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Direito Processual Penal II Professor: Wander Wandekoeken Plano da Disciplina: Capítulo I: Jurisdição e Competência; Capítulo II: Prisão Cautelar, Medidas Cautelares Substitutivas da Prisão e Liberdade “Provisória”; Capítulo III: Questões e Procedimentos Incidentes; Capítulo IV: Comunicação dos Atos Processuais; Capítulo V: Procedimentos no Processo Penal. Doutrina: Eugênio Pacelli, Paulo Rangel, Tourinho Filho. MATÉRIA ● Capítulo I: Jurisdição 1. Jurisdição: Juris + Dictiones (dizer o direito, ou seja, é o poder conferido a uma autoridade regularmente investida na função, de aplicar o direito na solução da causa penal). 1.1. Princípios Fundamentais ao Exercício da Atividade Jurisdicional: a) Princípio da Unidade da Jurisdição: a divisão da jurisdição é feita para facilitar o trabalho dos órgãos jurisdicionais (competência). Ex: juiz federal dá uma sentença e absolve o sujeito. Porém, esse processo não pertencia à justiça federal e sim a justiça estadual (erro grave de competência). Posso desconstituir essa sentença que absolveu o sujeito? Essa decisão do juiz, como a jurisdição é una, a sentença será inexistente e nula. Poderá desconstituir a sentença apenas quando for a favor do réu. No caso citado acima não poderá ser desconstituída, visto que prejudicaria o réu. b) Princípio da Inércia da Jurisdição: a jurisdição deverá ser impulsionada. O juiz não pode mais impulsionar processo nenhum, ou seja, deverá aguardar para que alguém impulsione (MP, própria vítima – depende da ação penal). c) Princípio do Juiz Natural: juiz previamente fixado pela constituição, qual órgão competente. Ex: tribunal do júri é o juiz natural para julgar os crimes dolosos contra a vida; STF é o juiz natural para julgar os deputados federais, o presidente da república. A competência territorial é a competência definida na legislação infraconstitucional, ou seja, não pertence à previsão na constituição chamada de juiz natural. A incompetência absoluta poderá ser alegada em qualquer tempo (ex: competência estadual, federal). ● Capítulo I: Competência 1. Competência: medida da jurisdição, ou seja, é limitação da atividade jurisdicional determinada por lei. Para definirmos a competência, é preciso percorrer um “iter” respondendo às seguintes perguntas: 1.1. Há prerrogativa de foro? Se houver a prerrogativa de foro, não é importante responder as perguntas restantes. Isso porque, caso um deputado federal pratique um crime (seja contra a vida ou não) ele será julgado pelo STF. a) Esta prerrogativa é definida na CF ou Constituição Estadual? O vice-governador não tem prerrogativa de foro na CF, apenas na CE. Porém, caso ele cometa crime contra a vida, como o tribunal do júri está previsto na CF e a CE não pode violar a CF, o vice-governador terá que ser julgado pelo tribunal do júri, independente da prerrogativa. 1.2. Qual a justiça competente? Eleitoral, militar, federal ou estadual? A justiça eleitoral e militar são especiais. A justiça federal e estadual são comuns. 1.3. Qual o foro competente? Comarca ou subseção? Comarca é para justiça estadual. Subseção é para justiça federal. 1.4. Qual o juízo (vara) competente? Especializada ou comum? 1.5. Qual o juiz competente? (distribuição). 2. Competência Ratione Personae (Foro por Prorrogativa de Função) Tribunal Executivo Legislativo Judiciário Outros STF Art. 102, I, “b” e “c”, CR Presidente e Vice-preside nte Senadores e Deputados Federais Ministros do STF, STM (não julga originariamente e sim a nível recursal), STJ, TST e TSE (recursal) Procurador Geral da República; Comandantes das Forças Armadas; Membros do TCU; Chefe de Missão Diplomática de Caráter Permanente; STJ Art. 105, I, “a”, CR Governadore s (não existe prerrogativa aqui para vice-governa dor) Desembargador es dos TJs, membros dos TRFs, TRTs e TREs. OBS: não se pode aplicar a analogia à competência ratione personae, por isso a Constituição Estadual traz a prerrogativa do vice-governador (ser julgado no TJ). Ex: Senador comete um homicídio (crime doloso contra vida). No art. 5º, XXXVIII da CR traz o tribunal do júri. E o senador tem no art. 102, I, “b” da CR a prerrogativa de ser julgado no STF. Nesse caso, a regra especial derroga a lei geral, portanto esse Senador será julgado pelo STF – Especialidade. A competência ratione personae é rígida e é apenas para aquele que está exercendo a função. Porém, caso seja cometido o crime antes de ser nomeado, após ser nomeado tem que remeter os autos à competência certa. Ex: Vice-governador comete um homicídio. No art. 5º, XXXVIII da CR traz o tribunal do júri. E ainda tem o art. 109, I da Constituição Estadual que traz a prerrogativa do vice-governador ser julgado pelo TJ. Aqui o vice-governador deverá ser julgado pelo tribunal do júri, pois a CR prevalece sobre a CE – Hierarquia. OBS: o STF entende que se a renuncia da função for para se afastar do foro e não ser remetido ao órgão certo, a renúncia poderá ser procedida, porém a o foro continua. 2.1. Ministério Público da União: Procurador Geral da União. a) MPF: procurador regional da república (PRR) e procurador da república (PR). Quem julga o PRR (1º grau) é o STJ. Quem julga o PR (2º grau) é o TRF. b) MPT c) MPM d) MPDFT: procurador de justiça e promotor de justiça. Tribunal Executivo Legislativo Judiciário Outros TER Prefeitos nos crimes eleitorais. Deputados estaduais nos crimes eleitorais. Juízes estaduais e federais nos crimes eleitorais MPU (1º grau) e MPE (1º e 2º graus) nos crimes eleitorais. TRF Prefeitos nos crimes federais. Deputados estaduais nos crimes federais. Juízes federais (juiz do trabalho, juiz da auditoria militar da união), ressalvados os crimes eleitorais. MPU (1º grau), ressalvados os crimes comuns eleitorais. TJ Prefeitos nos crimes estaduais. Deputados estaduais nos crimes estaduais. Juízes estaduais, ressalvados os crimes eleitorais. MPE (1º e 2º grau) ressalvados os crimes eleitorais. A justiça eleitoral e a justiça do trabalho são federais. Quando se tem juiz federal em uma função de juiz estadual a lei faz uma delegação. Qualquer crime que o juiz federal cometer, quem julgará será o TRF da sua região, a exceção de crime eleitoral. Quando o juiz estadual comete crime federal é julgado pelo TJ. Porém se for crime eleitoral, é o TRE. O prefeito é julgado pelo TJ, mesmo sendo homicídio. A ressalva dos crimes eleitorais é uma ressalva restritiva. O estadual só sai do TJ se for para o TRE e o federal só sai do TRF se for para o TRE. Porém, não há restrição para prefeito, portanto, qualquer crime que esse cometer será julgado pelo TJ. Quando o prefeito comete um crime contra um policial federal em serviço será julgado pelo TRF, pois atinge interesse da união. Segundo Távora, pelo fato de não constar na CR o foro do deputado estadual, ele será julgado pelo TJ segundo previsão em CE. A outra parte da doutrina diz que não tem previsão e diz que o art. 27 § 1º da CR faz isonomia do deputado estadual e federal. O STF diz que o deputado estadual tem prerrogativa prevista no art. 27 § 1º da CR e não da CE (porém esse posicionamento muda de acordo com o caso). Ou seja, de acordo com a posição do STF o deputado estadual tem a mesma situação que o prefeito. 2.2. Prerrogativa de função e a prova da verdade nos crimes contra a honra: Ex: Juiz caluniado por suposta “venda” de sentença. Queixa crime → endereçamento ao juiz do Jecrim → citado, o querelado afirma que provará a verdade dos fatos mediante → exceção da verdade. O réu será citado e então pode apresentar a resposta ao juízo dizendo que não cometeu um crime contra a honra, vai utilizara prova da verdade (incidente processual que corre apensado aos autos. Questão prejudicial ao mérito da ação principal, portanto o processo é interrompido para correr a “prova da verdade”, juntar as provas, etc., e quando já tiver apurado tudo, volta com o processo para haver a sentença). O juiz da causa principal é o juiz do incidente (em regra). Primeiro resolve o incidente e depois resolve a causa principal. Toda pessoa que tem prerrogativa de foro, nada pode ser investigado contra ele, a não ser que seja o órgão competente. Ou seja, caso haja a prerrogativa de foro e a prova da verdade o juiz que julgará a causa irá desapensar a prova da verdade e remeter ao órgão competente para investigar tal incidente. Ex: Juiz estadual comete supostamente um crime e provará a verdade dos fatos. O juiz da causa principal só julgará a causa principal e remeterá a verdade dos fatos ao TJ (órgão competente para investigar o juiz estadual). 3. Competência Ratione Materiae: a regra do processo penal é que tem que unir todas as pessoas que cometeram crime junto ou então unir todos os crimes, independente de ser de comarca diferente. Isso corre para não haver decisões diferentes. 3.1. Justiça Eleitoral: justiça especial. Competente para julgar os crimes eleitorais definidos no Código Eleitoral (Lei 4.737/65) e os crimes que lhe são conexos, ressalvada a competência de Justiça Militar, do Tribunal do Júri e do Juízo de Menores (Infância e Juventude). Tem casos que a separação é obrigatória: justiça militar, tribunal do júri, juízo de menores (infância e juventude). A infância e juventude tem competência definida pela CR. Não importa se sou um menor de idade, cometo um homicídio, quem irá me julgar será a infância e juventude (não há júri para menores). Da mesma forma que se cometer um crime federal, quem irá julgar também será a vara da infância e juventude, pois não existe vara da infância e juventude federal. Em suma, o menor só vai para a vara de infância e juventude. Todo crime que é conexo com o eleitoral, será levada para a vara eleitoral. Ex: o sujeito candidato a prefeito (A), cometeu um crime de corrupção eleitoral e denunciaram ele, fizeram uma notícia crime. Então ele pediu para dar uma surra em quem denunciou ele e com a surra essa pessoa morreu (B). O sujeito C sumiu com o corpo (C). Todos tinham conhecimento dos crimes. Sujeito A: art. 299, Cod. Eleitoral (reclusão até 04 anos). + Sujeito B: art. 129, § 3º do CP (reclusão 04 a 12 anos). + Sujeito C: art. 211 do CP (reclusão 01 a 03 anos). Esses crimes serão julgados na justiça eleitoral. O A responde pelos 3 crimes. O B responde pelo segundo e terceiro crime. O sujeito C responde apenas pelo último crime. Se o C for menor de idade (16 anos), o A responderá pelos 3 crimes. O B responde pelos 2 últimos crimes, ambos na justiça eleitoral. O C responderá pelo seu crime na Vara da Infância e Juventude. Ou seja, o C só poderá ser julgado pela Vara da Infância e Juventude. Ex: o candidato a prefeito cometeu o crime de corrupção eleitoral. O B mata o sujeito que denunciou o A. E depois o B chamou o C para ocultar o cadáver. Sujeito A: art. 299, Cod. Eleitoral (reclusão até 04 anos) + Sujeito B: art. 121, § 2º, V do CP (reclusão 12 a 30 anos). + Sujeito C: art. 211 do CP (reclusão 01 a 03 anos) – Menor de idade (16 anos) O A vai para Vara Eleitoral. Para o Tribunal do Júri vai o A e o B. E o C vai para a Vara da Infância e Juventude. O Tribunal do Júri arrasta os crimes também. Ou seja, quando não tem júri, quem arrasta a Vara Eleitoral. Porém, quando tem a Vara Eleitoral e o Tribunal do Júri, é o Tribunal do Júri que arrasta. 3.2. Justiça Militar: justiça especial. Competente para julgar os crimes militares próprios (definidos apenas no Código Penal Militar) e os impróprios (definidos no Código Penal Militar e igualmente na Legislação Comum), ressalvada a Competência do Júri, quando a vítima for civil, e a competência da Justiça Eleitoral e da Infância e Juventude. O Código Penal Militar trata de crimes propriamente militares (só existe na legislação penal militar. Ex: crime de deserção; abandono de posto) e também traz rol de crimes previstos na legislação comum, mas só aplicáveis a militares (homicídio, sequestro, etc. – pena diferenciada), esses são chamados de crimes impróprios. O estupro, do Código Penal, é crime hediondo. No Código Penal Militar não é. A justiça penal militar existe para julgar os militares, mas não só julgar militar. Muitas vezes há situação em que é militar, mas cometeu um crime, porém no momento do ocorrido não estava exercendo o papel de militar, ou seja, vai aplicar o CP nessa situação. Porém, se tiver exercendo a função aplica-se o CPM. Em suma: quando se invoca a função de militar, aplica-se o CPM. Ex: não estar fardado, mas, por exemplo, para extorquir mostra-se a carteira funcional de militar. OBS: quando o crime é cometido entre dois militares, aplica-se o CPM, mesmo que não seja de conhecimento de ambas as partes a condição de militar. a) Justiça Militar da União: exército, marinha, aeronáutica. Possibilidade de ser julgado também no civil. Julga militares e civis, quando cometem crimes militares. Ex: roubo de fuzil do exército. Julga civis quando cometem crimes militares (vide exemplo acima). Quem afeta o patrimônio das forças armadas, pratica crime militar (mesmo sendo patrimônio da união – fuzil do exército). b) Justiça Militar Estadual: polícia militar. Só julga militares. Aqui caso haja roubo, por exemplo, de um fuzil, quem julga é o CP, pois na CR há a proibição da Justiça Militar Estadual julgar civil. Caso seja cometido dois crimes conexos (tráfico de drogas e roubo de fuzil), um será julgado pela justiça militar e o outro pela justiça comum, pois a justiça militar não se junta com a justiça comum. Pode haver a absolvição de um e a condenação de outro. São justiças independentes. Tanto na Justiça Militar da União tanto na Justiça Militar Estadual, caso haja crime doloso contra a vida (tentado ou consumado) cometido por um civil contra um militar, quem julgará é o Tribunal do Júri. Quando houver crime contra a vida (tentado ou consumado) entre militares vai para a auditoria militar e não para o Tribunal do Júri, mesmo que não seja de conhecimento de ambas as partes a condição de militar. Se um civil mata um militar, vai ser julgado pelo Tribunal do Júri (isso não tem previsão, usa-se a analogia). Quando um civil comete um crime contra a vida (tentado ou consumado) contra um militar federal, é julgado pelo Tribunal do Júri Federal. Caso seja contra um militar estadual é julgado pelo Tribunal do Júri Estadual. Caso haja coautoria de um civil em um crime militar estadual, o processo será desmembrado. O civil será julgado pela justiça comum (pois a justiça estadual não julga civil) e o militar pela justiça militar estadual. Quando um adolescente comete um ato infracional militar da união ele é julgado pela Vara da Infância e Juventude. 3.3. Justiça Federal: justiça comum. Rol exaustivo do art. 109 da CR. a) Inciso IV: os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da justiça militar e da justiça eleitoral; A justiça federal tem previsão própria na CR dizendo o que vai ser aplicado à justiça federal. A justiça estadual é residual, ou seja, “o que sobrou”. Primeiro olha-se se é justiça eleitoral, militar ou justiça federal, caso não seja nenhum desses, é justiça estadual. Justiça Federal: questões extrapenais e penais. Só vão ser afetados a competência federal quando tiver no rol do art. 109 da CR. É bem complexo identificar a justiça federal. a.1) Ressalvada a competência da justiça militar e eleitoral: isso porque são justiças especiais e a federal é comum.A justiça militar referida no inciso é a da união. a.2) Excluídas as contravenções: a justiça federal não julga contravenções, mesmo quando a contravenção seja conexa com o crime comum. Ex: manter máquina de caça níquel é contravenção penal e para ter essa máquina ele praticou o contrabando. A contravenção penal é julgada pelo juizado especial criminal e o crime de contrabando (crime federal) é julgado pela justiça federal. a.3) Crimes políticos: compete a justiça federal julgar crime político (não tem nada a ver com crime político e crime cometido por político). Esses crimes políticos estão previstos na Lei 7.170/83 (Lei da Segurança Nacional). Essa lei prevê atentado contra vida cometido contra presidente, etc. Empresas públicas federais: Caixa Econômica Federal, Correios. Autarquias: conselhos de ordem (OAB, CRM, etc.), DNIT, DNER, UFES. OBS: roubo a casa lotérica que é vinculada a Caixa Econômica, o crime aqui é estadual, pois não atinge o patrimônio da Caixa Econômica e sim do dono da lotérica (que terá que prestar conta a CEF). Só é crime federal roubo contra a CEF, etc. OBS: não é incluso empresa de economia mista no rol de crime federal a.4) Bens, serviços ou interesse da União, etc.: art. 21 da CR (rol de serviços que são da união e que acarretam em crime federal). Ex: falsificação de moeda a competência é da justiça federal. a.5) Interesse da União: toda vez que afetar a união, qualquer comportamento criminoso, é de competência federal. Ex: agredir policial federal em serviço; policial federal comete crime em serviço; falsificação de documento para usar perante a polícia federal. OBS: se um policial federal não está em serviço, não comete crime federal. OBS: um crime cometido dentro da UFES não é um crime federal, é um crime “normal”. Porém, agredir um professor que represente a UFES, é um crime federal, ou então o professor agredir um aluno, também é um crime federal. b) Inciso V: Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; A doutrina chama esse inciso de crimes transnacionais, transindividuais. Ou seja, o crime inicia-se aqui e consuma-se ou deveria ser consumado no estrangeiro ou vice e versa. Ex: tráfico de drogas. Alínea “a”: As causas relativas a Direitos Humanos a que se refere o § 5º deste artigo – Federalização do crime. Federalização do crime: toda vez que entender que a as causas relativas aos Direitos Humanos atinja o Brasil a nível internacional. O procurador da república solicita ao STJ, caso entenda que as investigações não estão indo bem, o judiciário não está atuando, etc., para que desloque a competência, pois esses crimes são estaduais. Então, desloca-se a competência para federal, para apurar o crime melhor, pois o estado anda atuando mal. c) Inciso VI: Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e ordem econômico-financeiro; c.1) Crimes contra a organização do trabalho: o supremo deu interpretação restritiva a esse inciso. Para que tenha um crime contra a organização do trabalho e esse crime afeta a competência federal, ele tem que ser um crime transindividual. Ou seja, para o crime se configurar não pode considerar o trabalhador singularmente, ou seja, tem que considerar a pluralidade (vários trabalhadores afetados, como um todo). O supremo reconheceu que o trabalho escravo é um crime federal, e não precisa considerar a pluralidade nesses casos. Ou seja, pode considerar o trabalhador na sua individualidade. No art. 149 do CP traz o trabalho escravo e esse artigo está entre o rol dos crimes contra a pessoa (por isso o professor não concorda com a posição do supremo). c.2) Crimes contra o sistema financeiro e ordem econômico-financeiro (Lei 7492/86 e Lei 8137/90 e 8176/91): tudo que está dentro dos crimes contra o sistema financeiro é crime federal. No caso dos crimes contra a ordem econômico-financeiro só é crime federal quando atinge tributos na união (ex: imposto de renda). d) Inciso IX: Os crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da justiça militar; d.1) Ressalvada a competência militar: a justiça militar é justiça especializada, por isso ressalvada a competência militar. d.2) Navios e aeronaves: a fim de competência federal. Para ser considerado crime federal tem que ser embarcação de grande porte para ser apta para fazer navegação internacional e a mesma coisa para a aeronave, ou seja, tem que ser de grande porte e apta para voar internacionalmente. Não precisa estar navegando/voando para configurar o crime; pode estar “parado”. Estando voando/navegando sobre o BR a jurisdição é do Brasil, independente da embarcação ser brasileira ou estrangeira. OBS: se o navio/aeronave estiver na “terra de ninguém” e tiver um brasileiro a bordo e esse comete um crime ou então alguém comete um crime contra ele, a jurisdição é do BR. OBS: o crime só é cometido na aeronave/navegação quando estiver dentro dela. Ex: crime cometido na escada do avião não é crime federal e sim estadual. e) Inciso X: Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro...; Art. 338 do CP. Não existe crime de ingresso ou permanência irregular do estrangeiro no BR. O crime vai existir realmente no reingresso do estrangeiro expulso do BR. f) XI: A disputa sobre direitos indígenas. Não é o índio considerado individualmente; tem que levar em conta a coletividade (transindividual). 3.4. Justiça Estadual: justiça comum. Justiça residual. 3.5. Competência do Tribunal do Júri: julgar os crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados, previstos no CP do art. 121 ao 127, bem como os que lhe são conexos, ressalvada a competência das justiças especializadas e o juízo da infância e juventude. a) Formação do Tribunal do Júri: arrasta os crimes com ele, salvo os das justiças especializadas. Se for um crime de homicídio no âmbito federal, terá um crime no âmbito do júri federal. Se não tem conexão dos crimes, não tem porque juntar os processos. Latrocínio não é julgado no tribunal do júri, pois latrocínio é tido como um crime patrimonial, por isso não vá a júri. A não ser que o latrocínio seja conexo com o homicídio. O tribunal do júri tem duas fases. a.1) 1ª Fase (Judicium Acusationis): pronúncia, impronúncia, desclassificação, absolvição sumária. Fase de triagem, para saber o que pertence ao júri e o que não pertence ao júri. Aqui nessa fase caminha como se fosse uma vara comum, parecido com o rito ordinário. Denúncia feita pelo MP. Réu citado e faz a resposta escrita. Faz audiência, interroga testemunhas de defesa e acusação; alegações finais. Aqui no final não se dá sentença se absolve ou não, em regra se termina dizendo que há elementos mínimos para mandar o réu para o plenário ou não. Quando há elementos mínimos para mandar o réu para o plenário o juiz profere uma pronúncia. Há indícios, está provada a materialidade do crime e há indícios mínimos de um crime doloso contra a vida. Na única decisão de pronúncia, se houver, encaminha todos os crimes para o júri (salvo exceções). Impronúncia é quando não há materialidade do crime. Não tem nada que prove que o réu cometeu o crime, ou seja, não há elementos mínimos para mandar o réu para o plenário. Não tem elementos mínimos, ou não tem prova da materialidade ou não tem indícios suficientes. Juiz impronuncia, ou seja, significa que não há provas (arquiva os autos e se tiver novas provas pode fazer nova denúncia e começar o processo de novo). Instrução preliminar. Aqui o prazo é prescricional. A desclassificação é, por exemplo, ver se o crime é realmente de competência do tribunal do júri (ex: lesão corporal com resultado morte – não tem crime doloso contra vida. Encaminha-se esse crime para o juízo competente. Declinação de competência).Absolvição sumária é quando tem certeza que o sujeito não cometeu o crime, que foi legítima defesa. Para absolver sumariamente tem que ter certeza que o sujeito não cometeu o crime. Se houver alguma dúvida, vai para o plenário. Para que tire o réu do plenário do júri tem que ter uma convicção um pouco maior. Para ser absolvido tem que ter certeza que ele realmente não cometeu o crime. 1º Exemplo: art. 213, CP c/c art. 121, § 2º, V do CP na forma do art. 69. Chega ao final dessa fase o juiz pronuncia e diz que houve crime de homicídio. Depois o juiz vê que não tem provas suficientes para o crime do art. 213, ou seja, há a impronúncia. Então no art. 121, por não ter o estupro, é tirado as qualificadoras. O juiz então pronuncia o art. 121, caput do CP + art. 211 do CP. O crime de estupro é arquivado e os crimes que foram pronunciados vão a plenário. No plenário há a condenação. OBS: caso o MP não concorde com a absolvição quanto ao crime de homicídio, o promotor precisa fazer o Recurso no Sentido Estrito (RESE). Se o promotor recorreu e não foi aceito o recurso, preclui a matéria. Preclui a matéria também se o promotor não recorrer, ou seja, ele não pode acusar no plenário sobre o crime de estupro nem as qualificadoras. Houve então a condenação e o juiz faz a dosimetria da pena. Depois de transitado em julgado o MP recebe a informação do DEPOL que fez nova investigação e de que realmente o estupro existiu. A denúncia aqui é feita a quem? É feita a denúncia no juiz do júri (1ª fase) e volta ao plenário para julgar o estupro (crimes conexos, todos julgados pelo tribunal do júri). Faz, nesse caso, uma nova denúncia para o crime de estupro, vai para a primeira fase, há a pronúncia do juiz e julga-se o crime de estupro no tribunal do júri. Já as qualificadoras do art. 121 precluiram, portanto não há mais o que falar nessa matéria; julga-se apenas o crime de estupro. OBS: faz diferença se absolvo ou condeno o réu? Vamos supor que nesse caso, houve a absolvição. Se condena ou absolve reconhece competência, não importa o que vem depois, o crime vai de novo para o tribunal do júri. Ou seja, independente se for condenado ou não no júri no crime de homicídio, o estupro vai ser julgado sim pelo tribunal do júri. OBS: nesse caso, o crime foi homicídio culposo (art. 121, § 3º do CP – desclassificação). Essa desclassificação o crime já está no júri, então não tem que mandar para uma vara comum e o juiz dispensa os jurados (faz as vezes do juiz singular). E então caso haja uma nova denúncia para o crime de estupro, vai para uma vara comum para ser julgado esse crime de estupro. Quando há um homicídio junto com outros crimes, os crimes ficam conexos e serão julgados todos pelo tribunal do júri. Caso os crimes tenham sido cometidos em comarca diferente (como por exemplo, um em Vila Velha, outro em Vitória e outro na Serra) será julgado onde foi cometido o crime doloso contra a vida. OBS: o fato de desmembrar os crimes não afeta a qualificadora. Ou seja, um crime julgado por uma vara e outro julgado pelo tribunal do júri (a qualificadora permanece). Exemplo 2: crimes cometidos em VV, Vitória e Serra. No homicídio houve a desclassificação. Sobrou outros dois crimes. Onde os outros dois serão julgados, sendo que os crimes são conexos? Tem que olhar a pena, ou seja, será julgado na comarca onde o crime mais grave foi cometido. Se o MP não concordar com o juiz ele terá que fazer o recurso em sentido estrito (não concordar em questão da desclassificação). Mesmo que tenha precluído para o MP, o juiz que receberá o processo poderá alegar sobre a competência, sobre a não desclassificação (conflito de competência – suscita ao TJ; o TJ dirá se está correta ou não a desclassificação). OBS: caso haja crimes conexos: eleitoral, doloso contra a vida e outro crime comum (crime eleitoral julgado sozinho e crime doloso contra a vida e crime comum julgado no tribunal do júri). Caso haja crimes conexos: eleitoral, culposo contra a vida e outro crime comum também (todos julgados pela justiça eleitoral, pois não há crime no tribunal do júri; a justiça eleitoral arrasta todos os crimes com ela, pois é uma justiça especializada). A absolvição sumária é um sentença, portanto não há o que ser feito, não há o que se falar em preclusão, pois fica transitada em julgado. a.2) 2ª Fase (Judicium Causae): fase do plenário, onde realmente vai exercer realmente o tribunal do júri (tribunal popular). Para que chegue a fase plenária, existe uma fase anterior. No tribunal do júri o legislador optou por descentralizar a competência do tribunal do júri. O legislador fez uma fase de triagem para saber se realmente o crime é doloso contra a vida (lesão corporal com resultado morte não é crime doloso contra a vida, justamente por conta do animus do sujeito – ser culpa e não dolo). 4. Competência Ratione Loci: 4.1. 1ª regra: a competência territorial será determinada pelo local onde se consumar a infração penal (art. 70 do CPP – teoria do resultado). Grande maioria das infrações penais a execução e a consumação são no mesmo momento, por isso essa primeira regra não traz tantos problemas. Ex: roubo, furto. OBS: art. 6º do CP: teoria mista (teoria do resultado + teoria da ação). Aqui esse artigo fala da jurisdição no BR (o BR tem jurisdição tanto para crimes cometidos fora e consumados no BR quanto nos crimes cometidos no BR e consumados fora) e não competência. A competência quem traz é o CPP. Portanto não tem conflito de normas entre o art. 6º do CP e 70 do CPP – OAB. OBS: segundo o STJ, o crime de estelionato só se consuma no momento em que a vítima experimenta o prejuízo (quando o banco nega o pagamento) e a praça do cheque é que define a competência. 4.2. 2ª regra: nos crimes plurilocais (execução num lugar e consumação em outro) haverá uma ressalva à 1ª regra, aplicando-se a teoria da ação, ou seja, o lugar onde foram praticados os atos aptos a produzirem o resultado pretendido. Isso ocorre pelo fato de, por exemplo, ouvir testemunhas as testemunhas que presenciaram o crime, etc. Ex: sujeito descarrega a arma em alguém, e esse alguém não morre na hora e morre no hospital que fica em outra cidade (o crime ocorreu em um lugar e a consumação em outro). 4.3. 3ª regra: incerto o limite territorial entre 02 comarcas ou crime praticado na divisa de 02 comarcas. Se não tem como definir corretamente qual das duas comarcas é, o código opta por prevenção, ou seja, qualquer uma das duas comarcas são competentes para julgar o crime. Ex: crime que ocorre na baía de vitória. Sabe onde o crime ocorreu, mas há uma divisa entre os dois. Por isso o legislador optou por prevenção. Todas as duas comarcas são competentes para julgar. Quando se fala em juízo prevento no processo penal é que desde que qualquer um dos dois crimes tenha antecedido o outro ainda que na fase pré-processual. Ex: na fase do inquérito, quando o juiz dá alguma decisão na fase pré-processual (torna o juízo prevento). OBS: em Vitória tem a central de inquéritos, que abrange Vila Velha, Serra, etc. A central de inquéritos não torna o juízo prevento. 4.4. 4ª regra: desconhecido o local da infração. Competente será o local do domicílio ou residência do réu. É utilizada essa regra quando é desconhecido o lugar da infração, então o juízo competente para julgar essa infração é o do domicílio do réu. Quando não tem como definir o local do crime. OBS: no processo penal pode arguir a preliminar de incompetência relativa na resposta do réu. Se ninguém arguir, preclui. 4.5. 5ª regra: crimes continuados e permanentes. Usa-se aqui a regra da prevenção (pois tem regra própria – art. 71 do CPP). Crimes permanentes são aqueles a qual a consumação se prolonga com o tempo (ex: sequestro e cárcere privado; posse de arma de fogo ilegalmente; portar drogas). Por exemplo, o sequestro ocorre em Vitória, porém ele mantém a vítima em cárcere privado em VV, depoisem Cariacica e depois na Serra. Aqui se define a competência através da prevenção. OBS: se ocorre a situação de cima, porém o sujeito comete homicídio contra vítima. Será julgado no tribunal do júri e o juízo competente para julgar será o do local do homicídio (tribunal do júri puxa os outros crimes). Ou então, se há um estupro. Se isso ocorrer será usada a regra de que a competência para julgar será do local do crime mais grave. Ex. de crime continuado: se faz o crime “pelos pedaços” e os fatos tem que ser interligados. Um funcionário de confiança furta dinheiro em todas as lojas. 4.6. 6ª regra: exclusiva ação privada (não vale para a ação privada subsidiária da pública). Local do fato ou do domicílio do réu. Aplicada apenas para crimes mediante queixa. Ex: calúnia, difamação, injúria, dano. Ex: em SP foi o congresso. A mora em Vitória e o B mora em BH. Todos os dois foram participar do congresso em SP. O A comete crime de injúria contra o B (em SP). Qual a regra geral do CPP? Onde o crime se consumou. O B é vítima. O A injuriou o B. O B propõe uma queixa crime contra A, ou seja, a queixa será feita em SP. Se a vítima quiser, poderá eleger o foro do domicílio do autor do delito (é faculdade). Ou entra com a ação em SP (regra) ou no domicílio do réu. Não pode entrar com a ação no local onde a vítima mora. Ela só poderá optar pelos dois locais citados acima. 4.7. 7ª regra: crimes praticados fora do território brasileiro (e consumado fora do BR). Diferente da 1ª regra. Aqui nada ocorreu no BR. Nesse caso aqui só tem algumas maneiras do BR tem jurisdição. Ou seja, quando tem brasileiro envolvido com o delito (vítima ou quem cometeu o delito). Se o BR tem jurisdição, por exemplo, qual comarca julgará o crime? Capital do estado onde residiu por último no BR. Se nunca residiu no BR (por exemplo, estrangeiro) competente será a capital da República (Brasília). 4.8. 8ª regra: crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves (arts. 89 e 90 do CPP). A competência é federal, aqui define qual vara federal julgará. a) Em mar territorial brasileiro deslocamento interno (regra serve para aeronave também): quando ocorre deslocamento interno ou deslocamento no mar territorial brasileiro mais indo para fora, porém crime praticado no território brasileiro. Quando crime for praticado no mar territorial brasileiro, não faz diferença se a embarcação é estrangeira ou nacional (ambas particulares ou privadas), etc., que será julgado pela justiça federal brasileira. Quem julgará o crime é o primeiro porto independente de onde ocorra o crime, após a ocorrência o crime. Ex: crime ocorre no RJ e o navio atraca no ES depois disso. A justiça competente para julgar é a justiça federal do ES. Se o crime for cometido entre estrangeiros em território brasileiro, não faz diferença, pois a jurisdição é do BR. Quem julga é a justiça brasileira (federal). Se o crime ocorreu em mar brasileiro em direção ao exterior, o comandante pode optar por voltar para o BR e então o primeiro porto a atracar após isso, a cidade desse porto é que vai ser competente para julgar. Mas se ele resolve seguir viagem para o exterior, é usada a regra seguinte: a cidade do último porto que atracou o navio pela última vez tem competência para julgar o crime. Lembrando que é justiça federal. b) Em mar territorial neutro a bordo de embarcação ou aeronave privada (comercial) brasileira. Aqui nessa hipótese a embarcação tem que ser brasileira, ou então caso a embarcação ou aeronave seja internacional, porém a vítima ou quem cometeu o crime seja brasileiro a jurisdição é do BR (hipótese não se enquadra no art. 89 e 90 do CPP. Aplica-se a 7ª regra – crime praticado fora do território brasileiro). Segue a regra de competência: se for cometido dentro do BR, o próximo porto a atracar, a cidade desse porto que será competente. Se for cometido a caminho do exterior, é o último porto que o navio atracou por último. OBS: caso o navio, por exemplo, atraque em algum lugar e ache um corpo. É feita a perícia, e se não for precisa para dizer quantos dias a pessoa morreu é feita a prevenção dos dois últimos portos atracados anteriormente. 4.9. Critérios de Modificação da Competência Conexão (art. 76 do CPP) e Continência (art. 77 do CPP): a ideia da conexão e continência é a qual reúne o processo; reúne todo mundo perante o mesmo órgão julgador (duas ou mais pessoas comentem um crime). O objetivo disso é evitar decisões sejam antagônicas. Previsto no CPP, porém se projeta em nível da própria CF (reproduz princípios que estão na própria CF). Não aplica essa regra a crimes continuados, pois o art. 71 do CPP já prevê isso. Ou seja, já tem uma regra própria de prevenção no caso de crimes continuados. a) 1ª regra – Prevalência do tribunal do júri. Prevalência da prerrogativa de foro: prevalece sobre os demais, ou seja, então arrasta todos os crimes com ele. b) 2ª regra – Lugar onde ocorreu o crime mais grave. Ex: furto praticado em VV (pena de 01 a 04 anos) + homicídio qualificado praticado em Vitória (12 a 30 anos) + ocultação de cadáver praticado na Serra (01 a 03 anos). Foi desclassificado o crime de homicídio qualificado e configurado o homicídio culposo (pena de 01 a 03 anos). Então nesse caso o crime mais grave foi o de furto, então a competência para julgar é VV. Ex: art. 302 do CTB e art. 211 do CP. Primeiro detenção de 02 a 04 anos e o segundo reclusão de 01 a 03 anos. Homicídio culposo no CTB e ocultação de cadáver. Quem é mais grave? O art. 211 do CP (não importa os anos da pena, importa a qualidade da pena. Ou seja, o primeiro é detenção e o segundo é reclusão. Portanto, reclusão é mais grave). O crime de detenção sempre começará a ser cumprido no regime aberto ou semiaberto. No crime de reclusão não. O crime com pena de reclusão é mais grave do que o de detenção. Ex: art. 155 do CP e art. 171 do CP. Primeiro reclusão de 01 a 04 anos e o segundo reclusão de 01 a 05 anos. Crimes de mesma qualidade, então observar a pena. O crime mais grave é o art. 171. Ex: art. 156 do CP e art. 213 do CP. Primeiro reclusão de 04 a 10 anos e segundo reclusão de 06 a 10 anos. Crime mais grave aqui é o de estupro (art. 213 do CP); esse que é também que é crime hediondo. Ex: art. 157 do CP e art. 312 do CP. Primeiro reclusão de 04 a 10 anos e segundo de 02 a 12 anos. O crime que tem pena mínima maior é o mais grave. Porém o STJ diz que não. O crime de roubo é um crime praticado com violência contra pessoa (jamais admite substituir privativa de liberdade por restritiva de direitos). E o crime de peculato pode haver a substituição da privativa de liberdade por restritiva de direitos (aqui pode haver o sursis pelo fato da pena mínima ser de 02 anos). Ex: funcionário de uma empresa furta (furto simples) objetos da empresa em VV. Depois ele foi transferido para Vitória e cometeu um furto qualificado. E na Serra ele vende os objetos furtados e quem compra comete receptação. Aqui, na forma do art. 71 do CPP, aplica-se a prevenção entre o furto simples e o furto qualificado, pois foi crime continuado. A receptação não entra na prevenção, pois foi cometido por outro sujeito. E caso na Serra fosse cometido ao invés de receptação simples receptação qualificada, como a pena é maior (de 02 a 08 anos) aplica-se a regra da conexão, ou seja, arrasta tudo para a Serra. A prevenção é aplicada de forma subsidiária. c) 3ª regra – Quando houver crimes de igual gravidade, será o lugar onde ocorrer o maior número de crimes. Ex: cometo um furto em VV e dois em Vitória (art. 155 do CP) e vendo aquilo que furtei. Quem compra comete crime de receptação. Seguindo a regra, nesse caso quem é competente é o juízo de Vitória. d) 4ª regra: havendo igualdade entre a 2ª e 3ª regras, aplica-se a prevenção. Aqui ocorre quando tem igualdade de pena. Ex: cometo um furto em VV, um em Vitória e outro na Serra. Aqui os crimes são iguais e há igualdadede pena, portanto aplica-se a prevenção. Ex: sujeito A em VV furtou um veículo. Com esse veículo furtado e na fuga querendo fugir ele atropela e mata uma pessoa (crime culposo) – Todos os crimes até aqui foram cometidos em VV. Então ele resolve sumir com o corpo. Depois disso, ele vende o carro furtado para o sujeito B (Vitória). A competência aqui é de quem? É de Vitória, pois lá foi cometido o crime mais grave (art. 180, § 1º do CP – pena mínima maior). Sujeito A: arts. 155 do CP (reclusão de 01 a 04 anos) + art. 302 do CTB (detenção de 02 a 04 anos) + art. 211 do CP (reclusão de 01 a 03 anos). Sujeito B: art. 180, § 1º do CP (reclusão de 03 a 08 anos). OBS: se ocorrer homicídio doloso + homicídio doloso aplica-se a 2ª regra ou a 3ª. Aplica-se a 1ª no caso de ocorrer um homicídio doloso + outro crime qualquer sem que seja doloso contra a vida. e) Conexão (art. 76 do CPP): quando fala em conexão a lei fala duas ou mais infrações. Na conexão tem pluralidade de infrações. a.1) Inciso I: se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas (1)/, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar (2)/, ou por várias pessoas, umas contra as outras (3). (1) Conexão intersubjetiva por simultaneidade. Duas ou mais infrações e várias pessoas reunidas: não pode ter liame subjetivo. Pessoas reunidas, segundo doutrina majoritária, é uma ideia de reunião ocasional. Ex: furto de carga que cai em estrada; furto em supermercado, quando, por exemplo, há uma catástrofe. (2) Conexão intersubjetiva concursal. Várias pessoas em concurso: liame subjetivo. Pega a vontade e soma com a vontade de outro e converge com a mesma ideia. Soma-se as vontades para cometer um crime. (3) Conexão intersubjetiva por reciprocidade. Ou por várias pessoas, umas contra as outras: várias lesões recíprocas. Ex: acidente de carro o qual tem culpa recíproca; um atravessa o semáforo e o outro está bêbado. Briga em estádio de futebol. A rixa não entra aqui pois é um só crime, a não ser que consiga identificar outros crimes juntos com a rixa. Inciso I se trata de relação entre pessoas, por isso é chamado de conexão intersubjetiva (entre sujeitos). a.2) Inciso II: se, no mesmo caso (duas ou mais infrações), houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas. Precisa ter várias pessoas aqui? Não. No inciso II não precisa ter várias pessoas. Basta que eu tenha uma pessoa, porém vou ter várias infrações. Ex: furta um objeto, mata a pessoa para garantir o furto e oculta o cadáver para ocultar o homicídio. Aqui há uma relação entre os crimes. Inciso II é chamado de conexão objetiva, lógica, teleológica, consequencial. a.3) Inciso III: quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias (ou) elementares influir na prova de outra infração (duas ou mais infrações). Há uma relação entre os crimes, mas a relação aqui é questão de prova. Precisa juntar os crimes, pois a prova de um vai influenciar nos dos outros crimes. Ex: furto e receptação (para apurar a receptação tem que saber sobre a conduta anterior). Esse inciso é chamado de instrumental ou probatória. f) Continência (art. 77 do CPP): para que haja continência precisa que tenha uma infração, mesmo que por ficção jurídica. Na continência tem uma única infração, ainda que por ficção jurídica. f.1) Inciso I: duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração. Por cúmulo subjetivo. f.2) Inciso II: no caso de infração cometida nas condições dos arts. 70, 73, 2ª parte e 74, 2ª parte, todos do CP. Por cúmulo objetivo. Art. 70 do CP: concurso formal (com uma só ação pratica dois ou mais crimes). No ponto de vista real se tem mais de uma infração. Mas o legislador, no ponto de vista do direito, entendeu que se somada as infrações ficaria muito grave. Aqui o legislador resolveu pegar a pena de um crime só, ou seja, ficção jurídica, tem apenas uma infração. Art. 73 do CP, 2ª parte: erro de execução. Tanto o inciso I e II tem apenas uma infração, mesmo que no inciso II seja ficção jurídica. OBS: sujeito A e sujeito B querem matar o sujeito C. Porém A está em uma Comarca e B está em outra Comarca. Sujeito A e B atiraram em C e mataram ele. Há continência? Há conexão? Não. São crimes independentes. Cada um responderá pelo crime em sua comarca respectiva. 5. Súmulas importantes (para a prova e para a OAB): 5.1. STF: 451, 498, 521, 522, 603, 702, 703, 704, 706, 721. 5.2. STJ: 3, 6, 38, 42, 47, 48, 53, 59, 62, 73, 75, 78, 90, 104, 107, 122, 140, 147, 151, 164, 165, 172, 192, 200, 206, 208, 209, 224, 244 e 428. ● Capítulo IV: Comunicação dos Atos Processuais 1. Citação: ato pelo qual se dá ciência a alguém da existência de uma ação (penal) contra si, chamando-o a vir integrar a relação processual e defender-se. Nem sempre funciona como está no conceito (no âmbito penal). Casos em que o réu já comparecendo em juízo, já se apresentando em juízo, mas que não tem a denúncia ainda. IP → Denúncia → Recebimento → Citação → Defesa → Instrução... (esse procedimento cabe para júri também). Jecrim: não tem o procedimento acima, pois tem o termo circunstanciado (substitui o inquérito), faz a autuação e manda intimar o réu (TC → Autuação → Intimação para audiência preliminar → Audiência preliminar → AIJ). Aqui apresenta a proposta para o MP abra mão de denunciar. Aqui o sujeito não é considerado réu nem acusado, é considerado “suposto acusado”. Aplicado aqui a medida socioeducativa. Se houver denúncia, ela vai ocorrer na audiência preliminar e então já cita o réu. É na AIJ que o réu apresenta a defesa e que o juiz resolve se recebe ou não a denúncia. Citação é o ato o qual chama o sujeito para a relação processual para este apresentar a defesa. 1.1. Espécies: a) Real: pessoalmente ao acusado, por ordem do juiz com competência territorial no lugar onde se encontra, ou mediante carta precatória, rogatória ou ordem. Regra no processo penal: citação pessoal através de mandado (expedido pelo juiz que tem competência territorial para tal). Juiz determina na vara que se expeça o mandado, o oficial que vai cumprir é aquele da onde o juiz tem a competência. Carta precatória (em âmbito penal): reprodução do mandado para outra comarca (citação real, pessoal). Depois de cumprida essa carta precatória, volta para a comarca que mandou a carta precatória para juntar aos autos. A carta precatória é itinerante (se o réu não for encontrado e o oficial certifica que não citou o réu, pois esse se mudou, etc.; informa o endereço se tiver e então mandará essa carta precatória para a comarca em que o réu estiver residindo, por isso a carta precatória é itinerante). A carta rogatória é aquela enviada para outro país através do consulado. Cumprida, é remetido de volta para o país de origem. Carta de ordem é de um tribunal superior para um tribunal inferior. b) Ficta ou presumida: hora certa e edital. Se não houver possibilidade de fazer citação real, tem que fazer a citação ficta. A citação por hora certa é aquela onde tenta encontrar o réu por 3 vezes consecutivas, comunica as pessoas próximas do local, parentes, enfim... Que irá voltar para citar o réu, a hora e o dia. A citação por hora certa o sujeito está se esquivando para não receber a citação. O oficial de justiça vai até o local onde se encontra o réu (trabalho, moradia, etc.) e comunica que o réu está se esquivando. Contra esse réu da citação por hora certa, o processo vai seguir contra ele (abre o prazo para o réu apresentar a defesa – prazo de 10 dias), pois ele está se esquivando. Se não apresentar a defesa em 10 dias, o juiz nomeia advogado (defensor) e caminha até o final, inclusive com sentença que pode ser condenatória. Aqui o réu é considerado revel (não tem mesmo efeito que no cível). A citação por editalé aquela a qual o réu encontra-se em lugar incerto e não sabido. Aqui o processo não pode caminhar, ele terá que ficar suspenso. Para que possa ir para citação de edital tem que esgotar os meios da citação real/pessoal (fazer carta precatória, rogatória, de ordem, etc.). Ex: Art. 302, CTB – Detenção 02 a 04 anos (homicídio culposo no trânsito). Fato ocorre dia 20/08/12 a denúncia foi feita em 10/06/13 o recebimento da denuncia foi dia 20/07/13, a citação por edital ocorreu dia 15/04/14, a decisão suspendendo o curso do processo e do prazo prescricional foi dia 26/07/14 (decisão interlocutória). Qual o término da suspensão do prazo prescricional? Quando a prescrição será operada? Esse crime tem a prescrição de 8 anos (art. 109 do CP). O recebimento da denúncia é o 1º marco interruptivo (ou seja, quando há o recebimento da denúncia, a partir dessa, começa a contar o prazo prescricional e morre tudo que ficou para trás). Só não pode receber denúncia se o crime já prescreveu. Se entre o marco interruptivo o juiz der a sentença com 8 anos e 1 dia, o crime prescreveu (sentença: extinção da punibilidade por causa da prescrição). A citação por edital ocorreu no dia 30/04/14 e o último dia para protocolo da peça é dia 12/05/14 (prazo de 10 dias). O término da suspensão do prazo prescricional é contado da mesma forma que se conta o tempo da prescrição do crime. Ou seja, se o crime prescreve em 8 anos, a suspensão do prazo prescricional será de 8 anos também. Do 1º marco interruptivo até sentença (prescrição operada) tem-se 16 anos de prescrição (8 anos de prescrição + 8 anos da suspensão do prazo prescricional) qual é o dia que a prescrição irá operar? 19/07/29 (contar 16 anos a partir do 1º marco interruptivo e exclui o dia do final, pois é prazo material). Quando chega na sentença tem que lembrar que na sentença tem que observar as partes que estão no processo. Tem que lembrar de intimar todos. Tem que lembrar que tem MP, assistente de acusação, réu, advogado. Esse advogado pode ser público ou privado. Quando for público (defensor público), tem prazo em dobro. Quando o advogado for privado tem prazo simples. O MP tem prazo simples. O prazo para defesa só começa a ser contado quando forem intimadas as partes da defesa. No penal o recurso é feito de duas formas: peça de interposição (5 dias) + peça de razões (8 dias). OBS: só existem duas hipóteses de crime imprescritível (racismo e outro, previsto no art. 5º da CF). OBS: o prazo do edital é prazo processual (exclui o dia do início e inclui o dia do final). O prazo para contar o término da suspensão do prazo prescricional é prazo material (inclui o dia do início e exclui o dia do final). OBS: na suspensão aproveita o tempo já corrido. Na interrupção não aproveita o tempo já corrido. OBS: art. 366 do CPP, 109 do CP, 115 do CP e 117 do CP. Art. 109 do CP: contagem de prescrição. Levar em conta a pena máxima abstrata do crime. Inciso I: ex. homicídio (prescrição de 20 anos). Inciso II: ex. roubo (prescrição de 16 anos) e inciso III ex. furto qualificado (prescrição de 12 anos). Cada um dos incisos do art. 109 do CP será aplicado o art. 115 do CP. A prescrição serve para quem comanda o processo. No processo penal quando alguém é citado por edital, fixa-se o prazo do edital e tem 10 dias para apresentar a resposta. Se o réu não aparecer para apresentar resposta nesse prazo, o juiz nomeia um defensor. Essa nomeação não faz com que o processo ande. O juiz suspende o curso do processo e o prazo da prescrição. Caso o juiz não esgote as possibilidades de citação por edital e essa for nula, ocorre a prescrição. No juizado especial criminal não existe citação por edital (encaminha-se para uma vara comum). Existe um enunciado no FONAJE falando que no Jecrim existe citação por hora certa (surgiu em 2008). OBS: FONAJE não tem força de lei. OBS: Súmula 351 do STF. Art. 361 do CPP: o prazo de edital no CPP é de 15 dias. Art. 364 do CPP: os incisos I e II estão revogados. Art. 352, inciso VI do CPP está errado. Essa redação é da época que o primeiro ato do processo era o réu ser interrogado. Art. 365, inciso IV do CPP: o prazo para apresentar a resposta. A contagem de prazo para apresentar a resposta começa a contar a partir da citação. Exclui o dia do começo e inclui o dia do final. Aplica-se a súmula 710 do STF. 2º BIMESTRE ● Capítulo III: Questões e Procedimentos Incidentes 1. Conceito: são intercorrências ao procedimento criminal, ora de direito material, ora de direito processual, mas que reclamam uma solução prévia à questão principal. Vai ressarcir o dano causado, tem que garantir o patrimônio, deve garantir o patrimônio. Cria o incidente para saber se é legítimo ou não a decisão do juiz sobre a constrição do bem. Tem o contraditório, ampla defesa. Pode acontecer no procedimento criminal, e pode acontecer no procedimento preparatório. 2. Dividem-se: 2.1. Questões prejudiciais: são questões intercorrentes ao procedimento criminal, que precisam ser resolvidas ora pelo próprio juízo criminal, ora pelo juízo extrapenal, cuja solução influirá na decisão no processo principal quanto a existência do crime ou hipóteses de isenção de pena. Vai influir, por isso que tem que ter uma decisão sobre ela, quanto a existência do crime ou hipóteses de isenção de pena. Processo principal e questão prejudicial. O próprio juiz julga os dois (juiz criminal/instância criminal). Só será julgado por instância superior quando houver a prerrogativa de foro. As questões prejudiciais vão influencia na existência do crime. a) Classificação: a.1) Homogêneas: questão resolvida dentro do próprio direito penal. Tanto a causa principal como a prejudicial serão resolvidas pela própria justiça criminal, ainda que por diferentes instâncias. Essa questão homogênea está dispersa no CPP no CP, mas não tem um capítulo específico para ela. a.2) Heterogêneas: depende da solução da questão por uma justiça extrapenal. Ex: crime de bigamia - art. 235 do CP, reclusão de 2 a 6 anos (contrair alguém sendo casado, outro casamento). É uma forma de burlar o próprio sistema, pois presta declaração falsa no crime de bigamia. O MP ingressou com AP por causa do crime de bigamia. Quando o réu vai apresentar resposta ele diz que sua esposa era sua irmã e diz que tem uma ação cível correndo. O juízo cível resolverá isso e dependendo da sentença, o juízo penal absolverá ou não o réu. Suspende o processo no âmbito criminal para esperar o julgamento no cível (resolve a prejudicial para depois julgar a ação principal). ➢ Obrigatória: somente o juízo extrapenal poderá resolver a prejudicial (estado de pessoa). Aqui suspende sem tempo determinado e então a prescrição não corre. Estado de pessoa: se é casado, solteiro, de quem é neto, se é brasileiro, brasileiro nato, etc. Tudo que envolver isso, somente o juízo extrapenal poderá resolver. Ex. art. 181 do CP: marido que furta mulher, mulher que furta marido, filho que furta pai, etc., não tem pena. O fato é típico, mas não é punível nessas condições. Esse artigo só é aplicável para crimes sem violência. ➢ Facultativa: o juízo criminal resolve quando o cível demorar em resolver. Em regra o juízo criminal não poderá resolver questões cíveis, porém existem exceções que o legislador. Ex: aluguel de imóvel por R$ 1mil. A imobiliária vai administrar esse aluguel e vai receber 10% do valor. O inquilino vai a imobiliária e diz que teve chuva muito forte e que lhe causou vários prejuízos (infiltração, etc). A imobiliária vai falar com o proprietário, mas o proprietário não autoriza a fazer as devidas reparações. Então a imobiliária liberou o dinheiro que não era dele e depois avisou ao proprietário. O proprietário foi a delegacia e o acusou do crime de apropriação indébita. Ao chegar no juízo criminal a imobiliária alega que já tinha entrado no juízo cível com ação de consignação em pagamento c/c prestação de contas.O juízo criminal suspende o processo e espera o juízo cível. Nesse caso como não é caso de estado de pessoa, o juízo criminal poderá resolver essa questão/avocar a causa para ele quando o juízo cível demorar a resolver (juízo criminal fixa o prazo para o juízo cível resolver). Quando resolve sobre essa questão, não impede que o juiz do cível resolva isso, pois não faz coisa julgada. Caso o juízo criminal absolva e a sentença cível julgue procedente, o que vale é do juízo cível, pois esse que tem competência. Caso o réu tenha sido absolvido no criminal, não há como pedir revisão criminal. Porém se tiver sido condenado, tem como pedir a revisão criminal. OBS: o dispositivo é que transita em julgado. 2.2. Procedimentos incidentes: a) Tipicamente preliminares: famosas exceções conhecidas no cível. Exceção de incompetência, de coisa julgada, suspeição, impedimento. No penal não tem que fazer exceção, na forma de exceção. Por isso a nomenclatura é “tipicamente preliminares”. Mesmo questão de incompetência relativa não precisa fazer como exceção e sim como preliminar. Pode arguir a competência territorial (competência relativa) via preliminar, na peça de resposta na acusação. Vai funcionar como incidente quando é em autos apartados. No penal pode fazer em autos apartados ou dentro do próprio processo. Prescrição no penal não é matéria preliminar e sim matéria de mérito. É que prescrição é matéria de pretensão. É mérito, mas é matéria de pretensão. b) Acautelatórias de natureza patrimonial: visa resguardar os meios e os fins do processo (tutela da tutela). b.1) Restituição de coisa apreendida: medida contracautela. Essa contracautela (cautelar) é para os terceiros que estão prejudicados e para o próprio suposto autor do crime. Não é para a vítima. Ex: celular apreendido. Pode ser de ofício pelo juiz. Toda a busca e apreensão tem o reverso de restituição de coisa apreendida. Caso prove que o objeto é realmente seu, como por exemplo, mostrar a nota fiscal do celular, não precisa ter restituição de coisa apreendida. Se o juiz me nega a restituição de coisa apreendida, posso entrar com uma apelação. A restituição de coisa apreendida deverá ser desmembrada dos autos para a interposição do recurso. Não precisa ter restituição de coisa apreendida quando se prova a licitude desse bem e esse bem não esteja ligado com algo ilícito. ➢ Busca e apreensão: medidas cautelares que se toma em razão produto do crime; dos objetos cujo exame seja necessário à prova do crime e sua autoria; dos objetos cuja posse, guarda, detenção, porte, fabrico, etc., configure infração penal. A busca e apreensão é uma cautelar que cairá no patrimônio do réu, e então o réu entrará com uma contracautela (restituição de coisa apreendida) para reaver o bem. A princípio só recai sobre bens móveis. No final do processo se o réu for condenado, o próprio juiz criminal manda avaliar o bem e leva-lo a hasta pública. Aqui o dinheiro vai pra vítima, caso há o pagamento da indenização e sobre dinheiro, o dinheiro vai para a União. b.2) Sequestro: proveito do crime (origem ilícita do bem). Quando o bem deixa de ser produto do crime para virar proveito do crime, o juiz não poderá ordenar a busca e apreensão. Só poderá ordenar o sequestro. Pode ser de ofício pelo juiz. Recai sobre bens móveis e imóveis. Ex.: dinheiro furtado para comprar uma moto. O dinheiro é produto do crime, mas a moto é proveito do crime. Ex.: imóveis comprados com o dinheiro do tráfico de drogas. Se tem a notícia que tem proveito do crime, se for bem imóvel manda ofício para o CRI para registrar o sequestro. OBS: embargos ao sequestro – recurso para o sequestro. Os embargos aqui é a defesa. Ex: sujeito foi pego transportando drogas (veículo: caminhão). Junto com veículo apreendeu-se dinheiro e mais a droga. Na apuração que foi feita disso, descobriu-se que esse sujeito tem 10 apartamentos, 8 casas e mais 4 carros (patrimônio que não tem como explicar). A polícia irá fazer a apreensão do veículo, do dinheiro e da droga. Esse caminhão não pertence a esse sujeito, pertence a um terceiro, portanto esse entra com a restituição de coisa apreendida. Os imóveis podem ser apreendidos? Não, pois é proveito do crime, portanto haverá o sequestro desses imóveis. O dinheiro poderá ser devolvido ou não (se for provado que não é produto de crime). OBS: se a origem do bem for ilícita, mesmo que, por exemplo, uma velhinha paraplégica more nesse bem, ele irá a hasta pública. Isso não importa. Ex.: compro um apartamento por R$ 300mil. Desses R$ 300mil, R$ 200mil é produto de crime e R$ 100mil é lícito. Esse bem irá a hasta pública e a parte que não foi produto de crime será devolvida ao dono. OBS: segundo entendimento novo, se for na fase pré-processual a busca e apreensão ou sequestro, não pode ser declarada de ofício e o MP terá que requerer. Caso seja na fase processual poderá ser declara de ofício pelo juiz. No final do processo se o réu for condenado, o próprio juiz criminal manda avaliar o bem e leva-lo a hasta pública. Aqui o dinheiro vai pra vítima, caso há o pagamento da indenização e sobre dinheiro, o dinheiro vai para a União. b.3) Arresto: origem lícita do bem. A expropriação visa a garantir a futura indenização da vítima. Não há problema com o bem, ele não é de origem ilícita, etc. Faz uma constrição sobre o bem, pois ele vai servir para uma futura indenização. Aqui tem que ser com requerimento da vítima. Recai sobre bens móveis. Condenado o réu os autos do procedimento incidente serão encaminhados ao juízo cível. b.4) Hipoteca legal: origem lícita do bem. A expropriação visa a garantir a futura indenização da vítima. Não há problema com o bem, ele não é de origem ilícita, etc. Faz uma constrição sobre o bem, pois ele vai servir para uma futura indenização. Aqui tem que ser com requerimento da vítima Recai sobre bens imóveis. Condenado o réu os autos do procedimento incidente serão encaminhados ao juízo cível. c) Tipicamente probatórias ● Capítulo II: Prisões Cautelares, Medidas Cautelares Alternativas à Prisão e Liberdade “Provisória” 1. Prisões Cautelares: não trabalha com execução de pena. É a prisão que ocorre no processo. Enquanto houver recurso, enquanto a causa não tiver decidida ainda, toda prisão que tiver no processo será cautelar. Tem que ter dados concretos que sua tutela final não terá eficácia, então usa medida cautelar para garantir essa tutela final. Tudo depende dos dados concretos para ocorrer as prisões cautelares. Ex.: indivíduo é pego com droga, porém nunca teve passagem pela polícia. Tem necessidade de prisão cautelar? Essa prisão é necessária? Não. Analisar se o indivíduo traz risco para a sociedade, etc. Prisão cautelar é sinônimo de periculosidade. 1.1. Tipos: a) Prisão em flagrante: feita a prisão ela não vai durar mais do que 24hs, isso porque depois que realizou a APF o delegado tem 24hs para encaminhar o APF e quando chegar ao juiz ele deverá tomar uma das seguintes decisões: relaxar a prisão, decretar a liberdade “provisória” do preso ou então decretar a prisão preventiva. A partir disso o conduzido estará sob tutela do juiz. OBS: existe prazo para o delegado encaminhar a APF para o juiz, porém não há prazo para o juiz tomar uma das três decisões citadas acima. Ex.: art. 157, CP – Reclusão de 04 a 10 anos. Quando chega até o delegado de polícia, ele vai obter a oitiva dos condutores (policiais que realizaram a prisão do sujeito), depois vai obter a oitiva da vítima. Depois oitiva das testemunhas (se tiver) e por fim vai pegar o interrogatório do conduzido. Depois que ele fez isso, ele vai de tudo que levantou, vai fazer a classificação jurídica da conduta e vai lavrar o autor da prisão em flagrante. Depois que ele lavrou o APF, tem que pegar cópia desse e enviar para o juiz e promotor e se o preso não tiver advogado, encaminha também para a Defensoria Pública. A partirdisso o juiz vai ter três alternativas: relaxar a prisão, decretar a liberdade “provisória” do preso ou então decretar a prisão preventiva. OBS: relaxar a prisão é ilegal. b) Prisão temporária: tem prazo máximo de 5 dias para crimes que não sejam hediondos. Se for crime hediondo ela terá 30 dias. Em cada caso poderá ser prorrogada por igual tempo, ou seja, 5 + 5 dias ou 30 + 30 dias. Depois de um desses prazos tem dois caminhos: ou solta, pois a prisão se tornará ilegal ou continua com ele preso, que então a prisão se tornará preventiva. c) Prisão preventiva: ultrapassando o lapso temporal da prisão temporária e prisão em flagrante e dependendo dos elementos de convicção, dependendo do que o juiz decide, essa é convertida em prisão preventiva. 1.2. Características das Prisões Cautelares: a) Jurisdicionalidade: sempre tem que passar pelo clivo do poder judiciário. Vai passar por um exame do poder judiciário, mesmo que prisão em flagrante. b) Acessoriedade: o acessório segue o principal. Não posso ter uma medida cautelar se não vai poder haver prisão para aquele sujeito mesmo que condenado. Ex: art. 303 CTB – 6 meses a 2 anos. Não pode ser aplicado se ao final sujeito não vai ter penalidade mais grave. Art. 155 do CP – reclusão 1 a 4 anos (furto simples). Se crime de furto reclusão 1 (cabe sursis processual – art. 44 do CP, regime aberto) a 4 anos posso prender cautelarmente sendo réu primário? Mesmo em flagrante não pode, tem que soltar. Art. 33 – Lei 11.343/06: 05 a 15 anos (Tráfico de Drogas). c) Instrumentalidade Hipotética: a medida cautelar não existe por si só, ela existe para proteger um processo. d) Provisoriedade: a medida cautelar irá durar apenas para proteger um processo, ela será revogada. e) Proporcionalidade ou Homogeneidade: não pode a medida ser mais grave que a própria sanção a ser possivelmente aplicada na hipótese de condenação do acusado. Não sendo razoável manter o acusado preso em regime mais rigoroso do que aquele que eventualmente lhe será imposto quando na condenação. 1.3. Pressupostos das Prisões Cautelares: tem que ter os dois pressupostos cumulativamente para ter prisão cautelar, e, além disso, tem que ter cumulativamente as características das prisões cautelares + pressupostos das prisões cautelares. a) Fumus Comissi Delicti (Fumus Boni Iuris): vestígio da prática de um crime, indícios da prática de um crime (fumaça do cometimento do delito). b) Periculum Libertatis (Periculum in Mora): perigo na reiteração de crime/perigo da liberdade/do acusado ficar solto. 2. Prisão em Flagrante (art. 301 do CPP): “qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão, prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito (termo correto: encontrado em termo de flagrância)”. Não se pode prender alguém em flagrante delito, quem prende é o delegado de polícia, pois é o responsável para realizar a prisão em flagrante. O policial não prende em flagrante delito, ele encaminha o sujeito para que o delegado o prenda. Os delitos que são de competência do Jecrim não há lavratura do APF. OBS: 304 do CPP. 2.1. Qualquer do povo poderá: pode usar de meios necessários para que o sujeito seja levado ao DEPOL. Se for necessário o uso de algema ou qualquer outra coisa, é autorizado. Não pode haver o excesso (doloso ou culposo), como por exemplo, bater, etc. Aqui há uma excludente de ilicitude: exercício regular de um direito, desde que não tenha o excesso. OBS: qualquer um do povo poderá dar voz de prisão, desde que seja por justo motivo. 2.2. Autoridades policiais e seus agentes deverão: estrito cumprimento do dever legal. Caso haja omissão desses, ele será responsabilizado pelo crime o qual se omitiu. 3. Prisões Cautelares: 3.1. Prisão em flagrante: a) Espécies de flagrante (art. 302 do CPP): a.1) Inciso I: está cometendo a infração penal. Flagrante próprio. Presente. Mais próximo do presente. a.2) Inciso II: acaba de cometê-la. Flagrante próprio. Presente. Mais próximo do presente. a.3) Inciso III: é perseguido (1), logo após (2), pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir (3) ser autor da infração. Flagrante impróprio. ➢ (1) Elemento volitivo: há uma vontade e realizar alguma coisa (alguém persegue outro). ➢ (2) Elemento temporal. ➢ (3) Elemento circunstancial. a.4) Inciso IV: é encontrado, logo depois, com instrumento, armas, objetos ou papeis que façam presumir ser ele autor da infração. 4. Questões Doutrinárias e Jurisprudenciais a Respeito da Prisão em Flagrante: A verdadeira prisão em flagrante só ocorre no inciso I do art. 302 do CPP. A ideia do flagrante é pegar alguém no momento em que está praticando o crime. Porém, é muito difícil pegar a pessoa no exato momento em que comete o crime. Então, 90% das prisões em flagrante são da hipótese do inciso III. Inciso III: o elemento temporal é para iniciar a perseguição. Não posso comunicar o ato ilícito 3 dias depois e querer alegar estado de flagrância. Mas pode a perseguição se iniciar e somente 3 dias depois ser encontrado a pessoa, por exemplo, mantendo-se o estado de flagrância. Mas deve a perseguição ser ininterrupta, senão não tem mais flagrante (não pode desistir/abandonar a perseguição e depois querer retomar, mas pode parar para almoço/lanche etc.). Qual o lapso temporal que envolve o “logo após” no inciso III? Difere do inciso IV (que diz “logo depois”). No inciso III é perseguido, no IV é encontrado. A doutrina diz que é o tempo hábil para iniciar a perseguição. Ex.: encontrei corpo na minha rua, liguei para polícia. Então é o tempo necessário que a polícia tem para iniciar a perseguição. A doutrina entende ser entre 2 a 4 horas (para início da perseguição). Mas a perseguição em si pode durar mais, até dias. Inciso IV: entendimento da doutrina é que o “logo depois” deve ter lapso temporal maior que “logo após”, do inciso III. Então, defende-se entre 4 e 6 horas. Mas há decisão do STJ que aceitou flagrância na hipótese do inciso IV com 12 horas após. OBS Flagrante retardado ou diferido (ação policial controlada): como por exemplo, policial vê sujeito cometendo tráfico de drogas, mas não dá voz de prisão. Se ele não atua ele, autoridade policial, é partícipe daquele crime. Ocorre que se está sendo feita investigação do tráfico e prendo pessoa que está transportando a droga junto com a mercadoria, não vou perder o grande traficante, o chefe do tráfico. Então, é permitida uma exceção a regra do art. 302 de que o policial deve prender, com o objetivo de adiar o momento da realização da prisão para outro mais adequado do ponto de vista da colheita de prova e obtenção de informações. Isso não cabe para qualquer crime, ou seja, só em duas hipóteses: drogas (art. 53, inciso II, Lei de Drogas) e Lei de Organizações Criminosas (art. 8º da Lei 12.850/2013). Para isso, exige-se que haja determinação/autorização do juiz competente. Não é possível que o policial se omita da prisão sem autorização do juiz. Ex.: pessoas que roubam carro, levam para oficina que altera chassi, depois mandam veículos para exterior (organização criminosa). OBS Apresentação espontânea (art. 304 do CPP): como por exemplo, alguém comete homicídio qualificado e a polícia inicia perseguição. Se antes ele se apresenta à autoridade policial, exclui a hipótese de flagrante. Ideia de quem se apresenta espontaneamente é de que o indivíduo não representa risco para sociedade, que quer colaborar com a investigação. Mas pode ocorrer de isso (a apresentação) ser uma artimanha para não ser presa em flagrante. Nesse caso, o delegado deve pedir ao juiz ordem de prisão (que nesse caso será prisão preventiva). 4.1. Flagrante Esperado: pega o sujeito que está praticando a infração penal. Essa situação, portanto é uma situação válida, então o flagrante é legal. Não interfere na vontade do sujeito em praticar o delito. 4.2.Flagrante Preparado: alguns autores consideram a mesma coisa que flagrante provocado, pois o resultado é o mesmo, pois aplica-se a Súmula 145 do STF. Nesses casos a conduta vai interferir alguma coisa na vontade do sujeito. É quando monta-se todo o esquema, de forma que o sujeito acha que vai conseguir cometer o crime, mas ele não vai conseguir (“Isca”). Esse crime vai ser entendido como crime impossível (Súmula 145 do STF). Como flagrante preparado, é ilegal. A ideia do policial é não deixar cometer o crime, senão ele será considerado coautor. 4.3. Flagrante Provocado: quando provoca especificamente para a prática do delito. A ideia é não deixar o bem jurídico em perigo, pois induz e vigia. Aqui o crime é impossível, pois o meio é absolutamente ineficaz. É ilegal. A ideia do policial é não deixar cometer o crime, senão ele será considerado coautor. 4.4. Flagrante Forjado: não existe crime nenhum, a prova foi plantada. Ex.: polícia foi cumprir um mandado de busca e apreensão, entrou em uma casa que não tinha mandado e plantou alguma coisa para incriminar o sujeito, pois eles violaram o domicílio. Flagrante ilegal. Ex. (Corrupção Passiva – art. 317 do CP): solicitar, receber... ou aceitar promessa. Um repórter entrevista um sujeito dizendo que quer participar de licitação de merenda escolar, porém esse sujeito solicita uma quantia, porém o repórter diz que não tem como pagar na hora, portanto o sujeito só irá receber depois. Pode ter prisão em flagrante? Não. Pois o crime ocorre quando solicita e se consuma quando recebe. Não se pratica dois crimes por praticar dois verbos. Não é flagrante preparado, forjado e nem nada. Simplesmente não tem flagrante aqui. Caso haja a solicitação + o recebimento no mesmo momento, pode-se prender em flagrante. 5. Peculiaridades a Respeito dos Sujeitos Passivos da Prisão em Flagrante: 5.1. Menores: não é preso em flagrante é apreendido em estado de flagrância e depois ele será internado. Não pratica crime, pratica ato infracional análogo a algum crime do CP. 5.2. Presidente da República: não existe prisão cautelar para Presidente da República. Nenhuma prisão cautelar. O Presidente da República só poderá ser preso após sentença transitada em julgado (só poderá ser preso de forma definitiva). 5.3. Juízes e membros do MP: só podem ser presos em flagrante delito por crimes inafiançáveis (crimes hediondos, crime de terrorismo, tráfico de drogas – equiparado a hediondo). Pode impedir que o os juízes e membros do MP não cometam delito, o que não pode é lavrar o APF, salvo exceções. 5.4. Parlamentares: só podem ser presos em flagrante delito por crimes inafiançáveis. Tem que comunicar a casa que ele está vinculado, pois essa casa pode permitir ou não a investigação contra esse ou a prisão, etc. 5.5. Diplomatas: não podem ser presos em flagrante delito em nenhuma hipótese. Diferente do cônsul, pois esse não possui essa prerrogativa. 5.6. Advogados: pode ser preso em flagrante delito. Só não poderá ser preso em flagrante delito se estiver no exercício da função dele (o que não impede a prisão preventiva, etc.). Para o advogado ser preso em flagrante delito deverá ter um representante da OAB no momento da lavratura do APF, senão a prisão será ilegal. 5.7. Crimes de menor potencial (Jecrim): art. 69 da Lei. 9099. Nos juizados especiais não há prisão em flagrante e sim termo circunstanciado. Aquele sujeito que se comprometer em comparecer nos autos do processo futuramente não terá APF para ele. Se ele não se compromete, poderia prender em flagrante, porém isso não tem como, pois a prisão cautelar tem como característica a proporcionalidade (se no final não pode ficar preso, pois no Jecrim prega a não prisão, como poderia haver a prisão cautelar?). 5.8. Crimes de trânsito que resulte vítima: se prestar socorro pronto e integral para a vítima, não haverá prisão em flagrante contra ele. Leva ao delegado de polícia, o delegado vai ouvir condutores, testemunhas, etc., e depois o DEPOL vai iniciar o IP, mas não vai haver prisão em flagrante. 6. Prisão Temporária (Lei 7.960/89): Até antes da CF/88 existia uma medida que era tomada pela autoridade policial que era próprio do regime militar (prisão para averiguação). Na CF/88 a prisão para averiguação foi abolida, pois toda prisão cautelar tem que partir de uma ordem judicial, mesmo quando ocorre flagrante delito, a lavratura do APF etc. tem um prazo para o judiciário participar desse momento. Os responsáveis pela atribuição legal da investigação policial ficaram carente de medida mais drástica, visto que foi abolida a prisão para averiguação. Então foi criada a prisão temporária em 1989, que é a restauração da prisão para averiguação só que agora de forma travestida de legalidade, pois colocou o juízo no meio. A prisão temporária é a realização da detenção de alguém, restringindo a liberdade de alguém para buscar algo sobre o apreendido, não tem nada concreto contra esse, porque deixar em liberdade pode trazer prejuízo para a investigação. 6.1. Art. 1º: Caberá prisão temporária: Todos os três incisos tem a peculiaridade de dizer qual o momento caberá a prisão temporária. Ou seja, sobre a prisão temporária, essa só cabe na fase pré-processual. Precisa ter periculum + fumus. Dentro desse artigo, tem dois periculum (inciso I e II), ou seja, preciso apenas de um desses + fumus para configurar prisão temporária. O problema na prisão temporária são os excessos, a falta de certeza. a) Inciso I: quando imprescindível para as investigações do IP; Refere-se a periculum libertatis, igual o periculum libertatis que vai ter na prisão preventiva, que está presente em todas as medidas cautelares. b) Inciso II: quando o indiciado não possuir residência fixa ou não fornecer elementos para o esclarecimento de sua identidade; Refere-se a periculum libertatis, igual o periculum libertatis que vai ter na prisão preventiva, que está presente em todas as medidas cautelares. c) Inciso III: quando houver fundadas razões de acordo qualquer das provas admitidas na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes (aqui tem rol de crimes). Refere-se a fumus comissi delicti. O prazo para a prisão temporária é de 5 dias, ela dura 5 dias. É possível prorrogar ela por mais 5 dias (art. 2º). Só pode prorrogar o prazo por uma vez. Essa lei é de 89 e no ano seguinte entrou em vigor a Lei Dos Crimes Hediondos (Lei 8072/90). Essa lei dos Crimes Hediondos traz no seu artigo 1º o rol de crimes que são considerados hediondos. Essa própria lei, traz a previsão dos crimes, e desses crimes que estão dentro da Lei de Prisão Temporária estão dentro do rol de crimes hediondos. Daqueles crimes que são hediondos, a prisão temporária será de 30 dias, podendo ser prorrogável por mais 30 dias. Toda prisão que for ilegal vai ser relaxada. O furto não está no rol dos crimes que admite prisão temporária. Se o furto não está nesse rol, não vou ter o fumus comissi delicti. Ou seja, se não tenho periculum libertatis não tenho como ter fumus comissi delicti. Se for homicídio privilegiado não entra no rol de crimes hediondos e nem no rol desse inciso III. OBS: o estupro de vulnerável cabe prisão temporária, e como é crime hediondo, a prisão temporária tem prazo de 30 dias podendo ser prorrogado por mais 30 dias. Do rol desse inciso, não existe lesão corporal, portanto não cabe prisão temporária. Assim como para furto, estelionato, crime de moeda falsa, peculato, corrupção passiva. O rol é um rol exaustivo e não exemplificativo. OBS: decorar as alíneas desse inciso III assim como o rol dos crimes hediondos. c.1) Fundadas razões: é algo que é muito frágil. Realiza a prisão de alguém observando o rol dos crimes e as fundadas razões. É algo muito frágil, com uma fundada suspeita, porém não tem algo concreto, por isso, segundo doutrinadores, é considerada a prisão temporária como
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