Buscar

Trichomonas Vaginalis: Patologia e Diagnóstico

Prévia do material em texto

Trichomonas
Trichomonas Vaginalis – patogênica
Morfologia
Célula polimorfa, capacidade de formar pseudópodes (capturar alimentos e se fixar). Só possui a forma trofozoíta e as condições físico-químicas podem afetar o aspecto. 
Possui 4 flagelos anteriores livres, que se originam no complexo granular basal anterior. Há membrana ondulante e costa. O axóstilo é rígido e hialino que se projeta do centro para a extremidade posterior e anterior. O núcleo é elipsóide anterior, com dupla membrana nuclear. Desprovido de mitocôndrias
Biologia
Habita o trato genitourinário do homem e da mulher, não sobrevive fora do sistema urogenital. 
Reprodução – divisão binária longitudinal. Não forma cistos. 
Fisiologia – organismo anaeróbio facultativo, atua em faixas de ph entre 5 e 7. Como fonte de energia usa glicose, frutose, maltose, glicogênio e amigo (não usa sacarose ou manose). Enzimas glicolíticas, não tem citocromo, pode manter reserva de glicogênio.
Transmissão – doença venérea de transmissão através da relação sexual. Pode sobreviver mais de 1 semana sobre o prepúcio do homem sadio, após o coito com mulher infectada. Ele funciona como vetor e com a ejaculação, os tricomonas na mucosa da uretra são levados à vagina. Em meninas – parto (neonatal)
Patologia
Problemas com a gravidez – ruptura prematura da membrana, parto prematuro, baixo peso do recém nascido, natimorto e morte neonatal. 
Problemas com a fertilidade – doença inflamatória pélvica infecta o trato urinário superior, destruindo estrutura tubária e danifica célula ciliadas da mucosa, inibindo a passagem de sptz. 
Transmissão de HIV – indua agressiva resposta imune celular local, com inflamação do epitélio vaginal, aumentando a infiltração de leucóciotos e células alvo do HIV (linfócitos e macrófagos). Além disso, causa pontos hemorrágicos na mucosa, facilitando o acesso do vírus ( aumenta porta de entrada. Uma pessoa infectada com o HIV aumenta seus níveis de vírus e número de células infectadas ( aumenta porta de saída do HIV. 
	Muitos também são assintomáticos, aumentando a difusão da doença.
Mecanismos da patogênese – o estabelecimento começa com o aumento de ph (3,8/4,5 ( 5), redução de lactobacillus acidophilus e aumento nas bactérias anaeróbias. O contato com leucócitos provoca destruição das células imunes (mecanismos de aderência associados à superfície celular). Na menstruação o número de organismos diminui, mas a expressão dos sintomas aumenta pelos fatores de virulência mediados pelo ferro. 
Sinais e Sintomas
Mulher
Varia da forma assintomática ao estado agudo. Período de incubação de 3-20dias. Afeta principalmente o epitélio do trato genital. Secreção cervical mucoporulenta associadas a Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis ou herpes simples. Provoca vaginite com corrimento vaginal fluido abundante, odor fétido (pós-menstrual), irritação vulvovaginal, dores no baixo ventre. Dor e dificuldade para relações sexuais, desconforto nos genitais externos, dor ao urinar e freqüência miccional. A vagina e o cérvice podem ser edematosas e eritematosas, com erosão e pontos hemorrágicos na parece cervical. É mais sintomática durante a gravidez e entre mulheres que tomam anticoncepcional oral. 
Homem
Normalmente assintomática. Pode apresentar uretrite com fluxo leitoso ou porulento. Pela manhã há um corrimento claro, viscoso e pouco abundante, com desconforto ao urinar. Durante o dia a secreção é escassa. O parasito desenvolve-se no trato urogenital, onde glicogênio é abundante. Pode se localizar na uretra e próstata (assintomáticos) ou ainda na bexiga e vesícula seminal. 
Diagnóstico
Clínico – não pode ter como base só a apresentação clínica. Confunde com DST´s.
Laboratorial 
Colheita da amostra – homem (de manhã, sem ter urinado, nem tomado medicamento há 15 dias. Melhor no sêmen. Amostra fresca pela masturbação) e mulher (sem higiene vaginal 18 a 24 horas e nada de medicamento vaginal ou oral por 15 dias - + nos primeiros dias após menstruação)
Preservação da amostra – deve ser preservado em líquidos ou meios de transporte. Suscetível a desidratação e mudanças no potencial de óxido-redução. 
Exame microscópico – observação do protozoário móvel, pelo exame direto de esfregaços a fresco com auxílio de microscopia. Negativo +exame de cultivo. 
Exame direto a fresco – preparações não coradas (observadas rápidas pois o parasito perde motilidade em meio frio), coradas, fixadas e coradas. 
Exame após cultivo – realizam-se meios de cultura líquidos ou semi-sólidos para isolar T.vag.
Imunológico – RIFI, Aglutinação, ELISA – completam exames parasitológicos. 
Epidemiologia
Protozoonose – DST não-viral. Incidência depende da idade, atividade sexual, parceiros, DST´s, ciclo menstrual, etc. Prevalência alta em grupos de baixo nível sócio econômico. O organismo é suscetível a altas temperaturas, mas pode viver por 3 horas na urina coletada e 6 horas no sêmen.
Uma via não-venérea pode existir, explicando casos em meninas e mulheres virgens – durante a passagem pelo canal de parto (epitélio escamoso da vagina é colonizado pelo parasito durante a gravidez pelo alto nível de estrógenos). 
É incomum na infância (condições vaginais – pH – não favorecem), mas aumenta a prevalência na pré e adolescência (transmissão sexual e muito estrogênio)
A prevalência nos homens é baixa, possivelmente pela ação triconomicida de secreções prostáticas ou eliminação mecânica dos protozoários durante a micção. Incidência maior quando há parceiras contaminadas. 
Profilaxia
Mesmas medidas preventivas para DST´s : sexo seguro, uso de preservativos, abstinência de contato com pessoas infectadas, tratamento imediato para ambos os parceiros caso haja suspeita, assintomático, sintomático, em pelo menos um deles. 
Abordagem: ultimo contato sexual, número de parceiros, hábitos e preferências sexuais, uso de antibiótico, métodos anticoncepcionais, etc. Uma DST é fator de risco para outra
Trichomonas Tenax
Flagelado, não patogênico, habitando a cavidade bucal do homem. Trofozoíto é polimorfico, com 4 flagelos anteriores. Não sobrevive no estômago nem na vagina. Não há forma cística. Transmissão por escovas de dente, alimentos, etc. Diagnótico – pesquisa no tártaro, goma de mascar ou criptas das tonsilas. 
Trichomonas Hominis
Flagelado, não patogênico (apesar de ser encontrado em fezes diarréicas). Prevalência em regiões tropicais e subtropicais. Não tem cisto. Trofozoítas habitam intestino grosso (ceco e cólon). Corpo piriforme, com 5 flagelos anteriores: 4 flagelos juntos e 1 separado, direcionado posteriormente. O sexto está ao longo da membrana ondulate. Há filamento acessório, axóstilo, costa, blefaroplasto e pelta. Núcleo arredondado. Multiplicação por divisão binária longitudinal. Dificilmente corados e culturas diretas (flora bacteriana). Transmissão pelos alimentos e água contaminada (rota fecal-oral), depende de costumes higiênicos e alimentares. Não se instala na vagina. Prevalência maior entre crianças (2-6 anos) e internos de asilos.

Continue navegando