade esti-
ver prevista em contrato.
Gera o direito ao 
recebimento, pela 
parte inocente, de 
indenização por 
perdas e danos.
Se as partes tiverem se exi-
mido, em cláusula contratual 
expressa, da obrigação de 
responder pelas consequên-
cias da resolução por caso 
fortuito ou de força maior, a 
extinção do contrato, por esse 
motivo, não gerará o direito ao 
recebimento de qualquer inde-
nização.
No caso de impossibilidade de continuar cumprindo as obrigações assu-
midas em contrato, em razão de terem se tornado excessivamente onerosas, 
não querendo extinguir de imediato o vínculo contratual, a parte prejudicada 
pode pedir a revisão judicial do contrato, caso a outra parte não concorde em 
revisá-lo de comum acordo, a fim de readequar a relação contratual desequili-
brada à vontade das partes que levou à sua formação, conforme estudaremos 
adiante.
Revisão judicial dos contratos
Conforme estudamos no princípio da força obrigatória dos contratos, inicial-
mente a revisão dos contratos só podia ocorrer mediante consenso entre as partes 
contratantes. Contudo, em flexibilização nesse princípio, surgiu no direito a possi-
bilidade de revisão judicial dos contratos, que poderá ocorrer, como dissemos an-
teriormente, quando um elemento inusitado e surpreendente ou uma circunstância 
nova surge no curso da relação contratual, colocando em extrema dificuldade um 
dos contratantes ou tornando excessivamente onerosa sua prestação em benefício 
da outra parte.
Com a possibilidade de revisão judicial dos contratos, que tem o objetivo de 
readequar a relação contratual abalada, o direito previu alguns requisitos a serem 
observados por quem pretende invocar essa revisão:
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Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
CONTRATO ONEROSO 
A PRAzO OU DE DURAÇÃO
O contrato a ser revisto deve ter sido estipu-
lado por prazo determinado ou indeterminado, 
excluindo-se, obviamente, da possibilidade de 
revisão os contratos de cumprimento instan-
tâneo, bem como aqueles estipulados a título 
gratuito (a exemplo da doação).
ACONTECIMENTOS 
ExTRAORDINÁRIOS E 
IMPREvISÍvEIS
A imprevisão justificadora do pedido de revisão 
judicial é aquela que refoge totalmente às pos-
sibilidades de previsibilidade, analisadas à luz 
da boa-fé objetiva. Esse acontecimento extra-
ordinário e imprevisível deve ser um fenômeno 
global, que atinge a sociedade em geral ou um 
segmento palpável da sociedade, e não algo que 
interfira apenas no negócio de uma das partes 
contratantes, a exemplo do simples desemprego 
ou da má gestão dos negócios da empresa.
ONEROSIDADE ExCESSIvA 
DA PRESTAÇÃO DO DEvEDOR, 
EM BENEFÍCIO DO CREDOR
Deve-se provar que a ocorrência dos aconteci-
mentos definidos anteriormente aumenta o sacri-
fício do devedor, tornando a prestação a que se 
obrigou excessivamente onerosa, e produz um 
benefício exagerado e injustificado ao credor.
AUSêNCIA DE CULPA 
DO DEvEDOR
Os acontecimentos causadores da onerosidade 
excessiva devem estar desvinculados da ativida-
de negocial do devedor, que não deve contribuir, 
em hipótese alguma, para a má gestão de seus 
negócios; por exemplo, para o desequilíbrio por 
ele alegado na relação contratual.
Existindo esses requisitos e desejando o devedor preservar o vínculo con-
tratual, pode pedir a revisão judicial do contrato, buscando apenas a readequação 
deste aos seus justos termos, aqueles efetivamente buscados pelas partes quando 
primeiro expressaram sua vontade de se relacionarem contratualmente.
CONSTRUTORA DEvE ARCAR COM vALOR DO IMóvEL NÃO ENTREGUE 
E DESPESAS DE PUBLICIDADE
A construtora arca com os ônus advindos do descumprimento do prazo 
de entrega do imóvel e as despesas de publicidade, administração e correta-
gem são perdas da empresa. O entendimento da 4.a Turma do Superior Tribunal 
de Justiça (STJ) é de que, se a culpa é exclusiva da construtora, não se pode 
impor perda de valores ao comprador. A Construtora Tenda recorreu ao STJ 
contra decisão do Judiciário mineiro, que considerou abusiva multa por resci-
são contratual, reduzindo-a de 40% para 5%. 
Leitura complementar
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Com base na análise das diversas formas de extinção dos contratos, podemos 
obter subsídios que melhor nos guiarão na estipulação, durante a celebração de 
nossos contratos futuros, de cláusulas mais adequadas, prevendo expressamente 
as possibilidades de resilição unilateral ou de resolução do contrato celebrado por 
inexecução voluntária de uma das partes.
Você contrata uma empresa de contabilidade para fazer uma audição das con-1. 
tas de sua pequena empresa. No contrato, fica acordado que todo o processo 
de auditoria será concluído em um mês, sendo o pagamento realizado em 
duas parcelas, uma no ato da assinatura do contrato e a outra ao fim dos 
serviços, após a entrega do relatório de auditoria pela empresa contratada. A 
empresa de contabilidade inicia os trabalhos em 15 de janeiro, mas, chegado o 
dia 15 de fevereiro, não entrega o relatório, conforme previsto em contrato.
Síntese
Atividades
Alega que, sendo o objetivo principal dos compradores o de rescindir uni-
lateralmente o contrato imobiliário, devem prevalecer, na íntegra, as cláusulas 
contratuais acertadas, entre as quais a que dispõe sobre a retenção de 40% 
sobre os valores pagos, em caso de desistência. Ressaltou não ser justo que 
a empresa arque com as despesas de corretagem, publicidade e propaganda 
feitas com a venda que foi desfeita. Pretende a empresa a retenção integral, ou 
seja, 40% do valor do bem. 
A compradora também se insurgiu contra a decisão mineira. Sônia San-
tos reclama da retenção de 5% do valor do imóvel para atender às despesas 
de publicidade, administração e corretagem determinada pelo Tribunal de Jus-
tiça estadual. Defende que a cláusula é nula, pois ofende o Código de Defesa 
do Consumidor. Ao analisar ambos os recursos, o ministro Aldir Passarinho 
Junior, relator do caso no STJ, deu razão à compradora: “Ora, se não houve re-
ciprocidade na culpa, não vejo como se imputar perda de valores em desfavor 
da autora, que teve a rescisão decretada por inadimplência da construtora”. 
O ministro destacou que não se trata, no caso, de desistência da aqui-
sição por mera vontade da compradora, mas por descumprimento do prazo 
na entrega da obra, “o que faz a construtora arcar, exclusivamente, com os 
ônus daí advindos. Devolve, corrigidamente, os valores recebidos e fica com o 
imóvel para si. As despesas que efetuou, nesse caso, são perdas suas”. Dessa 
forma, determinou à construtora o pagamento integral dos valores pagos.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Construtora deve arcar com valor 
do imóvel não entregue e despesas de publicidade. 
Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp? 
tmp.area=368&tmp.texto=74754&tmp.ano=2004&tmp.mes=04>. 
Acesso em: 7 abr. 2008.
41
Direito Aplicado à Gestão – Capítulo 1
 Com base nessa situação, assinale V para as alternativas verdadeiras e F para 
as falsas.
Caso a empresa de contabilidade não entregue o relatório de auditoria no ( ) 
prazo, você poderá notificá-la de que deseja

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