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Direito Penal III Dos crimes contra a pessoa HOMICÍDIO SIMPLES (Art 121 CP) ✓ Homicídio privilegiado, caso de diminuição de pena §1º ✓ Homicídio Qualificado: §2º, incisos I,II,III,IV e V ✓ Homicídio Culposo: §3º (detenção de 1 a 3 anos) ✓ Aumento de pena: §4º OBJETIVIDADE JURÍDICA: Tutelar a vida extrauterina SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa (crime comum) SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa ATENÇÃO: Artigo 29 da Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83) Se a vítima for o Presidente da República, presidente do Senado, presidente da Câmara dos deputados ou presidente do STF, e o agente cometer o homicídio motivado ou por objetivos políticos, o artigo será o 29 da Lei de Segurança Nacional. CONDUTA: Matar pessoa após seu nascimento, pouco importa tratar-se (ou não) de vida viável ou a forma do ser nascente. ATENÇÃO: Artigo 13, §2º (Omissão) ✓ Dever + poder de agir para impedir o Resultado ✓ O dever de agir incumbe a quem: a) Tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância b) De outra forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado TIPO SUBJETIVO: Forma dolosa (direto ou eventual) está prevista no caput, §1º e 2º. A culpa vem tipificada no §3º ✓ Homicídio Preterdoloso: Dolo na lesão e culpa na morte, se ajusta ao artigo 129, §3º (lesão corporal seguida de morte). CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a morte, cessação da atividade encefálica do ofendido (crime material). Tratando-se de um crime plurissubjetivo (admite fracionamento na execução), a tentativa é possível. ATENÇÃO: O homicídio qualificado será sempre hediondo, ou no caso de ser praticado em atividade de grupo de extermínio. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (Art. 121 §1º) ✓ Motivos de relevante valor social ✓ Relevante valor moral ✓ Estado anímico do agente (o sujeito ativo deve ter cometido o crime logo após injusta provocação) ✓ OBS: (art. 30) Em caso de concurso de pessoas, as circunstâncias privilegiadoras não se comunicam entre os agentes, salvo quando elementares do crime. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES: ✓ Depravação espiritual do agente (Art 121, §2º, II e V) ✓ Modo maligno na execução (§2º, I,III e IV) ATENÇÃO: Motivo Fútil= Motivo desproporcional/ insignificante Motivo Torpe = Motivo repugnante (ex: Homicídio mercenário) HOMICÍDIO CULPOSO: (§3º) ATENÇÃO: Art 303 CTB: Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor (nessa situação o dispositivo é o 303 do CTB devido ao Princípio da Especialidade) CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE: (Art. 107 CP) ✓ Art 121 § 5º- Perdão Judicial: Em homicídio culposo, o juiz pode deixar de aplicar a pena se concluir que as consequências da infração atingem o agente de forma tão grave que torna a sanção penal desnecessária. ✓ OBS: O perdão judicial é ato unilateral do juiz, diferente do perdão do ofendido (art. 107-V), que precisa ser aceito pelo ofendido. POSICIONAMENTO DOUTRINÁRIO: ✓ Noronha: O nascimento se dá a partir do parto ✓ Euclides Custódio da Silveira: caso gêmeos xipófagos (ligados pelo apêndice) cometam um homicídio, e apenas um dele manifestou vontade de cometer o crime, deve-se analisar se a separação cirúrgica é possível, caso não seja, ocorre a absolvição até mesmo do gêmeo que foi o sujeito ativo, ou seja, não ocorre a condenação. ✓ Flávio Monteiro de Barros: Para ele, o gêmeo xipófago que quis matar será condenado, porém o cumprimento da pena fica inviabilizado com base no “Princípio da Intransmissibilidade da Pena”. Caso o outro gêmeo venha a cometer um crime posteriormente, ambos cumprirão a pena, porém serão descontados o período de pena cumprido pelo gêmeo que já havia sido condenado. Observações: ✓ Crime de mera conduta: Consuma-se no momento em que a conduta é praticada, o resultado naturalístico não só não pode ocorrer para a consumação, como também é impossível que ele ocorra. Ex: Violação de Domicílio ✓ Crime Formal: Não exige a produção do resultado naturalístico para a consumação do crime, ainda que ele ocorra. Ex: Extorção mediante sequestro ✓ Crime Material: Se consuma com a produção do resultado naturalístico. Ex: Homicídio ✓ Dolo Direto: Vontade direta e específica de alcançar o resultado. Ex: Atirar em alguém ✓ Dolo Eventual/Indireto: O agente não quer diretamente alcançar o resultado, porém, assume o risco de produzi-lo. A vontade é direcionada à conduta e não ao resultado. Ex: Lesão corporal seguida de morte ✓ Crime Plurissubjetivo: Exigem dois ou mais agentes para a prática do delito. Ex: Rixa DOS CRIMES CONTRA A PESSOA INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (Art 122 CP) OBJETIVO JURÍDICO: Tutelar a vida humana SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa (crime comum) SUJEITO PASSIVO: Pessoa capaz (com consciência e discernimento). Sendo incapaz, o crime praticado por quem o induziu, instigou ou auxiliou será homicídio. ATENÇÃO: Não haverá crime se o induzimento for genérico Pena: Reclusão de 2 a 6 anos se o suicídio se consuma, ou reclusão de 1 a 3 anos se resultar em lesão corporal grave. CONDUTA (3 formas): PARTICIPAÇÃO MORAL INDUZIMENTO O agente faz nascer na vítima a ideia de se matar INSTIGAÇÃO O autor reforça a vontade mórbida preexistente na vítima PARTICIPAÇÃO MATERIAL AUXÍLIO O agente presta efetiva assistência material, emprestando objetos ou indicando meios, sem intervir nos atos executórios OBS: Prevalece o entendimento de que é admitida a conduta omissiva TIPO SUBJETIVO: Dolo, não se admite forma culposa. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Se consuma com o resultado morte (pena de 2 a 6 anos) ou lesão grave (pena 1 a 3 anos) ✓ Não admite tentativa RESULTADO CONSUMAÇÃO AUXÍLIO MORTE Crime Consumado INDUZIMENTO LESÃO GRAVE (SUICÍDIO FRUSTRADO) Crime Consumado INSTIGAÇÃO LESÃO LEVE OU INEXISTENTE Fato Atípico CAUSA DE AUMENTO DE PENA: Será duplicada se o agente é movido por motivo egoístico ou se a vítima é menor ou tiver diminuída sua capacidade. Ex: Recebimento de herança. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA: ✓ Nucci: Com base no Artigo 217-A, caput, a vítima menor será a pessoa compreendida entre 14 e 18 anos. ✓ Fragoso: Menor é todo aquele com idade inferior a 18 anos com capacidade de resistência (analisando o caso concreto). INFANTICÍDIO (Art-123 CP) OBJETIVIDADE JURÍDICA: Tutela-se a vida SUJEITO ATIVO: Só pode ser praticado pela mãe em estado puerperal SUJEITO PASSIVO: Nascente (está nascendo) ou neonato (acabou de nascer) ✓ Concurso de Agentes: Participação e coautoria. Não admitida uma vez que o estado puerperal é condição personalíssima. Há divergência doutrinária ATENÇÃO: Segundo Bittencourt é indiferente a capacidade de existência autônoma do ser nascente, sendo suficiente a presença de vida biológica que pode ser representada pelo mínimo de atividade cerebral que o feto já dispõe antes mesmo de vir a luz. ATENÇÃO: A mãe que sob o efeito do estado puerperal logo após o parto mata por engano o filho de outra pessoa, pensando ser o seu filho, responde também pelo crime de infanticídio (vítima virtual) e responde como se tivesse matado o próprio filho (Erro de Pessoa). CIRCUNSTÂNCIAS DO INFANTICÍCIO: ✓ Elemento Etiológico: Mãe estar sob influência do estado puerperal ✓ Elemento Cronológico: Matar o filho durante ou logo após o parto OBS: Estado Puerperal é aquele que se estende do início do parto até a volta da mulher ás condições pré-gravidez, trazendo profundas alterações psíquicas e físicas que transformam a mãe, deixando-a sem plenascondições de entender o que está fazendo (semi-imputabilidade). TIPO SUBJETIVO: Dolo direto ou eventual CONDUTA: Parturiente que sob a influência do estado puerperal mata o próprio filho etiológico e o elemento cronológico. O Brasil adotou o critério fisiológico. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a morte do nascente ou neonato (crime material). A tentativa é admissível. Diferenças entre Infanticídio e Abandono de Recém-Nascido (com resultado morte- art 132 §2) INFANTICÍDIO (ART 123) ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO (ART 134 §2º- resultado morte) É crime contra a vida É crime de pericletação da vida Julgado pelo Tribunal do Júri É julgado pelo juiz singular O agente age com dolo de dano O agente com dolo de perigo A morte é dolosa A morte é culposa OBSERVAÇÕES: ATENÇÃO: A mãe que sob influência do estado puerperal, imprudentemente mata o filho recém-nascido, responderá por qual crime? ✓ 1ª corrente: Não comete crime nenhum, pois não há como se exigir prudência de quem está desequilibrada psicologicamente (fato atípico) ✓ 2ª corrente (corrente majoritária) Homicídio culposo (a influência do estado puerperal é considerada na dosimetria da pena) ATENÇÃO: Crime praticado quando terceiro sozinho provoca a morte do recém- nascido incentivado pela parturiente em estado puerperal. ✓ 1ª corrente: Homicídio simples, pois o estado puerperal é condição personalíssima da parturiente. ✓ 2ª corrente: Infanticídio, pois o estado puerperal é circunstância elementar do crime, portanto se comunica a terceiros. (com base no artigo 30-CP) ABORTO (ART 124 CP) OBJETIVIDADE JURÍDICA: Tutela-se a vida intrauterina ✓ Início da gravidez: Ocorre com a nidação ✓ Obs: Pílula do dia seguinte não é método abortivo, pois ainda não ocorreu a nidação (que ocorre entre 5 e 12 dias, geralmente ocorre em 7 dias). SUJEITO ATIVO: As duas condutas trazidas pelo tipo só podem ser praticadas diretamente pela mulher grávida, provocado por ela ou com seu consentimento (crime de mão própria). Admite concurso de agentes (participação). SUJEITO PASSIVO: O produto da concepção, o óvulo fecundado, embrião ou feto. CONDUTA (2 formas): A) Mulher grávida pratica o aborto se utilizando de meios químicos, mecânicos, físicos, etc. B) A mulher grávida consente que outra pessoa provoque o aborto nela TIPO SUBJETIVO: Pune-se somente a título de dolo (não admite a modalidade culposa). Obs: Para Nelson Hungria, admite dolo eventual quando a mãe tenta se matar, não morre, mas acaba matando o filho. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a morte do produto da concepção (crime material). A tentativa é possível. OBSSERVAÇÕES: ✓ Na hipótese de mais de um produto de concepção (ex: gêmeos), haverá o concurso formal de crimes (art.70 CP). ✓ Terceiro que culposamente provoca o aborto responde por lesão corporal culposa (art 129 §6º) ✓ Caso o aborto seja frustrado, o filho nascer com vida e depois vir a falecer, o agente responderá por homicídio. DAS LESÕES CORPORAIS (Art 129 CP) OBJETIVIDADE JURÍDICA: É a incolumidade pessoal do indivíduo, integridade fisiológica, corporal e mental (atividade intelectiva, volitiva e sentimental) Se dividem em: Quanto ao Elemento Subjetivo a) Dolosa Simples (caput) b) Dolosa Qualificada (§1º, 2º e 3º) c) Dolosa Privilegiada (§4º e 5º) d) Culposa (§6º) Quanto a Intensidade da Lesão a) Leve (caput) b) Grave (§1º) c) Gravíssima (§2º) d) Seguida de morte (§3º) SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa ATENÇÃO: A lei não pune autolesão, mas se sugestionado haverá autor imediato, se o sujeito passivo for inimputável, menor, ébrio ou não for capaz de entender ou querer (Ex: tatuar um menor de idade) SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa viva ✓ 2 casos exigem condição especial da vítima ser mulher grávida, Art 129 §1º,IV (aceleração do parto em decorrência da lesão) e Art 129 §2º, V (aborto em decorrência da lesão) CONDUTA: Ofender direta ou indiretamente a integridade corporal ou a saúde de outrem (causar ou agravar enfermidade que já existe). ATENÇÃO: Cortar os cabelos de alguém contra sua vontade ✓ Se a ação provocar alteração na aparência da vítima (fora dos padrões sociais) configura lesão corporal leve. ✓ Se a intenção for humilhar a vítima, é um caso de injúria real. ✓ Se a ação tiver como objetivo vender os cabelos, será configurado furto. Caso de trote em universidades: É um fato atípico, pois é socialmente aceito (há divergência doutrinária) ✓ A integridade física é um direito indisponível (posicionamento ultrapassado) ✓ A integridade física é relativamente disponível, desde que não atente contra os bons costumes, cause estranhamento na sociedade. Disponibilidade: A lesão corporal de natureza leve ou culposa passou a ser condicionada à representação do ofendido, que ao se sentir lesado deve acionar o judiciário. Obs: Para Heleno Fragoso, aplica-se a Teoria da Insignificância para lesões de natureza levíssima (ex: Arranhões) TIPO SUBJETIVO (Punido a título de): DOLO CULPA PRETERDOLO Caput, §1º e §2º §6º e §7º §1º, 2º e 3º CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se no momento em que a ofensa é praticada. A tentativa é admissível na modalidade dolosa ATENÇÃO: Lesão corporal não se confunde com a contravenção penal das vias de fato (art 21 LPC), pois nesta o agente agride sem intenção de lesionar a vítima, diferente de uma tentativa de lesão onde existe a intenção de lesionar, mas não consegue por circunstâncias alheias. A principal diferença está na manifestação de vontade. Lesão Leve: (Crime de menor potencial ofensivo) ocorre sempre que a lesão não for grave, gravíssima ou seguida de morte. Lesão Grave: São qualificadas pelo resultado (não importando se o indivíduo quis ou aceitou). Lesão Grave: ✓ Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias em decorrência da lesão. Considera-se qualquer atividade corporal costumeira, tradicional, não sendo necessariamente trabalho. Um bebê também pode ser sujeito passivo nesses casos (quando impedido de comer, dormir, etc). Está disposto no artigo 168 do CPP como deve ser a prova de que a lesão causou incapacidade para as ocupações. ✓ Perigo de vida: Para constatar que houve perigo de vida em decorrência da lesão, deve-se fazer a perícia. Nesse caso de qualificadora só se admite o crime preterdoloso. Obs: Se o agente manifestar vontade de matar se configura homicídio tentado. ✓ Debilidade de membro, sentido ou função: Se causar diminuição ou enfraquecimento da capacidade funcional do membro, e a recuperação for incerta e por tempo indeterminado, a lesão será de natureza grave, mesmo que se possa reduzir os efeitos com aparelhos, próteses, etc. ✓ Aceleração do parto: Para configurar lesão grave, o agente deve saber que a vítima está grávida. Segundo Euclides, se o bebê nascer com vida e depois morrer em decorrência da lesão, ocorre homicídio culposo em concurso material com lesão corporal grave OBSERVAÇÕES: ✓ Na lesão corporal a dor não é necessária para configurar o crime, mas influencia na dosimetria da pena ✓ A lesão corporal admite a forma omitiva na conduta ✓ Em casos em que uma ação causar vários ferimentos considera-se apenas um delito. ✓ Em casos em que a vítima de lesão corporal perde os dentes deve-se fazer uma perícia para determinar se a perda de um ou mais dentes prejudicará a mastigação para que se configure lesão grave. O mesmo ocorre na perda de dedos, deve-se analisar se vai ocorrer a perda de capacidade de realizar atividades.Dos crimes contra a pessoa RIXA (Art 137 CP) OBJETIVIDADE JURÍDICA: Incolumidade (física e mental) da pessoa humana. SUJEITOS DO CRIME: Crime comum de concurso necessário (crime plurissubjetivo) com exigência de pelo menos 3 envolvidos. Considerando eventuais inimputáveis, pessoas não identificadas ou que tenham morrido durante a confusão. ATENÇÃO: A doutrina diz que outras pessoas que não participaram da rixa, limitando-se a assistir o combate, por exemplo, podem figurar como sujeitos passivos do grupo. CONDUTA: Participar do tumulto, rixa, salvo para separar. ✓ Participação Material: Participar do tumulto ✓ Participação Moral: Incentivar ✓ Participação Passiva: Assistir o tumulto Obs: Quem morre durante a briga também é considerado agente. ATENÇÃO: Não haverá rixa, quando possível definir, no caso concreto, dois grupos contrários lutando entre si. Nessa hipótese, os integrantes de cada grupo serão responsabilizados pelas lesões corporais causadas nos integrantes do grupo contrário. Obs: Troca de agressões verbais recíprocas e generalizadas não configura o crime. TIPO SUBJETIVO: Dolo de Perigo (direto ou eventual). Não há conduta culposa Obs: O motivo da rixa é irrelevante. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com o início do conflito (crime de mera conduta) Para aquele que entra na rixa após o início, o crime se configura no momento que ele adere à rixa (participação). Não se admite tentativa. ✓ Segundo Noronha, não é necessário que a rixa surja imediatamente, admitindo fracionamento na execução (posicionamento minoritário). Rixa Qualificada: § único do artigo 137, resultado morte ou lesão corporal grave. ✓ A rixa é punida por si mesma, não dependendo de resultado mais grave. ✓ Se identificados, o causador ou causadores da morte, também responderão pelo homicídio ou lesão corporal (algumas doutrinas consideram que nesse caso ocorreria o instituto do bis in idem). ✓ Se ocorrerem mais de uma morte em uma rixa, considera-se crime único. ATENÇÃO: Quem entra na rixa e sai antes de ocorrer uma morte, responde pela forma qualificada, pois sua conduta contribuiu para o resultado morte. Legítima defesa: Segundo Fernando Almeida Pedroso, todos envolvidos na rixa são agressores, só se justificando a legítima defesa quando a agressão for desproporcional (ex: soco x faca). DOS CRIMES CONTRA A HONRA ART 138 CALÚNIA Imputar fato definido como crime sabidamente falso Honra Objetiva (Reputação) ART 139 DIFAMAÇÃO Imputar fato desonroso, em regra não importando se verdadeiro ou falso. ART 140 INJÚRIA Atribuir qualidade negativa Honra Subjetiva (dignidade ou decoro) ART 138 CALÚNIA Admite prova de verdade (em regra) e de notoriedade Honra Objetiva (Reputação) ART 139 DIFAMAÇÃO Admite prova de verdade (somente quando praticado o crime contra funcionário público no exercício de suas funções e notoriedade). Honra Objetiva (Reputação) ART 140 INJÚRIA Não admite exceção de verdade e de notoriedade Honra Subjetiva (Dignidade ou decoro) CALÚNIA (Art 138 CP) OBJETIVIDADE JURÍDICA: Honra objetiva da vítima (reputação). SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa; Excepcionalmente não podem senadores, deputados e vereadores nos limites do município que exercem vereança (pois gozam de inviolabilidade). ATENÇÃO: Os advogados, em razão do disposto no artigo 7º §2º do EOAB, não estão imunes ao delito de calúnia, pertencendo ao raio de inviolabilidade profissional somente a difamação e a injúria, desde que cometidas no exercício regular de suas atividades. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa, até mesmo o desonrado. “Pessoas já desonrados, como prostitutas e criminosos, também são merecedoras da tutela penal, já que possuem parcela, ainda que mínima, de honradez (“oásis moral”, segundo Manzini), que os fazem merecedores da tutela legal”. Obs: ✓ O menor inimputável que pratica esse delito comete ato infracional, mas também pode ser vítima de calúnia. ✓ A calúnia contra mortos também, é punível, e quem configura como sujeito passivo é a família. ✓ Quem se auto caluniar não comete crime. CONDUTA: Imputar à alguém, implícita ou explicitamente mesmo que de forma reflexo (retrucar) fato criminoso sabidamente falso (usando palavras gestos ou escritos). ATENÇÃO: Imputar á alguém calúnia por contravenção penal não é calúnia, e sim difamação, pois contravenção penal não é crime. Obs: ✓ Quando o fato imputado jamais ocorreu também configura calúnia ✓ Se o fato ocorreu, mas a pessoa apontada não foi o autor, também configura calúnia. ✓ Também comete calúnia quem sabe que a imputação é falsa e propala (verbalmente) ou divulga (escrito). TIPO SUBJETIVO: Intenção de causar dano à honra objetiva da vítima. ✓ Caput: Dolo direto ou eventual ✓ §1º: Só admite dolo direto. Obs: ✓ Se a pessoa não tiver a intenção de causar dano (dolo), não configura o crime (Animus Jocandi). ✓ Se a pessoa narra um fato na qualidade de testemunha, também não comete o crime (Animus Narrandi). ✓ Se a intenção da pessoa é aconselhar, não comete o crime (Animus Consulendi). ✓ Ânimo de corrigir, também não configura crime (Animus Corrigendi). ✓ Ânimo de defender um direito não é crime (Animus Defendendi). CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se no momento em que a imputação chega a terceiro. A tentativa é admitida quando a calúnia é escrita mas não chega a terceira pessoa (ex: enviar um email ou carta e a informação não chegar a pessoa). OBSERVAÇÕES: ✓ Incidente Processual: Questão que surge no decorrer do processo e deve ser resolvida para que o processo siga, deve ser resolvida antes da resolução do mérito. ✓ Exceção da Verdade: (questão secundária) O causador da calúnia pode tentar provar a veracidade do fato que está imputando (provar que a pessoa imputada realmente cometeu o crime). ✓ Exceção de Notoriedade: É uma faculdade do réu, acusado de calúnia, de demonstrar que suas alegações são de domínio público (é admitida na calúnia e na difamação). Ex: A pessoa imputada ser conhecida por roubar. DIFAMAÇÃO (Art 139 CP) OBJETIVIDADE JURÍDICA: A honra objetiva da vítima, sua reputação. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa não inviolável. ATENÇÃO: Advogados no exercício de sua atividade profissional são invioláveis em razão do disposto no artigo 7º §2º da EOAB. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. ✓ As pessoas jurídicas só podem ser vítimas de difamação ✓ Menores, loucos e desonrados também podem ser vítimas de difamação, já os mortos não (diferentemente da calúnia). CONDUTA: Imputar fato não criminoso à reputação de alguém (não importando se o fato é verdadeiro ou não). ✓ Imputar a alguém uma contravenção penal é difamação ✓ Quem propala ou divulga uma difamação está cometendo uma nova difamação ✓ É crime formal, pois a honra da vítima não necessita ser ofendida para configurar o crime. TIPO SUBJEITVO: Dolo, intenção de causar dano à honra objetiva da vítima (Animus Diffamandi). Não admite culpa. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Se consuma quando terceiro conhecer a imputação desonrosa (crime formal). A tentativa é admissível na forma escrita. Exceção da verdade: Diferentemente da calúnia em que a exceção da verdade (possibilidade do demandado fazer a prova da verdade) é uma regra, na calúnia é uma exceção, só sendo admitida quando a ofensa for contra funcionário público e estiver relacionada com o exercício de suas funções, para preservar a credibilidade daadministração pública. ATENÇÃO: Não alcança o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro em visita ao país. ✓ Conceito de funcionário público: Artigo 327 CP ✓ Se a ofensa contra o funcionário público for fora do exercício de suas funções não comporta exceção de verdade ✓ (Bittencourt): Se o funcionário público deixar o cargo após a consumação do fato, o sujeito ativo mantém o direito a exceção de verdade, caso a vítima não seja mais funcionário público no momento do fato, não cabe exceção de verdade. Exceção da notoriedade: Parcela da doutrina sustenta que não se justifica punir alguém por que repetiu fato de amplo domínio público. INJÚRIA (Art 140 CP) OBJETIVIDADE JURÍDICA: Honra subjetiva da vítima. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa, desde que não invioláveis nas suas opiniões e palavras. ATENÇÃO: Advogados no exercício de sua atividade profissional são invioláveis em razão do disposto no artigo 7º §2º da EOAB. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa capaz de compreender as ofensas contra ela. Se a pessoa não entender que está sendo ofendida não há crime. CONDUTA: Ofender pessoa determinada pessoa por ação ou omissão, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro (com palavras, gestos ou por omissão). ✓ Na injúria não há imputação de fatos criminosos ou desonrosos ✓ A injúria deve ser contra pessoa determinada, mas o fato pode ser genérico ou vago ATENÇÃO: Imputação de fato desonroso genérico, vago impreciso e indeterminado caracteriza o crime de injúria, pois a calúnia e a difamação pressupõem imputação de fato determinado. TIPO SUBJETIVO: Exige dolo (direto ou eventual). Não admite culpa (Animus Injuriandi). CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a chegada da informação ao conhecimento do ofendido. Doutrina majoritária admite a tentativa na forma escrita. Obs: Exceção de Verdade e Notoriedade nunca são admitidas. ✓ A exceção da verdade não é admitida, pois não há como se provar uma opinião. ✓ A exceção da notoriedade não é admitida, pois o delito atinge a honra subjetiva da pessoa. Provocação e Retorsão (§1º) - O juiz deixa de aplicar a pena quando: ✓ Quando o ofendido provocou diretamente a injúria (provocação) ✓ O ofendido comete injúria contra o sujeito ativo, que revida com outra injúria (retorsão) ✓ Obs: Na provocação, a conduta reprovável é de quem cometeu a injúria, já na retorsão ambas as partes cometem injúria (nesse caso o perdão judicial pode ocorrer para ambas as partes). Injúria Real (§2º): Qualificadora- Violência Aviltante. São injúrias que se concretizam por meio de vias de fato ou qualquer outro ataque físico, direto de caráter aviltante. (Ex: puxão de cabelo, cuspir, jogar bebida, etc). Obs: Aqui há o entendimento que há concurso formal impróprio (Art 70, caput, segunda parte do CP). O agente mediante uma só conduta, porém com desígnios autônomos, provoca dois ou mais resultados, cumulando-se as reprimendas. E há quem entenda se ipenas. ATENÇÃO: Há corrente que entende que a punição do agente pela violência que qualifica a injúria configura “bis in idem”. Obs: Não confundir injúria qualificada pelo preconceito com racismo. Injúria Preconceito (Art 140 §3º- CP) Racismo (Lei 7716/89) Dolo do Agente Injurias pessoa determinada Discriminar grupo Prescrição Prescritível (Art 109 CP) Imprescritível (Art 5º, XLII, CF) Fiança Afiançável Inafiançável Ação Penal Pública condicionada à representação Pública incondicionada (é de interesse público) Obs: Não cabe perdão judicial para a injúria preconceito. Exclusão do Crime (Art 142 CP) Obs: Para os casos de injúria e difamação, pois na calúnia existe o interesse da Administração Pública na apuração dos crimes, por isso se afasta a possibilidade de excluir a ilicitude no caso de calúnia. I- Imunidade judiciária: Não é considerada criminosa a injúria ou difamação pronunciadas em juízo, no debate da causa, pelas partes e seus procuradores . (Obs: O magistrado não é parte). II- Imunidade da crítica: São permitidas críticas negativas sobre livros, espetáculos ou ramo científico, desde que não haja a intenção de ofender, pois se comprovado o dolo, não cabe a exclusão da ilicitude. III- Imunidade funcional: Conceitos negativos emitidos por funcionários públicos em apreciação ou informação que preste no exercício de sua função, também são hipótese de exclusão da ilicitude. Obs: ✓ A imunidade judicial e a por conceito de funcionário público não alcançam aquele que divulga a injúria ou difamação. ✓ Parlamentares e membros do MP também possuem inviolabilidade, nos limites de suas atividades. ✓ Os advogados não são invioláveis ao desacato. Correntes Doutrinárias: ✓ (Damázio): A exlcusão do crime é uma causa especial de exclusão da ilicitude- Corrente Majoritária. ✓ (Noronha): É uma causa de exclusão de punibilidade. ✓ (Fragoso): É causa de exclusão do elemento subjetivo. Retratação (Art-143 CP) É uma causa de extinção de punibilidade (Art 107, VI), onde o autor não será punido caso se retrate, voltando atrás integralmente no que havia dito de ofensivo sobre a vítima e faça isso antes da sentença. ✓ É possível apenas nos casos de calúnia e difamação ✓ Só se aproveita a quem se retrata e não aos coautores e propaladores. ✓ Deve ser feita pessoalmente ou mediante procurador com poderes especiais. ✓ Dispensa concordância do ofendido. Pedido de explicações (Art- 144 CP) Trata-se de um direito do ofendido de requerer ao juiz que notifique o ofensor para que ele se explique em juízo e esclareça o teor das afirmações, quando elas não parecerem claras em seu conteúdo ou imprecisas sobre contra quem foram dirigidas. ✓ Cabível na difamação, calúnia e injúria. ✓ Se ele não responde a notificação ou responde com evasivas responderá pela ofensa, cabendo ao juiz analisar a presença do dolo. ✓ É medida cautelar, preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa. Ação penal (Art 145- CP) ✓ Como regra a ação penal será privada. Entretanto, será pública incondicionada quando o crime de injúria real (resultar em lesão corporal). ✓ Será pública, condicionada à representação do funcionário público, quando a calúnia, a difamação ou a injúria for dirigida contra ele no exercício de suas funções. Do mesmo modo quando a injúria tiver conteúdo ofensivo a elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou à condição de idoso ou de portador de deficiência. ✓ Lei 12.033/99: A injúria preconceito passou a ser ação penal pública condicionada. Ação Penal Privada É a regra (Art 145 caput) Ação Penal Pública Condicionada À requisição do Ministério de Justiça Se a vítima for o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (Art 141, I). À representação Se a ofensa resultar lesão corporal leve (Art 140, §2º). Se a ofensa for dirigida a funcionário público no exercício de suas funções. Se for o caso de injúria preconceito. Crime contra a honra de funcionário público: Súmula 714 do STF. Legitimidade concorrente do ofendido (queixa) e do Ministério Público (condicionada à representação do ofendido). Ação Penal Peça Inicial Comentário Pública Condicionada à representação Denúncia A opção por esta via torna a queixa crime preclusa (STF, HC 84.659-9). Privada Queixa Cabe perdão, perempção e retratação como causas extintivas de punibilidade.
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