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5.Figura Fundo

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FIGURA-FUNDO 
Resumo extraído do livro Trancik, Roger. Finding Lost Space New York: Van Nostrand Reinhold 1986. 
Disciplina: Planejamento Urbano I - FAU – UFRJ 
Profa. Ione Silveira (responsável pela tradução) 
 
 
A técnica do "figura-fundo" é usada para a análise do relacionamento entre a massa construída e o espaço aberto. 
É usado para entender a forma urbana, sendo um poderoso instrumento para identificar as texturas e os 
padrões da malha urbana assim como os problemas de sua organização espacial. Cuidado entretanto deve ser 
tomado para não se abster somente à uma concepção estática e bidimensional do espaço analisado. 
 
"O espaço construído é concebido como uma entidade positiva, se relacionando e se integrando aos espaços 
abertos." 
 
A técnica do "figura-fundo" atenta para o fato de que quando a forma urbana é predominantemente vertical, em 
vez de horizontal, conceber um espaço urbano harmonioso, torna-se quase impossível. A maioria das tentativas 
de alocar elementos verticais em grandes superfícies resulta em vastos espaços abertos raramente usados ou 
devidamente aproveitados. 
 
Para se obter uma forma exterior, o perímetro dos espaços abertos e os quarteirões devem estar bem articulados, 
estabelecendo ambientes externos, contendo esquinas, nichos, reentrâncias e corredores. O problema do 
planejamento do espaço urbano, segundo Alvar Aalto, é integrar a forma de um prédio às condições 
estruturais de seu lote. 
A maneira mais fácil de se obter vazios positivos é trabalhar com prédios horizontais, onde as estruturas têm 
maior cobertura do que o tecido envolvente e aonde conceitualmente o espaço aberto resultou da massa 
construída. Na prática este relacionamento entre figura e fundo nem sempre é possível ou até desejado, mas deve 
sempre estar presente como uma diretriz conceitual do urbanismo. 
 
Os espaços públicos dão conteúdo simbólico e significado à cidade, fornecendo-lhes espaços para encontros, 
caminhos, transições entre domínios públicos e privados além de locais para discursos e interações. 
A orientação espacial é definida pela configuração dos quarteirões que coletivamente formam as vizinhanças e os 
bairros. É a articulação e a diferenciação entre os sólidos ou figuras e os vazios ou fundos que constituem o 
tecido urbano e estabelecem as sequências físicas e a orientação visual entre os lugares. A técnica do "figura-
fundo" é especialmente útil para revelar tais relacionamentos. 
 
A natureza dos vazios urbanos depende de: 
1-da disposição dos sólidos nos seus perímetros; 
2-da escala destes elementos e 
3-da dimensão horizontal da abertura ou da superfície livre entre os componentes verticais. 
 
Os padrões básicos de cheios e vazios urbanos são: 
 
 
Muitas cidades foram construídas a partir de combinações e permutações destes padrões e da justaposição de 
padrões maiores ou menores. 
Além de revelar o caráter e agregar a forma urbana, a representação do "figura-fundo" serve para articular 
as diferenças entre os sólidos e os vazios urbanos, fornecendo-nos um instrumento para classificá-los. Os tipos 
de sólidos urbanos e dos vazios urbanos contribuem para o planejamento e a percepção dos espaços urbanos. 
 
Os tipos de sólidos urbanos incluem: 
A – monumentos públicos ou prédios 
predominantemente institucionais; 
B – quarteirões urbanos; 
C – prédios direcionados ou definidores de limites. 
Os tipos de vazios urbanos incluem: 
D – grandes vestíbulos/entradas ou “foyers”; 
E – espaços no interior de quarteirões; 
F – o sistema de ruas ou praças; 
G – as áreas dos parques e jardins; 
H – o sistema de espaçops abertos naturais lineares. 
 
 
Os sólidos urbanos: 
 
Os monumentos públicos funcionam como pontos chaves do tecido urbano. Estão geralmente focalizados, 
situados em centros de terreno como que para anunciar sua presença e expressar seu significado social e político. 
 
Os quarteirões urbanos assim como seus tamanhos, padrões ê orientação, são os elementos mais importantes na 
composição dos espaços públicos. O tecido do quarteirão está organizado pela repetição dos lotes pré-
dimensionados, formando um padrão determinado pelos usos do solo urbano. A estrutura dos quarteirões 
formam, às vezes, padrões bem reconhecidos, com texturas coerentes que definem um centro. 
 
Os prédios direcionados ou definidores de limites são geralmente não repetitivos, têm formas únicas e formam 
quase sempre uma configuração linear. Eles são intencionalmente projetados para quebrar p padrão 
predominante e ajustados quase sempre para dar frente a um boulevard, um círculo, uma praça ou estabelecer o 
limite de uma vizinhança. Eles podem servir para circundar ou enfatizar um monumento, para definir eixos 
visuais e emoldurar praças ou locais importantes. 
 
Estes três tipos de sólidos urbanos devem se interconectar através do planejamento urbanístico de forma que os 
vazios resultem como uma figura estrutural dos espaços interligados, como no Mapa de Roma feito por 
Nolli em 1748. 
 
Os vazios urbanos devem ser esculpidos e/ou abertos nos sólidos urbanos para fornecerem uma continuidade 
funcional e visual, criando assim uma cidade mais humana e integrada na qual a arquitetura e os espaços 
exteriores estão indissoluvelmente unidos. 
 
Cinco são os tipos de vazios urbanos a partir de diferentes graus de aberturas e fechamentos. 
 
1-As grandes entradas/vestíbulos ou 'foyers' normalmente estabelecem a importante transição ou passagem de 
um domínio privado para um domínio publico. O espaço de entrada é um portão privado, visível para alguns e que 
serve para anunciar a chegada de indivíduos aos seus locais de moradia ou trabalho. 
 
2-Os vazios internos de quarteirões, normalmente espaços semi-públicos, de uso residencial usados para 
recreação ou comércio local, para circulação ou descanso.1 
 
 
3-O sistema de ruas e praças correspondendo predominantemente à 
estrutura dos quarteirões e que contêm a vida pública ativa da cidade. 
Historicamente, as ruas e praças foram os elementos unificadores e 
estruturais da cidade. Ruas e praças são lugares para se estar - passar 
algum tempo - assim como corredores através dos quais nos movemos. 
 
 
 
 
 
 
4-As áreas de parques e jardins atuam como locais aonde se preserva a 
natureza dentro da cidade. Eles são inseridos na malha urbana para 
simular paisagens rurais, fornecendo alívio ao ambiente urbano e 
tornando acessível a recreação. Algumas vezes são planejados para 
formarem locais que privilegiem determinadas propriedades à sua volta, 
constituindo-se no entanto como composições paisagísticas 
independentes. 
 
 
 
 
 
5-O sistema de espaços abertos naturais lineares comumente relacionados 
a superfícies com água tais como rios, beira d'água e áreas alagadas. 
Estes espaços verdes formais ou informais permeiam bairros, criam limites 
e ligam lugares. Por exemplo, uma grelha urbana pode se superpor à 
um sistema de ravinas lineares em diferentes níveis e esta justaposição 
força a grelha a mudar sua direção, permitindo a recreação em um 
cenário natural separado topográficamente. 
 
 
 
 
 
 O objetivo da teoria do "figura-fundo" reside na manipulação e na organização dos sólidos urbanos e dos 
vazios urbanos. Quando o diálogo entre os dois é completo e percebido, a estrutura espacial tende a funcionar 
com sucesso. 
Para que não hajam espaços perdidos, deve existir a vontade de reconsiderar o objeto e avaliar o chão, muito mais do que 
enfatizar a figura. O projeto do objeto deve ser considerado em conjunto com a estrutura do vazio, só assim os prédios e os 
espaços abertos poderão efetivamente coexistir. 
 
 
 
1 No Rio de Janeiro, estas áreas se constituem na maioria das vezes em 'áreas coletivas' que segundo a Código de Obras é a área 
instituída por ato do Poder Executivo e delimitada, em projetoespecífico, no interior de um quarteirão, e comum às edificações 
que a circundam, destinada à servidão permanente de iluminação e ventilação.(nota do tradutor)

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