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DANOS EXISTENCIAIS

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DANOS EXISTENCIAIS
Os danos existenciais são uma modalidade de dano extrapatrimonial que atingem o projeto de vida, a convivência social e o lazer do trabalhador, em razão de conduta patronal executada de forma a impedir o empregado de ter acesso ao lazer, descanso, cultura, dimensão espiritual, ou ainda a impedi-lo de desenvolver seus projetos pessoais, acadêmicos ou profissionais.
A concessão dos regulares intervalos intra e interjornadas, descanso semanal remunerado, férias e eventualidade no préstimo de horas extras, garantem a incolumidade física e psíquica do trabalhador, restauram suas energias, reduzem os riscos de acidente do trabalho e doenças ocupacionais, preservando, ainda a existência digna e harmoniosa do empregado. Assim, a violação contumaz a tais normas de saúde e higiene do trabalho fere ainda o direito à desconexão do empregado, entendido este como o direito de poder gozar de forma espontânea de seu tempo livre, sem ingerências ou inflexões patronais.
Não se confundem os danos existenciais com danos morais. Estes relacionam-se com abalos psicológicos ocorridos na vítima, enquanto que aqueles decorrem de ofensa ao seu projeto de vida.
Na prática trabalhista, costuma-se perceber a incidência de tais danos notadamente quando as jornadas de trabalho praticadas pelos empregados são demasiado longas, e durante grandes intervalos de tempo. Assim, um obreiro que labore 13 horas por dia, durante 8 anos, certamente tem comprometida seu convívio social, seu direito ao lazer, bem como deixa de conseguir ascensão escolar/acadêmica, em razão da jornada de trabalho exaustiva praticada por tantos anos.
Sua demonstração em juízo requer, além dos elementos tradicionais da responsabilidade civil (ato ilícito, dano e nexo causal), o especial dano relacionado à frustração ao projeto de vida do empregado ou às relações sociais. Por se tratar de matéria conexa ao contrato de trabalho, sua demonstração em juízo é ônus do empregado, à luz do artigo 818 da CLT e artigo 373 do CPC.
É de se dizer ainda que tal modalidade indenizatória é cumulável com os danos morais, já que visam indenizar bens jurídicos distintos. Corrente minoritária, contudo, não concebe a cumulação, por entender que ambos visam a reparação do abalo psicológico causado pelas extenuantes privações causadas ao empregado.

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