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1 Biologia & Fisiologia Celular 2014. 2 As dimensões celulares Um corpo humano apresenta 200 tipos celulares diferentes, num total de 1014 (1.0 00.000.000.000.000) células. As unidades formadoras dos seres vivos, apresentam dimensões extremamente reduzidas, sendo, em geral, invisíveis ao olho, sem o uso de microscópios. O que definiria o tamanho de uma célula? Qual seria a influência do formato sobre o volume e a captação dos nutrientes? Você já parou para se perguntar por que as hemácias dos mamíferos são bicôncavas? A maioria das células é de tamanho microscópico. Como exceção pode- se citar o músculo estriado esquelético, neurônios motores, bem como a acetabulária (figura 01). Uma célula vegetal ou animal apresentam em torno de 10 a 30 µm de diâmetro, já as bactérias costumam ser bem menores, tendo um diâmetro que varia entre 0,5 a 2 µm de comprimento. A B Figura 1. A. Eletromicrografia de músculo estriado esquelético, e B foto de Acetabularia SP cada haste (h) e seu chapéu (c) correspondem a uma célula. A imaginação de muitas pessoas é povoada pelas ditas e consideradas como sendo “células gigantes”. Nesta categoria dois exemplos, lembrados com relativa freqüência, são o ovo e o alvéolo de frutas tais como a laranja. É tentador, e errado, considerar o ovo como uma célula gigante, pois a estrutura do mesmo já nos apresenta como sendo uma célula sendo a gema o núcleo, a gema o citoplasma, a periferia a membrana plasmática. Uma visão distorcida, a respeito deste tema, ainda é freqüente, principalmente em livros do nível fundamental. Martins; Fonseca; Reis, (2008, p. 39) afirmam que “Raras são as células que têm tamanho macroscópico. A gema do ovo de ← c h→ 2 Biologia & Fisiologia Celular 2014. 2 avestruz e as algas Nitela e acetabularia são exemplos de células gigantes”. Já Goldak; Martins, ( 2006, p. 90) tratam o tema da seguinte forma: “Entretanto há células bem maiores e podem ser vistas a olho nu, isto é sem o microscópio. É o caso da gema do ovo. A gema inteira é uma única célula”. A gema do ovo realmente contém uma célula o Cito II. No estágio que temos contato com o ovo, muitas vezes já ocorreu a fecundação e gema agora tem em seu interior um ser vivo em uma etapa do desenvolvimento embriológico chamado de blastoderma. Outros dois exemplos que podem ser citados ainda são: o alvéolo da laranja e as fibras de linho, “Mas existem células macroscópicas, isto é que podem ser observadas a olho nu (se, aparelho de aumento) É o caso das células das fibras de linho (4cm) e dos alvéolos da laranja. Outro exemplo de célula macroscópica: a gema do ovo” (Paulino, 2001, p. 62). Figura 02. Estrutura do ovo fecundado de ave. Gomo de laranja mostrando os seus alvéolos 3 Biologia & Fisiologia Celular 2014. 2 As células gigantes são raras e dentre elas pode-se citar o músculo estriado esquelético, o neurônio motor, o ovócito II, a Acetabulária sp e a Nitella sp. Um ponto de grande importância, quando imaginamos nas dimensões celulares, é pensar sobre o que limitaria o tamanho da célula. Quando pensamos nos limites inferiores, pode-se inferir que o fator limitante seria a menor quantidade das diferentes moléculas orgânicas capazes de manterem as atividades vitais. A menor célula completa conhecida, contendo membrana, citoplasma e material genético, é uma bactéria chamada de micoplasma (figura 03). Esta apresenta um diâmetro de 300 nm e um único ribossomo, que apresenta 20 nm de comprimento em sua maior dimensão, ocupam um substancial volume no citoplasma. Numa célula de dimensões tão pequenas, uma solução de 1 µM de um glicose, por exemplo, representaria, apenas 6 mil moléculas Contrariamente, o limite superior, deve ser estabelecido com base na difusão de solutos no citoplasma. Este dependeria da disponibilidade de nutrientes, bem como de outros elementos essenciais ao metabolismo celular. A rápida distribuição das diferentes moléculas no citoplasma poderia ocorrer por dois mecanismos diferentes. No primeiro um eficiente acesso ao citoplasma dependeria do aumento da relação (divisão) da área da superfície celular pelo seu volume, a chamada relação superfície/volume. Nestes casos uma célula pequena, apresentaria uma alta relação, pois apresentaria uma maior superfície de contato com seu meio ambiente. No caso de uma bactéria, como a E. coli (figura 4), por exemplo, um gás como o oxigênio, após se difundir através da bicamada lipídica, se distribuiria por todo o citoplasma, pois seu pequeno tamanho acarretaria uma alta relação área/volume. A B Figura 4. E. coli observada a microscopia comum (A) e de varredura (B). Figura 3. Micoplasmas 4 Biologia & Fisiologia Celular 2014. 2 O gradual aumento do tamanho da célula, teria como conseqüência, a diminuição desta relação, e o metabolismo celular consumiria mais oxigênio do que a difusão pela membrana poderia suprir, assim, o metabolismo aeróbico contribuiria para impor um limite teórico as dimensões superiores, pois a partir de um determinado tamanho, as células apresentariam dificuldade para captar o O2 e distribuí-lo pelo citoplasma, sendo esta dificuldade que impede a formação e ou o surgimento de um número mais elevado de células gigantes. O segundo mecanismo de distribuição de moléculas no citoplasma é o observado, por exemplo, tanto na algo unicelular Nitela sp (figura 5), quanto nas folhas de Elodea sp (figura 6), nas quais se observa uma vigorosa corrente citoplasmática, impulsionada pelo citoesqueleto, chamada de ciclose. Esta movimentação, garantiria a chegada de metabólitos aos diferentes pontos do citoplasma. A B Figura 6. Plântulas de elodea sp e a observação de uma de suas folhas ao microscópio óptico comum. Cada estrutura verde (seta) corresponde a um cloroplasto (B). O formato celular também pode contribuir para compensar o tamanho. Uma esfera lisa apresenta a menor razão superfície/volume para um dado volume. Muitas células, tais como macrófagos e linfócitos (figura 6) Figura 5. Nietlla sp. ← c 5 Biologia & Fisiologia Celular 2014. 2 apresentam a superfície celular altamente convoluta, gerando áreas de superfície para um menor volume, o que facilita tanto a captação de oxigênio quanto a liberação de excretas. As microvilosidades também apresentariam esta mesma função (Figura 7 A). A B Figura 7. Macrófafo (A) e linfócito (B). Observe que a superfície da membrana é altamente irregular, o que aumenta a área de contato com o meio. Os neurônios apresentam uma grande razão superfície/volume, pelo fato de serem longos e finos, apresentando também forma estrelada e altamente ramificada (Figura 8 B). A B Figura 8. Célula epitelial com microvilosidades (A) e neurônio com seus vários dendritos (B). A influência do tamanho da célula sobre a relação superfície volume pode ser melhor entendida observando a Figura 9. Nela observamos em A um cubo, 8 em B e, finalmente, em C, um total de 64, sendo o lado de cada cubo igual a 20, 10 e 5 µm, A área superficial total, para cada caso é: A 2.400 µm2; B 4.800 µm2 e C 9600 µm2, sendo os volumes iguais a 8000 µm3 para os três exemplos. O cálculo da relação superfície (área) pelo volume nos mostra que as células menores (lado igual a 5 µm) apresentam a maior relação. Assim temos 0,3; 0,6 e 1,2, respectivamente, para as figuras A, B e C. 6 Biologia & Fisiologia Celular 2014. 2A Lado= 20 µm B Lado= 10 µm C Lado= 5 µm Figura 9. Demonstração da importância da superfície e do volume celular na relação área/volume. É importante ter em mente, que o formato celular é profundamente influenciado pelo citoesqueleto, o qual é composto por 3 grande famílias de proteínas os microtúbulos, os filamentos intermediários e os microfilamentos de actina (figura 10), e que a captação de moléculas depende amplamente da membrana e de suas propriedades. Por exemplo o oxigênio, uma gás hidrofóbico tem acesso ao citoplasma por meio de difusão simples, passando diretamente pelas moléculas de lipídeos que formam a membrana plasmática. Moléculas polares como os carboidratos, ou eletricamente carregadas como os aminoácidos são transportados por meio de proteínas específicas, por meio de um mecanismo denominado de difusão facilitada. Figura 10. Proteínas a partir das quais estrutura-se o citoesqueleto. 7 Biologia & Fisiologia Celular 2014. 2 Bibliografia LEHNINGER, Albert L. Princípios de Bioquímica. São Paulo, Sarvier, 2000. GOWDAK, Demétrio; MARTINS, Eduardo. Ciências novo pensar. São Paulo. FTD, 2006.
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