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BRINQUEDOTECA: Suporte pedagógico para a socialização e o aprendizado da criança

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INSTITUTO JEAN PIAGET
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ALDETE
BRINQUEDOTECA:
Suporte pedagógico para a socialização e o aprendizado da criança
Redenção– PA
2014
ALDETE
BRINQUEDOTECA:
Suporte pedagógico para a socialização e o aprendizado da criança
Monografia apresentada ao curso de pedagogia do Instituto Jean Piaget, como requisito básico para a obtenção da Licenciatura em Pedagogia. Sob orientação do Prof°........
Redenção– PA
2014
ALDETE
BRINQUEDOTECA:
Suporte pedagógico para a socialização e o aprendizado da criança
Monografia apresentada ao curso de pedagogia do Instituto Jean Piaget, como requisito básico para a obtenção da Licenciatura em Pedagogia. Sob orientação do Prof°........
Aprovada em: _____ / ____ / ____
BANCA EXAMINADORA
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Prof°
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Prof°
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Prof°
À Deus todo criador e dono de todas as coisas, graças a ele chegamos ao final do curso. À família, amigos e professores que nos acompanharam nessa etapa.
AGRADECIMENTOS
	
EPÍGRAFE
RESUMO
A presente pesquisa intitulada “Brinquedoteca: suporte pedagógico para a socialização e aprendizado da criança” tem por objetivo apresentar a importância da brinquedoteca para o desenvolvimento social, motor e psicológico da criança. Aborda o histórico de origem desse ambiente e a visão de teóricos sobre o uso da brinquedoteca para ensinar conteúdos específicos. O trabalho se concretizou a partir de um levantamento bibliográfico, que ocorreu por meio de consultas a revistas eletrônicas, artigos, livros, e acervos públicos. É uma temática pouco discutida, mas que tem uma repercussão extraordinária, pois envolve a família, professores, escola e sociedade. Por esse motivo o brincar torna-se um direito da criança e merece destaque durante a sua infância, assim é necessária essa abordagem para levar à sociedade a importância de se criar um espaço reservado para brincadeiras, seja na escola, ambientes públicos ou privados. 
Palavras – chave: Brinquedoteca. Criança. Socialização. Aprendizagem. 
ABSTRACT
This research entitled "Toy: pedagogical support for socialization and learning of the child" aims to present the importance of playroom for the psychological and social development, motor and child. Discusses the historical origin of this environment and the view on the use of theoretical toy to teach specific content. The work materialized from a literature survey, which occurred through consultations to electronic journals, articles, books, and public collections. It is a subject little discussed, but it has a tremendous impact because it involves family, teachers, school and society. For this reason the play becomes a right of the child and deserves during his childhood, so this approach is necessary to bring society the importance of creating a placeholder for games, whether at school, public or private environments. 
Keys words: Toys. Child. Socialization. Learning.
LISTA DE SIGLAS
APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
ABB – Associação Brasileira de Brinquedoteca
DDC – Declaração sobre os Direitos da Criança de Genebra de 1924.
DUDC – Declaração Universal dos Direitos das Crianças de 1959.
CDC - Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança de 1989.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	11
1 BRINQUEDOTECA: UM BREVE HISTÓRICO	13
1.1 A BRINQUEDOTECA NO BRASIL	15
1.2	BRINQUEDOTECA: UMA NECESSIDADE ATUAL	17
1.3 A IMPORTÂNCIA DA BRINQUEDOTECA	19
1.4 BRINCAR, UM DIREITO DA CRIANÇA.	21
2 BRINQUEDOTECAS	26
2.1 - SUAS DEFINIÇÕES	26
2.2.1 Brinquedoteca de bairro	27
2.2.2 Brinquedoteca bibliotecas	28
2.2.3 brinquedotecas itinerantes	28
2.2.4 Brinquedotecas rodízios	29
2.2.5 Brinquedotecas temporais	30
2.2.6 Brinquedotecas universitárias	30
2.2.7 Brinquedotecas hospitalares	31
2.2.8 Brinquedotecas escolares	31
2 .3 O PAPEL DO PROFESSOR NA BRINQUEDOTECA	33
2.3 1 Organização e funcionamento de uma brinquedoteca	35
3 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO DA CRIANÇA POR MEIO DE ATIVIDADES LÚDICAS	37
3.1 O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA CONCEPÇÃO DE VYGOTSKY	38
3.2 DESENVOLVIMENTO AFETIVO A CRIANÇA EM CONTEXTO COM A LUDICIDADE	39
CONSIDERAÇÕES FINAIS	41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	43
INTRODUÇÃO
	As crianças sempre foram deslumbradas pelo mundo da fantasia, e na escola não é diferente elas esperam um ambiente agradável e com atividades que envolvem sua atenção. Muitas discursões envolvem a importância do brincar na vida das crianças, mas para reconhecer os reais benefícios que as brincadeiras trazem a elas é preciso uma pesquisa mais centrada nos espaços que a escola oferece para que as atividades lúdicas possam acontecer. 
	Fernandes (2012, p.10) aponta que há muitos séculos a ludicidade tem feito parte da vida dos seres humanos, mas o reconhecimento de que o lúdico contribui para a formação social e desenvolvimento da criança ainda é uma conquista recente. E mais, atualmente há um consenso de que a brincadeira não pode acontecer nas escolas de forma aleatória sem um fim educativo, então para que possa ser conciliada a formação infantil devem ser construídos locais apropriados como as brinquedotecas. 
	O espaço reservado para as atividades lúdicas devem ser adaptados aos pequenos, com brinquedos adequados a cada idade e também que estimulem o desenvolvimento psicomotor de cada criança. 
	Partindo dessa premissa o presente trabalho tem o intuito de apresentar a importância das atividades para o desenvolvimento das habilidades e das potencialidades das crianças. Também serve como subsídios de informação às pessoas interessadas no assunto, para que possa compreender sobre qual é o verdadeiro objetivo da brinquedoteca. 
	A pesquisa demonstra a trajetória da brinquedoteca desde o surgimento quando esse espaço ainda não era visto como pedagógico e realizava apenas empréstimos de brinquedos até os dias atuais em que o local é também destinado ao lazer e aprendizado da criança.
	As atividades lúdicas aliadas à prática pedagógica proporciona mais facilidade à aquisição de conteúdos trabalhados em sala de aula, além de oferecer prazer é um direito assegurado por lei, sendo assim o trabalho busca uma exposição dessa temática de forma mais específica que consiste na importância da brinquedoteca para as práticas pedagógicas. 
	A pesquisa está dividida em introdução, desenvolvimento que compreende três capítulos e considerações finais. No primeiro capítulo é descrito o histórico da brinquedoteca no Brasil e no mundo e a sua importância para a criança. Ainda nesse capítulo são apontadas partes da legislação que rege o direito que a criança tem ao ato de brincar. 
	No segundo capítulo expõe os tipos de brinquedotecas existentes e suas definições. Nessa parte o leitor situa a prioridade de cada modelo e evidencia o professor como o principal mediador das brincadeiras com as crianças. 
	No terceiro capítulo a pesquisa se aprofunda no quesito interação entre o espaço e a formação cognitiva da criança, para isso busca apoio em teóricos que abordam sobre o assunto e também em artigos científicos, livros e revistas eletrônicas. 
	Trata-se de um trabalho bibliográfico com a intenção de informar as pessoas como já foi explícito. Mas o primordial, do que somente informar, é tornar conhecido sobre o quão importante é que as crianças brinquem para que a sua formação cognitivase torne mais completa e prazerosa. 
1 BRINQUEDOTECA: UM BREVE HISTÓRICO
Em meados de 1934, em Los Angeles, nos Estados Unidos da América surge a primeira brinquedoteca, que consistia numa loja de brinquedos situada próximo a uma escola pública. 
O dono do estabelecimento descobriu que esta sendo roubado pelos alunos que eram de baixa renda e não tinham condições para adquirir um produto de sua loja. Ao perceber a situação não quis envolver os alunos em mais um caso policial, usou a ideia de fazer empréstimos de brinquedos para os pequenos, com a condição de que para pegar outro precisaria devolver o emprestado, assim começou a ideia da brinquedoteca. 
Essa iniciativa foi brilhante que ainda hoje no século XXI existe a Toy Loan, nome recebido pela primeira brinquedoteca. Devido o grande sucesso, em 1963, em 1963 surgiu em Estocolmo, na Suécia, a Ludoteca, que tinha como objetivo o empréstimo de brinquedo para crianças especiais e também fazer orientações aos pais dessas crianças. Somente em 1967 surgiu uma biblioteca com brinquedos, a Toy Libraires, localizada na Inglaterra. 
E finalmente em 1976, em Londres surge a primeira brinquedoteca de fato com os mesmos objetivos da qual conhecemos atualmente, que é “um espaço criado para favorecer a brincadeira, aonde a criança (e os adultos) vão para brincar livremente, com todo o estímulo à manifestação de potencialidades e necessidades lúdicas” (CUNHA, 2001, p. 15 e 16).
	Esses espaços estavam preparados para receber crianças de várias idades, pois neles tem brinquedos para todas as idades e maturidades. Assim nasce uma concepção diferente para brinquedoteca que é a de um espaço reservado para o lazer e divertimento das crianças, mas principalmente um lugar em que as brincadeiras possam ser vista como instrumento de aprendizado. 
	Estudos apontam que a brincadeira ajuda a criança a ter um bom desenvolvimento da aprendizagem e a brinquedoteca serve para as pessoas reverem seus conceitos, mudar seus valores e postura diante da sociedade e assim tornando seres humanos melhores, mais sensíveis aos problemas alheios. 
	As brinquedotecas foram se espalhando rapidamente e com a mesma intensidade foi “ampliando o seu atendimento e incorporando outros serviços, o que levou a diversificação de sua dinâmica, mas sempre preservando o aspecto lúdico e o ato de brincar” (SANTOS, 1997, p.84).
	Com o passar do tempo, as brinquedotecas foram se modernizando e com a ampliação começaram a oferecer um atendimento diferenciado aos clientes, a visão de somente um lugar para empréstimos de brinquedos passou a dar espaço para um local em que o ensino aprendizagem fosse tratado como prioridade. Isso se deu pelo fato de que as crianças poderiam aprender brincando e que esse ato ainda lhes proporcionava prazer. 
	Partindo da premissa de que a brinquedoteca poderia ser um local educativo, começaram a trabalhar nesses ambientes conteúdos de disciplinas de ensino formal, o que foi um sucesso, pois o aprendizado contava com o auxilio dos brinquedos, as crianças tinham mais facilidade em aprender. 
O importante é que não se deve confundir brinquedoteca com creche, ambas tem missões diferentes, cabe a creche receber a criança e além de educação oferecer cuidados, a criança não precisa ter o prazer em frequentar a creche, a maioria são praticamete obrigadas a irem, pois é uma necessidade dos pais. Já a brinquedoteca é um local que precisa ser desejado, a criança vai por prazer e esse deve ser instigado por um adulto. De acordo com Borja apud Santos (1997, p.85) a brinquedoteca tem a missão de:
[...] ter disponível muitos brinquedos e ensinar o manejo do jogo ou explicar as regras se for necessário, mas a criança deve frequentá-la por vontade própria, e pelo prazer de jogar, ou de encontrar os amigos para jogar (BORJA apud SANTOS, 1997,85).
Para que a orientação em relação aos brinquedos e brincadeiras seja realizada corretamente, o espaço deve disponibilizar profissionais competentes para trabalhar com as crianças. Cabe a essa pessoa conduzir as brincadeiras, auxiliar a divisão dos brinquedos, manter um relacionamento amigável entre os clientes e principalmente manter a disciplina e organização do espaço da brinquedoteca. Essas ações ensinam cada criança a socialização, harmonia nas brincadeiras e ainda organização dos materiais. 
1.1 A BRINQUEDOTECA NO BRASIL
	No Brasil, a brinquedoteca é uma conquista mais recente do que nos demais países do mundo. Em 1971, com a inauguração do Centro de Habilitação da APAE em São Paulo, aconteceu uma exposição de brinquedos pedagógicos, esse evento foi um sucesso e o interesse da sociedade foi relevante, pois fez com que a instituição montasse uma ludoteca, que funcionava como uma biblioteca circulante. 
	Somente em 1980, com muitas dificuldades econômicas e de reconhecimento do espaço como uma instituição educacional é que surge a primeira brinquedoteca brasileira. Em 1984, surge a Associação Brasileira de Brinquedotecas, que é criada com o intuito de divulgar e incentivar a aceitação desse novo método de estímulo educacional às crianças, a brinquedoteca. 
	A brinquedoteca brasileira se diferenciava das demais existentes em outros países, pois a instituição criada no Brasil não tinha como prioridade o empréstimo de brinquedos, mas o objetivo principal era o de estimular as crianças para que possam brincar livremente. 
	Com o passar dos anos as brinquedotecas conquistaram o seu espaço na sociedade brasileira, e por meio do incentivo da ABB (Associação Brasileira de Brinquedoteca) tornou-se cada vez mais comum brinquedotecas mais estruturadas e preparadas para receber as crianças, e com as atividades que estimulem as habilidades e imaginação dos pequeninos. 
	Ao expor o valor educacional das brinquedotecas, Santos (1997) afirma que:
[...] A principal implicação educacional da brinquedoteca é a valorização da atividade lúdica, que tem como consequência o respeito ás necessidades afetiva da criança. Promovendo o respeito á crianças, contribui para diminuir a opressão dos sistemas educacionais extremamente rígidos. (SANTOS, 1997,pg 14)
Para uma boa parcela da sociedade brasileira, a brinquedoteca foi a responsável pela oportunidade do ato de brincar, é a instituição que além de proporcionar prazer, traz novas reflexões tanto para os pais como para os educadores. Isso faz com que os adultos tenham uma nova forma de lidar com as brincadeiras infantis, também oferece valorização às atividades lúdicas. 
Na verdade o objetivo da brinquedoteca é resgatar o direito a infância, que outrora foi substituído pela tecnologia e falta de liberdade. O intuito é trazer a tona a sensibilidade e criatividade das crianças, buscar no mundo da imaginação a explicação para as coisas do mundo real, criar situações que se assemelham a realidade, tornar essas crianças capazes de enfrentar o mundo de forma mais prazerosa. 
Em seus estudos Santos (1997, p.14) descreve que os objetivos da brinquedoteca são:
Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem cobranças e sem sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo;
Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de concentrar a atenção;
Estimular a operatividade e o equilíbrio emocional das crianças;
Dar oportunidade à expansão de potencialidades;
Desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade;
Proporcionar acesso a um número maior de brinquedos, de experiências e de descobertas;
Dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar;
Incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora de desenvolvimento intelectual, emocional e social;
Enriquecer o relacionamento entre as crianças e suas famílias;
Nessa concepção de Santos (1997) é perceptível a valorização da criança no que compete a aceitação da brincadeira, a importância de mostrar a esses pequeninos o valor da brinquedoteca em seu desenvolvimento. Também serve para mostrar aos pais o quão necessário é a interação de seus filhoscom outras crianças. 
Atualmente é mais comum ver os pais levando os filhos a esses espaços, é uma conquista que acontece em longo prazo, pois essa conscientização de que a criança precisa brincar está sendo conquistada não somente em casa, mas também nas escolas, que antes atendia um ensino tradicional e que não tinha a brincadeira como fator educacional. 
Hoje as escolas brasileiras públicas ou privadas se renovam com construções de espaços destinados à brincadeira, e até as universidades já se atualizam com formação de pedagogos especializados para trabalhar o lúdico com as crianças. Entende-se que o ato de brincar faz parte da vida dos pequenos e que dessa forma eles terão uma melhor formação cognitiva. 
Pensando nisso as Universidades criaram espaço para atender essa necessidade, e de acordo com Santos (2000, p.59) “as Universidades, principalmente nas ciências humanas, buscam cumprir as metas de ensino, pesquisa e extensão e a capacitação de recursos humanos através do lúdico”. Nesses cursos de capacitação a brinquedoteca é vista como:
[...] um laboratório onde professores e alunos do Ensino Superior dedicam-se à exploração do brinquedo e do jogo em termos de pesquisa e de busca de alternativas que possibilitem vivências, novos métodos, estudos, observações, realizações de estágios e divulgação para a comunidade (SANTOS, 2000, p. 59).
Esses estudos propõe um aprofundamento sobre a questão do lúdico e seus benefícios na vida do ser humano. A pessoa que trabalha diretamente na brinquedoteca é chamada de brinquedista (ludotecário), e seu papel não é o de mero animador da criança, mas como um mediador do conhecimento, como aponta Negrine apud Roeder, (1997, p. 87):
[...] os pedagogos envolvidos com o lúdico se deparam com a tarefa de ter que traçar o perfil de uma profissão emergente, o brinquedista (ludotecário), isto é, aquele que deve ser preparado, não apenas para atuar como animador, mas também como observador e investigador da demanda dos usuários no âmbito das brinquedotecas. Tarefas desta dimensão social requerem uma formação consistente que nos atrevemos perfilar [...] formação teórica – formação pedagógica – formação pessoal. 
Portanto a função do brinquedista é distinta e muito importante, pois cabe a ele mediar esse conhecimento, seu papel é instigar a busca do aprendizado de uma forma mais prazerosa, e com isso um desenvolvimento emocional e cognitivo mais completo. O ato de brincar além de oferecer aprendizado muda a vida do ser humano se tornando um ato significante para ele enquanto criança. 
BRINQUEDOTECA: UMA NECESSIDADE ATUAL
Atualmente as transformações acontecem constantemente devido a era tecnológica, com isso a brinquedoteca enfrenta uma grande batalha, pois a sociedade já não dá muita importância para esses espaços destinados ao ensino aprendizagem, em que os jogos e brincadeiras exigem a imaginação, coordenação motora dentre outras atividades. 
Muitos pais já não possuem tanto tempo assim com os filhos, então preenchem o espaço com jogos eletrônicos que a cada dia fazem mais parte da vida das crianças. Esses jogos nem sempre contribuem para o aprendizado dos pequenos, outro fator que afasta as crianças das brinquedotecas consiste na ocupação demasiada de tarefas estipuladas pelos pais, natação, futebol, canto, cursinhos de inglês, espanhol, e tantos outros.
Os filhos ficam tão sobrecarregados que não tem mais tempo para uma atividade em que eles realmente sintam prazer em exercer. E os pais se afastam cada vez mais dos filhos, estão ocupados demais para perceberem a falta que faz esses momentos de lazer na vida dos pequenos. 
Há também os casos de crianças que precisam trabalhar para ajudar no sustento da família, com isso deixam de frequentar a escola e ficam cada vez mais distante do brincar. Essas crianças ficam expostas aos perigos das ruas e a margem da sociedade, pois são consideradas pela maioria marginais ou pessoas que não tem significado nenhum para a comunidade, elas passam despercebidas. 
Todos estão expostos à violência e isso é outro fator que também tem causado o distanciamento das crianças em relação às brinquedotecas e principalmente das brincadeiras que aconteciam antigamente na rua com a vizinhança. Hoje não se contempla mais crianças brincando de pega-pega, pique-esconde, brincadeiras de roda, etc., as ruas que antes eram cheias de crianças, atualmente dá lugar ao vazio, à marginalidade. 
Os pais não confiam em deixar seus filhos lá fora brincando, para suprir esse vazio de brincadeiras preenchem como já foi exposto com produtos eletrônicos. A liberdade dessas crianças consiste em pode na aquisição de produtos tecnológicos, já não é mais medida pela quantidade de brincadeiras que podem executar numa noite. 
As crianças deixam de ganhar um grande aprendizado quando se afastam do ato de brincar, pois essas brincadeiras ajudam a compreender o mundo e, por conseguinte as ações dos seres humanos em seus relacionamentos. Esse tipo de brincadeira faz com que a criança se descubra por meio da imaginação, elas trocam papéis, fazem de conta, ou seja, se colocam no lugar do outro. 
Wajskop (1997) aponta que:
A criança pode assumir outras personalidades, representando papéis como se fosse um adulto, outra criança, um boneco, um animal; A criança pode utilizar-se de objetos substitutos, conferir significados diferentes aos objetos, daqueles que normalmente estes possuem; Existe uma situação imaginária; As crianças realizam ações que representam as interações, os sentimentos e conhecimentos presentes na sociedade na qual vivem; As regras constitutivas do tema que orienta a brincadeira devem ser respeitadas. (WAJSKOP 1997).
O autor expõe bem a responsabilidade que tem a brincadeira na vida das crianças. Desenvolve um grande poder de criatividade e imaginação, elas fantasiam situações no mundo imaginário que podem servir para a realidade e as lições aprendidas servem para a vida toda. Sobre isso Froebel (apud KISHIMOTO, 2001, p. 74) afirma que “nas brincadeiras, a criança tenta compreender o seu mundo e reproduzir situações da vida”. 
Para desenvolver essas brincadeiras com mais segurança é que foram criadas as brinquedotecas, esse espaço pode mudar a vida de uma criança e até mesmo de um adulto, que pode se utilizar do local para fugir da loucura da vida cotidiana, sempre sem tempo, afundados no trabalho, incapazes de perceberem as coisas simples da vida.
Essa correria dos pais reflete na vida dos filhos, isso retira deles o tempo de frequentarem uma biblioteca, brinquedoteca ou até mesmo o tempo para um momento de lazer num parque ao ar livre, com isso se apegam cada vez mais a tecnologia. Atualmente se depende tanto dos produtos eletrônicos, que as pessoas acabam perdendo a possibilidade de raciocinar sozinhas ou até mesmo de usarem a própria imaginação. 
A sociedade precisa de uma filosofia de vida diferente, deixar de ser mais dependente da tecnologia e do capitalismo, e se habituar ao amor, carinho, e gestos cada vez melhor, como ajudar ao próximo. Para perder esse egoísmo precisam se relacionar com outras pessoas com gostos, culturas e ideias diferentes, e a brinquedoteca pode proporcionar essa miscigenação cultural.
1.3 A IMPORTÂNCIA DA BRINQUEDOTECA
	Alguns teóricos abordam sobre a importância do lúdico para o crescimento psicomotor das crianças dentre eles Piaget e Vygotsky. O brinquedo é visto por esses estudiosos como instrumento de desenvolvimento da criança, serve como incentivo para a busca do conhecimento. Vygotsky (1989) aponta que é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, para ele em vez da ação acontecer na esfera visual externa, acontece no interior da criança, nas motivações, no cognitivo, e tudo isso é ofertado pelos objetos externos. 
No momento da brincadeira a criança se sente mais livre isso decorre do fato de elas estarem em constante interação com outras crianças e se sentirem capazes de enfrentar os desafios que lhes são impostos. Nesse caso o brinquedo é vistocomo o objeto principal para que a brincadeira aconteça, é ele que vai proporcionar a imaginação, a criatividade, e a representatividade que a criança busca nesse momento de lazer. 
Diante do exposto percebe-se que a brincadeira pode oferecer a criança uma:
[...] "zona de desenvolvimento proximal" que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz. (VYGOTSKY, 1989, apud WAJSKOP, 2000, p. 35).
	Então como já foi citada, a criança acaba adquirindo uma motivação maior proporcionada pela brincadeira, isso a faz um ser repleto de saberes e com uma aquisição cognitiva muito maior do que os adquiridos por uma criança que não brinca. 
Esse bem estar que a brincadeira apresenta nem sempre é percebido pelos adultos, por isso privam as crianças de tais ações, nesse sentido é primordial mantê-los informados dos benefícios que as atividades lúdicas trazem a eles. O ato de brincar pode mudar a historia de vida de uma pessoa, e consequentemente fazer com que suas opiniões sejam revistas. 
Para enfatizar a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras na vida do ser humano, surge a brinquedoteca, um espaço reservado para as crianças brincarem e principalmente uma forma de valorizar cada vez mais o ato do brincar, a brinquedoteca atualmente é uma grande conquista para a sociedade. 
Esses espaços destinados as crianças devem ser bem estruturados, bem espaçosos para que elas brinquem livremente e expressem suas potencialidades e capacidades adicionais. Para Kishimoto (1990) apud Carvalho (2011, p. 28) “atualmente as brinquedotecas são consideradas espaços de animação sociocultural que se encarregam da transmissão da cultura infantil bem como do desenvolvimento e socialização, integração e construção de representações infantis”.
A brinquedoteca é um espaço cheio de amor, carinho, imaginação e fantasia, isso instiga o autoconhecimento da criança e também desperta a sensibilidade, afetividade e motivação. Para montar uma brinquedoteca, alguns fatores devem ser levados em conta, conforme Santa Marli Pires dos Santos (1997, p.99) “temos que mudar nossos padrões de conduta em relação à criança”, isso significa “abandonar métodos e técnicas tradicionais, buscar o novo, não pelo modernismo, mas pela convicção do que este novo representa”, ou seja, “acreditar no lúdico como estratégia do desenvolvimento infantil” (Idem, 1997, p.99). 
Ao mudar sua concepção sobre a brinquedoteca e a criança, o educador tem mais facilidade de alcançar o ensino aprendizagem, o lúdico deve ser utilizado como uma ferramenta de auxilio para que isso aconteça, e cabe ao adulto mediar esse conhecimento adquirido por meio da brincadeira. Como já foi explícita essa pessoa que vai conduzir as atividades lúdicas tem que estar bem preparada para receber as crianças na brinquedotecas. 
1.4 BRINCAR, UM DIREITO DA CRIANÇA.
	O conceito de infância teve grandes modificações com o passar dos anos, antes a criança era vista como um adulto em miniatura, não havia tratamento diferenciado, o brincar dava lugar as tarefas diárias de trabalho, não se davam muita importância para o momento de lazer dos filhos. 
	Essa vertente foi ganhando espaço cada vez mais com as publicações destinadas ao público infantil, que diferenciava a linguagem, o modo de contar as histórias, já apresentavam roupas diferenciadas e com isso foi se criando um novo modo de ver a criança. Assim também foi se construindo a ideia de que esta também precisava do seu momento de lazer. 
	A criança foi ganhando seu espaço, passou a ser mais valorizada, a sociedade percebeu que elas precisavam ser defendidas, diante disso foi criado o direito reservado a elas, isso garante sua dignidade e integridade. Evidentemente que esse direito varia no tempo e no espaço, nem sempre atendeu as mesmas exigências. Franco (2008) apud Soares (1997, p.2) esclarece que “diferentes culturas e momentos históricos dão origem a diferentes mundos da infância e, como consequência uma multiplicidade de direitos também necessariamente diferentes”.
Na verdade cada ambiente em que a criança vive traz a ela diferentes aprendizados, cada cultura oferece momentos inesquecíveis, e é dessa coletânea do tempo e do espaço que a criança constrói seu próprio mundo, por isso elas precisam de direitos que as protejam em diferentes contextos. 
Pensando na defesa desses pequenos, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227 aponta direitos fundamentais às crianças, dentre eles estão:
O direito à dignidade, à educação, à saúde, ao lazer, à alimentação, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à vida, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Estes são deveres a ser respeitados e efetivados conjuntamente pela família, pela sociedade e pelo estado de forma compartilhada (FRANCO 2008, p. 141).
A Constituição Federal de 1988 esclarece bem o dever que a sociedade, o Estado e a família têm em relação ao direito da criança e do adolescente, e que tais direitos devam ser cumpridos de forma rigorosa, isso pelo fato de que as crianças precisam dessa proteção por ser vulneráveis e indefesos. 
Muitos processos foram necessários em busca desse direito aos pequeninos, aconteceram reuniões, congressos e encontros importantíssimos para que se tornasse realidade uma legislação destinada à infância e adolescência. E nessa luta pode ser destacada, a Declaração sobre os Direitos da Criança de Genebra (DDC, 1924), a Declaração sobre os Direitos da Criança (DUDC, 1959) e a Convenção Internacional dos Direitos da Criança (CDC, 1989). 
Nesses encontros foram tratados tudo pertinentes a criança, sendo tratado a relação delas dentro de vários contextos e situações. Tudo que foi firmado nessas reuniões serviram para fazer parte de um direito específico para as crianças e adolescentes, e todos devem respeitar e fazer cumprir essa legislação, principalmente as instituições educacionais. 
Nesse sentido exposto, a escola em seu âmbito social tem o dever de garantir que a legislação pertinente à criança e aos adolescentes seja cumprida e que se tornem conhecidas por eles, pois cada criança deve saber quais são os seus direitos, mas que primordialmente saibam também quais são os seus deveres. É no ambiente escolar que a criança aprende a ser um cidadão com direitos e deveres, e assim começam a ser respeitados como ser constituinte do Estado. 
Ao tomar conhecimento das leis, a criança verá que o brincar faz parte de um direito seu, que se explícita no artigo 31 da CDC (1989) e exposto por Franco (2008, p.146) e descreve o seguinte:
Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem com a livre participação na vida cultural e artística. Os estados partes promoverão oportunidades adequadas para que a criança, em condições de igualdade participe plenamente da vida cultural, artística, recreativa e de lazer (CDC, Art. 31). 
O ato de brincar passa a ser reconhecido como um direito a liberdade da criança, pois ajuda a ter um desenvolvimento pleno e saudável. Se a sociedade promove esse direito, por conseguinte desenvolve também o bem estar social delas, além de proporcionar a formação da personalidade infantil das mesmas. 
Nas escolas deve se ter em mente que o ato de brincar tem que estar presente na vida dos seus alunos, por isso os professores devem adaptar suas metodologias e contextualizar os conteúdos formais com as atividades lúdicas, se possível cada instituição de ensino deve reservar um local apropriado para que as crianças brinquem livremente e assim o seu direito esteja parcialmente garantido. 
Os benefícios da brincadeira está implícito nos sentimentos que se extrai dela, e também nas tarefas em que a criança executa quando está brincando, assim Bettelheim(1989, p. 204) observa que “a dimensão “mágica” da brincadeira está no sentimento que a criança extrai dela, de que, mesmo sendo apenas uma criança, sujeita às restrições do mundo adulto, subitamente se torna senhora de si”. Ainda de acordo com o autor isso ocorre porque a própria criança estabelece a tarefa e executa sozinha sem a ajuda de ninguém. 
Para ele o brincar significa liberdade e oferece uma momento de empolgação, observe sua afirmação quanto aos resultados que o ato de brincar proporciona:
Existe mágica maior do que usar um artifício simples, sem significado, para qualquer outra pessoa e, por esse mesmo artifício, livrar-se de uma vida de servidão e ingressar numa de liberdade? É um segredo maravilhoso, ainda mais empolgante porque ninguém pode adivinhá-lo, especialmente os adultos (BETTELHEIM, 1989, p.204).
No mundo do faz de conta tudo pode acontecer, então a criança se sente livre para criar e imaginar, é nesse contexto que a liberdade é garantida a elas, pois estabelecem suas tarefas e executam sozinhas sem a menor preocupação de interferência de um adulto. 
Para garantir esse direito à brincadeira é imprescindível a disposição de lugares apropriados e bem estruturados para receber as crianças, é nesses locais que elas vão encontrar a liberdade de que precisam para brincar sem riscos, os locais podem ser privados ou públicos, o que importa é que seja bem preparado para oferecer lazer e aprendizado. 
A brinquedoteca, atualmente, tem se tornado uma necessidade já que as crianças estão cada vez mais enclausuradas em seus quartos e salas, frente ao computador e a televisão diminuindo sua interação com outras crianças e até mesmo com outras pessoas. Quando podem brincar se restringe a espaços como shoppings e condomínios sujeitos a regras. , pois além de não terem a disposição dos espaços citados, são obrigadas a assumirem funções domesticas ou ingressam precocemente ao mercado de trabalho (REDUIK; RAMADAN; GOBBO, 2003, p.79). 
A escola tem que dispor desses locais apropriados para que a criança brinque de forma livre, mas com cunho educativo. Os locais destinados a brincadeira devem ser espaçosos e estruturados para que elas executem as atividades sem medo de quebrar alguma coisa e principalmente para que possam brincar sem pressa. 
Então as ideias sejam elas imaginárias ou reais, são formadas a partir da variedade do contexto, nesse caso da disponibilidade dos brinquedos e dos jogos e do espaço para que as atividades aconteçam, tanto as crianças como os adultos precisam de elementos externos que contribuem para a formação dessas ideias. De acordo com Bettelheim (1989):
Do mesmo modo que o adulto criativo precisa brincar com as idéias, a criança, para formar suas idéias, precisa de brinquedos – e de muita tranquilidade e liberdade de ação para brincar com eles como quiser, e não do jeito que os adultos acham apropriado. É por isso que precisamos dar-lhe essa liberdade, para que sua brincadeira seja bem sucedida e proveitosa (BETTELHEIM, 1989, p.172).
	Portanto o direito ao brincar além de ser assegurado por lei favorece o desenvolvimento psicomotor da criança. Também contribui para um relacionamento melhor de forma saudável e harmônica. E cabe a sociedade oferecer a criança o espaço específico para que a criança possa brincar livremente, nesse caso as construções das brinquedotecas são essenciais. 
2 BRINQUEDOTECAS 
Esse capítulo tem o intuito de fazer uma abordagem sobre o que é a brinquedoteca, qual o seu objetivo em relação ao desenvolvimento da criança. E também apontar os tipos existentes e como funciona cada um desses modelos. 
2.1 - SUAS DEFINIÇÕES 	
	Ao iniciar a brinquedoteca tinha o objetivo apenas do empréstimo dos brinquedos, era uma forma de oferecer divertimento às pessoas que não tinha condições. Com o passar dos anos essa concepção de emprestadora de brinquedos foi se modificando e novas definições foram surgindo, uma delas é a importância da ludicidade para a formação cognitiva da criança e para a interação delas com outras culturas, que posteriormente traz grande significados no quesito aprendizagem. 
	Outro exemplo da brinquedoteca na vida da criança consiste no desenvolvimento dos seus valores promovidos pela socialização. Além das brincadeiras de faz de conta, os jogos também são ferramentas poderosas para o crescimento dos pequenos. 
	As atividades lúdicas abraça um valor sociológico em que “[...] a comunicação, a convivência e a interação grupal servem para humanizar o indivíduo, onde a âncora pedagógica é o jogo, isto é, instruir-se deleitando-se. (NEGRINE apud SANTOS, 1997, p. 86 apud FERNANDES, 2012, p.32).
	Ao realizar estudos se descobriu a importância do brincar para a criança e junto pode ser percebido a brinquedoteca como um espaço para o desenvolvimento dos pequenos, então passaram a atribuir à esses espaços os diferentes significados, objetivos e funções, o desenvolvimento dos seus clientes depende muito do contexto em que elas estão inseridas. 
	Por mais que a brinquedoteca seja um espaço reservado para as crianças não se pode obrigá-las a participar de alguma atividade da qual não esteja a fim e nem frequentar o espaço de forma arbitrária, pois dessa forma se perde o objetivo principal da brinquedoteca, que é o de ensinar brincando de forma prazerosa, o ensino por meio das brincadeiras tem que acontecer de forma espontânea.
	Para atender a demanda de forma satisfatória, as brinquedotecas recebem classificações e funções distintas por diversos fatores como:
	
Situação geográfica, as tradições e cultura de cada povo, o sistema educacional, os materiais e espaços disponíveis, os valores, as crenças e os serviços prestados. Independente de cada tipo é sempre preservado o aspecto lúdico como fator primordial que assegura o direito de a criança brincar (AZEVEDO, 2008 apud FERNANDES, 2012, p.33).
Na verdade a criação desse ambiente possibilitou a troca das ruas que são cheias de perigos, para um local em que muitas crianças se reúnem para brincar com mais segurança. Nesses lugares, as crianças além de poderem brincar livremente ainda interagem com as outras como já foi citado. 
É imprescindível que nesses lugares destinados a criança também aconteça o ensino aprendizagem e que a criança se sinta livre ao brincar. Cada brinquedista que se habilita a esses ambientes devem compreender o objetivo ao qual foi criada a brinquedoteca. Também deve proporcionar a criatividade em suas atividades programadas, para isso tem que conhecer seu público e os tipos de brinquedotecas disponíveis para atender cada contexto. 
2.2 MODELOS DE BRINQUEDOTECAS
	É importante reconhecer como funciona cada modelo de brinquedoteca, assim fica favorável o planejamento de atividades para cada uma, pois não é somente organizar o local e vigiar as crianças para que sejam satisfatórios os serviços prestados por essa diversificação educacional que é a brinquedoteca. Cabe também saber planejar e adequar as atividades, jogos e brinquedos a cada meio social. Pensando nisso vale observar as diferenças entre as brinquedotecas, e, por conseguinte analisar a que tipo de público elas poderiam atender. 
2.2.1 Brinquedoteca de bairro
	As brinquedotecas de bairro tem o objetivo de integrar e socializar as crianças do bairro e também de bairros vizinhos, na maioria das vezes essas crianças não tem onde brincar e com que brincar, então cabe a esse ambiente promover as atividades para os clientes do local. 
	Assim as crianças fazem novas amizades, brincam, trocam ideias, aprendem culturas diferentes e formam sua própria opinião. Esses locais estão abertos para receber não somente as crianças, mas também a família delas e outras pessoas que queiram acompanha-las. E quando isso acontece, os adultos também tiram proveito em aprendizado, eles também são sujeitos desse ensino tanto quanto as crianças. 
	As brinquedotecas de bairro para serem montadas precisam do auxílio e parceria da comunidade e outros.Azevedo apud Fernandes (2008, p.34) aponta que “as brinquedotecas de bairros são montadas com a participação dos moradores do bairro e de associações, e tem como suas mantenedoras as próprias associações, as prefeituras e entidades filantrópicas”. 
	Para que a brinquedoteca não se torne uma instituição falida no bairro, a comunidade local e vizinha, as crianças, associação de moradores e prefeitura precisam trabalhar em conjunto na organização e preservação do espaço e estejam envolvidos na execução e mantimento financeiro dos projetos, que podem receber doações ou promover atividades festivas para angariar fundos. 
2.2.2 Brinquedoteca bibliotecas	
	Assim como acontecia com a primeira brinquedoteca do mundo, a brinquedoteca biblioteca também tem a finalidade de fazer empréstimos de brinquedos, a intenção é atender as crianças que por algum motivo não pode adquirir um brinquedo. 
Então esse espaço possibilita a diversão dessas crianças, nem que seja por algumas horas, esse detalhe leva cada vez mais o público a esse tipo de modalidade, pois elas locam um brinquedo por algum tempo e quando se farta de brincar loca outro diferente. Dessa forma a cada dia o espaço fica mais cheio de crianças a procura de diversão. 
2.2.3 brinquedotecas itinerantes
	Essa modalidade é conhecida como brinquedotecas ambulantes, móveis ou circulantes. Geralmente são montadas dentro de um veículo ou circo, por ser móveis alcança diversos lugares levando alegria e conhecimento à criançada de diferentes culturas, idades, classes sociais e culturais. 
	A permanência dessas brinquedotecas nos locais por onde passam, depende muito da estrutura e do clima, o período pode ser longo ou curto. Nesse tipo de espaço, além dos brinquedos, pode se ter uma caravana teatral para apresentar histórias para as crianças. A programação das atividades pode ser planejada de forma que os dias em que a brinquedoteca esteja instalada num certo local ofereça muita diversão e brinquedos.
O importante é conscientizar a comunidade dos cuidados com os brinquedos e jogos que compõe essa modalidade, pois são disponíveis por onde passam então se não zelarem pode não servir mais para o uso em outra comunidade. Com isso se trabalha a socialização e organização dos materiais utilizados e ainda garante o direito que a criança tem ao ato de brincar. 
2.2.4 Brinquedotecas rodízios
As brinquedotecas “rodízios” se assemelham as brinquedotecas “itinerantes”, a diferença entre ambas consiste na finalidade. Enquanto a itinerante permanece no local até as crianças brincarem, a rodízio passa fazendo o empréstimo de brinquedos e na volta que demora um tempinho vem recolhendo os brinquedos emprestados. 
É uma forma também de levar a oportunidade e o direito de brincar às crianças que não tem condições. Geralmente esses empréstimos acontecem em bairros de baixa renda, ao qual a criança não tem a possibilidade de comprar os brinquedos. Nessa modalidade também há conscientização dos cuidados que deve ter ao emprestar o material, nas mesmas condições em que foi deixado deve ser recolhido. 
As crianças acabam aprendendo a ter uma responsabilidade maior, pois sabem que se não cumprir as regras estabelecidas não poderá locar outro brinquedo quando esta brinquedoteca voltar em seu bairro. Portanto qualquer uma das modalidades tem o objetivo de trabalhar a socialização, organização, responsabilidade, criatividade e sensibilidade das crianças. 
2.2.5 Brinquedotecas temporais 
	As brinquedotecas temporais como o nome aponta são montadas por tempo determinado em grandes eventos como, festas, congressos, feiras culturais e outros. A função é atender a demanda de crianças presentes no local enquanto os pais participam dos eventos. 
Essa modalidade ajuda aos pais que precisam levar os filhos ao evento, e também é uma forma de organizar o local, já que em muitos casos são comemorações que não interessam as crianças. Os pais sentem-se despreocupados por saber onde estão os filhos e também realizados por poderem gozar do evento com despreocupação. 
Nessas brinquedotecas assim como as outras também são promovidas atividades com o intuito de levar diversão e aprendizado às crianças. 
2.2.6 Brinquedotecas universitárias 
	Esse tipo de brinquedoteca tem o objetivo de trabalhar a formação dos educadores e profissionais que lidam diretamente à educação da criança. É durante a formação que os educadores têm a possibilidade de conhecer as metodologias que edificam seu trabalho com os alunos. Nessa fase da busca do conhecimento, os professores em formação podem se aprofundar no mundo dos brinquedos e dos jogos e assim encontrar alternativas para trabalhar o lúdico na educação infantil. 
	O acadêmico enquanto busca aprender sobre as atividades lúdicas também começa a se conhecer. Essa fase para ele também é de autoconhecimento, as brinquedotecas universitárias proporciona aprendizado e também serve como suporte para desenvolver o eu do educador, ele se coloca no lugar da criança e vive as duas posições de sujeito ativo e passivo. 
2.2.7 Brinquedotecas hospitalares
	Quando as crianças perdem o direito à liberdade por conta de uma enfermidade e são submetidas a longos períodos de internações em hospitais acabam se entediando e muitas vezes adquirem traumas por causa das mudanças repentinas de suas rotinas, que podem acompanha-las para o resto de suas vidas. 
Como o hospital representa um lugar frio e sombrio e tem sinônimo de dor e sofrimento, criaram-se a brinquedoteca hospitalar com o objetivo de oferecer alegria e diversão às crianças. É uma forma de amenizar os possíveis traumas e muitas vezes fazer com que os pequenos esqueçam um pouco da tensão, do medo, das dificuldades e dos sofrimentos pelo qual estão passando. Na verdade a brinquedoteca pode ser considerada um local que funciona como uma terapia para a recuperação das crianças. 
Nos esses ambientes estruturados dentro dos hospitais, as crianças se envolvem com os brinquedos e jogos de uma maneira tão intensa que acabam esquecendo as tensões pelo qual estão passando no momento. A pessoa que trabalham nas brinquedotecas hospitalares tem que ser bem preparadas, pois lidam com crianças que tem seu psicológico abalado, cabe ao brinquedista avaliar e conduzir a brincadeira com a criança. 
Nos hospitais a estrutura pode envolver também a contagem de histórias e livros destinados a adultos e crianças. A instituição montada dentro do hospital pode desenvolver um trabalho pedagógico para as crianças que estão internadas por um longo período, assim podem oferecer também o acompanhamento escolar, já que a criança estará privada do direito de frequentar a escola. 
Para desenvolver esse trabalho pedagógico vai depender da estrutura de cada brinquedoteca montada dentro dos hospitais, pois algumas atendem somente as brincadeiras que são ferramentas para retirar os pequenos do ócio e do tédio. 
2.2.8 Brinquedotecas escolares
	A brinquedoteca escolar talvez seja uma das principais dentre as modalidades apresentadas. Essa afirmativa se da pelo fato de receber uadm número muito maior de crianças, pois quando se refere a um bairro ou um local como os hospitais, cita-se somente uma parcela da sociedade. Agora quando se trata de escola supõe um numero maior de sujeitos, já que todos assegurados por lei tem o direito de frequentar a escola. O ideal era que todas as escolas contassem com uma brinquedoteca em suas dependências, mas é uma realidade ainda distante para muitas escolas brasileiras. 
	As escolas que não possuem um lugar reservado para as crianças brincarem (brinquedoteca) promovem suas brincadeiras no pátio ou num espaço necessário para que elas aconteçam. Mas o importante atualmente é que o aprendizado não pode acontecer separado das atividades lúdicas, por entender que a brincadeira faz parte da vida da criança e é um fator de influência para promover o crescimento psicomotor da criança. 
	Geralmente as escolas infantis possuem brinquedoteca, nesse início de descoberta a criança necessita participarde brincadeiras e jogos para socializar e assimilar o conteúdo com mais facilidade. Mas não é somente a educação infantil que precisa das atividades lúdicas, alunos maiores também aprendem com mais facilidade quando são ensinados de forma mais dinâmicas. 
A brinquedoteca é um lugar de brincar, e este ato está presente na vida de qualquer criança, independente de sua escolaridade, por isso pode-se encontra-la também em outras modalidades de instituição escolar, e não apenas na Educação Infantil. (TEIXEIRA, 2010 apud FERNANDES, 2012, p.37).
Quando são propostas brincadeiras para crianças maiores ou pré-adolescentes se percebe uma melhor desenvoltura no aprendizado, elas também se interessam pelo mundo dos brinquedos e dos jogos, mesmo sendo uma raridade ainda é possível encontrar brinquedotecas em instituições de ensino destinadas a crianças maiores. 
No momento das brincadeiras, o professor deve observar o comportamento, modos de brincar, a interação entre os colegas, a reação ao propor divisão de brinquedos, a desenvoltura na hora das brincadeiras dirigidas, dessa forma o educador tem a possibilidade de traçar um perfil dos seus alunos e elaborar o melhor método para aplicar durante as aulas. 
Durante as brincadeiras dirigidas, o professor deve desafiar os alunos para estimular o pensamento e a criatividade de cada criança. Mas cada brincadeira deve respeitar a idade e maturidade da criança e também pode ser conciliada com o conteúdo programático. Fernandes (2012, p. 49) aponta que:
Ao propor as brincadeiras dirigidas o professor pode também direcionar está aprendizagem a conteúdos específicos utilizando para isso os “chamados brinquedos pedagógicos” como ensinar Português com o Loto Leitura, Matemática com Blocos Lógicos, Ciências com bichinhos de borracha ou pelúcia entre tantos outros de forma divertida e prazerosa. (FERNANDES, 2012 p. 49)
Mas para que a metodologia e o aprendizado das crianças tenha eficácia, os educandos precisam ser bem formados para atuar com os brinquedos e as crianças. 
2 .3 O PAPEL DO PROFESSOR NA BRINQUEDOTECA
	Um professor para atuar em uma brinquedoteca, deve ser bem capacitado, pois sua missão é conduzir as crianças a um mundo desconhecido, imaginário, e ainda fazer com que ela tire conhecimento de cada momento de lazer. Como ficou explícita, a ludicidade vista como uma ferramenta pedagógica pode proporcionar o aprendizado aos alunos. 
Ao entender a educação como um processo historicamente produzido e o papel do educador como agente desse processo, que não se limita a informar, mas ajudar as pessoas a encontrarem sua própria identidade de forma a contribuir positivamente na sociedade e que a ludicidade tem sido enfocada como uma alternativa para a formação do ser humano, pensamos que os cursos de formação deverão se adaptar a esta nova realidade.(SANTOS,1997, p.13).
Atualmente esse dever de levar o ser humano a encontrar sua identidade cabe ao professor, as atividades lúdicas tem sido uma grande aliada para a formação do ser humano. Por isso muitos cursos de formação estão se atualizando e inserindo atividades com jogos e brinquedos nos currículos dos professores. 
	Trabalhar a ludicidade com as crianças é uma forma de resgatar a cultura e os princípios que elas carregam e que por horas são trocados pelo astigmatismo ofertados pelos jogos eletrônicos e televisão. A criança passa a utilizar mais o corpo e a mente durante as brincadeiras, e dessa forma começa a construção do pensamento racional e emocional. 
	Então para oferecer esse brincar com mais segurança, cria-se um espaço para tal, a brinquedoteca. O docente para atuar numa brinquedoteca tem que ser ciente de que o ato de brincar não é somente um direito da criança, mas também uma ferramenta pedagógica para ensiná-la com mais facilidade. Santos (1997) apud Fernandes (2012, p.39) demonstra que para trabalhar diretamente com a Educação Infantil o educador precisa se estruturar em três níveis:
A “formação teórica” deve estar fundamentada nas principais teorias que falam sobre o desenvolvimento e a aprendizagem infantil e as diversas metodologias para a pré-escola, analisando suas diferenças e os modelos em que estão situadas. A “formação pedagógica” deve dar oportunidade para que os estudantes, no decorrer do curso, experimentem como é a vivência com relação à clientela que irá atender cujo objetivo é dar oportunidade de convivência com as crianças e que possam refletir sobre o que estudam na teoria. A “formação pessoal” ou “formação lúdica” é tida como uma novidade na formação de professores de crianças em idade pré-escolar, pois favorece ao professor em formação conhecer suas possibilidades e limites corporais e pensar sobre elas. Além da formação com 40 práticas corporais, deve enfocar principalmente as atividades onde esses profissionais possam brincar, não com o intuito de voltar à infância, mas de ter de volta a ludicidade perdida ao longo do tempo.( FERNANDES 2012 p, 39 apud SANTOS 1997 p, 39).
Dentre os três níveis apresentados destaca-se a formação pessoal, pois possibilita ao profissional a capacidade de compreender como se dá o processo de interação da criança. “Os objetivos da formação pessoal do profissional da educação, por um lado, possibilita melhor compreensão da criança, do prazer e desprazer que poderá vivenciar ao realizar certas atividades quando interage com os iguais [...]” (NEGRINE, 1994, p.40 apud FERNANDES, 2012, p.40)
Por outro lado esse nível também prepara o profissional para “uma atitude de escuta e, ao mesmo tempo, maior disponibilidade corporal, compreendendo, assim, melhor a criança” (NEGRINE, 1994, p.40 apud FERNANDES, 2012, p.40).
O mestre começa a perceber que por meio das atividades lúdicas, a criança demonstra sua afetividade, maneira de pensar e de agir. É desses momentos que o professor vai tirar proveito para usá-lo diante das situações em sala de aula para a construção dos novos conhecimentos. 
De acordo com as observações em instituições escolares, pode se perceber que os professores são sobrecarregados e detêm suas horas de trabalho a elaborar planejamentos, correções de provas, e preenchimento de papeis. Essa falta de tempo acaba retirando o brincar das salas de aula, não pode ser apenas o professor o único interessado nas brincadeiras como parte do aprendizado das crianças. A escola também deve se organizar de maneira que cumpra o que é proposto pelo sistema e ainda faça cumprir o que é de direito da criança. 
Para que o brincar contribua de forma significativa no processo de desenvolvimento da criança é de suma importância a interação/mediação entre a criança e o brinquedo, e também um profissional capacitado para conduzir o momento de brincadeiras. Esse profissional é chamado dentro do ambiente da brinquedoteca de “Brinquedista”. 
Entende-se que o brinquedista, antes de tudo, deva ser um educador, ou seja, antes de ser especialista em brinquedos, ele deve ter em sua formação conhecimentos de ordem psicológica, pedagógica, sociológica, literária, artística, enfim, elementos que lhe dêem uma visão de mundo e um conhecimento sólido sobre criança, brinquedo, jogo, brincadeira, escola, homem e sociedade ( SANTOS, 1995, p.11-12).
	Há diversas áreas dentro da educação e o brinquedista tem que conhecer um pouquinho de cada uma delas. Santos (1995) declara que na atualidade para que aconteça a formação de um educador brinquedista, é necessária que as universidades atualizem seus currículos a essa nova realidade, pois a ludicidade é uma forma muito interessante de ensinar e prazerosa de aprender. Além do mais, é também uma busca pela formação completa do educando, ele sai da universidade apta para trabalhar com alunos de todas as idades. 
2.3 1 Organização e funcionamento de uma brinquedoteca
Em sua estrutura, a brinquedoteca tem que ser bem equipada e pensada para atender cada criança e suas necessidades. O ambiente tem que ser organizado, calmo e bem amplo para facilitar o movimento das crianças, os móveis devem ser feitosde madeira com as pontas arredondadas para segurança das crianças, o piso deve ter cor clara para facilitar a higienização e nas paredes pode reinar a imaginação com imagens coloridas e alegres. 
A disponibilização do brinquedo deve respeitar a faixa etária de cada criança, os jogos e brinquedos de peças maiores devem ser ofertados às crianças menores para evitar acidentes com pequenas peças. No geral, todos os materiais e objetos disponíveis na brinquedoteca devem ser bem coloridos e atraentes, com pesos e formas diferentes para prender a atenção das crianças. 
Diariamente tem que acontecer a higienização do local e dos brinquedos, mas o material de limpeza tem que se dispor em ambientes diferentes, reservados em um almoxarifado ou despensa, pois devem ficar longe do alcance das crianças. 
Já no ambiente escolar, a brinquedoteca deve ter horários de funcionamento adequado aos horários dos alunos, pode ser utilizada na entrada e na saída, nos intervalos e/ou durante atividades pedagógicas proposta pelo professor. Mesmo funcionando numa escola é preciso de alguém que saiba conduzir as crianças com eficiência, por isso bater na mesma tecla de que o professor tem que ter uma boa formação e sair da universidade um educador brinquedista. 
A interação dentro do ambiente escolar é uma necessidade, e ainda precisa atender a diversos públicos, por isso várias modalidades de atividades lúdicas tem que ser disponibilizada, como: o cantinho do faz de conta, da leitura, dos jogos com pequenas peças, dos jogos com equipes, do teatro, dos brinquedos, e a melhor forma de atender a essas necessidades é uma brinquedoteca bem estruturada. 
3 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO DA CRIANÇA POR MEIO DE ATIVIDADES LÚDICAS
	Ao brincar a criança expressa a satisfação e o prazer que a brincadeira proporciona, por isso é importante que ela passe todas as fases de sua vida de acordo com sua idade, e é na infância que o ato de brincar se torna mais presente. Nesse período, os sentidos são estimulados aguçando as funções sensoriais, motoras e emocionais. 
	Essa atividade eleva o nível intelectual da criança e possibilita aos pequenos a convivência com situações que envolvem uma variedade de sentimentos e situações encontrados no cotidiano. Com isso elas criam um novo mundo, assumem diferentes papéis, aprendem a manusear objetos que muitas vezes pertence ao mundo do adulto.
	A brincadeira além de ser um direito da criança é um mecanismo essencial para ensinar, por isso deve oferecer à criança a sensação de liberdade, porque no mundo imaginário delas não há problemas pertinentes ao mundo real. Reservam-se num mundo em que não há dores, tristezas, injustiças, violências, enfim vivem a idealização de um contexto ao qual podem fazer e desfazer situações problemáticas. 
	Atualmente esse espaço imaginário está ficando cada vez mais distante, pois a mídia digital e os jogos eletrônicos estão tomando de conta da vida das crianças, e para não perder o laço com as brincadeiras consideradas “sadias”, no sentido de desenvolvimento total da criança, é que se propõe a brinquedoteca. 
O ideal é que haja o incentivo para as brincadeiras tradicionais que envolvem o corpo, mente e interação social, não que os jogos eletrônicos não desenvolvam a criança, muito pelo contrário, no quesito desenvolvimento psicológico são tão bons como quanto qualquer brincadeira, o problema das brincadeiras com aparelhos eletrônicos consiste no fato de a criança passar muitas horas sentadas e na maioria comendo sem praticar qualquer atividade física o que causa a obesidade e o sedentarismo. 
Nessa vertente incentivar o lúdico também é uma forma de proporcionar saúde às crianças, além de ser algo prazeroso para elas. 
O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, cultural, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para a saúde mental, prepara para a um estado interior fértil, facilita os processos de socialização comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS, 1997, p.12)
O ato de brincar não é algo remoto essa prática sempre existiu, as formas de brincar e os objetos da brincadeira que são renovados a cada contexto, cada geração tem uma forma diferente de brincar, mas o importante é que seja respeitado esse direito que a criança tem de brincar. Se a legislação assegura isso aos pequenos, é porque já houve um estudo que comprovasse a importância desse tipo de lazer durante a infância. 
3.1 O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA CONCEPÇÃO DE VYGOTSKY
Para Vygotshy (1991) existem outras maneiras que não está relacionada ao brincar de oferecer prazer à criança, como é o caso da chupeta. Mas nenhuma dessas formas desenvolve a criança como a brincadeira. Ao brincar a criança aprende a “ganhar” e “perder”, esse fato muitas vezes provoca um desconforto a criança, isso acontece quando o resultado não é favorável a elas, mas é assim que elas aprendem a lidar com o indesejado. 
Para Vygotsky (1991), o brinquedo tem o poder de preencher necessidades que nem sempre a criança pode satisfazer de outro jeito. Por exemplo, quando assume em seu mundo imaginário o papel de um adulto e começa tomar as decisões que lhes convém. Esse tipo de atividade somente é possível no mundo da imaginação e da brincadeira, porque na realidade em que ela vive as decisões são tomadas por um adulto. 
Então não se pode ignorar que por meio do brinquedo a criança satisfaz suas necessidades, e se torna imprescindível que o adulto a entenda nesse momento e respeite esse seu direito. O desenvolvimento infantil parte de uma esfera diferenciada, pois é no “[...] brinquedo que as crianças aprendem a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos” (VYGOTSKY 1991, p. 126). 
O brinquedo no ponto de vista do autor se torna uma solução para as tensões criadas pela criança, também satisfaz desejos inalcançáveis no plano do mundo real, seja pela impossibilidade física e mental ou por não ser um adulto. 
Nesse plano imaginário também existem regras e as crianças devem obedecer as regras de cada papel assumido por elas, nos jogos as regrinhas são explícitas e a criança brinca sabendo o que deve ser obedecido, já nas brincadeiras do faz de conta, as regras existem e são implícitas, nesse caso eles cumprem regras sem perceber de forma natural. 
É nessa premissa que o autor relata em suas obras sobre a criança e o brincar. Para Vygotsky (1991) há um envolvimento de dependência do mundo imaginário e a realidade, um precisa do outro, por exemplo, num jogo de basquete os jogadores devem respeitar as regras, mas ao mesmo tempo precisam usar a imaginação para bolar suas jogadas. 
Portanto, essa concatenação dos dois mundos leva o ser humano a uma Zona de Desenvolvimento Proximal, pois mesmo de forma imaginativa a criança realiza atividades acima de sua capacidade. 
3.2 DESENVOLVIMENTO AFETIVO A CRIANÇA EM CONTEXTO COM A LUDICIDADE
A criança brinca desde o ventre da mãe, algumas pesquisas apontam que os movimentos do feto dentro da barriga da mãe como, chutar, chupar os dedinhos e outros são formas de distração que o bebê encontra naquele pequeno espaço. Para os pesquisadores isso é um ato de brincar que a mãe dá continuidade quando a criança nasce, seja ao amamentar, ao conversar e oferecer brinquedos que vão acompanhar a criança até a fase adulta. 
Esse comportamento construído pelas ações da mãe desde a gravidez determina as ações que a criança terá ao longo de sua vida. Ela proporciona ao bebê enquanto amamenta e se relaciona com ele um laço físico e afetivo, é nesse momento que a criança começa a descobrir o mundo exterior e posteriormente desenvolver o ato de brincar. 
A medida que o bebê cresce passa por vários níveis de desenvolvimentos, que abrange desde o reconhecimento de sons, toques, até o período que começa a engatinhar, antes todos os objetos eram trazidos até ele, desse momento emdiante o bebê consegue alcançar os objetos e pegar aquele que mais lhe agrada. 
A partir do primeiro ano de vida o interesse da criança vai além dos objetos que a cerca, nessa fase começa a se interessar por jogos de encaixe, quebra-cabeças, monte e desmonte, abrir/fechar, e outros. A capacidade e os interesses se modificam de acordo com o seu crescimento, cada etapa a criança desenvolve melhor uma área, seja ela afetiva, física, linguagem ou até mesmo curiosidade e criatividade. 
A criança passa por todas as fases até chegar a adolescência, nesse período os brinquedos deixam de ter aquela importância de outrora, mas surgem outras atividades lúdicas que irão fazer parte dessa etapa, como os jogos, teatros, músicas, mímicas. Somente dessa forma o mundo da imaginação faz sua contribuição para os adolescentes, pois os brinquedos já não são tão atrativos nesse período de transição de personalidade. 
É nessa época que outras descobertas acontecem, o corpo passa a ser o alvo principal e a inocência da infância passa a dar lugar às situações reais do cotidiano. O imaginário somente acontece quando esse adolescente está disposto à atividades mencionadas anteriormente, caso contrário, se não pratica nenhuma delas está submetido a ser uma pessoa adulta com responsabilidades. 
Portanto as atividades lúdicas acompanham todas as etapas de desenvolvimento de uma criança, e é essencial ao seu crescimento, o que elas precisam é da orientação e auxilio de um adulto. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Portanto essa pesquisa aponta o quanto é importante as atividades lúdicas para as práticas de ensino das crianças. Ao brincar elas satisfazem o seu ego e exploram os seus desejos mais obscuros. Na verdade a criança descobre um mundo novo que de forma prazerosa lhe ensina limites, respeito, socialização e ainda proporciona exercer toda a criatividade que a criança carrega e que pode não ser explorada por falta de alguém que a instigue. 
	A forma mais viável e segura para que essas atividades aconteça é a brinquedoteca, nesses espaços, geralmente possuem brinquedos disponíveis à diversas faixa etária e ainda disponibiliza uma pessoa para orientá-los da melhor forma possível. 
	Nesse caso a brinquedoteca aliada à escola ganha uma função ainda maior que é a de conciliar os conteúdos programáticos com as brincadeiras. Assim as crianças exploram por completo sua área de desenvolvimento, aprendem brincando aquilo que vai acompanha-los por toda a vida. 
	Promover jogos e brincadeiras para a Educação Infantil se torna ainda melhor quando as atividades são realizadas de acordo com a vontade da criança, pra isso a brinquedoteca exerce o seu papel, que é o de um espaço com uma grande variedade de brinquedos para que as crianças possam usufruir forma mais tranquila e longe dos perigos das ruas. 
	A parte mais interessante da brinquedoteca é que os brinquedos e jogos tomam o espaço sem deixar brechas para os eletrônicos, dessa forma as crianças precisam usar mais a imaginação e criar momentos para a diversão. Isso contribui para o seu crescimento enquanto ser humano, mas contribui melhor para o seu papel de aluno, pois é uma forma de aquisição de conhecimentos dos conteúdos formais. 
	Se por um lado as crianças se privam das brincadeiras por causa da marginalidade e dos perigos nas ruas, por outro encontram na brinquedoteca a segurança almejada pelos pais para que possam brincar mais livremente. Nesses espaços é evidente que a criança constrói sua personalidade, pois aprendem muito, e ao contrário do que várias pessoas pensam a brinquedoteca, atualmente, em contexto com a escola, tem sido um espaço de socialização e aprendizado. 
	Esse local é considerado pelas crianças um espaço particular, somente delas, e mesmo que as brincadeiras sejam livres, o aprendizado acontece. Da forma mais natural, a criança vai construindo sua habilidade e acima de tudo o seu conhecimento, tudo ocorre rapidamente porque quando a criança é inserida na escola espera que nesse ambiente seja um lugar de sonhos e magia, e a brincadeira é a principal ferramenta para oferecer isso à criança. 
	Dessa forma, é preciso repensar no papel da brinquedoteca, ela deve ser vista como um suporte, um ambiente para ajudar na educação das crianças e não como um lugar que elas vão somente para passar o tempo sem nenhum proveito. A educação precisa ser vista com outros olhos, assim como a brincadeira, os jogos e todo tipo de criação. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BERNARDI, Lília Maria Mendes. Brinquedoteca: Um Espaço de Construção de Aprendizagens na Formação de Professores. Disponível em <http://www.unl.edu.ar/iberoextension/dvd/archivos/ponencias/mesa3/brinquedoteca-um-espaco-de-c.pdf >.Acesso Dia 10/10/2013.
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