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RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Ética, Normas, Direitos e Deveres dos Médicos Imaginologistas Adaptado por Lutero Marques de Oliveira Av. Paulista, 37 - cj. 71 São Paulo/SP CEP: 01311-902 www.cbr.org.br SOBRE O LIVRO Nos últimos anos, o distanciamento entre médicos e seus paciente tem se mostrado cada vez maior. A atividade médica, como preconizada por Hipócrates, vem progressivamente perdendo seus contornos éticos e, boa parte dela, vivencia um processo de mercantilização que a tem levado a inúmeras ações judiciais contra médicos de várias especialidades, incluindo os que se dedicam à Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Este livro é uma contribuição do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) no sentido de recuperar a verdadeira natureza da especialidade, oferecendo subsídios para que os médicos imaginologistas possam reavaliar a relação médico-paciente e também com os demais profi ssionais de saúde com os quais interage. Com linguagem simples e embasada pela legislação em vigor, esta obra foi adaptada pelo assessor da presidência do CBR, Dr. Lutero Marques de Oliveira, de um livro de igual perfi l editado pela Sociedade Brasileira de Patologia. Ela não possui a pretensão de apresentar soluções imediatas para todos os confl itos citados, mas oferece aos imaginologistas informações importantes que o ajudarão a trilhar o caminho da ética no exercício da profi ssão. SOBRE O CBR O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) é uma entidade nacional, fi liada à Associação Médica Brasileira (AMB), que representa os médicos da especialidade Radiologia e Imaginologia. Entre os principais objetivos da entidade estão difundir conhecimentos científi cos, defender a especialidade, estimular o aperfeiçoamento profi ssional e fundamentar os princípios de excelência dos métodos e procedimentos de imagem diagnóstica e terapêutica. R A D I O L O G I A E D I A G N Ó S T I C O P O R I M A G E M É t i c a , N o r m a s , D i r e i t o s e D e v e r e s d o s M é d i c o s I m a g i n o l o g i s t a s RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Ética, Normas, Direitos e Deveres dos Médicos Imaginologistas Adaptação: Lutero Marques de Oliveira CBR_editorial_etica.indd 1CBR_editorial_etica.indd 1 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 Radiologia e Diagnóstico por Imagem Ética, Normas, Direitos e Deveres dos Médicos Imaginologistas Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem – CBR Av. Paulista, 37 – Cj 71 – São Paulo/SP - CEP 01311-902 Tel.: (11) 3372-4544 - www.cbr.org.br Diretoria do CBR Presidente: Manoel Aparecido Gomes da Silva Vice-presidente São Paulo: Suelio Marinho de Queiroz Vice-presidente Rio de Janeiro: Hanna Chaim Vice-presidente Norte: José Antonio Brito dos Santos Vice-presidente Nordeste: Delfi n Gonzalez Miranda Vice-presidente Centro-Oeste: Cristiano Montandon Vice-presidente Sudeste: Amilcar Mosci Vice-presidente Sul: Ênio Rogacheski 1º Secretário Geral: José Luiz Nunes Ferreira 2º Secretário Geral: Pablo Picasso de Araújo Coimbra 1º Tesoureiro: Carlos Alberto Ximenes 2º Tesoureiro: Silvio Adriano Cavazzola Diretor de Defesa Profi ssional: Oscar Antonio Defonso Diretora Cultural: Adonis Manzella dos Santos Diretor Científi co: Ênio Rogacheski Diretor da Associação Brasileira das Clínicas de Diagnóstico por Imagem: Cícero Aurélio Sinisgalli Júnior Adaptação Lutero Marques de Oliveira Assessoria Jurídica Marques e Bergstein Advogados Associados: Alan Skorkowski, Fabrício Angerami, Gilberto Bergstein e João Marques Departamento de Comunicação Social do CBR Fernanda da Silva, Murilo Castro e Rachel Crescenti (coordenação) Projeto Gráfi co CyCity Comunicação: Eric Estevão (diagramação e capa) Radiologia e Diagnóstico por Imagem - Ética, Normas, Direitos e Deveres dos Médicos Imaginologistas: Código de Processo Ético Profi ssional em Radiologia e Diagnóstico por Imagem: Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), 2012. 136 p. 1. Diagnóstico por Imagem 2.Código de Ética Médica 3. Resoluções e Pareceres dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina 4. Legislação Brasileira I Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem CBR_editorial_etica.indd 2CBR_editorial_etica.indd 2 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 Índice Prefácio 5 Apresentação 7 Introdução 9 Capítulo I Arquivos médicos 11 Capítulo II Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 15 Capítulo III Biossegurança 19 Capítulo IV Concorrência 23 Capítulo V Contratos com operadoras de planos de saúde e ANS 28 Capítulo VI Ensino e especialização 33 Capítulo VII Erro diagnóstico 43 Capítulo VIII Exercício ilegal da Radiologia e Diagnóstico por Imagem 47 Capítulo IX Gestão do serviço de Diagnóstico por Imagem 49 Capítulo X Norma Regulamentadora-32 59 Capítulo XI Pesquisa 66 CBR_editorial_etica.indd 3CBR_editorial_etica.indd 3 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 Capítulo XII Operadoras de planos de saúde 71 Capítulo XIII Princípios éticos fundamentais 75 Capítulo XIV Segunda opinião e revisões diagnósticas 78 Capítulo XV Questões trabalhistas 82 Capítulo XVI Regulamentação da Medicina 84 Capítulo XVII Relação com outros médicos e outros profi ssionais da saúde (corresponsabilidade) 90 Capítulo XVIII Remuneração 95 Capítulo XIX Responsabilidade civil do médico imaginologista, empresas de médicos imaginologistas e contrato com serviços de Diagnóstico por Imagem 101 Capítulo XX Responsabilidade ética do médico imaginologista 105 Capítulo XXI Responsabilidade objetiva dos serviços de Diagnóstico por Imagem 109 Capítulo XXII Responsabilidade técnica (Diretor Técnico, Diretor Clínico e Responsável Técnico de serviços de Diagnóstico por Imagem) 117 Capítulo XXIII Sistema Único de Saúde 121 Capítulo XXIV Sigilo profi ssional 125 Capítulo XXV Terceirizações 129 Siglas 134 CBR_editorial_etica.indd 4CBR_editorial_etica.indd 4 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 5 PREFÁCIO Temos presenciado nos últimos anos um distanciamento cada vez maior entre profi ssionais médicos e seus pacientes. A progressiva mercantilização da atividade médica tem contribu- ído de forma decisiva para deteriorar a relação do médico com o seu paciente e com seus próprios colegas. O crescente número de ações judiciais contra médicos de vá- rias especialidades, incluindo os que se dedicam à Radiologia e Diagnóstico por Imagem, constitui apenas a ponta do iceberg. Sabemos que o problema é muito maior. Algumas destas ações têm sua origem em infrações éticas, mas a grande maioria delas está relacionada com a desumanização da medicina, com a falta de atenção do médico ao seu paciente. O médico perdeu a noção de sua importância... É ele quem salva vidas, quem cura! O médico aprendeu os fundamentos da medicina, mas não aprendeu a gerenciar sua vida profi ssional. E hoje se tornou presa fácil de interesses puramente fi nanceiros e de governos que esqueceram a responsabilidade assumida de cuidar de seu povo, de seu país. A massacrante redução de nossa remuneração e as condições desumanas de trabalho têm alterado na grande maioria dos médi- cos a percepção de sua importância e de sua responsabilidade. Como presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diag- nóstico por Imagem (CBR), tenho a honra de apresentar estapri- meira contribuição para que os radiologistas possam reavaliar a relação médico-paciente e os problemas dela decorrentes. Este CBR_editorial_etica.indd 5CBR_editorial_etica.indd 5 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 6 livro não tem a pretensão de apresentar soluções imediatas para todos os confl itos, mas estou certo de que, com as informações contidas neste trabalho, o que cabe a cada um poderá ser colo- cado em prática já ao término desta leitura. Em nome do CBR, agradeço à Sociedade Brasileira de Pato- logia, que gentilmente nos permitiu tomar como base o trabalho feito para seus associados. Isto permitiu ao CBR proporcionar aos médicos radiologistas uma obra de igual teor, totalmente fo- cada na nossa especialidade. Registro um agradecimento especial ao Dr. Lutero Marques de Oliveira que, com muita competência, conseguiu pesquisar, com- pilar e adaptar informações importantes relacionadas à Radiolo- gia e Diagnóstico por Imagem. Registro ainda igual agradecimento à Assessoria Jurídica do CBR - Marques e Bergstein Advogados Associados - que fez a revisão técnica, enriquecendo esta obra. Este livro é apenas o primeiro de muitos passos que o CBR precisa trilhar no caminho da ética no exercício da Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Dr. Manoel Aparecido Gomes da Silva Presidente do CBR CBR_editorial_etica.indd 6CBR_editorial_etica.indd 6 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 7 APRESENTAÇÃO Como conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM/PR), fui encarregado da análise e proposição de uma sindi- cância, em desfavor de um Serviço de Anatomia Patológica, a partir da denúncia de um paciente. Ao ler essa sindicância, tive dúvidas da mesma ser consequente da responsabilidade objetiva ou subje- tiva da clínica. Solicitei então auxílio do Departamento Jurídico do CRM/PR, que me apresentou um livreto da Sociedade Brasileira de Patologia. Achei o mesmo muito interessante, pedi emprestado e, em uma reunião com a diretoria do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), propus que fi zéssemos um mate- rial semelhante para os colegas imaginologistas. O Dr. Manoel Aparecido Gomes da Silva, presidente do CBR, me incumbiu essa tarefa, após solicitar autorização da Sociedade Brasileira de Patologia, que gentilmente nos cedeu, para copiarmos o modelo, compilarmos alguns capítulos e, o restante, fi caria eu o responsável para adaptações e inclusões relacionadas à nossa es- pecialidade médica. Tive que ler e rever leis, decretos, portarias, resoluções do Con- selho Federal de Medicina (CFM) e Conselhos Regionais de Medi- cina (CRM), etc. Solicitei auxílio a toda diretoria do CBR, como a vários colegas, não podendo deixar de citar os nomes dos que me responderam: os doutores Sebastião Cezar Mendes Tramontin, Oscar Antônio Defonso e Aparecido Maurício Carvalho. Apesar da participação limitada desses colegas, o mais importante foi o incentivo que me passaram para concluir esse trabalho. CBR_editorial_etica.indd 7CBR_editorial_etica.indd 7 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 8 Foi também importante a participação da Assessoria Jurídica do CBR, Marques e Bergstein Advogados Associados. Esse livreto terá de ser revisto com periodicidade, que deverá ser estipulada pelo CBR, uma vez que novos decretos, portarias e resoluções surgirão e outras serão revogadas. Espero que esse meu trabalho seja de utilidade a todos os co- legas imaginologistas brasileiros. Dr. Lutero Marques de Oliveira Assessor da Presidência do CBR CBR_editorial_etica.indd 8CBR_editorial_etica.indd 8 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 9 INTRODUÇÃO Na sociedade moderna, moldada pelos interesses capitalistas, os riscos da atividade médica devem ser cuidadosamente geren- ciados, porquanto eventuais demandas poderão ter consequên- cias imprevisíveis nas esferas ética ou jurídica. Ações contra os médicos em geral – e também em face dos médicos imaginologis- tas – já não podem ser catalogadas como infrequentes. Em vários casos, os litígios sobrevieram em virtude da as- sunção de riscos desnecessários. Notas de advertência em lau- dos, termos de consentimento, informações adequadas, enfi m, o seguimento de normas consiste agora instrumento necessário à atuação responsável, sem os quais fi cam muito vulneráveis o médico imaginologista e sua clínica. Sabemos que as relações médico-paciente têm sido transfor- madas em relações de consumo – assim qualifi cadas pela lei. Nesse contexto, acrescida à precariedade da formação ética, não é surpreendente que as preocupações profi ssionais estejam voltadas para o mercado de trabalho – para as pessoas que pa- gam pelos serviços. Os nossos pacientes são essas pessoas, que estão prontas para exigir seus direitos. Infelizmente, assistimos o declínio da medicina hipocrática, virtuosa, com seus valores tradicionais trocados pela panacéia de truques da sociedade globalizada. O nosso espaço laborativo transformou-se nesse mercado, onde os procedimentos estão embrulhados em pacotes, enquanto a fi gura do médico recebe, sem a menor cerimônia, o apelido de prestador de serviço. CBR_editorial_etica.indd 9CBR_editorial_etica.indd 9 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 10 No trabalho que agora entregamos aos médicos imaginolo- gistas brasileiros, procuramos responder às dúvidas e aos ques- tionamentos mais frequentes em nossa atividade profi ssional. Trata-se de um guia prático, respaldado em normas éticas e ju- rídicas vigentes, elaborado em linguagem simples e direta. Neste livro, sobretudo defendemos o que acreditamos ser ne- cessário para o aprimoramento do exercício profi ssional do mé- dico imaginologista, em benefício do ser humano, com a certeza de que a consciência ética é um valor que não pode ser relativi- zado, segundo interesses individuais e comerciais. O presente trabalho discute questões relacionadas às ativi- dades do médico imaginologista brasileiro e a sua clínica. As respostas nem sempre são simples, diante da ausência de nor- mas específi cas ou mesmo das distintas interpretações que po- dem ser extraídas de uma mesma legislação. Após o desenvolvimento de um árduo trabalho, estamos certos de que reunimos neste texto as referências necessárias para norte- ar o exercício profi ssional do médico imaginologista brasileiro, nas esferas administrativa, ética e legal, não obstante a complexidade das relações que se estabelecem no mundo jurídico. CBR_editorial_etica.indd 10CBR_editorial_etica.indd 10 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 11 CAPÍTULO I ARQUIVOS MÉDICOS O tempo mínimo exigido para a guarda de exames não retira- dos pelos pacientes nos arquivos de um serviço de imagem é de 5 (cinco) anos? Não. Os exames (fi lmes e laudos) fazem parte do prontuário médico do paciente, conforme esclarece o Conselho Federal de Medicina (CFM) ao tratar do assunto à luz da Resolução CFM nº 1.638/2002, no Parecer CFM nº 10/2009, segundo o qual “deverá constar obrigatoriamente do prontuário médico confeccionado em qualquer suporte, seja eletrônico ou papel: anamnese, exame físico, exames complementares solicitados e seus respectivos resultados”. A guarda do prontuário médico, tanto por entida- de hospitalar como serviço isolado/autônomo, é regulamentada pela Resolução CFM nº 1.821/2007, que estabelece, no seu artigo 8º, o prazo mínimo de 20 (vinte) anos para preservação do pron- tuário em suporte de papel que não tenha sido microfi lmado ou digitalizado, e em relação a guarda do prontuário digitalizado ou microfi lmado esta deve ser permanente, conforme estabelece o artigo 7º da mesma Resolução. Vale ressaltar que “o dever de guarda em relação ao exame radiológico cessa com a sua retirada pelo paciente, no entanto deve fi car arquivado uma via do laudoemitido”, conforme o Pa- recer CFM nº 10/2009, devendo sempre ser realizada mediante recibo/protocolo, cujo comprovante deve permanecer guardado pela clínica/entidade hospitalar pelo tempo que seria exigível a CBR_editorial_etica.indd 11CBR_editorial_etica.indd 11 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 12 apresentação do prontuário médico pelo paciente, conforme os prazos previstos na Resolução CFM nº 1.821/2007. A responsabilidade pela manutenção do prontuário médico está defi nida no artigo 2º da Resolução CFM nº 1.638/2002: “Artigo 2º - Determinar que a responsabilidade pelo prontuário médico cabe: I. Ao médico assistente e aos demais profi ssionais que compartilham do atendimento. II. À hierarquia médica da instituição, nas suas respectivas áreas de atuação, que tem como dever zelar pela qualidade da prática médica ali desenvolvida. III. À hierarquia médica constituída pelas chefi as de equipe, chefi as da clínica, do setor até o diretor da Divisão Médica e/ou diretor técnico”. Portanto, os exames (fi lmes e laudos) não retirados pelos pa- cientes ou a cópia do laudo, quando o original já tiver sido re- tirado, deverão ser mantidos no prontuário médico, cujo prazo de guarda está defi nido na Resolução CFM nº 1.821/2007, sendo de 20 (vinte) anos para arquivo físico (em papel) ou permanente para os microfi lmados e digitalizados. Os laudos de exames médicos por imagem arquivados nos ser- viços de Diagnóstico por Imagem são parte integrante do pron- tuário médico e, portanto, devem ser objeto de arquivamento por período mínimo de 20 (vinte) anos? Sim. De acordo como o Parecer CFM nº 10/2009, deverá fi car arquivado na clínica por 20 (vinte) anos o laudo emitido, quan- do em suporte de papel, ou permanente quando arquivado em sistema informatizado que atenda integralmente os requisitos de Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2), em acordo com a Resolução CFM nº 1.821/2007 CBR_editorial_etica.indd 12CBR_editorial_etica.indd 12 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 13 Após enviar requisições e laudos de exames para os hospitais ou clínicas onde o paciente é assistido, os serviços de Diagnós- tico por Imagem fi cam dispensados de manter arquivo de có- pias desses documentos, em suporte de papel? Não. Isto porque “o dever de guarda em relação ao exame radiológico cessa com a sua retirada pelo paciente, no entanto deve fi car arquivado uma via do laudo emitido”, conforme o Pa- recer CFM nº 10/2009, de modo que essa regra pode ser aplica- da por analogia em relação ao envio de requisições e laudos dos exames para os hospitais ou clínicas onde o paciente é assisti- do, devendo sempre, em qualquer caso, ser realizada mediante recibo/protocolo, cujo comprovante deve permanecer guardado pela clínica/entidade hospitalar pelo tempo que seria exigível a apresentação do prontuário médico pelo paciente, conforme os prazos previstos na Resolução CFM nº 1.821/2007. Para substituir os documentos em suporte de papel, os arquivos digitais dos documentos médicos devem ser gerenciados por um sistema de informática com Nível de Garantia de Segurança 2? Sim. Os arquivos digitais devem ser gerenciados por um sis- tema de informática com as características defi nidas no Artigo 2, Parágrafos 1º e 2º da Resolução CFM nº 1.821/2007, com con- dições de: 1) Utilizar base de dados adequada para o armazenamento dos arquivos digitalizados. 2) Criar um arquivamento organizado, possibilitando pes- quisas de maneira simples e efi ciente. 3) Assegurar um Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2), estabelecido no Manual de Certifi cação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde. CBR_editorial_etica.indd 13CBR_editorial_etica.indd 13 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 14 Por ocasião do distrato de serviços terceirizados de Diagnósti- co por Imagem dentro de um hospital, os arquivos de exames e laudos devem ser considerados propriedade do serviço e pode- rão ser levados pelo mesmo? Sim. A guarda do material de arquivo será transferida para o serviço de Diagnóstico por Imagem se este detinha autonomia administrativa, com os laudos dos exames sendo emitidos em seu nome. Mas a guarda do material de arquivo deverá ser mantida no hospital se o serviço de Diagnóstico por Imagem era adminis- trado pelo próprio hospital, com os laudos dos exames sendo emitidos em seu nome. Em qualquer caso, a responsabilidade pela manutenção do prontuário médico está defi nida na Resolução CFM nº 1.638/2002, Artigo 2, já antes referido e transcrito. CBR_editorial_etica.indd 14CBR_editorial_etica.indd 14 21/08/2012 11:40:0921/08/2012 11:40:09 15 CAPÍTULO II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Deve-se utilizar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em exames médicos de Diagnóstico por Imagem, em que são injetados meio de contraste endovenoso, em biópsias ou outros em que haja intervenção no paciente? Por quê? Sim. A utilização do Termo de Consentimento Livre e Esclare- cido (TCLE) está absolutamente indicada nesses procedimentos. É necessário esclarecer ao paciente sobre os riscos, as limitações do método, a possibilidade de resultados inconclusivos e a necessi- dade de confi rmação de diagnóstico posteriormente. Os tribunais de todo o país vêm cuidando do assunto de for- ma intensa, considerando negligentes os profi ssionais que dei- xam de observar o seu dever de informar. Nesse sentido, a título de exemplo: 1) “Indenização - Erro médico - Cicatriz aparente - Impro- cedência da demanda - Inconformismo - Admissibili- dade - Danos materiais, morais e estéticos confi gurados - Falha culposa do profi ssional que não advertiu ade- quadamente a paciente acerca da ocorrência de cicatriz - Direito do consumidor de receber as informações neces- sárias sobre os riscos e consequências do procedimento - Inteligência do artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor (CDC) - Existência do dever de indenizar - Sentença reformada - Recurso parcialmente provido”. CBR_editorial_etica.indd 15CBR_editorial_etica.indd 15 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 16 (Tribunal de Justiça de São Paulo - Apelação Cível nº 9067259-49.2006.8.26.0000 - Relator Desembargador Mônaco da Silva - 5ª Câmara de Direito Privado. Julgado em 5 de outubro de 2011, disponível em www.tjsp.jus.br. Acesso em 21 de junho de 2012) 2) “Indenizatória - Serviços médicos - Responsabilidade subjetiva - Laqueadura de trompas - Gravidez subse- quente - Riscos - Obrigação de meio - Dever de informar ao paciente - Descumprimento - Culpa demonstrada - Danos materiais e morais - Ocorrência - Quantum - Cri- térios de fi xação - Razoabilidade. O inciso III, do artigo 6º, da Lei 8.078/1990 assegura, como direito básico do consumidor, a informação clara e adequada sobre produ- tos e serviços. Evidenciada a culpa, consistente no des- cumprimento do dever de informar acerca da falibilidade do método contraceptivo de laqueadura tubária, exsurge o dever de reparar. A indenização pelas lesões extrapa- trimoniais deve proporcionar à vítima satisfação na justa medida do abalo sofrido, evitando o enriquecimento sem causa e produzindo no agente ofensor um impacto sufi - ciente a frustrar novo atentado”. (Tribunal de Justiça de Minas Gerais - Apelação nº 1.0394.05.045183-7/001, Relator Desembargador Eulina do Carmo Almeida - 13ª Câmara Cível. J julgado em 19 de abril de 2007, disponível em www.tjmg.jus.br. Acesso em 21 de junho de 2012) O Código de Ética Médica, em seu Artigo 2 veda ao médico “deixar de obter consentimento do paciente ou de seu represen- tante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realiza- do, salvo em caso de risco iminente de morte”. CBR_editorial_etica.indd 16CBR_editorial_etica.indd 16 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:1017 Como elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido? Os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) de- vem ser elaborados da forma mais específi ca possível, segun- do as individualidades de cada paciente. A jurisprudência tem afastado os termos genéricos que, ao fi m e ao cabo, não possuem nenhuma função. O termo deve ser elaborado de acordo com os procedimentos específi cos que serão realizados, devendo existir uma lacuna, na qual serão abordadas circunstâncias individuais do paciente, que deverá fi rmar sua assinatura. O termo – juntamente com o prontuário e com as fi chas clí- nicas – consiste no meio de prova mais importante aos médicos. Sua elaboração deve ser cuidadosa, clara, individual e específi - ca. Esses documentos poderão auxiliar consideravelmente em uma eventual ação judicial promovida em face do profi ssional, podendo ser inclusive o principal objeto de sua absolvição – isso na esfera cível, ética, administrativa ou mesmo criminal. Quais os limites da informação que devem ser prestadas ao pa- ciente? Por óbvio, a informação a ser prestada encontra um limite, sob o risco de se transformar em uma verdadeira aula de Medi- cina. O excesso de informação poderá, inclusive, ser prejudicial ao paciente, que fi cará confuso e perdido em meio a tantos dados novos e complexos que não poderá decidir de forma autônoma. Os limites, como de hábito, são subjetivos, e terão variação segundo a condição de cada paciente; contudo, é possível esta- belecer alguns critérios objetivos: 1) Riscos previsíveis: normais, excluindo-se aqueles parti- culares, raros e hipotéticos. 2) Riscos frequentes: relacionados com a assiduidade de sua concretização. CBR_editorial_etica.indd 17CBR_editorial_etica.indd 17 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 18 3) Riscos típicos: inerentes a determinados procedimentos que, por essa razão, devem ser sempre informados. No caso da telerradiologia, é necessária a utilização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido? Sim. De acordo com a Resolução CFM nº 1.890/2009, a trans- missão de exames por telerradiologia deverá ser acompanhada pelos dados clínicos necessários do paciente, e o paciente deverá autorizar a transmissão de seu exame e de seus dados clínicos. CBR_editorial_etica.indd 18CBR_editorial_etica.indd 18 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 19 CAPÍTULO III BIOSSEGURANÇA Os serviços de Diagnóstico por Imagem devem cumprir as nor- mas de segurança, higiene e saúde, estabelecidas na legislação sanitária brasileira? Sim. Os serviços de Diagnóstico por Imagem devem cumprir normas de biossegurança, possibilitando-lhes obtenção do al- vará sanitário, renovado anualmente. O lixo químico pode ser desprezado em pias conectadas à rede de esgoto? Não. Os produtos químicos residuais para processamento de fi lmes não devem ser desprezados na rede de esgoto domés- tico, o que caracterizaria crime ambiental. Os mesmos, dentro de suas respectivas embalagens, devem ser armazenados para devolução às empresas fornecedoras. De outra forma, devem ser adequadamente segregados (separados dos lixos comum e biológico) para recolhimento por empresas especializadas, nas cidades que dispõem de aterro químico. Mais informações junto à prefeitura local. Os resíduos biológicos de serviços de Diagnóstico por Imagem terceirizados dentro de hospital podem ser descartados com o lixo hospitalar do estabelecimento, que utiliza serviços de em- presa especializada? CBR_editorial_etica.indd 19CBR_editorial_etica.indd 19 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 20 Sim. O descarte de resíduos de saúde está regulamentado pela Resolução da Diretoria Colegiada nº 306/2004 da Agência Na- cional de Vigilância Sanitária (RDC Anvisa nº 306/2004 ). O descarte dos resíduos biológicos pode ser terceirizado, sen- do conveniente que esse processo esteja formalizado em contrato, para fi ns de prova junto à Vigilância Sanitária. O Programa de Ge- renciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS) do ser- viço de Diagnóstico por Imagem deve detalhar os procedimentos. Há recomendação acerca do uso de máscara facial do tipo N95 ou PFF2 em procedimentos invasivos, principalmente se o paciente apresentar quadro infeccioso, seja por vírus, bactéria ou fungo? Sim. Quando o respirador for utilizado em ambientes onde haja exposição a agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos), o respirador indicado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilân- cia Sanitária) pode ser o N95 ou o PFF2, desde que possua Certi- fi cado de Aprovação (CA), emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e registro da Anvisa, o qual pode ser verifi cado no site www.anvisa.gov.br . No Brasil, o respirador facial aprovado como PFF2 (ou fi ltro P2) deve estar certifi cado pelo Ministério do Trabalho e Empre- go (MTE). Essa máscara tem efi ciência de fi ltração equivalente à classifi cação americana N95. A equivalência entre os respiradores também pode ser conferida no site da Anvisa (www.anvisa.gov.br). A instalação de exaustores de vapores orgânicos nas câmaras escuras é recomendada pela Vigilância Sanitária de algumas cidades? Sim. Os exaustores utilizados no interior das câmaras escuras são facilmente encontrados em lojas de material de construção ou nas especializadas em climatização de ambiente, adequan- do-se a potência dos mesmos às dimensões da câmara. CBR_editorial_etica.indd 20CBR_editorial_etica.indd 20 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 21 É obrigatório o uso de etiquetas indicativas da validade do for- mol, nos frascos preparados para uso pelos serviços de Diag- nóstico por Imagem que praticam exames intervencionistas como biópsias? Sim. Conforme a legislação sanitária, qualquer produto quí- mico deve ser adequadamente identifi cado com rótulo conten- do nome e data de validade da substância, classifi cação de risco, além do nome do responsável pela preparação da solução. O PGRSS é um documento obrigatório em clínicas de Radiolo- gia? Deve ser assinado por engenheiro sanitário ou ambiental? O PGRSS é um documento obrigatório para os estabeleci- mentos de saúde. Entretanto, pode ser elaborado pelo próprio diretor técnico (médico) da entidade, conforme a RDC Anvisa nº 306/2004: “2.2.3 - Os dirigentes ou responsáveis técnicos dos serviços de saúde podem ser responsáveis pelo PGRSS, desde que atendam aos requisitos acima descritos”. Podem ser denunciadas à Vigilância Sanitária as condições precárias de uma clínica de um serviço público, que funciona em recinto fechado, sem climatização adequada, com serviços técnicos realizados em salas improvisadas ou mesmo nos cor- redores de passagem do público? Sim. As condições de insalubridade devem ser denunciadas à Vigilância Sanitária e também ao Conselho Regional de Me- dicina (CRM) e à Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Sabe-se que uma empresa pública não necessita de alvará sanitário para funcionar nem pode ser multada, mas o fi scal sanitário pode no- tifi car os diretores do estabelecimento, exigindo-lhes a adoção de medidas corretivas às infrações sanitárias. Por outro lado, os serviços privados, terceirizados pelo hospital público, serão CBR_editorial_etica.indd 21CBR_editorial_etica.indd 21 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 22 autuados caso não sejam observadas as normas da NR-32. Os trabalhadores contratados em regime CLT dentro do hospital público são protegidos pelas normas da NR-32. Há o entendi- mento de que também o servidor público tem o direito consti- tucional de exigir as garantias trabalhistas da NR-32, podendo levar denúncias, mesmo no anonimato, às DRTs. O CRM exige do médico investido na função de diretor técnico as necessárias atenções aos problemas sanitários, porque ele próprio pode ser responsabilizado pela precariedadeda situação. Os centros de imaginologia devem assegurar a seus pacientes atendimentos de emergência, não fazendo distinções entre as técnicas radiológicas utilizadas? Sim. A Resolução da Diretoria Colegiada nº 50/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao tratar da prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia, especifi camente no tocante à imaginologia, refere que deve se “assegurar atendimento de emergência”. CBR_editorial_etica.indd 22CBR_editorial_etica.indd 22 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 23 CAPÍTULO IV CONCORRÊNCIA É correto o imaginologista pagar secretárias, funcionários de consultórios ou médicos de outras especialidades para que es- tes lhe encaminhem seus pacientes para realizarem exames de Diagnóstico por Imagem em sua clínica? Não. É eticamente inaceitável o pagamento de comissões ou vantagens a funcionários ou a outros médicos para recebimento de exames. Em diversos artigos, o Código de Ética Médica (CEM) proíbe a mercantilização do trabalho médico, estabelecendo que cabe ao médico comunicar ao Conselho Regional de Medicina (CRM) fatos de que tenha conhecimento e que caracterizem possível infração do CEM e das normas que regulam o exercício da Medicina. A prática também está prevista no Artigo 195, In- ciso IX, do Código Penal Brasileiro (crime de concorrência des- leal) – “dar ou prometer dinheiro ou outra utilidade a emprega- do de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem; Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano”. Mais informações: Código de Ética Médica - Capítulo Prin- cípios Fundamentais. É ética a conduta de serviços de Diagnóstico por Imagem que ofe- recem preços inferiores aos da tabela do SUS em processos de lici- tação pública ou para obter vantagens com os seus concorrentes? Não. Os serviços de Diagnóstico por Imagem não devem ofe- CBR_editorial_etica.indd 23CBR_editorial_etica.indd 23 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 24 recer em processos de licitação ou em quaisquer outras circuns- tâncias procedimentos a preços inferiores às tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS). As tabelas de procedimentos do SUS são reiteradamente criticadas pelos baixos valores de remuneração. Os preços de exames da especialidade Radiologia e Diagnóstico por Imagem são muito inferiores aos, de uma maneira geral, pa- gos na Saúde Suplementar pelas operadoras de planos de saúde, especialmente quando referenciados pela Classifi cação Brasi- leira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Com preços tão baixos, consideramos que o trabalho médico não será realizado em condições ideais, difi cultando a elimina- ção de riscos, que podem resultar em prejuízo à saúde do pa- ciente, em confronto com diversos princípios éticos. O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem pode convocar os imaginologistas dos serviços de Diagnóstico por Imagem que oferecem preços de exames muito inferiores aos praticados pelos seus concorrentes para discutir o assunto, na tentativa de combater essa concorrência? Sim. Para combater as práticas anti-concorrenciais, que desvalorizam os procedimentos de Diagnóstico por Imagem, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) pode convocar os médicos do serviço denunciado para uma reunião, objetivando uma conciliação. Não sendo o CBR um órgão com poder de fi scalização ética, o objetivo do en- contro é conscientizar os colegas de que a prática do preço vil é eticamente reprovável, sugerindo-lhes o realinhamento de suas tabelas, tendo a CBHPM como referência. O envio de documentos comprobatórios da denúncia servirá para a con- vocação desses profi ssionais. De acordo com o Código de Éti- ca Médica, em seu artigo 58: “É vedado ao médico o exercício mercantilista da Medicina”. CBR_editorial_etica.indd 24CBR_editorial_etica.indd 24 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 25 Para concorrer com os “megaserviços predadores”, que captam exames em todo o país, utilizando a telerradiologia, o médico imaginologista deve também baixar os preços em seu serviço? Não. Os preços praticados por estas empresas de grande porte e que possuem uma atitude comercial bastante agressiva invia- bilizariam os serviços de Diagnóstico por Imagem de pequeno e médio porte. Age de forma ética o imaginologista que se responsabiliza pela realização dos exames de Diagnóstico por Imagem de um ser- viço cujo sócio é um profi ssional na área de saúde não médico? Não. A associação de médico com profi ssionais não médicos que executam atividades consideradas exclusivas de médico não é ética. O Código de Ética Médica dispõe, em seu artigo 10: “É vedado ao médico acumpliciar-se com os que exercem ilegal- mente a Medicina ou com profi ssionais ou instituições médicas nas quais se pratiquem atos ilícitos”. Um imaginologista, assumindo a realização de exames de Diagnóstico por Imagem de vários serviços, pode ser investido no cargo de diretor técnico desses estabelecimentos? Não. Pois o médico não pode assumir a responsabilidade por mais de duas instituições médicas, na função de diretor técnico. De acordo com a Resolução CFM nº 1.352/1992, em seu Artigo 1: “Ao profi ssional médico será permitido assumir a responsabilidade, seja como Diretor Técnico, seja como Di- retor Clínico, em no máximo 2 (duas) instituições prestadoras de serviços médicos, aí incluídas as instituições públicas e privadas, mesmo quando tratar-se de fi liais, subsidiárias ou sucursais da mesma instituição”. CBR_editorial_etica.indd 25CBR_editorial_etica.indd 25 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 26 O médico imaginologista deve manter-se leal com o seu con- corrente, mesmo diante de prejuízos fi nanceiros decorrentes do comportamento antiético de outros profi ssionais? Sim. Como médico, é preciso ser ético, antes de tudo. Age cri- minosamente aquele que se serve da Medicina simplesmente para satisfazer propósitos pessoais, à revelia das regras de conduta im- postas em razão dos interesses coletivos. A lealdade é uma virtude essencial. A deslealdade é a face patológica de quem se intromete no campo da ilicitude para, fraudulentamente, burlar a doutrina pro- fi ssional e auferir vantagens interessantes apenas para si mesmo. Age de forma ética o médico imaginologista que concede a uma operadora de plano de saúde desconto maior que os seus con- correntes, em desacordo com as recomendações das entidades médicas ou de assembleias associativas? Não. O Código de Ética Médica, em seu Artigo 49, veda ao médico: “Assumir condutas contrárias a movimentos legítimos da categoria médica com a fi nalidade de obter vantagens”. E em seu Artigo 51: “Praticar concorrência desleal com outro médico”. É ética a conduta de médico imaginologista que, para evitar confl itos com sua clientela médica ou com as operadoras de planos de saúde, jamais recorre das glosas impostas pelas ope- radoras ou nunca apresenta a cobrança de todos os procedi- mentos realizados? Não. O Código de Ética Médica (CEM) veda ao médico, em seu Artigo 69, obter vantagem pelo encaminhamento de procedi- mentos. Deixando de exigir o correto pagamento de seus hono- rários, para agradar a clientela, o médico imaginologista age de forma eticamente inaceitável – é concorrência desleal, prevista no Artigo 51 do CEM. CBR_editorial_etica.indd 26CBR_editorial_etica.indd 26 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 27 É ética a conduta de serviço de Diagnóstico por Imagem, que indi- ca, em laudos, a participação em programas de controle de quali- dade em Diagnóstico por Imagem ou em outra especialidade? Não. Em laudos de Diagnóstico por Imagem, é lícito o uso de selos ou outros indicadores de participação do serviço em pro- gramas de controle de qualidade em Diagnósticopor Imagem, emitidos, pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), por ser ele uma associação de especialidade fi liada à Associação Médica Brasileira (AMB). Os indicadores de qualidade de outras especialidades ou sociedades de especia- lidades médicas não fi liadas à AMB são falsas referências para os pacientes que utilizam serviços de Diagnóstico por Imagem. Além de concorrência desleal, esse procedimento pode ser de- nunciado como propaganda enganosa. O Código de Direito do Consumidor, no Artigo 37 pode-se ler mais: “É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. Pará- grafo 1°: “É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, carac- terísticas, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”. É ético, um serviço de telerradiologia oferecer seus serviços a instituições que já possuam em seu quadro profi ssionais mé- dicos imaginologistas, sem primeiro comunicar aos mesmos? Não. O Código de Ética Médica, no seu Capítulo VII - Relação entre médicos, no Artigo 48, veda ao médico: “Assumir empre- go, cargo ou função para suceder médico demitido ou afastado em represália à atitude de defesa de movimentos legítimos da categoria ou da aplicação deste Código”. E no Artigo 51: “Praticar concorrência desleal com outro médico”. CBR_editorial_etica.indd 27CBR_editorial_etica.indd 27 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 28 CAPÍTULO V CONTRATOS COM OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE E A ANS A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) exige que, nos contratos entre operadoras de planos de saúde e serviços de Diag- nóstico por Imagem (contratualização), conste obrigatoriamente a relação dos procedimentos cobertos pelos contratos e também os excluídos, além dos valores desses procedimentos? Sim. A Resolução Normativa nº 71/ 2004 da ANS determi- na que nos contratos entre operadoras e prestadores (médicos, serviços médicos, etc.) devem constar, com clareza, os procedi- mentos cobertos pelos contratos, além dos respectivos valores de remuneração. A menção contratual a uma lista ofi cialmente reconhecida de procedimentos (Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS, CBHPM, TUSS, etc.) pode ser insufi ciente, se o serviço de Diagnóstico por Imagem não executa todos os pro- cedimentos dessa lista. Nessa situação, o contrato deve mencio- nar as exclusões. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) exige que, nos contratos entre operadoras de planos de saúde e serviços de Diagnóstico por Imagem (contratualização), conste obriga- toriamente o prazo de faturamento das contas pela operadora e a previsão da data de pagamento ao serviço? Sim. A Resolução Normativa nº 71/ 2004 da ANS determina que nos contratos entre operadoras de planos de saúde e presta- CBR_editorial_etica.indd 28CBR_editorial_etica.indd 28 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 29 dores de serviço (médicos, serviços médicos, etc.) devem cons- tar, com clareza, o prazo de faturamento das contas e a previsão da data de pagamento ao serviço médico. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) exige que se- jam rubricadas todas as páginas dos contratos entre operado- ras de planos de saúde e serviços de Diagnóstico por Imagem (contratualização)? Sim. É necessário que os signatários da contratualização ru- briquem todas as páginas do contrato, não sendo admitido o co- nhecimento do contrato apenas pela leitura do texto via internet. A operadora de plano de saúde pode exigir autorização admi- nistrativa para a realização de determinado procedimento? Sim. Entretanto, a exigência de autorização administrativa para a realização de determinado procedimento deve estar pre- vista na contratualização. É possível obter anulação judicial de cláusulas abusivas, após a assinatura de contrato impositivo de plano de saúde? Sim. O contrato imposto pela operadora de plano de saúde, sem possibilidade de discussão de suas cláusulas é chamado contra- to de adesão. A anulação é possível, porque foi estabelecida uma situação jurídica prejudicial a uma das partes, em decorrência de cláusulas pré-fi xadas e de aceitação compulsória. A parte preju- dicada deverá demonstrar o desequilíbrio das cláusulas contra- tuais, atestando a abusividade em vista da violação de princípios como a boa fé objetiva e a função social do contrato. É possível denunciar a operadora de plano de saúde que se re- cusa a conceder reajustes anuais ao serviço de Diagnóstico por Imagem, obrigando-o a negociar preços? CBR_editorial_etica.indd 29CBR_editorial_etica.indd 29 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 30 Sim. A denúncia deve ser encaminhada à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), uma vez que a Resolução Normativa nº 71/ 2004 do órgão regulador determina que todos os contratos entre operadoras e prestadores de serviço devem especifi car, com clareza, as regras de reajuste de honorários: forma e periodicidade. Mais informações: www.ans.gov.br. O serviço de Diagnóstico por Imagem pode denunciar convênio que se recusa a adequar o seu contrato às resoluções e instruções da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ou mesmo nega cobertura a procedimentos constantes no Rol de Procedi- mentos e Eventos em Saúde por ela editado? Sim. Os contratos entre operadora de planos de saúde e pres- tador de serviço devem ser obrigatoriamente adequados às nor- mas da ANS (contratualização). Os procedimentos incluídos no rol são coberturas obrigatórias. As denúncias poderão ser efe- tuadas no site do órgão regulador (www.ans.gov.br). As operadoras de planos de saúde – mediante a atuação de seus funcionários e prepostos – podem interferir na decisão do mé- dico assistente? Não. O Poder Judiciário, assim como o Conselho Federal de Medicina e os Conselhos Regionais já manifestaram o enten- dimento que a autonomia profi ssional dos médicos assistentes deve ser respeitada. Confi ra-se: 1) “Somente ao médico que acompanha o caso é dado esta- belecer qual o tratamento adequado para alcançar a cura ou amenizar os efeitos da enfermidade que acometeu o paciente; a seguradora não está habilitada, tampouco au- torizada a limitar as alternativas possíveis para o resta- belecimento da saúde do segurado, sob a pena de colocar em risco a vida do consumidor”. CBR_editorial_etica.indd 30CBR_editorial_etica.indd 30 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 31 (Recurso Especial nº 1.053.810/SP – Ministra relatora Nancy Andrighi – Terceira Turma – De 17 de dezembro de 2009, disponível em www.stj.gov.br) 2) O médico tem liberdade na escolha dos meios utilizados para o estabelecimento do diagnóstico e tratamento, desde que cientifi camente reconhecidos, autorizados pelo pa- ciente, praticados em benefício deste e não proibidos pela legislação vigente no país, não podendo esse direito ser li- mitado por disposição de operadora de plano de saúde. (Processo-Consulta CFM nº 7.973/2009 – Parecer CFM nº 27/2011) 3) “As empresas que atuam sob a forma de prestação direta ou intermediação de serviços médicos devem estar re- gistradas nos Conselhos Regionais de Medicina de sua respectiva jurisdição, bem como respeitar a autonomia profi ssional dos médicos”. (Resolução CFM nº 1.642/2002) 4) “É vedado às operadoras de planos privados de assistên- cia à saúde adotar e/ou utilizar mecanismos de regulação baseados meramente em parâmetros estatísticos de pro- dutividade os quais impliquem inibição à solicitação de exames diagnósticos complementares pelos prestadores de serviços de saúde, sob o risco de incorrerem em infra- ção ao Artigo 42 da Resolução Normativa nº 124, de 30 demarço de 2006”. (Entendimento da Diretoria Colegiada da Agência Nacio- nal de Saúde Suplementar (ANS), na Súmula Normativa nº 16/2011) 5) “Compete ao médico assistente do paciente determinar e conduzir a terapêutica do paciente, incluindo nesta prer- CBR_editorial_etica.indd 31CBR_editorial_etica.indd 31 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 32 rogativa a liberdade de decidir pela sua permanência ou não em regime de internação hospitalar. Comete ilícito ético o médico auditor que, extrapolando da sua função interfere na conduta do médico assistente e penaliza o hospital sem a devida apuração e comprovação da irre- gularidade, na prestação do serviço médico hospitalar”. (Parecer Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) nº 38/10. Aprovado em Sessão da 1ª Câ- mara de 21 de julho de 2010) CBR_editorial_etica.indd 32CBR_editorial_etica.indd 32 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 33 CAPÍTULO VI ENSINO E ESPECIALIZAÇÃO Estudantes de Medicina podem ser convocados para realizar exames de Diagnóstico por Imagem, a título de estágio, sem vínculo empregatício? Sim. Estágios podem ser concedidos, pelo período máximo de dois anos, na forma da Lei nº 11.788/2008. Torna-se obrigatória a concessão de bolsa auxílio, vale transporte, férias (de 30 dias, coincidindo com as da instituição de ensino) e carga horária má- xima de 6 horas diárias. Estudantes de Medicina não devem ser utilizados como profi ssionais técnicos, sem vínculo empregatí- cio. A supervisão médica do trabalho estudantil é obrigatória. É correto haver profi ssionais não médicos ensinando discipli- na de Diagnóstico por Imagem no curso de Medicina? Não. No curso de Medicina, os conteúdos de Diagnóstico por Imagem devem ser ministrados apenas por médicos ou odontó- logos, estes últimos, restringindo-se ao seu campo de atuação específi co, com a comprovação da habilitação curricular para o exercício da docência. É antiético o médico imaginologista que, na função de professor de curso para técnico de radiologia ou superior de Biomedicina ou tecnólogos em radiologia, assume aulas de Diagnóstico por Imagem – uma disciplina que não enfoca o caráter diagnóstico da especialidade, mas enfatiza técnicas de exames, anatomia, fi siologia e mecanismos de fi siopatologia? CBR_editorial_etica.indd 33CBR_editorial_etica.indd 33 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 34 Não. A proibição do Conselho Federal de Medicina é direcio- nada ao ensino a não médicos de conteúdo dirigido a Diagnósti- ca e Terapêutica, considerados atos médicos. O médico imaginologista deve aceitar convite para ministrar aulas de Diagnóstico por Imagem em cursos de pós-graduação ou eventos científi cos, que tenham como público-alvo os pro- fi ssionais não médicos? Não. É infração ética, porque infringe a Resolução CFM nº 1.718/2004 em seu Artigo 1: “É vedado ao médico, sob qualquer forma de transmissão de conhecimento, ensinar procedimentos privativos de médico a profi ssionais não médicos. O diagnóstico e a terapêutica são procedimentos privativos do médico. Aulas de anatomia, fi siologia e técnicas de exames não constituem in- fração à Resolução nº 1.718/2004, por não serem procedimentos privativos de médicos. A partir de seu material de arquivo, o médico imaginologista pode preparar coleções de imagem de exames e comercializá- -las com instituições de ensino? Não. O comércio de exames médicos de imagem de pacientes é ilegal, qualquer que seja a sua fi nalidade. A forma legal de for- necimento de exames médicos de imagem de pacientes é com autorização legal pelos mesmos. O médico imaginologista com residência médica completa é considerado Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, mesmo sem ter obtido o título fornecido aos aprova- dos no exame de sufi ciência aplicado pelo convênio fi rmado entre a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Colégio Brasi- leiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR)? CBR_editorial_etica.indd 34CBR_editorial_etica.indd 34 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 35 Sim. A Lei nº 6.932/1981, estabelece em seu Artigo 6 que os programas de residência médica credenciados na forma desta lei conferirão títulos de especialistas em favor dos médicos re- sidentes neles habilitados, os quais constituirão comprovante hábil para fi ns legais junto ao Sistema Federal de Ensino e ao Conselho Federal de Medicina. No entanto, o Código de Ética Médica, no Artigo 115, estabelece que, para o Título de Espe- cialista ou Certifi cado de Área de Atuação poder ser anuncia- do, deverá estar registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua jurisdição. O médico imaginologista com residência médica completa deve submeter-se ao exame de sufi ciência do convênio fi rmado en- tre a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) para obter o Tí- tulo de Especialista e o Certifi cado de Área de Atuação? Sim. Foi fi rmado convênio entre o Conselho Federal de Medi- cina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), para a concessão de Título de Especialista e Certifi cado de Área de Atuação aos mé- dicos, desde que cumpridos os requisitos necessários para essa titulação, previstos na Resolução CFM nº 1.666/2003. Os diplomas universitários de pós-graduação (mestrado, dou- torado, etc.) conferem ao médico imaginologista a qualifi cação de especialista? Não. Para ser considerado especialista em Diagnóstico por Imagem, o médico deve preencher as condições da Resolução CFM nº 1.666/2003: 1) Título de Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem Formação: 3 anos no Programa de Residência Médica em CBR_editorial_etica.indd 35CBR_editorial_etica.indd 35 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 36 Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Comissão Na- cional de Residência Médica (CNRM), reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). ou Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Tí- tulo de Especialista, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). 2) Título de Especialista em Diagnóstico por Imagem - Atuação exclusiva em Ultrassonografi a Geral Formação: 2 anos em serviço de aperfeiçoamento cre- denciado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diag- nóstico por Imagem (CBR) com autorização do Ministério da Educação (MEC). ou Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Tí- tulo de Especialista, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). 3) Título de Especialista em Diagnóstico por Imagem - Atuação exclusiva em Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia Formação: 2 anos em Programa de Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Comissão Na- cional de Residência Médica (CNRM), reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). ou Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Tí- tulo de Especialista, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). CBR_editorial_etica.indd 36CBR_editorial_etica.indd 36 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 37 Existem certifi cados de áreas de atuação na área de Diagnós- tico por Imagem? Sim. Existem 7 (sete) áreas de atuação reconhecidas pelo convênio fi rmado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). São elas: 1) Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular Formação: 1 ano Comissão Nacional de Residência Médica: opcional em Programa de Residência Médica em Radiologia e Diag- nóstico por Imagem,Cirurgia Vascular ou Angiologia. Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Certi- fi cado de Área de Atuação, realizado pela Associação Mé- dica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Socie- dade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Requisitos: • Título de Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela AMB. • Título de Especialista em Cirurgia Vascular pela AMB. • Título de Especialista em Angiologia pela AMB. 2) Densitometria Óssea Formação: 1 ano Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM): opcio- nal em Programa de Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina Nuclear, Ortopedia e Traumatologia ou Reumatologia. Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Cer- CBR_editorial_etica.indd 37CBR_editorial_etica.indd 37 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 38 tifi cado de Área de Atuação, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Bra- sileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). Requisitos: • Título de Especialista em Endocrinologia e Metabolo- gia pela AMB. • Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela AMB • Título de Especialista em Medicina Nuclear pela AMB. • Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia pela AMB. • Título de Especialista em Reumatologia pela AMB. 3) Ecografi a Vascular com Doppler Formação: 1 ano Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM): op- cional em Programa de Residência Médica em Radiolo- gia, Cirurgia Vascular ou Angiologia. Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Certi- fi cado de Área de Atuação, realizado pela Associação Mé- dica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Socie- dade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Requisitos: • Título de Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela AMB. • Título de Especialista em Diagnóstico por Imagem: atuação em Ultrassonografi a Geral pela AMB. CBR_editorial_etica.indd 38CBR_editorial_etica.indd 38 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 39 • Título de Especialista em Angiologia pela AMB. • Título de Especialista em Cirurgia Vascular pela AMB. • Título de Especialista em Cardiologia pela AMB e Certifi - cado de Área de Atuação em Ecocardiografi a pela AMB. 4) Mamografi a Formação: 1 ano Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM): op- cional em Programa de Residência Médica em Ginecolo- gia e Obstetrícia ou Mastologia. Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Cer- tifi cado de Área de Atuação, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Bra- sileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Mas- tologia (SBM). Requisitos: • Título de Especialista em Diagnóstico por Imagem - Atuação exclusiva em Ultrassonografi a Geral pela AMB. • Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela AMB. • Título de Especialista em Mastologia pela AMB. 5) Neurorradiologia Formação: 1 ano Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM): op- cional em Programa de Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Neurologia ou Neurocirurgia. CBR_editorial_etica.indd 39CBR_editorial_etica.indd 39 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 40 Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Cer- tifi cado de Área de Atuação, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Bra- sileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). Requisitos: • Título de Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela AMB. • Título de Especialista em Neurologia pela AMB. • Título de Especialista em Neurocirurgia pela AMB. 6) Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia Formação: 1 ano Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM): op- cional em Programa de Residência Médica em Angio- logia, Cirurgia Vascular ou Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Tí- tulo de Especialista com Atuação Exclusiva, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Requisitos: • Título de Especialista em Angiologia pela AMB. • Título de Especialista em Cirurgia Vascular pela AMB. • Título de Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela AMB. CBR_editorial_etica.indd 40CBR_editorial_etica.indd 40 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 41 7) Ultrassonografi a em Ginecologia e Obstetrícia Formação: 1 ano Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM): op- cional em Programa de Residência Médica em Ginecolo- gia e Obstetrícia. Aprovação: Exame de Sufi ciência para Obtenção do Cer- tifi cado de Área de Atuação, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Bra- sileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Requisito: • Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela AMB. Mais informações: Resolução CFM nº 1.973/2011 e Código de Ética Médica - Artigo 115. Associando-se ao Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnós- tico por Imagem (CBR), o médico habilita-se a exercer a espe- cialidade ou a área de atuação? Não. Para habilitar-se legalmente ao exercício da especia- lidade e/ou respectiva área de atuação, o médico deve obter os títulos correspondentes, após a conclusão da residência médica ou obtidos via aprovação no Exame para Obtenção de Título de Especialista e/ou Certifi cado de Área de Atuação realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e regis- trá-lo no Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua jurisdição. CBR_editorial_etica.indd 41CBR_editorial_etica.indd 41 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 42 Para obter o Título de Especialista ou Certifi cado de Área de Atuação, existem cursos de pós-graduação que podem substi- tuir a residência médica? Não. A residência médica de cada especialidade possui um período de duração específi co. Concluído o período obrigatório da Residência Médica de sua especialidade, o médico receberá o seu Título de Especialista previsto na Lei nº 6.932/1981, e fará o registro do mesmo no Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua jurisdição. Já o Título de Especialista e/ou Certifi cado de Área de Atuação emitidos pela AMB e as sociedades de especia- lidades conveniadas, só poderão ser obtidos via aprovação no Exame de Sufi ciência para estes fi ns. Cursos de pós-graduação, mestrado, doutorado e outros não habilitam para o exercício profi ssional na especialidade médica para divulgação de Títu- lo de Especialista ou Certifi cado de Área de Atuação (Resolu- ção CFM nº 1.973/2011), mas conferem diplomas valorizados no magistério universitário ou mesmo em serviços públicos. O médico que não fez Residência Médica dispõe de outra forma de obter o Título de Especialista e/ou Certifi cado de Área de Atuação? Sim. Sim, cada especialidade possui uma forma alternativa para possibilitar a quem não fez Residência Médica obter o tí- tulo desejado. No caso de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, o médico deverá comprovar ter exercido a profi ssão na espe- cialidade pelo período mínimo do dobro do tempo de duração da Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, ou seja, comprovar 6 (seis) anos de atuação e se submeter ao Exame de Titulação da AMB/CBR. Mais informaçõessobre os requisi- tos podem ser obtidos no site do CBR (www.cbr.org.br). CBR_editorial_etica.indd 42CBR_editorial_etica.indd 42 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 43 CAPÍTULO VII ERRO DIAGNÓSTICO Se a omissão de informações clínicas, em requisição de exame de Diagnóstico por Imagem, concorreu para um erro diagnós- tico, o médico imaginologista poderá ser legalmente responsa- bilizado, em caso de litígio? Sim. Especialmente se o Diagnóstico por Imagem estiver apresentado de forma conclusiva, não havendo no laudo uma observação sobre a limitação dos resultados, em face da omissão de dados clínicos. Uma informação clínica sonegada ao médico imaginologista pode induzir a erro ou a diagnóstico inconclusivo. Nem sempre o médico imaginologista terá condições de supor que as infor- mações fornecidas são parciais e omitem dado relevante para a sua análise interpretativa. Considerando-se que esse é um problema frequente na solicitação de exames de Diagnóstico por Imagem, o laudo do exame deve incluir nota de advertência sobre as limitações de sua conclusão? Sim. O laudo de um exame de Diagnóstico por Imagem é ela- borado em função de uma interconsulta médica, devendo ser correlacionado com dados clínicos e laboratoriais. A busca pro- ativa dessas informações, caso a caso, é inviável, na rotina de um serviço de Diagnóstico por Imagem. Portanto, é necessário advertir o médico solicitante do exame que a discordância en- tre os achados clínicos e morfológicos deve ser notifi cada para CBR_editorial_etica.indd 43CBR_editorial_etica.indd 43 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 44 eventuais revisões e interpretação dos resultados, à luz de dados não fornecidos anteriormente. O médico imaginologista deve elaborar laudo de revisão quan- do identifi ca erro de Diagnóstico por Imagem no laudo original, por ele mesmo assinado? Não. O laudo de revisão, alterando substancialmente o pró- prio diagnóstico, a partir de um exame médico por imagem ori- ginal, poderá ser considerado, na esfera judicial, uma confi ssão objetiva de erro. Um segundo laudo, com revisão de diagnóstico, elaborado tempos depois pelos mesmos autores do primeiro, não servirá para atenuar o eventual dano decorrente do erro come- tido anteriormente. Nessa situação, é recomendável a entrega dos exames médicos por imagem para revisão em outra insti- tuição, por outro médico imaginologista. O médico imaginologista pode ser responsabilizado por um erro do médico assistente do paciente quando o mesmo deixa de ler ou não valoriza o diagnóstico do laudo do exame médico por imagem, cuja entrega foi devidamente protocolada? Não. Provando-se a entrega do laudo, não há como o médico imaginologista ser responsabilizado, na eventualidade de negli- gência clínica para o tratamento do paciente. Existem julgados que negam pedidos de indenização ao serviço de Diagnóstico por Imagem por dano moral decorrente de re- sultados com erro de digitação grosseiro, que pode ser percebi- do pelo médico assistente ou pelo próprio paciente? Sim. Erros grosseiros de digitação são facilmente perceptíveis pelo médico ou pelo próprio paciente, não causando qualquer prejuízo à sua saúde. Alguns equívocos de digitação, entretanto, CBR_editorial_etica.indd 44CBR_editorial_etica.indd 44 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 45 podem motivar o pagamento de indenização por danos morais. Uma decisão da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro benefi ciou paciente que recebeu o diagnóstico equivoca- do de câncer de próstata em decorrência de um erro de digitação. A 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul negou indenização por danos morais a uma paciente que rece- beu exame com erro de digitação. Alegava ter sofrido abalo moral, precisando usar sedativos à espera de novo exame. O laboratório acusado reconheceu o erro grosseiro na digitação, mas susten- tou, em sua defesa, que a paciente não retornou ao laboratório para esclarecer suas dúvidas, conforme advertia nota constante no laudo. A sentença fi nal concluiu que “não há confi guração de dano moral advindo de equívoco no resultado divulgado, mas sim mero dissabor, desconforto ou contratempo a que estão sujeitos os indivíduos nas suas relações e atividades cotidianas”. A questão será decidida casuisticamente. Parece claro que quanto mais evidente o equívoco na digitação menor será a chance de ser atribuída ao médico a responsabilidade pelo fato ocorrido. A gravidade da doença – cujo erro de digitação impos- sibilitou ou atrasou o efetivo diagnóstico também poderá ser um fator preponderante a caracterizar a responsabilização civil do profi ssional (e por vezes de sua clínica). Diante de um erro diagnóstico incontestável, é prudente bus- car a conciliação, mesmo extrajudicial, compreendendo-se o constrangimento do paciente, decorrente do erro? Sim. Ninguém desconhece a existência do risco de erro em todas as atividades humanas. Diante de erro diagnóstico incon- testável, a situação deve ser administrada preferencialmente com o devido assessoramento jurídico. Os primeiros diálogos entre o médico imaginologista e o paciente são decisivos para a tentativa de um entendimento, que, na realidade, é desejável CBR_editorial_etica.indd 45CBR_editorial_etica.indd 45 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 46 para ambas as partes. A via judicial é sempre a mais longa e one- rosa. A formalização do acordo é indicada com vistas a encerrar um confl ito que pode durar anos, causando prejuízos fi nancei- ros e psicológicos às partes envolvidas. O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) tem competência legal para instaurar sindicâncias, pro- cessos ou mesmo atuar na perícia de casos denunciados por erro médico? Não. O CBR é uma associação científi ca, sem competência le- gal para instaurar sindicâncias ou processos por erros diagnós- ticos ou para elaborar parecer técnico, nesses casos. É possível defender-se de acusação de erro em exame de Diag- nóstico por Imagem com o argumento de que a solicitação do exame por parte do médico assistente não foi conduzida cor- retamente? Sim. O exame médico de Diagnóstico por Imagem é um mé- todo complementar de diagnóstico, realizado por solicitação do médico assistente. O Código de Ética Médica, no Artigo 3, veda ao médico: “Dei- xar de assumir responsabilidade sobre procedimento médico que indicou ou do qual participou, mesmo quando vários mé- dicos tenham assistido o paciente”. No Artigo 4: “Deixar de as- sumir a responsabilidade de qualquer ato profi ssional que tenha praticado ou indicado, ainda que solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu representante legal”. CBR_editorial_etica.indd 46CBR_editorial_etica.indd 46 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 47 CAPÍTULO VIII EXERCÍCIO ILEGAL DA RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Profi ssional sem diploma médico registrado no Conselho Re- gional de Medicina, que se apresenta como imaginologista, in- clusive com registro no seu conselho de classe, pode ser denun- ciado criminalmente? Sim. Nenhum indivíduo pode apresentar-se como médico, sem ter cursado Medicina, em instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Utilizar o tí- tulo de médico indevidamente é crime. A denúncia policial e no Conselho Regional de Medicina (CRM) pode ser apresentada por qualquer cidadão. Um profi ssional de nível superior que utilizar o título de médico, também poderá ser processado no seu pró- prio conselho de classe (Conselho Regional de Biomedicina, de Farmácia, de Enfermagem, etc.). Os procedimentos de diagnós- tico e terapia são de exclusividade do médico. Está sujeito a processo criminal paciente ou profi ssional que falsifi car laudo médico de exame de Diagnóstico por Imagem?Sim. Laudos médicos são documentos particulares (proprie- dade do paciente). A falsifi cação desses documentos poderá ca- racterizar crime previsto no Código Penal Brasileiro, no Artigo 298: “Falsifi car, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro”. Pena: reclusão de 1 (um) a 5 (cinco) anos e multa. CBR_editorial_etica.indd 47CBR_editorial_etica.indd 47 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 48 Ainda de acordo com o Código Penal Brasileiro, se o próprio paciente for o autor da falsifi cação, poderá ser processado por falsidade ideológica, de acordo com o Artigo 299: “Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou di- versa da que devia ser escrita, com o fi m de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Diante de problema gerado por falsifi cação de laudo médico, deve a denúncia ser lavrada em delegacia de polícia e registrada em Boletim de Ocorrência (B.O)”. Estão sujeitos a processos judiciais os profi ssionais que assu- mem responsabilidade por procedimentos médicos de Diag- nóstico por Imagem que não executaram, assinando laudos de exames realizados por terceiros? Sim. É vedado ao médico assumir autoria e responsabilida- de por ato médico executado por terceiro, conforme estabelece o Artigo 33 do Código de Ética Médica e a Resolução CFM nº 813/1977. A transcrição do laudo com inserção de nome de outro profi ssional é crime de falsifi cação de documento, previsto no Artigo 298 do Código Penal Brasileiro. CBR_editorial_etica.indd 48CBR_editorial_etica.indd 48 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 49 CAPÍTULO IX GESTÃO DO SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Há legislação dispondo sobre as condições mínimas necessá- rias para o funcionamento de clínica radiológica? Sim. A Portaria nº 453/1998 da Agência Nacional de Vigilân- cia Sanitária traz as condições mínimas de funcionamento da clínica, dentre elas: 1) Alvará da Vigilância Sanitária específi co para a Radiologia. 2) Relatório de Testes de Constância. 3) Medidas radiométricas do equipamento e da sala de exame. 4) Medidas de radiações de fuga. 5) Dosímetros individuais. 6) Registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) espe- cífi co para Radiologia. 7) Registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). As recepções de clínicas radiológicas devem ter banheiros masculino, feminino e para defi cientes físicos? Sim. A obrigatoriedade é defi nida, normalmente, por legisla- ção municipal. Os estabelecimentos de atendimento ao públi- co devem possuir banheiros masculino e feminino, inclusive adaptados para pessoas portadoras de defi ciência física. CBR_editorial_etica.indd 49CBR_editorial_etica.indd 49 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 50 As clínicas radiológicas são obrigadas a ter o certifi cado de apro- vação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)? Sim. As clínicas radiológicas, como todas as Pessoas Jurídicas que têm empregados formalmente registrados, são obrigadas, por lei a implantar o PCMSO e o PPRA. Mais informações: www.abralapac.org.br. Para envio de exames da clínica para o paciente, via internet, há necessidade de procedimentos especiais de segurança? Sim. O Manual de Ética para sites de saúde do Conselho Re- gional de Medicina de São Paulo (Cremesp) adverte: “Para evitar a quebra de sigilo e de privacidade, quem envia as informações deve tomar precauções técnicas adicionais, como o uso de crip- tografi a ou de servidores especiais que impedem o acesso à in- formação por pessoas não autorizadas. O paciente que recebe o exame por e-mail deve estar atento para que ninguém, além de seu médico, tenha acesso à correspondência. O exame deve ser interpretado somente na presença do médico. Da mesma forma, os prontuários eletrônicos, que armazenam dados sobre os pa- cientes em clínicas, hospitais e laboratórios de análises clínicas, devem estar protegidos contra eventuais quebras de sigilo”. Por ocasião da recepção do exame na clínica, é recomendável a obtenção do termo de consentimento para a utilização da inter- net, no envio de exames, ou para a sua disponibilização em página eletrônica ou site. A autorização deve esclarecer que os procedi- mentos de segurança foram adotados, objetivando resguardar o sigilo dos dados arquivados. Mais informações: www.cremesp.org.br. É necessária a adoção de Termo de Consentimento Livre e Es- clarecido (TCLE), quando a clínica decide enviar pelos Correios os laudos não retirados por seus pacientes? CBR_editorial_etica.indd 50CBR_editorial_etica.indd 50 21/08/2012 11:40:1021/08/2012 11:40:10 51 Sim. Se o laboratório decide remeter laudos pelos Correios, é recomendável que, na recepção do material para exame, seja providenciado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para informar e esclarecer o paciente sobre esse procedimento. Os exames entregues no serviço de Diagnóstico por Imagem para o paciente (ou representante) podem ter seus resultados enviados diretamente para o médico solicitante? Sim. Poderão ser enviados se houver autorização formal do paciente para esse procedimento. O serviço de Diagnóstico por Imagem deve remeter os exames e laudos para o hospital ou clínica de onde recebe exames ter- ceirizados? Sim. Ao receber exame de instituição parceira, em situações regulares, admite-se que o paciente foi informado e consentiu com o encaminhamento de seu material para determinado labo- ratório. É preciso lembrar que os processos de terceirização de serviços médicos entre o serviço de Diagnóstico por Imagem e outra instituição médica devem estar formalizados por contra- to. As responsabilidades das partes devem estar assim indica- das em cláusulas contratuais. A história clínica do paciente, referida na requisição de exa- me de Diagnóstico por Imagem, deve ser transcrita para o laudo do exame? Não. Desconhece-se qualquer resolução ética, norma ou pa- recer que torne obrigatória a transcrição da história clínica do paciente em laudo de exame de Diagnóstico por Imagem. Entre- tanto, entende-se que esse procedimento pode ser adotado de forma opcional, pelo médico imaginologista. CBR_editorial_etica.indd 51CBR_editorial_etica.indd 51 21/08/2012 11:40:1121/08/2012 11:40:11 52 Pode o médico imaginologista recusar atendimento a convênio antiético, quando ele pertence ao corpo clínico de um estabele- cimento de saúde, cujo regimento interno dispõe que todos os médicos são obrigados a atender todos os convênios celebrados? Sim, após a manifestação do Conselho Regional de Medicina (CRM) sobre as denúncias apresentadas. O regimento interno dos estabelecimentos de saúde deve estar em harmonia com as normas do Código de Ética Médica, que estabelece nos seguintes itens como direito do médico: III. Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições em que trabalhe quan- do as julgar indignas do exercício da profi ssão ou prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se nesses casos aos órgãos com- petentes e obrigatoriamente à comissão de ética e ao CRM. IV. Recusar-se a exercer sua profi ssão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profi ssionais. Nesse caso, comunicará imediata- mente sua decisão à comissão de ética e ao CRM. V. Suspender suas atividades, individualmente ou coletivamente, quando a instituição públi- ca ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições adequadas para o exercício profi s- sional ou não o remunerar digna e justamente,
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