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TÍTULO VII
DA PROVA
 
 
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
 
        Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
        Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.
 
Livre convicção e in dúbio pro reo
 
Livre convicção motivada: O princípio de avaliação da prova adotado é o da livre convicção (não há hierarquia pré-estabelecida dos meios de prova) motivada (o juiz deve expor os motivos de seu convencimento). É diverso do sistema da íntima convicção que vale para os jurados, os quais não precisam expor as razões de sua decisão.
 
Princípio in dubio pro reo: Artigo 5o, inciso LVII, da CF: Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Ver título Princípio in dubio pro reo em anotações ao artigo 3o. do CPP.
 
Definição de prova, prova do inquérito e prova de menoridade
Definição de prova: Prova é o conjunto de indícios e circunstâncias demonstradas capazes de levar a um determinado convencimento. O fato está provado quando o conjunto de indícios que o demonstra é convincente.
 
Provas do inquérito: As provas do inquérito valem para o convencimento desde que repetidas em juízo e se encontrem em harmonia com as coletadas durante a instrução processual. Podem ser úteis tanto à acusação quanto também à defesa. Se confirmadas pela instrução processual, favorecem a acusação. Já se em contradição e desarmonia contribuem para a declaração de inocência. Ver títulos Valor probatório. Duas correntes e A segunda corrente. Atualizando sua fundamentação em comentários ao artigo 4º do CPP.
 
Prova de menoridade: Súmula 74 do STJ - Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil. Logo, não é indispensável a apresentação de certidão de nascimento. É suficiente documento hábil para prova da menoridade.
 
Comunhão dos meios de prova, objeto da prova, fato notório e presumido
 
Comunhão dos meios de prova: Significa não apenas que as partes e o juiz podem levar provas aos autos, como também que a prova, uma vez autuada, aproveita a todos.
 
Objeto da prova: É a hipótese delitiva contida na denúncia.
 
Fato notório: Fato de conhecimento amplo, de todos. Não precisa ser provado.
 
Fato presumido por lei: Não precisa ser provado. A inimputabilidade do menor de 18 anos, por exemplo.
 
Fatos de conhecimento particular do juiz, meios de prova e liberdade probatória
 
Fatos de conhecimento particular do juiz: Não podem ser levados em consideração para decidir, do contrário haveria prejuízo para a ampla defesa e para o contraditório.
 
Meios de prova: São as formas ou ações que conduzem à obtenção de prova.
 
Liberdade probatória: A liberdade probatória não é absoluta. Sofre limites quanto ao estado das pessoas em que vale a lei civil, e as provas não podem ser obtidas por meios ilícitos.
 
Prova emprestada
 
Prova emprestada: É admitida a prova que se traz de outro processo. Todavia, seu valor é reduzido se não participaram do outro processo as mesmas partes.
 
Prova da morte, estado civil de pessoa e documentos no júri
 
Prova da morte:   Art. 62:  No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
 
Controvérsia sobre o estado civil de pessoa:  Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente (artigo 92).
 
Apresentação de documento novo no julgamento pelo júri: Durante o julgamento não é permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte (artigo 479). Na expressão documento não se incluem livros de doutrina ou textos de jurisprudência.
 
 
     Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
        I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
        II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
 
Ônus da prova e in dúbio pro reo
 
Ônus da prova é do MP: O MP, ao oferecer a peça inicial acusatória, descreve um fato típico, imputando a autoria ao denunciado e pede sua condenação a uma pena. Ora, requerendo aplicação da pena, significa que está alegando na denúncia a prática de um crime (fato típico, antijurídico e culpável), ou seja, está a alegar a presença da tipicidade e a ausência de qualquer causa excludente de antijuridicidade e de culpabilidade. Por consequência, o ônus de provar prática de delito é do MP. Deve ele no curso da ação penal demonstrar não apenas a autoria e a tipicidade. Deve provar também a inocorrência de causas excludentes da antijuridicidade e da culpabilidade. O réu não tem obrigação de comprovar o que quer que seja, embora, possa e deva contribuir para a demonstração de sua inocência. Esse é o real significado da norma esculpida no caput dessa disposição. Não é o réu quem por primeiro alega que agiu em legítima defesa. É o promotor ao denunciá-lo dizendo que praticou delito quem primeiro afirmou, já que não há delito onde há legítima defesa. Ou seja, dito em outras palavras, ao imputar a pratica de delito, asseverou, embora implicitamente, que o fato não foi praticado em legítima defesa. Perceba-se, o réu é inocente. Possui uma situação jurídica de inocência. Sua inocência não precisa ser construída, mas ao contrário, desconstituída pelo MP. Essa interpretação é consequência da significação do processo como garantia do indivíduo, da presunção de inocência, do princípio in dubio pro reo. A dúvida sempre favorecerá ao acusado no que diz respeito à prática da hipótese delitiva. Em delito de homicídio, se o acusado alegar, sem provar, legítima defesa, compete ao MP demonstrar que a conduta do réu não se deu sob o manto dessa excludente de antijuridicidade. Restando a dúvida quanto a ter ou não o acusado agido em legítima defesa, a decisão há de ser a de absolvição, pois que sua situação jurídica de inocência não foi eficazmente desconstituída. A propósito da dúvida quanto a existência de excludentes de antijuridicidade ou de culpa, o artigo 386 é expresso: O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: (...) VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (artigos 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do artigo 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). Esse dispositivo, introduzido pela Lei n. 11.690/2008 merece todos aplausos. Impressiona que ainda existem alguns julgados (não muitos, é verdade) sustentando que cumpre à defesa provar as excludentes que alega. É um notável equívoco. Não vigem no processo penal os mesmos princípios  relativos ao ônus da prova que imperam no processo civil. Com a alteração legislativa recente ficou claro que se houver fundada dúvida quanto à existência de excludente de antijuridicidade ou de culpa, o acusado é absolvido.
 
Princípio in dubio pro reo: Nos atos decisórios, o magistrado decide com o material que consta nos autos do processo. Os autos contêm representação de fatos. Alguns fatos interessam para a aplicação da norma processual penal e outros para a da substancial.O fato prejuízo nas nulidades é de relevância para a norma de processo. Já os fatos relacionados com a autoria, a personalidade, os antecedentes do agente e a própria hipótese de fato, que é objeto da acusação, são de relevância substancial, pois têm vinculação com o direito penal.  Certeza e dúvida são estados psicológicos. O juiz é possuidor de certeza quando adquire a convicção de que o fato por ele representado mentalmente condiz com o que efetivamente aconteceu. Há dúvida quando falta essa convicção, ou seja, quando o juiz não consegue determinar qual das hipóteses de fato por ele admitidas como possíveis condiz com o fato que realmente ocorreu. Para que o magistrado decida no processo, necessário é que conheça as provas. No processo civil vige o sistema do ônus da prova. Ali, o ônus probatório dos fatos é repartido entre as partes. O autor deverá provar os fatos constitutivos de seu direito, e ao réu caberá a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor.  No processo penal, o magistrado não julga de acordo com as regras de distribuição de prova estabelecidas na área cível. Segundo Mariconde, “o princípio in dubio pro reo exclui, em absoluto, a carga probatória do imputado; esse não tem o dever de provar nada, embora tenha o direito de fazê-lo, pois goza de uma situação jurídica que não precisa ser construída, mas sim, destruída; se não se prova sua culpabilidade seguirá sendo inocente e, por consequência, deverá ser absolvido” (MARICONDE, AlfredoVélez. Estúdios de derecho procesal penal. Córdoba, Imprenta de la Universidad, 1956, V.II, p. 34). No mesmo sentido, Manzini diz que “a prova negativa, a demonstração de inculpabilidade, em geral, não é possível: pretendê-la significaria um absurdo lógico e uma manifesta iniquidade...” (apud MARICONDE, Alfredo Vélez. Estúdios de derecho procesal penal. Córdoba, Imprenta de la Universidad, 1956, V.II, p. 34). No processo penal o juiz julga de acordo com sua convicção, resultante da prova trazida para o processo pelas partes ou de ofício. Algumas vezes, os elementos de prova, de que dispõe para decidir acerca de determinado evento, não são suficientemente claros, e daí emerge o estado psicológico da dúvida. Se, esgotados todos os meios legais para que se excluam as possibilidades geradoras da dúvida e, inobstante, a mesma subsistir, a solução que se apresenta é a aplicação do princípio in dubio pro reo. Sublinhe-se, o princípio não se aplica somente aos fatos em que incide a lei penal (a ocorrência de fato típico, a autoria, a legítima defesa, por exemplo, são fatos cuja incidência está afeta à lei penal) –, todos os fatos de relevância para a justiça criminal, sejam substanciais ou processuais, estão sujeitos à aplicação do princípio. Exemplo de fato sobre o qual incide a lei processual penal (fato de relevância processual) e sobre o qual é aplicável o princípio, como já dissemos, é o elemento prejuízo necessário para a declaração de nulidade processual. Quando, naquele momento subjetivo em que o juiz julga acerca da declarabilidade ou não da nulidade do ato processual, lhe ocorre dúvida quanto à existência de prejuízo real, estará diante do chamado prejuízo potencial, duvidoso, possível. A ele se opõe o prejuízo efetivo, aquele que material e efetivamente se verifica.  Borges da Rosa defende com veemência a impossibilidade da declaração de nulidade, quando o prejuízo é potencial: “os escritores que sustentam que o dano ou prejuízo potencial, que nada mais é do que uma presunção de dano ou de prejuízo dá também lugar à nulidade, são aqueles que ainda não se libertaram de todo da poderosa influência exercida pelo sistema já relegado de Romagnosi...” (apud MEDEIROS, Flavio Meirelles – Nulidades do processo penal. Porto Alegre, Síntese, 1982. p. 37). Não está com a razão o eminente escritor gaúcho. Acontece que a nulidade é, por conceituação, uma omissão. Por ser omissão (de ato ou de formalidade), torna-se difícil, muita vezes, afirmar que não houve prejuízo. Só se fosse possível comparar o ato realizado com o ato não realizado. Ora, isso é jurisdicionalmente inviável. Dessa inviabilidade fica-se em dúvida quanto à existência de prejuízo. Considerando que a verificação do prejuízo diz respeito à valoração de provas, e que o princípio in dubio pro reo é aplicável também aos fatos de natureza processual, há que aplicá-lo quando a nulidade de prejuízo duvidoso for favorável à defesa. O princípio in dubio pro reo significa que se o juiz estiver em dúvida, não tendo, portanto, condições de convencer-se de que o fato ocorreu ou é de uma determinada maneira, com exclusão de outra, deve decidir que tenha ocorrido ou é da forma que se apresentar mais favorável ao réu. Seu fundamento está nos próprios fins últimos da justiça criminal: a tranquilidade e a segurança dos cidadãos. A aplicação do princípio dá a todos a segurança de que nunca serão condenados sem prova bastante, e daí, como resultado, a tranquilidade.
 
Produção antecipada da prova
 
Produção antecipada de prova: Há ocasiões em que a produção antecipada de prova se faz necessária. Pode ser na fase do inquérito ou a seguir logo que oferecida a denúncia, antes da audiência de instrução e julgamento. Diz o artigo 158 que quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.  Havendo risco de os indícios desaparecerem com o passar do tempo, necessário se faz a realização da perícia imediatamente. No homicídio, por exemplo, o auto de necroscopia, por razões óbvias, deve ser feito já no início do inquérito ou mesmo antes. Outro exemplo, a testemunha está com gravíssimos problemas de saúde e poderá a vir a falecer antes da audiência. Nesse caso, seu depoimento pode ser tomado de forma antecipada, com a intimação do advogado e do MP para participarem dessa audiência extraordinária. Mais um exemplo: o indiciado deixa a Delegacia de Polícia com lesões diversas em seu corpo. Pode requerer ao magistrado, alegando ter sido coagido no inquérito policial, que seja determinada de imediato perícia dessas lesões.
 
Regra da proporcionalidade da medida: A prova antecipada pode importar em um gravame, especialmente quando não for feita na presença das partes dada a urgência da medida. Daí porque deve o magistrado atender ao princípio da proporcionalidade ao decidir pela realização ou não da prova antecipada. Deve ponderar se o interesse que a medida visa proteger é mais relevante do que o gravame que a medida provoca.
 
Indeferimento de pedido de produção de prova e determinação de ofício
 
Indeferimento de pedido de prova: Não há recurso específico previsto contra o indeferimento de pedido de prova. É cabível mandado de segurança, que é uma ação e não um recurso, para que determinada prova seja realizada. De qualquer forma, interposto ou não o mandado de segurança, a negativa judicial pode acarretar na nulidade do processo por cerceamento de defesa.
 
Medidas de ofício: O juiz pode determinar de ofício a realização de provas, posto que deve procurar a verdade real para a correta aplicação da lei penal.
 
Diligências antes de proferir a sentença
 
Diligências antes de proferir a sentença: devem ter por origem circunstâncias ou fatos apurados na instrução. Ver artigo 402.
 
 
        Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
        § 1o  São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
        § 2o  Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
        § 3o  Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizadapor decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
        § 4o  (VETADO)
 
Garantia e fundamento constitucional
 
Garantia constitucional: É a seguinte a redação do inciso LVI, artigo 5º, da CF: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
 
Fundamento constitucional:  O fundamento da proibição da prova ilícita está ancorada no artigo 5º, inciso X, da CF: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (...).
 
Prova ilícita
 
Conceito de prova ilícita: A prova ilícita é conceituada na doutrina em geral como  aquela produzida com violação de normas constitucionais ou legais. Nem sempre, mas em alguns casos, a prova ilícita é produzida em violação de normas penais. A forma como é obtida constitui delito. A interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática constitui crime tipificado no artigo 10 da Lei n. 9.296/96. Os delitos de violação de correspondência, telegráfica e radioelétrica encontram-se previstos no artigo 151 do CP. A obtenção de depoimento mediante coação configura delito de abuso de autoridade (Lei n. 4.898/65).
 
Devem ser desentranhadas do processo:  As prova ilícitas devem ser retiradas dos autos do processo.
 
Doutrina dos frutos da árvore envenenada: São inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, ou seja, quando obtidas como resultantes da ilícitas colhidas. É a prova ilícita por derivação.
 
Prova ilícita pro reo: Está autorizada  produção no processo de prova obtida de forma ilícita se ela for favorável ao réu. A prova ilícita, se aproveita à defesa, não deve ser desentranhada dos autos, já que o significado do processo como garantia do indivíduo constitui regra basilar do processo penal. Inadmissível a condenação de um inocente ao fundamento de proteger a privacidade de alguém.
 
Ausência de nexo de causalidade: Não havendo nexo de causalidade entre as provas ilícitas e as demais, essas são admissíveis, é da dicção óbvia do parágrafo 1º.
 
Provas derivadas e fontes independentes: São admissíveis as provas derivadas das ilícitas quando puderem ser obtidas por uma fonte independente.  Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
 
Recurso contra a decisão que não reconhece a ilicitude da prova: Os recursos cabíveis são ou o mandado de segurança ou o habeas corpus, posto que há urgência na retirada de prova ilícita dos autos sob pena de contaminação de toda a instrução criminal.
 
Inviolabilidade de correspondência, telegrafia e comunicações telefônicas
 
Inviolabilidade da correspondência, da telegrafia, dos dados e das comunicações telefônicas: O artigo 5º, inciso XII, da CF, estatui:  É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. O “último caso”  referido pela disposição, o qual autoriza a interceptação havendo ordem judicial, abrange as comunicações por dados e as comunicações telefônicas.
 
A inviolabilidade da correspondência e das comunicações telegráficas: A CF, no artigo 5º,  inciso XII, em sua literalidade, estabelece a inviolabilidade absoluta da correspondência e das comunicações telegráficas. Todavia, parte da jurisprudência tem aplicado  à espécie o princípio da proporcionalidade. É feito um balanço entre os princípios que governam a ordem normativa constitucional. Sob certas circunstâncias, a jurisprudência tem autorizado que a prova ilícita influa na decisão. Nos delitos dotados de maior gravidade, dentre os quais estão o sequestro, o latrocínio e outros, em que são violados bens jurídicos fundamentais tais como a vida, a liberdade, consideradas as graves e dramáticas consequências do delito produzidas no meio social, algumas decisões sustentam ser possível fazer valer os princípios constitucionais protetores desses bens jurídicos fundamentais em detrimento da regra da ilicitude da prova, e assim é autorizada a interceptação da correspondência e das comunicações telegráficas para fazê-las valerem como prova no processo penal. Registre-se, porém, que há entendimento doutrinário e jurisprudencial em sentido contrário.
 
Correspondência de preso:  O contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita do réu preso pode ser suspenso ou restringido (artigo 40, inciso XV, parágrafo 1º, da Lei  n.  7.210/84).
 
Jurisprudência
 
Denúncia anônima: “(...) a jurisprudência desta Suprema Corte é assente no sentido de que a denúncia anônima não tem o condão de invalidar o inquérito policial, quando as investigações se valem de outras diligências colhidas para averiguar a delatio criminis, como se dá na espécie, ou quando na ação penal a condenação fundamenta-se em conjunto probatório colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa (...)” (MIN. RICARDO LEWANDOWSKI – STF - HC 133148).
Interceptação de dados e comunicações telefônicas
 
Interceptação de dados e das comunicações telefônicas: A interceptação de dados e das comunicações telefônicas encontra regulamentação na Lei n. 9.296/96. A interceptação dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. O disposto nessa lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.  A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Segundo o artigo 5º dessa lei, a diligência não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Todavia, a jurisprudência tem admitido mais prorrogações. Para os procedimentos de interceptação, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
 
Provas de outro delito na interceptação telefônica: Segundo o artigo 2º, parágrafo único, da Lei n. 9.296/96, deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação. Combinada essa norma com os demais incisos desse mesmo artigo chega-se à conclusão que a interceptação telefônica deve ter por objeto um delito determinado. A questão que se coloca é:  se a conversa telefônica interceptada traz notícia de outros delitos e provas que não guardam relação direta ou indireta com o delito investigado, essas provas poderão ser aproveitadas para dar início a uma nova investigação criminal? A resposta há de ser positiva. Da mesma forma se um agente policial, por simples acaso, se depara no dia-a-dia com provas de um delito, a colheita e investigação dessas provas são lícitas.
 
Interceptação a requerimento da defesa: A lei não prevê a faculdade de a defesa requerer a interceptação de dados ou telefônica. Tendo em vista o princípio da ampla defesa, esse  pedido e a interceptação são cabíveis.
 
Crime de interceptação não autorizada: Segundo o artigo 10 da Lei n. 9.296/96, constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos,e multa.
 
Gravação telefônica ou filmagem feita pela vítima: São lícitas.
 
Jurisprudência:
 
Mandado de busca e apreensão e viabilidade de acesso ao conteúdo de celular: A obtenção do conteúdo de conversas e mensagens armazenadas em aparelho de telefone celular ou smartphones não se subordina aos ditames da Lei 9296/96.  O acesso ao conteúdo armazenado em telefone celular ou smartphone, quando determinada judicialmente a busca e apreensão destes aparelhos, não ofende o art. 5º, inciso XII, da Constituição da República, porquanto o sigilo a que se refere o aludido preceito constitucional é em relação à interceptação telefônica ou telemática propriamente dita, ou seja, é da comunicação de dados, e não dos dados em si mesmos.  Na pressuposição da ordem de apreensão de aparelho celular ou smartphone está o acesso aos dados que neles estejam armazenados, sob pena de a busca e apreensão resultar em medida írrita, dado que o aparelho desprovido de conteúdo simplesmente não ostenta virtualidade de ser utilizado como prova criminal (MINISTRO FELIX FISCHER – STJ - RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 75.800).
 
Apreensão de computador autorizada judicialmente e viabilidade de acesso a seu conteúdo: A obtenção de dados mediante a apreensão da base física de computador, autorizado judicialmente, não ofende o art. 5º, inciso XII, da Constituição da República, porquanto o sigilo a que se refere o aludido preceito constitucional é em relação à interceptação telemática propriamente dita, ou seja, é da 'comunicação de dados' e não dos 'dados em si mesmos, ainda quando armazenados em computador (Ministro Sepúlveda Pertence – STF - RE 418416-8)
 
Prisão em flagrante e ilicitude de devassa de dados do celular: Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. Nulidade das provas obtidas no celular do paciente sem autorização judicial (Ministro Nefi Cordeiro – STJ - RHC n. 51.531).
 
Prisão em flagrante e licitude de exame de dados do celular: Havendo prisão em flagrante, a análise registros telefônicos aparelhos celulares apreendidos não é ilícita. Não se confundem comunicação telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a cláusula do artigo 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, depósito registral. A proteção constitucional é da comunicação de dados e não dos dados. Segundo o artigo 6º do CPP constitui dever da autoridade policial  proceder à coleta do material comprobatório da prática da infração penal. Ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos, meio material indireto de prova, a autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, unicamente, colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito (dessa análise logrou encontrar ligações entre o executor do homicídio e o ora paciente) (Ministro Gilmar Mendes – STF - habeas corpus 91.867).
 
 
 
Prorrogações da interceptação telefônica: (...) uma vez demonstrado que as razões Iniciais legitimadoras da interceptação subsistem e o contexto fático delineado pela parte requerente indica a sua necessidade como único meio de prova para elucidação do fato criminoso, a jurisprudência desta Suprema Corte tem admitido a razoável prorrogação da medida, desde que respeitado o prazo de 15 dias entre cada uma delas, o que não configura desrespeito ao art. 5° da Lei 9.296/1996 (MIN. RICARDO LEWANDOWSKI – STF - HC 133148).
Mensagens de email
 
Mensagens de email: a jurisprudência diverge se as mensagens de e-mail constituem correspondência ou comunicação de dados. Se são dados, podem ser interceptados com fundamento na Lei n. 9.296/96, e se são correspondência se faz necessário o exame da aplicabilidade do princípio da proporcionalidade para autorizar a interceptação ( ver título A inviolabilidade da correspondência e das comunicações telegráficasnas anotações ao presente dispositivo).
 
Fundamentação da decisão
 
Decisão e fundamentação necessária: Para qualquer interceptação, de dados, de correspondência, de comunicações telegráficas e telefônicas, para quebra de sigilo bancário e fiscal faz-se indispensável que a decisão que a autoriza, ou não, seja fundamentada.
 
Gravação ambiental, busca domiciliar e perícia
 
Gravação ambiental ilícita: Gravação ambiental é aquela realizada sem interceptação telefônica. Se uma terceira pessoa grava a conversa íntima entre duas pessoas, sem autorização judicial, essa gravação é ilícita como meio de prova.
 
Busca domiciliar noturna e prova obtida mediante prisão ilegal: São ilícitas.
 
Réu que nega a autenticidade de filmagem ou gravação: Deve ser determinada a realização de perícia.
 
 
CAPÍTULO II - DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL
 
        Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado
 
Vestígios e finalidade do exame
 
Infração que deixa vestígios: Quando a infração deixa vestígios (e nem todas deixam), o exame de corpo de delito, direto ou indireto, é indispensável, sendo que, a confissão do acusado não supre essa falta.
 
Vestígios: Vestígios têm por sinônimos pegadas, pistas, rastros, restos, indícios, sinais.
 
Finalidade do exame do corpo de delito: A principal finalidade do exame do corpo de delito é a de provar a ocorrência do fato tido por delituoso.
 
Obrigações da autoridade policial: Dispõe o artigo 6º., e seus incisos I, II e VII, que logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;  - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias.
 
Exame indireto
 
Exame do corpo de delito indireto: Há corrente doutrinária segundo a qual o exame de corpo de delito indireto pode ser realizado por uma prova testemunhal segura e convincente quanto à materialidade do crime. Essa corrente tem sido aceita pela jurisprudência. É da redação do artigo 167: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Segundo outra corrente, o exame indireto deve ser realizado pelo perito (ou peritos, se não oficiais) examinando os testemunhos, documentos, fotografias, filmes, atestados, boletins.
 
Inadmissibilidade do exame do corpo de delito indireto: É inadmissível o exame do corpo de delito indireto se não houverem desaparecido os vestígios ou se desaparecidos por desídia da autoridade policial.
 
Confissão não supre
 
A confissão: Isolada, ela não supre a ausência de exame de corpo de delito. Todavia, se confirmada por testemunhas e outros elementos de prova, ela possui valor para suprir o exame.
 
Ausência do exame e nulidade
 
Nulidade do processo: Segundo o artigo 564, inciso III, letra “b”, é nulo o processo por falta do exame do corpo de delito, ressalvado setiverem desaparecido os vestígios, quando então, segundo o artigo 167, a prova testemunhal poderá suprir a falta. A falta do exame de delito em não tendo desaparecido os vestígios, ou tendo desaparecido e não suprida a falta do exame pela prova testemunhal, constitui nulidade absoluta, independe de arguição da parte e o prejuízo é presumido por lei. Importa também em nulidade absoluta a falta de requisito de existência do exame de corpo do delito, como por exemplo a ausência da descrição do que foi examinado e das respostas aos quesitos formulados. Ver anotações ao artigo 564.
 
Apresentação da denúncia sem exame de corpo de delito: É possível. O exame pode ser juntado aos autos em momento posterior.
 
Dispensa do exame nos juizadosespeciais criminais:  De acordo com o artigo 77, parágrafo 1º,  da Lei 9.099/95, para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no artigo 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
 
Lei dos tóxicos (Lei 11.343/2006): Em seu artigo 50, parágrafo 1º, estabelece que para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
 
Lei de Abuso de Autoridade: Consoante o artigo 14 da Lei n. 4.898/65: Se o ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas qualificadas;  b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as verificações necessárias. § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. § 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação poderá conter a indicação de mais duas testemunhas.
 
Duvida sobre a integridade mental e exame
 
Dúvida sobre a integridade mental e exame: Dispõe o artigo 149 que quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja esse submetido a exame médico-legal.
 
 
      Art. 159.  O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.
          § 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
        § 2o  Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
        § 3o  Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
        § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
        § 5o  Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
        I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com  antecedência  mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
        II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
 
Formalidades do exame
 
Perito oficial: É aquele investido no cargo por força de lei e não por simples nomeação do juiz.
 
Sobre peritos: Ver nossos comentários aos artigos 275 a 281.
 
Revogação parcial da Súmula 361 do STF: Diz referida Súmula que no processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado anteriormente na diligência de apreensão (vide jurisprudência posterior à publicação da Súmula). Essa Súmula só tem validade para a perícia não oficial, pois que, atualmente, a perícia oficial é realizada por um só perito.
 
Perícia inoficial e lavratura do auto pelo escrivão: No caso do § 1o do artigo 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. O laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos (artigo 179, parágrafo único).
 
Suspeição dos peritos: Ver nossas anotações ao artigo 280.
 
Falta de compromisso: Constitui mera irregularidade segundo jurisprudência majoritária.
 
 
          Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
        Parágrafo único.  O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
 
Os quesitos
 
Apresentação dos quesitos: Diz o artigo 176 que a autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
 
 
      Art. 161.  O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
 
Momento da realização do exame
 
Qualquer dia: Inclusive nos feriados, sábados e domingos, posto que deve ser feito antes que desapareçam os vestígios.
 
Crimes contra a propriedade imaterial:  No delito contra a propriedade imaterial, no caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito (artigo 525).
 
 
   Art. 162.  A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
        Parágrafo único.  Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
 
Autópsia e óbito
 
Seis horas depois do óbito: A espera leva em consideração os casos de morte aparente.
 
Morte violenta: No caso de não haver infração penal que apurar nos casos de morte violenta ou quando as lesões externas permitirem identificar a causa da morte, bastará o simples exame externo do cadáver.
 
 
Art. 163.  Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
        Parágrafo único.  O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.
 
Exumação
 
Exumação: É a retirada do cadáver da sepultura para fins de exames complementares quando restarem dúvidas que precisam ser esclarecidas.
 
Desobediência: Artigo 330 do CP.
 
Inumar ou exumar cadáver, com infração das disposições legais: Constitui contravenção penal (artigo 67 do Decreto-lei 3.688/41).
 
 
    Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
 
Cadáver e o local do crime
 
Obrigação da autoridade policial: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais (artigo 6º, inciso I).
 
Justificativa: A posição do cadáver, a localização das lesões externas e todos os vestígios deixados no ambiente (sangue, armas) podem colaborar para o correto esclarecimento do fato e de suas circunstâncias. Dessa maneira, essa diligência pode colaborar fornecendo provas ou indícios para determinar se tratou-se de homicídio, acidente, suicídio, ou mesmo, ter agido o agente em legítima defesa.
 
 
   Art. 165.  Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exameprovas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
 
Cadáver, fotografias e desenhos
 
Documentos que acompanham o exame: Os documentos relacionados no dispositivo devem ser juntados ao exame e, também, todos demais que entenderem necessários que possam colaborar para o correto esclarecimento dos fatos.
 
 
       Art. 166.  Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
        Parágrafo único.  Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
 
A identidade do cadáver
 
Dúvida quanto a identidade do cadáver: Para a correta identificação do cadáver, os peritos poderão recorrer também às impressões digitais, fotografias, exame de DNA, fichas dentárias. É lavrado um auto de reconhecimento.
 
 
        Art. 167.  Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
 
Desaparecimento dos vestígios e exame indireto
 
Desídia da polícia: Se o desaparecimento dos vestígios verificou-se por culpa da polícia, a prova testemunhal é  imprestável para suprir a falta do exame.
 
Prova testemunhal convincente: A prova testemunhal há de ser convincente, uniforme, categórica, cabal,  pois que sua finalidade é comprovar a materialidade do delito.
 
Exame de corpo de delito indireto: Ver em nossas anotações ao artigo 158.
 
 
        Art. 168.  Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
        § 1o  No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
        § 2o  Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no artigo 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
        § 3o  A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
 
Lesões corporais e exame complementar
 
Exame incompleto ou deficiente: Recorre-se a exame complementar para suprir as deficiências.
 
Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias: Nos termos do parágrafo 2º, se as lesões resultarem em incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, deverá ser feito obrigatoriamente exame complementar que ateste o fato.
 
Outros casos de necessidade de exame complementar: Embora o parágrafo 2º só faça referência à necessidade de exame no caso de incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, para comprovar outras circunstâncias distintas do artigo 129 do CP, podeser indispensável o exame complementar, podendo, portanto, as partes fazerem o requerimento ou o juiz determinar de ofício com vistas ao esclarecimento da verdade. São exemplos os casos do perigo de vida (vide parágrafos do artigo 129 do CP), da debilidade permanente de membro, sentido ou função, da incapacidade permanente para o trabalho, da enfermidade incurável, da inutilização de membro, sentido ou função e da deformidade permanente.
 
Suprimento pela prova testemunhal: A falta de exame complementar pode ser suprida pela prova testemunhal.
 
 
        Art. 169.  Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)
      Parágrafo único.  Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos
 
Não alteração do estado das coisa no local
 
O estado das coisas: O estado das coisas não pode ser alterado até a chegada dos peritos, sob pena de prejudicar o exame pericial. Caso tenha havido alteração do estado das coisas, o perito registrará no laudo tal fato e relatará as consequências dessas alterações para a elucidação dos fatos.
 
Obrigação da autoridade policial: De acordo com o artigo 6º, parágrafo 1º., logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
 
Acidente de trânsito: Segundo a Lei n. 5.970/73, em seu artigo 1º, parágrafo único, em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego. Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade.
 
 
       Art. 170.  Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
 
Obrigação de guarda de material
 
Tóxicos: No caso de substância entorpecente, devem ser guardadas amostras.
 
Prazo: A lei não estabelece um prazo definido para que sejam guardados os materiais. Devem ser guardados até o trânsito em julgado da decisão.
 
Microfilmagem: A Lei n. 5.433/68 regulamenta a microfilmagem de documentos.
 
Água e alimentos: O dispositivo em exame deve ser aplicado, entre outros delitos, nos de envenenamento de água potável, sua poluição (artigos 270 e 271 do CP) e no delito de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios (artigo 272 do CP).
 
Direção sob efeito de drogas: Também deve ser aplicado o dispositivo no caso de direção de veículo automotor sob a influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência (artigo 277, da Lei n. 9.503/97).
 
 
       Art. 171.  Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
 
Crimes com destruição ou rompimento de obstáculo
 
Furto qualificado e delito de dano: O dispositivo refere-se ao furto qualificado (artigo 155, parágrafo 4º, incisos I e II):  Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: (...) § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;  II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. E ao delito de dano (artigo 163 do CP):  Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
 
Indispensabilidade do exame de corpo de delito: Nesses delitos o exame de corpo de delito é indispensável, salvo se houverem desaparecido os vestígios, hipótese em que a prova testemunhal poderá suprir a falta.
 
 
       Art. 172.  Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime.
        Parágrafo único.  Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.
 
Avaliação de coisas destruídas ou que constituam produto do crime
 
Indenização: Essa avaliaçãoé necessária não apenas para a dosagem da pena, como também para que se possa na sentença fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração (artigo 387, inciso IV).
 
Dano qualificado: Necessária também se faz a avaliação para a caracterização do delito de dano qualificado (artigo 163, parágrafo único, inciso IV):  Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia (...)  Dano qualificado.   Parágrafo único - Se o crime é cometido: (...) IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:   Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
 
Requisito para o livramento condicional: Consoante o artigo 83, inciso IV, do CP, um dos requisitos para a concessão de livramento condicional é que o preso tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração. Para proceder a reparação, necessário se faz a avaliação das coisas destruídas ou deterioradas.
 
 
        Art. 173.  No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
 
Incêndio
 
Delito de incêndio: Encontra-se tipificado no artigo 250 do CP: Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:  Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
  
Finalidade do exame: Entre outras finalidades, o exame busca determinar se o incêndio verificou-se com dolo, culpa ou se foi acidente.
 
 
       Art. 174.  No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
        I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
        II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
        III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
        IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
 
Reconhecimento de escritos
 
Finalidade da disposição: O artigo 174 tem por objetivo determinar a autoria de escritos.
 
Negativa do acusado em escrever: O acusado não pode ser obrigado a produzir prova contra si e, portanto, pode se negar a escrever o que lhe for ditado.
 
 
        Art. 175.  Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência.
Obrigação da autoridade policial: Art. 6º, do CPP:  Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:  (...) II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais.
 
 
Art. 176.  A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.
 
Quesitos pela autoridade e partes
 
Importância: A possibilidade de as parte formularem quesitos verifica-se principalmente quando a perícia não poder ser complementada durante a instrução do processo.
 
Quesitos do indiciado: Há entendimento de que o indiciado não possui direito a oferecer quesitos. Esse entendimento é equivocado, já que viola a ampla defesa na medida em que o exame de corpo de delito poderá influir decisivamente na sentença. Há ainda o disposto no artigo 14, segundo o qual o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Se os quesitos ofertados pelo indiciado forem fundamentais para o correto esclarecimento dos fatos e forem negados, estar-se-á diante de nulidade.
 
 
  Art. 177.  No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, esta nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
        Parágrafo único.  Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória
 
Exame solicitado por precatória
 
Não intervenção das partes na escolha do perito: Na ação privada, havendo acordo das partes, a nomeação pode ser feita pelo juiz deprecante. Todavia, as partes não intervirão na nomeação do perito (artigo 276).
 
 
        Art. 178.  No caso do artigo 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.
Requisição do exame à Repartição
Perito oficial: Em se tratando de exame realizado por perito oficial, será requisitado ao diretor da repartição onde trabalhar o perito.
 
Repartições: Nos Estados existem órgãos, normalmente vinculados à Secretaria de Segurança Pública, encarregados da realização das perícias.
 
 
       Art. 179.  No caso do § 1o do artigo 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.
        Parágrafo único.  No caso do artigo 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
 
Perícia inoficial
 
Perícia não oficial: Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame (artigo 159, parágrafo 1º.). Nesse caso a perícia será lavrada e autuada pelo escrivão.
 
 
        Art. 180.  Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
 
Divergência entre os peritos
 
Ampla liberdade do juiz: O magistrado pode nomear um terceiro perito, mas não é obrigado a fazer isso, pois que segundo o artigo 182 ojuiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Mesmo havendo um perito que faça o desempate, o juiz pode optar por qualquer das versões.
 
 
        Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
 
Inobservância de formalidades no exame e providências
 
Nulidade: O magistrado deve suprir a formalidade sob pena de verificar-se a nulidade do processo  com fundamento no artigo 564, inciso IV:A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:  (...)  IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. Observe-se que essa nulidade pode ser  sanada na forma do artigo 572: As nulidades previstas no artigo 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas: I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;  II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;   III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
 
 
        Art. 182.  O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
 
O juiz não está vinculado ao laudo
 
Fundamentação da decisão: a decisão que aceitar ou rejeitar o laudo, no todo ou em parte, deverá ser fundamentada (artigo 155).
 
Jurados: Também não estão vinculados às conclusões do laudo.
 
 
      Art. 183.  Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no artigo 19.
 
Iniciativa do ofendidoArtigo 19: Dispõe o artigo 19 que nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
 
 
        Art. 184.  Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
 
Desnecessidade de perícia
 
Dispensabilidade da perícia: Ao contrário do que se verifica com exame de corpo de delito, outras perícias requeridas ao juiz ou à autoridade policial poderão ser negadas quando desnecessárias ao esclarecimento da verdade dos fatos. Se necessárias e negadas, poderá verificar-se a nulidade do processo na forma do artigo 564, inciso IV. Se requerida pelo defensor, a negativa infundada poderá acarretar em nulidade por cerceamento de defesa.
 
 
CAPÍTULO III - DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
 
        Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
        § 1o  O interrogatório do réu preso será  realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.
        § 2o  Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
        I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
        II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
        III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do artigo 217 deste Código;
        IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
        § 3o  Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
        § 4o  Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os artigos 400, 411 e 531 deste Código.
        § 5o  Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
        § 6o  A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.
        § 7o  Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.
        § 8o  Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido.
        § 9o  Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor.
         § 10.  Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa                    
 
Obrigatoriedade de oportunizar o interrogatório
 
Natureza jurídica do interrogatório: Trata-se de meio de defesa e de meio de prova. O que o réu afirma em seu interrogatório pode tanto servir para fundamentar uma sentença absolutória quanto uma condenatória.
 
Comparecimento do réu para ser interrogado: O interrogatório é o último ato da audiência de instrução em julgamento, tanto no processo comum (artigo 400), quanto no sumário (artigo 531) e no sumaríssimo (artigo 81 da Lei n. 9.099/95). Assim, se o acusado comparecer no juízo antes da audiência, deverá aguardá-la para ser interrogado, não se realizando imediatamente o interrogatório. Se comparecer depois e não tiver sido interrogado na audiência, será interrogado. Para tal, deverá ser designada data futura para que possam ser intimados e estar presentes o MP e o defensor, possibilitando-se dessa forma a efetividade do artigo 188: Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.
 
Réu preso no curso do processo: Se não tiver sido interrogado na audiência, deverá ser requisitado para ser interrogado, sob pena de nulidade.
 
Nulidade do processo por falta do interrogatório: Segundo o artigo 564, III, “e”, a nulidade ocorrerá quando faltar ao processo o interrogatório do acusado, quando presente. Réu presente é tanto aquele que comparece na audiência para ser interrogado, quanto aquele que se apresenta depois da audiência.
 
Interrogatório depois da sentença: Mesmo depois de prolatada a sentença e estando o processo em fase de apelação, comparecendo o réu que não havia sido interrogado, deverá sê-lo, sob pena de nulidade.
 
Interrogatório por precatória: Se o acusado estiver em outra comarca, admite-se o interrogatório por carta precatória.
 
Aditamento da denúncia e novo interrogatório
 
Aditamento da denúncia e novo interrogatório: Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (...)  § 2o  Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
 
Novo interrogatório: Prescreve o artigo 196 que a todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.
 
Condução para o interrogatório
 
Condução para o interrogatório: Dispõe o artigo 260 que se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Esse dispositivo deve ser interpretado restritivamente. Como durante o interrogatório o acusado possui o direito de se manter calado, a condução forçada só se justifica quando indispensável sua presença. É exemplo de indispensabilidade da presença do interrrogando: para fins reconhecimento por testemunha ou pelo ofendido.
 
Condução ilegal sem mandado: Ver título Condução coercitiva ilegal de suspeitos e investigados em Doutrina nos comentários ao artigo 260.
 
Interrogatório peranteo Tribunal: É possível de acordo com o artigo 616: No julgamento das apelações, poderá o tribunal, câmara ou turma proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.
 
Réu preso
 
Interrogatório do réu preso: Segundo o dispositivo ora em análise, parágrafo 1º, o interrogatório do réu preso deve ser feito no estabelecimento prisional onde estiver recolhido. Todavia, tendo em vista que o acusado é o último a ser ouvido na audiência de instrução e julgamento, faz mais sentido que ele esteja presente na audiência, quando ao final, após ouvir e ponderar a propósito das provas contra ele existentes, será interrogado. Portanto, só excepcionalmente deve ser aplicado o parágrafo 1º desse dispositivo de n. 185.
 
Videoconferência
 
Excepcionalidade do interrogatório por videoconferência:  O momento processual para que o juiz possa conhecer o réu é o interrogatório. Sua imagem em uma tela e a reprodução digital de sua voz nem de longe substituem o contato pessoal para fins de conhecer-se o acusado e avaliar a veracidade de suas afirmações. Daí porque o legislador considera excepcional esse tipo de inquirição, arrolando os requisitos que o tornam possível.
 
Nulidade do interrogatório por videoconferência: Se não houver excepcionalidade na medida e fundamentação da decisão judicial que determina que o interrogatório se faça por videoconferência, há nulidade do processo. A fundamentação deve ter por base a prova dos autos. No caso de risco à segurança pública, não basta que seja o acusado reincidente em delitos graves, se faz indispensável que existam elementos de prova capazes de levar a conclusão de que há risco de fuga.
 
Gravíssima questão de ordem pública: Há gravíssima questão de ordem pública quando do comparecimento do réu ao fórum poder resultar em desordem pública. Exemplo é quando diante da gravidade ou crueldade do delito há clamor social em torno do fato e do réu, com riscos de agressões.
 
Decisão que determina a realização do interrogatório por videoconferência: Segundo o parágrafo 3º, as partes devem ser intimadas dessa decisão com antecedência de dez dias. O recurso cabível, no caso de que não estejam presentes os requisitos para que o ato se realize dessa maneira, ou estiver ausente a fundamentação, é o mandado de segurança ou o habeas corpus.
 
Interrogatório por videoconferência no Tribunal do Júri: Não está autorizado. O parágrafo 4º autoriza a videoconferência apenas nos casos dos artigos 400, 411 e 531 (procedimentos comum e sumário).
 
Interrogatório por videoconferência e acompanhamento da audiência pelo preso: Dispõe o parágrafo 4º que antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os artigos 400, 411 e 531 deste Código. Por poderá contido na disposição entenda-se deverá, já que se trata de direito do acusado antes de ser interrogado conhecer as provas contra ele produzidas. A desobediência a esse dispositivo gera nulidade.
 
Videoconferência e defensores: No caso de interrogatório por videoconferência, o acusado deverá contar com dois defensores. Um na audiência e outro no estabelecimento prisional juntamente com o preso. Deve ser possibilitado o acesso a canais telefônicos reservado entre os três, defensor que se encontra  no presídio, o preso e o defensor que está na sala de audiência. É a disposição do parágrafo 5º. No presídio atuará defensor “ad hoc”.
 
Testemunha ou ofendido presos:  Se a testemunha ou o ofendido estiverem presos, aplica-se o disposto nos parágrafos 2º ao 5º. Nesse caso, de inquirição dessas pessoas por videoconferência, o parágrafo 9º assegura o acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor.
 
A entrevista prévia com o réu
 
Entrevista prévia do réu com seu defensor: Em qualquer modalidade de interrogatório, por videoconferência ou não, é assegurado ao acusado entrevista prévia e reservada com seu defensor. A lei não esclarece quanto tempo pode durar essa entrevista. Mas o prazo a ser concedido há de ser razoável, considerada sempre a complexidade do caso. Essa entrevista deve acontecer depois de produzida a prova em audiência e momentos antes de prosseguir-se a audiência com o interrogatório. Portanto, a audiência deverá ser interrompida. É que o parágrafo 5o. não distingue, vale tanto para réu solto como para réu preso. Não haveria qualquer sentido em mencionar entrevista prévia para réu solto se não fosse após a colheita da prova e antes do interrogatório. Se a entrevista prévia fosse antes do início da audiência do acusado solto, não haveria necessidade de fazer qualquer alusão a ela, já que, obviamente, defensor e acusado poderiam conversar antes da audiência. Além do que devem ser perquiridas as razões da norma. Colhida a prova é o momento adequado para o defensor, com seus conhecimento técnicos, passar ao acusado algumas orientações relativas ao interrogatório, objetivando dessa maneira o exercício efetivo do contraditório e da ampla defesa. O defensor poderá, por exemplo, tendo em vista sua avaliação da prova, aconselhar ao acusado que refira no seu interrogatório determinados fatos, que não seriam narrados pelo interrogando, inclusive por esse não ter formação técnica e não saber, em tese, o que é melhor para sua defesa tanto quanto seu advogado. Diante dessas considerações, o defensor, requerendo a suspensão da audiência antes do interrogatório para poder conversar com o acusado e sendo indeferido o pedido, deverá alegar a nulidade do processo em face do cerceamento de defesa.
 
Ausência de defensor: A ausência de defensor no ato do interrogatório gera nulidade. Discute-se na jurisprudência se absoluta ou relativa.
 
 
        Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
       Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
 
O direito de se manter calado
 
Direito constitucional de se manter calado: Dispõe o artigo 5º, LXIII, da CF: O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
 
O silêncio não pode ser interpretado em prejuízo da defesa: Embora o artigo 198 diga que o silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz, o parágrafo único do artigo 186, o qual é de vigência posterior a do artigo 198, impõe que o silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. Não tivesse sido não recepcionada pela CF de 1988 parte do artigo 198, estaria tacitamente revogado pela nova redação do parágrafo único do artigo 186.
 
A defesa pode dispensar o interrogatório: Muito embora o interrogatório seja meio de prova (além de defesa), tendo em vista que o réu possui o direito ao silêncio,  a defesa está autorizada a dispensar o ato.  Será, porém, obrigatória a presença do acusado em audiência sempre que se fizer necessário seu reconhecimento pela vítima ou testemunhas.
 
Perguntas não respondidas: Não podem constar da ata, já que podem implicar em interpretação em prejuízo do acusado. Se a audiência é filmada, uma vez que o acusado declare que deseja exercer seu direito de se manter calado, o juiz deve respeitar sua escolha omitindo-se de fazer perguntas diversas tão somente para ouvir o acusado ficar repetindo que irá exercer seu direito.
 
Direito de se manter calado no inquérito: O direito de se manter calado se estende ao interrogatório na fase do inquérito (artigo 6º, inciso V).
 
 
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. (Redação dadapela Lei nº 10.792, de 1.12.2003)
        § 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
        § 2o Na segunda parte será perguntado sobre:
        I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
        II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela;
        III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
        IV - as provas já apuradas;
        V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
        VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
        VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração;
        VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1.12.2003)
 
 
Direito de não se incriminar e etapas do interrogatório
 
Direito de não se incriminar: O acusado possui o direito de não se incriminar, podendo, por consequência, apresentar a versão dos fatos que lhe parecer mais favorável ou mesmo negar a autoria mesmo sendo o autor do delito.
 
Etapas do interrogatório: A primeira etapa é a qualificação do acusado, seu nome, profissão, etc. Na segunda etapa é indagado sobre sua pessoa, meios de vida ou profissão, vida pregressa, etc. Na terceira etapa é indagado a propósito do fato que lhe é imputado.
 
Denunciação caluniosa e autoacusação falsa
 
Denunciação caluniosa: Se interrogado imputa a outra pessoa que sabe inocente a prática do delito, está sujeito a responder pelo delito de denunciação caluniosa:   dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente (artigo 339 do CP).
 
Autoacusação falsa: Se o interrogado confessa falsamente delito que não tenha praticado, responde pelo crime de auto-acusação falsa:  Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem (artigo 341 do CP).
 
Negando a verdade na qualificação: Constitui exercício do direito de defesa o interrogado negar-se na qualificação a fornecer seus dados como nome, profissão, endereço ou mesmo fornecer dados não verdadeiros (desde que não incrimine outrem), não incorrendo dessa forma na tipificação de contravenção penal (Decreto-lei nº 3.688/1941) tipificada no artigo 68: Recusar à autoridade, quando por essa, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência:   Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.  Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência). É que do indiciado e do acusado possuem o direito constitucional de ficarem calados.
 
 
       Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1.12.2003)
 
Ordem das perguntas e indeferimento das impertinentes
 
Ordem: Primeiro será dada a palavra à acusação e a seguir à defesa.
 
Indeferimento da questão proposta: O juiz tem a faculdade de indeferir o pedido de esclarecimento das partes por entender irrelevante ou que já tenha sido esclarecido.
 
A presença dos defensores, do réu, do corréu e acusado delator
 
 
A presença do defensor: Antes da alteração da Lei n. 10.792/2003, a presença do advogado era facultativa e a ele não era dado o direito de intervir no interrogatório. Com a atual obrigatoriedade, a ausência de presença de defensor gera nulidade.
 
Participação do advogado do corréu: Discute-se na doutrina se o advogado do corréu pode propor questões a serem esclarecidas. Entendemos que sim e que, inclusive, deve ser sempre intimado para o interrogatório do réu.
 
Corréu delator e o defensor do outro réu: É pacífico que no caso de corréu delator, o defensor do outro réu pode propor questões a serem respondidas, já que o conteúdo da delação poderá influir na sentença.
 
 
   Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1.12.2003)
 
Negativa da acusação, esclarecimentos e indicação de provas
 
Indicação de provas pelo réu: O réu, em seu interrogatório, pode indicar provas. Essa indicação é complementar à defesa técnica produzida pelo advogado.
 
Negativa em parte da acusação: O acusado pode negar em parte o fato imputado. Reconhecer, por exemplo, autoria mas alegar que agiu em legítima defesa.
 
 
     Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e quais sejam (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
 
Delação premiada, valor probante e delitos a que se aplica
 
Delação premiada: Quando o acusado confessa o delito e contribui para seu esclarecimento apontando coatores tem-se o que se chama delação premiada. Com ela, o réu é beneficiado com benefícios que vão desde o redução da pena até o perdão (dependendo da lei aplicável). Encontra-se regulada por diversas leis: Lei 7.492/86, artigo 25, parágrafo 2º. (crimes contra o sistema financeiro); Código Penal, artigo 159, parágrafo 4º (extorsão mediante sequestro); Lei 8.137/90, artigo 16, parágrafo único (crimes contra a ordem tributária); Lei 9.613/98, artigo 1º, parágrafo 5º (crimes de lavagem de dinheiro); Lei 9.807/99, artigos 13 e 14 (aplica-se a quaisquer delitos) ; Lei 11.343/2006, artigo 41(tráfico de entorpecentes) ; Lei 12.850/2013 (organização criminosa).
 
Valor probante da delação premiada: Ver esse título em comentários ao artigo 197.
 
Delação premiada em quaisquer delitos: Os benefícios da delação não são apenas para os autores daqueles delitos em que a delação vem prevista em lei. Por força do artigo 13, da Lei 9.807/1999, a qual estabelece normas de proteção a vítimas, testemunhas ameaçadas,  acusados ou condenados que tenham prestado colaboração à investigação policial e ao processo criminal, aplica-se a todo e qualquer delito. É o que se conclui da leitura de seus dispositivos: Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;  II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada; III - a recuperação total ou parcial do produto do crime. Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso. Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou

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