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Fisiologia Geral 3

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Curso de 
Fisiologia Geral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
MÓDULO III 
 
1.1. Líquidos Extracelular e Intracelular 
 
imentos do 
organi o de
ua e pelos eletrólitos é fundamental para a 
preven
do gorduroso tem um baixo 
teor de
lar corresponde à 
água do plasma sanguíneo (4%) e à água do líquido intersticial (16%). 
 
1. FISIOLOGIA DOS RINS 
 
 
A troca de nutrientes e dejetos entre o sangue e os tecidos é realizada por uma 
extensão de capilares, equivalente a aproximadamente 700 metros quadrados. Aquelas 
trocas requerem a presença da água, como o meio nobre em que as células vivem e 
realizam as suas funções; a permanência da água nos diferentes compart
sm pende da presença de um teor adequado de diversos eletrólitos. 
 As alterações da distribuição da água e dos eletrólitos são bastante comuns 
e podem levar à complicações de extrema gravidade, ou mesmo determinar a morte do 
indivíduo. A circulação extracorpórea pode produzir distúrbios da composição hídrica e 
eletrolítica do organismo, capazes de gerar numerosas complicações. O reconhecimento 
das principais funções desempenhadas pela ág
ção das complicações e suas seqüelas. 
A água corresponde à maior parte do peso dos indivíduos. Em um neonato, a água 
corresponde a cerca de 75 a 80% do peso. Aos 12 meses de idade o teor de água do 
organismo é de 65% e na adolescência alcança o valor de 60% no sexo masculino e 55% 
no feminino, que se mantém na vida adulta. Essa pequena diferença se deve à maior 
quantidade de tecido gorduroso no organismo feminino. O teci
 água em relação aos músculos e aos órgãos internos. 
A água do organismo está distribuída em dois grandes compartimentos: o 
intracelular e o extracelular. A água do interior das células (líquido ou compartimento 
intracelular), corresponde a cerca de 40% do total do peso do indivíduo, enquanto a água 
do líquido extracelular corresponde a 20%. O compartimento extracelu
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 1 - teor de água dos diversos compartimentos do organismo e o volume total 
 
 
A água se desloca ativa e continuamente entre os diferentes compartimentos do 
organismo, regulando a sua composição. O fator determinante da movimentação da água 
entre os diversos compartimentos líquidos é o gradiente osmótico; a tendência natural da 
água é determinar o equilíbrio osmótico. O plasma e o espaço intersticial trocam água 
através das membranas capilares; o interstício e o interior das células trocam água 
através das membranas celulares. As proteínas do plasma são um importante regulador 
da quantidade e da distribuição de água, em virtude da pressão oncótica exercida pelas 
suas macromoléculas. 
O volume de um compartimento líquido do organismo, por exemplo, o líquido 
intersticial, pode ser medido, pela introdução de substâncias que se dispersam 
uniformemente pelo compartimento. O grau de diluição da substância, permite calcular o 
volume total do compartimento. Dentre as substâncias usadas com aquela finalidade, 
destacam-se a uréia, a antipirina, a tiouréia e outras marcadas com radioisótopos, como o 
deutério e a albumina. 
A água do organismo provém de duas fontes principais. A ingestão de líquidos e a 
água contida nos alimentos contribuem com cerca de 2.100 ml/dia para os líquidos do 
organismo, enquanto a oxidação dos carboidratos libera cerca de 200 ml/dia. As 
necessidades de água dos indivíduos variam de acordo com as taxas metabólicas e com 
a eliminação hídrica. As crianças de baixo peso necessitam mais água em relação aos 
adultos, em virtude do metabolismo mais acelerado que apresentam. De um modo geral, 
as necessidades de água de um indivíduo podem ser estimadas com base nas calorias 
metabolizadas, na superfície corporal ou em relação ao peso. O organismo humano 
necessita, diariamente, de 1.800ml de água, por cada metro quadrado de superfície 
46 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
 
corporal. As necessidades de água dos diferentes indivíduos estão relacionadas na tabela 
7.2, conforme o peso corporal. Aqueles valores referem-se à indivíduos sadios, sem 
disfunção renal, cardiovascular ou metabólica e, portanto, sem restrições à ingestão 
normal de água. As alterações da água consistem, principalmente, de desidratação, 
quando há perda excessiva de líquidos do organismo ou, ao contrário, hiperidratação, 
quando há oferta excessiva de líquidos ao organismo. 
 
 
FIGURA 2 - Intercâmbio líquido entre os diferentes compartimentos do organismo 
 
 
Na circulação extracorpórea, principalmente em crianças, não é rara a ocorrência 
de hiperidratação, causada pelo excesso de soluções cristalóides no perfusato. Devemos 
considerar que durante um procedimento cirúrgico, a administração de água e eletrólitos é 
feita pelo perfusionista através o perfusato; pelo anestesista, através das soluções 
venosas administradas durante a operação e pelo cirurgião, através da administração das 
soluções cardioplégicas, principalmente a cardioplegia cristalóide. Sem controle 
adequado, a soma dos volumes infundidos pode ultrapassar em muito, as necessidades 
diárias dos pacientes que, além de tudo, receberão mais líquidos no pós-operatório 
imediato. 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
A hiperidratação pode também ocorrer em pacientes com quantidades de proteínas 
abaixo do normal. A pressão oncótica do plasma fica reduzida e permite o 
extravasamento de líquidos do plasma para o espaço intersticial, especialmente se a 
oferta líquida não for adequadamente dimensionada. Quando há perda excessiva ou 
insuficiente administração de sódio, também pode ocorrer hiperidratação. A causa é a 
redução da pressão osmótica do líquido extracelular, em relação ao interior das células. A 
água passa do interstício para o líquido intracelular, para refazer o equilíbrio osmótico. O 
paciente hiperidratado pode apresentar edema de face ou generalizado, ascite, derrame 
pleural, insuficiência respiratória, astenia, desorientação, delírio e convulsões ou outras 
manifesta manifestações neurológicas. A migração da água entre os diferentes 
compartimentos, depende da concentração dos eletrólitos, para que o equilíbrio hídrico do 
organismo seja mantido. 
Os eletrólitos, quando em uma solução aquosa, comportam-se como íons. Os íons 
são a menor porção de um elemento químico que conserva as suas propriedades. Os 
cátions são os íons que tem carga elétrica positiva, como o sódio (Na+) e o potássio (K+). 
Os anions são os íons que tem carga elétrica negativa, como o cloro (Cl-) ou o 
bicarbonato (HCO2). 
O equilíbrio químico de uma solução significa a existência de igual número de 
cátions e anions. Os eletrólitos são quantificados emmiliequivalentes, que correspondem 
à milésima parte de um equivalente grama, ou simplesmente equivalente. O equivalente 
de uma substância é a menor porção da substância, capaz de reagir quimicamente e, 
corresponde ao peso atômico ou ao peso molecular, dividido pela valência. Em geral, nos 
líquidos do organismo, os eletrólitos são considerados em termos de miliequivalentes por 
litro (mEq/l). 
Os líquidos orgânicos têm uma composição semelhante, sob o ponto de vista da 
atividade química e das pressões osmóticas. A natureza dos íons, contudo, difere entre os 
compartimentos intracelular e extracelular. 
O líquido extracelular inclui o liquido intersticial e o plasma sanguíneo. O liquido 
extracelular tem grandes quantidades de sódio e cloreto. O sódio é o cátion predominante 
do líquido extracelular, enquanto o potássio é o cátion predominante no líquido 
intracelular. Aproximadamente 95% do potássio existente no organismo estão situados no 
 
 
 
 
 
 
 
49 
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interior das células. A distribuição do magnésio, como o potássio, também é 
predominantemente intracelular. 
Os principais eletrólitos celulares são o potássio, magnésio, fosfato, sulfato, 
bicarbonato e quantidades menores de sódio, cloreto e cálcio. O liquido intracelular possui 
grande quantidade de potássio e pequena quantidade de sódio e de cloreto. As grandes 
proteínas e alguns tipos de ácidos orgânicos ionizáveis existem exclusivamente no líquido 
intracelular; não existem no plasma e no líquido intersticial. 
As diferenças de composição entre os líquidos intracelular e extracelular são muito 
importantes, para o desempenho adequado das funções celulares. O liquido extracelular 
inclui ainda a linfa, o liquor, o liquido ocular e outros líquidos especiais do organismo, 
menos importantes em relação à regulação hídrica e eletrolítica. O plasma e o líquido 
intersticial são os grandes responsáveis pela regulação da água do organismo; a sua 
composição eletrolítica é praticamente a mesma, exceto pela presença das proteínas no 
plasma. Os íons presentes nos líquidos orgânicos desempenham funções essenciais à 
manutenção do perfeito equilíbrio funcional celular. 
O sódio é o cátion mais abundante no líquido extracelular; é fundamental na 
manutenção do equilíbrio hídrico. A perda de sódio causa redução da pressão osmótica 
do líquido extracelular, que resulta na migração de água para o interior das células. O 
aumento da concentração do sódio no líquido extracelular, ao contrário, aumenta a sua 
pressão osmótica e favorece o acúmulo de água no interstício, produzindo edema. O 
sódio também é importante na produção 
do impulso para a condução cardíaca e para a contração muscular. Um mecanismo 
especial chamado de bomba de sódio controla o fluxo de sódio e potássio através da 
membrana celular, mantendo o sódio no exterior e o potássio no interior das células. A 
concentração do sódio é controlada pelos rins, pela secreção de aldosterona e pela 
secreção do hormônio antidiurético. 
O potássio é o cátion intracelular mais importante; é transportado para o interior 
das células pelo mecanismo da bomba de sódio e tem ação fundamental na condução do 
impulso elétrico e na contração muscular. O acúmulo excessivo de potássio no líquido 
extracelular (hiperpotassemia) pode causar redução da condução elétrica e da potência 
 
 
 
 
 
 
 
50 
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da contração miocárdica, levando à parada cardíaca em assistolia. Esse efeito do 
potássio é o princípio fundamental da sua utilização nas soluções cardioplégicas. 
O cálcio é essencial à formação dos dentes, ossos e diversos outros tecidos. É 
também um fator importante na coagulação do sangue. A presença de pequenas 
quantidades de cálcio é essencial à manutenção do tônus e da contração muscular, 
inclusive miocárdica; a deficiência do cálcio (hipocalcemia) pode produzir efeitos 
semelhantes aos do excesso de potássio. 
O magnésio é um íon importante na função de numerosas enzimas e participa 
ativamente no metabolismo da glicose, de diversos outros hidratos de carbono e das 
proteínas. Participa também, ativamente, nos processos da contração e irritabilidade 
neuromuscular; o seu excesso (hipermagnesemia) pode produzir relaxamento muscular, 
inclusive miocárdico, além de alterações da condução elétrica cardíaca. 
O anion cloro (cloreto) é predominante no líquido extracelular; sua função principal 
é a manutenção do equilíbrio químico com os cátions presentes. O cloro participa ainda 
nos efeitos tampão do sangue em intercâmbio com o bicarbonato. 
A função mais importante do íon bicarbonato é a regulação do equilíbrio ácido-
básico, em que participa com o ácido carbônico (dióxido de carbono + água ), formando o 
principal sistema tampão do organismo. 
Para que ocorra o intercâmbio de água por osmose, através da membrana capilar 
ou celular, é necessário que haja diferença na concentração total de solutos nos dois 
lados da membrana. As membranas celulares e capilares são permeáveis à água e aos 
solutos dos líquidos orgânicos e não são permeáveis às proteínas. 
Um soluto é uma substância, como o cloreto de sódio, cloreto de potássio, glicose, 
ou proteína, que pode ser dissolvida em um solvente, para formar uma solução; a solução 
salina, por exemplo, tem o cloreto de sódio como soluto e a água como o solvente. 
Na prática, as soluções podem ser classificadas conforme o tamanho das 
partículas do soluto ou conforme a sua natureza. Uma solução cristalóide é aquela que 
contém partículas homogeneamente dispersas no solvente até que ocorra a passagem de 
uma corrente elétrica ou a sua mistura com outra solução. Os solutos das soluções 
cristalóides, ou simplesmente cristalóides, são pequenos íons, ácidos e bases simples, 
aminoácidos, pequenas moléculas orgânicas, como glicose e frutose, pequenas 
 
 
 
 
 
 
 
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moléculas nitrogenadas, como uréia e creatinina ou pequenas cadeias de polipeptídeos. 
O limite superior para o tamanho das partículas cristalóides está em torno de 50.000 
Dalton. Uma solução coloidal ou, simplesmente, colóide, contém partículas que quando 
deixadas em repouso por um tempo prolongado, tendem a depositar, perdendo a 
homogeneidade; o processo de deposição pode ser acelerado por centrifugação e outros 
meios físico-químicos. As partículas que formam as soluções coloidais têm peso 
molecular maior que os solutos cristalóides, acima de 50.000 Daltons. 
As membranas biológicas, membrana capilar e membrana celular, não permitem a 
passagem dos colóides e permitem a livre passagem de água e dos cristalóides. Se 
colocarmos uma solução de cloreto de sódio (NaCl) em um lado de uma membrana 
permeável à água e ao sal, e colocarmos água pura no outro lado da membrana, as 
moléculas de sódio, cloro e água, vão passar livremente através dos dois lados da 
membrana, até que a concentração de sódio e cloro nos dois lados seja a mesma. A 
passagem da água e dos eletrólitos Na+ e Cl - para o lado da membrana, onde a sua 
concentração é menor, ocorre pelo fenômeno da osmose. 
A pressão osmótica corresponde à pressão exercida pelas partículas ou íons de 
soluto em uma determinada solução. A pressão osmótica é medida em osmol ou 
miliosmol (mOsm). Uma molécula de cloreto de sódio, por exemplo, se dissocia em dois 
íons, Na+ e Cl-;portanto, a solução de uma molécula de cloreto de sódio exercerá uma 
pressão osmótica de 2 osmol/litro de água ou por Kg de água (1litro de água = 1 Kg). 
O intercâmbio de água entre os diferentes compartimentos é governado pela 
osmose. As membranas celulares e capilares são muito permeáveis à água e o 
intercâmbio diário é enorme, entre os compartimentos líquidos do organismo. Quando a 
pressão osmótica se altera, a água se move através das membranas, para restabelecer o 
equilíbrio e manter o estado isosmótico. 
A tonicidade compara as diferentes soluções em termos da pressão osmótica que 
exercem. Duas soluções com o mesmo número de partículas dissolvidas por unidade de 
volume, têm a mesma pressão osmótica e são chamadas, soluções isotônicas. Quando 
uma solução tem um número maior de partículas, é dita hipertônica em relação à outra e, 
finalmente, se o número de partículas de uma solução é menor que a solução de 
comparação, diz-se que ela é hipotônica. O padrão de comparação que nos interessa, é o 
 
 
 
 
 
 
 
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plasma sanguíneo. As soluções que serão misturadas ao plasma devem ser isotônicas, a 
fim de evitar alterações significativas da pressão osmótica. As soluções hipertônicas, se 
necessário, podem apenas ser administradas em pequenos volumes, para corrigir déficits 
de algum eletrólito específico. 
As moléculas de colóides, em geral, são adicionadas às soluções para acrescentar 
pressão oncótica. As soluções coloidais são o plasma sanguíneo, as soluções de 
albumina. A pressão osmótica de uma solução depende do número de partículas ou 
moléculas na solução. Quanto menor o peso da molécula de uma substância, mais 
moléculas existirão, em um determinado peso da substância. Dessa forma, 1 grama de 
cloreto de sódio conterá um número infinitamente maior de moléculas do que 1 grama de 
albumina; o peso da molécula de cloreto de sódio é 58,5 enquanto o peso da molécula de 
albumina é 80.000. Podemos, portanto, afirmar que 1 grama de cloreto de sódio exerce 
uma pressão osmótica muito maior que 1 grama de albumina. Quando em uma solução, 
adicionamos um soluto como a albumina, cuja molécula é de elevado peso, confinada por 
uma membrana impermeável à albumina, esta exercerá uma grande pressão oncótica (ou 
coloido-osmótica). A adição de grandes moléculas, como albumina, dextran e outras, 
aumentam a pressão oncótica da solução. Contudo, como o número de moléculas na 
solução é pequeno, o seu efeito sobre a pressão osmótica é negligível. A pressão 
oncótica é expressa em milímetros de mercúrio (mmHg) e tem grande importância na 
manutenção da água do plasma e na captação da água do líquido intersticial. Quando a 
pressão oncótica do plasma está reduzida a água tende a migrar para o líquido intersticial. 
O organismo normal mantém o equilíbrio entre o ganho e a perda diária de água, 
regulando a diurese, o suor e as perdas insensíveis. Qualquer interferência nos 
mecanismos normais da regulação pode gerar distúrbios do equilíbrio dos líquidos e de 
eletrólitos. Durante a circulação extracorpórea, a oferta excessiva de líquidos ou de 
eletrólitos através do perfusato, pode romper aquele equilíbrio e produzir complicações. A 
perda diária de água corresponde à eliminação pela urina, pelas fezes, pela evaporação 
nos pulmões, durante a respiração (perda insensível), e pela formação do suor, 
dependendo da temperatura ambiente e do grau de atividade física. A perda total diária de 
um indivíduo adulto é de aproximadamente 2.400 à 2.900 m 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 3 – Perdas diárias de água de um adulto, pelas diversas vias de eliminação 
 
O adequado equilíbrio da água e dos eletrólitos do organismo deve ser lembrado 
na preparação da perfusão, na escolha dos componentes do perfusato e nos volumes 
necessários ao procedimento. As soluções para o perfusato devem ter a composição 
química e a pressão osmótica idênticas ao plasma, para minimizar a possibilidade de 
produzir distúrbios hídricos e eletrolíticos. 
A liberação de radicais livres e de numerosas citoquinas e outros agentes pró-
inflamatórios durante a circulação extracorpórea altera a permeabilidade das membranas 
capilares e celulares e contribui substancialmente para alterar os volumes de água 
contidos nos diferentes compartimentos do organismo. Esse processo é parte importante 
da reação inflamatória sistêmica do organismo e, quando intenso, pode produzir 
complicações difíceis de controlar ou reverter. 
 
 
1.2. Formação da Urina 
 
 
O sistema urinário é responsável pela formação da urina, ou seja, pela eliminação 
de grande quantidade de excretas e também do excesso de água e de outras substâncias 
do organismo. É composto por: rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. 
Os rins são órgãos com formato de grão de feijão com aproximadamente 10 cm de 
comprimento localizados na parte posterior da cavidade abdominal de ambos os lados da 
coluna vertebral. São órgãos filtradores do sangue e formadores da urina; o sangue chega 
aos rins pela artéria renal e sai dos mesmos pelas veias renais, que despejam o sangue, 
já filtrado, na veia cava; a urina formada segue para os ureteres. 
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Os rins podem excretar diariamente cerca de 50mEq. de íons hidrogênio (H+) e 
reabsorver 5.000 mEq. de íon bicarbonato (HCO3-). Os rins eliminam material não volátil 
que os pulmões não tem capacidade de eliminar. A eliminação renal é de início mais 
lento, torna-se efetiva após algumas horas e demora alguns dias para compensar as 
alterações existentes. A eliminação de bases e seus cátions é feita exclusivamente pelos 
rins. Os rins tem a capacidade de reabsorver o sódio (Na+) e o potássio (K+) filtrados 
para a urina, eliminando o íon hidrogênio (H+) em seu lugar; o sódio reabsorvido pode ser 
usado para produzir mais bicarbonato e reconstituir a reserva de bases do organismo. 
Além de influir na restauração do equilíbrio ácido-base, os rins reagem à desidratação, à 
hipotensão, aos distúrbios da osmolaridade e eliminam ácidos fixos. Os rins 
desempenham fundamentalmente duas funções no organismo: a eliminação de produtos 
terminais do metabolismo, como uréia, creatinina e ácido úrico e; controle das 
concentrações da água e de outros constituintes dos líquidos do organismo como sódio, 
potássio, hidrogênio, cloro, bicarbonato e fosfatos. 
 
FIGURA 4 – Vista em corte longitudinal do rim esquerdo 
 
As vias urinárias são condutos por onde a urina segue após sair dos rins até ser 
eliminada. Os ureteres são dois tubos musculares que coletam a urina nos rins e a 
despejam na bexiga urinária, que é um órgão muscular em forma de bolsa onde 
desembocam os ureteres; sua função é armazenar a urina constantemente produzida nos 
rins para posterior eliminação. 
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Por fim, temos a uretra, que é um canal muscular que conduz a urina ao meio 
externo. 
 
 
 
FIGURA 5 – Ilustração do sistema urinário humano 
 
 
 
 
 
FIGURA 6 – Vista anterior e lateral de um rim 
 
 
 
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A formação da urina começa nos rins, nos néfrons, que são as unidades funcionais 
dos rins, onde a urina é realmente formada; cada rim possui aproximadamente um milhão 
de néfron que são formados por túbulos contorcidos e microscópicos. 
 No processo de formação de urina, a arteríola aferente é um ramo da artéria renal 
e numa região envolvida pela cápsula de Bowman, se enrola formando o glomérulo. 
Quando o sangue passa pelo glomérulo uma parte do plasma extravasa através da 
cápsula de Bowman, ocorrendo o processo de filtração. O filtrado glomerular possui 
tantas substâncias úteis ao organismo, como glicose, água sais minerais, aminoácidos e 
vitaminas, quanto excretas inúteis ao organismo. As substâncias úteis precisam ser 
reabsorvidas, ou seja, passar dos túbulos do néfron para os capilares que os envolvem 
por meio de mecanismos especiais que as células dos túbulos possuem, que é o 
processo de reabsorção. Ao longo do trajeto pelos túbulos do néfron também ocorre a 
passagem de algumas substâncias dos capilares para os túbulos, que é o processo de 
secreção. Desta maneira pode-se dizer que na formação da urina fazem parte os 
processos de filtração, reabsorção e secreção de substâncias, e desses processos resta 
nos túbulos do néfron as excretas (principalmente uréia) e o excesso de sais minerais e 
de água. A urina segue para o túbulo coletor e deste sai dos rins através dos ureteres e é 
armazenada na bexiga urinária e é eliminada para o meio exterior através da uretra. 
 Existe um hormônio indispensável no processo de controle da urina que é o 
hormônio anti-diurético (ADH). O ADH é produzido no hipotálamo e atua no túbulo 
contorcido distal dos néfrons estimulando a reabsorção passiva de água, em outras 
palavras, diminui a quantidade de urina. O papel do ADH é importantíssimo, sem ele a 
diurese pode chegar a 20 litros, quando o normal está na faixa de 1,5 litros. A 
desidratação e a sede tornam-se intensa. A ingestão de bebidas alcoólicas inibe a 
produção de ADH, desta maneira aumentando a diurese. 
 
 
1.3. Funcionamento da Micção 
 
 
 A fisiologia bem como a neurofisiologia da micção não estão completamente 
compreendidas. O fenômeno simples e quase inconsciente da micção envolve complexos 
mecanismos e interações neurais que têm sido objeto de inúmeros estudos nas últimas 
 
 
 
 
 
 
 
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décadas. O desenvolvimento de técnicas histoquímicas especiais, estudos com 
estimulação elétrica nervosa em raízes sacrais e principalmente a maior difusão e 
padronização de estudos urodinâmicos têm permitido esclarecimentos de alguns pontos 
fundamentais para sua compreensão. 
A uretra e a bexiga mantêm entre si continuidade anatômica e guardam relação 
funcional bastante íntima. A parede vesical no corpo da bexiga é composta de 
musculatura lisa que se distribui em todos os sentidos. Próximo ao colo vesical, organiza-
se em três camadas anatomicamente distintas. A camada mais interna orienta-se no 
sentido longitudinal prolongando-se com a camada longitudinal interna da uretra. A 
camada muscular média, mais espessa e evidente a este nível, interrompe-se no colo 
vesical, não se prolongando até a uretra. A camada muscular externa tem sentido oblíquo 
nos mais variados graus de inclinação; tem, de modo geral, orientação espiralada, 
continuando-se com a camada externa uretral. 
Existem fibras musculares estriadas que envolvem a uretra: nos homens, entre o 
verumontanum e uretra bulbar;nas mulheres, envolvem principalmente a porção média. 
A uretra posterior masculina (compreendendo a uretra prostática e a uretra 
membranosa) corresponde a praticamente toda uretra feminina, tendo a mesma origem 
embriológica. 
No homem adulto, o parênquima prostático localiza-se na porção supramontanal; 
envolvendo a uretra por todos os lados, o que dificulta a identificação das camadas 
musculares uretrais e leva a confundir suas fibras musculares lisas que envolvem os 
ácinos prostáticos com as da musculatura uretral. 
A musculatura vesico-uretral tem papel fundamental na função de armazenamento 
e esvaziamento vesical. Durante a fase de esvaziamento, é necessário não apenas que a 
musculatura vesical se contraia, mas também que musculatura uretral se relaxe.A 
contração vesical ocorre basicamente por um estímulo parasimpático. Um arco reflexo, 
poderia dar-nos uma idéia simplista do funcionamento vesical. Fibras sensitivas partindo 
dos proprioceptores da parede vesical atingem os nervos pré-sacrais (não existe um 
nervo sensitivo específico, mas sim um verdadeiro plexo nervoso que se localiza 
anteriormente ao sacro). Este plexo organiza-se ao nível dos forames sacrais S2,S3 e S4 
fazendo parte das raízes nervosas sacrais S2,S3 e S4, atingindo o cônus medular através 
 
 
 
 
 
 
 
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de ramos da cauda eqüina, fazendo aí sinapse. Deste nível partem fibras motoras 
parasimpáticas que, também através das raizes sacrais S2,S3 e S4, passam pelas fibras 
do plexo pré-sacral e atingem a parede vesical, estabelecendo-se sinapse nos gânglios 
intramurais, partindo daí as fibras motoras vesicais pós-sinápticas. Este arco reflexo 
também está sob influência direta cortical, com mecanismo facilitatórios e inibidores. A 
sensibilidade da distensão vesical através da medula também é informada ao córtex 
cerebral, tomando-se consciência da situação da distensão vesical. São estes 
mecanismos que permitem ao indivíduo adulto urinar ou não, ao ser informado pelos 
proprioceptores da situação de distensão vesical. 
Como já dissemos, para que ocorra a micção não basta que a contratação vesical ocorra, 
mas também a resistência uretral deve diminuir, ocorrendo relaxamento esfincteriano. A 
inervação da musculatura estriada periuretral é feita por fibras que também trafegam 
pelos ramos S2 a S4 e compõem o nervo pudendo. Impulsos nervosos contínuos, 
transportados pelo nervo pudendo, atingem o "esfíncter estriado" e o mantêm sob 
contração involuntária durante o enchimento vesical. O aumento involuntário desta 
contração, acompanhando o enchimento vesical, é um fato normalmente observado. 
Quando ocorre a contração vesical, existe uma inibição reflexa desse tônus e - o que, por 
sua vez, causa o relaxamento esfincteriano. É interessante observa-se que esta interação 
depende de mecanismos neurológicos mais altos situados ao nível da ponte (a conexão 
entre o encéfalo e a medula). Essa interação entre o conus medular e a ponte é que 
permite também que o reflexo miccional ocorra até o completo esvaziamento vesical. Nos 
bebês, esta interação pontino medular está íntegra não tendo as crianças controle por 
falta de integração cortical; em um paciente com lesão medular acima do cônus medular, 
interrompe-se esta via, deixando de haver essa interação. Têm, assim, muito 
freqüentemente, contrações vesicais reflexas com contrações esfincterianas durante a 
contração vesical (a chamada dissinergia vesico-esfincteriana) e contrações vesicais de 
duração insuficiente. Apresentam, portanto, micção de alta pressão, com elevado volume 
de resíduo pós-miccional. 
A musculatura uretral, pelo seu tônus, exerce força constrictiva sobre a luz uretral, 
ocluindo-a mantendo os níveis pressóricos mais elevados na uretra do que na bexiga, não 
ocorrendo perda urinária. A atividade muscular uretral é composta de dois elementos59 
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básicos: o esfíncter muscular liso,aceito genericamente como esfíncter interno, distribuído 
por todo o comprimento da uretra feminina e pela uretra prostática masculina; e o 
esfíncter voluntário, estriado, de localização preferencial no terço médio da uretra 
feminina, e próximo à uretra membranosa masculina. A atividade do esfíncter voluntário e 
do esfincter interno se sobrepõem em razoável trajeto uretral. Se o indivíduo se submete 
a um esforço, ocorre um aumento da pressão abdominal que se transmite à bexiga, e o 
mecanismo esfincteriano responde: em parte aumentando sua eficiência, através de 
reflexo neurológico que contrai a musculatura estriada; e em parte sofrendo transmissão 
direta da pressão abdominal. O gradiente de pressão uretral mantém-se maior que a 
pressão vesical, não ocorrendo, portanto, perda de urina.Necessária e fundamental para a 
continência urinária é além da integridade dos mecanismos esfincterianos, a acomodação 
vesical durante a fase de seu enchimento. 
A bexiga tem a capacidade de receber significativo volume de urina, sem que se 
verifique expressiva elevação pressórica. Mesmo quando se atinge a capacidade vesical 
máxima e o desejo miccional se torna imperioso, os níveis pressóricos da bexiga mantêm-
se baixos; e assim, mesmo em tais condições extremas, consegue-se inibir sua 
contração. 
Os baixos níveis pressóricos vesicais durante a fase de enchimento da bexiga são 
fundamentais para a continência. Pacientes nos quais esse fator não se verifique em 
decorrência de cirurgia ou por alteração da constituição da parede vesical apresentam-se 
com polaciúria intensa, comportando-se clinicamente incontinentes, ainda que o 
mecanismo esfincteriano se mostre normal. 
Quando a distensão vesical atinge volume ao redor de 150 mL, começamos a 
sentir o desejo miccional que atinge seu máximo quando o volume acumulado se iguala à 
capacidade vesical máxima (cerca de 500 mL). A musculatura vesical constitui-se 
provavelmente no único músculo liso do corpo humano sujeito a algum controle voluntário 
cortical. Possuímos a capacidade voluntária de inibir e de iniciar a contração vesical. 
Imediatamente antes da contração vesical, ocorre relaxamento esfincteriano e do 
assoalho pélvico, o que permite a descida do colo vesical, sendo este um provável 
estímulo para a contratação vesical. A contração da musculatura longitudinal interna da 
uretra e concomitantemente com a da bexiga leva ao encurtamento uretral e ao 
 
 
 
 
 
 
 
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afunilamento do colo vesical, contribuindo para o direcionamento da força vesical e a 
diminuição da resistência uretral. A micção ocorre com baixa resistência uretral, e a 
pressão dentro da bexiga mantém-se em níveis baixos (ao redor de 10 - 15 cm H2O). A 
pressão uretral mantém-se baixa durante toda a micção, permitindo um fluxo contínuo (da 
ordem de 15 - 25 mL/s), que varia com o volume urinado, o sexo e a idade. Somente ao 
término do esvaziamento da bexiga, a contração vesical cessa, e o tônus uretral volta aos 
níveis basais. Quando desejamos interromper voluntariamente a micção antes do total 
esvaziamento vesical, realizamos (através do nervo pudendo) a contração tanto das fibras 
estriadas periuretrais, quanto da musculatura perineal resultando no aumento da 
resistência uretral e na conseqüente interrupção do fluxo. A musculatura detrusora 
mantém-se contraída ainda por alguns poucos segundos, relaxando-se reflexamente à 
seguir. Portanto, não interrompemos diretamente o arco reflexo miccional, mas sim, de 
forma voluntária, o fluxo urinário interrompendo-se, reflexamente, a contração vesical. 
Sabe-se bastante sobre a ação simpática na continência, porém sua ação na micção é 
questionável. Alguns autores, através de técnicas histoquímicas mostram que a inervação 
do esfíncter estriado é feita por fibras simpáticas, parasimpáticas e somáticas. A ação 
simpática também é evidente na ejaculação. 
 A estimulação simpática promove contração das fibras que envolvem os ácinos 
prostáticos, provocando a expulsão da secreção acumulada anteriormente, para a luz 
uretral. A contração simultânea de todo o parênquima prostático, por sua localização 
preferencial entre o verumontanum e o colo vesical, se traduzirá por constricção mais 
acentuada desta porção, não permitindo a ejaculação retrógrada. Receptores beta-
adrenérgicos, que têm ação de relaxamento de fibras lisas, foram encontrados em grande 
número na parede vesical sendo provavelmente sua ação de relaxamento o que, atuando 
com a falta de ação parassimpática na fase de enchimento, permite que a acomodação 
vesical ocorra a baixa pressão. 
As disfunções neurológicas podem levar a alterações das funções vesico-uretrais, 
sendo conhecidas como bexiga neurogênica. Disto pode resultar o comprometimento das 
fibras sensitivas vesicais, como acontece, por exemplo, no diabetes, situação na qual as 
fibras sensitivas, por serem as mais finas, são as primeiras acometidas. Como 
consequência deste acometimento, os pacientes passam inicialmente a apresentar o 
 
 
 
 
 
 
 
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primeiro desejo somente com grandes distensões vesicais. Quando solicitado, o paciente 
consegue urinar e urina, então, grandes volumes, pois a capacidade vesical se encontra 
bastante aumentada. Essa distensão vesical crônica acarreta lesão da própria 
musculatura detrusora, o que por sua vez, impede o bom esvaziamento vesical; disto 
resulta a formação de resíduo pós-miccional, que progressivamente se acumula, levando 
à retenção urinária e a suas repercussões no trato urinário superior. Ao lado disto, a 
progressão da lesão neurológica causa interrupção do arco reflexo miccional. 
Quando a lesão compromete as fibras motoras, tem-se o quadro de bexiga 
neurogênica paralítico-motora, como o que se verifica na poliomielite e no trauma ou no 
tumor medular. Nesta situação, a sensibilidade está preservada e o paciente percebe o 
grau de distensão vesical, porém não consegue desencadear o reflexo miccional. A 
Bexiga neurogênica paralítico-motora é uma situação patológica bastante rara de 
encontrarmos na prática clínica. 
Quando há comprometimento tanto das fibras sensitivas quanto das motoras, ou 
ainda do próprio cônus medular, tem-se a chamada bexiga neurogênica autônoma. Por 
ser no cônus medular, como sabemos, que ocorre o fechamento do arco reflexo vesical, 
lesões do cônus ou das vias aferentes e eferentes vesico-uretrais levam à incapacidade 
de se obter reflexamente o arco reflexo. Como estas vias são também responsáveis por 
outros reflexos, o reflexo bulbo-cavernoso e o reflexo cutâneo anal estarão de iguais 
modos comprometidos. 
 O grau de comprometimento do esfíncter vai estar relacionado com o grau de 
comprometimento neurológico e poderá haver pacientes que, apesar de não terem 
contração vesical, serão incontinentes por falta de atividade esfincteriana. Por outro lado, 
a retenção pode ser o achado clínico neste tipo de lesão nos casos onde não existe 
contração vesical, porém o esfíncter é ativo. Devemos lembrar que um paciente 
retencionista pode apresentar incontinência clínica, pois à medida que vai ocorrendo o 
enchimento vesical, a pressão intravesical vai se elevando, até o momento que vence a 
resistência uretral, ocorrendo, a partir daí, perda constantede urina (é a chamada 
incontinência paradoxal). Portanto, para a correta avaliação se um paciente é 
retencionista ou incontinente devemos verificar o grau de esvaziamento vesical, e não 
somente se o paciente apresenta saída involuntária de urina pela uretra. A bexiga 
 
 
 
 
 
 
 
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autônoma pode ser encontrada em portadores de tumores medulares, trauma ou 
malformações congênitas como mielomeningocele ou agenesia sacral. 
Quando a lesão ocorre acima do cônus medular que no adulto está localizado ao 
nível "ósseo" T12 - L1, o arco reflexo está liberado, ocorrendo contração vesical reflexa à 
distensão vesical.A contração vesical é involuntária e sem sensibilidade. Como já foi dito 
anteriormente, nesta situação pode ocorrer contração esfincteriana simultânea à 
contração vesical e o paciente tem micções de altíssima pressão, levando a repercussões 
graves do trato urinário. É o tipo de comportamento vesical (bexiga neurogênica reflexa) 
encontrado no trauma medular, na mielomeningocele e na esclerose múltipla, dentre 
outras. 
 Nesta situação, além do reflexo miccional, outros reflexos abaixo da lesão (como 
bulbo cavernoso e cutâneo anal) estão também liberados. Cabe registrar um aspecto 
freqüentemente observado em lesões agudas, como as verificadas logo após o trauma 
medular: o fato de todos os reflexos abaixo da lesão encontrarem-se bloqueados. Este 
"silêncio medular" abaixo da lesão pode durar de horas a meses (fase de choque 
medular), evoluindo na situação crônica para a liberação dos reflexos. 
Outro tipo de comportamento vesica encontrado, como exemplo típico, está na 
Moléstia de Parkinson, em que o paciente apresenta o arco reflexo normal, com 
sensibilidade e relaxamento esfincteriano, porém as fibras responsáveis pela inibição do 
arco reflexo são as comprometidas. Nesta situação, o paciente apresenta incapacidade 
de inibir o arco reflexo, configurando-se um quadro clínico de urgência miccional com 
incontinência por urgência -- ou seja, no momento em que tem o desejo miccional, ocorre 
o arco reflexo e o paciente é incapaz de inibir a micção. Basicamente o que ocorre é uma 
desconexão entre a córtex cerebral e a ponte, perdendo-se a capacidade de inibir o 
reflexo miccional. Preserva-se a função pontina, e a micção ocorre coordenada, sem 
dissinergia. 
Como vimos, as disfunções neurológicas podem levar a disfunções miccionais 
graves. Sabemos que o trato urinário mantém níveis pressóricos baixos -- e que o 
armazenamento, o transporte e a eliminação da urina se fazem com níveis pressóricos 
baixos. Elevações pressóricas intravesicais acima de 35 cm H2O causam dificuldade de 
drenagem do ureter, acarretando dilatações ureterais. 
 
 
 
 
 
 
 
Com o progressivo aumento da pressão intravesical, esta se transmite ao ureter, 
resultando em aumento da pressão intrapiélica e conseqüentemente às repercussões 
renais. Ao lado disto, dificuldade de drenagem vesical pode promover alterações da 
própria parede vesical -- alterações anatômica essas que podem resultar no aparecimento 
de refluxo vesico-ureteral ou ainda levar diretamente a obstrução ureteral na passagem 
do ureter para a bexiga (Hiato Ureteral). 
Com as alterações da parede vesical -- persistindo da obstrução --, a própria 
parede vesical (músculo Detrusor) entra em falência, propiciando o aparecimento do 
resíduo pós-miccional que causa infecções urinária de difícil controle. Assim os 
mecanismos que levam a disfunção vesical de causa neurológica a repercussões diretas 
da função renal são muitos; e pacientes com bexiga neurogênica requerem 
acompanhamento e tratamentos urológicos de longo prazo. 
 
 
 
FIGURA 7 – A ilustração mostra a inervação no processo de micção 
 
 
 
 
 
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2. FISIOLOGIA DO SANGUE 
 
 
Todas as células do nosso organismo têm necessidade, para manter-se em vida e 
desempenhar as suas funções, de receber oxigênio e materiais nutritivos. A tarefa de 
transportar a elas esses elementos cabe ao sangue, o qual, por sua vez, recebe das 
células as substâncias de rejeição. Para realizar esse refornecimento, o sangue tem 
necessidade de "circular" continuamente: o canal dentro dos quais o sangue circula são 
os vasos sangüíneos, enquanto o coração é a bomba que dá ao sangue o seu impulso 
para circulação. Coração e vasos constituem, no seu conjunto, o aparelho circulatório. O 
sangue humano é constituído por um líquido amarelado, o plasma, e por células e 
pedaços de células, genericamente denominados elementos figurados. 
 
 
2.1. Hemácias e Leucócitos 
 
 
Os glóbulos vermelhos são células também conhecidas como eritrócitos, hemácias 
ou células vermelhas que estão presentes no sangue em número de cerca de 5 milhões 
por milímetro cúbico, em condições normais. São constituídas basicamente por globulina 
e hemoglobina, composta de 4 moléculas protéicas e 1 grupamento heme, que contém o 
ferro, e a sua função é transportar o oxigênio(principalmente) e o gás carbônico (em 
menor quantidade) aos tecidos. 
A cor vermelha se deve à alta concentração da molécula de transporte de oxigênio 
dentro das células, a hemoglobina. Há cerca de 5 milhões de eritrócitos em um milímetro 
cúbico de sangue humano; eles são produzidos numa velocidade de 2 milhões por 
segundo por um tecido especial que se localiza na medula óssea, o tecido 
hematopoiético, e as células velhas são destruídas e removidas pelo baço. As baixas 
tensões de oxigênio nas grandes altitudes estimulam maior produção de hemácias para 
que o transporte de oxigênio seja facilitado. 
Quando colocadas em solução hipotônica (menos concentrada), as hemácias 
sofrem hemólise, ou seja, se rompem. Em meio hipertônico (mais concentrado), perdem 
água e murcham, ocorrendo plasmólise. Quando os eritrócitos se rompem, liberam a 
 
 
 
 
 
 
 
hemoglobina, que é convertida em bilirrubina e eliminada pela vesícula biliar ao sistema 
gastrintestinal. 
Os leucócitos, também conhecidos por glóbulos brancos, são células sanguíneas 
com a função de defender o organismo de agressões externas através da fagocitose. Os 
leucócitos são divididos nos seguintes tipos: neutrófilos, basófilos, eosinófilos, que são 
granulócitos (divididos em lóbulos), apresentam grânulos em seu citoplasma, com núcleo 
arredondado e formados pelas células mães da medula óssea; linfócitos e monócitos, que 
são agranulócitos (não são divididos em lóbulos), Não apresentam grânulos no seu 
citoplasma. Os neutrófilos e monócitos são responsáveis pela fagocitose, ou seja, 
envolvimento e digestão de corpos invasores, que penetram no nosso corpo, como 
espinhos, cacos de vidro, bactérias. Os basófilos e os eosinófilos combatem processos 
alérgicos. 
 
 
FIGURA 8 – Neutrófilos granulócitos 
 
 
FIGURA 9 – Eosinófilos granulócitos 
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FIGURA 10 – Basófilos granulócitos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 11 – Linfócito agranulócito 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 12 – Monócito agranulócito 
 
 
 
 
2.2. Grupos Sanguíneos 
 
 
Os tipos de Grupos Sanguíneos foram descobertos no início do século XX, quando 
o cientista austríaco Karl Landsteiner dedicou-se a comprovar que havia diferenças no 
sangue de diversos indivíduos. Ele colheu amostras de sangue de diversas pessoas, 
isolou os glóbulos vermelhos e fez diferentes combinações entre plasma e glóbulos 
vermelhos, tendo como resultado a aglutinação dos glóbulos em alguns casos, formando 
grânulos,e em outros não. Landsteiner explicou então por que algumas pessoas morriam 
depois de transfusões de sangue e outras não. Em 1930 ele ganhou o Prêmio Nobel por 
esse trabalho. 
Os resultados dos experimentos realizados por Landsteiner o levaram a sugerir o 
Sistema ABO. Ele considerou que havia três tipos de sangue: A, B e O (Doador 
Universal). Outros cientistas identificaram um quarto tipo, nomeado AB (Receptor 
Universal). A diferença entre esse grupo de sangue deve-se à presença, nas hemácias, 
de uma substância chamada aglutinogênio A e B. Dependendo dessa substância na 
hemácia, existe no plasma uma substância chamada aglutinina, que pode ser Anti-A e 
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Anti-B. Atualmente sabe-se que existem outros antígenos na superfície das hemácias que 
também podem estar implicados em reações hemolíticas transfusionais, exemplos destes 
são: Fator Rh, Antígeno Kell, Antígeno Duffy, Antígeno Kidd e o Antígeno Lewis. 
 
 
FIGURA 13 – A tabela mostra a compatibilidade entre os tipos de sangue 
 
 
A distribuição dos grupos sanguíneos na população humana não é uniforme. O 
grupo sanguíneo mais comum é O+, enquanto que que o mais raro é o AB-. 
Em 1940, Karl Landsteiner e Alexander Solomon Wiener realizaram experiências 
com o sangue de macaco. Ao injetar sangue em cobaias, perceberam que elas produziam 
anticorpos, gradativamente. Concluíram que havia nas hemácias do sangue do macaco 
um antígeno que foi denominado de fator RH. O anticorpo produzido no sangue da cobaia 
foi denominado de anti-Rh. Os indivíduos que apresentam o fator Rh são conhecidos 
como Rh+, apresentando os genótipos RR ou Rr. Os indivíduos que não apresentam o 
fator Rh são denominados Rhֿ e apresentam o genótipo rr, sendo geneticamente 
recessivos. 
Quando se procede a uma transfusão sanguínea é necessário verificar se o 
receptor tem Rh-. Se assim for, o paciente só poderá receber sangue também Rh-, já que 
se receber sangue Rh+ o sistema imunológico poderá reagir, causando hemólise. O 
contrário, contudo, o paciente com Rh+ podem receber sangue Rh-, já que este último 
não traz consigo os antígenos que provocam a reação imunológica. 
 
 
 
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2.3. Coagulação do Sangue 
 
O organismo conta com um mecanismo vital contra as perdas excessivas de 
sangue denominado coagulação que auxilia na interrupção das hemorragias fechando os 
vasos sangüíneos abertos e, portanto, impedindo que o sangue extravase. Desde que os 
organismos estão sujeitos a sofrer traumatismos que podem romper vasos sangüíneos, o 
mecanismo de coagulação pode ser considerado como um fator de defesa natural. 
Por outro lado, quando ocorrem perturbações no mecanismo da coagulação, 
mesmo lesões pequenas como um corte superficial num dedo ou uma simples extração 
dentária podem provocar sangramentos intensos que duram horas ou dias, chegando a 
comprometer seriamente a vida do indivíduo. 
Esses distúrbios no mecanismo de coagulação poderão ocorrer de forma inversa, 
ou seja, provocando coagulação anormal no interior dos vasos sangüíneos (trombose), 
fechando-os. Conseqüentemente, os tecidos servidos pelos vasos sangüíneos fechados 
sofrem falta de irrigação sangüínea e acabam por apresentar necrose tissular (morte do 
tecido). 
Outra possibilidade é a de o coágulo, ou parte dele, destacar-se do local de sua 
formação, indo obstruir vasos sangüíneos situados em regiões mais distantes do 
organismo (fenômeno que caracteriza a chamada embolia), provocando nesses locais 
distúrbios circulatórios que, freqüentemente, levam o doente à morte. 
Normalmente, o sangue em circulação é líquido, coagulando-se somente quando 
transborda dos vasos sangüíneos. 
A fluidez do sangue no organismo depende dás propriedades físicas especiais do 
endotélio vascular (camada celular que reveste o interior dos vasos), da velocidade do 
fluxo sangüíneo, do número de células sangüíneas e da presença de anticoagulantes 
naturais, como a heparina, por exemplo. 
Quando retirado do interior dos vasos, o sangue perde rapidamente sua fluidez, 
tornando-se inicialmente viscoso e adquirindo gradativamente consistência gelatinosa. Se 
uma pequena quantidade de sangue extravasar, em pouco tempo haverá formação de um 
coágulo semi-sólido. 
De maneira simplificada, admite-se que o mecanismo de coagulação do sangue 
consiste em uma extensa reação em cadeia, na qual interferem diversas substâncias 
 
 
 
 
 
 
 
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sangüíneas e celulares que agem umas sobre as outras, levando à formação de uma 
proteína especial, a fibrina, responsável final pelo processo de coagulação. 
Apesar de o mecanismo da coagulação não ser completamente conhecido, existe 
uma teoria bastante difundida que atribui à coagulação a ação de doze fatores, indicados 
em algarismos romanos por convenção internacional. 
A fase final da coagulação é determinada pela formação de fibrina, que se deposita 
sob a forma de um emaranhado de fios microscópicos, os quais acabam por aprisionar 
completamente as células sangüíneas. Os fios recém-formados aderem uns aos outros, 
às células do sangue, aos tecidos e à superfície alterada do revestimento interno dos 
vasos - está formado o coágulo. O sangue extravasado transforma-se numa massa 
gelatinosa, interrompendo a hemorragia. No entanto, esse é o final do processo de 
coagulação; para a formação de fibrina é necessário que todos os outros fatores tenham 
exercido sua atividade. 
A fibrina resulta da transformação do fibrinogênio, proteína diluída no plasma (parte 
líquida do sangue) sangüíneo. Mas, para que o fibrinogênio se transforme, é necessária a 
intervenção da tromba que, por sua vez, é o resultado da transformação da protrombina, 
uma proteína (globulina) formada no ligado. 
A responsável pela transformação da protrombina é a tromboplastina, substância 
presente nos tecidos e no interior das plaquetas (pequenos fragmentos celulares que se 
originam de grandes células da medula vermelha dos ossos, os megacariócitos). Quando 
a tromboplastina é liberada, inicia-se o processo de coagulação. Quando o sangue sai 
dos vasos sangüíneos, através de algum ferimento, as plaquetas se aglutinam, libertando 
a tromboplastina. Por outro lado, quando os tecidos também são atingidos pelo 
traumatismo, liberam a mesma substância. 
Essa liberação de tromboplastina sofre a interferência do fator íons-cálcio, fator 
anti-hemofilico A e fator anti-hemofilico B. É o início da reação em cadeia. É por esse 
motivo que, quando se prende o dedo em uma porta, por exemplo,o sangue poderá 
coagular mesmo por baixo da pele. Os tecidos lesados liberam a tromboplastina, que vai 
agir sobre a protrombina e assim por diante, desencadeando a coagulação do sangue. 
Como a formação de protrombina é realizada no fígado, quando esse órgão se encontra 
lesado por alguma afecçao grave sua produção é reduzida. Além disso, sua formação 
 
 
 
 
 
 
 
depende de um suprimento e absorção adequados de vitamina K. Nos casos de doenças 
grave do fígado ou de carência de vitamina K, existe urna falta relativa de protrombina e, 
portanto, forte tendência a hemorragias. A transformação da protrombina em trombina 
pela tromboplastina depende basicamente da participação dos íons-cálcio e é acelerada 
pela presença do fator pró-acelerina (fator acelerador). 
 
FIGURA 14 – Mecanismo de formação de um coágulo 
 
 
3. FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA 
 
3.1. A Ventilação e a Circulação Pulmonar 
 
 
Nossas células necessitam, enquanto vivas e desempenhando suas funções, de 
um suprimento contínuo de oxigênio para que, num processo químico de respiração 
celular, possam gerar a energia necessária para seu perfeito funcionamento e produção 
de trabalho. 
Da mesma forma que um motor de automóvel necessita, para produzir seu trabalho 
mecânico, além da fonte de energia orgânica fornecida pelo combustível (gasolina, álcool 
ou diesel), de fornecimento constante de oxigênio; da mesma forma que uma chama num 
palito de fósforo, para permanecer acesa necessita além da matéria orgânica presente na 
madeira do palito, também de oxigênio, nossas células também, para manterem seu 
perfeito funcionamento necessitam, além da fonte de energia proporcionada pelos 
diversos alimentos, de um fornecimento constante de oxigênio. 
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O oxigênio existe em abundância em nossa atmosfera. E para captá-lo 
necessitamos de nosso aparelho respiratório. Através deste, parte do oxigênio da 
atmosfera se difunde através de uma membrana respiratória e atinge a nossa corrente 
sanguínea, é transportado pelo nosso sangue e levado às diversas células presentes nos 
diversos tecidos. As células, após utilizarem o oxigênio, liberam gás carbônico que, após 
ser transportado pela mesma corrente sanguínea, é eliminado na atmosfera também pelo 
mesmo aparelho respiratório. 
Para que seja possível uma adequada difusão de gases através da membrana 
respiratória, oxigênio passando do interior dos alvéolos para o sangue presente nos 
capilares pulmonares e o gás carbônico se difundindo em sentido contrário, é necessário 
um processo constante de ventilação pulmonar. 
A ventilação pulmonar consiste numa renovação contínua do ar presente no interior 
dos alvéolos. Para que isso ocorra é necessário que, durante o tempo todo, ocorram 
movimentos que proporcionem insuflação e desinsuflação de todos ou quase todos os 
alvéolos. Isso provoca, no interior dos alvéolos, uma pressão ligeiramente, ora mais 
negativa, ora mais positiva do que aquela presente na atmosfera. 
Durante a inspiração, devido a uma pressão intra-alveolar de aproximadamente 3 
mmHg mais negativa do que a atmosférica, uma certa quantidade de ar atmosférico é 
inalado pelo aparelho respiratório; durante a expiração, devido a uma pressão intra-
alveolar de aproximadamente 3 mmHg mais positiva do que a atmosférica, a mesma 
quantidade de ar é devolvida para a atmosfera. 
Para que possamos insuflar e desinsuflar nossos alvéolos, devemos inflar e 
desinflar nossos pulmões. Isso é possível através de movimentos que acarretem aumento 
e redução do volume no interior da nossa caixa torácica, onde nossos pulmões estão 
localizados. 
Podemos expandir o volume de nossa caixa torácica levantando nossas costelas e 
contraindo o nosso músculo diafragma. Para retrairmos o volume da caixa torácica 
fazemos exatamente o contrário: rebaixamos nossas costelas enquanto relaxamos o 
nosso diafragma. 
A inspiração, que promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da 
musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas 
 
 
 
 
 
 
 
elevam-se, promovendo o aumento da caixa torácica, com conseqüente redução da 
pressão interna (em relação à externa), forçando o ar a entrar nos pulmões. 
A expiração, que promove a saída de ar dos pulmões, dá-se pelo relaxamento da 
musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma eleva-se e as 
costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, com conseqüente aumento 
da pressão interna, forçando o ar a sair dos pulmões. 
 
 
FIGURA 15 – Fisiologia da Mecânica Respiratória 
 
 
Portanto temos diversos músculos que nos são bastante importantes durante 
nossa respiração: 
Os principais músculos utilizados na inspiração são: diafragma, 
esternocleidomastoideos, intercostais externos, escalenos e serráteis anteriores. 
Os músculos utilizados na expiração são intercostais internos, retos abdominais e 
demais músculos localizados na parede anterior do abdômen. 
 
 
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FIGURA 16 – Atuação dos músculos expiratórios e inspiratórios 
 
 
Durante a inspiração e durante a expiração, o ar passa por diversos e diferentes 
segmentos que fazem parte do aparelho respiratório: 
O Nariz é o primeiro segmento por onde, de preferência, passa o ar durante a 
inspiração. Ao passar pelo nariz, o ar é filtrado, umidificado e aquecido. Na 
impossibilidade eventual da passagem do ar pelo nariz, tal passagem pode acontecer por 
um atalho, a boca. Mas infelizmente, quando isso acontece, o ar não sofre as importantes 
modificações descritas acima. 
Após a passagem pelo nariz, antes de atingir a laringe, o ar deve passar pela 
faringe, segmento que também serve de passagem para os alimentos. 
A Laringe, normalmente, permite apenas a passagem de ar. Durante a deglutição 
de algum alimento, uma pequena membrana (epiglote) obstrui a abertura da laringe, o 
que dificulta a passagem de fragmentos que não sejam ar para as vias respiratórias 
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inferiores. Na laringe localizam-se também as cordas vocais, responsáveis para produção 
de nossa voz. 
A Traquéia é um tubo cartilaginoso que liga as vias respiratórias superiores às 
inferiores, logo abaixo. Em seguida, a traquéia se ramifica em Brônquios que são 
numerosos e ramificam-se também numerosamente, como galhos de árvore e permitem 
a passagem do ar em direção aos alvéolos. Os Bronquíolos respiratórios e terminais 
estão entre os brônquios e os sacos alveolares, de onde saem os alvéolos. 
Por toda a mucosa respiratória, desde o nariz até os bronquíolos, existem 
numerosas células ciliadas, com cílios móveis, e grande produção de muco. Tudo isso 
ajuda bastante na constante limpeza do ar que flui através das vias respiratórias. 
Os alvéolos apresentam certa tendência ao colabamento. Tal colabamento 
somente não ocorre normalmente devido à pressão maisnegativa presente no espaço 
pleural, o que força os pulmões a se manterem expandidos. O grande fator responsável 
pela tendência de colabamento dos alvéolos é um fenômeno chamado Tensão 
Superficial. A Tensão Superficial ocorre no interior dos alvéolos devido a grande 
quantidade de moléculas de água ali presente e revestindo, inclusive, toda a parede 
interna dos alvéolos. A Tensão Superficial no interior dos alvéolos certamente seria bem 
maior do que já é se não fosse a presença, nos líquidos que revestem os alvéolos, de 
uma substância chamada surfactante pulmonar. O surfactante pulmonar é formado 
basicamente de fosfolipídios (dipalmitoil lecitina) por células presentes no epitélio alveolar. 
A grande importância do surfactante pulmonar é sua capacidade de reduzir 
significativamente a tensão superficial dos líquidos que revestem o interior dos aléolos e 
demais vias respiratórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 17 – Vista anterior do sistema respiratório 
 
 Quanto à circulação pulmonar, esta é chamada de pequena circulação. A artéria 
pulmonar parte do ventrículo direito e se bifurca logo em artéria pulmonar direita e artéria 
pulmonar esquerda, que vão aos respectivos pulmões. Uma vez entradas nos pulmões, 
ambas se dividem em tantos ramos quantos são os lobos pulmonares; depois uma ulterior 
subdivisão ao nível dos lóbulos pulmonares, estes se resolvem na rede pulmonar. As 
paredes dos capilares são delgadíssimas e os gases respiratórios podem atravessá-las 
facilmente: o oxigênio do ar pode assim passar dos ácinos pulmonares para o sangue; ao 
contrário, o anidrido carbônico abandona o sangue e entra nos ácinos pulmonares, para 
ser depois lançado para fora. Aos capilares fazem seguimento as vênulas que se reúnem 
entre si até formarem as veias pulmonares. Estas seguem o percurso das artérias e se 
lançam na aurícula esquerda. A artéria pulmonar contém sangue escuro, sobrecarregado 
de anidrido carbônico (sangue venoso). As veias pulmonares contêm, contrariamente, 
sangue que abandonou o anidrido carbônico e se carregou de oxigênio, tomando a cor 
vermelha (sangue arterial). 
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3.2. O Transporte de Oxigênio e Dióxido de Carbono 
 
 
 
O termo "transporte do O2" engloba todos os processos envolvidos na mobilização 
do oxigênio desde o ar inspirado até a mitocôndria. 
Um fornecimento contínuo de oxigênio é necessário para a manutenção da 
integridade e função normal das diversas células do organismo; esse oxigênio serve como 
aceptor final de elétrons na cadeia respiratória mitocondrial, processo acoplado à 
fosforilação oxidativa que gera ATP. Essa é a principal via metabólica pela qual o 
organismo consome oxigênio. 
O movimento das moléculas de O2 da atmosfera às mitocôndrias requer o 
funcionamento integrado dos pulmões, coração, sangue e rede vascular que compõem 
um complexo sistema de transporte de massa capaz de suportar variações no consumo 
de oxigênio (VO2) tão grandes quanto 15 a 20 vezes. 
É por difusão que as moléculas de O2 se movem do gás alveolar para o sangue 
que percorre os capilares pulmonares; é também por difusão que este gás se move do 
capilar sistêmico até às mitocôndrias, nos diversos órgãos sistêmicos. O movimento do 
CO2 é no sentido oposto mas também se processa por difusão. Ambos os gases sofrem 
reações na corrente sangüínea no início e no fim de suas jornadas entre os pulmões e os 
tecidos periféricos. 
 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 18 – O esquema mostra o transporte da hemoglobina 
 
A eficiência do processo de difusão simples pela membrana alvéolo-capilar é 
grandemente aumentada pela rápida renovação circulatória do sangue em contato com os 
capilares dos alvéolos pulmonares e dos tecidos, pelas rápidas reações químicas que 
sofrem os gases respiratórios assim que atingem o sangue; as ligações químicas 
reversíveis da hemoglobina com o O2 e o CO2 são complementares e colabam 
consideravelmente para a capacidade de transporte do sangue, pela presença de 
enzimas específicas que aceleram a captação de O2 nas células transportadoras, bem 
como a combinação de CO2 com a água na corrente sangüínea e pela adequação da 
circulação sangüínea com o volume de ventilação alveolar em função de exigências 
metabólicas. 
Diariamente, cerca de 1 Kg de cada um dos gases respiratórios é trocado pela 
atmosfera com os tecidos. A despeito da intensa troca gasosa, a composição do ar 
alveolar persiste admiravelmente constante, sem alterações bruscas na PaO2 ou PaCO2. 
Isso ocorre principalmente porque cerca de 10 % do ar alveolar é renovado a cada ciclo 
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respiratório, pois o volume corrente é adicionado a uma CRF (Capacidade Residual 
Funcional) quase dez vezes maior. 
A velocidade do fluxo aéreo decresce enormemente na medida em que nos 
aproximamos dos alvéolos, pois as sucessivas ramificações da árvore traqueobrônquica 
aumentam muito a área de secção transversal; ao nível das unidades de trocas gasosas, 
não há fluxo mensurável, sendo a renovação do ar alveolar decorrente do processo de 
difusão molecular. Como a chegada de o2 é superior ao seu consumo pelo sangue 
venoso que se arterializa, essa difusão da fase gasosa não limita, em condições normais, 
a quantidade de O2 que atravessa a membrana e se combina com a hemoglobina. 
A próxima fase é a difusão através da membrana alvéolo-capilar, onde o sangue 
venoso é exposto ao gás alveolar que contém mais O2 (PaO2 = 105 mmHg) e muito 
menos CO2 (PaCO2 = 40 mmHg) que ele próprio (PVO2 = 40 mmHg e PVCO2 = 45 mmHg). 
Em função dessas diferenças de pressão, o CO2 difunde-se do capilar para o alvéolo e o 
O2 difunde-se em sentido oposto. 
O equilíbrio entre as pressões dos gases alveolares e capilares é atingido tão 
rápido quanto em 0.25 s ou 1/3 do tempo de trânsito de cada hemácia (0.75 s). 
No exato momento em que as moléculas de O2 atravessam a membrana alvéolo-
capilar e penetram no plasma, forma-se uma diferença de PO2 entre plasma e 
hemoglobina contida no citoplasma da hemácia; isso desencadeia a "difusão na fase 
sangüínea" em que o O2 migra do plasma a hemoglobina. Embora a ligação de O2 seja 
extremamente rápida, ela se constitui no fator limitante da difusão alvéolo-capilar. 
O O2 oferecido pelos alvéolos é captado pela hemoglobina, que, assim, se 
converte de seu estado reduzido para a forma oxigenada (oxidada). A oxi-Hemoglobina é 
um ácido mais forte que a hemoglobina reduzida; passa a neutralizar radicais alcalinos 
antes neutralizados por outros ânions (Cl-, HCO3-) presentes nos eritrócitos. 
Para equilibrar esta captação de cátions pela oxi-Hemoglobina, um número 
correspondente de íons cloreto se difunde para o exterior dos eritrócitos, enquanto que 
íons bicarbonato penetram nos eritrócitos, numa troca. Este bicarbonato é convertido em 
CO2 molecular e H2O numa reação acelerada pela anidrase carbônica, presente no 
interior dos eritrócitos. O CO2 assim liberado se difunde para o plasma e daí para o ar 
alveolar. 
 
 
 
 
 
 
 
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A oxidação da hemoglobina também provoca uma liberação de CO2 de grupos 
amínicos, com os quais o CO2 se combina quando a molécula se encontra reduzida; os 
grupos amínicos são incapazes de manter esta combinação quando a molécula se torna 
mais ácida em virtude da oxigenação. Esta fração de CO2 também difunde para o plasma 
e em seguida para os alvéolos. À medida que o CO2 dissolvido no plasma se difunde para 
o ar alveolar, a tensão de CO2 do plasma cai e quantidades adicionais de CO2 são 
liberadas de combinações químicas. 
A perda de CO2 do sangue torna-se mais alcalino, o que permite à hemoglobina 
combinar-se com mais oxigênio do que seria possível se a reação do sangue 
permanecesse inalterada. Assim, a captação de O2 expulsa CO2 do sangue, enquanto 
que a perda de CO2 permite ao sangue absorver mais O2 . 
Nos tecidos, esta relação se inverte completamente. O CO2 produzido pela engenharia 
metabólica dos diferentes tecidos reage com o sangue contido nos capilares sistêmicos, 
sendo transportados até os pulmões principalmente na forma de bicarbonato de sódio, 
onde se difunde para alvéolos pulmonares; o O2 presente no ar alveolar interage com a 
hemoglobina, após atravessar a membrana alvéolo-capilar, sendo transportado até à 
intimidade dos tecidos sistêmicos. 
Os tecidos requerem uma pressão de oxigênio surpreendentemente pequena para 
manter funcionando adequadamente suas mitocôndrias. Uma pressão de 5 mmHg no 
citoplasma, e de apenas 1 mmHg na mitocôndria é mais do que suficiente para que as 
mitocôndrias trabalhem a plena carga. 
O sistema de transporte de oxigênio é capaz de fornecer todo o O2 necessário ao 
metabolismo celular em repouso e de aumentar esse fornecimento quando se elevam as 
demandas metabólicas, como se dá no exercício. 
Quando cessa o transporte de O2, como ocorre na parada cardíaca, a morte sobrevem 
em 3 a 10 minutos. 
Um adulto normal de 70 Kg de peso corporal transporta aproximadamente 1050 ml 
de O2 por minuto, dos quais os tecidos consomem 250 ml/min (3 a 5 ml/Kg/min); para 
tanto os pulmões movimentam cerca de 10 000 litros de ar e recebem cerca de 8 mil litros 
de sangue venoso para ser arterializado, diariamente, "quer chova ou faça sol". 
 
 
 
 
 
 
 
O ar contém oxigênio a uma pressão que é aproximadamente igual a 159 mmHg; 
desde o ar ambiente até a mitoc6ondria, o oxigênio passa de um compartimento para 
outro por diferença de pressão parcial; assim é que, no alvéolo, sua pressão é de 105 
mmHg, no sangue arterial em torno de 95 mmHg e no capilar sistêmico, próximo de 45 
mmHg, se difundindo daí em direção aos tecidos, onde a pressão é inferior a 10 mmHg. 
 
 
FIGURA 19 - Eliminação de CO2 pelo alvéolo 
 
 
O transporte de gás carbônico pelo sangue tem em comum com o transporte de O2 
o fato de que a maior parte ocorre após reações químicas reversíveis envolvendo a 
hemoglobina, mais que dissolvido no plasma. O CO2 é produto do metabolismo celular 
tanto aeróbio quanto anaeróbio; uma vez formado difunde-se para o plasma sangüíneo 
obedecendo a diferença de concentração entre a célula e o capilar. 10% do CO2 
produzido é transportado como gás dissolvido no plasma, enquanto os 90% restantes 
estão relacionados com a hemoglobina 
O transporte de gás carbônico está descrito como "relacionado à Hb" porque o CO2 
que se liga quimicamente à hemoglobina forma carbamino-compostos, os quais 
correspondem a apenas 10 a 20% do total do transporte de gás carbônico; entretanto o 
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restante do transporte "viaja" na forma de bicarbonato também depende da hemoglobina 
para que se processe. 
Em células metabolicamente ativas, a PCO2 tecidual é muito mais elevada que a 
PCO2 do sangue que flui pelos capilares sistêmicos, permitindo sua difusão desde a 
mitocôndria (onde ocorrem as descarboxilações que geram CO2) até os capilares. O 
transporte do CO2 se inicia no local de formação no interior da célula ativa ou da 
mitocôndria. Nesta altura, não existe fluxo de líquido para carregar o metabólito para fora 
e além disso a membrana celular impede a passagem de íons bicarbonato. Portanto, todo 
o CO2 produzido deve deixar a célula por difusão de moléculas gasosas dissolvidas sem 
carga elétrica, que se movimentam de regiões de PCO2 alta, no interior das células, para 
as regiões de pressões parciais inferiores, presentes nos capilares. 
As distâncias percorridas nesse processo de difusão são finitas, mas em virtude do 
alto coeficiente de difusão do CO2 nos tecidos (mais de 20 vezes que o observado para o 
O2) o gradiente de pCO2 de célula capilar não supera 1 a 2 mmHg.Assim que uma 
molécula de CO2 penetra num capilar sangüíneo, o trabalho de transporte até os pulmões 
depende do coração. No entanto, a eficiência do transporte de CO2 depende de uma série 
de características importantes do próprio sangue, relacionando-se intimamente com a 
função de transporte de O2. 
Uma parte do gás carbônico presente no sangue venoso dissolve no plasma, e 
essa quantidade corresponde 10% do total transportado a qualquer instante. Outra 
quantidade verdadeiramente desprezível combina-se com a água formando ácido 
carbônico; entretanto essa reação processa-se muito lentamente, pois não há anidrase 
carbônica no plasma humano. Uma terceira parte gera carbamino-compostos, reagindo 
com o grupamento – NH2 de resíduos aminoácidos das proteínas plasmáticas. 
Embora o gás carbônico seja 20 vezes mais solúvel no plasma que o O2, somente 
10% do total produzido pode ser transportado dissolvido no plasma; somente 1,5 ml de 
CO2 estão dissolvidos em 100 ml de sangue. A maior parte de CO2 presente no plasma, 
se encontra combinado de 3 formas: compostos carbamínicos, ácido carbônico e 
bicarbonato. A combinação de CO2 com o grupamento amina das proteínas plasmáticas 
gera carbamino-compostos, que também ocorre em pequenas quantidades, contribuindo 
muito pouco para o transporte do CO2. 
 
 
 
 
 
 
 
O ácido carbônico resulta da hidratação do anidrido carbônico conforme a equação 
CO2 + H2O -------- H2CO3 . Essa combinação entre CO2 e H2O é molecular. A reação se 
processa para a direita, no sentido da hidratação, ao nível dos capilares teciduais, e para 
esquerda (de hidratação) nos capilares pulmonares. 
O ácido carbônico rapidamente sofre dissociação iônica, formando o bicarbonato: 
H2CO3 ----------H+ + HCO3- . O ácido carbônico é fraco pouco dissociado de modo que 
somente se forma uma quantidade muito pequena de bicarbonato. As proteínas 
plasmáticas e os fosfatos plasmáticos podem aceitar H+, permitindo pelo aumento na 
formação de HCO3-. Entretanto a maior parte do bicarbonato presente no plasma é 
oriundo da hemácia. 
 
 
 FIGURA 20 – Formação de dióxido de carbono 
 
 
A maior parte do CO2 retido nos tecidos é transportado até os alvéolos pulmonares 
graças à hemoglobina contida nas hemácias. O CO2 interage com a hemoglobina de três 
maneiras: uma parte pequena permanece como CO2 dissolvido no citoplasma da 
hemácia; uma quantidade pouco maior reage com o grupamento amino dos resíduos 
aminoácidos da hemoglobina formando carbamino-compostos: Trata-se de uma reação 
muito rápida que não requer catalisador especial; e A maior parte (80%) combina-se com 
água em decorrência da riqueza de anidrase carbônica, uma enzima que acelera a reação

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