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QUESTÃO SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E DEFESA DE DIREITOS

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QUESTÃO SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E DEFESA DE DIREITOS.
INTRODUÇÃO
O mundo passa por mudanças em sua estrutura financeira, e aqui no Brasil não é diferente, a busca pelo desenvolvimento econômico constante devido à globalização, neoliberalismo e o sistema capitalista. Porém apesar deste crescimento econômico, isso não se repete no âmbito social, e são grandes as diferenças e desigualdades sociais: crescente pobreza, desemprego, o que ocasiona problemas habitacionais, de saúde, violência entre outras expressões da questão social. Sobre o que é questão social temos a concepção de CARVALHO e IAMAMOTO, (1983, p.77):
“A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”.
E esta intervenção parte do Estado como políticas sociais sendo ações deste para o desenvolvimento da cidadania, como resposta do Estado para minimizar as expressões da questão social, essa intervenção se apresenta em diferentes modalidades, respeitando vários fatores: porte do município, territorialização, demanda a ser atendida, entre outros. Desta forma entendemos que políticas sociais são planos, programas e outras ações necessárias para o acesso aos direitos socais. Vieira (1997, p. 70), confirma que: 
[...] as políticas sociais envolvem direitos sociais, projetos, diretrizes, orçamento, executores, resultados, impactos, etc. Evidentemente, as políticas sociais devem sempre passar por avaliação, em qualquer lugar e época, constituindo exigência obrigatória [...]. 
E é para o enfrentamento das expressões da questão social que se faz urgente reavaliar e reforçar o papel das políticas sociais como instrumento de enfrentamento da questão social e a busca da defesa de direitos sociais.
Neste artigo tem a intenção de trabalhar o processo de constituição das políticas publicas e abordar de forma teórica explicativa as determinações existentes para a elaboração destas políticas no cenário brasileiro, fazendo o caminho desde a implantação destas políticas publicas que pode-se concluir que se iniciou em 1930 até os dias atuais.
DESENVOLVIMENTO
Antes da década de 30 não havia políticas sociais no Brasil e as poucas ações eram de cunho católico, pontuais e emergenciais, e a pobreza era considerada como um castigo, algo natural, nasceu pobre tem que morrer pobre. Podemos citar em 1923 tem-se a criação, a partir da Lei Eloy Chaves, das CAPS (organizações privadas por empresa) sem qualquer tipo de uniformidade e organizada de forma excludente.
Com o crescimento do capitalismo a pobreza era vista como caso de polícia, como um estorvo na sociedade e não como expressão da questão social, eram considerados desajustados, e o Estado apoiava as ações de “caridade” vindas da Igreja e das pessoas com posses. Segundo Vieira (1997, p. 68);
 [...] a política social brasileira compõem-se e recompõem-se conservando em sua execução um caráter fragmentário, setorial e emergencial, sempre sustentada pela imperiosa necessidade de dar legitimidade aos governos que buscam bases sociais para manter-se e aceitam seletivamente as reivindicações e até as pressões da sociedade.
Entre os anos de 1930 a 1960 as políticas sociais foram destinadas à “proteção” aos trabalhadores, tendo como um dos seus objetivos garantir mão de obra para atender as exigências do mercado emergente. Neste período podemos destacar: em 1930: Criação do Ministério do Trabalho e do Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1932: Criação da Carteira de Trabalho, sendo esta o documento de cidadania no país, em 1933: Criação dos IAPs ofereciam benefícios e serviços diferenciados a partir do tipo de trabalhador e contribuição, sem qualquer tipo de uniformidade, em 1938: Criação do CNSS (Conselho Nacional de Serviço Social), vinculado ao Ministério de Educação e Saúde, o qual se caracterizou mais pela manipulação de verbas e subvenções como mecanismo de clientelismo político e em 1942: Criação da LBA (Primeira grande instituição de Assistência Social brasileira), tendo como objetivo “prover as necessidades das famílias cujos chefes hajam sido mobilizados, e, ainda, prestar decidido concurso ao governo em tudo que se relacione ao esforço de guerra.” 
Então podemos concluir que os anos de 1930 a 1942 podem ser caracterizados como os anos de introdução das políticas sociais no Brasil.
Em 1966 ocorreu à implantação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), órgão publico previdenciário federal brasileiro a partir da fusão dos institutos de aposentadorias e pensões existentes até então.
 O Estado interveria fortemente nas relações entre capital e trabalho, porem, desde o final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX, houve aumento significativo das organizações e lutas sindicais e operárias no país, buscando por melhores condições de vida e trabalho. Nessa fase os trabalhadores conquistam direitos essenciais, porém em grande parte referente ao trabalho.
 No período da ditadura militar que foi de 1964 a 1984 e até a Constituição de 1988, as políticas sociais no Brasil eram destinadas aos trabalhadores e quem se encontrava fora do mercado de trabalho só havia a caridade privada ou alguma esmola pública precária na forma de auxílios. E as expressões da questão social aumentava muito, com muitos desempregados, pessoas não alfabetizadas e sem acesso a serviços de saúde, educação, transporte, aumento da marginalidade, pobreza, entre outros. Nessa fase até 1980 a Assistência Social era uma ação de forma paliativa, pontual, fragmentada, secundária, e com ações mínimas a parcela da população que mais precisa. Nesta configuração Yazbek (1993, p. 50-51) fala sobre disparidades nesta área: 
“seu apoio, muitas vezes, na matriz do favor, do apadrinhamento, do clientelismo e do mando, formas enraizadas na cultura política do país, sobre tudo no trato com as classes subalternas (...); sua vinculação histórica com o trabalho filantrópico, voluntário e solidário dos homens em sua vida em sociedade (...); sua conformação burocratizada e inoperante, determinada pelo lugar que ocupa o social na política pública e pela escassez de recursos para a área”.
 Uma característica nesse período ditatorial da política social brasileira é centralização de poder a nível federal, com mínima participação dos usuários no seu processo de decisão. Conforme relata, Vera Telles:
“dissociado dos direitos políticos e também das regras de equivalência jurídica” “... a população trabalhadora do arbítrio – até então sem limite – do poder patronal, para jogá-la por inteiro sob a tutela estatal.” 
No período de 1964 a 1988, o país cresceu economicamente, com expansão da produção, modernização e entrada do capital estrangeiro, onde as políticas sociais apresentavam um caráter assistencialista e clientelista. Conforme afirma Vianna:
“[...] no pós-64, a intervenção social do Estado ganhou dimensões e características bastante nítidas, definindo um perfil específico de política social, regido por princípios ‘simples’ e coerentes com o padrão excludente e conservador de desenvolvimento econômico’’. 
Durante o período da ditadura militar foi marcado pela censura, autoritarismo, repressão e ausência de eleições. E é nesse cenário que as expressões da “questão social” se agravam e exigem respostas do Estado e nesse percurso que se firmou a estrutura político-institucional das políticas sociais no Brasil, com características que podem ser expressas nos seguintes princípios: extrema centralização política e financeira no nível federal das ações sociais do governo; fragmentação institucional; exclusão da participação social e política da população nos processos decisórios; autofinanciamento do investimento social; e privatização.
Nesse cenário de tantas divergênciaspolíticas, econômicas e sociais, em 1978 teve inicio manifestações contra o regime, com greves coordenadas pelos sindicatos da região do ABC paulista – região de grandes indústrias metalúrgicas onde os sindicatos são fortes.
Na década de 1980, sob o governo do General João Batista Figueiredo, os brasileiros querem a redemocratização do país, diante disso o governo assume o compromisso de ampliar a “abertura política”. Ocorrem assim, vários fatos que marcaram o período; a anistia aos que eram considerados inimigos do sistema (1979), as eleições diretas para governadores e prefeitos (1982) e o fim do bipartidarismo com a criação do multipartidarismo, visto que até o momento só existiam os partidos do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) E ARENA (Aliança Renovadora Nacional).
A Constituição Federal de 1988 e as legislações complementares – como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei 8.080/90, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), definiram a forma que as políticas públicas nacionais deveriam assumir, criando perspectivas de avanços para a área no país.
A constituição Cidadã é fruto dos movimentos sociais, a qual dentre diversos avanços no âmbito das políticas sociais apresenta em seu título VIII (da Ordem Social), traz entre os artigos 194 a 204, a base da regulamentação da seguridade social no Brasil, esta composta pelo tripé: Saúde, Previdência e Assistência, sendo: Previdência social: mecanismo público de proteção social e subsistência proporcionada mediante contribuição, Assistência social: política social de proteção gratuita aos necessitados e Saúde pública: direito universal, espécie da seguridade social (por efeito da Constituição) destinada a promover redução de risco de doenças e acesso a serviços básicos de saúde e saneamento, com caráter de Política Social articulada a outras políticas do campo social. O Artigo 205 traz os princípios que devem ser seguidos referentes à política de educação:
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Constituição Federal de 1988).
 Além dessas conquistas, a CF de 88 abre espaços para a participação da sociedade civil, através dos conselhos, no controle social, a partir da década de 90 as conquistas sociais garantidas pela recém-aprovada CF são “abortadas” pela inserção passiva do Brasil no neoliberalismo, fato que trouxe como implicação dentre outras o desmonte das políticas sociais públicas. 
No final dos anos 80 e entrada dos anos 90, a realidade no Brasil era: por um lado uma sociedade civil heterogênea, complexa, mas com significativas mobilizações e organizações de setores progressistas. A pressão destes grupos populares, as buscas de soluções políticas, econômicas e sociais, consegue contribuir para a inclusão, no texto constitucional, de direitos que jamais haviam sido conquistados, como o direito a educação e a seguridade social pública universal, direitos de todos e dever do Estado, integrada pela saúde, assistência e previdência.
É instaurada a Assembleia Nacional Constituinte em 1986, que resulta em 1988 na Constituição Federal. Segundo Freitas e Papa (2003, p. 15-16): 
 A Carta Constitucional de 1988 deu nova forma à organização do sistema federativo brasileiro [...] avanços significativos na área da administração pública, como a descentralização e democratização das políticas sociais [...]. Tais experiências alteraram significativamente a relação Estado/sociedade na medida em que criaram meios, canais de participação popular, como é o caso dos conselhos de políticas sociais, que têm atuado na sua co-gestão. Sendo esses conselhos instrumentos de expressão, representação e participação popular, têm o desafio de discutir e deliberar sobre determinados temas, buscando consensos e alianças que definam as agendas públicas que representam interesses coletivos.
Para Vieira (2004), p. 68): em nenhum momento a política social encontra tamanho acolhimento em Constituição brasileira como acontece na Constituição de 1988 nos campos da educação (pré- escolar, fundamental, nacional, ambiental e etc.), da saúde, da assistência, da previdência social, do trabalho, do lazer, da maternidade, da infância e da segurança, definindo especificamente direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, de associação profissional ou sindical, de greve, de participação de trabalhadores e empregadores em colegiados dos órgãos públicos e de atuação de representantes dos trabalhadores no atendimento direto com empregadores. 
Neste contexto, foi possível a efetivação de algumas mudanças nas leis e a efetivação, ainda que na lei, na relação da assistência social como direito e na universalização do direito a saúde entre outros. Porém, apesar de tais mudanças na Constituição Federal do Brasil de 1988, entramos na década de 1990 e, assistimos um movimento de fortalecimento do paradigma neoliberal, onde o Estado, já não dava respostas concretas às reivindicações populares, afastou-se ainda mais de seus deveres se minimiza das responsabilidades sociais, traduzindo-se na descentralização focalização e privatização, transferindo bens e serviços de responsabilidade pública para o setor privado em decorrência da crise fiscal. O poder público reduz seus gastos, chamando a sociedade a dar respostas às situações de pobreza enfrentadas pela população, ocasionando uma verdadeira mercantilização e refilantropização dos serviços sociais. Segundo Freitas e Papa (2003, p. 13): 
[...] o corte de benefícios ou a introdução de medidas de flexibilização de acesso a eles, a maior seletividade (não se aplica a todos), e a focalização das políticas sociais (atendem os mais pobres entre os pobres), tornando-se residuais e casuais, ou seja, os programas não são contínuos nem abrangentes e atingem pequenos grupos por determinado tempo, a privatização de bem-estar social, isentando-o Estado da garantia dos mínimos sociais necessários à sobrevivência humana, e o desmonte da rede de proteção social antes mantida pelo Estado.
A conjuntura deste período é de aprofundamento da crise econômica, cuja face mais visível era a inflação crescente, desemprego o avanço, em nível internacional, da crítica neoliberal ao Estado de Bem Estar e em defesa do Estado mínimo. Período de reforma do Estado e do Aparelho do Estado.
Diante de todos os acontecimentos e alterações geradas por esta lógica neoliberal, acredita-se que é de extrema gravidade a que volveu em torno da desqualificação do Estado no que tange a área social, na medida em que, esta proposta econômica neoliberal queria e, ainda quer criar um Estado com funções mínimas em relação ao social e, máximas para o capital.
O neoliberalismo é contrário a uma legislação de proteção ao trabalho e coloca o trabalhador sem proteção legal, sem organização coletiva e a empresa dentro dos parâmetros do liberalismo econômico. Assim, vivenciamos a priorização das metas de privatizações; a liberalização da economia; a redução dos programas e políticas sociais, em conjunto com o desaparecimento de campos de trabalhos com vínculos formais e aumento do número de trabalhadores sem carteira assinada e consequentemente suspensão de direitos trabalhistas. Segundo Yasbeck, (1999, p. 61)
O aviltamento do trabalho, a moradia precária e insalubre, a alimentação insuficiente, a ignorância, a fadiga, a resignação, são alguns sinais que anunciam os limites da condição de vida das famílias empobrecidas e subalternizadas da sociedade. Sinais que muitas vezes expressam também o quanto a sociedade pode tolerar a pobreza sem uma intervenção direta para minimizá-la ou erradicá-la.
 
Neste trecho podemos observar que a autora se refere à banalização da pobreza e a subalternidade em que vivem milhares de famílias no Brasil colabora para a despolitização da questão e coloca os que vivem a experiência da pobreza num lugar social que se define pela exclusão.
A partir da Constituiçãode 1988 e da Lei Orgânica da Assistência Social (Lei n.º 8742 de 7 de dezembro de 1993), a assistência tornou-se uma política de responsabilidade do Estado, direito do cidadão e, portanto, uma política estratégica no combate à pobreza e para a constituição da cidadania das classes subalternas. A Constituição de 1988 foi um marco institucional muito avançado na área social, visualizando grandes possibilidades de construção de um sistema de proteção e promoção social no país.
As conquistas resultaram na consolidação de uma ampla rede de proteção, formada pela Previdência Social com cobertura para o trabalhador rural, seguro desemprego, assistência social e programas de transferência de renda, e também pela universalização do acesso aos serviços de saúde e à educação básica. Assim como em outras áreas de política pública, de acordo com as definições legais, a gestão desta política, passa a ser efetivada por um sistema descentralizado e participativo, cabendo aos municípios uma parcela significativa de responsabilidade na sua formulação e execução. Há uma proposta de compartilhar o poder do governo com a sociedade, abre-se espaço para a participação popular onde o povo de maneira democrática contribui com um país mais humano com mais justiça social e redistribuição de renda.
Portanto abriu-se tanto para a assistência social, juntamente como para saúde e a previdência social, a possibilidade de se constituir como política pública de seguridade social, direito do cidadão e dever do Estado. Este aparato jurídico sinalizava para a superação da assistência social como benemerência, assistencialismo e para sua afirmação como política social. Apesar de ainda haver muito a fazer para reduzir as desigualdades e acabar com a miséria no país.
A Assistência Social como campo de efetivação de direitos é, política estratégica, não contributiva, voltada para a construção e provimento de mínimos sociais de inclusão e para a universalização de direitos, buscando romper com a tradição clientelista e assistencialista que historicamente permeia a área onde sempre foi vista como práticas emergências e distribuição de auxílios financeiros. No Artigo 1º da LOAS a assistência é assim definida:
“A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas”.
Portanto é uma política de Estado com espaço para a defesa e atenção dos interesses e necessidades sociais dos segmentos mais empobrecidos da sociedade, tendo, como estratégia fundamental o combate à pobreza, à discriminação e à subalternidade econômica, cultural e política em que vive grande parte da população brasileira.
Assim, cabem à Assistência Social ações, prevenção e provimento de um conjunto de garantias ou seguranças que cubram, reduzam ou previnam exclusões, riscos e vulnerabilidades sociais. Como política social pública inserida na Seguridade Social, começa seu percurso para o campo dos direitos, e vem avançando muito no país, ao longo dos últimos anos, no qual se destacam a Política Nacional de Assistência Social - PNAS e o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, onde os serviços socioassistenciais são organizados e executados de forma descentralizada e articulada às três esferas do governo no qual o poder público e a sociedade civil participam e compartilham diretamente dessa gestão. Esse modelo de gestão descentralizada e participativa permite a transparência e a universalização dos acessos aos programas, serviços e benefícios socioassistenciais além de consolidar, definitivamente, a responsabilidade do Estado brasileiro no enfrentamento da pobreza e da desigualdade, com a participação complementar da sociedade civil organizada, através de movimentos sociais e entidades de assistência social.
Apesar de ter sido criada como uma forma de garantia dos direitos sociais dos brasileiros, a Constituição Federal de 1988, tem sido pouco eficaz quando se trata do bem estar da população. Facilitou o acesso a diversos serviços essenciais, mas não se preocuparam com a questão financeira. O objetivo era reduzir a desigualdade do Brasil.
Essa constituição é considerada redistributiva e instiga o Governo Federal a tornar as necessidades sociais e políticas públicas eficazes. No início da década de 90 o Governo Federal deixou de ser o principal provedor e passou a fiscalizar entidades que ofereciam determinados serviços para a sociedade. São diversos programas sociais de caráter municipal, estadual e federal e muitas vezes eles não são compatíveis entre si. Essa incompatibilidade acaba virando uma desvantagem para a população que necessita dessa ajuda.
Os gestores públicos ainda não conseguiram identificar as reais necessidades básicas dos cidadãos. Por mais que se ouça dos políticos promessas relacionadas à erradicação de muitas mazelas, como a pobreza, os programas e atitudes relacionadas a isso ainda são muito ineficientes. Muitas vezes as soluções são distribuídas entre a população, mas de forma desordenada.
Nosso país tem uma desigualdade econômica muito grande, pois o Brasil possui uma das maiores economias do mundo, mas grande parte da população é pobre, resumindo uma pequena minoria é muito rica e a maioria da população classe média e pobre ou extremamente pobre. Como podemos observar no gráfico abaixo:
 Retirado do site: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092000000100009.
Nas últimas décadas o Brasil tem desenvolvido programas de caráter público, mas se faz necessário um envolvimento maior da sociedade para debater sobre estes programas e as propostas de políticas públicas em todo o país. É função do Estado criar mecanismos para o desenvolvimento social e estrutural do Brasil e é para ele que devem ser direcionadas as cobranças dos setores sociais do país.
As políticas públicas brasileiras são fragmentadas, e gera conflitos devido a questões burocráticas nas agencias de controle das políticas publicas e outro ponto relevante que causo problemas é a descontinuidade administrativa, em que as agências responsáveis pelas políticas públicas muitas vezes pensam nas políticas públicas de acordo com o interesse de seus gestores. Levando isso em consideração, a cada mudança de cargo, mudam-se as políticas implantadas.
Outro ponto é relacionado às políticas publicas que em alguns casos são ofertados serviços que não atendem as demandas da população o gera desperdício de verba publica. Outro ponto é a separação de política econômica e política social, pois a política social assume um papel secundário. Outro aspecto importante é a focalização e a seletividade, baseados nos direitos universais.
A partir da década de 90 ouve ganhos e alterações no campo das políticas publicas no intuito de criar políticas públicas universais e estáveis, então nesse período de fértil da área social surge às leis como a Lei Maria da Penha, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social (1993), SUS Sistema Único de Saúde (1990), Previdência Lei 8.212 e 8.142 (1990), entre outros. E também Programas do Governo Federal com focalização as famílias que estão abaixo da linha da pobreza e renda per capta até ¼ do salário mínimo, surge o Bolsa Escola, vale gás que futuramente se unificou no Programa Bolsa Família - A lei número 10.836, de 2004. Dados do Programa Federal Bolsa Família, retirado do site calendário bolsa família 2015:
O benefício bolsa família é uma iniciativa do governo federal que beneficia quase 14 milhões de famílias brasileiras distribuídas por todos os estados e pelo distrito federal. Basicamente, essa iniciativa distribui renda entre as populações mais pobres com o objetivo de garantir as condições econômicas mínimas para que essas pessoas tenham acesso à escola, alimentação e moradia, em suma, para viver com o mínimo de dignidade.
Ainda sobre esse importante Programa de transferênciade Renda do governo federal o Bolsa Família podemos citar, (site Wikipedia):
O Bolsa Família é citado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como um dos responsáveis pela saída do Brasil do Mapa Mundial da Fome, em 2014. Outros motivos citados para redução da fome e da miséria no País são o aumento da oferta de alimentos, o aumento da renda dos mais pobres com o crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos, a merenda escolar a 43 milhões de crianças e jovens brasileiros e a governança, transparência e participação da sociedade, com a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). É também um dos responsáveis pela redução da pobreza extrema no Brasil, que caiu 75% entre 2001 e 2014.
Quando falamos de renda os índices de desigualdade tiveram redução apesar de ainda existir uma grande diferença entre o numero de pobres e ricos, essa desigualdade teve uma queda entre 1999 e 2009, como podemos observar no gráfico abaixo:
Retirado do site: www.logisticadescomplicada.com/as-classes-sociais-e-a-desigualdade-no-brasil.
Esse fator é reflexo da melhoria no mercado de trabalho e da implantação dos programas de transferência de renda como o Programa Bolsa família PBF e o BPC-LOAS (Beneficio de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social), este ultimo é um Direito constitucional estabelecido pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado em 1993 pela Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) - a Lei nº 8.742 -, o BPC começou a ser concedido em 1996 e podemos citar (dados retirados do site do MDS):
O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) é um benefício individual, não vitalício e intransferível. Instituído pela Constituição Federal de 1988, ele garante a transferência de 1 (um) salário mínimo à pessoa idosa, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência de qualquer idade, que comprovem não possuir meios de se sustentar ou de ser sustentado pela família.
Algumas destas conquistas são frutos da luta de organizações da sociedade através de referendos, protestos e manifestos, com a implantação da Constituição Cidadã a administração das políticas públicas se tornaram mais democráticas, com o Estado desenvolvendo um papel mais próximo da sociedade. Começa a ser trabalhada uma política menos centralizada em que a população participa com mais empenho e importância nas políticas públicas brasileiras. 
A Constituição brasileira de 1988 trouxe diversas formas de exercício da soberania popular, de maneira direta ou representativa. Cabe a cada cidadão conscientizar-se da importância de se utilizar desses meios para realizar o controle social, motivar a participação popular e para se valer de seu direito da soberania, fundamental na Efetivação do Estado Democrático de Direito. Além de garantir do art.1º, que o poder emana do povo, a Constituição durante o seu texto, fez a previsão de várias formas, pelas quais os cidadãos podem exercer essa prerrogativa, dentre as quais se destaca: o Orçamento Participativo, as Audiências Públicas, a Iniciativa Popular, os Plebiscitos e Referendos e os Conselhos de Políticas Públicas.
O estado busca desenvolver métodos para decisões compartilhadas, a intersetorialidade entre os agentes responsáveis pelo desenvolvimento das políticas publicas busca ultrapassar os resultados desta e os problemas enfrentados pela população para ter acesso aos serviços públicos. Esse caso atribui à ideia de associação e igualdade dos direitos sociais dos cidadãos.
A busca pela autonomia é desenvolvida à medida que as ações que buscam à potencialização de capacidades e habilidades em busca do exercício de cidadania, do protagonismo, respeito à dignidade do ser humano, a proteção social, entre outras. Estas ações devem ser efetivadas e implementadas em conjunto, articuladas entre as demais políticas, caminho este que possibilita sinergia entre as intervenções setoriais e resultado positivo quanto ao objetivo final da inclusão social. Segundo Carneiro (2001, p. 4-5):
[...] ao promover a integração entre as diversas políticas setoriais e abordar o fenômeno da exclusão em sua totalidade, [...] aponta para uma visão mais abrangente e complexa do conjunto de questões que se quer atacar. Essa estratégia de gestão é muito mais difícil e desafiadora, por exigir tanto a ruptura com formas setorializadas e verticalizadas de produção e oferta de serviços sociais, quanto uma integração de objetivos, metas e procedimentos de diversos órgãos e secretarias do governo. [...] Ao agregar políticas de caráter mais universal com políticas mais focalizadas, a ênfase na territorialidade faz com que a realidade se apresente a partir de considerações especificas, o que constitui por si só um grande desafio para as políticas públicas.
A descentralização é um dos processos que podem ser identificados após a Constituição Federal de 1988. Nos âmbitos governamentais (União, Estados e Municípios) possuem habilidades e recursos para instituir novas políticas públicas para a garantia dos direitos dos cidadãos. Ou seja, muitas vezes, os estados e municípios deliberam decisões através de necessidades próprias.
“Políticas públicas” são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, buscam a defesa de direitos sociais, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos.
As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e implantação e, sobretudo, em seus resultados, formas de exercício do poder político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais. Como o poder é uma relação social que envolve vários atores com projetos e interesses diferenciados e até contraditórios, há necessidade de mediações sociais e institucionais, para que se possa obter um mínimo de consenso e, assim, as políticas públicas possam ser legitimadas e obter eficácia.
Por Políticas Públicas entende-se o conjunto de condutas humanas que determinam a distribuição e o exercício da autoridade política para garantir direitos à sociedade, porquanto o Estado tem desenvolvido desde a antiguidade diversos métodos de sistematização. A administração pública se distingue das outras faces do governo, a legislativa e a judicial, que consistem respectivamente na criação das normas jurídicas e em sua aplicação para conferir e proteger direitos.
Política Pública é a forma de efetivar direitos intervindos na realidade social; é o principal instrumento utilizado para coordenar programas e ações públicas, e deve ainda ser resultado de um compromisso público entre o Estado e a sociedade, com o objetivo de modificar uma situação em uma área específica, promovendo a igualdade. Se não houver políticas concretas para a efetivação e garantia dos direitos, estes ficam apenas no plano das intenções e não se efetivam. Para tornar-se concreta, a política pública tem que se traduzir em um plano de ações composto por programas e projetos.
O desenvolvimento de uma política pública envolve cinco fases: identificação de uma questão a ser resolvida ou um conjunto de direitos a serem efetivados, a partir de um diagnóstico do problema; formulação de um plano de ação para o enfrentamento do problema; decisão e escolha das ações prioritárias; implementação (através de leis e procedimentos administrativos); e avaliação dos resultados alcançados. Durante essas fases são necessários o monitoramento e a fiscalização efetuados pelos órgãos de governo e pela sociedade, e para isto, é imprescindível garantir o acesso da população às informações sobre os processos com a maior transparência possível. No entanto, na prática, a política pública não ocorre necessariamenteseguindo todas essas fases; muitas vezes ela nem sempre é bem planejada, ou até não chega a ser totalmente implementada ou avaliada. Isto ocorre porque há transições entre governos com prioridades diferentes ou mudança de prioridades dentro de um mesmo governo.
É competência dos governos federal, estadual e municipal a elaboração, execução e fiscalização das políticas públicas. O Estado, em cada um dos três níveis de governo, é o principal responsável por garantir as políticas públicas. A Constituição de 1988 ampliou a descentralização político-administrativa, estabelecendo competências para estes três níveis de governo. A sociedade civil também pode participar da elaboração e da gestão dessas políticas, basicamente por meio dos Conselhos municipais, estaduais e nacionais, e são muitos os Conselhos existentes hoje: da criança, da saúde, da assistência social, do meio ambiente, etc.
Além dos Conselhos, a sociedade exerce controle social sobre as políticas públicas a partir de fóruns, movimentos e outras organizações. A sociedade civil pode até participar da execução de algumas políticas públicas por meio de convênios, como no caso dos mutirões habitacionais, mas as diretrizes e critérios devem ser definidos publicamente.
Os autores Simon, Smithburg e Thompson, Amato1, definem administração como “a atividade de grupos que cooperam para a utilização de bens comuns,” ao passo que, quanto à administração pública, dizem: 
“no uso corrente, administração pública significa as atividades executivas dos governos nacionais, estaduais e locais, das juntas e comissões independentes criadas pelo Congresso e pelas Câmaras Legislativas dos Estados, das autarquias e outras empresas públicas e de certas outras entidades de caráter especializado”.
A administração pública, em sentido mais amplo, é todo sistema de governo e todo o conjunto de ideias, atitudes, normas, processos, instituições e outras formas de conduta humana que determinam como se distribui e se exerce a autoridade política e como se atende aos interesses públicos.
Os problemas da administração pública encontram-se no ramo executivo do governo e são iguais aos das organizações privadas, especialmente os de produção econômica. O tratamento desses problemas deve sistematizar-se na prática e na teoria com exclusão dos ingredientes políticos, para que se consiga maior eficiência. O critério de eficiência pode definir como a racionalização, com o menor gasto possível de recursos, pode atingir os objetivos predeterminados nas esferas políticas.
Política Pública pode ainda ser definida como um conjunto de ações ou normas de iniciativa governamental, visando a determinados objetivos. Nesta perspectiva, política pública tem sempre caráter estatal, ainda que sua execução através de programas, projetos e atividades possa envolver agentes privados.
Em suma, Política Pública são um conceito de Política e de Administração que designa certo tipo de orientação para as tomadas de decisões em assuntos públicos, políticos ou coletivos. Entende se por Políticas Públicas 
“o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público em diversas áreas. Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço público.” (GUARESCHI; NARDINI; HOEISCH, 2004, p. 180).
CONCLUSÃO
As Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais.
É dever do Estado à implantação de Políticas Publicas que desenvolvam a cidadania e qualidade de vida da população brasileira. Garantindo os direitos sociais individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, estes garantidos pela constituição de 1988, e relacionados à defesa da Dignidade da Pessoa Humana, principio do Estado Democrático.
REFERÊNCIAS
SOBRENOME, Nome do autor. Título da obra. Edição. Cidade: Editora, Ano de Publicação. 
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