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Teoria pura e mínima do direito penal a urgência de sua aplicação no atual cenário jurídico brasileiro

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Teoria pura e mínima do direito penal: a urgência de sua 
aplicação no atual cenário jurídico brasileiro 
 
Em tempos em que o clamor popular por soluções mais eficazes para 
cumprimento das penas e pela sua efetividade de aplicação frente aos casos 
concretos, buscando punir os responsáveis pelas violações aos direitos, 
percebe-se que cada vez mais a intenção do legislador penal é criar normas 
que abarquem todos os tipos possíveis de violação a bens jurídicos. 
Frequentemente surgem novas leis impensadas e desproporcionais à 
realidade, numa eterna banalização do direito penal, de forma a tipificar toda e 
qualquer conduta que venha ferir em qualquer seara o direito de alguém. E 
nessas atitudes precipitadas de insistir em hipertrofiar o alcance do direito 
penal, quase sempre se criam leis inúteis cujo resultado prático muito se 
distancia do esperado, acabando por exarcebar o Código Penal com leis que 
não têm a mínima viabilidade e desfigurando totalmente o caráter do Direito 
Penal. 
O feminicídio, o furto e a receptação de semoventes, a qualificadora do 
homicídio de policiais ou agentes de segurança, são exemplos de leis penais 
incriminadoras que foram criadas para atender uma expectativa social, mas 
cujos resultados práticos não diferenciam em nada do cenário anterior e cujo 
caráter punitivo deixa muito a desejar frente a intenção que se busca com tais 
tipificações, contribuindo ainda mais para a fortificação da demagogia que tem 
invadido a seara do Direito Penal Brasileiro. 
E o pior, toda essa inflação penalista no campo material tem também 
atingido o direito processual, como instrumento para sua concretização. 
Absurdamente, o próprio Supremo Tribunal Federal, que deveria ser o 
Guardião dos valores da Constituição, tem cedido a essa nova maneira de 
enxergar a função do caráter sancionatório da lei penal, de tal forma que já 
entendeu como cabível a execução da pena em segunda instância, numa total 
afronta ao direito à presunção de legitimidade, à liberdade e dignidade humana 
e aos Direitos Humanos como um todo. 
Nesse ponto, merece rigor o reconhecimento da urgente necessidade de 
aplicação do direito penal em sua forma pura e mínima. Afinal, o direito penal, 
em sua essência, é subsidiário, a última ratio frente às medidas cabíveis diante 
da situação de violação de direitos. A solução para os problemas sociais é 
trazer para a prática um Direito Penal mínimo, com um máximo de eficácia 
contra a impunidade, em atenção ao binômio relevância/imprescindibilidade. 
Na era da globalização, a expansão do Direito Penal, não só no Brasil, mas 
como em todo o mundo, deve ser feita de maneira a atender a sua real 
finalidade. 
Não se deve buscar a efetivação do direito penal criando um novo crime 
para cada desavença ou mero dissabor social. Primeiramente, deve-se buscar 
a intervenção de outros ramos, muitas vezes que não sejam do direito, tais 
como o da saúde e da assistência social, para buscar a solução para muitos 
casos que transcendem o caráter punitivo, estando muito mais próximos de 
uma necessidade de ressocialização e de novas oportunidades àqueles que 
tiveram suas condutas corrompidas. 
Assim, à medida em que o direito penal, por seu caráter punitivo, se 
tornar a última opção, sua efetivação finalmente será alcançada, posto que 
excepcionalíssimo. Somente na ausência da proteção de outros ramos do 
Direito ou onde esta seja falha ou insuficiente e ainda tratando-se de lesão ou 
perigo de lesão grave a certos bens jurídicos é que deve o direito penal 
atuar. Não creio que seja uma realidade próxima, mas acredito piamente que 
seja necessária, antes que a norma penal se transforme num receituário de 
remédios. Para cada mal, uma suposta cura, que na verdade só retarda o real 
desaparecimento da enfermidade. 
 
 
Nathália Marília Farias de Souza 
Direito – 3º A

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