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Neuroanatomia - Ponte

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Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 1 
 
Neuroanatomia 
Estrutura da Ponte – CAP 17 
 
A ponte é formada por uma parte ventral (base da ponte) e uma parte dorsal (tegmento da 
ponte). O tegmento possui uma estrutura muito semelhante ao bulbo e ao tegmento do 
mesencéfalo. Já a base possui uma estrutura bem diferente do tronco encefálico. 
 
 
 
1. Base da ponte 
Área da ponte sem correspondência com outros níveis do tronco encefálico. Mantém íntimas 
relações com o neocerebelo e o neocórtex. 
 
 
 
 
 Fibras Longitudinais 
a. Tracto córtico-espinhal: Constituído por fibras que saem das áreas motoras do 
córtex cerebral e se dirigem aos neurônios motores da medula. 
b. Tracto córtico-nuclear: Constituído por fibras que, das áreas motoras do córtex 
se dirigem aos neurônios motores situados em núcleos motores de nervos 
cranianos. Podem terminar em núcleos do mesmo lado e do lado oposto. 
c. Tracto córtico-pontino: Formado por fibras que se originam de várias partes do 
córtex cerebral, e terminam fazendo sinapse com os neurônios dos núcleos 
pontinos. 
 
 Fibras Transversais e Núcleos Pontinos 
Os núcleos pontinos são pequenos aglomerados de neurônios dispersos em toda a base da 
ponte. Neles terminam fazendo sinapse as fibras córtico-pontinas. Os axônios dos neurônios 
desses núcleos constituem as fibras transversais da ponte (fibras ponto-cerebelares). 
Estas fibras cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio, 
formando-se assim a importante via córtico-ponto-cerebelar. 
 
2. Tegmento da ponte 
Assemelha-se estruturalmente ao bulbo e ao tegmento do mesencéfalo com os quais continua. 
Apresenta fibras ascendentes, descendentes e transversais, além de núcleos de nervos 
cranianos e substância cinzenta própria da ponte. 
Corpo Trapezóide: Conjunto de fibras mielínicas 
de direção transversal. Situa-se no limite entre o 
tegmento e a base. 
Base da ponte 
Fibras Longitudinais 
Fibras transversais 
Núcleos pontinos 
Tracto córtico-espinhal 
Tracto córtico-nuclear 
Tracto córtico-pontino 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 2 
 
 Núcleos do nervo vestíbulo-coclear: As fibras sensitivas que constituem as partes 
coclear e vestibular deste nervo terminam respectivamente nos núcleos cocleares e 
vestibulares da ponte. 
 Núcleos Cocleares 
Os núcleos cocleares são dois: dorsal e ventral e nesses núcleos terminam as fibras que 
constituem a porção coclear do nervo vestíbulo-coclear. A maioria das fibras originadas nos 
núcleos ventral e dorsal cruza para o lado oposto, constituindo o corpo trapezoide. Depois 
essas fibras contornam o núcleo olivar superior e inflectem-se cranialmente para constituir o 
lemnisco lateral. 
 
 
 
Entretanto, um número significativo dessas fibras termina no núcleo olivar superior, do mesmo 
lado ou do lado oposto, de onde os impulsos seguem pelo lemnisco lateral. 
Obs: Como muitas fibras originadas desses núcleos ventral e dorsal sobem no lemnisco lateral 
do mesmo lado ou terminam nos núcleos olivares do mesmo lado, a via auditiva possui 
componentes cruzados e não-cruzados. 
O hemisfério cerebral de um lado recebe informações auditivas provenientes dos dois ouvidos. 
 Núcleos Vestibulares 
Localizam-se no assoalho do IV ventrículo, onde ocupam a área vestibular. São quatro: lateral, 
medial, superior e inferior. 
 
 
 
 
 
 
 
As fibras eferentes dos núcleos vestibulares formam ou entram na composição dos seguintes 
fascículos e tractos: 
a. Fascículo vestíbulo-cerebelar: Fibras que terminam no córtex do arquicerebelo 
b. Fascículo longitudinal medial: Feixe de associação do tronco encefálico. Está envolvido 
em reflexos que permitem ao olho ajustar-se aos movimentos da cabeça. 
c. Tracto vestíbulo-espinhal: Suas fibras levam impulsos aos neurônios motores da 
medula e são importantes na manutenção do equilíbrio. 
d. Fibras vestíbulo-talâmicas: Levam impulsos ao tálamo de onde vão ao córtex. 
 
Colículo inferior Corpo geniculado medial 
Impulsos nervosos 
Termina 
Núcleos Vestibulares 
Parte vestibular do 
ouvido interno
Impulsos nervosos 
(informam sobre 
posição e 
movimento da 
cabeça) 
Neurônios sensitivos do 
gânglio vestibular 
Cerebelo 
Fibras relacionadas 
com manutenção do 
equilíbrio. 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 3 
 
 Núcleos dos nervos Facial e Abducente 
As fibras que emergem do núcleo do nervo facial têm inicialmente direção dorso-medial, 
formando um feixe compacto que logo abaixo do IV ventrículo se curva em direção cranial. 
Essas fibras encurvam-se sobre a superfície dorsal do núcleo do nervo abducente (constituindo 
o joelho interno do nervo facial), contribuindo para formar uma elevação no assoalho do IV 
ventrículo conhecida como colículo facial. Após contornar o núcleo abducente, essas fibras do 
nervo facial emergem no sulco bulbo-pontino. O nervo abducente inerva o músculo reto lateral 
da musculatura do olho. 
Obs: o nervo facial encontra-se atrás do abducente. 
 
 Núcleo salivatório superior e núcleo lacrimal 
Pertencentes à parte craniana do sistema nervoso parassimpático. Dão origem a fibras pré-
ganglionares que emergem pelo nervo intermédio. 
 
 
 
 
 Núcleos do nervo trigêmeo 
Além do núcleo do tracto espinhal (pertencente ao bulbo), o nervo trigêmeo possui na ponte, o 
núcleo sensitivo principal, o núcleo do tracto mesencefálico e o núcleo motor (origina fibras 
para os músculos mastigadores). Os demais núcleos recebem impulsos relacionados com a 
sensibilidade somática geral de grande parte de cabeça. Deles saem as fibras ascendentes 
que se reúnem para constituir o lemnisco trigeminal, que termina no tálamo. 
 
3. Fibras longitudinais do tegmento da ponte 
As fibras longitudinais originadas no tegmento da ponte já foram estudadas anteriormente e 
são os lemniscos lateral e trigeminal. Percorrem também o tegmento feixes de fibras 
ascendentes provenientes da medula, bulbo e cerebelo: 
a. Lemnisco medial: Suas fibras cruzam perpendicularmente as fibras do corpo 
trapezoide, sobem e terminam no tálamo. 
b. Lemnisco espinhal: Formado pela união dos tractos espino-talâmico lateral e espino-
talâmico anterior. 
c. Pedúnculo cerebelar superior: Emerge do cerebelo e no limite com o mesencéfalo suas 
fibras começam a se cruzar com as do lado oposto constituindo o início da decussação 
dos pedúnculos cerebelares superiores. Constituem o mais importante sistema de 
fibras eferentes do cerebelo. 
 
 
 
 
 
Conduzem impulsos para inervação das 
glândulas submandibular, sublingual e 
lacrimal. 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 4 
 
4. Correlações anatomoclínicas 
Os sinais e sintomas característicos das lesões da ponte decorrem do comprometimento dos 
núcleos de nervos cranianos aí localizados, ou seja, os núcleos do V (trigêmeo); VI 
(abducente); VII (facial); VIII (vestíbulo-coclear) pares cranianos. Assim podem ocorrer: 
 Alterações da sensibilidade da face (Par V) 
 Alterações da motricidade da musculatura mastigadora (Par V) 
 Alterações da musculatura da mímica (Par VII) 
 Alterações na motricidade do músculo reto lateral (Par VI) 
 Tonteira e alterações do equilíbrio (Par VIII) 
Esses sinais podem se associar a paralisias ou perdas da sensibilidade no tronco e membros 
por lesão das vias descendentes e ascendentes que transitam pela ponte. 
 
5. Lesões da Ponte 
 
 Lesão da base da ponte (Síndrome de Millard-Guelber) 
Compromete o tracto córtico-espinhal (resulta em hemiparesia do lado oposto ao 
lesado) e as fibras do nervo abducente (paralisia no musculo reto lateral do mesmo 
lado da lesão, o que impede o movimento do olho em direção lateral e desvio do 
bulbo ocular em direção medial, chamado de estrabismoconvergente), resultando 
em uma hemiplegia cruzada com lesão do abducente. Quando a lesão da base da 
ponte se estende lateralmente, compromete as fibras do nervo facial e ao quadro 
clínico já descrito acrescentam-se sinais de lesão do nervo facial. 
 
 Lesão ao nível da emergência do nervo trigêmeo 
Pode comprometer o tracto córtico-espinhal e as fibras do nervo trigêmeo, 
determinando um quadro de hemiplegia cruzada com lesão do nervo trigêmeo. 
Lesão do nervo trigêmeo causa as seguintes perturbações motoras e 
sensitivas do mesmo lado: 
a. Perturbações motoras: paralisia da musculatura mastigadora. Há 
desvio da mandíbula para o lado paralisado. 
b. Perturbações sensitivas: ocorre anestesia da face do mesmo lado da 
lesão, no território corresponde aos três ramos do trigêmeo. 
Se a lesão se estender ao lemnisco medial, pode ocorrer a perda da propriocepção 
consciente e do tato epicrítico do lado oposto ao lesado. 
 
 Lesões do nervo facial: Resultam em paralisia total dos músculos da expressão 
facial na metade lesada. Esses músculos perdem seu tônus e se tornam 
flácidos. Como a musculatura do lado oposto está normal, resulta desvio da 
comissura labial para o lado normal. Há também paralisia do músculo 
responsável pelo fechamento a pálpebra, que irá permanecer aberta. Esse tipo 
de paralisia caracteriza lesão do neurônio motor inferior do facial e pode ser 
denominada paralisia facial periférica. 
Paralisia facial periférica: Homolateral, acometem toda uma metade da face, são totais. 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 5 
 
Paralisia facial central: (Causadas por lesão do neurônio motor superior, como ocorre, por 
exemplo, nas lesões do tracto córtico-nuclear): ocorrem do lado oposto, manifestam-se apenas 
nos músculos da metade inferior da face (As fibras córtico-nucleares, que vão para os 
neurônios motores do núcleo facial que inervam os músculos da metade superior da face são 
homo e heterolaterais. Já as fibras que inervam a metade inferior da face são todas 
heterolaterais), pode haver contração involuntária da musculatura mímica como manifestação 
emocional (Ocorre porque os impulsos que chegam ao núcleo do facial para iniciar os 
movimentos decorrentes de manifestações emocionais não seguem pelo tracto córtico-
espinhal). Ver pág 191, machado. 
Obs: Lesão de nervo facial antes da sua emergência do forame estilomastóideo está em geral 
relacionada com lesões do VIII par (vestíbulo-coclear) e do nervo intermédio (raiz sensitiva do 
nervo facial). Assim há também perda da sensibilidade gustativa de 2/3 da língua, alterações 
do equilíbrio, enjoos e tonteiras por lesão da parte vestibular do VIII par e diminuição da 
audição, por comprometimento da parte coclear desse nervo.

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