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CHO3 4 IDENTIDADE E RELAÇÃO DO HOMEM COM O TRABALHO

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�UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP - SOROCABA
COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕE - 
LEONOR CORDEIRO BRANDÃO
 
 Identidade e Relação Homem-Trabalho
 Cida Sanches & Leonor Bandão 
Para analisar a relação existente entre a identidade e a relação homem-trabalho, primeiramente analisaremos cada parâmetro individualmente, a fim de facilitar a compreensão e a determinação da relação existente entre ambos. O primeiro aspecto refere-se à Identidade do homem, ao diferencial do homem, e o segundo a forma como a sociedade exige do homem no campo profissional.
A origem de uma identidade parte da existência da vida social ou ainda da vida individual, Beck (2000:169) afirma que a identidade aparece da intercessão e da combinação e consequentemente do conflito entre outras identidades.
Intercessão e combinação são atitudes que as identidades assumem quando em contato com outras identidades, observa-se que para determinar a existência de uma identidade é necessário a existência de outras identidades que permitam a comparação. Sennet (2000:177) destaca que uma identidade tem origem precisamente do conflito entre a forma como os outros nos vêem e como nós nos vemos. Este conflito entre o eu e o outro é o que determina a existência da identidade, assim, a identidade é a forma como o indivíduo se apresenta perante a sociedade e perante a si mesmo, é uma fonte de significado e experiência de um povo, com base em atributos culturais relacionados que prevalecem sobre outras fontes, a identidade organiza significados e predicados.
Observe que predicado representa uma qualidade, atributo da identidade que esta apresenta em determinado momento histórico, permitindo que se assemelhe ou se diferencie de outra identidade, para Sennet (2000:189), a identidade é um processo de negociação de uma self-image com o mundo, variável, porém, fixa internamente uma atividade diplomática que ocorre simultaneamente em diversas áreas.
A apresentação de uma identidade exige que esta passe por um processo de maturação, passando a ter predicados que a revelem como identidade e ao mesmo tempo elementos capazes de acelerar a cristalização dessa identidade, dessa singularidade, o processo de negociação da self-image (Sennet,2000) citado anteriormente caracteriza a identidade como uma singularidade constituída por um conjunto de predicados, qualidades que o indivíduo apresenta, que permitem a sua vida social.
Viver socialmente determina a mobilidade da identidade, caracteriza a flexibilidade do indivíduo perante as adversidades que este encontra para manter a sua identidade. Viver socialmente significa reformular a identidade de acordo com as circunstâncias. Essa flexibilidade aliada a uma estabilidade permite que a identidade seja reconhecida a todos os momentos de sua existência. Sotto (1998: 70) confirma que uma identidade necessita de ser específica e estável para ser reconhecida como uma identidade em todos os momentos de sua existência.
Há, portanto que se ressaltar que os predicados não são fixos, mas sim mutáveis e se adequam às relações com o outro, e são construídos de acordo com as atitudes, com as atividades da identidade perante as igualdades e diferenças.
A identidade é uma característica própria do indivíduo que permite que este tenha uma vida social, e que este seja reconhecido como um indivíduo que vive para si, mas ao mesmo tempo vive para os outros. Vive só, mas vive socialmente, o que denota a existência de identidades coletivas que surgem da união de várias identidades individuais em busca de uma representação de grupo, de força social para serem reconhecidas e atuantes no meio social.
A sociedade exige a individualidade aliada à coletividade, através do coletivo o indivíduo alavanca a sua identidade, molda a sua vida e procura alcançar os seus objetivos; as falhas ou o possível sucesso pertencem ao indivíduo e não à coletividade, o indivíduo busca a auto-suficiência, a sociedade exige isto, como pode ser observado em BecK (2000:165) nós vivemos numa era em que a ordem social, o governo, as classes, as etnias e as famílias tradicionais estão em declínio, a ética do indivíduo auto-suficiente e da realização pessoal são os principais destaques da sociedade atual. A escolha, a decisão de formar homens que aspiram serem os autores se suas próprias vidas, criadores de uma identidade individual é o principal personagem do nosso tempo.
A facilidade e a forma com que a nova sociedade traz à tona a identidade mutante leva o indivíduo a apresentar características variáveis e formas diferentes de atuação perante a sociedade, de maneira que, segundo Beck (2000:166) os indivíduos se tornam atores, construtores, malabaristas, administradores de suas próprias biografias e identidades, mas também de seus relacionamentos sociais.
O indivíduo não pode ser passivo ao passar dos dias e de seus problemas, mas deve-se apresentar como um ator que pretende alcançar o sucesso pessoal e consequentemente coletivo. O indivíduo coordena os próprios passos, tendo a sua identidade como ponto de apoio, mesmo que esta tenha que ser alterada de acordo com as adversidades, é por meio da identidade que ele se reconhece e permite que a sociedade o reconheça. 
Beck (2000:167) afirma que a identidade corresponde a um desenho da sociedade em que cada indivíduo atua e que não é um reflexo passivo das circunstâncias, mas um formador ativo de sua vida, com diversos degraus de limitação. A limitação que Beck destaca é imposta pela sociedade e pelo próprio indivíduo, a sociedade permite que o indivíduo molde a sua vida e busque os seus desejos desde que a identidade do indivíduo esteja adequada ao contexto social, eis que este é um dos momentos mais importantes para o indivíduo: ter e manter a sua identidade aliada á sociedade moderna.
Identidade e a relação homem-trabalho
A partir deste ponto é que surge a relação entre a identidade e a relação homem-trabalho, o homem necessita de criar raízes, de pertencer a algum lugar, precisa trabalhar para criar envolvimento, para competir, para impor a sua identidade.
O homem não só muda o seu mundo externo como simultaneamente se transforma de maneira autoconsciente pelo seu trabalho. No nível individual, ao optar pela sobrevivência opta pelo trabalho. No nível de espécie, o homem se fez homem ao transformar o mundo pelo seu trabalho.
De acordo com Freitas (1999:76) o controle exterior passa para o próprio sujeito; ele é quem define suas metas e se compromete a atingi-las... o processo decisório se dá de maneira mais participativa. Essa é uma exigência da nova sociedade, e das organizações em geral. Exigência de que o indivíduo tenha um papel participativo no caminho que pretende seguir, nas decisões que pretende assumir e das conseqüências que estas acarretam, o que confirma a necessidade de uma identidade maleável mais estável.
Freitas (1999:76) acrescenta que se antes era a figura do superego, como instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo a trabalhar mais, agora é o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos e as gratificações indispensáveis aos seus anseios narcísicos. A obediência passiva dá lugar ao ativo investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração ativo e cativo. O medo de fracassar se alia ao desejo de ser reconhecido, e quanto mais indivíduo acredita que ele e a empresa são partes do mesmo projeto nobre, mas essa aliança tende a fortalecer-se. 
O indivíduo inventa, cria e re-cria a sua própria realidade no momento em que se percebe um ser social com o poder de transformar. Chanlat (1996:29) diz que em todo sistema social, o ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço estará disposto a pagar para consegui-lo no plano social. 
Toledo (apud Jacques, 1988) nos dizque “o trabalho não se converte em trabalho propriamente humano a não ser quando começa a servir para a satisfação não só das necessidades físicas, e fatalmente circunscritas à vida animal, como também do ser social, que tende a conquistar e realizar plenamente a sua liberdade (...)”.
De acordo com Zavattaro (1999), o Trabalho é essencialmente uma ação própria do homem mediante a qual transforma e melhora os bens da natureza, com a qual vive historicamente em insubstituível relação. O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem, seu sujeito - o trabalho está em função do homem e não o homem em função do trabalho. O valor do trabalho não reside no fato de que se façam coisas, mas em que coisas são 
feitas pelo homem e, portanto, as fontes de dignidade do trabalho devem buscar-se, principalmente, não em sua dimensão objetiva, mas em sua dimensão subjetiva.
A nova relação entre o homem e o trabalho determina que este homem possua uma identidade e que responde por esta, que essa identidade leva-o a almejar e a responder às suas necessidades, principalmente em relação ao trabalho. O fato de o homem dedicar a maior parte do seu dia útil ao trabalho denota a força que essa relação apresenta, o trabalho chega a ser mais importante que a família, pois o fracasso no trabalho acarreta em fracasso familiar. A identidade serve como um mediador que permite ao homem se ajustar a cada fase – trabalho, família – evidenciando as múltiplas identidades e a necessidade de saber usá-las, de saber renová-las e mantê-las.
 A empresa moderna...precisa mobilizar todas as energias do sujeito – intelectuais, físicas, espirituais, afetivas, morais - ... no interior desse tipo organizacional é um estranho casamento de várias contradições, levando o indivíduo a uma procura incessante de um parco (baixo) equilíbrio psicológico. (Freitas,1999: 77)
Observe a importância e a dimensão que o trabalho passa a exercer sobre o homem, é necessário que o indivíduo mobilize todas as suas energias para que possa manter o vínculo com o trabalho, alcançar o equilíbrio, a estabilidade, viver a sua identidade, para que possa se ver como ele verdadeiramente é. O trabalho é um ponto de conexão entre o homem e sua identidade, entre o homem e o EU.
Segundo Sucesso (2002:12) a história de vida, as características pessoais, os valores, os anseios e expectativas configuram no nível individual, uma forma de viver e de sentir, definindo fatores básicos para a satisfação. Mais que o trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de vida específicas determinam a percepção sobre o trabalho.
Freitas (1999: 80) destaca ainda que a empregabilidade é a capacidade de tornar-se necessário ou de possuir o conhecimento raro e reciclável que as empresas hoje necessitam. Mais que a profissão, valoriza-se um elenco de repertórios variados que habilitem o indivíduo a lidar com esse mundo complexo e mutável. 
Esta é a relação entre a identidade e o homem no trabalho, a identidade dá ao indivíduo, ao homem as armas para se impor, para se igualar, para se diferenciar e para assumir o seu papel no trabalho, na família, na sociedade, na vida.
A identidade é o conjunto de predicados, de significados, que permite ao homem ver-se como homem, e que permite que os outros também o vejam. A identidade é o diferencial que permite a ascensão ou a queda na vida do homem, seja no trabalho ou em qualquer outro aspecto. É o que permite ao homem mudar os compromissos, mudar suas características, renovar e buscar novas soluções, novas identidades para sobreviver a esta sociedade em constante evolução.
Bibliografia
BECK, Ulrich. Living Your Own Life in a Runaway World: Individualisation, Globalization and Politics. In Will & Anthony Giddens. On The Edge. UK; Jonathan Cape, 2000.
BOM SUCESSO, Edina de Paula. Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho. Rio de Janeiro, Qualitymark,2002.
BORZEIX, Anni e LINHART, Danièle. Identidades e Práticas Lingüisticas na Empresa. In Chanlat, Jean-François (Coordenador). O Indivíduo na Organização; Dimensões Esquecidas Vol. III. São Paulo; Atlas, 1996.
FREITAS, Maria Ester. Cultura Organizacional: identidade, sedução e carisma. RJ; FGV, 1999.
JACQUES, Maria da Graça Corrêa. Por que psicologia do trabalho? Em busca de dimensões substantivas e totalizantes. PSICO, Porto Alegre, v.15, n.1, p.71-76, Jan-Jun ,1988. 
SENNET, Richard. Street and Office: Two Sources of Identity. In Will & Anthony Giddens. On The Edge. UK; Jonathan Cape, 2000.
SOTTO, Richard. The Virtualization of he Organizational Subject. In Chia, Robert C. (Editor). Organized Worlds. London; Sage, 1998.
ZAVATTARO, Hely Aparecida. Qualidade de Vida no Trabalho de profissionais da área de informática: um estudo exploratório. São Paulo, USP, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, dissertação de mestrado, 1999.

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