Buscar

PROINTER FINALLL PREVIDENCIA SOCIAL

Prévia do material em texto

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA
POLO: JUAZEIRO – BA
4° SEMESTRE
MAICON OLIVEIRA DE SÁ – RA: 3501642242
LUIZ PAULO DE CASTRO SANTOS – RA: 4206747570
WILLIAN DA SILVA MATIAS – RA: 4148259179
DANIEL ALVES DE SOUZA – RA: 4033685823
RELATÓRIO FINAL PROINTER IV
PROJETO INTERDISCIPLINAR APLICADO A TECNOLOGIA EM GESTÃO
PÚBLICA (PROINTER IV)
Atividade Avaliativa: RELATÓRIO FINAL PROINTER IV
solicitado pela Universidade Anhanguera UNIDERP, como
requisito para a avaliação da disciplina Projeto Interdisciplinar
Aplicado ao Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública
(PROINTER IV) para a obtenção e atribuição de nota. Sob a
orientação da Tutora EAD Camila A.B. Nahas.
	
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA
POLO: JUAZEIRO – BA
4° SEMESTRE
MAICON OLIVEIRA DE SÁ – RA: 3501642242
LUIZ PAULO DE CASTRO SANTOS – RA: 4206747570
WILLIAN DA SILVA MATIAS – RA: 4148259179
DANIEL ALVES DE SOUZA – RA: 4033685823
PROJETO INTERDISCIPLINAR APLICADO A TECNOLOGIA EM GESTÃO
PÚBLICA (PROINTER IV)
DISCIPLINAS NORTEADORAS: GESTÃO URBANA E DE SERVIÇOS PÚBLICOS, LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS, POLÍTICAS PÚBLICAS, FINANCIAMENTOS PÚBLICOS E ESTADO E PODER LOCAL.
TUTORA EAD: CAMILA A. B. NAHAS
TUTOR PRESENCIAL: FÁBIO FEITOSA DA SILVA
RESUMO
A Previdência Social funciona como um seguro para a pessoa que contribuiu durante toda a vida com o órgão e agora não pode mais exercer suas funções seja por idade, doença ou invalidez. Para ter direito a esse seguro, o trabalhador deve pagar uma contribuição mensal durante determinado tempo para o INSS. O INSS recebe as contribuições e guarda todo o valor para pagar ao contribuinte quando ele para de trabalhar e se aposenta. O seguro recebido passa a ser o único sustento do contribuinte. A previdência social, como uma política nacional que garante o sustento dos trabalhadores após o período laboral, é uma questão chave para entender desdobramentos sociais, econômicos e fiscais. A Previdência Social brasileira – regime geral e diversos regimes próprios – tem como segurados aproximadamente 58% da População Economicamente Ativa – PEA e é responsável pelo pagamento de mais de duas dezenas de milhões de benefícios mensais, apenas entre aposentadorias e pensões. Se incluirmos os benefícios transitórios, são outros 5 milhões de benefícios mensais. Com a CF/88, a Previdência Social brasileira passou a fazer parte de conjunto integrado de ações do Estado denominado Sistema de Seguridade Social. Este sistema, por sua vez, resultou da evolução histórica das políticas sociais no país. Entretanto, o processo de consolidação deste sistema não levou ao melhor arranjo integrado de suas políticas, com vista à superação dos riscos sociais. As políticas das áreas integrantes da Seguridade Social permanecem fragmentadas, mesmo com a complexidade dos novos riscos surgidos nos últimos anos que tornaram mais tênues as fronteiras entre as áreas de políticas de Seguridade.
Um dos principais desafios para a Previdência Social brasileira continua a ser, vinte anos após a promulgação da Constituição, definir estratégias para a inclusão do grande contingente da PEA ainda no mercado informal, excluída do sistema. Como visto isto pode ser feito com a implantação de políticas diferenciadas que estimulem a formalização dos negócios e a inclusão dos trabalhadores que se encontram com inserção precária no mercado de trabalho.
SUMÁRIO
Introdução	05
A Burocracia, Políticas Públicas e Financiamentos Públicos focando na Previdência Social	06
Considerações Finais	11
Referências Bibliográficas	12
JUAZEIRO - BA
2017
INTRODUÇÃO
A Previdência Social Brasileira, a partir da segunda metade da década de 1990, passou a enfrentar pressões deficitárias em função da construção do sistema de proteção social (regime de repartição, na qual as gerações atuais financiam as gerações passadas), do crescente número de aposentadorias (aumento do número de idosos na população brasileira), das questões demográficas (diminuição do crescimento vegetativo das famílias) e das recentes alterações no mercado de trabalho (aumento da informalidade), gerou a perda significativa de arrecadação e elevando o déficit previdenciário 3, que no ano de 2003 atingiu cerca de R$ 31 bilhões.
A Previdência Social nasceu da necessidade de assegurar os bens materiais essenciais para o futuro dos indivíduos, e resultou de um sentimento de solidariedade que se manifestou na assistência à população vulnerável. No entanto, as mudanças na vida econômica e social ocorridas no contexto das transformações maiores do capitalismo fazem com que os sistemas de proteção social enfrentem um dilema, pois é preciso continuar a beneficiar os mais vulneráveis, mas o Estado, que é o grande financiador dos programas sociais, já não consegue atender a todas as demandas.
O fato é que, a despeito da análise gerencial das reformas discutidas atualmente, na qual é ressaltada a busca da eficiência e resultados financeiros, a Previdência Social Brasileira tem sido à base de sustentação da economia de muitos municípios brasileiros de baixa renda. É, pois, diante desse contexto, que este trabalho apresenta-se com o objetivo de evidenciar o papel da Previdência Social como política pública de renda.
A partir desta preocupação, formulamos a seguinte pergunta: As perspectivas favoráveis do cenário econômico e político e o surgimento da janela de oportunidade demográfica podem contribuir para tornar viável a realização da reforma da previdência social nos próximos anos?
Os termos “desequilíbrios”, “desajustes” e “distorções” na previdência social são utilizados neste estudo com o mesmo sentido, ou seja, estão relacionados aos problemas que afetam a previdência social, como por exemplo, o desequilíbrio financeiro e atuarial do sistema, a questão da transição demográfica, o desemprego, burocracia, baixa qualidade dos serviços, corrupção, desvio de recursos, entre outros, que impactam negativamente na situação financeira e atuarial do regime geral de previdência social. Como decorrência desses desajustes observa-se que os valores dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência Social estão cada vez menores, o que reflete na qualidade de vida dos beneficiários.
 
A BUROCRACIA, POLÍTICAS PÚBLICAS E FINANCIAMENTOS PÚBLICOS FOCANDO NA PREVIDÊNCIA SOCIAL
As políticas públicas são resultados de forças sociais que se opõem o que faz com que a forma e o conteúdo das mesmas estejam diretamente associados à conjugação de fatores estruturais e conjunturais do processo histórico de um país. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu novas diretrizes para a efetivação das políticas públicas brasileiras, dentre essas, destaca-se o controle social por meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços institucionais que garantem a participação da sociedade civil organizada na fiscalização direta do executivo nas três esferas de governo. Não obstante, as práticas sociais promovidas pelos conselhos de políticas públicas nesses últimos dezoito anos, enquanto órgãos de controle social têm produzido efeitos contraditórios em relação à função constitucional a eles atribuída. A identificação dos avanços e dos limites à institucionalização do controle social como exercício regular nas políticas públicas se constitui em objeto de interesse acadêmico, político e social uma vez que pode colaborar na instauração de um Estado efetivamente republicano em solo brasileiro.
A história econômica, política e social de cada país desenha o momento em que as políticas sociais passam a ser adotadas como estratégia de governabilidade. Assim, as políticas sociais adquirem a coloração específica das conjunturas históricas de cada país. Por isso mesmo, a forma como as políticas sociais foram implantadas e operacionalizadas no Brasil tem o seu desenho próprio. 
É por isso que as políticas públicas em nosso país já tiveramuma marca explicitamente repressiva. O Estado atuava junto a sociedade como aquele que tinha que garantir a ordem e a paz social. A implicação desta conotação é de que as políticas públicas eram organizadas a partir de uma total desconsideração das questões sociais que assolavam a realidade nacional.
Um dos temas mais controvertidos no campo da administração pública é o concernente à relação entre política e administração. Em geral, as abordagens a respeito centram-se no estudo dos determinantes macroestruturais das políticas públicas, ou bem limitam-se a aspectos descritivos dos processos decisórios e administrativos a que as políticas dão lugar na fase de sua implementação. A dicotomização dos enfoques, em torno dessas duas visões, tem levado com frequência a que nos diagnósticos institucionais se relegue o segundo plano o fato de que a administração é um efeito da política e que os problemas administrativos decorrem principalmente da forma como as políticas foram-se configurando e concretizando ao longo do tempo.
O Brasil, portanto, pode contar com inúmeros paradigmas que podem servir para a implantação de uma reforma previdenciária séria, a qual, no entanto, de verá ser muito mais ampla do que a mera discussão sobre o aumento das fontes de custeio e, portanto, da carga tributária.
“Burocracia, para Weber, era um modo de organização. O conceito de organização era tal que subsumia entidades tão diferentes como o Estado, o partido político, a igreja e a seita, afirma. A característica definidora de uma organização era a presença de um líder e de um corpo administrativo. Estas pessoas, ordenadas em diferentes tipos de relações sociais, dependiam do tipo de regra pela qual a ação era orientada na organização em questão. Weber denominou estas regras ‘a ordem da organização’, com base na sua bem conhecida tipologia de diferentes tipos de autoridade.” (Clegg, 1994:55).
As questões desenvolvidas por Weber sobre burocracia e governo ainda são atuais, e dois temas centrais no seu pensamento são particularmente contemporâneos e importantes para o estudo do controle político da burocracia:
A expansão da burocracia nos domínios público e privado, devido à sua superioridade técnica.
O conflito latente entre burocratização e democratização, expresso, entre outras formas, nas disputas sobre o controle da burocracia em nome da democracia.
A burocracia continua um objeto importante de estudo em função não apenas de sua presença crescente, mas também por causa das implicações de seu funcionamento para a democracia. Enquanto forma de organização do domínio, a burocracia continua em expansão nas sociedades contemporâneas, apesar dos movimentos de reforma administrativa por que muitos países passaram na década de 1980 e do enorme desenvolvimento da tecnologia da informação. As reformas administrativas tinham como um de seus objetivos reduzir o tamanho da burocracia, enquanto a revolução da informática trazia a possibilidade da extinção de processos e papelórios e, portanto, também de redução de procedimentos burocráticos e até da quantidade de funcionários. Entretanto, o que se observa é que as reformas não reduziram o tamanho dos aparatos administrativos (Pollitt e Bouckaert, 2002) e a tecnologia da informação, apesar de possibilitar a redução dos processos, também levou à criação de novas atividades e de novas demandas ao Estado (Medeiros e Guimarães, 2004).
As implicações do desenvolvimento da burocracia para o governo democrático também continuam atuais, uma vez que a democracia, apesar de todas as mudanças que ocorreram nas últimas décadas, continua dependendo da expansão da burocracia na medida em que o aparato burocrático é o responsável pela garantia das regras legais que sustentam o sistema político. Entretanto, o desenvolvimento da burocracia pode representar uma ameaça à democracia, pois os burocratas podem usurpar dos políticos o poder de decidir sobre os assuntos do governo.
Essa questão do controle democrático sobre os atos do governo tem aparecido atualmente na literatura das ciências sociais, em especial da ciência política, sob o conceito de accountability, ou seja, a capacidade do governo e da sociedade de controlarem as decisões tomadas por políticos e burocratas.
No campo das políticas públicas, existe uma espécie de consenso de que as burocracias públicas são incapazes de um gerenciamento eficiente e, em decorrência, suas funções devem, sempre que possível, passar para a execução de organizações privadas com fins lucrativos. Quando este não for o caso, seja por serem ações e serviços com alto grau de externalidade e que, portanto, devem permanecer sobre controle público, seja por se dirigirem a grupos populacionais que não dispõem de condições de compra, estas podem ser executadas por organizações públicas ou, preferencialmente, por ONGs (World Bank, 1997). No entanto, em ambos os casos, as organizações públicas e as sem fins lucrativos devem adotar formas organizacionais e modelos de gestão das organizações privadas.
Quando se aceita a ideia de que uma burocracia ou uma estrutura administrativa pública, em particular, está sempre inserida em um sistema socioeconômico, também particular, e, além disto, se aceita que os resultados desejados das políticas podem ser também particulares, então é possível pensar que no caso em que o objetivo é o desenvolvimento de políticas democráticas e inclusivas, a gestão das organizações públicas deve basear-se em teorias e compreensões da realidade que apontem na direção do sucesso desta política. Uma das lições advindas das organizações não governamentais tem sido a de como o trabalho feito por pessoas com identidades claras e com consciência igualmente clara das suas particularidades, no contexto social em que se encontram, vem se constituindo em fator de sucesso para que os projetos sociais em torno dos quais se articulam sejam consequentes e bem sucedidos.
O que se encontra em discussão nesta abordagem da burocracia é a compreensão de que, assim como Weber já mencionava, o processo de decisão sobre a característica da política, sobre a definição de prioridades para o gasto de recursos financeiros usualmente escassos, assim como sobre a própria forma como o serviço é oferecido para a população a que se dirige, não se fundamenta em escolhas racionais baseadas exclusivamente na perícia técnica mas, em vez disto, é dominado por preferências ideológicas e culturais e, não raramente, por interesses particulares em busca de satisfação. Sendo assim, nada mais indicado que escolher os componentes do corpo burocrático entre pessoas que possuem identidade e compromisso com os objetivos inclusivos da política em questão. Além disto, como diversos autores têm defendido ao longo das últimas décadas, o foco predominante no aumento da eficiência dos processos administrativos pode lesar políticas que estas melhorias supostamente deveriam apoiar. Assim, processos em vez de procedimentos, direitos substantivos, equidade, proteção dos direitos das minorias, assim como igualdade entre os cidadãos, são valores que podem ter precedência com relação à eficiência (Kelly, 1998).
No Brasil, a burocracia é realidade nacional, sustentada na cultura e na educação do povo; está inserida em todos os setores sejam públicos ou privados. O raciocínio dos burocratas situa-se na assertiva de que é mais fácil exigir do que fazer, dificultar do que facilitar, criando assim a imagem de que esse é o procedimento para valorizar a atividade desenvolvida. Hélio Beltrão, ministro da Desburocratização, disse: "A Verdade é que o Brasil já nasceu rigorosamente centralizado e regulamentado. Desde o primeiro instante, tudo aqui aconteceu de cima para baixo e de trás para diante.”. 
Os livros de história contam que, no Brasil, as instituições políticas chegaram antes da formação social do país; o Estado precedeu ao próprio povo, a Fazenda Pública antes da receita, o Judiciário antes das ações judiciais. A burocracia encontrou aqui campo fértil e, mesmo com o passar do tempo, não desprendedo país; continua-se a acreditar que os atos cartoriais, como a exigência de declarações são suficientes para evitar a fraude, o reconhecimento de firmas de qualquer papel constitui remédio para acabar com o estelionatário, os atestados bastam para alicerçar a transparência e a legalidade.
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta a legislação ambiental, seguida das leis que regem os financiamentos públicos e a legislação sanitária como as que possuem procedimentos mais burocráticos. No Legislativo, além de outros momentos, a burocracia se manifesta através do excesso de leis. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, IBPT, entre os anos de 1988 e 2008, 20 anos de Constituição, foram editadas 3.776.364 de leis ordinárias, decretos, decretos-lei, medidas provisórias, emendas constitucionais, portarias, regulamentos e outras, provocando a média de 774 normas por dia útil.
A Lei 8.666/93 (Lei de Licitação), por exemplo, criada para evitar fraudes no setor público, tornou-se "pedra no meio do caminho" do administrador, porque extremamente burocrática, com formalismos exagerados e responsáveis pelo emperramento da máquina governamental. O formalismo é tamanho que o Judiciário é sempre chamado para solucionar desentendimentos entre empresários e órgãos governamentais que não admitem a habilitação no certame, sob o fundamento de desobediência a mínimos requisitos edita lícios. E as Cortes têm atendido aos pleitos, amenizando a rigidez de procedimentos, desde que se constate a inexistência de prejuízos ao interesse público. Os efeitos da crise sobre as políticas sociais no Brasil dão-se a partir das principais vertentes de seu financiamento: as receitas tributárias, as receitas previdenciárias, provenientes de contribuições sobre os salários, as receitas constitutivas do "patrimônio" dos trabalhadores, advindas de contribuições compulsórias das empresas sobre a folha de salários e as receitas do Fundo de Assistência ao Desenvolvimento Social (FAS) provenientes da arrecadação em sorteios e loterias.
No que tange às receitas tributárias da União, estas caíram, em valores reais, em 5% de 1982 a 1984. Como a receita ortodoxa de ajuste à crise enfatizava os cortes nos gastos públicos e tendo em vista essa contração das receitas da União, a relação de gastos da União/PIB, que em 1970 era de 14,0%, passou a 9,0% em 1983.
Em relação aos recursos previdenciários, estes sofreram uma diminuição proporcional à queda de sua principal fonte de recursos: a massa salarial. O aumento do desemprego no mercado formal de trabalho e, por outro lado, o achatamento salarial foram os grandes responsáveis pela compressão das receitas previdenciárias que, em 1980, tiveram um crescimento negativo, de -6,0% a.a. Por outro lado, aumentaram fortemente nesse período as sonegações das empresas, inclusive públicas; e a União reduziu drasticamente suas transferências ao Fundo de Previdência e Assistência Social (FPAS) em 1980, passando a participar nas receitas previdenciárias com apenas 3,4%, em contraposição aos quase 10% dos anos setenta.
O histórico desequilíbrio das contas públicas vem constituindo o grande argumento em favor da redução das despesas previdenciárias, como – no caso da América Latina e, particularmente, do Brasil – uma das formas de liberar recursos para o pagamento de juros e encargos da dívida pública.
Associados à questão do déficit fiscal, comparecem o desemprego da década de 90 e as mudanças nas relações de trabalho orientadas pelo critério da flexibilização, a parda crescente informalidade. As baixas taxas de crescimento econômico, com queda da arrecadação previdenciária, combinadas com o aumento da longevidade da população têm conduzido ao crescimento desproporcional do universo de beneficiários inativos em face dos contribuintes em atividade.
As mudanças até agora ocorreram em contexto de adesão ao ideário neoliberal, voltado à recuperação ou reafirmação dos fundamentos da economia capitalista, sob hegemonia da fração financeira do capital, sendo o Estado sujeito e objeto da reforma. A ênfase no desequilíbrio orçamentário da seguridade e do próprio Estado privilegia a criação de condições para a restauração das relações econômicas que oneram o trabalho e desoneram o capital ou que impedem a ampliação dos custos do sistema de seguridade pela taxação do capital, mediante mecanismos de transferência de renda, com um sentido distributivo.
No Brasil, as novas regras derivadas da Emenda Constitucional – EC n.20/98 representaram, com efeito, a imposição de perdas aos segurados, uma vez que o eixo da reforma foi o aumento da idade média de concessão do benefício, implicando extensão do período contributivo, redução dos gastos no curto prazo pela postergação da concessão e redução dos gastos no longo prazo pela concessão por menor período (CECHIN, 2002, p. 23). Trata-se de trabalhar mais, contribuir mais e receber menos, estreitando a relação entre contribuições e benefícios pela nova regra de cálculo.
Parece haver consenso em torno das medidas modernizantes da gestão do sistema, da inversão do ônus da prova, do reconhecimento automático de direitos, da lei de crimes contra a previdência social, do aprimoramento das medidas de ampliação de arrecadação, da criação de mecanismos de atração para a filiação, do combate à sonegação e à fraude, do fim dos privilégios e injustiças, da necessidade de ampliação da cobertura, do papel social pela transferência de renda e combate à pobreza, ou mesmo da necessidade de previdência complementar, entre outros aspectos.
O acordo, todavia, logo se desfaz quando os argumentos em favor da continuidade e ampliação da reforma são outros, tais como: o da reprodução da desigualdade, da solidariedade invertida, da esperteza corporativista do servidor público, do impacto de benefícios assistenciais sem base contributiva, do déficit incontrolável, da introdução de elementos atuariais no sistema por meio do fator previdenciário, da modernização da gestão do sistema ou da superação da "gestão pouco técnica, arbitrária e não transparente" (SCHWARZER, 1999, p. 29).
Apesar do choque de interpretações, conclui-se que o excesso de burocracia por parte do Estado brasileiro asfixia o empreendedorismo e a livre iniciativa e livre concorrência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para ordenar as questões referentes à importância da Previdência Social Brasileira como fator de desenvolvimento socioeconômico, buscou-se, inicialmente, resgatar a literatura sobre o surgimento, desenvolvimento e crise do Estado do Bem Estar, pré-condição para a discussão sobre a economia social. A reforma da previdência social – por tratar-se de uma medida essencial para permitir que o Brasil continue avançando no seu processo de desenvolvimento socioeconômico e ambiental – necessita ser inserida no atual contexto e na agenda política nacional. É possível especular, por sua vez, que a sua efetivação depende de uma vontade política dos governantes para definir um conjunto coerente de princípios gerais e estratégias para viabilizar a reforma da previdência.
As questões normalmente discutidas são os aspectos negativos da previdência, sendo o déficit previdenciário colocado como alvo central para os desajustes fiscais do governo. Não há dúvida que existem disparidades nos pagamentos dos benefícios previdenciários, principalmente os do setor público. No entanto, os dados mostram que a presença dessa fonte de renda para inúmeras famílias brasileiras, que a partir da Constituição de 1988, dentro do conceito de Seguridade Social, passou a ser universal para todos os trabalhadores, em especial aos trabalhadores rurais, tornou melhores as condições de vida da população, amenizando a questão da pobreza no Brasil, principalmente nos pequenos municípios brasileiros.
A proposta da descentralização e do controle social, em termos legais, propõe um caminho inovador para as políticas públicas brasileiras. Permite, em tese, a maior presença do cidadão na fiscalização dos recursos e da gestão das políticassetoriais. Uma presença que pode influir significativamente na agenda do governo em relação às prioridades e as metas a serem desenvolvidas nas áreas compreendidas pelas respectivas políticas.
Essa maior presença e influência na agenda governamental requisita um exercício democrático que prescinde de uma qualificação dos atores que representam a sociedade civil organizada, como também de uma disposição política para a gestão democrática por parte dos atores governamentais.

Continue navegando

Outros materiais