Buscar

Ação de danos morais c/c perdas e danos - Barnabé x Viação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU/SP,
CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA – ME, microempresa, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº. xxxxxxxxxxxxxx, estabelecida a Rua Tal, nº. tal, bairro tal, neste ato representado por seu sócio proprietário BARNABÉ, brasileiro, agricultor, portador do RG nº. xxxxxx SSP/SP, inscrito no CPF sob o nº. xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado a Avenida Tal, nº. tal, Vila tal, ambos em Bauru/SP, endereço eletrônico barnabé_hortaliças@hotmail.com, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono in fine assinado e com endereço profissional descrito no rodapé, com fulcro na Constituição Federal e no art. 319 e seguintes do Código de Processo Civil, propor a presente: 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PERDAS E DANOS MATERIAIS – PROCEDIMENTO COMUM
Em face de VIAÇÃO METEORO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, com sede estabelecida a Rua xxxxxx, nº. xx, São Paulo/SP, pelas razões de fato e direito a serem expostos.
PRELIMINARMENTE
DA JUSTIÇA GRATUITA.
De início, a empresa Autora, sob as penas da Lei, DECLARA que não possui condições de arcar com todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais, tendo em vista que atualmente, o faturamento mensal é ZERO, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.
Assim, com o respaldo nas garantias constitucionais de acesso à justiça e de assistência jurídica integral – artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV, da Constituição da República de 1988, bem como nos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil e, ainda, com base nas Leis Federais nº. 1.060/50 (LAJ) e nº. 7.115/83, requer o benefício da JUSTIÇA GRATUITA.
DO CENÁRIO FÁTICO.
A empresa Autora, através de seu proprietário BARNABÉ, atua no ramo de fornecedora de hortaliças à grande variedade de mercados e supermercados das cidades vizinhas de Bauru, tais como Jaú, Pederneiras, Macatuba, Agudos, Guaianás, Piratininga e etc.
Viagens incessantes faziam parte do cotidiano do Sr. Barnabé, que realizava entre 5 a 10 entregas por dia, iniciando-se sempre pela manhã e finalizando ao calar da noite.
Em 11 de fevereiro de 2017 o Sr. Barnabé retornava a Bauru/SP conduzindo a pick-up Ford Ranger, placa GGG-1223 de propriedade a empresa demandante após mais um dia cansativo de trabalho. Na ocasião, as condições climáticas naquela noite eram desfavoráveis, vez que chovia muito e a estrada estava escorregadia, bem como havia muita neblina.
Ocorre Excelentíssimo, que ao realizar a curva contida no KM 447 da Rodovia BR-345, no município de Jaú/SP, o Sr. Barnabé perdeu o controle do veículo, que rodopiou por algumas vezes, entretanto, sem invadir a pista contrária.
Acontece, que no sentido contrário vinha o ônibus da viação requerida, a qual seu motorista assustou com a manobra da referida pick-up e, imprudentemente, pisou no freio, o que causou também a derrapagem do ônibus. O fato é que o motorista da Viação Meteoro perdeu o controle e, infelizmente, bateu de frente com o veículo do autor.
O Autor sofreu diversos cortes com algumas fraturas pelo corpo, a qual foi submetido à cirurgia de urgência pois seu estado era gravíssimo. Além disso, cinco passageiros do ônibus também sofreram lesões, pelo fato da empresa aceitar, carregar seus passageiros sem o uso do cinto de segurança.
Em razão do acidente, o veículo do autor ficou totalmente amassado com danos no chassi e por toda lataria.
O referido veículo era o único meio de transporte que a empresa tinha para efetuar a entrega de seus produtos, e assim, o autor garantir sua subsistência.
Após, a empresa de ônibus fez três orçamentos para o concerto do veículo do autor, restando apurado que o menos valor ficaria no importe de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais) na oficina Batera conforme documentos anexos, contudo, a empresa ré negou a reparar o dano, afirmando que não foi a autora do acidente.
Na ocasião, a seguradora da pick-up do autor, qual seja Shangai Marine concluiu que a empresa de ônibus foi a responsável pelo acidente e pelos danos.
Excelência, a requerida, por culpa única e exclusiva, causou danos imensuráveis à empresa, e ainda, se eximiu no dever de indenizar o dano causado.
Ademais, o Sr. Barnabé ficou 3 meses incapaz de realizar suas atividades laborativas, pois ele atuava como sócio proprietário e não tinha funcionários, bem como, o referido veículo envolvido no acidente era o único meio dele transportar seus produtos.
Durante o período de recuperação do acidente, e sem a referida caminhonete, a empresa zerou o seu faturamento, e ficou em dificuldades com o locador da loja, bem como seus fornecedores, acumulando prejuízo de R$10.000.00 (dez mil reais).
É evidente a total imprudência da ré, pois além de ter realizado o evento danoso, tratou a situação com descaso e indelicadeza, a qual não prestaram qualquer assistência ou reparação.
Evidente desta forma as lesões materiais que atingiram a empresa autora e seu representante por despreparo da empresa ré, razão pela qual, de toda conveniência e diante da patente do ilícito cível, que a parte demandada seja instada a indenizar a empresa autora, e com isso, minimamente, amenizar os danos causado.
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS.
ATO ILÍCITO. DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA RÉ.
A responsabilidade segue os ditames gerais da responsabilidade civil genérica, ou seja, é obrigação de quem, consciente e capaz, pratica uma conduta de maneira livre, com intenção de fazê-lo ou com simples culpa, e torna-se obrigado a ressarcir os prejuízos decorrentes do seu ato. 
É nesta classificação que a ré se encaixa, visto que, o ato de seu funcionário/preposto causou grande dano a empresa autora. Portanto, quando o motorista da requerida assumiu o risco de efetuar manobra irresponsável, agiu no mínimo, com culpa, causando o acidente que tanto prejudicou a empresa.
O fato é que a Viação Meteoro agiu com culpa in elegendo e in vigilando, pois não houve cautelas necessárias para escolher motorista preparado para o transporte de passageiros e para circular em vias de trânsito, bem como não houve qualquer cautela na supervisão de seu preposto. Daí se conclui que qualquer consequência danosa no trânsito será de responsabilidade do causador do dano e de seu empregador.
É nesse sentido que trago a baila do posicionamento da jurisprudência pátria: 
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE VEÍCULO. CULPA DO PREPOSTO DE EMPRESA DE ÔNIBUS. ART. 83, III, DO CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO. ELEMENTOS DE PROVA. 1 Os elementos de prova constantes dos autos demonstram a presença dos pressupostos da responsabilidade civil relativamente à empresa de ônibus, empregadora do motorista de ônibus que causou o acidente de trânsito noticiado nos autos. 2 Os documentos apresentados, com fotografias esclarecedoras e croqui do local, aliados às circunstâncias em que ocorreu o acidente, são demonstrativos da culpa do motorista do ônibus, a ensejar o reconhecimento da responsabilidade civil do empregador. 3 Ação, dano e nexo de causalidade comprovados pela prova existente nos autos relativamente à responsabilidade civil da pessoa jurídica empregadora. Aplicação do disposto no art. 1.521, do Código Civil. 4 Apelação conhecida e improvida, com a manutenção da sentença. (TRF-2 – AC:10943596.02.17857-4, Relator: Desembargador Federal GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, Data de Julgamento: 16/10/2002, QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJU – Data:04/06/2003). (grifo nosso)
Demonstrou-se, até aqui, a conduta lesiva da requerida, a produção de danos materiais e a plena relação de causalidade entre o comportamento infrator e a emergência dos danos.
Jamais deve prosperar a atitude da requerida em se eximir da responsabilidade, vez que ela é responsável por todos os atos de seus funcionários em qualquer esfera, desde que esteja em exercício de suafunção.
Mostra-se o posicionamento doutrinário da seguinte maneira:
“Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou independente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo de causalidade, dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa”[1: CAVALIERI FILHO, 2008, p. 137]
Sendo assim, é sabido que quando demonstrada a culpa do motorista, funcionário ou preposto da Viação, este último responderá pelo evento danoso. No presente caso, restam evidenciadas a negligência, imperícia e imprudência motorista de ônibus ao fazer manobra totalmente fora dos padrões de segurança, resultando em danos materiais, a qual a empresa ré deverá ser responsabilizada OBJETIVAMENTE pelo evento danoso.
DA IMPRUDÊNCIA PREVISTA NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - CTB.
Sendo assim, é notório afirmar que preposto da requerida agiu com imprudência e imperícia quando fez manobra perigosa e perdeu o controle do ônibus. O CTB especifica orientações para que casos análogos possam ser devidamente evitados:
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidado indispensáveis à segurança do trânsito.
Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu veículo, salvo por razões de segurança.
Ora, o motorista da empresa colocou em risco a vida dos seus passageiros, bem como quase matou o Sr. Barnabé, tendo em vista que a atitude tomada fora precipitada e totalmente imprudente. Portanto, analisando os artigos, no mínimo a culpa resta evidente.
DO DANO MATERIAL.
Destarte, conforme exposto, a ré é a principal autora do acidente por meio de sua responsabilidade objetiva, pois funcionário seu agiu com culpa.
Desta forma, a empresa requerida deverá ressarcir todos os danos causados a empresa autora, com valor digno, que possa suprir os meses que o Sr. Barnabé restou impossibilitado de laborar, além dos danos causados pela culposa ação do motorista. 
O Código Civil agasalha a reparação do dano causado por ação ou omissão do agente:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Dessa forma, o art. 186 do Código Civil 2002, define o que é ato ilícito, entretanto, não disciplina o dever de indenizar, deixando o assunto ao art. 927 do mesmo codex. Sendo assim, é previsto como ato ilícito aquele que cause o dano, e quem índice no art. 186, fica obrigado a indenizar por força do art. 927, abaixo transcrito, todos do mesmo diploma legal.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Conforme orçamentos em anexo, a empresa de ônibus realizou três orçamentos básicos para o conserto do veículo da parte autora:
 
	Translider
	R$50.000,00
	Oficina Restaura LTDA
	R$40.000,00
	Oficina Battera
	R$35.000,00
Por mais que foram feitos os orçamentos dos danos, a ré se mostrou completamente inerte a cobrir tais danos, deixando a parte autora totalmente desamparada.
Sobre o caso em tela, eis um julgado:
RECURSO INOMINADO. AÇÃO REPARATÓRIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. AUTOR QUE AO ENTRAR NA VIA DE ACESSO À DIREITA DA RODOVIA FOI ATINGIDO PELO ÔNIBUS DA EMPRESA RÉ. DESRESPEITO À SINALIZAÇÃO DE PREFERÊNCIA DE QUEM VEM PELA RUA LATERAL AO ACESSO. DANOS MATERIAIS OCORRENTES. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71004019899, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto José Ludwig, Julgado em 21/11/2012).
E mais, além do dano na pick-up, a empresa está em débito com os fornecedores e o locador do imóvel, tendo em vista que não foi possível cumprir com as obrigações diante do ato danoso praticado pela requerida, pois deixou de faturar gerando mais um prejuízo no valor de R$10.000,00 (dez mil reais).
A requerente encontra-se em total prejuízo, pois não conseguiu realizar as entregas que Barnabé realizava todos os dias, e consequentemente, sem o devido lucro durante o período sem a produtividade para arcar com os compromissos mensais, tudo por imperícia e imprudência do funcionário da ré.
Portanto, configurado a culpa e o dano, requer desde já a condenação pelos danos materiais, no importe de R$45.000,00 (quarenta e cinco mil reais) referente aos prejuízos acima citados.
DOS LUCROS CESSANTES.
Ainda, deve a demandada ser condenada ao pagamento de lucros cessantes a empresa autora.
Isto porque a requerente possuía um lucro líquido de R$10.000,00 (dez mil reais) mensais conforme balanços anexos. O Sr. Barnabé deixou de ganhar este valor pois ficou impossibilitado, por 3 (três) longos meses de exercer as atividades que lhe garantiam o próprio sustento, bem como que arcavam com as despesas da empresa.
Sérgio Cavalieri Filho conceitua o lucro cessante como a:
“Perda do ganho esperável, na frustração da expectativa de lucro, na diminuição potencial do patrimônio da vítima. Pode decorrer não só da paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da vítima, como, por exemplo, a cessação dos rendimentos que alguém já vinha obtendo da sua profissão, como, também, da frustração daquilo que era razoavelmente esperado.”[2: PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL, 9ª ED., p. 75]
Quanto a isso, a Lei é clara, pois assim disciplina do Código Civil:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Logo, a condenação da requerida pelos lucros cessantes é medida que se impõe, pelo evidente dano por ela provocado, de forma injusta e ilegal.
DO DANO MORAL.
O dano moral detém tamanha importância no direito brasileiro, tanto que a Constituição Federal de 1988 o concluiu no art. 5º do seu texto, justamente no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, vejamos:
Art. 5º [...]
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
[...]
Segundo a jurisprudência, dano moral é:
"Lição de Aguiar Dias: o dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão abstratamente considerada. Lição de Savatier: dano moral é todo sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária. Lição de Pontes de Miranda: nos danos morais, a esfera ética da pessoa é que é ofendida; o dano não patrimonial é o que, só atingindo o devedor como ser humano, não lhe atinge o patrimônio." (TJRJ. 1a c. - Ap . - Rel. Carlos Alberto Menezes - Direito , j. 19/11/91-RDP 185/198).
Entretanto, o STJ através da Súmula 227 decidiu que a pessoa jurídica pode ser indenizada a título de danos morais, in verbis:
Súmula: 227 (STJ)
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Ao discutirmos à reparação do dano moral, notamos que na realidade não repara, mas, sim, compensa, o que por si só basta para reprimir a ilicitude do ato e propiciar à vítima uma sensação de bem-estar pela penalidade dos lesionadores e, pelas possibilidades compensatórias que a quantia paga haverá de oferecer-lhe. Para fixar-se o valor da indenização a título de dano moral, deve-se levar em conta o potencial econômico das partes, o grau da reprovabilidade da conduta do agente, o conjunto probatório e a repercussão do fato na esfera do lesado. No caso em tela, a ré é empresa de grande porte, com capacidade de responder por valores expressivos.
Neste sentido, opina a doutrinadora Maria Helena Diniz:
"O interesse em restabelecer o equilíbrio moral e patrimonial violado pelo dano é a fonte geradora da responsabilidade civil. Na responsabilidade civil são a perda ou a diminuição verificadas no patrimônio do lesado e o dano moral que geram a reação legal, movida pela ilicitude da ação do autor da lesão ou pelo risco"[3: MARIA HELENA DINIZ, apud, INDENIZAÇÃOPOR DANO MORAL. Ob. Cit.]
Não obstante tais ensinamentos, para ser caracterizado o efetivo dano moral não há a obrigatoriedade de presença de sentimentos, conforme enunciado 445 aprovado na V Jornada de Direito Civil que dispõe na seguinte maneira:
“O dano moral indenizável NÃO PRESSUPÕE NECESSARIAMENTE a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento”. (Enunciado 445).
Quanto à possibilidade de indenização por danos morais à pessoa jurídica, segue decisões de alguns tribunais:
APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA NO SPC/SERASA. CONFIGURAÇÃO DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS AO DEVER DE INDENIZAR. INCIDÊNCIA DA LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. I. A inclusão indevida do nome do consumidor, ainda que pessoa jurídica em entidades de serviço de proteção ao crédito SPC/SERASA, acarreta dano moral e gera direito à indenização respectiva. II. Aplica-se o CDC nas relações entre fornecedores de serviços e consumidores-empresários quando manifesta é a situação de vulnerabilidade da empresa de pequeno porte frente à magnitude de empresa do ramo de telefonia móvel, sendo perfeitamente cabível, nesse caso, a inversão do ônus da prova. Precedentes do STJ. III. Afigura-se cabível a devolução em dobro dos valores indevidamente pagos pela recorrida, máxime à luz do parágrafo único do artigo 42 do CDC, não se havendo falar em engano justificável a isentar a apelante dessa obrigação. IV. Na fixação do quantum relativo à indenização por danos morais, deve-se considerar o porte econômico de quem vai suportar a condenação, a repercussão interna e externa do dano, o nível do abalo sofrido pela autora e sua condição social, observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, razão pela qual merece ser mantida a verba indenizatória fixada pelo juiz singular no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais). V- os juros incidentes sobre o dano moral devem ser computados desde a citação, enquanto a correção monetária, por seu turno, deve incidir a partir da fixação da indenização, ou seja, da data da sentença. VI- O valor correspondente à repetição do indébito em dobro os juros devem ser computados desde a citação, e a correção monetária, que visa tão-somente atualizar a perda do capital, a partir do primeiro desembolso indevido, ou seja a partir do ato ilícito VII- Os juros deverão ser calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês (art. 406 do CC) e a correção monetária, com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). VIII- 1º Apelo conhecido e provido 2º apelo conhecido e improvido.
(TJ-MA - APL: 0394842012 MA 0024991-38.2010.8.10.0001, Relator: ANILDES DE JESUS BERNARDES C CRUZ, Data de Julgamento: 26/02/2013, QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/03/2013).
Apelação cível. Ação indenizatória. Negativação indevida do nome da pessoa jurídica. Violação à honra objetiva. Dano moral configurado. 1. In casu, verifica-se que, malgrado a extinção do contrato, a ré insistiu na cobrança de débito indevido (assim considerado através de decisão judicial) e promoveu a negativação do nome da sociedade autora. 2. Deste modo, observa-se que a negativação indevida causou inegável dano moral à honra objetiva da pessoa jurídica, pois tornou pública uma situação de inadimplência, que sequer era verdadeira. Nesta parte, diante das circunstâncias do caso concreto, especialmente considerando que a parte autora ficou impedida de obter empréstimos perante instituições financeiras diversas, entendo que o valor de R$ 15.000,00 revela-se justo e adequado. 3. Provimento ao apelo.(TJ-RJ - APL: 01762705120128190001 RJ 0176270-51.2012.8.19.0001, Relator: DES. MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES, Data de Julgamento: 25/02/2014, VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CIVEL/ CONSUMIDOR, Data de Publicação: 13/03/2014 12:30).
Dessa forma, a indenização pecuniária em razão de dano moral é como um lenitivo que atenua, em parte, as consequências do prejuízo sofrido, superando o déficit acarretado pelo dano e, portanto, no presente caso merece total procedência diante do dano suportado pela empresa autora, que ficou inadimplente perante aos seus fornecedores e ao locador do imóvel.
Pelas razões expostas, o Douto Magistrado, quando da fixação dos danos morais, deve analisar o binômio COMPENSAÇÃO-PUNIÇÃO, o qual é interpretado pela doutrina e jurisprudência como a compensação e punição ao causador do dano, como forma de coibir conduta reincidente. A compensação servirá para recuperar a moral da empresa perante aos seus clientes, enquanto que o caráter punitivo poderá proteger futuras vítimas de acidentes, pois uma vez que a ré pagar pela omissão e negligência e imperícia, ficará mais atenta, cuidadosa e seletiva, tanto nas contratações de motoristas, quanto a atenção e cautela para fiscalizar seus funcionários.
Há de se ressaltar também a situação econômica e financeira da ré, já que uma indenização ínfima não terá o condão de satisfazer o referido binômio, de forma que um quantum salutar é o que se espera e que deverá ocorrer sob pena de retirar da indenização seu caráter punitivo.
Por todo o exposto nesta exordial, busca-se o amparo do Poder Judiciário para que, no caso em tela, se faça JUSTIÇA!!!
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) Seja a presente recebida e processada até julgamento final, por preencher os requisitos para tanto, nos termos da legislação vigente, devendo o réu ser citado para que no prazo legal, querendo, responder à presente ação;
b) Seja designado a audiência de conciliação, tendo em vista que há possibilidade de acordo amigavelmente;
c) Sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, por se tratar de pessoa hipossuficiente, nos termos dos artigos 1º e 4º, ambos da Lei nº 1.060/50, e artigo 98 do Código de Processo Civil;
d) A juntada de todos os documentos que instruem a presente demanda, nos termos do artigo 434 do Código de Processo Civil;
e) Sejam deferidos todos os meios probatórios admitidos em Direito, para sustentar o alegado, e outros que se fizerem necessários ao pleno esclarecimento dos fatos e convencimento do Douto Juízo;
f) Seja condenada a Requerida ao pagamento de custas e demais despesas processuais, bem como honorários de advogado no patamar de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação e demais cominações legais, ou como entender Vossa Excelência, nos termos do Código de Processo Civil.
g) Por fim, sejam os pedidos julgados TOTALMENTE PROCEDENTES, para CONDENAR a Requerida:
ao pagamento de indenização à título de danos materiais ao Requerente, na importância de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), referente ao valor do veículo, tendo como base o valor inferior dos três orçamentos e o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), em relação ao prejuízo com os fornecedores e o locador do imóvel, tudo acrescido de juros e correção monetária;
ao pagamento compensatoriamente dos lucros cessantes no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) referente aos proventos que o requerente deixou de receber quando se ausentou por 3 (três) meses do labor pelo evento danoso ora praticado pelos réus;
ao pagamento de indenização à título de danos morais ao requerente, no importe de R$ 286.200,00 (duzentos e oitenta e seis mil e duzentos reais), pelo abalo moral da empresa perante seus clientes, fornecedores e credores, causados pelo ato da ré.
Dá-se à causa o valor de R$ 361.200,00 (trezentos e sessenta e um mil e duzentos reais).
Nestes termos, 
Pede e espera deferimento.
Campo Grande/MS, 11 de abril de 2018.
Renan Quintana de Moura
OAB/MS xx.xxx

Continue navegando