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PERÍCIA PSIQUIÁTRICA

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A Perícia Psiquiátrica ou Exame Pericial Psiquiátrico é uma espécie de 
avaliação psiquiátrica com a finalidade de esclarecer a auxiliar a autoridade 
judiciária, policial, administrativa e, até mesmo, particular, porém, para a 
Justiça o Exame Pericial constitui um meio de prova. 
O trabalho pericial é uma avaliação especializada no tema em questão (em 
nosso caso, psiquiatria) e será solicitado pelo juiz em situações que 
escapam ao seu entendimento técnico-jurídico, com a finalidade última de 
esclarecer um fato de interesse da Justiça. 
Segundo o Código de Processo Civil (CPC), em seu artigo 145, o juiz será 
assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento 
técnico ou científico. Este perito, designado pelo juiz, deve obedecer 
algumas exigências, assim como também pode escusar-se de sua função em 
razão alguns impedimentos. 
Em tese, todo médico especializado em psiquiatria poderá ser nomeado 
perito. Entretanto, tendo em vista a tendência natural das ciências à 
superespecialização dentro de cada área profissional e de conhecimento, 
a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), juntamente com 
a Associação Médica Brasileira (AMB) atualmente reconhecem o Título de 
Especialista em Psiquiatria Forense (TEPF). O médico psiquiatra com essa 
qualificação estaria mais habilitado ao exame pericial do que um outro 
colega sem essa sub-especialidade psiquiátrica. Mesmo assim, o juiz pode 
nomear qualquer psiquiatra para proceder ao Exame Pericial Psiquiátrico. 
Portanto, a perícia psiquiátrica é um documento de caráter clínico-
psiquiátrico, solicitado pela justiça com objetivo de atestar a condição 
mental de uma pessoa e assessorar tecnicamente a justiça em duas situações 
básicas: na avaliação da interdição civil por razões mentais e na avaliação 
de inimputabilidade. No primeiro caso, avaliando a capacidade civil, a 
perícia psiquiátrica se dará no Direito Civil e na questão da imputabilidade, 
no Direito Criminal. 
Estão previstos em lei alguns impedimentos formais (artigos 134, 
135 e 138 do CPC) para a nomeação ou aceitação do perito seriam no caso 
dele atuar nos processos onde: 
a) for parte; 
b) houver prestado depoimento como testemunha; 
c) for cônjuge, parente em linha reta em qualquer grau ou parente em 
linha colateral até segundo grau (irmão ou cunhado) do advogado da 
parte; 
d) for cônjuge, parente em linha reta em qualquer grau ou parente em 
linha colateral até terceiro grau (tio e sobrinho) da parte; 
e) for membro da administração de pessoa jurídica que é parte no feito. 
Além desses impedimentos formais, a legislação prevê que perícia será 
considerada suspeita quando o perito for: 
a) amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
b) credor ou devedor de qualquer das partes, ou isso ocorrer com seu 
cônjuge, bem como aos parentes em linha reta em qualquer grau ou em 
linha colateral até terceiro grau (tio e sobrinho); 
c) herdeiro, donatário ou empregador de qualquer das partes; 
d) presenteado de qualquer das partes ou as houver aconselhado em 
relação à causa ou ainda as auxiliado financeiramente com as despesas do 
processo; 
e) interessado no julgamento do feito em favor de uma das partes. 
Espera-se, além da imparcialidade, evidentemente, que perito seja o mais 
didático possível, traduzindo da melhor maneira os conceitos e definições 
médicas, bem como os eventuais diagnósticos em linguagem acessível ao 
juiz, jamais se limitando à denominação simples do diagnóstico 
psiquiátrico. 
Uma das dificuldades que compromete substancialmente o andamento e a 
imparcialidade do resultado da perícia são eventuais sentimentos que o 
examinado pode despertar no perito. Em resumo, os objetivos básicos da 
Perícia Psiquiátrica não podem se distanciar do seguinte: 
1 - Estabelecer o Diagnóstico Médico. 
2 - Estabelecer o Estado Mental no momento da ação. 
3 - Estabelecer o Prognóstico Social, isto é, indicar, do ponto de vista 
psiquiátrico, a irreversibilidade ou não do quadro, a incapacidade 
definitiva ou temporária, a eventual periculosidade do paciente. 
Embora o Exame Pericial em psiquiatria seja de natureza clínica e 
semiológica, caso estejam indicados exames auxiliares para o caso, estes 
devem ser solicitados, incluindo exames psicológicos. A anamnese 
(entrevista) deve ser tão completa quanto possível. 
O exame direto (ou objetivo) é aquele cuja coleta de dados se faz junto ao 
examinando e, desejavelmente, deve ser completado com informações 
obtidas de outras fontes, como relatórios fornecidos por médicos assistentes 
ou hospitais. Pode ser extremamente útil obter informações adicionais junto 
às pessoas da intimidade do examinando. Da habilidade do perito 
dependerá a validade e veracidade dessas informações. 
A avaliação do estado mental da pessoa a ser periciada deve ser relatada de 
forma precisa e inteligível. O objetivo dessa avaliação é informar à justiça 
o que a medicina constata sobre a função mental da pessoa em apreço. 
Apesar do desejável cuidado científico e técnico, não se trata de uma tese 
ou dissertação de mestrado, mas de uma informação precisa com propósitos 
de ser, sobretudo, inteligível. 
Tipos de Avaliações Periciais 
Os Exames Periciais Psiquiátricos podem ser divididos em 3 tipos básicos; 
no direito cívil, no direito criminal (ou penal) e no direito do trabalho. 
A Perícia em Direito Civil 
De um modo geral, no Direito Cicil a Perícia Psiquiátrica terá utilidade 
nos casos de: 
1 - Ações de Interdição. No direito civil a perícia psiquiátrica tem como 
um dos principais objetivos avaliar a capacidade da pessoa se auto-
determinar (reger seus próprios atos) e administrar seus bens. Essas 
perícias se baseiam na avaliação da Capacidade Civil e são requeridas 
pelo juíz nas ações de Interdição de direito civil, como ocorre, 
principalmente, em deficientes mentais e pessoas demenciadas. 
2 - Ações de anulações de atos jurídicos em pessoas que tenham, 
porventura, tomado alguma atitude civil (compra, venda, casamento, 
divórcio, etc) enquanto não gazava da plenitude de seu juízo crítico. 
Nesses casos avaliam-se as condições de consciência da pessoa. Seria uma 
espécie de avaliação da Capacidade Civil temporária. 
3 - Avaliação da capacidade de testar. Como no caso anterior, a perícia 
psiquiátrica aqui é solicitada nas ações de anulações de testamentos. Isso 
ocorre em casos onde, supostamente, a pessoa tenha tomado alguma 
atitude testamentária sem que gozasse plenamente de reger plenamente 
seus atos. 
4 - Anulações de casamentos e separações judiciais litigiosas. Mais ou 
menos com os mesmos objetivos dos casos anteriores. 
5 - Ações de modificação de guarda de filhos, normalmente quando o 
cônjuge tutor demonstra insufuciência psíquica para manter a guarda 
do(s) filho(s). 
6 - Avaliação de transtornos mentais em ações de indenização e ações 
securitárias. Esses exames estão, normalmente, relacionados à medicina 
ocupacional Nas ações de anulações de atos jurídicos em pessoas que 
tenham, porventura, tomado alguma atitude civil (compra, venda, 
casamento, divórcio, etc) enquanto não gozava da plenitude de seu juízo 
crítico. 
A Capaciadade Civil 
Um dos principais objetivos da Psiquiatria Forense na área do Direito 
Civil é a avaliação da Capacidade Civil. Quando o perito é designado em 
processos de interdição, de incapacidade, de prodigalidade, capacidade de 
doação, anulação de casamento, etc, estamos falando em perícia 
psiquiátrica em Direito Civil. 
Segundo do Código Civil Brasileiro (art.12), "toda pessoa é capaz de 
direitos e deveres na ordem civil" e, para tal, entende-se a capacidade de 
direito como sendo a aptidão para adquirir direitose contrair obrigações. 
Juridicamente a capacidade é entendida como o requisito necessário para o 
sujeito agir por si, avaliando corretamente a realidade e distinguindo o 
lícito do ilícito, o desejável do prejudicial o adequado do inadequado e 
assim por diante. 
Ao contrário, a incapacidade civil é a restrição legal ou judicial ao 
exercício da vida civil, incapacidade de avaliar plenamente a realidade e de 
distinguindo o lícito do ilícito. E como tantas outras situações na psiquiatria 
ou nas avaliações humanas, também a questão da capacidade-incapacidade 
não se resume em uma posição exclusivamente binária (capaz ou incapaz). 
A incapacidade poderá ser absoluta ou relativa (arts. 32 e 42 do Código 
Civil), de tal forma que as pessoas consideradas absolutamente incapazes, 
não poderão exercer direta ou pessoalmente seus direitos, devendo ser 
representados pelos pais, tutores ou curadores. 
Antigamente, através do Código Civil de 1916 (art. 52), as pessoas 
absolutamente incapazes eram denominadas de "loucos de todo o 
gênero". Essa denominação era, além de tosca, absolutamente imprecisa 
do ponto de vista técnico e psiquiátrico, portanto, bastante imprópria. Vinte 
anos depois, através do Decreto 24.559 de 1934, admitia-se a possibilidade 
da interdição parcial para pessoas relativamente incapazes, conforme a 
gravidade de sua perturbação psíquica. 
Mais tarde, melhor adequada à expressão antiga e imprecisa "loucos de 
todo o gênero", destinada às pessoas absolutamente incapazes, foi 
alienação mental, que passou a constar no novo Código Civil, através 
da Lei número 10.406, que entrou em vigor em 2003. O novo Código 
Civil adota ainda, em seu artigo 32, o termo enfermidade mental, bastante 
mais desejável. 
Além disso, o maior benefício da nova lei estava na introdução daquilo que 
se passou a chamar de interdição parcial, adequado aos casos onde a 
incapacidade se limitasse apenas alguns aspectos da vida civil. Essa 
interdição parcial se aplicava às pessoas que não tinham capacidade para o 
exercício de alguns atos, mas poderiam decidir por si próprios em outras 
áreas da atividade civil. 
Mesmo com todas essas modificações, talvez devido ao anacronismo delas, 
ainda existe uma distância abissal entre os conceitos psiquiátricos e a 
nomenclatura jurídica, cabendo ao perito estabelecer uma ponte entre os 
conceitos médico-científicos e a linguagem inteligível desejável à justiça. 
A legislação atual estabelece (art. 32) que serão absolutamente incapazes 
de exercer pessoalmente os atos da vida civil aqueles que, por enfermidade 
ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a 
prática desses atos. Assim sendo, o papel do perito adquire valor maior na 
medida em que este novo Código Civil não explicita quem são esses 
incapazes de discernimento pleno ou reduzido para exercer os atos da vida 
civil em função de alguma doença mental. 
Na mesma medida em que nosso Código Civil se refere à existência 
de "enfermidade ou deficiência mental" como condições que poderiam 
prejudicar o discernimento, fala também (art. 4o.) que os "ébrios habituais, 
viciados em tóxicos e portadores de deficiência mental", como pessoas 
potencialmente tidas como de discernimento reduzido. 
Portanto, considerando a questão do termo "potencial", juntamente com a 
possibilidade da incapacidade ser absoluta ou relativa, a detecção de algum 
grau de discernimento para com a vida civil será uma tarefa do psiquiatra 
forense, nomeado para esse tipo de processo civil. E terá, o perito, a 
atribuição de sugerir ao juiz sua opinião técnica sobre a capacidade da 
pessoa discernir plenamente ou em parte as coisas da vida em sociedade. 
Também é bom esclarecer que, a partir de 2002, a simples existência de 
transtorno ou doença mental não significa, obrigatoriamente, que é 
totalmente impossível haver compreensão do ato, do lícito e ilícito, das 
conseqüências, enfim, não é suficiente para determinar, invariavelmente, a 
incapacidade civil absoluta, como se considerava antes através dos 
chamados loucos de todo o gênero. 
Com a nova legislação é plausível, ainda, a hipótese de uma incapacidade 
civil transitória, como por exemplo, como aconteceria nos casos de 
patologias de origem orgânica transitória (acidentes vasculares cerebrais) 
ou mesmo em certos casos psicogênicos (Transtorno Delirante Transitório, 
por exemplo). 
Psiquiatria Forense nos Testamentos, Doações e Casamentos 
Ainda que a questão seja específica dos testamentos e doações, ainda 
estamos diante da perícia sobre a Capacidade Civil. O maior problema aqui 
é quando existe uma doença mental superveniente (depois do) ao 
testamento, ou seja, situações onde a pessoa era capaz por ocasião da 
feitura do testamento e, posteriormente, adoeceu mentalmente. Geralmente 
existem pessoas que, em se sentindo prejudicadas, tentam anular 
testamentos baseadas em estados mentais supervenientes. 
Em tese, e legalmente, as doenças mentais supervenientes ao testamento 
não são suficientes para anula-lo. O inverso é verdadeiro, ou seja, os 
testamentos invalidados por doença mental não serão válidos se a pessoa 
recobrar suas capacidades depois. 
Para prevenir questões futuras (perícias post mortem), não é raro que a 
pessoa que faz o testamento, ou seus interessados, solicitem uma avaliação 
da capacidade civil nesta ocasião, ou seja, em vida. Trata-se de uma 
avaliação psiquiátrica normal, a qual objetiva constatar ou não a existência 
de alguma patologia mental capaz de prejudicar o discernimento. 
A perícia psiquiátrica dos testamentários deve ater-se à capacidade do 
ponto de vista objetivo e subjetivo. Objetivamente será avaliada a 
capacidade do examinado valorizar financeiramente seu patrimônio e seus 
bens, a precisa noção de quem são seus herdeiros e beneficiários, a noção e 
razão de eventuais excluídos, etc. 
Subjetivamente deverá ser periciada a questão existencial que permeia o 
testamento, as razões emocionais para essa ou aquela atitude, as relações 
afetivas com os herdeiros, a capacidade de orientação global, etc. 
Uma questão que deve ser valorizada na perícia do testamentário é o estado 
de Agonia, que é o momento terminal da vida. A importância médico-legal 
da Agonia está relacionada à capacidade de discernimento pleno, 
justamente porque as pessoas neste período podem tomar atitudes que de 
outra forma não seriam tomadas, como por exemplo, as doações 
despropositadas, pagamentos indevidos, etc. Normalmente a perícia nestes 
casos é muito difícil e se procede retrospectivamente, sobre as 
circunstâncias e antecedentes emocionais. 
Em matéria civil, as anulações de testamento podem exigir perícias 
retrospectivas, ou seja, realizadas por informações, deduções e relatos em 
tempo passado. Os mesmos procedimentos se aplicam aos casos de 
doações. 
Em relação ao casamento de pessoas consideradas incapazes, o ideal é que 
pleiteie autorização de tutores ou curadores, embora ocorram casamentos 
de pessoas incapazes sem que isso ocorra. Da mesma forma, os tutores ou 
curadores poderão desautorizar o casamento. A perícia psiquiátrica nesses 
casos se faz necessária sempre que estiver em pauta o artigo 1.548, o qual 
se refere ao doente mental como incapaz de discernimento para os atos da 
vida civil, onde se inclui, evidentemente, o casamento. 
Por outro lado, a doença mental pode ser objeto de anulação do casamento. 
Conforme o artigo 1.556 "O casamento pode ser anulado por vício da 
vontade, se houver por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro 
essencial quanto à pessoa do outro". A mesma lei, em artigo posterior, 
refere o "erro essencial" quanto à pessoa, o desconhecimento de um dosnoivos sobre características mórbidas do outro, como por exemplo, defeito 
físico importante, grave doença transmissível, existência prévia de doença 
mental, etc. Havendo conhecimento prévio dessas questões pessoais 
relevantes, não se pode falar em "erro essencial quanto à pessoa do outro". 
A Perícia em direito Criminal 
Para as perícias criminais, segundo o Código de Processo Penal (CPP), o 
encargo pericial também é obrigatório e exige-se o trabalho de dois peritos 
oficiais concomitantemente. Em síntese, a perícia psiquiátrica em Direito 
Criminal (ou Penal) objetiva, principalmente, o seguinte: 
1 - Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de insanidade 
mental (veja Imputabilidade na seção Forense). Nesses casos está em jogo 
a imputabilidade, normalmente atrelada à capacidade da pessoa discernir 
o que faz, ter noção do caráter ilícito e de se auto-determinar. 
2 - Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de 
farmacodependência. Trata-se da difícil avaliação da imputabilidade ou 
semi-imputabilidade que se aplicam aos dependentes químicos e 
alcoolistas. 
3 - Exames de cessação de periculosidade nos sentenciados à medida de 
segurança. Quando as pessoas internadas em casas de custódia 
(manicômio judiciário) ou em tratamento ambulatorial compulsório são 
avaliados para, mediante laudo, terem cessado a periculosidade que 
determinou a medida de segurança. 
4 - Avaliação de transtornos mentais em casos de lesão corporal e crimes 
sexuais 
A avaliação pericial tem como um dos objetivos, estabelecer o diagnóstico 
da situação atual, no presente momento. Para esta avaliação os critérios 
são, basicamente, os mesmos aplicados na psiquiatria clínica geral, ou seja, 
um exame psíquico para avaliação do estado mental atual. Resumindo, é 
avaliada a existência de alguma doença ou alteração psíquica atual. 
A avaliação do estado mental da pessoa a ser periciada deve ser relatada 
pelo perito de forma precisa e inteligível. O objetivo dessa avaliação é 
informar à justiça o que a medicina constata sobre a função mental da 
pessoa em apreço e como a psicopatologia denomina e entende desse 
estado constatado. 
Apesar do desejável cuidado científico e técnico, não se trata de uma tese 
ou dissertação de mestrado, mas de uma informação precisa com propósitos 
de ser, sobretudo, inteligível. O perito deverá, por exemplo, referir o fato 
psicopatológico em palavras compreensíveis e, nominá-lo entre 
parênteses; “observa-se um prejuízo qualitativo no grau da consciência 
(obnubilação)...”, ou “... havendo prejuízo na evocação da memória do 
fato ocorrido(amnésia lacunar) desde seu início até o dia 
seguinte...”, ou “... o examinado mantém em estado de inquietação, 
hiperatividade, falando exageradamente (hipomania), com expansividade 
inadequada do comportamento (perda da inibição social)...” 
As duas figuras jurídicas fundamentais que costumam requerer assessoria 
de uma perícia psiquiátrica, a interdição civil por razões mentais e a 
avaliação de inimputabilidade, são baseadas no fato inconteste de 
determinados transtornos mentais produzirem prejuízo da capacidade de 
discernimento, de controlar impulsos e da capacidade de decidir com plena 
libertade. 
Os diagnósticos e estados mentais que aparecem mais freqüentemente 
diante do perito em Psiquiatria Forense são: 
Neuroses:notadamente a obsessiva-compulsiva e histérica. 
Psicoses: esquizofrenias, parafrenias, orgânicas e senis. 
Retardo Mental (oligofrênia). 
Transtornos de Personalidade: Psicopatias. 
Dependentes químicos e suas complicações. 
Epilepsias e suas complicações. 
Transtornos dos Impulsos (compulsões, piromania, jogo). 
PArafilias ou Desvios sexuais. 
Em se constatando alguma doença ou alteração mental, a atitude pericial 
mais importante é saber se esta alteração já existia por ocasião do ato que 
determinou a perícia ou aconteceu depois, quer dizer, é importante saber se 
a alteração ou doença é superveniente ou não ao fato que determinou a 
perícia. 
A superveniência de doença mental (SDM) é quando, depois do ato 
delituoso, a pessoa passa a apresentar sinais e sintomas de algum transtorno 
mental. Quando a doença mental é constatada antes do ato delituoso ou 
durante a tramitação do processo, este será suspenso. A lei brasileira 
privilegia a saúde da pessoa acusada e a suspensão do processo pleiteia sua 
recuperação. Quando a doença mental é constatada após condenação, 
haverá a interrupção do cumprimento da pena, a qual poderá se transformar 
em medida de segurança. 
Entretanto, apesar da possibilidade do perito psiquiátrico estabelecer um 
diagnóstico atual, esse fato nem sempre é suficiente para a justiça. 
Freqüentemente o perito deverá também estabelecer, da melhor forma 
possível, a condição psíquica da pessoa examinada por ocasião do ato 
delituoso, ou seja, deverá proceder a uma avaliação retrospectiva (do 
passado). 
Este tipo de perícia criminal normalmente visa avaliar a responsabilidade 
penal do examinado, ou seja, avaliar se essa pessoa apresentava algum 
transtorno mental no momento do crime e se tal transtorno comprometeu a 
capacidade de entender o caráter e a natureza de seu ato, bem como se 
comprometeu também a capacidade de se determinar de acordo com esse 
entendimento. Na realidade o perito oferecerá à justiça subsídios para 
avaliar se o réu é imputável, semi-imputável ou inimputável 
(Veja Imputabilidade na seção Forense). 
A perícia retrospectiva também pode ser feita em relação aos processos de 
anulação de ato jurídico e de anulação de testamento na justiça civil e se 
realiza indiretamente, procurando informações com familiares e amigos, ou 
ainda, se for o caso, através de fichas ou prontuários médicos e 
hospitalares. 
Outro objetivo de algumas perícias psiquiátricas é a avaliação prognóstica 
ou, mais didaticamente, a avaliação das perspectivas sociais do examinado. 
A partir das condições mentais atuais, à luz dos acontecimentos passados e, 
também, baseado no curso e evolução conhecidos pela psicopatologia, o 
perito psiquiátrico deverá estabelecer o prognóstico do examinado. A 
questão da periculosidade passa por esse tipo de avaliação (Veja 
texto Violência e Psiquiatria, na seção Forense). 
As perícias de avaliação prognóstica têm realçado valor em alguma 
situações especiais, como por exemplo; 
a - quando se questiona a cessação da periculosidade em internos reclusos 
por medida de segurança (Veja o Conceito de Periculosidade no 
textoPersonalidade Criminosa, na seção Forense), 
b - por ocasião do livramento condicional, indultos de Natal (e outros) em 
prisioneiros que cumprem pena e, 
c - quando se questiona a capacidade para o pátrio poder ou tutela de 
filhos em casos de maus tratos à crianças. 
Normalmente essas perícias não são exclusivamente psiquiátricas mas, 
sobretudo, avalizadas também por profissionais de outras áreas, como por 
exemplo, assistentes sociais, psicólogos, etc. 
O Exame Pericial 
Embora não haja nenhum modelo acabado de registro dos dados obtidos 
durante o exame psiquiátrico, arrolam-se, a seguir, de forma sumária e para 
que sirvam de contraponto ao formato adotado na avaliação forense, os 
principais itens que devem ser mencionados: 
Parte 1 - Identificação 
O examinado deve ser o mais precisamente identificado. Para tal, podemos 
descrevê-lo fisicamente, verificar documentos de identidade, referir o sexo, 
a idade e filiação, data de nascimento e, se possível, anexar uma fotografia 
recente ou impressão digital. 
Parte 2 - Condições do exame 
Relatar brevemente em quais condições se realizou o exame, como por 
exemplo, "exame realizado em meu consultório, medianteentrevista e 
exame clínico, respondido pelo examinado em primeiro lugar e, em 
seguida mediante entrevista de seu cônjuge Fulana de Tal. Nessa ocasião o 
examinado estava em uso de tais medicamentos...". 
Parte 3 - Histórico e Antecedentes 
Através da entrevista com o examinando ou, objetivamente, com pessoas 
de seu convívio íntimo, devem ser referidos os antecedentes neuropsíquicos 
com implicações em sua atividade mental, bem como eventuais tratamentos 
psiquiátricos anteriores. Enfatizam-se os momentos de eventuais crises 
existenciais e a maneira como o examinado reagiu a elas, os padrões 
habituais de comportamento familiar, social e profissional. Alguns autores 
valorizam a história psiquiátrica familiar. 
Parte 4 - Exame Clínico. 
Nessa parte procede-se o Exame Físico e do Estado Mental. Trata-se do 
exame clínico, neurológico e psicopatológico, baseado na entrevista e em 
dados do exame. Este relato deve ser objetivo, inteligível, sucinto e evitar 
divagações. 
Parte 5 - Exames complementares (se houverem). 
Aqui devem ser descritos e tornados inteligíveis à linguagem não 
exclusivamente técnica os achados laboratoriais, os resultados de exames 
funcionais ou de imagem (PET, SPECT, EEG, Exames Funcionais 
Cerebrais) e de testes eventualmente aplicados. 
Parte 6 - Diagnóstico 
Essa é uma parte essencial da perícia onde se deve consolidar o diagnóstico 
e, de preferência, fazer algum comentário sobre o diagnóstico diferencial 
com quadros similares. O diagnóstico médico-psiquiátrico não necessita, 
obrigatoriamente, ser único e, sempre que for o caso, às diversas 
comorbidades, se presentes. 
Cabe aqui comentários sobre o prognóstico das alterações psíquicas 
encontradas, se possível ilustrando com referências bibliográficas o curso e 
evolução preconizados pela psicopatologia. 
O perito psiquiatra deve retratar com precisão o que verificou e constatou 
em sua esfera de competência, apresentando conclusões objetivas e 
eminentemente técnicas, sem expressar juízo de valor. 
Os comentários, sempre desejáveis e muito úteis, devem ser restritos à área 
de competência do perito, evitando terminantemente emitir juízos de valor. 
Esses comentários devem ser claros, com informações inteligíveis para não 
especialistas. 
Deve terminar individualizando o caso do examinando sob o ponto de vista 
clínico, esclarecendo suas implicações psicopatológicas e jurídicas. 
Quanto à formulação do diagnóstico, sempre que possível o perito deve 
usar uma classificação de diagnósticos internacionalmente reconhecida, 
como classificação daOrganização Mundial de Saúde (OMS), que é a 
CID.10, ou sua variante norte-americana, a DSM.IV, igualmente aceita 
pela comunidade científica. 
Parte 7 - Conclusões Médico-Legais 
Deve indicar claramente o diagnóstico e/ou as hipóteses de diagnóstico. 
Essa conclusão deve conter claramente a opinião técnica do perito ou, 
conforme for o caso, adicionar alguma sugestão ou comentário que julgar 
útil para melhor esclarecer o juiz. 
Nessas conclusões a objetividade deve ser uma preocupação sempre 
presente. Para evitar longos trechos fortemente carregados de descrições e 
considerações acadêmicas, o perito deve ter em mente que sua missão é 
ilustrar, orientar e esclarecer a justiça da melhor forma possível. 
Por causa disso, seu discurso deve se limitar a termos inteligíveis e 
dirigidos a pessoas sem a mesma formação técnica, como os magistrados, 
advogados e jurados. Assim sendo, o perito não deve jamais abusar da 
obscura terminologia psiquiátrica. 
É Imprescindível ilustrar as conclusões com informações da literatura 
psiquiátrica, tomando sempre o cuidado de traduzir para a autoridade o teor 
do texto citado. 
A Conclusão ou o Relatório Médico-Legal é, portanto, a comunicação 
escrita do perito à justiça, consoante e fiel às suas observações e, 
desejavelmente, acompanhado de comentários profissionais, bem como das 
respostas aos quesitos formulados pelo juiz. 
Quesitos 
Finalmente, o perito deve responder aos quesitos formulados, também de 
forma objetiva e clara, evitando comentários e justificativas nessa parte. 
Vejamos um exemplo dos (tres) quesitos mais comumente formulados 
pelos juízes aos peritos em Direito Penal: 
1º Quesito: O acusado XXX, ao tempo da ação, era, por motivo de doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, inteiramente 
incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento ? 
2º Quesito: O acusado XXX, ao tempo da ação, por motivo de perturbação 
da saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, 
estava privado da plena capacidade de entender o caráter criminoso do 
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento ? 
3º Quesito: O estado mental atual do acusado XXX oferece perigo à 
sociedade ? 
Algumas outras vezes os quesitos, sempre consoantes à cada caso e de 
acordo com a necessidade do juiz, podem ser diferente, como por exemplo, 
nesse caso de Direito Administrativo: 
1º Quesito: O acusado XXXé portador de algum distúrbio psiquiátrico? 
2º Quesito: O acusado XXX está plenamente consciente de seus atos? 
3º Quesito: Qual o distúrbio psiquiátrico apresentado? 
4º Quesito: Esta patologia é passível de tratamento? E qual o tempo 
previsto para tal? 
5º Quesito: Durante o tratamento é necessário o afastamento do acusado 
XXX do trabalho? 
6º Quesito: Essa patologia é incapacitante para o trabalho? 
Temporariamente ou definitivamente?