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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Operações Unitárias II Evaporação Professor Paul Fernand Milcent Monitora Patrícia Carrano Moreira Pereira 2013 1 Sumário 1. Introdução ...........................................................................................................................2 1.1. Fontes de energia ......................................................................................................2 1.2. Evaporação ≠ Secagem............................................................................................2 1.3. Evaporação ≠ Destilação ..........................................................................................2 1.4. Evaporação ≠ Cristalização ......................................................................................3 2. Evaporadores .....................................................................................................................3 2.1. Simples Efeito ............................................................................................................4 2.2. Múltiplo efeito .............................................................................................................4 2.3. Compressão mecânica .............................................................................................8 2.4. Compressão térmica .................................................................................................9 2.5. Múltiplos efeitos de expansão ................................................................................11 2.6. Bomba de calor ........................................................................................................12 3. Evaporação ......................................................................................................................13 3.1. Pressão na câmara de evaporação ......................................................................14 3.2. Pressão na câmara de condensação ...................................................................14 3.3. Projeto do Equipamento .........................................................................................15 3.4. Perfil da temperatura ...............................................................................................16 3.5. Influência da perda de carga no projeto ...............................................................17 3.6. Tipo de Solução .......................................................................................................18 3.6.1. Regra de Duhring .............................................................................................19 3.6.2. Ábaco do Perry.................................................................................................20 3.7. Calor de dissolução .................................................................................................21 4. Cálculo do evaporador ....................................................................................................21 3.7. Equipamentos ..........................................................................................................34 3.7.1. Evaporador de uma passagem ......................................................................34 3.7.2. Recirculação .....................................................................................................35 3.7.3. Evaporação solar .............................................................................................35 3.7.4. Combustão Submersa.....................................................................................35 3.7.5. Circulação natural ............................................................................................35 3.7.6. Circulação Forçada..........................................................................................36 3.7.7. Evaporador de Filme Ascendente .................................................................37 2 3.7.8. Evaporador de Filme Descendente ...............................................................38 3.7.9. Filme Agitado ....................................................................................................39 4. Exercícios propostos .......................................................................................................41 1. Introdução A evaporação é uma operação unitária que tem por finalidade concentrar soluções constituídas de solventes voláteis e solutos considerados não-voláteis através da evaporação parcial do solvente. Como os solutos são considerados não voláteis, no equilíbrio a fase gasosa ou o evaporado só contém solvente, ou seja, a fração de solvente no evaporado é de 100% ( ysolvente=1; ysoluto=0). Porém, na fase líquida, que é a solução a ser concentrada, há frações tanto de soluto quanto de solvente (xsolvente e xsoluto). 1.1. Fontes de energia Vapor d’agua Combustão -Eólica Energia elétrica (resistências) -Hidroelétrica -Solar -Nuclear 1.2. Evaporação ≠ Secagem Na evaporação, ao término da operação, é obtido um produto líquido concentrado, já na secagem tem-se um produto sólido. 3 1.3. Evaporação ≠ Destilação Diferente da evaporação, na destilação o soluto pode ser volátil, assim a fração de solvente na corrente gasosa não é de 100%. 1.4. Evaporação ≠ Cristalização A cristalização pode ser feita de duas maneiras, uma delas é alterando a temperatura da solução para diminuir a solubilidade do sólido dissolvido, a outra é evaporando o solvente até que a solução chegue ao ponto de saturação e os cristais comecem a se formar. Quando se utiliza o segundo método, a evaporação e a cristalização são basicamente o mesmo processo, mas diferem na finalidade da operação. Na cristalização, evapora-se o solvente até que a solução fique saturada e, consequentemente, o soluto cristalize, enquanto na evaporação ocorre apenas a concentração da solução sem que se atinja o ponto de saturação. 2. Evaporadores Os evaporadores podem operar de várias maneiras, são elas: -Simples Efeito -Múltiplo Efeito Operação -Por Compressão - Mecânica - Térmica -Múltiplos Efeitos de Expansão -Bomba de Calor 4 2.1. Simples Efeito Figura 1 - Esquema de evaporador de simples efeito A evaporação por simples efeito é um processo em que se utiliza apenas um evaporador. É importante no entendimento dos equipamentos de evaporação, mas na prática não é muito usado por gastar muita energia. 2.2. Múltiplo efeito A evaporação por múltiplos efeitos é um processo em que há a associação de vários evaporadores, neste sistema o evaporado de um efeito é utilizado como fluido de aquecimento no próximo efeito, como mostrado na Figura 2. Esta configuração não resulta em uma produção maior que o simples efeito, sua vantagem é a economia de energia. Figura 2 - Esquema de evaporador de múltiplo efeito 5 As pressões são diferentes em cada efeito (P1>P2>PN), pois é necessário que a solução entre em ebulição a temperaturas cada vez menores, já que o fluido de aquecimento será o evaporado proveniente do efeito anterior, ou seja, se a pressão for a mesma, o vapor estará a mesma temperatura de ebulição da solução e não haverá troca de calor. Com essa diferença de pressão T1>T2>TN. O sistema de alimentação dos efeitos poder ter quatro configurações diferentes: CocorrenteFigura 3 - Esquema de evaporador de múltiplo efeito em cocorrente Dessa maneira, o evaporado e a solução concentrada seguem no mesmo sentido (Figura 3). Assim, no efeito em que a temperatura é maior, a concentração da solução será a menor, sendo uma boa forma de alimentar soluções termosensíveis. Da mesma forma, no efeito em que a temperatura é a menor, a concentração é a maior, sendo uma forma ruim de alimentar soluções viscosas. 6 Contracorrente Figura 4 - Esquema de evaporador de múltiplo efeito em contracorrente Ao contrário da alimentação em cocorrente, a alimentação em contracorrente é feita de forma que o evaporado segue em um sentido e a solução segue no sentido contrário (Figura 4). Assim, essa forma de alimentação é ruim para soluções termosensíveis e boa para soluções viscosas. Porém, esse arranjo traz outro problema, a solução segue no sentido da menor para a maior pressão, ou seja, o escoamento não ocorrerá naturalmente, sendo necessário utilizar muitas bombas para que ele aconteça. Misto Figura 5 - Esquema de evaporador de múltiplo efeito misto 7 Essa configuração corrige o problema da alimentação em contracorrente. Nela a alimentação da solução diluída é feita em um estágio do meio da linha e a solução segue para os efeitos posteriores e depois volta para os iniciais. Dessa forma é necessário um menor numero de bombas, mas o arranjo continua atendendo bem a soluções de alta viscosidade. Cruzado Na alimentação cruzada, a solução diluída é alimentada em todos os estágios e a solução concentrada também é retirada de todos eles, já o evaporado segue para os estágios sequenciais. As grandes vantagens dessa configuração são: é possível concentrar varias soluções diferentes ao mesmo tempo ou, se utilizada para a cristalização, evita a quebra dos cristais que ocorreria caso a solução ficasse passando de um estagio para outro. Figura 6 - Esquema de evaporador de múltiplo efeito cruzado 8 2.3. Compressão mecânica Figura 7 - Esquema de evaporador por compressão mecânica Nesse tipo de evaporador, o evaporado é aproveitado no trocador de calor, mas como a entalpia do evaporado é um pouco menor que a do vapor vivo, é utilizado um compressor. Esse compressor fornece a energia necessária para ajustar a entalpia do evaporado. Por exemplo, se o evaporado sai do evaporador a uma pressão de P=2,4atm, temperatura T=125°C e entalpia de hg=648kcal/kg, mas o vapor que deve ser alimentado para que o equipamento atenda às especificações de projeto e apresente diferença de temperatura suficiente para a troca térmica com a solução é um vapor de P=4atm, T=145°C e hg=654kcal/kg, como ilustrado na Figura 8. Nesse caso, pode-se usar um compressor para adequar o evaporado à essas condições. Lembrando que a energia elétrica consumida pelo compressor usualmente é mais cara que energia térmica, portanto este tipo de operação deve ser escolhido com cautela. S E P=2,4atm T=125°C Hg=648kcal/kg F ΔT=20°C W W’ P=4atm T=145°C Hg=654kcal/kg Figura 8 - Exemplo de evaporador por compressão mecânica 9 2.4. Compressão térmica Figura 9 - Esquema de evaporador por compressão térmica Segue o mesmo princípio do evaporador por compressão mecânica, mas ao invés de um compressor, utiliza-se um ejetor a jato de vapor d’água. O ejetor funciona como uma válvula redutora de pressão e é aplicável quando há grande disponibilidade de vapor a alta pressão e escassez de vapor de baixa pressão. Um ejetor a jato de vapor d’água funciona da seguinte maneira: Figura 10 - Esquema de ejetor a jato de vapor d'água No bocal do fluido motriz: como há estrangulamento do fluido motriz (vapor de alta pressão), a velocidade aumenta e, pela equação de Bernoulli, a pressão vai diminuir. Na caixa de mistura: o evaporado com baixa pressão é aspirado pelo vácuo formado e é misturado com o vapor. 10 No difusor: há uma abertura e então a velocidade diminui e a pressão aumenta, fornecendo então ao evaporado a energia necessária. Sai então o vapor a média pressão nos padrões desejados. É possível calcular a pressão do vapor vivo de alta pressão que deve ser alimentado no ejetor através da seguinte equação: Onde: m é a razão entre a massa de vapor do evaporado e a massa de vapor vivo de alta pressão. PA é a pressão do vapor vivo de alta pressão. PB é a pressão baixa do evaporado. PM é a pressão média do vapor necessário para alimentar a câmara de condensação. 11 2.5. Múltiplos efeitos de expansão F Sn 1 2 N W Figura 11 - Esquema de evaporador de múltiplos efeitos de expansão Nesse tipo de evaporador, a alimentação é pré aquecida em trocadores de calor em que o fluido de aquecimento é o evaporado de cada estágio, depois ela passa por outro trocador de calor onde é aquecida por vapor vivo. Após aquecida, a alimentação passa antes de cada efeito por uma válvula de expansão que causa o flasheamento da solução, cada efeito então separa um pouco de evaporado. 12 2.6. Bomba de calor Figura 12 - Esquema de bomba de calor Em uma bomba de calor existem basicamente quatro componentes: Compressor, condensador, dispositivo de expansão e evaporador. O fluido refrigerante na forma de líquido saturado passa pela válvula de expansão, onde é submetido a uma queda de pressão brusca e passa a ter SISTEMA ENERGIA ADICIONAL T MENOR T MAIOR Q1 Q2 W Q1 + W = Q2 + perdas 13 dois estados, o líquido e o gasoso. O fluido refrigerante, nesse ponto, é denominado de flash gás. Então o fluido é conduzido pelo evaporador, onde absorverá calor do ar do evaporador, vaporizando-se. Na saída do evaporador, na forma de gás ele é succionado pelo compressor, que eleva sua pressão e sua temperatura para que possa ser conduzido através do condensador, que cederá calor ao ambiente externo, condensando o fluido e completando o ciclo. 3. Evaporação Pode-se representar um equipamento de evaporação, de maneira simplificada, como uma câmara de condensação e uma câmara de evaporação. Assim, como há duas câmaras separadas, a pressão em cada uma das câmaras pode ser diferente (Figura 13). Figura 13- Representação simplificada de um evaporador A Equação 1 é a equação que relaciona a área de troca do evaporador com o coeficiente global de troca térmica e a diferença de temperatura. (1) Em que ΔT é a diferença entre a temperatura de condensação e a temperatura de evaporação e é função de 14 Pressão na câmara de evaporação Pressão na câmara de condensação Tipo de solução Projeto do equipamento 3.1. Pressão na câmara de evaporação Em geral, é comum que a pressão na câmara de evaporação seja menor que a pressão atmosférica (vácuo), pois quanto maior a pressão, menor a temperatura de evaporação e, consequentemente, maior a diferença de temperatura ΔT. Então, analisando a Equação 1, temos que Ou Se a área diminui, o custo com o equipamento também diminui e se a taxa de transferência de calor aumenta, a capacidade (vazão de evaporado) também aumenta. (Lembre no entanto, que baixas pressões também representam custos.) 3.2. Pressão na câmara de condensação Da mesma forma, a fim de se ter um ΔT maior, geralmente a pressão na câmara de condensação é mais elevada. Porém, a medidaque essa pressão aumenta, a entalpia do vapor saturado diminui e é necessário mais vapor para o aquecimento, além disso as paredes do equipamento precisam ter uma espessura maior, aumentando os custos. Dessa forma não é viável operar com uma pressão muito elevada, deve-se encontrar um ponto de equilíbrio (digamos, vapor saturado a 4 ata). 15 3.3. Projeto do Equipamento Ex: Evaporador padrão de tubos verticais A parte do trocador de calor funciona como um trocador de calor de casco e tubos em que o vapor vivo passa pelo casco e a solução passa pelos tubos. É considerado de circulação natural, pois a circulação da solução acontece exclusivamente devido à convecção natural. Figura 14 - Esquema de evaporador padrão de tubos verticais Figura 15 - Esquema de trocador de calor do evaporador 16 A solução que vai sendo aquecida, sobe pelos tubos de menor diâmetro, enquanto no tubo central de maior diâmetro (50-100% maior que os outros), como o fluido está mais distante da parede e portanto com temperatura menor, a solução desce. 3.4. Perfil da temperatura Figura 16 - Representação da variação da temperatura com a profundidade no trocador de calor do evaporador Pode-se dizer que enquanto a solução está descendo a temperatura não muda, mas a pressão vai aumentando e a ebulição não vai mais ocorrendo. A solução sobe pelos tubos de menor diâmetro e vai se aquecendo e enquanto ela sobe a pressão vai diminuindo e começa a ebulição. Para cálculos de transferência a temperatura do topo não é utilizada, mas sim a do sistema, que é uma temperatura média ( ). (2) Então, na prática, o ΔT é menor que o teórico, pois o Tevap ( ) é menor que o esperado Ttopo. 17 3.5. Influência da perda de carga no projeto Ex: Múltiplo efeito Figura 17 - Representação simplificada de evaporador de múltiplo efeito P1 é a pressão na câmara do efeito anterior P2 é a pressão no condensador do efeito posterior Se não houver perda de carga P1 é igual a P2, mas se houver P2 é maior que P1. Se P2 for menor, a temperatura de saturação também será e, consequentemente, o vapor usado no efeito posterior estará a uma temperatura menor, diminuindo o ΔT do sistema. Por isso, são usados tubos de maior diâmetro para conduzir o evaporado a fim de evitar ao máximo a perda de carga. 18 3.6. Tipo de Solução A mudança da fase líquida para a fase vapor ocorre na pressão de vapor (Pv). A água pura na temperatura de 100°C apresenta Pv=760mmHg, já uma solução aquosa de NaOH 60% na temperatura de 100°C apresenta Pv=30,1mmHg. Então, é possível perceber que a água, em presença de um soluto, apresenta um abaixamento da pressão de vapor. Para que a solução aquosa de NaOH tenha a mesma pressão de vapor da agua pura (Pv= 760mmHg), esta deve estar a uma temperatura de 167°C. A esse aumento na temperatura, dá-se o nome de elevação do ponto de ebulição (e.p.e.) e ele pode ser determinado pela regra de Duhring. Os maiores e.p.e. são observados quando o soluto é composto de moléculas pequenas e iônicas, podendo chegar a 80°C, quando a molécula é muito grande e/ou orgânica o e.p.e. é muito baixo chegando a ser desprezível. Quando a solução apresenta e.p.e., o evaporado retirado do equipamento é um vapor superaquecido. Figura 18 - Diagrama de Pressão versus Temperatura do vapor 19 3.6.1. Regra de Duhring Consiste em traçar um gráfico representando a variação da temperatura de ebulição do solvente puro com a temperatura de ebulição da solução, obtendo retas com dois pontos experimentais para cada concentração da solução. Figura 19 - Diagrama de Duhring Exemplo: Qual o e.p.e. de uma solução de NaOH 60% quando a temperatura de ebulição do solvente puro é de 95°C? Utilizar o Diagrama de Duhring da Figura 19. (Resposta: TEsolução=160°C; e.p.e.=65°C) 20 3.6.2. Ábaco do Perry Além desse diagrama, o PERRY também traz um ábaco no qual é possível encontrar o e.p.e. para diversas substâncias. O ábaco da Figura 20 é lido da seguinte forma: Encontrar na escala à direita a temperatura da solução em °F Traçar uma reta deste ponto até o ponto correspondente à substância Prolongar esta reta até o anteparo no lado esquerdo do ábaco A partir do ponto marcado no anteparo, traçar uma reta até a porcentagem correspondente Prolongar esta reta até a escala à direita, a reta tocará no ponto correspondente ao ponto de ebulição da solução. Figura 20 - Ábaco do Perry para determinação do e.p.e de soluções 21 3.7. Calor de dissolução Se o calor de dissolução for apreciável, é necessário considerá-lo no balanço de energia. Estes valores de entalpia podem ser encontrados em diagramas de Entalpia x Concentração, em que cada curva representa uma temperatura diferente, e eles são específicos para cada solução. A Figura 21 apresenta um diagrama Entalpia x Concentração para soluções aquosas de NaOH. 4. Cálculo do evaporador Tópicos gerais para cálculo de um equipamento Balanço material Balanço energético (Entálpico) Condições de equilíbrio Propriedades termodinâmicas Velocidades de transferência Dimensionamento Figura 21 - Diagrama de entalpia versus concentração 22 - Trocador de calor Para qualquer x, y é sempre igual a 1 - Câmara de separação P = Psat = f (T, x) S, hs, xs E, he W hg F, hF, xf hf Figura 22 - Esquema de evaporador de simples efeito F, E, W, S Vazões mássicas [kg/h] hF, he, hs Entalpias [kcal/kg] hg Entalpia do vapor saturado [kcal/kg] hf Entalpia do liquido saturado [kcal/kg] q Fluxo de calor [kcal/h] A Área de troca térmica [m²] U Coeficiente global de troca térmica [kcal/h.m².°C] x Concentração de sólidos (base úmida) [kgsoluto/kgsolução] Balanço material Global: (3) Soluto: (4) Balanço Entálpico (5) 23 (6) (7) OU (8) (9) U Pode ser fornecido ou estimado (10) Considerações termodinâmicas Sem mudança de fase: (11) A pressão constante: (12) Na referência : 24 (13) Para misturas o Pode-se desprezar o calor de mistura quando há pouca interação entre as moléculas Moléculas grandes (orgânicas) interagem pouco Moléculas pequenas (inorgânicas e iônicas) interagem muito função linear por não ter efeito de mistura Conhecendo-se Cp para uma concentração, interpola-se para encontrar Cp em outras concentrações. Interpolando: (14) Atenção! Se houver elevação do ponto de ebulição, o vapor de água que sai na corrente de evaporado sairá superaquecido,então haverá um incremento na entalpia da 25 corrente E que antes era considerada como a entalpia do vapor saturado retirada da tabela de vapor. Essa diferença na entalpia pode ser observada no gráfico da Figura 23. Figura 23 - Diagrama de Temperatura versus entalpia da água Na Figura 23, observa-se os pontos B, C e D marcados sobre a curva que representa uma pressão constante e igual para todos, em que B representa a entalpia do líquido saturado (hf), C representa a entalpia do vapor saturado (hg) e D representa a entalpia do vapor superaquecido que, para os casos em que há elevação do ponto de ebulição, é a entalpia da corrente E (hE). Assim, para calcular o valor de hE utiliza-se: Ou (15) Uma boa simplificação, que traz bons resultados, é considerar: 26 Economia o Economia do simples efeito (16) o Economia do múltiplo efeito 1ª Hipótese (17) (18) (19) 2ª Hipótese (20) (21) (22) Então, Como (23) À medida que o número de estágios aumenta a economia também aumenta o que justifica a associação de evaporadores. 27 Capacidade o Capacidade do simples efeito o Capacidade do múltiplo efeito Considerando constante Como e considerando que a área de troca e o coeficiente global de troca térmica em cada efeito sejam os mesmos que os do simples efeito. Considerando ainda que a diferença de temperatura global do múltiplo efeito seja a mesma diferença de temperatura do simples efeito, então: Assim, pode-se perceber que a operação em múltiplos efeitos não aumenta a capacidade de produção, apenas economiza energia. 28 Tabela de vapor Tabela de vapor Exemplo Resolvido 1 Uma solução aquosa de um colóide orgânico deve ser concentrada de 10% até 40% em um evaporador simples na vazão de 15000kg/h. O vapor de aquecimento é vapor de água saturado a 2ata e abandona a câmara de condensação na temperatura de condensação. Na câmara de evaporação mantém-se uma pressão absoluta de 150mmHg. O calor de dissolução, de diluição e as perdas de calor ao exterior são desprezadas. O coeficiente integral de transmissão de calor vale 2000kcal/h.m².°C e a capacidade calorífica a pressão constante da alimentação é 0,9kcal/kg.°C. A solução pode entrar no evaporador a 20°C, 50°C ou 80°C. Determine para cada uma das condições de entrada o consumo de vapor vivo, a superfície necessária de troca térmica e a economia do processo. F=15000kg/h; xF=0,10; xS=0,40 Vapor saturado P= 2ata Pcâmara= 150mmHg = 0,197ata Balanço material: T = 119,6°C hf = 120,3kcal/kg hg = 645,9kcal/kg TE = 60°C hE = 623,2kcal/kg 29 Balanço entálpico: Para alimentação a 20°C Para alimentação a 50°C 30 Para alimentação a 80°C Economia do processo: 31 Exemplo Resolvido 2 Em um evaporador simples processamos 15000kg/h de uma solução de NaOH de 10% a 50% em peso. O vapor empregado é vapor saturado a 3,5ata e uma vez condensado sai na temperatura de condensação. O vácuo mantido na câmara de evaporação é de 620mmHg referido a pressão atmosférica normal. O coeficiente integral de transmissão de calor vale 1600kcal/h.m²°C. Se a alimentação entra a 40°C e não se perde calor ao sistema, determinar o consumo horário de vapor de aquecimento, a superfície de aquecimento e a economia. Balanço Soluto Balanço Global Balanço Entálpico 32 Como a entalpia de dissolução é apreciável Como há epe, E é superaquecido Substituindo os valores no balanço de energia Tabela de Vapor TW=138°C hf =139 kcal/kg hg =652 kcal/kg Tabela de Vapor Tsat=59°C hg =623 kcal/kg Para o solvente puro! Tsat=59°C hg =623 kcal/kg Diagrama de Duhring TS=103°C 40°C Xf = 0,1 Diagrama h x X hF=35 kcal/kg hf 103°C Xf = 0,5 Diagrama h x X hS=134 kcal/kg hf 33 Assim Economia 34 3.7. Equipamentos Podem ser classificados de acordo com o tipo de aquecimento ou de operação. Operação Direto Aquecimento Indireto 3.7.1. Evaporador de uma passagem F S E Figura 24 - Esquema de evaporador de uma passagem O tempo de permanência é muito pequeno, resultando em um rendimento baixo. Comumente usado quando se tem um material orgânico que pode sofrer degradação se exposto a altas temperaturas por muito tempo. Evaporação Solar Combustão Submersa Circulação Natural Circulação Forçada Tipo Filme Filme agitado Ascendente Descendente Uma passagem Recirculação 35 3.7.2. Recirculação F S E Figura 25 - Esquema de evaporador de recirculação O tempo de permanência da solução no evaporador é alto, não podendo ser usado para materiais que sofram degradação a altas temperaturas. 3.7.3. Evaporação solar Como o próprio nome sugere, a solução é exposta ao sol para que haja a evaporação do solvente. 3.7.4. Combustão Submersa Faz uso de gases de combustão borbulhando através do líquido como meio de transferência de calor. Consiste simplesmente num tanque para armazenar o líquido, um queimador, um distribuidor de gás que pode ser inserido no líquido e um sistema de controle de combustão. Uma vez que não existe nenhuma superfície de aquecimento, este evaporador é adequado para uso com líquidos em grande escala. A facilidade de construção do tanque com um queimador de ligas especiais ou materiais não metálicos torna prático o manuseio de soluções altamente corrosivas. No entanto, como o vapor é misturado com uma grande quantidade de gases não condensáveis, é impossível reutilizar o calor deste vapor. Uma das dificuldades frequentemente encontradas na utilização de evaporadores de combustão submersa é uma elevada perda por arraste. Além disso, estes evaporadores não podem ser usados quando, no caso da cristalização, o controle de tamanho dos cristais é muito importante. 3.7.5. Circulação natural A construção do equipamento permite que a circulação ocorra naturalmente, resultado das correntes convectivas. 36 O trocador de calor se localiza no interior do separador de fases, entãoa solução alimentada entra em contato com a superfície de aquecimento e, devido ao modo como este trocador de calor é construído, como já foi visto em seções anteriores na Figura 15 e na Figura 16, a solução sofre efeito das correntes convectivas tornando o aquecimento homogêneo e a troca de calor eficiente. Assim, este tipo de evaporador dispensa o uso de bombas, o que o torna uma opção de baixo custo energético. 3.7.6. Circulação Forçada Utiliza uma bomba para fazer a circulação da solução a ser concentrada, é comumente usada para fluidos viscosos ou corrosivos. Embora ele não seja o mais econômico para muitas utilizações, o evaporador de circulação forçada é adequado para uma ampla variedade de aplicações. A utilização de uma bomba para assegurar a circulação pela superfície de aquecimento torna possível a separação das funções de transferência de calor, separação vapor-líquido, e cristalização. A bomba retira a solução da câmara flash e força sua passagem através do elemento de aquecimento de volta para a câmara flash. A circulação é mantida Figura 26 - Esquema de evaporador de circulação natural 37 independentemente da taxa de evaporação, de modo que este tipo de evaporador é bem adequado para a operação de cristalização, em que os sólidos devem ser mantidos em suspensão. A velocidade do líquido após a superfície de aquecimento é limitada apenas pelo bombeamento e por corrosão acelerada e erosão em velocidades mais elevadas. Figura 27 - Esquema de evaporador de circulação forçada 3.7.7. Evaporador de Filme Ascendente Os evaporadores de filme ascendente são do tipo casco e tubos, nos quais o produto circula pelos tubos e o vapor pelo casco, aquecendo as paredes externas dos mesmos. A alimentação entra na parte inferior do tubo e começa a evaporar parcialmente no seu interior, esse vapor arrasta a solução que, desse modo, ascende. A mistura de líquido e vapor que sai na parte superior colide a alta velocidade contra um deflector colocado sobre a folha de tubos. Esse defletor é eficaz tanto como um separador primário e como um disjuntor de espuma. 38 Normalmente o tempo de permanência da solução é de apenas alguns segundos. Devido aos tubos longos e aos relativamente altos coeficientes de transferência de calor, é possível atingir as capacidades-unitárias mais elevadas neste tipo de evaporador do que em qualquer outro. Em muitos casos, tal como quando a proporção de alimentação para a evaporação ou a taxa de alimentação para a superfície de aquecimento é baixa, é desejável prever recirculação do produto através do evaporador. Isto pode ser feito adicionando uma conexão de tubo entre a linha de produtos e a linha de alimentação. Figura 28 - Esquema de evaporador de filme ascendente 3.7.8. Evaporador de Filme Descendente É semelhante ao evaporador de filme ascendente, mas nesse caso a alimentação é feita no topo e a solução desce por efeito da gravidade. O líquido é alimentado pelo topo dos tubos e flui para baixo pelas paredes, como um filme. A separação das fases normalmente ocorre na parte inferior, embora alguns evaporadores deste tipo sejam dispostos de modo que o vapor suba através do tubo em contracorrente com o líquido. A queda de pressão através dos tubos é geralmente muito pequena e a temperatura de 39 ebulição do líquido é substancialmente a mesma que a temperatura do vapor da cabeça. O evaporador de filme descendente é amplamente utilizado para a concentração de materiais sensíveis ao calor, como sumos de frutas, porque o tempo de residência é muito pequeno, o líquido não é superaquecido durante a passagem através do evaporador e os coeficientes de transferência de calor são elevados, mesmo a baixas temperaturas de ebulição. O principal problema com esse tipo de evaporador é que a distribuição de alimentação pelos tubos. É essencial que todas as superfícies do tubo sejam humedecidas continuamente. Isto requer geralmente a recirculação do líquido, a menos que a proporção de alimentação para a evaporação seja bastante elevada. Uma alternativa para o sistema de recirculação simples é por vezes usado quando a alimentação é submetida a uma variação de concentração apreciável e o produto é viscoso e / ou tem um elevado aumento do ponto de ebulição. A câmara de e o vapor são divididos em uma série de compartimentos de solução e bombas separadas são usadas para passar a solução através de vários bancos de tubos em série, todos em paralelo. A distribuição efetiva da alimentação para os tubos individuais do equipamento pode ser conseguida pelo emprego de orifícios na entrada de cada tubo, por uma placa perfurada sobre os tubos ou por um ou mais bicos de pulverização. 3.7.9. Filme Agitado Utilizam uma superfície de aquecimento que consiste de um tubo de grande diâmetro que pode ser reto ou cônico, horizontal ou vertical. O líquido é espalhado sobre a parede do tubo por um conjunto de lâminas rotativas que mantém uma folga estreita a partir da parede ou realmente formam uma película de líquido na parede. A construção dispendiosa limita a aplicação para a maioria dos materiais. Alta agitação e poder permitem o manuseio de materiais extremamente viscosos. Tempos de residência de apenas alguns segundos permitem a concentração de materiais sensíveis ao calor. Altas vazões de alimentação podem ser manuseadas sem recirculação. 40 Considerações econômicas e de processo geralmente ditam que evaporadores de filme agitado sejam operados em simples efeito. Diferenças de temperatura muito altas podem então ser utilizadas: muitos são aquecidos com fluidos térmicos. Isto permite atingir capacidades razoáveis, apesar de os coeficientes de transferência de calor relativamente baixos e a superfície pequena, que pode ser fornecida num único tubo. Figura 29 - Esquema de evaporador de filme agitado 41 4. Exercícios propostos 1. Em um evaporador simples se concentram 20000kg/h de uma solução de 10% a 50% em peso. O vapor de aquecimento é vapor saturado a 1,6ata e na câmara de evaporação se mantém uma pressão absoluta de 450mmHg. Para a solução de 50% o e.p.e é de 10°C e a capacidade calorifica a pressão constante da solução diluída é 0,85kcal/kg°C. Considerando desprezíveis os efeitos térmicos de diluição e dissolução, determine o consumo horário de vapor e a superfície de aquecimento necessária. A solução entra no evaporador a 25°C e U=1800kcal/m²h°C. (Resposta: W=18620kg/h; A=326m²) 2. Uma solução de NaOH é concentrada de 8% a 25% em peso em um evaporador simples. A alimentação é de 3000kg/h. Antes da solução entrar no evaporador, ela é aquecida em um trocador de calor até 70°C empregando como meio de aquecimento o condensado que sai da câmara de condensação. Para o aquecimento do evaporador é empregado vapor saturado a 108°C, mantendo-se a câmara de evaporação na pressão absoluta de 90mmHg. Determine o coeficiente integral de transmissão de calor sabendo que a superfície de aquecimento é de 20m². (Resposta: W=2120kg/h; U=1180kcal/hm²°C)
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