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Resumo do capítulo 5

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Componentes de um Sistema de Serviços de Saúde: 
População, Infraestrutura, Organização, Prestação de Serviços, 
Financiamento e Gestão
 
Rodrigo Ribeiro (RESUMO) 
 INTRODUÇÃO 
 O conjunto de atividades voltadas para a 
solução de problemas de saúde constitui a política 
de saúde, que representa a resposta organizada da 
sociedade, em especial do Estado, aos problemas de 
saúde. O traço mais marcante do desenvolvimento 
da política de saúde é a multiplicação dos elos 
sociais de interdependência entre agentes públicos 
e agentes privados, com o objetivo de um empenho 
duradouro e coletivo para definir e controlar 
problemas de saúde. Com a Constituição Federal de 
1988, a saúde passa a integrar o sistema de 
seguridade social, respondendo às reivindicações de 
um importante movimento popular. Em 1988, a 
Constituição criou, formalmente, o Sistema Único 
de Saúde (SUS). Os legisladores optaram por uma 
organização sistêmica das ações e dos serviços de 
saúde. 
 
 
CONCEPÇÃO DE SISTEMA 
 
 Define-se sistema, como qualquer conjunto de 
elementos que interagem com vistas a alcançar 
objetivos comuns. Nessa definição, tão importante 
quanto a existência de elementos-parte é a 
existência de fluxos (de matéria, energia, 
informação etc) entre os elementos. Se os fluxos são 
restritos a seus componentes, fala-se de sistema 
fechado. Se há fluxos entre os ambientes interno e 
externo ao conjunto, fala-se de sistema aberto. A 
sinergia do sistema diz respeito a boa integração 
entre seus componentes e faz com que seja possível 
cumprir sua finalidade e atingir seu objetivo com 
eficiência. 
 A falta de sinergia, por sua vez, causa o mau 
funcionamento do sistema e leva a sua falência e 
morte. Ainda que os sistemas possam ser estudados 
mediante a observação de cada uma de suas partes, 
o mais importante é adotar uma visão holística, 
observando o sistema como um todo, um fenômeno 
único e irredutível a suas partes. Resumindo, a ideia 
de sistema, remete a um conceito dinâmico e não 
hierárquico de conjunto, que não privilegia nem as 
partes nem o todo. 
 
SISTEMA DE SAÚDE E SISTEMA DE 
SERVIÇOS DE SAÚDE 
 A noção de sistema é bastante utilizada na área 
da saúde. Os conceitos de sistemas de saúde e de 
sistemas de serviços de saúde são tanto usados 
como sinônimos quanto como noções distintas, em 
que o segundo é um subsistema do primeiro. 
Sistema de saúde designa o conjunto dos elementos 
interligados que expressam, determinam e 
condicionam o estado de saúde de indivíduos e 
populações. Já sistema de serviços de saúde nomeia 
o conjunto dos elementos inter-relacionados que 
operacionalizam a resposta social aos problemas de 
saúde, ou seja, a política de saúde. O sistema de 
saúde é definido como a parte da sociedade que 
tem a finalidade específica de “melhorar 
continuamente a quantidade e a qualidade de vida 
dos cidadãos no que se refere ao fenômeno saúde-
doença”. 
 Para isso, tem a função essencial de realizar 
ações de saúde, em vários níveis: promoção, 
proteção (ou prevenção de doenças e agravos), 
recuperação e reabilitação da saúde. Essas ações 
são executadas pelo sistema de serviços de saúde 
ou por outros subsistemas da sociedade. 
Estruturalmente, o sistema de saúde é composto 
por três elementos: a população, a prestação de 
serviços e os benefícios obtidos. Agregam-se aos 
componentes fundamentais os insumos (recursos 
materiais e humanos) e as restrições (recursos 
financeiros e opções políticas). Com a criação do 
SUS, em 1988, ressurge a ideia de organizar os 
serviços de saúde em um sistema. Todas as ações de 
saúde passam a ser de responsabilidade do 
Ministério da Saúde, na esfera federal, e das 
secretarias estaduais ou municipais da saúde, nos 
estados e municípios, respectivamente. 
 A implantação do SUS encontra, contudo, um 
contexto bastante desfavorável: uma profunda crise 
econômica, que reduz a possibilidade de expansão 
do investimento em saúde, e a opção política da 
sociedade brasileira pelo neoliberalismo. Do ponto 
de vista da organização sistêmica, não há dúvida 
que o SUS representa um avanço: não só tem 
comando único, como estabelece mecanismos 
inovadores de coordenação de ações entre as três 
esferas de governo, representados pelas Comissões 
Intergestores Tripartite (ministério, secretarias 
estaduais e secretarias municipais), no plano 
federal, e Comissões Intergestores Bipartites 
(secretaria estadual e secretarias municipais), no 
plano estadual. 
 No entanto, esses mecanismos administrativos 
de coordenação não são suficientes para dar ao SUS 
o grau de integração necessário ao cumprimento de 
sua finalidade. As tentativas de construção real do 
SUS estão focadas na organização de um sistema 
que, de fato, seja um conjunto bem articulado de 
elementos que promova e recupere a saúde das 
pessoas. As dificuldades relacionadas à 
fragmentação do sistema não são exclusivas do SUS 
brasileiro. A resposta a essa fragmentação tem sido, 
em geral, a proposição de sistemas integrados de 
saúde. 
 
 
REDES E SISTEMAS DE SAÚDE 
 
 Mais recentemente, os estudiosos e os 
formuladores de políticas de saúde têm lançado 
mão da teoria de redes (popularizada após a 
disseminação do uso dos computadores pessoais) 
para enfrentar as dificuldades relacionadas à 
integração dos sistemas de serviços de saúde. O 
precursor das proposições de organização de redes 
de atenção à saúde propõe a articulação de diversos 
serviços de saúde (serviços domiciliares, centros de 
atenção primária, centros de atenção secundária, 
hospitais e serviços suplementares) em um 
conjunto único e coordenado. 
 Essas propostas são postas em prática com a 
implantação de sistemas nacionais de serviços de 
saúde. Atualmente, análises científicas e políticas 
apontam para a fragmentação dos sistemas de 
saúde, com o comprometimento da capacidade de 
resposta aos problemas de saúde, questionando sua 
efetividade e eficiência. Nesse contexto, destaca-se 
a incoerência entre a persistência de um sistema 
organizado para atender, sobretudo, a condições 
agudas de saúde e um perfil epidemiológico 
caracterizado pelo envelhecimento da população e 
pela alta prevalência das doenças crônicas. Dessa 
forma, a adequação da organização dos serviços ao 
atual perfil epidemiológico impõe um elevado grau 
de integração entre os diferentes serviços ou pontos 
de atenção. 
 Para superar esse desafio de integração, os 
formuladores e os estudiosos de políticas de saúde 
buscam aplicar a ideia de redes à organização da 
atenção à saúde. Redes de atenção à saúde são 
organizações poliárquicas de conjuntos de serviços 
de saúde, vinculados entre si por uma missão única, 
por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e 
interdependente, que permitem ofertar uma 
atenção contínua e integral a determinada 
população. 
 A OMS identifica uma série de características 
das redes de serviços de saúde: articulação 
funcional de unidades prestadoras de distinta 
natureza; organização hierárquica segundo níveis 
de complexidade; uma região geográfica comum; 
comando de um operador único; normas 
operacionais, sistemas de informação e outros 
recursos logísticos compartilhados; e um propósito 
comum. Sendo assim, na área da saúde, rede 
significa sistema bem integrado, composto por 
elementos interdependentes, que tem o propósito 
de oferecer atenção contínua à saúde de uma 
população definida, incluindo desde as ações 
voltadas à prática clínica individual até as ações 
intersetoriais dirigidas aos determinantes sociais da 
saúde. 
 
COMPONENETES DE UM SISTEMA OU DE 
UMA REDE DE SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 O sistema de saúde pode ser dividido em três 
elementos fundamentais: a população, a prestação 
deserviços e os benefícios obtidos, e mais dois 
elementos de suporte, os insumos (recursos 
materiais e humanos) e as restrições (recursos 
financeiros e opções políticas). Seus componentes 
são infraestrutura, organização, prestação de 
atenção de saúde, apoio econômico e gestão. Mais 
recentemente, Lobato e Giovanella propõem a 
seguinte composição para os sistemas de saúde: 
cobertura populacional e catálogo de benefícios, 
rede de serviços, organizações, recursos 
econômicos e humanos, insumos, tecnologia e 
conhecimento. 
 Tratando de redes, seus componentes são a 
população, a estrutura operacional e o modelo de 
atenção. A estrutura operacional das redes de 
atenção, por sua vez, é composta de cinco 
elementos: a atenção primária à saúde; os pontos 
de atenção à saúde secundários e terciários; os 
sistemas de apoio; os sistemas logísticos; e o 
sistema de governança da rede de atenção à saúde. 
 O modelo de atenção à saúde refere-se ao 
funcionamento das redes e à articulação das 
relações entre as subpopulações, estratificadas por 
riscos, e os diferentes tipos de intervenções 
sanitárias. Para descrição e análise da situação atual 
do SUS, Paim et al (2011) definem quatro 
componentes: financiamento, organização e oferta 
de serviços, infraestrutura e acesso e uso dos 
serviços. 
 
 
População 
 
 A população é o componente mais importante 
de qualquer sistema ou rede de saúde, pois a 
relevância dos serviços de saúde é dada por sua 
capacidade de resolver problemas de saúde dos 
indivíduos e das coletividades. Os sistemas de saúde 
tem melhor desempenho quando são organizados 
territorialmente. Assim, as redes de saúde devem 
ter delimitadas suas áreas de abrangência com as 
populações pelas quais são responsáveis, de forma 
que a falta de delimitação da população sob sua 
responsabilidade é um dos maiores problemas dos 
atuais sistemas de saúde. 
 A Estratégia de Saúde da Família no Brasil 
representa um esforço de fortalecimento da 
atenção primária e de transformação do sistema de 
saúde em uma rede bem integrada. Todo sistema de 
saúde necessita de pessoal e recursos físicos, 
materiais e imateriais para a prestação de serviços. 
 
 
Infraestrutura 
 
 Os recursos essenciais podem ser classificados 
em quatro categorias: trabalhadores da saúde; 
estabelecimentos; medicamentos, equipamentos e 
outros insumos; e conhecimento. 
 
 Trabalhadores de Saúde 
 
 “Profissionais de saúde” é uma expressão que 
designa aquelas pessoas que detêm o direito 
exclusivo de exercício de uma atividade laboral, com 
autonomia para (auto)regulá-la. 
 A expressão “trabalhadores da saúde” designa 
as pessoas que estão, de fato, exercendo atividades 
laborais direta ou indiretamente relacionadas com a 
saúde. Inclui os profissionais de saúde, mas também 
profissionais de outras áreas. Trabalhadores de 
saúde seriam então as pessoas que atuam nos 
serviços de saúde, compondo e conformando os 
sistemas. 
 O sucesso das ações de saúde depende, 
portanto, das pessoas que realizam suas atividades 
laborais em organizações de saúde. As 
desigualdades regionais e entre os setores públicos 
e privados são apenas alguns dos problemas 
relativos aos trabalhadores de saúde. Além desses 
problemas de cobertura, a produtividade dos 
trabalhadores é baixa, em particular nas regiões 
com maiores necessidades. Suas causas mais 
comuns são a falta de trabalho em equipe, as 
dificuldades de manutenção de equipamentos e de 
suprimento de insumos, a ausência de supervisão e 
o planejamento inadequado. Há também 
problemas de qualidade técnica. 
 Por fim, uma das dimensões do desempenho 
que apresenta mais problemas é o fato da 
rotatividade dos trabalhadores ser intensa, e os 
profissionais raramente permanecem tempo 
suficiente para criar vínculos com as comunidades a 
que atendem. Outros problemas comuns são a 
baixa remuneração, a precarização do emprego, o 
descompromisso com a população e a falta de 
condições adequadas de trabalho. 
 
 
 Estabelecimentos 
 
 Os estabelecimentos representam a 
infraestrutura física da rede de saúde. São os locais 
destinados à realização de ações de saúde, coletivas 
ou individuais. Há uma grande variedade de 
estabelecimentos, considerando os tipos de 
serviços, os portes e as densidades tecnológicas. 
Exemplos de tipos de estabelecimentos 
assistenciais: unidade de saúde da família, posto de 
saúde, centro de saúde, consultório isolado, 
unidade móvel, ambulatório de especialidade, 
unidade de vigilância em saúde, farmácia, pronto-
socorro, hospital etc. Exemplos de tipos de 
estabelecimentos administrativos: secretaria de 
saúde, central de regulação de serviços de saúde e 
cooperativa. 
 
 
 Medicamentos, equipamentos e outros 
insumos 
 
 
1) Medicamentos 
 
 São os insumos que mais tem sido objeto de 
políticas públicas no Brasil. Em 1970 foi criada a 
Central de Medicamentos (Ceme) destinada a 
promover e organizar o fornecimento, por preços 
acessíveis, de medicamentos as pessoas que não 
pode adquirir os medicamentos por causa da sua 
condição econômica. Em 1976, a Ceme elaborou a 
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 
(Rename) e em 1987, o Programa de Farmácia 
Básica. Porém em 1997 a Ceme foi extinta. 
 Em 1998, o Ministério da Saúde editou a Política 
Nacional de Medicamentos propondo assegurar o 
acesso universal aos medicamentos essenciais, 
garantindo a qualidade, eficácia e segurança dos 
mesmos e promover o seu uso racional. 
 Em 1999 estabeleceu-se no país o medicamento 
genérico, facilitando o acesso aos medicamentos e 
ampliando o mercado farmacêutico. 
 Em 2011 foi regulamentada fazendo com que a 
assistência farmacêutica passasse a ser de 
responsabilidade do SUS. Logo o SUS deve receber 
prescrição feita por profissional no exercício regular 
de suas funções no SUS, em conformidade com a 
Rename e os Protocolos Clínicos e Diretrizes 
Terapêuticas. 
 Em 2003, os programas Farmácia Popular e 
Aqui tem farmácia popular ampliou a oferta de 
medicamentos para DM e HAS a preços subsidiados. 
Em 2011 o Programa Saúde Não Tem Preço tornou 
gratuito esses medicamentos e mais 14 outros 
farmacos foram subsidiados. 
 Apesar da crescente estruturação das 
políticas a assistência farmacêutica ainda apresenta 
problemas de acesso, problemas relativos a 
racionalidade do uso, problemas de gestão e 
dificuldades de operacionalização pela Anvisa do 
monitoramento de preços, do controle da 
qualidade, da anuência prévia a concessão de 
patentes e da restrição da propaganda. 
 
 
2) Vacinas e soros 
 
 Em 1973 foi criado o Programa Nacional de 
Imunização (PNI), nascido na campanha da 
erradicação da varíola. Com o PNI já se conseguiu 
controlar a poliomielite e reduziu a incidência de 
sarampo, difteria, coqueluche e tétano, entre 
outras. O Brasil tem uma importante capacidade 
produtiva, de modo que 95% das doses de vacinas 
aplicadas pelo SUS são produzidas por laboratórios 
públicos brasileiros. 
 
 
3) Sangue e hemoderivados 
 
 A epidemia de AIDS e a criação do SUS 
mudaram o perfil de falta de controle de qualidade 
do sangue e hemoderivados. 
 A constituição de 1988 através do artigo 199 
vedou todo tipo de comercialização de órgãos, 
tecidos e substâncias humanas, incluindo sangue e 
seus componentes. 
 Em 2001 a Política Nacional de Sangue, 
Componentes e Hemoderivados passa a orientar a 
estruturação da Rede Nacional de Serviços de 
Hemoterapia e Laboratórios de Referencia para 
controle de qualidade a fim de garantir a 
autossuficiência. 
 Em 2004, a empresa brasileira de 
hemoderivados e biotecnologia foi criada. 
Atualmente a hemorrede nacional ainda tem umaprodução abaixo da necessidade do país, que tem 
recorrido a importação de hemoderivados. 
 
 
4) Equipamentos 
 
 Estão concentrados no setor privado não 
contratado pelo SUS. Mais concentrado no SE e nas 
capitais, a desigualdade é a principal característica 
da oferta de equipamentos. Existe uma expansão da 
indústria nacional a partir de 1990, mas a demanda 
também é crescente. Por isso o Governo Federal 
tem buscado estimular o investimento privados, 
nacional e estrangeiro, na indústria de 
equipamentos. 
 
 
 Conhecimento 
 
 A maior parte do conhecimento relevante 
para profissionais e gestores da saúde está no senso 
comum, mas parte significativa tem origem na 
prática científica. Em todo o mundo, os 
investimentos em pesquisa em saúde são vultosos e 
crescentes. Em 2004 o Brasil adotou uma Política 
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em 
Saúde e uma Agenda Nacional de Prioridade de 
Pesquisa em Saúde, aumentando o investimento 
público e a produção científica. Porém o 
fortalecimento da base cientifica e tecnológica no 
SUS ainda é um desafio. 
 
 
Organização dos serviços de saúde 
 
 Organização se refere a disposição dos 
recursos humanos e tecnológicos mobilizados para 
a realização das ações de saúde. 
 No Brasil, tem papel importante na 
organização dos serviços as secretarias estaduais e 
municipais, além do Ministério da Saúde. Há 
também um forte setor privado, de planos e seguros 
de saúde, que organiza seus recursos de acordo com 
a lógica do lucro. 
 A organização no SUS se esquematiza em 
assistência a saúde, vigilância em saúde, políticas e 
programas especiais e política de humanização da 
atenção especializada. 
 
 
Prestação de serviços ou modelo de 
atenção a saúde 
 
 Prestação de serviços é o conjunto dos 
processos de trabalho por meio dos quais os 
trabalhadores de saúde atendem as demandas e as 
necessidades dos usuários e da população. Isso 
engloba ações de promoção da saúde, de 
prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças e 
agravos, e de reabilitação da saúde. Não se pode 
esquecer que a estrutura do sistema é essencial 
para a realização das práticas técnico-assistenciais 
da prestação de serviço. 
 Na prática a prestação de serviços tem como 
modelo dominante de atenção sustentado pela 
lógica do atendimento a demanda espontânea. Esse 
modelo é centrado na figura do médico e apresenta 
com características principais o individualismo, o 
biologista, o curativismo, o mercantilismo, a 
anistrocidade da prática médica, a mercantilização 
de problemas sociais, o consumismo de produtos e 
serviços diagnósticos e terapêuticos, e a 
participação passiva e subordinada dos 
consumidores. 
 Em contraste existe o modelo sanitarista 
caracterizado por intervenções dirigidas e 
problemas da saúde inalcançáveis pela atenção 
médica individual (campanhas e programas 
tradicionais de saúde pública). 
 O SUS tem experimentado modelos 
alternativos de atenção a saúde como o modelo em 
defesa da vida e as ações programáticas de saúde, 
que focalizam a micropolítica dos processos de 
trabalho em saúde, o modelo de promoção a saúde 
e as cidades saudáveis, que enfatizam a formulação 
de macropolíticas sociais, e a vigilância da saúde e a 
estratégia de saúde da família, que privilegiam os 
aspectos técnicos e organizacionais das práticas de 
saúde, e a oferta organizada, a organização de 
distritos sanitários ou a distritalização e o 
acolhimento. A implantação de qualquer um deles é 
complexa e exige mudanças não apenas de ordem 
técnica, mas também de ordem política. 
 
 
Financiamento 
 
 Ao longo do sec XX a maioria dos países 
optou por algum tipo de seguro para financiar os 
sistemas de saúde. existem 3 tipos de modelo de 
financiamento - seguridade social, o seguro social e 
o seguro privado. 
 Seguridade social, a exemplo do NHS 
britânico, é baseado no princípio da saúde como 
direito humano, que assegura o acesso universal aos 
serviços por meio de mecanismos de adscrição 
territorial de clientela e de referência e 
contrarreferência, financiado principalmente por 
impostos diretos, como o imposto de renda. 
 O seguro social é regido pela ética da 
solidariedade, assegura o acesso aos serviços as 
pessoas que contribuem para seu financiamento, 
por meio de descontos nos salários e de 
pagamentos editos pelas empresas (Inamps). 
 O seguro privado que se baseia na ideia de 
que o cuidado a saúde é uma responsabilidade 
individual e que deve ser custeado por quem usa o 
serviço e no fato de que a incerteza inerente ao 
estado de saúde recomenda a formação de 
poupança para os momentos de necessidade 
(modelo dos EUA). 
 O SUS é financiado por meio do orçamento da 
Seguridade Social. As principais fontes de recursos 
são a Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL) e a 
Contribuição para o Financiamento da Seguridade 
Social (Confins). A baixa participação dos gastos 
públicos no financiamento da saúde explica a 
situação de subfinanciamento do SUS. A gestão 
financeira do SUS se organiza por meio dos fundos - 
nacional, estadual e municipal - da saúde. Os fundos 
são uma modalidade de gestão que reúne em um só 
caixa todas as receitas que se destinam a realização 
de um determinado serviço. 
 Esses recursos financeiros do SUS segue um 
ciclo orçamentário que começa com a elaboração 
pelo Poder Executivo do Plano Plurianual, da Lei de 
Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária 
Anual. Essas peças são submetidas ao Poder 
Legislativo e uma vez aprovadas retornam ao 
Executivo para a elaboração e execução. O ciclo se 
fecha com o controle da gestão orçamentária e 
finanças pelo Poder Legislativo e dos Tribunais de 
Contas. 
 Metade dos recursos do SUS é alocada nas 
ações de assistência especializada, o que é 3x mais 
que o destinado a atenção básica. 
 
 
Gestão ou governança e regulação 
 
 Gestão inclui desde a elaboração de políticas 
até a execução das ações, passando pela definição 
de programas. As ações de gestão se desenvolvem 
em 3 dimensões: política, tecnica e administrativa. 
 Na saúde, a dimensão política envolve decisões 
sobre a alocação de recursos, o comando das 
instituições gestoras e a organização dos processos 
de trabalho e do pessoal. 
 A dimensão técnica abarca a formulação de 
políticas e programas de saúde tecnicamente 
consistentes, a incorporação das ações 
programadas a rotina organizacional e o 
fortalecimento das atividades de planejamento e 
avaliação. 
 A dimensão administrativa engloba a 
formulação da política de pessoal, o fortalecimento 
da autonomia financeira da instituição gestora e a 
gestão ddd aquisição e manutenção de 
equipamentos e materiais. 
 Governança designa o ato de governar, o 
exercício da autoridade política e o uso dos recursos 
institucionais para gerir os negócios do Estado e 
atender as necessidades da sociedade. É o ato de 
bem governar - com responsabilidade, efetividade, 
qualidade, legalidade e honestidade - as relações 
entre a população, os recursos e os serviços de 
saúde, de modo a articulá-los em função do objetivo 
de cuidar da saúde. 
 A regulação são as disposições (em geral 
legais) que criam direitos e deveres, definindo 
responsabilidades. Na saúde são muitas as 
disposições regulatórias, a começar pela Lei 
Orgânica, passando pelos códigos de ética das 
profissões até chegar as inúmeras portarias 
ministeriais. 
 O Conass define como funções essenciais de 
saúde pública o monitoramento, análise e avaliação 
da situação de saúde, a vigilância, investigação, 
controle de riscos e danos a saúde, a promoção da 
saúde, a participação social em saúde, o 
desenvolvimento de políticas e capacidade 
institucional de planejamento e gestão pública da 
saúde, a capacidadede regulação, fiscalização, 
controle e auditoria em saúde, a promoção e 
garantia do acesso universal e equitativo aos 
serviços de saúde. 
 
 
 
DESAFIOS PARA A EFETIVAÇÃO DE UM 
SISTEMA OU DE UMA REDE DE SAÚDE NO 
BRASIL 
 
 Os desafios para a efetivar o SUS são os 
desafios de organização de um sistema integrado. 
As diferenças sociais ainda persistem no país o que 
dificulta a igualdade do acesso, é necessário 
priorizar uma atenção seguindo a equidade de 
acesso, é necessário dispor de estabelecimentos, 
unidades de prestação de serviços, pessoal 
capacitado e recursos de diversas ordens, e por fim 
de suporte financeiro e político ao SUS para que ele 
não se deteriore e desqualifique. A coexistência de 
planos privados está minando os esforços de 
construção do SUS universal, integral e igualitário. 
 A constatação da incapacidade dos sistemas 
fragmentados de oferecer serviços e ações que 
tenham impacto positivo sobre os problemas de 
saúde do mundo contemporâneo estimula a 
reafirmação das políticas universais de saúde. 
 Apesar do SUS ter atingido o estatuto de 
política de Estado e modelo exemplar no âmbito 
internacional, a fragilidade de seus suportes 
financeiros, organizacionais e tecnológicos 
interroga o futuro do SUS e da própria política de 
saúde, como resposta organizada da sociedade e do 
Estado aos problemas de saúde das pessoas.

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