Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Os Papéis do Líder Liderança e Comunicação Organizacional | 35 Objetivos Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: • Identificar os principais papéis dos líderes nas organizações; • Analisar o trabalho do líder na obtenção do compromentimento das pessoas com os objetivos organizacionais; • Realçar a importância do líder para o desenvolvimento das pessoas e para o surgimento de novas lideranças na organização; • Reconhecer a atuação da liderança em todas as fases da mudança organizacional; • Identificar as formas de atuação das lideranças na obtenção do consenso em situações de conflito. Liderança e Comunicação Organizacional | 37 1. Liderança e Motivação Como observam Wagner e Hollenbeck (1999), poucas tarefas ou metas importantes podem ser realizadas por uma só pessoa trabalhando de modo isolado. A necessidade de colaboração para a realização de metas é justamente uma das razões pelas quais existem tantas organizações em nossa sociedade. Por outro lado, poucos grupos ou organizações conseguem realizar grandes ações sem a atuação de um indivíduo que lidere as pessoas. A liderança é uma força que ativa e direciona as pessoas em prol da realização dos objetivos. Tendo em vista esse caráter fundamental da liderança, buscaremos entender agora quais são as principais atribuições dos líderes nas organizações. Segundo Sobral (2013), a motivação, no contexto de uma organização, pode ser encarada como uma predisposição individual capaz de levar o indivíduo a assumir os comportamentos e esforços necessários ao alcance das metas da organização. É necessário que os funcionários estejam motivados para que se empenhem nos desafios e trabalhos diários da empresa. Em ambientes altamente competitivos, como este em que vivemos, a persistência perante os obstáculos é fundamental para que seja possível superá-los, de modo a alcançar as metas propostas. Um dos grandes empecilhos para o crescimento das organizações é justamente a perda do entusiasmo e a falta de motivação entre as pessoas. 38 | Liderança e Comunicação Organizacional Neste sentido, o líder tem um importante papel nas organizações: o de promover a motivação e o comprometimento entre os colaboradores, a fim de que eles consigam alcançar os objetivos, transformando estratégias em ações concretas. Portanto, o líder não deve se limitar a estabelecer uma direção para o grupo. É claro que ele desenvolve uma visão e as estratégias para sua realização, mas é fundamental que este líder trabalhe também para alinhar as pessoas a esta visão proposta, engajando-as nesta direção. Assim, será formada uma equipe que compreende o sentido dos objetivos propostos e aceita sua validade. Nas palavras de Faria (2007), podemos perceber de modo bem claro esta função primordial dos líderes: Função Primordial dos Líderes • Liderar é conectar os empregados ao negócio. • Liderar é obter e manter empregados que atuam e trabalham como proprietários.Liderar é fazer com que os outros tenham vontade de fazer algo que você está convencido que deva ser feito. • Liderar é mobilizar os outros a batalhar por aspirações compartilhadas. • Liderar é obter resultados desejados, acordados e esperados através de empregados engajados. A liderança, como estamos vendo até aqui, está associada a estímulos ou incentivos que provocam a motivação nas pessoas para que realizem a missão, a visão e os objetivos da organização. Porém sabemos que a motivação é um fator complexo nas organizações. Por exemplo, você reage da mesma forma que seu colega de trabalho aos estímulos oferecidos pela organização? Provavelmente não. Isso ocorre porque as pessoas se motivam por razões diferentes. As necessidades variam de pessoa para pessoa e também de situação para situação, tendo como resultado padrões de comportamento e valores muito diferenciados. Liderança e Comunicação Organizacional | 39 Segundo Bergamini (1994), um dos fatores fundamentais para o sucesso da liderança consiste em executar as tarefas enquanto se constroem bons relacionamentos. Por isso, o líder precisa perceber as motivações e expectativas dos colaboradores no ambiente de trabalho, para conseguir trabalhar com as diferenças motivacionais de cada um, e compreender o estilo próprio de cada colaborador. O líder não deve se limitar a estabelecer uma direção para o grupo. É fundamental que ele trabalhe também para alinhar as pessoas a esta visão proposta, engajando-as nesta direção, formando assim uma equipe que compreende o sentido dos objetivos propostos e aceita sua validade. A ligação entre os processos de motivação e liderança nos mostra que o líder também é um instrumento do grupo. Isso significa que o entendimento das motivações dos seguidores é essencial no processo social da liderança e no futuro desenvolvimento dos líderes. Aqueles que buscam assumir posições de liderança devem aprender a transmitir mensagens que estejam em sintonia com os interesses e desafios do potencial grupo de seguidores. 2. Liderança e Desenvolvimento de Pessoas Para obter os melhores resultados, um líder precisa da aceitação por parte de todos os membros de sua equipe. É deste modo que ele conduz uma gestão com foco em resultados, ao mesmo tempo em que alinha a satisfação e o comprometimento dos colaboradores com os objetivos organizacionais. A consequência natural disso é uma equipe impulsionada e adequadamente preparada para enfrentar os desafios propostos. Vejamos o que Bower (1999) apresenta como as responsabilidades fundamentais dos líderes que desejam alcançar tais objetivos na empresa. Leia e reflita sobre cada uma delas: Importante 40 | Liderança e Comunicação Organizacional Tratar os seguidores com respeito: O líder deve ter a crença de que as pessoas, quando tratadas com justiça e consideração, realizarão seu trabalho com eficácia e eficiência. Servir de exemplo para os liderados: Os líderes também devem servir de exemplo com seu compromisso e seu entusiasmo, de modo a elevar o ânimo dos seguidores. Os líderes devem cumprir suas promessas e servir de modelo de conduta dos valores que ajudam a propagar. Kouzes e Posner (2011, p. 25) reforçam esta ideia, afirmando que “ou você lidera dando o exemplo, ou não é um líder”. Se um líder não age de acordo com o próprio discurso que propaga, não servirá jamais de exemplo para ninguém. Desenvolver seguidores: o líder não deve temer nem ver como ameaça o compartilhamento de responsabilidades, poderes ou o surgimento de novas lideranças. Ele deve, a partir de suas ações, ajudar as novas gerações de líderes. Este é um dos processos básicos que estão no dia a dia daqueles que gerenciam as pessoas nas organizações, cuidando do seu desenvolvimento, por meio, por exemplo, do incentivo à participação nos processos decisórios, da delegação e da atribuição de responsabilidades. Tornar os seguidores envolvidos: O líder deve explorar todas as oportunidades para destacar e recompensar as contribuições de seus seguidores, envolvendo ainda mais as pessoas e conseguindo os melhores resultados. Podemos observar que, na visão de Bower, para conquistar o respeito dos liderados é preciso valorizar as pessoas, respeitando suas diferenças e destacando aquilo que cada uma tem de melhor a contribuir. Um dos papéis do líder, então, consiste em trabalhar para construir um ambiente no qual as pessoas possam demonstrar suas potencialidades e sintam-se responsáveis diretas pelos resultados alcançados. Drucker (1999) destaca que o líder não só influencia as pessoas, mas trabalha por sua capacitação, para que elas possam alcançar seu maior potencial e se aplicar melhor na busca das metas. Porém, o autor afirma que não se pode simplesmente pressupor a coincidênciaLiderança e Comunicação Organizacional | 41 de interesses entre o trabalhador e a organização; é preciso criar esta mutualidade de interesses para que os liderados estejam motivados a exercer os seus papéis com entusiasmo. Deste modo, entendemos que o líder deve saber alinhar as necessidades oriundas das orientações estratégicas com as necessidades dos indivíduos. E só podemos falar em harmonia das necessidades de ambas as partes, se isso ocorrer tanto na direção do desenvolvimento da empresa quanto na direção do desenvolvimento de cada colaborador. O líder deve estar envolvido não apenas com o alcance das metas organizacionais, mas também com o desenvolvimento de pessoas, inclusive, com o surgimento de novas lideranças na organização. Drucker (1999) toca em um ponto fundamental para conectar liderança, motivação e desenvolvimento de pessoas. Se corretamente exercida, a liderança é capaz de conquistar o comprometimento dos indivíduos, possibilitando resultados positivos para ambas as partes. A Gazin é uma das maiores empresas do Brasil, com mais de 200 lojas de varejo, além de indústrias de colchões e estofados e centros de distribuição de mercadorias. Na visão de seu Presidente, Osmar Della Valentina, os funcionários da empresa enxergam um futuro luminoso, pois acompanham histórias de crescimento de colegas promovidos em programas de desenvolvimento de lideranças. A ênfase da empresa recai sobre o aproveitamento dos potenciais do próprio quadro funcional nos processos de promoção. Os gestores são incentivados e cobrados a trabalharem na formação de líderes em suas equipes de trabalho. Estes líderes em desenvolvimento, são constantemente avaliados e recebem um feedback formal como parte do plano de desenvolvimento individual oferecido pela empresa. Importante Na prática 42 | Liderança e Comunicação Organizacional FONTE: Valor Carreira. As Melhores na Gestão de Pessoas. Ano 13, n. 13. Out. 2015. Você já deve ter percebido que os líderes assumem a responsabilidade pelo desenvolvimento das futuras lideranças na organização. Neste caso, dizemos que ele atua como um mentor, ajudando no desenvolvimento da cultura organizacional e na transmissão do conhecimento, que assim é compartilhado com as gerações mais jovens e promissoras. Daí o termo mentoring, para se referir a esta relação que o líder desenvolve com as pessoas, apostando em seu potencial de desenvolvimento (Robbins, 2010). 3. Liderança, Cultura Organizacional e Mudança Um líder pode exercer diferentes impactos sobre seus colaboradores, na medida em que ele é um agente de mudanças. As organizações vivenciam um período em que o grande desafio para seus líderes é dominar a mudança. E sabemos que as condições em que ocorrem estas mudanças são mais desafiadoras do que nunca. O contexto da liderança mudou drasticamente nas últimas décadas. O terrorismo aumentou a incerteza e mudou o panorama político mundial. O aquecimento global e inúmeros problemas ambientais geraram a necessidade de estilos de vida e de práticas empresariais sustentáveis. A economia global aumentou enormemente a competição dos mercados, deixando para trás aqueles que não encontram sua vantagem competitiva. O conhecimento tornou-se um valor central nas organizações, e as novas tecnologias, conectadas e acessadas com facilidade, mudaram os relacionamentos sociais e comerciais. Os clientes estão mais exigentes, informados e conectados. Saiba mais Liderança e Comunicação Organizacional | 43 Os profissionais também não possuem mais o mesmo perfil, pois tornaram-se culturalmente diversos, bem-informados, e por isso desejam trabalhar em organizações mais dinâmicas e participativas. Uma nova geração ingressa na força de trabalho e requer um novo tipo de relacionamento e, consequentemente, novas posturas daqueles que lideram. Essas mudanças aceleradas que estão ocorrendo no mundo têm exigido dos líderes uma grande capacidade de adaptação e de respostas rápidas aos novos desafios colocados. De acordo com Predebon (1999), os líderes são agentes de mudança, por sua capacidade de fazer as coisas acontecerem, especialmente quando direcionam as energias de um grupo para a conquista e a superação de desafios. Quando uma empresa passa por uma transformação importante, seus dirigentes logo ficam preocupados com a eventual resistência que os colaboradores podem demonstrar com as consequências da mudança. TECNOLOGIA NOVO PERFIL PROFISSIONAL NOVA GERAÇÃO DIVERSIDADE CULTURAL TERRORISMO CONHECIMENTO AQUECIMENTO GLOBAL 44 | Liderança e Comunicação Organizacional Será que perderei meu emprego? Eu terei que trabalhar mais? A minha função se tornará ultrapassada? O que terei que fazer para me adaptar às novas condições? Essas e outras preocupações são comuns em períodos de mudança, e por isso as organizações demandam que os líderes assumam certas responsabilidades em períodos como esses. O líder precisa acreditar na transformação e “contagiar” os demais com sua crença, ajudando a divulgar a importância das mudanças e a identificar os anseios das pessoas em relação à nova realidade que será construída. Um dos grandes desafios das lideranças é justamente criar este sentimento de necessidade da mudança. O papel do líder, assumindo e demonstrando os novos valores, é fundamental para que a nova cultura venha a se firmar. Se os líderes não fizerem nada nesse sentido, a tendência é que a cultura antiga não sofra as modificações necessárias e crie barreiras em todo o processo. Segundo Maximiano (2004), no contexto da mudança, as lideranças devem ter uma maior proximidade com sua equipe, estreitando as relações, auxiliando no desenvolvimento individual e coletivo e criando uma identidade para a equipe. Na visão de Bassalo (2014), o líder atua como um patrocinador das mudanças, fazendo o elo entre todas as áreas da empresa para que a mudança ocorra dentro do planejado e seja visível por todas as pessoas envolvidas. Pandya (2007) lembra que os grandes líderes empresariais de nosso tempo foram aqueles capazes de criar ideias novas e lucrativas, garantindo o diferencial da inovação para suas empresas. Liderança e Comunicação Organizacional | 45 O líder deve se comprometer com todas as fases da mudança. Seja no período do planejamento, execução ou acompanhamento, ele precisa contribuir ativamente e de modo consistente com sua equipe. É a ação do líder que transforma a “visão” inovadora da empresa em uma ideia a ser perseguida e desejada por aqueles que nela atuam. Pense um pouco mais. Os líderes da organização na qual você trabalha são eficazes em influenciar as pessoas em situações de mudança? 3.1 O Olhar Atento Sobre a Cultura Organizacional Você já percebeu que estamos falando de um difícil e delicado papel para a liderança nas organizações. De um lado, o líder trabalha pela disseminação da cultura organizacional, reforçando normas e valores e disseminando esta cultura para que de fato seja compartilhada por todos os colaboradores. Os líderes fundadores de empresas, por exemplo, costumam atuar fortemente neste sentido. Mas também é verdade que o líder pode descobrir que a cultura de sua própria empresa é um obstáculo às mudanças que deseja introduzir. Neste ponto, como mostram Bennis e Nanus (1988), é papel do líder identificar e avaliar as características da cultura que precisam ser questionadas e modificadas na organização. Esse papel geralmente é desempenhado por líderes em organizações que precisam modificar algum elemento de sua cultura, mas enfrentam a resistência de integrantes acostumados à maneira antiga de funcionamento da organização. Assim, podemos ver que o líder, apesar de ser influenciado pela cultura organizacional,deve ser capaz de manter um olhar crítico que lhe permita apontar e conduzir as mudanças que precisem ser feitas. Em outras palavras, o líder deve se envolver com a cultura vigente, mas sem perder a capacidade de utilizar sua influência para alterar esta realidade quando for necessário. Importante 46 | Liderança e Comunicação Organizacional Nascida na Índia, Indra Nooyi começou a trabalhar na PepsiCo- EUA em 1994, como diretora de estratégia. Antevendo o futuro sombrio da comida fast-food, Indra trabalha para conduzir a empresa a difíceis mudanças. Ela tornou-se a primeira mulher CEO da companhia, com a meta ambiciosa de aumentar o faturamento com bebidas e snacks nutritivos até 2020. Indra contratou um ex-funcionário da Organização Mundial da Saúde (OMS) como vice-presidente sênior de saúde global e apostou em uma equipe de agricultores e cientistas especializados em cultivo sustentável. Na gestão de Indra, a empresa reduziu o teor de gordura e açúcar em diversos produtos e acrescentou cereais, frutas e verduras a alguns snacks. A aposta da CEO de reinventar a linha de produtos da com panhia tem sido difícil de executar, principalmente porque o comportamento dos consumidores ainda manifesta resistência a hábitos de alimentação mais saudáveis. Enquanto isso, investidores temem que marcas tradicionais da empresa fiquem enfraquecidas diante da concentração da empresa na estratégia de nutrição. Fonte: Lussier e Achua (2014) 4. Liderança em Situações de Conflito Segundo Robbins (2010), conflito pode ser definido como um processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra parte afeta negativamente algo que a primeira considera importante. Os conflitos podem criar desequilíbrios no ambiente organizacional, por conta das emoções hostis e dos sentimentos de desconfiança que normalmente são gerados em situações como essas. São consequências que podem afetar negativamente a organização como um todo e também as pessoas envolvidas. No lado positivo, os conflitos podem ser vistos como oportunidades de mudança ou de correção de processos organizacionais. A visão moderna da administração entende que, pelo fato de existirem Na prática Liderança e Comunicação Organizacional | 47 pessoas com diferentes valores, crenças, conhecimentos, experiências e interesses, o conflito é um resultado esperado no contexto das organizações e não deve ser evitado, mas sim administrado (Putnam, 1997). Por isso o papel do líder em processos de conflito é de extrema importância, pois dependendo de sua habilidade de negociação, a situação conflitante pode resultar em fatores positivos ou gerar grandes problemas que comprometem os objetivos e as metas da equipe. A atuação do líder, entretanto, não deve ocorrer no sentido de uma eliminação completa dos conflitos da vida organizacional. Como vimos, o conflito faz parte da natureza deste contexto. Assim, o objetivo de um líder eficaz não é o de criar uma organização homogênea, mas sim, de administrar as diferenças de habilidades, conhecimentos e interesses, contribuindo para que resultados proveitosos sejam obtidos com elas (Handy, 1978). 4.1 Liderar para o Consenso Segundo Moscovici (1975), não há uma fórmula única para lidar com os conflitos e resolvê-los de uma forma correta. Porém, é importante compreender sua natureza, sua dinâmica e os fatores que o influenciam. Somente com essa postura é possível enfrentar o conflito com maiores chances de sucesso. O líder deve conhecer ao máximo as condições em que ocorreu o conflito e fazer uma análise de suas proporções, observando qual foi o seu alcance, se afetou a produtividade, a motivação da equipe ou o bem- estar do ambiente. A partir desse diagnóstico, o líder escolhe a ferramenta correta para lidar com a situação. O líder pode usar seu poder de influência para conscientizar os grupos de que eles têm interesses em comum, de modo que deixem de perceber seus próprios objetivos como incompatíveis. Deste modo, o líder ajuda os membros do time a chegar ao consenso. Segundo Schein (1968), o líder deve ajudar a encontrar os 48 | Liderança e Comunicação Organizacional objetivos que sejam comuns, para que seja possível criar uma ponte, uma forma de diálogo entre as partes. O empresário Abilio Diniz reflete sobre sua experiência em empresas como Pão de Açúcar e Carrefour Brasil e destaca as habilidades interpessoais do líder: “Em alguns casos, todos podem sentar ao redor da mesa e chegar a um consenso. Em outros, funciona uma conversa individual ou ainda uma costura indireta entre as partes. Ainda em outras circunstâncias, basta falar com um dos envolvidos.” É preciso que exista clareza de regras e justiça, independentemente da simpatia pessoal. “Se o líder não fizer isso, cria mais confusão, guerra de poder e desmotivação.” Fonte: http://abiliodiniz.com.br/lideranca/lideranca/ conflitos-na-equipe/ Em situações de crise, os papéis de um líder organizacional ganham ainda mais importância, diante da tendência de insegurança, bloqueio e perda de foco por parte dos colaboradores. Observe as colocações feitas por experientes consultores da área de gestão de pessoas a respeito da atuação dos líderes em contextos de crise: “O papel da liderança faz toda a diferença em momentos de crise. É o líder que oferece orientações claras sobre o futuro, trata os funcionários como os bens mais valiosos da empresa e os entusiasma com relação ao futuro da companhia. Engajamento é a chave da produtividade. É obrigação das lideranças criar um ambiente que propicie isso. Uma das maneiras é reforçando os propósitos e valores da companhia por meio de exemplos, além de ouvir e reconhecer as contribuições dos funcionários. Em momentos difíceis de crise, os líderes devem encontrar caminhos para o futuro e passar uma mensagem de confiança, sempre com honestidade e transparência. Afinal, os líderes não devem fazer promessas vazias apenas para manter o moral elevado de suas equipes no curto prazo. Eles devem mostrar possibilidades verdadeiras e oportunidades adequadas. Caso contrário, o efeito negativo no futuro será devastador” (Sigolo, 2015). Na prática Saiba mais Liderança e Comunicação Organizacional | 49 Para finalizar, vamos observar no quadro a seguir, elaborado por Araújo e Garcia (2009), as responsabilidades principais dos líderes na visão de dois estudiosos que pesquisaram sobre as atividades de liderança: Willian Reddin e John Gardner. SEGUNDO REDDIN SEGUNDO GARDNER Defende valores que representam a vontade coletiva, do contrário não seria capaz de mobilizar seguidores. Estabelece objetivos. Cria o espírito de equipe. Cria, mantém e administra uma equipe de bom nível. Promove a lealdade à organização e a seus valores. Explica as razões do que deve ser feito. Gera confiança quanto aos resultados a serem obtidos. Serve de símbolo para os seguidores. Renova os próprios sistemas complexos que lidera. Fonte: Araújo e Garcia (2009) Considerando todos os papéis assumidos pelo líder que vimos até aqui, devemos perceber um elemento essencial: o líder é um dos principais agentes de comunicação na organização, seja difundindo, solidificando ou transformando a cultura organizacional; seja apontando uma visão de futuro; seja indicando os caminhos para negociar conflitos ou enfrentar situações de crise. Quando o líder não se comunica de forma eficaz, sua credibilidade fica ameaçada. O líder que deseja fortalecer a confiança e a influência, deve saber utilizar bem todas as formas de comunicação. Importante Liderança e Comunicação Organizacional | 51 Síntese Nesta unidade de aprendizagem, identificamos os principais papéis dos líderes nas organizações, entre os quais destacamos no quadro a seguir: • Analisaas situações de conflito, administra as diferenças de habilidades, conhecimentos e interesses e trabalha para obter o consenso. • Contribui para o desenvolvimento das pessoas, inclusive, para o surgimento de novos líderes. • Valoriza as pessoas, respeitando suas diferenças e destacando aquilo que cada uma tem de melhor a contribuir. • Dissemina a cultura da organização para todos os seus integrantes. • Identifica mudanças necessárias na cultura da organização e engaja as pessoas em sua aceitação. • Promove a motivação e o comprometimento entre os colaboradores. Liderança e Comunicação Organizacional | 53 Leitura Complementar BENNIS, Warren; NANUS, Burt. Líderes: Estratégias para assumir a verdadeira liderança. São Paulo: Harbra, 1988. Com base em análises originais e aprofundadas de 90 líderes de cúpula, esta obra mostra as estratégias utilizadas pelos líderes mais bem-sucedidos em empresas. Os autores revelam as estratégias que qualquer administrador que ambiciona ser também um líder precisa aprender: como os líderes conseguem que as pessoas enfoquem suas metas? Como impelem as pessoas a agirem de acordo com essas metas? Como asseguram a confiança em sua liderança e criam uma atmosfera de autorrespeito em relação aos outros? Liderança e Comunicação Organizacional | 55 Referências Bibliográficas ARAÚJO, Luis Cesar; GARCIA, Adriana Amadeu. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. BASSALO, Jorge. Manual da liderança corporativa. Revista Melhor. Disponível em: http://www.revistamelhor.com.br/lideranca/10453/ manual-da-lideranca-corporativa. Acesso em: 22 out. 2014. BENNIS, Warren; NANUS, Burt. Líderes: estratégias para assumir a verdadeira liderança. São Paulo: Harbra, 1988. BERGAMINI, Cecilia Whitaker. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 1994. BOWER, Marvim. Talento para liderar: como atrair talentos para conquistar mercados e aumentar seus lucros. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DINIZ, Abílio. Conflitos na equipe. Disponível em: http://abiliodiniz. com.br/lideranca/lideranca/conflitos-na-equipe/ . Acesso em: 04 abr.2016. DRUCKER, Peter. Administrando em tempos de grandes mudanças. 4ª ed. São Paulo: Pioneira, 1999. FARIA, Divino Ferreira de. O papel do líder na administração dos recursos humanos da organização. Monografia de Pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos. Universidade Candido Mendes, Goiânia, 2007. HANDY, Charles. Como compreender as organizações. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. 56 | Liderança e Comunicação Organizacional KOUZNER, Jim; POSNER, Barry. O que precisamos saber sobre liderança: verdades fundamentais sobre a natureza do líder. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. LUSSIER Robert, ACHUA Christopher. Leadership: Theory, Application, & Skill Development Boston: Cengage Learning, 2013. MAXIMIANO, Antonio Carlos Amaru. Introdução à administração. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. MOSCOVICI, Fela. Energia no grupo: tensão e conflito interpessoal. In: Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: DIFEL, 1975. PANDYA, Mukul. Liderança duradoura: o que você pode aprender com os 25 maiores líderes de negócios de nossos tempos. Porto Alegre: Bookman, 2007. PREDEBON, J. Criatividade hoje: como se pratica, aprende e ensina. São Paulo: Atlas, 1999. PUTNAM, L. Productive conflitct: negotiation as implicit coordination. In: DREU, C. Using conflicts in organizations. London: Sage Pub, 1997. ROBBINS, Stephen. Comportamento organizacional. São Paulo: Pearson, 2010. SCHEIN, Edgard. Relações de grupos e intergrupos. In: A psicologia na organização. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1968. SIGOLO, Rafael. Esforço extra na crise. Valor Carreira. Ano 13, n. 12. Out 2015. SILVA, Walmir Rufino da; RODRIGUES, Claudia Medianeira Cruz. Motivação nas organizações. São Paulo: Atlas, 2007. SOBRAL, Felipe. Administração: Teoria e Prática No Contexto Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2013. WAGNER III, John A.; HOLLENBECK, John R. Comportamento organizacional: criando vantagem competitiva. São Paulo: Saraiva, 1999.
Compartilhar